Prévia do material em texto
Conteudista: Prof. Me. Gabriel Baião Revisão Textual: Esp. Laís Otero Fugaitti Objetivo da Unidade: Demonstrar as diferentes tecnologias de contenções disponíveis e quando devem ser utilizadas ou cogitadas por meio dos seguintes pontos de vista: técnico, financeiro e prático. 📄 Material Teórico 📄 Material Complementar 📄 Referências Contenções: Tecnologias – Parte 2 Introdução Anteriormente iniciamos o assunto sobre as estruturas de contenções. Agora iremos aprofundar mais o tema e conhecer as estruturas rígidas, também falaremos sobre outras tecnologias que podem ser utilizadas. Então, vamos iniciar o nosso assunto imediatamente e ao final discutiremos mais. Contenções Definitivas – Parte 2 Paredes Diafragmas As paredes diafragmas são uma evolução das estacas justapostas que estudamos anteriormente, pois o método de execução é bem parecido. A diferença é que, aqui, a estaca é retangular e possui maiores dimensões. Outra mudança essencial é o fato de a escavação permanecer preenchida de “lama bentonítica” ou “cule”, dependendo da finalidade daquela parede diafragma. Lama Bentonítica Primeiramente vamos discutir a lama bentonítica dentro dessa tecnologia e, posteriormente, expandir e entender o funcionamento como um todo. Então a lama terá uma função primordial: evitar a desestabilização da parede de escavação. Durante a abertura da escavação podem acontecer desmoronamentos das paredes laterais, o que provocaria a perda da escavação e um possível retrabalho. Então, para evitar isso, é inserida a lama bentonítica, que basicamente é uma argila formada a partir de silicato hidratado de alumínio ou, se preferir algo ainda mais Página 1 de 3 📄 Material Teórico minimalista, água e bentonita. Essa mistura possui uma característica gelatinosa que se infiltra nos vazios do solo. Lembrando que o solo é composto por: Então, a lama irá infiltrar-se e preencher a parte vazia do solo, melhor aderindo aos grãos. Cardoso (2002, p. 16) define a lama da seguinte maneira: Para um melhor entendimento do funcionamento da lama, vamos analisar a Figura 1. Partes sólidas: os grãos; Partes vazias: que podem ser preenchidas de água ou ar. “Tal lama, obtida através da mistura de uma argila montimorilonitica especial, que é refinada, com água, tem a propriedade de equilibrar a pressão exercida pelo solo e pela água nele presente, de forma a evitar que o buraco escavado desmorone. A lama bentonítica atua dessa maneira por formar na superfície escavada uma camada de gel que penetra nos seus poros, ligando os seus grãos entre si, formando um filtro que evita a sua instabilização. Além do gel, o contato da lama com o solo leva ao aparecimento de um fenômeno elétrico que contribui para essa estabilização.” Figura 1 – Formação do filtro na interface lama-solo Fonte: Adaptada de XANTHAKOS, 1979 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, temos três imagens que representam a lama bentonítica se infiltrando nos grãos de solo. Na primeira não há infiltração. Na segunda há um pouco de infiltração. Na terceira temos a infiltração completa. Fim da descrição. Na Figura 1 temos o seguinte, conforme Xanthakos (1979): Então, perceba como o material vai infiltrando-se nas paredes de escavação, trazendo estabilidade ao conjunto e garantindo impermeabilização, evitando infiltrações e outros problemas oriundos da presença de água. Como veremos a seguir, as paredes diafragmas são importantes tecnologias quando se é necessário realizar fundações na presença de lençol freático. Deposição da fração coloidal da lama nos vazios do solo; Acumulação de mais partículas, formando uma camada densa de gel; Filtro impermeável resultante. Os Perigos da Lama Bentonítica Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Tratamento da Lama Bentonítica Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Agora que já falamos sobre a lama bentonítica e suas qualidades, deixamos aqui a leitura de um texto e um método de tratar esse material, que pode causar sérios danos ambientais quando é descartado de maneira irregular. Os textos indicados mostrarão outro lado dessa importante tecnologia que nos