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Tráfego intenso As linhas em tons mais claros representam voos curtos, e as azuis, rotas mais longas. As áreas com maior concentração de pontos luminosos — costa leste dos Estados Unidos, Europa e leste da Ásia — têm mais intensidade de fluxos aéreos, de curta ou longa distância. Movimento reduzido As regiões com pouca concentração de linhas e pontos luminosos possuem rotas e fluxos menos intensos. Embora essas áreas não estejam necessariamente fora do circuito da globalização, estão inseridas de modo secundário, geralmente como fornecedoras de matéria-prima. G RÁ FI C O S: P RI SC IL LA B O FF O Os voos mais longos do mundo Com o avanço tecnológico, os aviões adquiriram autonomia para voar rotas mais longas, sem pausas para manutenção ou abastecimento. Dubai (Emirados Árabes Unidos) Cidade do Panamá (Panamá) Dubai (Emirados Árabes Unidos) Sidnei (Austrália) Johanesburgo (África do Sul) Atlanta (Estados Unidos) Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) Los Angeles (Estados Unidos) 13.821 km 17h35min 13.804 km 16h35min 13.582 km 16h55min 13.420 km 16h30min Transporte de carga e passageiro A quantidade de viajantes no mundo passou de 1,2 bilhão em 2005 para 1,9 bilhão em 2015, o que representa um aumento de mais de 50%. No mesmo período, o transporte de mercadorias nos 30 maiores aeroportos de carga do mundo passou de 33 milhões de toneladas para 44 milhões de toneladas. Embora a maior parte do transporte de mercadorias seja feita por via marítima, o número indica aumento expressivo das trocas comerciais. EXPEDIÇÃO Nesta Expedição, você aprenderá a ler e a interpretar mapas, condição importante para estudar Geografia, considerando que essa é a ciência que estuda o espaço terrestre em seus aspectos físicos e humanos ou sociais. Aprenderá também a trabalhar com dados numéricos utilizando gráficos. Orientação e localização no espaço geográfico A comunicação nunca foi tão fácil no mundo. Uma informação gerada em um ponto do planeta pode ser transmitida, em instantes, por texto, som ou imagem para qualquer lugar. No passado, deslocar-se de um país a outro levava meses; hoje, faz-se em horas. Nesta Expedição, você vai descobrir como esse mundo “global e conectado” vem sendo construído, as consequências desse processo e por que é tão importante compreendê-lo. Orientação Orientação espaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográficoespaço geográfico Orientação Orientação e localização no espaço geográfico e localização no e localização no e localização no espaço geográficoespaço geográfico e localização no e localização no espaço geográficoespaço geográfico Mundo global: origens e desafios pontos luminosos possuem rotas e fluxos menos intensos. EXPEDIÇÃO 2 4848 1. As aeronaves tornaram-se mais velozes e eficientes, aumentaram a capacidade de carga e ampliaram a autonomia para fazer longas viagens sem paradas para reabastecimento ou manutenção. 2. Não. As áreas mais claras da imagem indicam maior intensidade de fluxos aéreos, e as áreas mais escuras nos continentes mostram regiões menos integradas por conexões aéreas com outras regiões. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 48 01/06/16 00:33 Ocupação litorânea Na imagem, os contornos continentais não estão desenhados. No entanto, muitas linhas aéreas coincidem com os limites entre continentes e oceanos. Isso indica que, mesmo após séculos de interiorização da ocupação, as áreas mais densamente habitadas permanecem predominantemente próximas ao litoral. Fontes: ACI. Airport Statistics and Data Centre. Disponível em: ; OpenFlights. Disponível em: ; BBC BRASIL. As dez rotas de avião mais longas do mundo. Disponível em: . Acessos em: 9 maio 2016. Verifique sua bagagem 1. Como os avanços tecnológicos contribuíram para o aumento dos fluxos de transporte aéreo nas últimas décadas? 2. Os países e as regiões do mundo estão integrados igualmente pelas rotas de transporte aéreo? Explique com base na imagem. Um dos efeitos mais notáveis da globalização é a intensificação dos fluxos aéreos. A imagem a seguir é resultado de um levantamento de dados de mais de 58 mil rotas comerciais de tráfego aéreo no planeta, em 2013, e revela informações sobre a aviação civil no mundo. Um dos efeitos mais notáveis da globalização é a intensificação dos Fluxos de transporte aéreo desenhados. No entanto, muitas linhas aéreas coincidem com interiorização da ocupação, as áreas mais densamente habitadas permanecem predominantemente IM A G EM : M IC H A EL M A RK IE TA / C O N TR IB U TO R/ G ET TY IM A G ES 4949 Origens e bases do mundo global A economia global Globalização e meio ambiente Crises e desigualdades no mundo global 5 5 6 7 8 PERCURSOS PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 49 01/06/16 00:33 PERCURSO 5 Origens e bases do mundo global Figura 1. Com o avanço das tecnologias de comunicação, pessoas de diferentes culturas e países distantes podem compartilhar informações e hábitos de consumo instantaneamente. Nas fotos, jovens nos Estados Unidos (foto A) e na China (foto B) usam fantasias inspiradas nos personagens do filme estadunidense Avatar (2010). BI LL O ’L EA RY /T H E W A SH IN G TO N P O ST /G ET TY IM A G ES M IK E CL A RK E/ A FP B A Nunca estivemos tão próximos Há um século, meios de comunicação como o rádio e o telefone ti- nham acabado de ser inventados e um número reduzido de pessoas podia obtê-los. Além disso, o acesso à informação era mais restrito. Hoje, o acesso aos meios de comunicação se ampliou e é possível obter, em “tempo real” — por meio dos noticiários televisivos, da internet e da telefonia móvel —, informações sobre fatos, pessoas e paisagens de diferentes pontos do planeta. Com isso, hábitos de consumo, como a preferência por determinadas formas de se vestir, filmes e músicas, podem ser compartilhados diariamente, a todo instante, por pessoas de diversas culturas e países (figura 1). Esses exemplos aju- dam a entender as expressões mundo global e globalização. Ambas transmitem a ideia de que vivemos um momento mar- cado pela intensificação das relações sociais mundiais, em fun- ção de diversos fatores tecnológicos que afetam a economia do planeta, bem como a política e as sociedades. A globalização, porém, não é algo recente. Está em curso há mais de cinco séculos. Dessa maneira, o que hoje chama- mos de globalização é apenas uma etapa específica e avan- çada de um processo antigo. 1 50 EXPEDIÇÃO 2 PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 50 01/06/16 00:33 Como tudo começou: as economias-mundo Até o século XV, o meio natural e as limitações tecnológicas dificulta- vam as relações econômicas e culturais entre povos de diferentes conti- nentes e entre populações de uma mesma região. Cadeias montanhosas, cordilheiras e vastas superfícies de água di- ficultavam as viagens e as comunicações, e, embora o comércio de longa distância ocorresse, era realizado em ritmo muito mais lento se comparado aos padrões atuais. Dessa maneira, o isolamento e a au- tossuficiência econômica eram condições comuns à maioria dos po- vos: muitas vezes, as pessoas nasciam, viviam e morriam sem saber da existência de outros povos e culturas diferentes da sua ou acaba- vam tomando conhecimento deles apenas por meio de lendas e rela- tos de viajantes. Assim, até o século XV, a Terra abrigava cinco economias-mundo, ou seja, cinco grandes regiões do planeta economicamente autônomas, capazes de garantir o abastecimento das próprias populações. Se- gundo o historiador Fernand Braudel, essas cinco regiões eram: Europa, China, Índia, a África árabe e a América, ocupada por civilizações pré-colombianas. Desenvolviam-se, em grande parte, separadas entre si, embora nos limitesgrande desafio ambiental a ser enfrentado pela humanidade, não importando a origem geográfica e cul- tural das pessoas. Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 31. 2.800 km FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A NE LO SE S N NO SO CÍRCULO POLAR ÁRTICOCÍRCULO POLAR ÁRTICO 0º 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO M ER ID IA N O D E G R EE N W IC H 1.500 500 250 Emissões de CO2 (milhões de toneladas) Parte do total mundial (%) Menos de 0,20 De 0,20 a 0,50 De 0,51 a 1,60 De 1,61 a 5,40 De 17,0 e 22,0 ESTADOS UNIDOS 5.461 CHINA 7.032 CANADÁ BRASIL ESP ALEMANHA POLÔNIA UCRÂNIA ITÁLIA ARS ÁFRICA DO SUL RÚSSIA ÍNDIA JAPÃO MALÁSIA INDONÉSIA AUSTRÁLIA RUN FRA COS Combustíveis fósseis Nome que se dá aos combustíveis originários da transformação lenta de fósseis animais e vegetais soterrados no fundo de mares no passado geológico, como petróleo, carvão e gás natural. Navegar é preciso Greenpeace – Aquecimento Global Nessa cartilha, você vai descobrir quais são os impactos do aquecimento global no Brasil e as propostas sobre como contribuir para a redução desse fenômeno. 73PERCURSO 8 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 73 01/06/16 00:34 Figura 24. Mundo: matriz energética – 2014 Energia e meio ambiente Cerca de 86% da matriz de energia global, ou seja, da fonte geradora de energia, têm origem em combustíveis fósseis (figura 24), cuja quei- ma é responsável pela emissão de gases que poluem o planeta e afetam o clima global. 2 Cientistas afirmam que os padrões de produção e consumo que têm sua fonte nos combustíveis fósseis tornam inviável o desenvolvimen- to econômico compatível com a conservação do meio ambiente, ou seja, sua utilização não permite um desenvolvimento sustentável. Diante desse quadro, existem pesquisas que buscam fontes re- nováveis de energia que possam suprir o consumo de residências, empresas e veículos. Ao mesmo tempo, a Agência Internacional de Energia (AIE) e vários governos procuram estimular a maior par- ticipação das energias de fontes renováveis na matriz energética mundial — entre elas a da biomassa (produzida de produtos vege- tais, como cana-de-açúcar, milho e palma, e, ainda, de excrementos animais), a hidrelétrica, a eólica, a geotérmica, a solar e a energia dos oceanos —, bem menos nocivas à natureza que a queima de combustíveis fósseis. Atualmente, as energias de fontes renováveis suprem somente cer- ca de 13% do consumo energético mundial. Isso se deve, em grande par- te, aos custos elevados dessas tecnologias. As tentativas de redução de custos e de ampliação do uso desse tipo de energia são mais um desafio no século XXI para todos os países, a fim de minimizar os impactos am- bientais e melhorar a vida no planeta. Qual das fontes geradoras de energia, a de combustíveis fósseis ou as renováveis, é a mais utilizada? Fonte: elaborado com base em BP. Statistical Review of World Energy June 2015. p. 41. