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N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O 261 É a hipótese em que servidor mente para o parti- cular apenas porque não quer realizar o seu devido serviço com diligência e rapidez. j) desviar servidor público para atendimento a inte- resse particular; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen- te autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; Isso não significa que o servidor não pode retirar documentos ou livros ou bens, nunca. Deve, entretan- to, pedir autorização para fazê-lo. m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró- prio, de parentes, de amigos ou de terceiros; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; Tal aspecto foi apresentado em uma regra deon- tológica. A vedação faz uma menção ao termo “habi- tualmente”, o que significa que não pode o servidor apresentar-se embriagado todos os dias, ou com mui- ta frequência. o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- de da pessoa humana; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Empreendimento de cunho duvidoso não pre- cisa ser necessariamente ilícito. É o caso dos famo- sos “esquemas de pirâmide”, a natureza obscura do negócio faz com que ela ganhe um conteúdo aético, e promove uma imagem ruim do servidor que trabalha nesse tipo de esquema. Das Comissões de Ética A redação original do Código de Ética trazia diver- sas disposições sobre as Comissões de Ética. Porém, a matéria foi bastante alterada, pois houve revogação de diversos dispositivos pelo Decreto nº 6.029/2007. Quais órgãos precisam ter uma Comissão de Ética? O inciso XVI dispõe justamente sobre isso: na Admi- nistração Direta, inclusive na Presidência, Vice-Pre- sidência, Ministérios etc.; na Administração Indireta, somente em autarquias e fundações públicas. XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- tração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarre- gada de orientar e aconselhar sobre a ética profis- sional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhe- cer concretamente de imputação ou de procedimen- to susceptível de censura. Não existe obrigatoriedade de criar essas Comis- sões nas empresas públicas e sociedades de economia mista. Mas os seus empregados devem obedecer às normas previstas no Código de Ética. As atribuições das Comissões de Ética são as seguintes: z Orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, do tratamento com as pessoas e com o patrimônio público; z Conhecer concretamente, de imputação ou de pro- cedimento susceptível de censura (inciso XXII); e z Fornecer aos órgãos de pessoal registros sobre a conduta ética dos servidores (inciso XVIII). As demais regras a respeito da Comissão de Ética Pública serão vistas em momento posterior. Seu Regi- mento Interno está disposto na Resolução nº 4/2001 da própria CEP. Por fim, o inciso XXIV dispõe sobre quais pessoas podem ter o seu comprometimento ético apurado, isso é, quem é considerado “servidor público”, aos olhos do Código de Ética. Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda- ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. Essa definição de servidor público não se encaixa completamente com a definição utilizada em Direito Administrativo, pois a sua finalidade é distinta: ser- ve para apurar o comprometimento ético do profis- sional. O elemento que mais chama atenção é que o servidor público, nesse caso, é aquele que presta ser- viços de natureza permanente, temporária ou excep- cional, ainda que sem retribuição financeira. Assim, os empregados regidos pelo regime celetista, o ter- ceirizado que presta apoio processual, o consultor, o estagiário, os particulares que atuam em serviços de notas e registros, todas essas pessoas podem não ser servidores públicos em sentido estrito, mas terão seu comprometimento ético apurado. RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Como já vimos, a Comissão de Ética Pública (CEP) é um órgão vinculado ao Presidente da Repú- blica, criada por meio do Decreto de 26 de maio de 1999, competindo-lhe atuar como instância consulti- va do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública, bem como administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administra- ção Federal. Durante o exercício das funções públicas, é certo que muitas situações surgiram ao longo do tempo, que causaram diversas dúvidas sobre como proceder de forma mais ética possível. Por ser um ponto com bas- tante subjetividade, e considerando que se espera que todos os agentes públicos atuem com máxima exce- lência, é essencial que essas pessoas possam dirimir suas dúvidas em um órgão encarregado, justamente, de promover a conduta ética no serviço público. Assim, a CEP possui uma grande gama de atribuições, dentre elas destacamos: subme- ter ao Presidente da República medidas para seu 262 aprimoramento, dirimir dúvidas a respeito de inter- pretação de suas normas, deliberando sobre casos omissos; apurar, mediante denúncia ou de ofício, as condutas que estão em desacordo com as normas nele