preocupa como construtores e como agentes que se importam com a qualidade e a saúde do meio ambiente. Então, faça a leitura e posteriormente retorne aqui, pois voltaremos ao tópico anterior sobre as paredes diafragmas. https://www.uniaofundacoes.com.br/os-perigos-da-lama-bentonitica/ http://www.solonet.eng.br/Novas%20Tecnicas/tratbentonita.htm Agora, vamos entender o procedimento de execução das paredes diafragmas. Para isso, vamos analisar a Figura 2. Figura 2 – Sequência de execução de uma parede diafragma Fonte: Adaptada de XANTHAKOS, 1979 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, temos quatro imagens que demonstram o passo a passo da execução de uma parede diafragma. Na primeira, identificada com a letra “a”, temos a escavação dos painéis. Na segunda, letra “b”, a inserção da lama por um tubo. Na terceira, letra “c”, a colocação das armaduras. Na quarta, letra “d”, a concretagem. Fim da descrição. Na Figura 2 temos as seguintes etapas, conforme Xanthakos (1979): Para entendermos o passo a passo, primeiramente vamos recorrer a Cardoso (2002, p. 17): Escavação (figura superior esquerda); Colocação do tubo de aço (figura superior direita); Colocação da armadura (figura inferior esquerda); Concretagem, recuperação da lama e extração do tubo (figura inferior direita). Vídeo BRASFOND 3d Após vermos o procedimento por meio da definição de Cardoso (2002), está na hora de verificar como isso ocorre utilizando um outro tipo de mídia. “A figura mostra a sequência de execução de uma parede diafragma. Em (a) é mostrada a escavação junto ao segmento vizinho já concretado, sendo o buraco preenchido com a lama (solução de 3 a 10% de bentonita seca em água) para sua estabilização; terminada a escavação, colocamos na sua extremidade um tubo de aço que permite, por hora da concretagem, a criação de um engate entre o painel em execução e o seguinte (b); em (c) é colocada a armação de aço da parede; em (d) um concreto bastante plástico é vertido através de funis. Preenchendo o buraco de baixo para cima, expulsando a lama, que é recolhida para posterior reaproveitamento; após o concreto adquirir uma certa resistência, o tubo de aço é sacado e o processo se reinicia.” Agora que você assistiu ao vídeo, foi possível perceber as etapas descritas por Cardoso (2002). Note que na mídia eles estão trabalhando utilizando a tecnologia cut o�, que basicamente consiste em cortar uma parte da argamassa, garantindo uma junta estanque para os painéis. Outro ponto importante a ressaltar é que na mídia temos um processo de construção de barragem, porém é semelhante para qualquer tipo de obra em que tenhamos que realizar paredes diafragmas. BRASFOND 3DBRASFOND 3D https://www.youtube.com/watch?v=6TY3-0gluEY Figura 3 – Parede diafragma para execução de subsolos Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: na Figura temos uma grande escavação. No primeiro plano e ao fundo, há uma grande parede diafragma realizando a contenção do maciço. Fim da descrição. Xanthakos (1979) destaca um eficiente sistema japonês conhecido como Building Works (BW) para a realização das paredes diafragmas. O sistema é descrito no vídeo recomendado anteriormente. Entretanto, vamos ver como o autor descreve esse processo. Figura 4 – Sistema japonês BW para execução de paredes diafragmas Fonte: Adaptada de XANTHAKOS, 1979 #ParaTodosVerem: a Figura mostra as etapas executivas utilizando a técnica BW para a construção das paredes diafragmas, com seis diferentes momentos identificados com letras de “a” a “f”: a) equipamento de escavação; b) sucção da mistura de lama e solo escavado; c) separação da mistura e reciclagem da lama; d) recuperação da lama por ocasião da concretagem; e) central de estocagem e mistura; f) ligação entre a central de estocagem e a lama da escavação. Fim da descrição. “A Figuramostra um sofisticado sistema japonês – BW – dotado de equipamento rotativo de escavação (a). O material escavado fica em suspensão na lama, sendo ambos imediatamente retirados da escavação por sucção (b), sendo então separados. O solo é depositado e a lama é reciclada (c). Por hora da concretagem, a lama, que circula por uma