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. A D IL SO N S EC CO Petróleo Carvão Gás natural Hidrelétrica Nuclear Renováveis (biomassa, solar, eólica etc.) 32,6% 30,0% 23,7% 6,8% 4,4% 2,5% Biomassa Qualquer matéria de origem vegetal ou animal destinada à produção de energia. Energia geotérmica Energia obtida do aproveitamento do calor proveniente do interior do planeta. Navegar é preciso WWF Brasil – Jogo: Casa eficiente Neste jogo você vai visitar uma casa com hábitos não adequados à economia de água e energia. O desafio é encontrar maneiras de diminuir o desperdício. Digite “casa eficiente” no campo de busca da página da WWF, encontre o jogo e divirta-se. 74 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . As de combustíveis fósseis, com 86,3%. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 74 01/06/16 00:34 Fonte: CAMARGO-SCHUBERT ENGENHEIROS ASSOCIADOS et al. Atlas eólico: Bahia. Salvador: SECTI, SEINFRA, CIMATEC/ SENAI, 2013. p. 38. Parque Eólico Aracati, no município de Aracati, CE (2013). stação Ciências Energia eólica Admite-se historicamente que, desde o sé- culo VIII a.C., a força do vento é utilizada pelo ser humano para mover embarcações. Regis- tros históricos mostram que a energia eólica era empregada na Pérsia no século X em moi- nhos para a moagem de grãos. Entre os sécu- los XIII e XIX, a tecnologia de moinhos de vento na Europa teve um grande desenvolvimento, e, no final do século XIX, nos Estados Unidos, moinhos movidos pela energia eólica foram usados para bombear água de áreas áridas e semiáridas, o que permitiu seu povoamento. Com a crise do petróleo em 1973 e 1978, acentuou-se a pesquisa sobre a energia eóli- ca e desde então ela tem sido utilizada para a produção de energia elétrica. Veja a seguir o texto e o gráfico relativos ao Brasil. Energia eólica no Brasil “Na década de 2000, o primeiro gran- de impulso ao crescimento da energia eóli- ca no Brasil deu-se por meio do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas – PROIN- FA, instituído em 2004 [pelo Governo Federal], com o objetivo de aumentar a parti- cipação no sistema de energia produzida por empreendimentos da fonte eólica, de biomas- sa e de pequenas centrais hidrelétricas. […] Este grande fomento à fonte eólica resul- tou no aumento da competitividade do merca- do, com progressiva redução do custo no Brasil. Alguns fatos associados a essa redução foram: (a) o aumento, nos últimos anos, do parque industrial nacional para fabricação de equi- pamentos; (b) eventos ligados à dinâmica da economia global, favorecendo os preços de im- portação desses equipamentos. […]” CAMARGO-SCHUBERT ENGENHEIROS ASSOCIADOS et al. Atlas eólico: Bahia. Salvador: SECTI, SEINFRA, CIMATEC/SENAI, 2013. p. 37. Fomento Auxílio, apoio, incentivo. Interprete 1. Considerando o período mostrado no grá� co, em que ano ocorreu o maior aumento da capacidade eólica instalada no Brasil para a geração de energia elétrica? Argumente 2. Considerando a questão ambiental, que argumentos você utilizaria para justi� car o uso da energia eólica? Brasil: evolução da capacidade eólica instalada – 2004-2012 A D IL SO N S EC CO 0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2012 2508 588 562 527 414 236 69 112 521 75 66 206 338 222 519 102 158 60 75 310 51 150 55 122 51 150 55 550 247 2011 1425 2010 928 2009 602 2008 414 2007200620052004 10 4 14 22 14 17 C ap ac id ad e in st al ad a (M W ) Demais estados Paraíba Santa Catarina Rio Grande do Sul Bahia Rio Grande do Norte Ceará 22 14 14 51 150 RU BE N S CH AV ES /P U LS A R IM A G EN S 75PERCURSO 8 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Meio Ambiente PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 75 01/06/16 00:34 O consumo desigual de energia Ao mesmo tempo que o comércio mundial se amplia, seguindo a rá- pida expansão da globalização, sem que tenham sido resolvidas as questões energéticas e seus efeitos ambientais insustentáveis, antigas desigualdades entre regiões mais ricas e mais pobres do planeta são per- petuadas e outras são criadas. Enquanto grande parte dos países menos desenvolvidos confronta-se com a pobreza, a fome, as doenças e a busca por maior participação nos fluxos do comérciointernacional, os países mais desenvolvidos concen- tram riqueza, rendimento, recursos e altos níveis de consumo. Por isso, costuma-se dizer que a globalização é assimétrica, ou seja, não atinge todos os países e populações do mesmo modo. Utilizando-se o consumo de energia como indicador para avaliar o ní- vel de desenvolvimento entre os países e continentes, pode-se constatar a assimetria existente (figura 25). Em 2014, a China, que nos últimos 30 anos tem apresentado grande crescimento econômico, respondeu por 22,9% do consumo de energia no mundo, superando os Estados Unidos com 17,8% e a Europa (incluindo a Rússia) com 19,1%, que, somados, correspondem a 59,8% do consu- mo mundial. Por outro lado, o consumo de energia na África foi de 3,2%; na América Latina 6,8%; e no restante do mundo (Ásia Pacífico, Orien- te Médio, Ásia Central e Canadá) 30,2%. É, sem dúvida, uma globaliza- ção muito desigual. 3 Observando as imagens e com base no texto, que análise você faria delas? Figura 25. Imagens de satélite, obtidas à noite, mostram o desigual consumo e disponibilidade de energia elétrica nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, quando comparados à América Central, América do Sul e aos continentes africano e asiático. Na imagem A, continente americano; na imagem B, Europa, África e parte da Ásia (2012). RO BE RT S IM M O N /N A SA RO BE RT S IM M O N /N A SA BA 76 EXPEDIÇÃO 2 As imagens mostram que o consumo de energia, no caso elétrica, é muito desigual entre os países mais ricos e os mais pobres. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 76 01/06/16 00:34 Modelo econômico versus meio ambiente Diante do que foi apresentado neste Percurso, nota-se que os países desenvolvidos se apropriam de grande parte das riquezas mundiais e figuram entre os principais poluidores do mundo e os que mais consomem recursos naturais. Numa visão global, essa realida- de causa enorme pressão sobre o meio ambiente, degradando-o. Essa situação se agrava quando se percebe que o modelo produtivo e de consumo desses países tem sido seguido por muitos outros, incluin- do os países pobres. No entanto, sabe-se que, se todos os seres humanos tivessem o nível de consumo dos habitantes mais ricos do planeta, os recursos naturais da Terra não seriam suficientes para atender a todos. Por isso, para en- frentar e resolver os problemas ambientais globais, é necessário rever o modelo de produção atual e os hábitos da chamada sociedade de consumo, em que o consumo de bens e serviços é elevado. • A sociedade de consumo e os valores sociais Na sociedade de consumo, os valores sociais foram aparentemente invertidos e, em muitos casos, o “ter” tornou-se mais importante que o “ser”. O consumo de determinados produtos passou a ser entendido como sinal de poder e prestígio ou status social. Enquanto o consumo foi transformado no grande sentido da vida de milhões de pessoas, as ver- dadeiras qualidades do “ser”, como o caráter, o conhecimento, o estudo, a solidariedade humana e a preservação dos recursos naturais, passaram a ter importância secundária. A publicidade e a propaganda contribuíram muito para esse modo de vida. Com grande força de persuasão, passaram a convencer as pessoas a comprar os mais variados produtos e serviços, criando a ilusão de que as novas “necessidades” conduzem à plena felicidade (figura 26). 4 Figura 26. Os shopping centers são verdadeiros templos do consumo. Representam na paisagem, tanto das grandes cidades como das cidades médias, a força do apelo ao consumismo nas sociedades contemporâneas. Na foto, shopping center em Sochi, Rússia (2013). JA N W O IT A S/ PI CT U RE A LL IA N CE /D PA /G LO W IM A G ES Pausa para o cinema Super size me. Direção: Morgan Spurlock. Estados Unidos: The Con, 2004. Duração: 100 min. Esse documentário, conhecido como a “Dieta do Palhaço”, retrata a própria experiência do diretor Morgan Spurlock em realizar todas as refeições diárias com alimentos de uma rede de lanchonetes. Os resultados são surpreendentes. 77PERCURSO 8 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 77 01/06/16 00:34 Atividades dos percursosAtividades dos percursos 7 e 8 78 Revendo conteúdos 1 Explique o que é degradação do solo e aponte os fatores que contribuem para a sua ocorrência. 2 Na tabela abaixo, você vai descobrir quanto se gasta de água na produção de determinados alimentos e produtos. Observe os dados com atenção e, depois, responda às questões. Produto Consumo de água (em litros) Copo de leite (250 ml) 255 Camiseta de algodão (250 g) 2.495 Carne bovina (bife de 150 g) 2.320 Carne suína (bife de 150 g) 900 Ovo (60 g) 196 Barra de chocolate (100 g) 1.700 Fonte: elaborado com base em Water Footprint. Product Gallery. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. a) Por que o uso crescente de recursos hídricos associado ao consumo repre- senta um problema ambiental? b) Quais dados da tabela podem indicar pelo menos outros três problemas ambientais? Quais são esses problemas? c) Por que a chamada sociedade de consumo contribui para os problemas expostos por esses dados? 