previstas; dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto nº 1.171/1994; coordenar, avaliar e supervi- sionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; aprovar o seu regimento inter- no; escolher o seu Presidente; entre outras. Para melhor compreender sobre o papel da Comis- são de Ética Pública dentro do Poder Executivo, foram elaboradas diversas Resoluções sobre diversos temas em que a referida Comissão deve dirimir controvér- sias sobre. O conteúdo de cada uma dessas Resoluções é bastante autodidático, motivo pelo qual não cabe fazer análises pormenores a respeito de cada um dos dispositivos dessas Resoluções. Tanto as Resoluções como as notas explicativas das mesmas podem ser encontradas em maiores detalhes no endereço eletrônico da página oficial1 da Empresa de Planejamento e Logísticas (EPL) S.A. RESOLUÇÃO Nº 1, DE 13 DE SETEMBRO DE 2000 Essa é a Resolução que estabelece procedimentos para apresentação de informações sobre situação patrimonial pelas autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal. Procura, assim, regulamentar melhor o conteúdo previsto no artigo 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal. A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal, RESOLVE: Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal, que trata da apresentação de informações sobre a situação patrimonial das autoridades a ele subme- tidas, será atendido mediante o envio à Comissão de Ética Pública - CEP de: I - lista dos bens, com identificação dos respectivos valores estimados ou de aquisição, que poderá ser substituída pela remessa de cópia da última decla- ração de bens apresentada à Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda; II - informação sobre situação patrimonial específi- ca que, a juízo da autoridade, suscite ou possa even- tualmente suscitarconflito com o interesse público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende evitá-lo. Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em envelope lacrado. Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP as participações de que for titular em socieda- des de economia mista, de instituição financeira ou de empresa que negocie com o Poder Público, con- forme determina o art. 6o do Código de Conduta. Art. 4º O prazo de apresentação de informações será de dez dias, contados: 1 Link: I - da data de publicação desta Resolução, para as autoridades que já se encontram no exercício do cargo; II - da data da posse, para as autoridades que vie- rem a ser doravante nomeadas. Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a prestar informações (art. 2º do Código de Conduta): I - Ministros e Secretários de Estado; II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-executivos, secretários ou auto- ridades equivalentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis; III - presidentes e diretores de agências nacio- nais, autarquias, inclusive as especiais, fun- dações mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de economia mista. Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em sigilo, como determina o § 2º do art. 5º do refe- rido Código. Art. 7º As informações de que trata esta Resolução deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado, localizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 - Brasília-DF. Brasília, 13 de setembro de 2000 João Geraldo Piquet Carneiro Presidente RESOLUÇÃO Nº 2, DE 24 DE OUTUBRO DE 2000 A Resolução nº 2 da Comissão de Ética é o instru- mento normativo que regula a participação de auto- ridade pública abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários e outros eventos. Serve, assim, para melhor regulamentar o parágrafo único do artigo 7º do Código de Conduta da Alta Administração Federal. A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução interpretativa do pará- grafo único do art.7º do Código de Conduta da Alta Administração Federal. 1. A participação de autoridade pública abrangi- da pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividades externas, tais como seminá- rios, congressos, palestras e eventos semelhantes, no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse insti- tucional ou pessoal. 2. Quando se tratar de participação em even- to de interesse institucional, as despesas de transporte e estada, bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que pertença a autoridade, observado o seguinte: I - excepcionalmente, as despesas de transpor- te e estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser custeadas pelo patrocinador do evento, se este for: a) organismo internacional do qual o Brasil faça parte; b) governo estrangeiro e suas instituições; c) instituição acadêmica, científica e cultural; d) empresa, entidade ou associação de classe que não esteja sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade, nem que possa ser beneficiária de decisão da qual N O Ç Õ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O 263 participe a referida autoridade, seja indivi- dualmente, seja em caráter coletivo. II - a autoridade poderá aceitar descontos de trans- porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição, desde que não se refira a benefício pessoal. 