canaleta que coroa toda a escavação (d), é retirada, indo Então temos o processo de execução das paredes diafragmas dado por diferentes tecnologias e autores. Agora falta responder a duas perguntas: quando utilizar e onde utilizar. Para responder à primeira pergunta, precisamos verificar as vantagens e desvantagens da tecnologia, assim poderemos delimitar melhor o seu uso. Vantagens e Desvantagens das Paredes Diafragmas Basicamente, as paredes diafragmas podem ser realizadas utilizando diferentes tecnologias. Elas podem ser atirantadas, estroncadas ou apenas a parede de concreto. Ainda falaremos mais sobre a primeira e a segunda opções. Esse elemento construtivo é interessante em todos os tipos de construções, pois consegue absorver esforços significativos de empuxo de solo e empuxo hidrostático, assim como tem rapidez na execução e um ótimo acabamento. A Tecnogeo tem um artigo interessante no qual destaca mais algumas vantagens da parede diafragma: - CARDOSO, 2002, p. 19 para a central de estocagem e mistura (e), que abastece o reservatório do setor de separação, no caso de necessidade adicional de lama (f).” A parede diafragma pode ser construída numa ampla variedade de tipos de solo; Execução rápida; Custo de construção otimizada, já que os mesmos elementos podem ser usados como uma parede de apoio, cut-off wall e um elemento de fundação profunda; A construção da parede diafragma é possível próximo de edifícios (deve-se observar um espaço de cerca de 30 cm das paredes exteriores dos edifícios); Agora, partindo para as desvantagens. As paredes diafragmas são caras em relação às tecnologias semelhantes e que produzem resultados parecidos, isso já pode ser um fator determinante para utilizar ou não a tecnologia. Do mesmo modo, executá-la necessita de um espaço relativamente grande, pois precisamos dos silos com a lama bentonítica, o equipamento de escavação precisa de espaço para se movimentar e posicionar, isso faz com que a tecnologia já não consiga atingir grande efetividade em canteiros pequenos ou estreitos, sendo melhor usar um muro de arrimo ou uma técnica parecida. Então, note que a tecnologia se restringe a um leque de obras por causa desses detalhes. Claro que as obras atendidas por ela serão executadas com uma das técnicas mais modernas que temos e com resultados incríveis. Outro ponto é a necessidade de se tratar a lama bentonítica, assim como realizar o seu descarte. Isso você viu nos textos disponibilizados anteriormente. Então, agora que abordamos as vantagens e desvantagens, vamos ver alguns exemplos de utilização dessa tecnologia. Onde Utilizar as Paredes Diafragmas Para começar esse tópico, vamos ver algumas opções fornecidas por Harris (1983). - PAREDE, 2020, n.p. Baixo impacto ambiental durante a obra, apenas ruído moderado, com pouca vibração durante a construção; Capaz de absorver cargas verticais e momentos de �exão; Pode ser usado como método de construção de cima para baixo para otimizar a sequência de operações a serem realizadas nas áreas próximas aos centros urbanos (chamado método invertido). Figura 5 – Exemplos de aplicações de parede diafragma Fonte: Adaptada de HARRIS, 1983 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, podemos ver três representações diferentes do uso das paredes diafragmas, identificadas com letras de “a” a “c”, sendo: a) paredes de subsolos enterrados; b) proteção de costas marítimas; c) contenções em cortes rodoviários. Fim da descrição. Figura 6 – Exemplo de parede diafragma executada para subsolo Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: na Figura temos, ao fundo, uma grande parede diafragma executada. No primeiro plano estão operários realizando o posicionamento da forma e a montagem de uma laje nervurada. Fim da descrição. No item “a” podemos destacar diversos tipos de obras que podem se beneficiar do uso das paredes diafragmas, como: Note como é uma tecnologia que resolve bem diversos problemas relacionados à escavação de subsolos, passagens etc. Nos itens “b” e “c” poderíamos destacar a utilização das paredes diafragmas em: Paredes Diafragmas Atirantadas e Estroncadas Túneis rodoviários e