3 Em um debate sobre modelo econômico e aquecimento global, três participantes fizeram, cada um, duas afirmações. Analise essas afirmações e indique em seu caderno o participante que desco- nhece uma informação importante sobre o desenvolvimento econômico mundial e o participante que, provavelmente, não sabe o que significa desenvolvimento sustentável. Depois, responda à questão. Participante A I. Os países ricos são os principais emis- sores de gases de efeito estufa. II. É possível controlar ou diminuir as emis- sões de CO2. Participante B I. Os países pobres são apenas vítimas do aquecimento global. II. O mundo ainda depende da queima de combustíveis fósseis para suprir a demanda energética. Participante C I. A única forma de conter o aquecimento global é diminuir o crescimento eco- nômico e a industrialização. II. É preciso rever os padrões de consumo para enfrentar os problemas ambientais do século XXI. • De que maneira você justificaria a segunda afirmação do participante não indicado? Leituras cartográficas 4 Com base no gráfico a seguir e no mapa da página 67, faça o que se pede. a) Indique a porcentagem da população localizada em países com oferta abun- dante de água. b) Qual país sul-americano apresenta o me- nor índice de disponibilidade de água? c) Qual é a situação da maioria dos países do Oriente Médio e da África setentrional em relação à disponibilidade de água? Mundo: recursos em água – 2012 Parte da população mundial com diferente disponibilidade de água (%) Penúria 12% Abundância 12% Estresse 26% Suficiência relativa 26% Suficiência 24% Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 27. FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nota para a atividade 2: informe aos alunos que, para a fabricação de uma barra de chocolate de 100 g, por exemplo, o consumo de água abrange várias etapas: plantio do cacaueiro, transformação do cacau em pasta, fabricação do chocolate. É esse também o caso dos demais produtos da tabela. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 78 01/06/16 00:34 7979 Mundo: produção de etanol por matérias- -primas – 2011-2019 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 20192017201520132011 Li tr o s (b ilh õ es ) Outras matérias-primas Raízes e tubérculos Biomassa* Beterraba Melaço Cana-de-açúcar Trigo Grãos grossos** * Biomassa de culturas não comestíveis (mamona etc.) ** Milho, cevada, sorgo, centeio e areia a) Você achabenéfico para o meio ambien- te o crescimento da produção de etanol? Por quê? b) De quanto será, aproximadamente, o cresci- mento percentual da produção de etanol no período representado no gráfico? c) As maiores produções de etanol utili- zam quais matérias-primas? 6 Leia o fragmento de texto a seguir e, depois, responda às questões. “[…] Algumas consequências das mudan- ças climáticas, como a inundação de grandes áreas de delta, são potencialmente catastró- ficas. Outras, como a água salgada entrando pelo leito dos rios, cobrarão o seu preço mais lentamente, quando a água potável e a água para irrigação ficarem salinizadas, as águas fluviais se tornarem muito corrosivas para ser usadas no resfriamento dos processos d) Consulte um atlas geográfico e, com base no mapa da página 67, cite dois países africanos em penúria de água e um asiá- tico na situação de estresse de água. Explore 5 Observe o gráfico e responda às questões. industriais e de usinas de força e a alteração dos hábitats costeiros afetar a vida selvagem […]”. DOW, Kirstin; DOWNING, Thomas E. O atlas da mudança climática: o mapeamento completo do maior desafio do planeta. São Paulo: Publifolha, 2007. p. 64. a) Que fenômeno climático explica o cenário descrito pelo texto? b) Por que a água salgada (de oceanos e ma- res) pode entrar pelos vales fluviais e causar os danos descritos no texto? Quais seriam as consequências dessa invasão? 7 Observe a figura a seguir e faça o que se pede. Assinale a alternativa incorreta e justifique sua escolha. a) A ilustração representa a distribuição da água no planeta. b) O maior volume de água no planeta é salgada, o correspondente a 97,5% de toda a água encontrada nos oceanos e mares. Apenas 2,5% correspondem à água doce. c) Nas geleiras se concentra a maior quantidade de água doce: 68,7% de toda a água doce existente no mundo. d) As águas subterrâneas são 31,3% do total de água doce disponível no planeta. Mundo: divisão da água (em %) Total das águas Oceanos 97,5% Água doce 2,5% Água doce Glaciais 68,7% Lençóis freáticos 30,1% Permafrost* 0,8% Água de superfície e água atmosférica 0,4% Fonte: PNUMA. Global Environmental Outlook 4: environment for development. Nova York: Pnuma, 2007. p. 118. * Permafrost: agregado de solo, rocha e gelo que permanece por mais de dois anos em temperatura a 0 oC ou abaixo disso, comum em regiões muito frias. Fonte: WWAP. The United Nations World Water Development Report 2014: Water and Energy. v. 1. Paris: Unesco. p. 33. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. A N D ER SO N D E A N D RA D E PI M EN TE L A D IL SO N S EC CO PERCURSO 8 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 79 01/06/16 00:34geográficos entre algumas delas possivelmente houvesse trocas culturais e comerciais. Esse cenário começou a se modificar no século XV, com a transforma- ção das economias-mundo em um sistema-mundo. As quatro fases da globalização e o sistema-mundo O processo de globalização, que teve início no século XV, passou por diferentes fases de desenvolvimento até chegar à atualidade. É possí- vel distinguir quatro delas. • Primeira fase Os primeiros movimentos da globalização se iniciaram com a ex- pansão geográfica da economia-mundo europeia por meio das grandes navegações marítimas dos séculos XV e XVI. Alguns povos europeus, impulsionados pela busca de metais preciosos que cobrissem os gas- tos das monarquias europeias e de produtos exóticos para serem co- mercializados na Europa, aproveitaram os avanços das técnicas de navegação e estabeleceram rela- ções comerciais mais intensas com as demais eco- nomias-mundo (figura 2). Entre o século XV e meados do XIX, ampliaram- -se a migração de pessoas e a circulação de produ- tos, fazendo surgir novos mercados entre regiões antes isoladas, favorecendo a expansão comercial. 2 3 Figura 2. Monumento aos Descobrimentos, em Lisboa, capital de Portugal (2014). Inaugurado em 1960, este monumento tem a forma de uma caravela e homenageia, entre outros, os navegadores, cartógrafos e intelectuais que participaram das grandes navegações marítimas dos séculos XV e XVI. Atualmente, é um importante ponto de atração turística. CA N TE M IR O LA RU /S H U TT ER ST O CK Quem lê viaja mais STRAZZACAPPA, Cristina; MONTANARI, Valdir. Globalização: o que é isso, afinal? 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003. Com linguagem acessível e muitas vezes divertida, os autores desvendam a globalização, as origens desse fenômeno e os desafios que o cercam. Civilização pré- -colombiana Nome dado aos povos que habitavam o continente americano antes da chegada dos colonizadores europeus. O termo é uma referência ao nome do navegador Cristóvão Colombo, que chegou à América em 1492. 51 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Explique aos alunos que a expressão “civilização pré-colombiana” toma como referência a chegada do conquistador/colonizador europeu à América, como também “ameríndios”, ou seja, indígenas da América. Pode-se substituir essa expressão por “povos nativos”. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 51 01/06/16 00:33 • Segunda fase Entre a segunda metade do século XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o processo de glo- balização adquiriu novo impulso com a expansão da dominação política, econômica e militar europeia sobre grandes extensões da África e da Ásia, onde foram es- tabelecidos impérios coloniais. As inovações técnicas aplicadas à indústria, aos transportes e às comunicações, com a expansão das ferrovias, do uso de automóveis, aviões (figura 3), telégrafos, telefones e rádios, contribuí ram para intensificar, agilizar e ampliar a difusão de relações econômicas capitalistas para outros territórios. • Terceira fase Entre 1945 e 1989, o processo de globalização esteve condicionado à Guerra Fria — conflito caracte- rizado pela presença de dois blocos de poder político e econômico rivais: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos; e o socialista, capitaneado pela extinta União Soviética. Esses dois países disputavam entre si a am- pliação de suas áreas de influência no mundo. Nessa fase, a globalização continuou a expandir-se, em grande parte graças aos avanços tecnológicos na informática, nas telecomunicações (figura 4) e nos transportes. • Quarta fase Desde a última década do século XX, com o fim da Guerra Fria, o mundo passou a viver a quarta fase da globalização, ampliada em função do avanço do ca- pitalismo em direção aos países nos quais antes exis- tia o socialismo. Os avanços tecnológicos, com predomínio da infor- mática (figura 5), favoreceram ainda mais a expansão do capitalismo, provocando grandes mudanças na produção e na circulação de mercadorias, nos transpor- tes de cargas e passageiros, na difusão de bens culturais e de artigos de consumo, entre outras. A maior eficiência das telecomunicações também possibilitou a forma- ção de redes digitais mundiais e estimulou o avanço da globalização. Figura 3. Entre outras inovações técnicas, as que foram aplicadas na aviação contribuíram para impulsionar a globalização. Na foto, avião sobrevoa o aeroporto LaGuardia, localizado na cidade de Nova York, Estados Unidos (1940). Figura 5. Na atual fase da globalização, redes de computadores permitem rapidez nas transações financeiras entre pessoas e empresas em todo o mundo. Na foto, Bolsa de Valores de Hong Kong, China (2014). Figura 4. Durante a Guerra Fria, as tecnologias espaciais e de comunicação passaram por intenso desenvolvimento. Na foto, satélite de comunicações na órbita da Terra (1984). SS PL /G ET TY IM A G ES CH A RL ES F EN N O JA CO BS /T IM E LI FE P IC TU RE S/ G ET TY IM A G ES IM A GI N EC H IN A /C O RB IS W IR E/ LA TI N ST O CK 52 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 52 01/06/16 00:33 Figura 6. O encurtamento do espaço-tempo Transportes e telecomunicações: os motores tecnológicos da globalização Nas últimas décadas, os meios de transporte se modernizaram, tornan- do-se mais rápidos e mais baratos. Com isso, aumentou a capacidade de transporte de carga e de passageiros, e intensificaram-se os deslocamentos de pessoas e mercadorias em intervalos de tempo cada vez menores, possi- bilitando a integração de diferentes regiões do mundo (figura 6). Do mesmo modo, os avanços tecnológicos na informática per- mitiram que os fluxos de informação se tornassem cada vez mais intensos e velozes, tanto em escala local e regional como em âmbito nacional ou global. Nos dias atuais, pessoas, empresas, governos e organizações dos mais variados tipos comunicam-se por meio de antenas, estações de sa- télites, cabos de fibra óptica (figura 7, na página seguinte), telefones fi- xos e móveis, e por computadores conectados a diversas redes sociais. Vivemos, assim, em um mundo ligado por redes de fluxos de informa- ções, conectando pessoas, capitais e negócios. 4 Fonte: HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 21. ed. São Paulo: Loyola, 2011. p. 220. O esquema ao lado representa o encolhimento do mapa mundial graças às inovações nos transportes, que permitiram percorrer maiores distâncias em menos tempo, como se o espaço tivesse sido “encurtado”. Em função disso, o mundo tornou-se cada vez mais acessível para o avanço do capitalismo, e as distâncias, relativamente menores para quem pode utilizar os transportes modernos. Jatos de passageiros: 800-1.100 km/h* * Média de velocidade alcançada. Inovações nos transportes “aniquilam o espaço por meio do tempo” 1500-1840 Carruagens e barcos a vela: 16 km/h* 1850-1930 Locomotivas a vapor: 100 km/h* Barcos a vapor: 57 km/h* Anos 1950 Anos 1960 Aviões a propulsão: 480-640 km/h* 0º 0º 0º 0º A N D ER SO N D E A N D RA D E PI M EN TE L Quem lê viaja mais BRIGAGÃO, Clóvis; RODRIGUES, Gilberto M. A. Globalização a olho nu: o mundo conectado. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004. Com base nas novas tecnologias e na presente condução política do mundo, os autores apresentam uma visão crítica dos problemas da atual fase de globalização. Navegar é preciso Museu Virtual do Transporte Urbano Conheça os vários meios de transporte que a humanidade já criou e descubra como eles evoluíram e se desenvolveram nas cidades brasileiras. 53PERCURSO 5 R ep rodu çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 53 01/06/16 00:33 Figura 8. Mundo: acesso à internet – 2012 No entanto, é importante lembrar que esses fluxos de informações não incluem países, regiões e lugares do mundo da mesma maneira (figura 8), assim como os efeitos da globalização não chegam a todos igualmente. Na verdade, a globali- zação, muitas vezes, gera ou amplia desi- gualdades no espaço geográfico mundial, como estudaremos no Percurso 8. 0º CÍRCULO POLAR ÁRTICO 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO Menos de 3,0 De 3,0 a 10,0 De 10,1 a 30,0 De 30,1 a 50,0 De 50,1 a 92,0 Sem dados Usuários com acesso à internet a cada 100 habitantes Língua materna dos usuários de internet Inglês 35,2 Chinês 13,6Japonês 8,2 Alemão 7,8 (%) Espanhol 7,0 Francês 4,9 Italiano 3,6 Outras 19,7 M ER ID IA N O D E G R EE N W IC H Figura 7. Instalação de cabos subterrâneos de fibra óptica na cidade de Bensheim, Alemanha (2014), a fim de acelerar o fluxo de informações e possibilitar a conexão rápida de pessoas e de empresas no mundo globalizado. Qual continente apresenta a menor proporção de sua população com acesso à internet? Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 55. A N D ER SO N D E A N D RA D E PI M EN TE L 2.100 km NE LO SE S N NO SO A RN E D ED ER T/ D PA /C O RB IS W IR E/ LA TI N ST O CK 54 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O continente africano, onde, em muitos países, menos de 3% da população tem acesso à internet. Além de interpretar o gráfico de setores, vale retomar com os alunos como se realiza sua construção. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 54 01/06/16 00:33 Encontros Comunidades indígenas usam internet e redes sociais para divulgar sua cultura “Denunciar crimes ambientais, preservar e divulgar sua cultura, defender seus direitos, mostrar suas condições de vida. Lutas diá- rias de diversas comunidades indígenas que, agora, ganharam uma aliada poderosa: a internet. Muitos povos indígenas têm usado a rede para atingir um pú- blico grande, dentro e fora do país. Os recursos on-line são usados para romper o isolamento em que muitas comunidades vivem, e também para vencer a barreira da falta de espaço que esses povos têm nas mídias tradicionais. […] A internet acabou se tornando uma ferramenta de comunicação fundamental para aqueles que antes não tinham voz. […] Alerta contra madeireiras Uma das primeiras comunidades a se conectar à rede mundial de computadores foram os Ashaninka, que vivem na região do Alto-Ju- ruá (AC), na divisa de Brasil e Peru. Para se defender dos madeireiros peruanos, que desmatavam as florestas, prejudicavam seus recursos e muitas vezes entravam em atritos com a comunidade, os Ashaninka resolveram inovar. Munidos de um painel solar para captar a ener- gia e um computador, eles começaram a enviar e-mails para ONGs e para o governo, fazendo denúncias. As informações foram recebidas na Presidência da República e repassadas à Polícia Federal e ao co- mando do Exército, que montaram uma ação para combater os inva- sores. Hoje, a tecnologia faz parte da vida da comunidade Ashaninka, que tem um blog e utiliza o Twitter para se comunicar. […]” BUENO, Chris. Comunidades indígenas usam internet e redes sociais para divulgar sua cultura. In: Revista Ciência e Cultura, On-line version, Aldeia Global, v. 65, n. 2, abr./jun. 2013. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2015. Rio Branco PERU BOLÍVIA AMAZONAS ACRE 70° O 10° S Terras dos Ashaninka Terras dos Ashaninka Fonte: elaborado com base em Instituto Socioambiental. Povos Indígenas no Brasil, 1996-2000. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2000. p. 562-563. FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A ED SO N G RA N D IS O LI /P U LS A R IM A G EN S Indígena da etnia Dessana utilizando computador (laptop) às margens do Rio Negro, próximo a Manaus, AM (2015). Interprete 1. Para qual � nalidade os Ashaninka começaram a se conectar à internet? Argumente 2. Os indígenas do povo Ashaninka estão inseridos na globalização? Justi� que. 3. O avanço dos meios de comunicação tem exercido papel fundamental na democratização e na integração dos povos, e esse avanço também pode gerar aculturação de algumas populações, como é o caso dos indígenas. Qual é sua opinião sobre isso? 110 km NE LO SE S N NO SO 55PERCURSO 5 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Pluralidade Cultural PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 55 01/06/16 00:34 PERCURSO 6 Figura 9. Mundo: valor do comércio internacional – 1950-2014 A economia global Fluxos de mercadorias: o comércio global desigual Na atual fase da globalização, tem-se observado um extraordinário crescimento do comércio internacional. De acordo com dados da Orga- nização Mundial do Comércio (OMC), em 1950, o intercâmbio comer- cial mundial era de 64 bilhões de dólares. Em 2014, atingiu a marca dos 19 trilhões de dólares (figura 9). Alguns fatores foram decisivos para que isso ocorresse, entre eles: a melhoria dos meios de transporte e de comunicação; a diminuição dos custos e dos fretes; o rápido crescimento da população mundial nos últi- mos 50 anos; o aumento do rendimento de muitas famílias; e a entrada de novos países no comércio internacional mundial. Essas transforma- ções resultaram na difusão de um estilo de vida centrado no consumo; daí a expressão sociedade do consumo, caracterizada por uma inten- sa procura por todo tipo de produto e pela liberalização das regras comerciais — com o objetivo de facilitar a exportação e a importação de mercadorias entre países. O comércio internacional, no entanto, continua apresentando desi- gualdades marcantes: enquanto Europa Ocidental, América do Norte e parte da Ásia — os três principais polos da economia mundial — têm grande participação no comércio mundial, muitos países da América La- tina e da África, por exemplo, ocupam posições marginais, com reduzidos fluxos de importação e exportação. Em parte, isso se explica pela maior capacidade de produção e de consumo dos países cuja industrialização é mais desen- volvida e pelo fato de muitos desses paí- ses manterem barreiras comerciais que impedem a entrada de produtos mais baratos, principalmente agropecuários, oriundos dos países subdesenvolvidos e emergentes. 1 Fonte: WTO Statistics Database. Disponível em: . Acesso em: 23 out. 2015. A D IL SO N S EC CO 0 17,5 12,5 15,0 10,0 7,5 2,5 5,0 Tr ilh õ es d e d ó la re s 20,0 1950 1960 1970 1980 20001990 20142010 No seu contexto Cite um fator que explique a inserção da globalização em seu cotidiano. Frete Valor pago pelo transporte de mercadorias ou produtos, feito por caminhões, trens, navios, aviões. Barreiras comerciais Normas alfandegárias, como tarifas de importação, que têm o objetivo de controlar ou impedir a entrada de mercadorias estrangeiras. 56 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Espera-se que o aluno explique que o simples fato de acessar a internet ou, por exemplo, adquirir um produto estrangeiro faz com que ele esteja inserido na globalização. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 56 02/06/16 16:10 Figura 10. Mundo: valor de mercado das 500 maiorestransnacionais – 2011 0º 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO CÍRCULO POLAR ÁRTICOCÍRCULO POLAR ÁRTICO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO M ER ID IA N O D E G R EE N W IC H CANADÁ PBS ESTADOS UNIDOS JAPÃO REINO UNIDO FRANÇA ITA MÉXICO SUÉCIA SUÍÇA ESPANHA EAUARS CHINA HONG KONG CIN INDONÉSIA ALEMANHA ISRAEL COS Valor de mercado (bilhões de dólares) 2.000 10.000 500 100 • As transnacionais Em todo o mundo, parte expressiva da produção, do comércio e do consumo é impulsionada e controlada pelas chamadas transnacionais (figura 10) — empresas com alto nível de organização que atuam den- tro e fora do território de seu país de origem, por meio de filiais espalha- das pelo mundo. Embora existam inúmeras transnacionais originárias de países emer- gentes — como as brasileiras Petrobras e Vale, que têm sede no Rio de Janeiro e atuam em mais de 25 países; e a chinesa Sinopec, do setor ener- gético, que ocupou, em 2014, o 2o lugar no ranking das maiores trans- nacionais em volume de negócios (figura 11) —, a maioria e as mais poderosas estão sediadas em países desenvolvidos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Suíça. Para ter ideia, o valor de negócios de muitas dessas empresas supera o PIB de diversos países. É o caso da Áustria (436,3 bilhões de dólares) e de Portugal (229,6 bilhões de dólares), entre outros. Figura 11. As 10 maiores transnacionais em volume de negócios – 2014 Fonte: elaborado com base em Fortune. Global 500. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2015. A D IL SO N S EC CO A N D ER SO N D E A N D RA D E PI M EN TE L Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 54. Volume de negócios (em bilhões de dólares) 485,6 446,8 431,3 428,6 382,6 358,7 339,4 268,6 247,7 221,1 Empresa (nacionalidade) Wal-Mart Stores (Estados Unidos) Sinopec (China) Royal Dutch Shell (Reino Unido e Países Baixos) China National Petroleum (China) Exxon Mobil (Estados Unidos) BP (Reino Unido) State Grid (China) Volkswagen (Alemanha) Toyota (Japão) Glencore (Suíça) Setor de atividade Distribuição Energia Energia Energia Energia Energia Energia Automotivo Automotivo Matérias-primas 4.370 km NE LO SE S N NO SO No seu contexto Você e seus familiares utilizam ou consomem produtos fabricados por empresas transnacionais? Cite um ou mais exemplos. 57PERCURSO 6 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Provavelmente sim, pois há grande volume de produtos fabricados pelas transnacionais, de produtos alimentares a eletroeletrônicos. Entre eles, os alunos podem citar: chocolates, biscoitos, televisores, computadores etc. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 57 01/06/16 00:34 O poder das transnacionais Por causa de sua importância econômica, algumas transnacionais têm um enorme poder de influenciar a economia global de acordo com os pró- prios interesses. Atuam também nas esferas do poder político, a pon- to de interferir em ações governamentais a fim de estabelecer normas que facilitem seu desempenho. Rea lizam maciços investimentos tanto no país de origem como nos países Tipo Sul — onde são atraídas por diver- sas vantagens, como a disponibilidade de matéria-prima e mão de obra baratas, mercados consumidores promissores para a expansão de seus negócios, leis e fiscalização mais brandas ou ausentes, além de grandes oportunidades oferecidas pelos governos locais de redução de impostos, que favorecem a lucratividade dessas empresas. Com base nesse cenário, as transnacionais são responsáveis por uma nova forma de produção: a fábrica global. A fábrica global e a nova divisão internacional do trabalho Com o objetivo de aumentar os lucros, as transnacionais se apoiam em uma forma descentralizada de produção, em que cada etapa pode ser desenvolvida em um país diferente, de acordo com as vantagens que o país oferece quanto aos custos de produção, a margem de lucro e a possibilidade de aumentar sua competitividade no mercado global. Nessa cadeia produtiva, uma empresa transnacional pode, por exem- plo, fabricar um componente de seu produto (computador, carro, cami- nhão etc.) em um país, produzir outro em um segundo país e fazer a montagem do produto final em um terceiro (figura 12), mantendo, nor- malmente, o centro administrativo da empresa no país de origem. 2 Figura 12. Trabalhadores em indústria de confecção no México, na fronteira com os Estados Unidos (2014). Essa indústria finaliza produtos para muitos clientes do mundo. EL U N IV ER SA L/ ZU M A PR ES S/ EA SY PI X BR A SI L Navegar é preciso Organização Internacional do Trabalho (OIT) Conheça essa agência da ONU, cujo principal objetivo é desenvolver medidas para regular as condições de trabalho em vários países. No seu contexto No município onde você mora existe alguma fábrica ou indústria inserida na globalização? O que ela produz? Ela exporta? Ela depende da importação de matérias-primas? Pausa para o cinema Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá. Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban Produções, 2007. Duração: 90 min. Documentário produzido com base em uma entrevista com o geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), sobre a globalização e seus efeitos no planeta. 58 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Depende do município. O objetivo é levar os alunos a conhecer melhor a localidade onde vivem. Como complementação da atividade, sugerimos agendar uma visita a alguma indústria para ampliar a compreensão dos alunos, que, por meio de um questionário elaborado previamente, poderão entrevistar o responsável pelo estabelecimento industrial e, assim, obter informações para responder às questões propostas. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 58 01/06/16 00:34 Para isso, as transnacionais contam com um eficiente sistema de dis- tribuição e sofisticados sistemas de transporte e de comunicação, que “encurtam” o espaço mundial e permitem a chegada de seus produtos a diferentes pontos do mundo com preços mais competitivos. Repare que essa realidade é bastante diferente daquela do século XIX até meados do século XX, quando os países industriais, principalmente as potências europeias e os Estados Unidos, exportavam manufatura- dos para os países de economia primária da América Latina, Ásia e Áfri- ca, que, por sua vez, exportavam produtos agrícolas e minerais para os países industriais. Na fábrica global, a cadeia produtiva descentralizada e as inovações tecnológicas intensificaram os fluxos comerciais e modificaram o mercado de trabalho, exigindo mão de obra qualificada e criando novas formas de desemprego. Entenda a seguir como isso acontece. • O mercado de trabalho A forte concorrência, característica marcante do período mais recen- te da globalização, leva as empresas a buscar a contínua renovação das estratégias de produção e comercialização de seus produtos. Ao perse- guir esse objetivo, elas adotam novas tecnologias no processo produti- vo, aumentando a demanda por trabalhadores criativos e qualificados, com maior nível de escolaridade e capazes de se adaptar constantemen- te às mudanças em todos os setores de produção: agricultura, indústria, comércio e prestação de serviços. No entanto, em muitos setores, os trabalhadores têm dificuldade para se manter nos postos de trabalho e conservar a estabilidade de seus ren- dimentos. Isso acontece porque a remuneração se dá cada vez mais em função da produtividade, e nem sempre os trabalhadores contam com jornadas de trabalho regulares — situação que estabeleceas chamadas relações de trabalho flexíveis, em que a carga horária é menos impor- tante do que a qualidade e a produtividade do trabalho que se é capaz de realizar (figura 13). Figura 13. Algumas empresas têm como política a criação de espaços que visam ao bem-estar e ao exercício da criatividade por seus contratados. Na foto, funcionários de empresa de prestação de serviços on-line em sala de jogos no horário de expediente, em Mountain View, no estado da Califórnia, Estados Unidos (2013). 15-f-EG8-U02-G Foto recente de empresas que criam espaços de bem- estar para os funcionários. Exemplos: Google, Linkdin, Adidas, Facebook, Amazon. JE FF C H IU /A P PH O TO /G LO W IM A G ES No seu contexto Você conhece alguém que se encontra nessa situação de relação de trabalho flexível? Em caso afirmativo, qual é a atividade desenvolvida por essa pessoa? Quem lê viaja mais DIMENSTEIN, Gilberto. Aprendiz do futuro. 10. ed. São Paulo: Ática, 2005. Dividido em cinco partes, esse livro discute as novas exigências da sociedade da informação e os desafios dos profissionais do mundo global. 59PERCURSO 6 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O aluno é levado a refletir sobre a nova relação de trabalho decorrente de novo período histórico criado pela globalização, que exige mão de obra mais qualificada e com maior produtividade, independentemente do horário da jornada. Essa é uma oportunidade para enfatizar a necessidade do estudo, que conduz ao aprimoramento pessoal em que se inclui a qualificação profissional, considerando que vivemos em uma sociedade que valoriza o conhecimento. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 59 01/06/16 00:34 • O aumento do desemprego na economia global Existem muitas causas para o desemprego, mas, na atual fase da globalização, a inserção das inovações tecnológicas nos processos pro- dutivos tem contribuído para aumentar o problema. A esse tipo de desemprego dá-se o nome de tecnológico ou estrutural, derivado, em grande parte, da substituição da mão de obra pela mecanização, pela au- tomação e pela informatização do processo produtivo (figura 14). Em- bora mais presente nos países desenvolvidos, o desemprego tecnológico também atinge os demais países. Às dificuldades impostas pelo desemprego estrutural somam-se, ain- da, as do desemprego conjuntural ou cíclico, que diz respeito à dispen- sa de mão de obra durante uma crise econômica — período em que as demissões são temporárias e os empregos são retomados quando a cri- se é superada. Figura 14. Na foto A, linha de montagem automobilística na cidade de São Paulo, SP (1923). No início do século XX, quando ainda não havia maquinário moderno nem robôs operando na montagem dos automóveis, grande número de trabalhadores se revezava em vários turnos para dar conta de todas as etapas de produção. Atualmente, o avanço tecnológico permite a produção de automóveis em grande escala, em menos tempo, com alto grau de sofisticação e número reduzido de operários. Na foto B, destaque para o uso de robôs na indústria automobilística no município de Jacareí, SP (2015). A CE RV O IC O N O G RA PH IA B A LU CA S LA CA Z RU IZ /F O LH A PR ES S Quem lê viaja mais CARMO, Paulo Sérgio do. O trabalho na economia global. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004. O autor examina as novas formas de produção e as relações de trabalho da economia global, levando à reflexão sobre as causas e as consequências desse processo. 60 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 60 01/06/16 00:34 Como fazer 1 Observe o título do mapa, que indica o que está em fluxo no espaço; neste exemplo, são mercadorias. 2 Em seguida, preste atenção às setas. Elas apontam as trajetórias entre os lugares de saída e chegada de mercadorias. As cores indicam o local de origem dos fluxos representados. 3 Para entender as informações quantitativas, consulte as legendas. As diferentes espessuras das setas mostram o valor das mercadorias transportadas: quanto mais espessa, maior é o valor total do fluxo e, possivelmente, maior o volume de mercadorias. Os círculos proporcionais representam o valor total das transações do comércio exterior (exportações e importações) nas regiões consideradas. Repare que a área hachurada indica quanto desse comércio se dá entre países de uma mesma região. Mochila de ferramentas Como interpretar um mapa de fluxos? Fluxo é o movimento contínuo de algo que segue um curso ou descreve uma traje- tória no espaço. Assim, podem existir fluxos de pessoas, mercadorias, automóveis etc. O mapa abaixo, por exemplo, representa o comércio mundial indicando a movi- mentação de mercadorias que saem do local onde foram produzidas e seguem para outras localidades, onde serão consumidas. Vamos interpretá-lo. 1. Há alguma região que não estabeleça relações comerciais com outra? Comente. 2. Observe os � uxos comerciais do Canadá e dos Estados Unidos com a América Latina. Com base na leitura do mapa e em seus conhecimentos, o que se pode dizer sobre cada um desses � uxos? 3. Para onde se dirigem os � uxos mais intensos da Ásia e da Oceania? Mundo: comércio por grandes regiões – 2011 0º 0º CANADÁ E ESTADOS UNIDOS AMÉRICA LATINA ORIENTE MÉDIO ÁFRICA EUROPA ÁSIA E OCEANIA CEI 6.000 4.000 2.000 1.000 500 Comércio exterior (bilhões de dólares) OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICOOCEANO PACÍFICO TRÓPICO DE CÂNCER TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO 500 200 100 50 Fluxos comerciais (bilhões de dólares) Parte do comércio no interior da região Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 51. 2.670 km NE LO SE S N NO SO FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A 61PERCURSO 6 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Sugerimos desenvolver trabalho interdisciplinar com o professor de Matemática, que poderá abordar a proporcionalidade por meio do tamanho dos círculos. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 61 01/06/16 00:34 Atividades dos percursosAtividades dos percursos 5 e 6 62 Plano de ação – Transnacional estadunidense CANADÁ ESTADOS UNIDOS BRASIL FRANÇA ÁFRICA DO SUL NIGÉRIA RÚSSIA CHINA ARÁBIA SAUDITA TURQUIA ÍNDIAMÉXICO AUSTRÁLIA ALEMANHA REINO UNIDO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO ÍNDICO EQUADOR 0º TRÓPICO DE CÂNCER CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO 0º M ER ID IA N O D E G R EE N W IC HParticipação nas exportações mundiais de mercadorias (%) Sem dados > 10 indicators. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A 2.390 km NE LO SE S N NO SO Filiais Objetivo da filial Sistema produtivo implantado Alemanha Fabricação de motores. Mecanizado, com mão de obra especializada. Japão Fabricação de componentes eletrônicos. Informatizado e mecanizado. China Linha de montagem dos automóveis. Com mão de obra abundante e barata. a) O que permitiu que essa forma de pro- dução se tornasse viável nas últimas décadas? b) Com base no sistema produtivo implan- tado em cada país, explique por que essa forma de produção pode ser vanta- josa para as empresas. c) Em qual dos países, nesse exemplo hipo- tético, há maior risco de desemprego tecnológico? Por quê? EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 62 01/06/16 00:34 6363 Investimento Direto Estrangeiro no mundo – 2012 (bilhões de dólares) a) Indique pelo menos dois países cuja participação nas exportações mundiais de mercadorias seja semelhante à parti- cipação do Brasil. b) Em qual continente se localizam os paí- ses de menor participação percentual nas exportações mundiais de mercadorias? c) Escreva um pequeno texto comparando a participação nas exportações mundiais de mercadorias dos seguintes países: Canadá, China, Alemanha e Estados Unidos. d) Em que intervalos está a participa- ção dos países-membros do Brics nas exportações mundiais de mercadorias? Explore 7 Observe novamente a figura 6 do Percur- so 5, na página 53, e explique por que, segundo o esquema apresentado, o mapa do mundo “encurtou”. 8 Leia a charge abaixo e interprete-a. De- pois, discuta o assunto com seus colegas e o professor. 9 Além dos fluxos do comércio interna- cional, outro indicador da intensifica- ção da globalização da economia é o Investimento Direto Estrangeiro (IDE), caracterizado por operações financeiras realizadas pelas empresas transnacionais de um país diretamente na economia dos países onde se instalam. Com base na explicação e na tabela abaixo, responda às questões. a) Aponte a região que mais recebeu in- vestimento estrangeiro e aquela que menos recebeu em 2012. b) É importante que um país receba inves- timento estrangeiro? Explique. Investigue seu lugar 10 Que tal descobrir quanto você está inte- grado à globalização? Para isso, faça uma avaliação dos seus hábitos de consumo. Será que são semelhantes aos de outras pessoas em diferentes partes do mundo? Responda às questões a seguir e, depois, discuta o assunto em sala de aula. a) De quais bandas de música você gosta? Essas bandas são nacionais ou estran- geiras? Como você as conheceu? b) Você sabe em qual país são fabricadas as roupas que você usa? c) Os dois últimos filmes a que você assis- tiu são nacionais ou estrangeiros? d) Você utiliza a internet? Como e quanto? * CEI (Comunidade dos Estados Independentes): organização formada pela Rússia e mais dez países que integravam a antiga União Soviética. Fonte: BOST, François et al. Images économiques du monde: géopolitique-géoéconomie 2014. Paris: Armand Colin, 2013. p. 56. Regiões do mundo IDE União Europeia (UE) 258,5 Estados Unidos 143,6 África 50,0 América Latina e Antilhas 243,8 Sudeste da Europa e CEI* 87,3 © A N G EL I PERCURSO 6 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 63 01/06/16 00:34 PERCURSO 7 Globalização e meio ambiente Os debates internacionais sobre meio ambiente A preocupação com o meio ambiente não é recente. Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à natureza por causa da ação humana. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os pro- blemas ambientais tornaram-se mais visíveis em função do crescimento da população global, da difusão de padrões de consumo exacerbados e da rápida industrialização e urbanização das sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos naturais, ou seja, houve o aumento da utilização desses recursos, o que levou os debates ambientais ao âmbito mundial. Em 1972, foi realizada a Conferência sobre Meio Ambiente Hu mano, em Estocolmo, capital da Suécia, a primeira organizada pelas Nações Uni- das. Nesse evento, dois conjuntos de países se destacaram nos debates: os países desenvolvidos, que defenderam a necessidade de controlar o crescimento econômico de base industrial considerado poluidor e consu- midor de recursos não renováveis; e os demais países, que interpretaram a proposta daqueles como uma tentativa de impedir sua industrializa- ção, defendendo que as preocupações com o meio ambiente não pode- riam afetar seu crescimento econômico. Vinte anos depois, em 1992, os países-membros da ONU se reuni- ram no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, para debater novamente os problemas ambientais. Conhecido como Rio-92 ou Eco-92 (figura 15), esse evento contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado, que, com base na noção de desenvolvimento sustentável, lançaram as pri- meiras iniciativas para conciliar desenvolvimento econômico e conserva- ção do meio ambiente. 1 Figura 15. Plenário da Eco-92, no Rio de Janeiro, RJ (1992). LU CI A N A W H IT A KE R/ FO LH A PR ES S Pausa para o cinema A última hora. Direção: Leila Conners. Estados Unidos: Appian Way, Greenhour, Tree Media Group, 2007. Duração: 122 min. Com depoimentos de especialistas e políticos, esse documentário discute a sustentabilidade e a necessidade de atentar rapidamente para problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta. Desenvolvimento sustentável Termo criado em 1987, durante a Comissão Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. Refere-se ao desenvolvimento que satisfaz às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades. É o desenvolvimento econômico aliado à conservação do meio ambiente, ou seja, desenvolver sem destruir. 64 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Com o professor de Ciências, seria oportuno trabalhar os temas ambientais dos Percursos 7 e 8, como degradação ambiental, utilização de energia, entre outros. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 64 01/06/16 00:34 Figura 16. Mundo: amplitude da degradação do solo Dez anos depois da Rio-92, realizou-se em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+10. Os resultados não fo- ram muito satisfatórios. Assuntos importantes da pauta, como o es- tabelecimento de metas quanto ao uso de energias renováveis, não obtiveram avanço. Em 2012, realizou-se, na cidade do Rio de Janeiro, a Rio+20, que reiterou a necessidade da implementação do desenvol- vimento sustentável. Apesar da importância desses eventos, os problemas ambientais per- sistem de modo intenso e preocupam especialistas. Principais problemas ambientais do século XXI Entre os principais problemas ambientais do século XXI, destacam-se a degradação do solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos e a ameaça à biodiversidade. • A degradação dos solos A degradação dos solos pode ocorrer por meio da erosão, da acidifica- ção ou da acumulação de metais pesados, levando à diminuição de nu- trientes minerais e de matéria orgânica (húmus), o que pode restringir ou inviabilizar o uso do solo para a agricultura. Vários fatores contribuem para a degradação dos solos (figura 16), entre eles: o desmatamento, que facilitaa erosão superficial causada pela água da chuva e pelo vento e provoca o transporte de húmus e nu- trientes, além de sulcos no solo, que podem formar voçorocas (figura 17, na página seguinte). 2 Fonte: Atlas do meio ambiente Le Monde Diplomatique. São Paulo: Instituto Pólis, 2008. p. 17. OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO Alteração química Erosão hídrica Erosão hídrica Erosão hídrica Erosão eólica Erosão hídrica Erosão eólica Alteração química Erosão hídrica Alteração química Erosão hídrica Erosão eólica Degradação físicaErosão hídrica Não degradados Pouco degradados Degradados Muito degradados Extremamente degradados A N D ER SO N D E A N D RA D E PI M EN TE L 2.320 km NE LO SE S N NO SO Biodiversidade Variedade de espécies de organismos vivos existentes em um ecossistema, seja ele terrestre ou aquático. Metais pesados Elementos químicos altamente reativos e capazes de se acumular nos organismos vivos ou na natureza. São exemplos o mercúrio e o chumbo, muito tóxicos quando em quantidades elevadas. Navegar é preciso Rio+20 Acesse o site e veja os destaques da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável: a Rio+20. 65PERCURSO 7 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 65 01/06/16 00:34 Figura 18. Queimada em área de vegetação de Cerrado no município de Brumadinho, MG (2014). Figura 17. Voçoroca na área rural do município de São Francisco de Assis, RS (2014). Outros fatores que causam a degradação dos solos são: o despejo de resíduos industriais e o uso de agrotóxicos pela agricultura, que alteram a composição química do solo; o uso de máquinas pesadas na agricultura; e a sobrepastagem. Todos eles acarretam a compactação do solo e fa- cilitam a erosão, o transporte de nutrientes e a redução da capacidade de infiltração da água, com consequente impacto no desenvolvimen- to de raízes. Além disso, grande parte da população ainda desconhece as for- mas adequadas de trabalhar com o solo utilizando princípios técnicos capazes de evitar sua degradação. Dessa forma, torna-se necessária a implantação de programas de educação no campo que visem ao seu uso sustentável. • As queimadas Provocadas de forma acidental ou voluntária, as queimadas são mo- tivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas. Esse é um método usado por muitos agricultores, em diversas partes do mundo, para abrir ou “limpar” campos agricultáveis ou pastos. As queimadas destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste e es- gotamento (figura 18). Além disso, essa prática compromete o habitat de inúme- ras espécies animais e vegetais e pode contribuir para o efeito estufa. Em casos ainda mais graves, o fogo pode alcançar habitações, plantações e pastagens, pro- vocando destruição e mortes. G ER SO N G ER LO FF /P U LS A R IM A G EN S IL A N A L A N SK Y/ O LH A R IM A G EM Sobrepastagem Também chamada de sobrepastoreio, refere-se ao número excessivo de cabeças de gado por área de pastagem, que, além de compactar o solo, destrói a cobertura vegetal. 66 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 66 01/06/16 00:34 Figura 19. Mundo: recursos em água – 2012 • A ameaça de escassez dos recursos hídricos Atualmente, a água é considerada por muitos o “ouro” do século XXI. Tamanha valorização pode ser explicada por uma triste estimativa: em mui- tos países, a demanda por água cresce a cada ano, porém as reservas dis- poníveis não são inesgotáveis (figura 19), e o processo de dessalinização — ato de retirar o sal da água do mar a fim de torná-la potável — ainda requer o uso de tecnologia sofisticada e envolve altos custos de investimentos. Entre os principais fatores que causam o aumento na demanda de água no mundo, três se destacam: o crescimento demográfico, o desen- volvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada. Nas últimas duas décadas, por exemplo, a agricultura foi responsá- vel pela maior parte da extração de água doce. Atualmente, em âmbito planetário, estima-se que cerca de 70% dos recursos hídricos disponíveis são consumidos por atividades de irrigação. Enquanto a quantidade de água doce disponível para o consumo hu- mano está declinando mundialmente, especialistas afirmam que até 2050 a demanda por água crescerá 18% nos países desenvolvidos e 50% nos demais. O aumento dessa demanda se tornará intolerável em países com recursos hídricos escassos. Essa escassez afeta cerca de 30 países, cujas reservas de água são inferiores a 1.000 metros cúbicos por pessoa ao ano. Somam-se a esses problemas as desigualdades no acesso e no consumo desse recurso vital: enquanto uma família de clas- se média nos Estados Unidos consome em média 2 mil litros de água por dia, na África esse consumo é de apenas 150 litros, sem contar a dificul- dade de acesso, pois milhões de famílias ainda precisam percorrer longas distâncias para obter água. A questão se agrava diante de outro número: sabe-se que mais de 50% dos rios da superfície terrestre estão poluídos ou em vias de se esgotarem em razão do desperdício e da má gestão dos recursos hídricos. Entre os gran- des rios que correm perigo estão o Amarelo, ou Huang-Ho, na China, o Colo- rado, nos Estados Unidos, o Nilo, no Egito, e o Volga, na Rússia. Para evitar o fim dos recursos hídricos e ga- rantir que as próximas gerações possam usu- fruí-los, é preciso ado- tar novas ações para o uso da água — desde a economia cotidiana, nos domicílios, na escola e em outros lugares pú- blicos, até o estímulo de políticas públicas que garantam o uso susten- tável desse recurso. 0º 0º OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO Recursos em água por ano por habitante (em m3)* Menos de 1.000 (Penúria de água) De 1.001 a 1.700 (Estresse de água) De 1.701 a 3.000 (Suficiência relativa) De 3.001 a 15.000 (Suficiência) De 15.001 a 127.000 (Abundância) Penúria absoluta (menos de 500) *1 metro cúbico (m3) = 1.000 litros M ER ID I A N O D E G R EE N W IC H Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 27. Que continente apresenta o maior déficit de água? FE RN A N D O JO SÉ F ER RE IR A 2.620 km NE LO SE S N NO SO No seu contexto No município em que você vive ocorrem os problemas ambientais que estudamos? Identifique alguns deles e as causas. Qual é sua atitude e a de seus familiares em relação ao meio ambiente? Pausa para o cinema Acquaria. Direção: Flavia Moraes. Brasil: Film Planet Group, 2003. Duração: 103 min. O filme mostra o esgotamento das reservas hídricas do planeta e a tentativa das personagens para resgatar essas reservas. 67PERCURSO 7 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A África. Depende do município. A proposta é levar o aluno a perceber que o conhecimento adquire maior importância quando é possível aplicá-lo ao cotidiano. Caso o aluno não saiba, sugerimos que os ajude a refletir sobre questões como disponibilidade de água, queimadas e degradação do solo, por exemplo, que são causadas por atividades humanas, como agricultura, construções, entre outras. Espera-se que o aluno perceba a importância da preservação ambiental para as gerações futuras e busque,com seus familiares, medidas que contribuam para isso. Seis desafios para a gestão da água Multimídia Interativa PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 67 01/06/16 00:34 stação Cidadania Moradia com reservatório para coleta de água da chuva no município de Ibiquera, BA (2014). CE SA R D IN IZ /P U LS A R IM A G EN S Interprete 1. De acordo com o texto, por que é importante reutilizar a água? Argumente 2. Quais argumentos você utilizaria para convencer pessoas a economizar água ou usá-la de forma sustentável? Contextualize 3. Você e seus familiares costumam praticar alguma das dicas do texto? Quais? Dessas dicas, existe alguma que você desconhecia? Mergulhe nessa: dicas de uso da água • “O banheiro é o local que mais consome água numa casa. Fique atento aos vaza- mentos e mantenha a descarga regulada. • Uma torneira pingando uma gota a cada 5 segundos representa mais de 20 litros de água desperdiçados em apenas um dia. • A vazão média de uma torneira é de 12 li- tros por minuto. Ao mantermos a torneira fechada durante algumas tarefas cotidianas, como escovar os dentes, ensaboar a louça e fazer a barba, podemos fazer uma boa eco- nomia e evitar o desperdício de água. • Reutilizar a água numa casa é outra atitude inteligente. A água do último enxágue da máquina de lavar pode, por exemplo, ser utilizada para a limpeza doméstica, para a rega das plantas, e até para dar descarga nos banheiros. • Junte roupa em quantidade suficiente para encher a máquina de lavar antes de ligá-la. Utilizar o aparelho na sua capacidade má- xima é uma maneira de economizar água. • Quem vive em casa pode também coletar água de chuva para afazeres secundários, como lavar uma área ou regar as plantas. Mas cuidado, nas grandes cidades, é sem- pre importante desprezar a água do início da chuva, pois ela traz consigo fuligem e outras impurezas que estão no ar. […] • Procure usar sabão em pedra ao invés de detergente. Apesar de ‘biodegradáveis’, os detergentes são grandes poluidores da água. O fosfato presente no produto é o elemento básico para a reprodução das al- gas, o que eleva o consumo de oxigênio da água e provoca o aumento da mortandade de peixes. O detergente diluído na água permanece ativo durante vários dias, an- tes de ser degradado. • Use quantidades menores de produtos de higiene e limpeza para reduzir o nível de poluentes presentes na água. Utilize somente o necessário. […]” De olho nos mananciais. Dicas: em casa. 4 set. 2011. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. 68 EXPEDIÇÃO 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Meio Ambiente PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 68 01/06/16 00:34 • A biodiversidade em perigo Na Rio-92 foi estabelecida a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que a partir de então passou a orientar ações em vários países para a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus compo- nentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da uti- lização dos recursos genéticos. De fato, a preservação da biodiversidade é um dos grandes desafios ambientais do século XXI. Grande parte dos problemas ambientais apre- sentados até aqui leva à destruição de espécies animais e vegetais indispensáveis para a manu- tenção da vida no planeta. Os desmatamentos, a exploração madeirei- ra, a construção de barragens, a exploração mi- neral e o desenvolvimento urbano, entre outras ações humanas, têm elevado as taxas de extin- ção de espécies em várias partes do planeta. Nas últimas décadas, por exemplo, o Índice do Pla- neta Vivo — que indica alterações da biodiversi- dade mundial acompanhando o crescimento de 10.380 populações de 3.038 mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios e peixes de diferentes biomas e regiões — mostra que, de 1970 a 2010, houve um declínio global de 52% na saúde da biodiversidade, ou seja, houve diminuição na abundância de espécies ao longo desse perío- do. Veja as figuras 20 e 21. Figura 21. Ave encharcada de petróleo, após derramamento desse produto no mar, que atingiu manguezal no Parque Nacional de Sundarbans, Bangladesh (2014). Figura 20. Índice do Planeta Vivo – 1970-2010 Fonte: WWF Internacional. Relatório Planeta Vivo 2014: Sumário. Gland: WWF, 2014. p. 8. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015. A D IL SO N S EC CO 0 1 V al o r d o ín d ic e 2 1970 1975 1980 1985 200019951990 Ano 2010 –52% 2005 ZU M A P RE SS /G LO W IM A G ES Quem lê viaja mais MAGOSSI, Luiz Roberto; BONACELLA, Paulo Henrique. Poluição das águas. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2013. Aprofunde-se na temática da água e entenda as diferentes formas de poluição que prejudicam rios, lagos e oceanos. 69PERCURSO 7 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 69 01/06/16 00:34 INFOGRÁFICO A Pegada Ecológica Você já parou para pensar nos “rastros” ou “pegadas” que as pessoas deixam no planeta Terra por causa de seu estilo de vida? A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica. Áreas produtivas A Pegada Ecológica corresponde à extensão das áreas produtivas terrestres e marinhas necessárias para sustentar os padrões de alimentação, locomoção, vestimenta e consumo de bens em geral de uma pessoa ou de uma sociedade. É expressa em hectares globais (gha) — um hectare global corresponde a um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas, em um ano. Os componentes da Pegada Ecológica Para comparar a demanda humana com a biocapacidade — capacidade dos ecossistemas em produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos —, são somadas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis utilizados pelas pessoas, das áreas ocupadas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (CO2). Conheça a seguir os componentes da Pegada Ecológica. Carbono Áreas florestais capazes de absorver as emissões de CO2 derivadas da queima de combustíveis fósseis, com exceção da parcela absorvida pelos oceanos. Pastagens Áreas utilizadas para a criação de gado de corte e leiteiro, para a produção de couro e produtos de lã. Reserva de biocapacidade Déficit de biocapacidade Pegada Ecológica per capita Biocapacidade per capita 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 1970 1980 1990 2000 2010 O declínio da biocapacidade per capita é consequência, principalmente, do crescimento da população mundial no período representado. De maneira geral, os habitantes dos países mais industrializados têm Pegada Ecológica maior por causa do intenso uso de recursos naturais. Florestas Áreas florestais necessárias para o fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha. Fontes: WWF. Living Planet Report 2014. Species and spaces, people and places. p. 37 e 57. Disponível em: ; WWF-BRASIL. A Pegada Ecológica de Campo Grande e a família de pegadas. p. 16, 24, 25 e 62. Disponível em: . Acessos em: 11 nov. 2015. Pegada Ecológica e biocapacidade globais per capita H ec ta re s gl ob ai s pe r c ap ita A partir do final da década de 1960, a Pegada Ecológica per capita da humanidade superou a biocapacidade. 1961 70 EXPEDIÇÃO 270Após a leitura do infográfico, indique aos alunos que é possível calcular sua própria Pegada Ecológica no link: . Acesso em: 6 maio 2016. Explique aos alunos que recursos naturais biológicos renováveis correspondem a grãos, vegetais, carne, peixes, madeira e fibra, energia renovável, entre outros. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 70 01/06/16 00:34 Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil e mundo: composição da Pegada Ecológica por recurso ecológico Áreas de cultivo Áreas utilizadas para produzir alimentos e fibras para o consumo humano, ração para o gado, oleaginosas e borracha. Áreas construídas Áreas ocupadas por infraestrutura humana, inclusive transportes, habitação, estruturas industriais e reservatórios para a geração de energia hidrelétrica. Estoques pesqueiros Estimativa de produção primária necessária para sustentar peixes e mariscos capturados para consumo humano, com base em dados de captura relativos a espécies marinhas e de água doce. 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 Energia e absorção de CO2 Campo Grande Mato Grosso do Sul Brasil Mundo Área construída Pesca Florestas Pastagens Agricultura A distribuição dos recursos consumidos em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul e no Brasil é semelhante, havendo maiores demandas de áreas de pastagem, agricultura e florestas. Na média, a pressão por absorção de CO2 é menor no Brasil que no mundo por causa das menores emissões em nosso país, decorrentes da participação expressiva das fontes renováveis de energia na matriz energética brasileira. Segundo análises de 2014 da Global Footprints Network (Rede Global da Pegada Ecológica) — organização internacional que se dedica a divulgar o uso da Pegada Ecológica —, apenas 5 países respondem por quase metade do total da Pegada Ecológica Global. Embora a China tenha a 76a maior Pegada Ecológica per capita do mundo, sua Pegada Ecológica total é a maior do planeta. Isso ocorre porque o país tem também a maior população nacional do mundo. A população dos Estados Unidos é cerca de um quarto da chinesa, mas a sua Pegada Ecológica total é quase tão grande quanto a do país asiático por causa do alto padrão de consumo per capita dos estadunidenses. Resto do mundo 52,8% China 19% Estados Unidos 13,7% Índia 7,1% Brasil 3,7% Rússia 3,7% Interprete 1. Explique a a� rmação: a participação dos Estados Unidos na Pegada Ecológica Global é muito maior que a da Índia, embora sua população seja cerca de quatro vezes menor. Contextualize 2. Re� ita sobre o seu dia a dia e dê exemplos de como você se relaciona com cada componente da Pegada Ecológica. H ec ta re s gl ob ai s pe r c ap ita Países com maior participação na Pegada Ecológica Global IL U ST RA Ç Õ ES : L U IZ IR IA 71PERCURSO 7 71 Esclareça aos alunos que, além de ser calculada por pessoa ou país, no Brasil, a Pegada Ecológica pode ser calculada por cidade ou estado. 1. A afirmação pode ser explicada pelo fato de o padrão de consumo per capita nos Estados Unidos ser muito maior que na Índia. 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos estabeleçam relações como: deslocamento por transportes emissores de CO2 e demanda por áreas de floresta; uso de móveis de madeira ou papel e demanda por florestas comerciais; consumo de carne vermelha e demanda por áreas de pastagem; consumo de hortaliças e demanda por áreas de cultivo; consumo de peixes e demanda por produção primária necessária para sustentar os peixes e os mariscos capturados para consumo humano; consumo de energia elétrica e demanda por construção de represas, entre outras. Para fins de comparação, explique aos alunos que a participação das fontes renováveis de energia na matriz energética brasileira corresponde a 39,4%, ao passo que na matriz energética do mundo e dos países da OCDE elas respondem, respectivamente, por 13,8% e 9,8% (dados de 2014). PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 71 01/06/16 00:34 PERCURSO 8 Crises e desigualdades no mundo global Efeito estufa: de fenômeno natural a desafio da humanidade O ano de 2007 ficará na história como aquele em que a humanida- de se deu realmente conta de que não pode mais adiar ações coorde- nadas em defesa do meio ambiente. O alarme que acordou o mundo partiu do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), organismo internacional criado pela Organização Meteorológica Mun- dial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e que reúne 2,5 mil cientistas de 130 países. Ao publicar o quarto relatório naquele ano, essa organização concluiu que, se nada for feito nas próximas décadas, a temperatura da Terra poderá au- mentar de 1,8 a 4 graus Celsius, trazendo sérias consequências para a vida no planeta. Entre os principais efeitos do aquecimento global estão: o degelo nos polos e em outras regiões geladas da Terra, o que poderá acarretar o au- mento do nível dos oceanos e mares, submergindo cidades costeiras e ilhas de baixa altitude (figura 22); a alteração do regime das chuvas em várias partes do mundo, com sérios impactos na agricultura e aumento do número de ciclones e furacões; as inundações em cidades e nos cam- pos; entre outras consequências. 1 Figura 22. Distante cerca de 400 quilômetros do litoral africano, a República de Seychelles (2014), no Oceano Índico, tinha cerca de 91 mil habitantes, em 2014. Essa é uma das áreas terrestres ameaçadas de desaparecer caso o nível das águas do mar se eleve. BI O SP H O TO /M IN D EN P IC TU RE S/ EX PE D IT IE TE A M A LD A BR A /F O TO N A TU RA /A FP P H O TO Pausa para o cinema Uma verdade inconveniente. Direção: Davis Guggenheim. Estados Unidos: Lawrence Bender Productions, Participant Productions, 2006. Duração: 100 min. O documentário discute causas, efeitos e soluções do aquecimento global. Apresentado pelo político estadunidense Al Gore, propicia a reflexão sobre o desenvolvimento acelerado das últimas décadas e as consequências disso para o planeta. 72 EXPEDIÇÃO 2 O efeito estufa foi explicado na Expedição 6 do 6o ano. Sugerimos que o tema seja revisto. Não há consenso entre os especialistas quanto às causas do aquecimento global. Entretanto, devemos nos preocupar com a questão, conforme é apontado pelo IPCC e pelo Pnuma, cujo quinto relatório, de 2014, afirma que a temperatura média da Terra poderá aumentar em 5 ºC até 2100. PDF-048-079-EG8-U02-M.indd 72 01/06/16 00:34 Figura 23. Mundo: emissões de dióxido de carbono (CO2) – 2012 A importância desse e do quinto relatório, divulgado em 2013 e em 2014, está no fato de que os cientistas demonstraram que tal si- tuação resulta das atividades humanas — algo de que se suspeitava em outros estudos, mas que até aquele ano não havia sido compro- vado —, como o desmatamento, a queima de florestas e a utilização em larga escala de combustíveis fósseis, como o carvão mineral, o pe- tróleo e seus derivados. Estima-se que os impactos das mudanças climáticas serão mais acen- tuados para os povos dos países mais pobres e vulneráveis. Essa previsão causa indignação, pois se sabe que, historicamente, os países mais desenvolvidos são os principais responsáveis pelas emissões cumulati- vas de gases de efeito estufa na atmosfera, em particular o dióxido de carbono (CO 2 ). Contudo, os países emergentes, entre eles o Brasil, têm grande res- ponsabilidade na busca de alternativas para conter o aquecimento cli- mático do planeta; afinal, nos últimos 15 anos, esses países dobraram as emissões de CO 2 e, em números absolutos, já poluem tanto quanto os países ricos (figura 23). A queima de combustíveis fósseis — petróleo e derivados, gás na- tural e carvão mineral — e o uso inadequado da terra — conversão por meio de queimadas das florestas e da vegetação natural em pastagens, plantações e áreas urbanas — contribuem para aumentar esses núme- ros. Desse modo, a mudança climática é o