3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da autoridade, as despesas de remuneração, trans- porte e estada poderão ser custeadas pelo patroci- nador, desde que: I - a autoridade torne públicas as condições aplicá- veis à sua participação, inclusive o valor da remu- neração, se for o caso; II - o promotor do evento não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja individualmente, seja de caráter coletivo. 4. As atividades externas de interesse pessoal não poderão ser exercidas em prejuízo das atividades normais inerentes ao cargo. 5. A publicidade da remuneração e das despesas de transporte e estada será assegurada mediante registro do compromisso na respectiva agenda de trabalho da autoridade, com explicitação das con- dições de sua participação, a qual ficará disponível para consulta pelos interessados. 6. A autoridade não poderá aceitar o paga- mento ou reembolso de despesa de transporte e estada, referentes à sua participação em even- to de interesse institucional ou pessoal, por pessoa física ou jurídica com a qual o órgão a que pertença mantenha relação de negócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de obrigação contratual previamente assumi- da perante aquele órgão. Brasília, 24 de outubro de 2000 João Geraldo Piquet Carneiro Presidente Pela Resolução apresentada, conclui-se que o Códi- go de Conduta da Alta Administração Federal esta- beleceu os limites que devem ser observados para a participação de autoridades a ele submetidas em seminários, congressos e eventos semelhantes. Antes da publicação da referida Resolução, algumas dúvidas surgiam a respeito de algumas matérias, como utilizar as licenças para participar desses seminários e con- gressos, bem como questões de natureza econômica e financeira. Sobre esse último aspecto, as despesas de viagem e estada da autoridade eram custeadas pelo promotor do seminário ou congresso. Essa situação poderia comprometer a imagem do governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação de cons- trangimento. É o que ocorre, por exemplo, quando o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela autoridade. Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas sobre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que demonstrou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e detalhada a aplicação da nor- ma constante do Código de Conduta. Dessa forma, a Comissão procurou, mediante a referida Resolução, fixar os balizamentos mínimos a serem observados pelas autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias normas internas sobre a participação de seus servido- res em eventos externos. RESOLUÇÃO Nº 3, 23 DE NOVEMBRO DE 2000 A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública é o instrumento normativo que dispõe regras sobre o tra- tamento de presentes e brindes aplicáveis às autori- dades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, regulamentando, assim, a vedação disposta no artigo 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal. A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, é vedada a acei- tação de presentes por autoridades públicas a ele submetidas; b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer orientação de caráter prático às referidas autoridades, Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo: Presentes 1. A proibição de que trata o Código de Con- duta se refere ao recebimento de presentes de qualquer valor, em razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o ofertante for pessoa, empresa ou entidade que: I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade; II – tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade, individualmente ou de caráter coletivo, em razão do cargo; III – mantenha relação comercial com o órgão a que pertença a autoridade; ou IV – represente interesse de terceiros, como pro- curador ou preposto, de pessoas, empresas ou entidades compreendidas nos incisos I, II e III. 2. É permitida a aceitação de presentes: I – em razão de laços de parentesco ou ami- zade, desde que oseu custo seja arcado pelo próprio ofertante, e não por pessoa, empresa ou entidade que se enquadre em qualquer das hipóteses previstas no item anterior; II – quando ofertados por autoridades estran- geiras, nos casos protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício de fun- ções diplomáticas. 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imedia- ta de presente cuja aceitação é vedada, a autorida- de deverá adotar uma das seguintes providências, em razão da natureza do bem: I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado; II – promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função. 