ferroviários; Subsolos de empreendimentos; Áreas técnicas para utilização de máquinas; Caixas d’águas enterradas; Escavação para estações de metrôs e trens, entre outros. Contenção de encostas; Execução de barragens; Contenção para aterro rodoviário; Paredes para túneis rodoviários; Contenção para drenagens superficiais ou profundas; Execução de infraestruturas diversas. Nos projetos em que queremos uma parede diafragma mais fina, seja por escolha do projetista ou por necessidade do projeto, podemos recorrer a uma outra tecnologia que irá melhorar a capacidade de suporte da nossa parede e diminuir a quantidade de concreto empregada. Essa tecnologia é conhecida como parede diafragma atirantada ou podemos utilizar a parede diafragma estroncada. Entenderemos como isso funciona por meio das Figuras 7 e 8. Figura 7 – Uso de escoras inclinadas Fonte: Adaptada de HARRIS, 1983 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, temos a representação de duas paredes sendo suportadas por uma escora inclinada. À esquerda temos uma escora única, identificada com a letra “a”. À direita, uma escora estilo mão- francesa, identificada com a letra “b”. Fim da descrição. Cardoso (2002, p. 21) nos explica que: Escavação parcial da superfície contida, execução de uma fundação e apoio da escora nesta; Término da escavação. Note que na Figura 7 temos um exemplo das paredes diafragmas estroncadas, nas quais utilizaremos uma barra/escora para apoiar a estrutura, melhorando a resistência e diminuindo o consumo de concreto. Claro que isso terá um custo em tamanho, pois a escora precisa se apoiar em algum lugar, e estético. Então, em um subsolo poderíamos perder algumas vagas ou precisaríamos adequar o layout interno. Agora vamos falar das paredes diafragmas atirantadas, que são bem mais comuns do que as estroncadas. Os tirantes serem mais interessantes do que as estroncas se deve ao fato de estarem para o lado oposto, para dentro do solo contido. Com isso, temos mais espaço para trabalhar e atrapalhamos menos o layout interno. Figura 8 – Etapas da escavação de uma parede diafragma atirantada Fonte: Adaptada de CARDOSOS, 2002 No caso de contenções definitivas, podemos também utilizar escoras provisórias, desde que estas venham a ser substituídas por apoios definitivos, como a laje de cobertura de um subsolo enterrado.” #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, temos três diferentes etapas de escavação de uma parede atirantada. À esquerda, identificada pela letra “a”, temos a escavação do primeiro nível de três. Na parte central, identificada pela letra “b”, há a inserção do tirante. À direita, identificada pela letra “c”, é realizada a escavação do segundo nível de profundidade. Fim da descrição. O princípio do funcionamento é explicado por Cardoso (2002, p. 22) de maneira bem didática e simples, vejamos: Então temos a utilização do atirantamento até em contenções provisórias devido à sua facilidade de execução e utilização/interferência mínima com os espaços ao redor, em comparação ao processo estroncado. “O princípio de funcionamento de um atirantamento e bastante simples. Tomemos como exemplo a execução de uma parede diafragma. Assim, após concretarmos a parede de um determinado trecho a ser escavado, podemos iniciar a retirada do solo (a) até um determina do nível para o qual o concreto armado da parede seja capaz de absorver sozinho os esforços nele atuantes. Nesse momento, executamos o conjunto de tirantes, que fornece à paredeum novo apoio (b), permitindo que a escavação avance até a cota desejada (c). O resultado final é uma parede de menor espessura e com menor consumo de aço, já que está sujeita a menores esforços.” Figura 9 – Procedimento de execução das paredes diafragmas atirantadas Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: na Figura há trabalhadores, vestidos com uniforme azul, inserindo os tirantes em uma parede diafragma. Fim da descrição. Saiba Mais Na Figura 9 temos uma das etapas de execução das paredes diafragmas atirantadas. Para conferir imagens das demais etapas, acesse os Muros de Arrimo Agora que já falamos sobre as paredes diafragmas, vamos tratar de outro tipo de parede importante para a contenção: os muros de arrimo ou muros de gravidade, como preferir. Os muros de arrimo são estruturas mais simples do que as alternativas vistas anteriormente, sendo que o seu uso pode ser definido por diferentes variáveis, como impossibilidade de execução das opções anteriores, custo ou espaço para a utilização dos equipamentos. Outro ponto importante para destacar são as grandes dimensões que os muros de arrimo assumem quando comparados com as outras tecnologias. Para entendermos melhor, primeiro vamos analisar a Figura 10 e depois verificar as definições oferecidas por Cardoso (2002). nossos Materiais Complementares, nos quais há uma sequência de slides com diversas imagens. Figura 10 – Alternativas para a execução de muros de arrimo Fonte: Adaptada de CARDOSO, 2002 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, há duas representações de diferentes tipos de muros de arrimo. À esquerda temos um enorme muro de arrimo por gravidade, identificado pela letra “a”, contendo o maciço de terra. À direita, temos um muro fino e esbelto, identificado pela letra “b”, contendo o mesmo maciço. Fim da descrição. Os muros de arrimo trabalham de duas maneiras diferentes. Na Figura 10 temos à esquerda (a) muros por gravidade, e à direita (b) por flexão. Os muros por gravidade resistem aos empuxos do terreno por meio de seu grande peso próprio. Note que na Figura 10 ele é muito maior do que o por flexão. Esse enorme peso também produz um grande atrito entre o terreno e o muro, evitando tanto deslizamento quanto tombamento. Repare também que uma parte do pé dele está enterrada; todo o solo que esteja do outro lado irá auxiliar a estabilizar. Agora vamos conversar sobre os muros por flexão. Para isso, recorreremos à definição realizada por Cardoso (2002, p. 27): - CARDOSO, 2002, p. 26 “Um muro de arrimo não propriamente uma contenção de escavações, já que ele é normalmente executado junto a um talude (inclusive de aterro) e depois o vazio entre a sua face interna e a superfície deste é preenchida com solo, estabelecendo uma continuidade entre ambos, como pode ser observado.” Podemos ver que os muros de arrimo são opções viáveis até certo ponto, pois o seu grande peso e o volume de concreto tornariam onerosa a sua execução. Ou seja, existe um limite para a execução dos muros de arrimo. Falaremos ainda de outras tecnologias, mas antes vejamos o Quadro 1 com um comparativo do que abordamos até aqui sob a ótica de Cardoso (2002). Quadro 1 – Comparações das estruturas de contenção vistas Vantagens Desvantagens Perfil metálico e pranchões Baixo custo; Médio a elevado reaproveitamento; Funcionam bem em escavações nas quais existam Permeáveis; Flexíveis; Atingem pequenas a médias profundidades. “Já os muros por flexão são mais leves, sendo usualmente executados em concreto armado. Sua geometria característica (ver Figura 10.b) compensa seu menor peso: o fato de ter uma forma de “T” invertido faz com que o peso do próprio terreno auxilie na obtenção da força de atrito que combate o deslizamento, bem como impede o seu tombamento. Como consequência os esforços de flexão na união do “T” são bastante grandes, exigindo pesadas armaduras de aço, e a execução de contrafortes.” Vantagens Desvantagens interferências, como redes de serviços. Estacas- pranchas Custo médio; Elevado reaproveitamento; Impermeáveis; Rápida execução; Podem ser utilizadas em contenções provisórias ou definitivas; Atingem médias a grandes profundidades; Menos flexíveis que as anteriores. Difícil uso em escavações nas quais existam interferências; Transporte e içamento dos perfis pode ser difícil em áreas urbanas; Difícil cravação em solos duros ou com matacões; Cravação causa barulho e trepidações. Paredes diafragmas Impermeáveis; Atingem as maiores profundidades; Elevado custo; Uso de equipamentos sofisticados, de grande porte e de Vantagens Desvantagens Rígidas, não causando deformações nos terrenos circunvizinhos; Exequíveis na maioria dos tipos de solos; Rápida execução, não provocando barulho ou trepidações. difícil movimentação em áreas urbanas; Técnica sofisticada, que exige inspeção cuidadosa na execução; A deposição da lama pode causar problemas em áreas urbanas; Difícil uso em escavações nas quais existam interferências. Estacas justapostas: solução semelhante à parede diafragma, ressaltando-se Maior versatilidade em virtude das menores dimensões de cada segmento executado, podendo ser utilizadas em Execução mais demorada; Pior qualidade da superfície da parede obtida. Vantagens Desvantagens as seguintes particularidades escavações com interferências; Uso de equipamentos de menor porte. Fonte: CARDOSO, 2002 Outras Técnicas de Contenção Outra maneira de produzir um bom muro de arrimo, com maior rapidez e bastante rigidez, é utilizar pedras engaioladas usando aço. Esse sistema é conhecido como parede de gabião e é muito utilizado para contenção de terra em geral. Figura 11 – Muro de gabião Fonte: repositorio.ufmg #ParaTodosVerem: na Figura temos, em primeiro plano, uma parede de gabião e, ao fundo, o maciço de terra que ela está contendo. Fim da descrição. Os muros de gabião possuem a mesma limitação dos muros de arrimo vistos anteriormente, a diferença aqui é a velocidade com que podemos executá-los, já que se parecem muito com um sistema pré-moldado. Os módulos podem vir prontos ou não, sendo necessário apenas colocá- los nos locais corretos. Outra opção que vence situações parecidas é o crib wall, uma contenção com elementos pré- moldados em concreto armado, madeira ou aço, montados em forma de “fogueira”. A interligação dos módulos é realizada de maneira longitudinal, sendo colocados lado a lado; no espaço interno é colocado material granular graúdo. Podemos ver um exemplo na Figura 12. Figura 12 – Crib wall Fonte: GERSCOVICH, 2017 #ParaTodosVerem: na Figura temos uma grande parede realizada em crib wall contendo um maciço de solo. Pode-se notar que é um talude pequeno, provavelmente construído em uma obra pública de pequena envergadura. Fim da descrição. Mais uma tecnologia interessante que pode ser um reforço nos muros de arrimo é adicionar um contraforte ao muro de arrimo de flexão. Lembrando que os muros por flexão possuem um grande gargalo em sua base, por ser finos na ligação do elemento vertical ao elemento horizontal. Esse contraforte servirá como um apoio, distribuindo melhor as tensões e deformações. Figura 13 – Muro de contraforte Fonte: Adaptada de MILITITSKY, 2016 #ParaTodosVerem: na Figura, que é em preto e branco, temos a representação artística de um muro de arrimo com duas mãos-francesas, conhecidas como contrafortes. Fim da descrição. Outra opção interessante que podemos utilizar para a estabilização de um talude e realizar uma escavação é o solo grampeado, mas ele é mais comum em obras rodoviárias e de infraestrutura. Basicamente, faz-se um melhoramento de solo, aumentando assim a capacidade de suporte, e são inseridos chumbadores que funcionarão por atrito lateral. A superfície do talude é tratada com concreto projetado. Figura 14 – Técnica de solo grampeado Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: na Figura temos em primeiro plano uma estrada/rodovia. Ao fundo há uma parede de solo grampeadocontendo um enorme maciço de terra. Fim da descrição. Outra técnica bastante utilizada em obras de infraestrutura é o jateamento de concreto ou concreto projetado. Essa técnica consiste em jatear o concreto fresco sobre uma armação, sem o uso de formas. Não há exigência de compactação, pois o jateamento em alta velocidade já se encarregará disso. Figura 15 – Aplicação de concreto jateado Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: na Figura temos um operário de uniforme azul realizando a concretagem de uma parede jateada. Fim da descrição. Em Síntese Finalmente chegamos ao final de toda essa trilha de aprendizagem. Como você pôde perceber, o assunto de fundações e obras de contenção é sempre complexo, pois envolve diversas variáveis na hora de se escolher a melhor solução. Claro que o engenheiro deverá analisar, além dos valores de preços unitários, qual das tecnologias trará mais vantagem ou é mais adequada para o tipo de obra que está projetando ou executando. O muro de arrimo será sempre mais barato que as demais tecnologias, porém ele é mais caro do que produzir um talude. Já fizemos essa discussão sobre contenção e talude anteriormente e você percebeu que nem sempre é uma escolha fácil. Agora que você conhece as principais técnicas e tecnologias disponíveis no mercado, faça um tour por nossos Materiais Complementares e Referências. Você encontrará muito mais informações e poderá enriquecer o seu repertório técnico. Abraços e até a próxima! Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos 5 Tipos de Contenções mais Utilizadas na Engenharia Página 2 de 3 📄 Material Complementar 5 tipos de contenções mais utilizadas na engenharia5 tipos de contenções mais utilizadas na engenharia https://www.youtube.com/watch?v=HGK93vstWUc Como Escolher a Melhor Solução para o Seu Talude Leitura Parede Diafragma Moldada "In Loco" com Auxílio de Lama Bentonítica Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE COMO ESCOLHER A MELHOR SOLUÇÃO PARA O SEU TALUDECOMO ESCOLHER A MELHOR SOLUÇÃO PARA O SEU TALUDE https://sites.google.com/site/naresi1968/20-execucao-de-parede-diafragma-com-auxilio-de-lama-bentonitica https://www.youtube.com/watch?v=6f1jKWUHmi4 5º Curso de Engenharia Aplicada às Obras de Fundações e Contenções Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE http://www.geofix.com.br/biblioteca/5o_curso_eng_Aula_Teoria_03_2015.pdf ALMEIDA, T. Análise, projeto e execução de parede diafragma moldada in loco. 2013. 127 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2013. CARDOSO, F. F. Sistemas de contenção. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. CARSON, A. B. General excavation methods. New York: McGraw-Hill, 1961. 392 p. CHRISTIAN, J. Management, machines and methods in civil engineering. New York: John Wiley, 1981. 360 p. CONCRETO projetado: conheça as principais características e vantagens. TecnosilBR, 21 dez. 2017. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2023. CONTENÇÃO com estacas justapostas. Serki: Fundações Especiais, 18 dez. 2014. Disponível em: . Acesso em: 16/03/2023. CORTINA de contenção tudo sobre estruturas de concreto em cortina de estacas. APL Engenharia, 2019. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. Página 3 de 3 📄 Referências ESCORAMENTO de vala em São José dos Pinhais. Proescoramentos, 12 jul. 2022. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. FUNDAÇÕES ESPECIAIS E GEOTÉCNICA. Paredes diafragma: catálogo técnico. Jandira: Fundesp, 2019. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2023. GERSCOVICH, D. M. S. Estruturas de contenção: muros de arrimo. Rio de Janeiro: UERJ, 2017. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. HARRIS, F. Ground engineering equipment and methods. London: Granada, 1983. 281 p. JATEAMENTO de concreto. Mapa da Obra, 13 jul. 2016. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2023. MAGALHÃES, M. S. Tipos de estruturas de contenção. In: MAGALHÃES, M. S. Dimensionamento de estruturas de contenção atirantadas utilizando os métodos de equilíbrio limite e de elementos finitos. 2015. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. MILITITSKY, J. Grandes escavações em perímetro urbano. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 135 p. OS PERIGOS da lama bentonítica. União Fundações, 14 ago. 2020. Disponível em: . Acesso em: 16/03/2023. PAREDE diafragma. Tecnogeo Ground, 09 out. 2020. Disponível em: . Acesso em: 16/03/2023. PAREDE diafragma é alternativa para obras de contenções profundas. AECWeb, 12 fev. 2015. Disponível em: . Acesso em: 01/03/2023. PAREDE diafragma evita colapsos no terreno. Mapa da Obra, 02 jun. 2016. Disponível em: . Acesso em: 22/03/2023. ROUSSELET, E. S.; FALCÃO, C. A segurança na obra. Rio de Janeiro: SICCMRJ/SENAI/CBIC, 1986. SANTOS, S. C. Treinamento escavação em solo e abertura de valas. Shevannytst, 27 jun. 2013. Disponível em: . Acesso em 16/03/2023. SOLO grampeado em Santo Amaro. Fundsolo, 04 mar. 2020. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2023. TRATAMENTO para lama bentonítica. Solonet, 08 abr. 2013. Disponível em: . Acesso em: 16/03/2023. XANTHAKOS, P. P. Slurry walls. New York: McGraw-Hill, 1979. 622 p.