4. Não caracteriza presente, para os fins desta Resolução: 264 I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à autoridade por entidade acadêmica, científica ou cultural, em reconhecimento por sua con- tribuição de caráter intelectual; II – prêmio concedido em razão de concurso de acesso público a trabalho de natureza acadê- mica, científica, tecnológica ou cultural; III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoa- mento profissional ou técnico da autoridade, desde que o patrocinador não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autori- dade, em razão do cargo que ocupa. Brindes 5. É permitida a aceitação de brindes, como tal entendidos aqueles: I –que não tenham valor comercial ou sejam distri- buídos por entidade de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural, desde que não ultra- passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); II – cuja periodicidade de distribuição não seja infe- rior a 12 (doze) meses; e III –. que sejam de caráter geral e, portanto, não se destinem a agraciar exclusivamente uma determi- nada autoridade. 6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será ele tratado como presente, aplicando- -se-lhe a norma prevista no item 3 acima. 7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determi- nará sua avaliação junto ao comércio , podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de presente. Divulgação e solução de dúvidas 8. A autoridade deverá transmitir a seus subordi- nados as normas constantes desta Resolução, de modo a que tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho. 9. A incorporação de presentes ao patrimônio his- tórico cultural e artístico, assim como a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópi- co reconhecida como de utilidade pública, deverá constar da respectiva agenda de trabalho ou de registro específico da autoridade, para fins de even- tual controle. 10. Dúvidas específicas a respeito da implementa- ção das normas sobre presentes e brindes poderão ser submetidas à Comissão de Ética Pública, con- forme o previsto no art. 19 do Código de Conduta. Brasília, 23 de novembro de 2000 João Geraldo Piquet Carneiro Presidente O recebimento de presentes e outras gratificações é uma matéria complicada, pois por mais que haja boas intenções em quem dá e quem recebe tais gratifi- cações, a regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código de Conduta estão proibidas de receber presentes, de qualquer valor, em razão do seu cargo. A vedação se configura quando o ofertante do presente seja pessoa, empresa ou entidade que se encontre numa das seguintes situações: esteja sujei- ta à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade; que tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em razão do cargo, seja individualmente, seja de forma coletiva; que mantenha relação comer- cial de qualquer natureza com o órgão a que perten- ce a autoridade (fornecedores de bens e serviços, por exemplo); ou ainda que represente interesse de tercei- ros, na qualidade de procurador ou preposto, de pes- soas, empresas ou entidades conforme especificados anteriormente. Mas essa vedação não é absoluta. Excepcional- mente, o recebimento de presente só é permitido em duas hipóteses: quando o ofertante for autoridade estrangeira, nos casos protocolares, ou em razão do exercício de funções diplomáticas; ou ainda por moti- vo de parentesco ou amizade, desde que o respectivo custo seja coberto pelo próprio parente ou amigo, e não por pessoa física ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade. Como pode-se depreender, a situação apresenta um conteúdo bastante subjetivo, e é muito comum haver dúvidas quanto a aceitação de presentes e outras gratificações. Assim, é muito importante que também nessa matéria os abrangidos utilizem, sem- pre que necessário, o canal de consulta oferecido pela própria Comissão de Ética. RESOLUÇÃO Nº 4, DE 7 DE JUNHO DE 2001 A Resolução nº 4 da Comissão de Ética Pública é o instrumento normativo que apresenta o Regimento Interno da própria Comissão de Ética Pública. A reso- lução, assim, dispõe sobre a estrutura organizacional e o funcionamento da CEP, além de outras atribuições importantes. A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 RESOLVE: Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública. Capítulo I Da Competência Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP): I - assegurar a observância do Código de Con- duta da Alta Administração Federal, apro- vado pelo Presidente da República em 21 de agosto de 2000, pelas autoridades públicas federais por ele abrangidas; II - submeter ao Presidente da República suges- tões de aprimoramento do Código de Conduta e resoluções de caráter interpretativo de suas normas; III - dar subsídios ao Presidente da República e aos Ministros de Estado na tomada de deci- são concernente a atos de autoridade que pos- sam implicar descumprimento das normas do Código de Conduta; IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia, condutas que possam configurar violação do Código de Conduta, e, se for o caso, adotar as providências nele previstas; V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Código de Conduta e deliberar sobre os casos omissos; VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos e entidades da administração federal, esta- dual e municipal, ou dos Poderes Legislativo e Judiciário; e VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta.