Prévia do material em texto
152 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ENFERMEIRO hospitalar e com o uso de tecnologias avançadas nos procedi- mentos que englobem artigos processados pelo CME. • Partici- par de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho do CME. PROCESSOS DESENVOLVIDOS Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível – orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente neutro ou detergente enzimático em artigos e super- fícies. Se um artigo não for adequadamente limpo, isto dificul- tará os processos de desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realizadas através das “lavadoras termodesifec- tadoras” que utilizam jatos de água quente e fria, realizando enxágue e drenagem automatizada, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágue dos artigos processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorrentes dos acidentes com materiais perfurocortantes. As lavadoras ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para complementar a limpeza dos artigos com lumens. Descontaminação: É o processo de eliminação total ou par- cial da carga microbiana de artigos e superfícies. Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e destruição de microorganismos, patogênicos ou não em sua for- ma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e objetos ina- nimados, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns princípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios ativos permitidos como desinfe- tantes pelo Ministério da Saúde: aldeídos, compostos fenólicos, ácido paracético. Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamen- to dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril após o reprocessamento, garante a integridade do mate- rial Esterilização: É o processo de destruição de todos os microorganismos, a tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o contaminavam é menor do que 1:1.000.000. Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esteriliza- ção disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma líquida, gasosa e plasma Processos físicos: Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é reali- zado em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a es- tufa, da forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra confiável, uma vez que, em seu interior, encontram– se temperaturas diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de testes biológicos, a presença de formas esporuladas. Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente en- tre os artigos e, no caso do processamento de instrumental ci- rúrgico, no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práti- cas Recomendadas SOBECC Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Mate- rial e Esterilização. 4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este processo está relacionado com o mecanismo de calor latente e o contato direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas. Realizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esterilizado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo, totalmente automatizadas. En- tretanto, esses equipamentos sofisticados necessitam de profis- sionais qualificados, pois estes são, e continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do processo de esterilização. Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dispersão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os pacotes que contém a respectiva carga. Após a es- terilização, a bomba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tornando a secagem mais rápida e completan- do o ciclo. Os materiais submetidos à esterilização a vapor são libera- dos após checklist feito pelo auxiliar de enfermagem da área. Processos Químicos e FísicosQuímicos: Esterilizantes quí- micos cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde que atendam a legislação especifica. O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados em baixa temperatura Validação dos processos de esterilização de artigos: A validação é o procedimento documentado para a obten- ção de registro e interpretação de resultados desejados para o estabelecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja suficiente para garantir uma probabilidade de so- brevida microbiana não superior a 10º. Controles do processo de esterilização: Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma fa- lha em potencial no processo de esterilização por meio da mu- dança de sua coloração. Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e vazia. Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que consideram todos os parâmetros de esterilização. A esteriliza- ção monitorada por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e, cuja leitura é realizada em incubadora com método de fluorescência, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, trazendo maior segurança na liberação dos ma- teriais. Os produtos são liberados quando os indicadores revela- rem resultados negativos. 153 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ENFERMEIRO http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/artigo_CME_flavia_ leite.pd 36. PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA APLICADAS AO PROCESSO DE CUIDAR. 37. RISCO BIOLÓGICO E MEDI- DAS DE PRECAUÇÕES BÁSICAS PARA A SEGURANÇA IN- DIVIDUAL E COLETIVA NO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. 38. PRECAUÇÃO-PADRÃO E PRECAUÇÕES POR FORMA DE TRANSMISSÃO DAS DOENÇAS. 39. DEFINI- ÇÃO, INDICAÇÕES DE USO E RECURSOS MATERIAIS. 40. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CABÍVEIS NAS SITUAÇÕES DE RISCO POTENCIAL DE EXPOSIÇÃO. A biossegurança compreende um conjunto de ações desti- nadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualida- de de vida, a saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracteriza-se como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável sendo de funda- mental importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde. As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção e manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evo- lução cada vez mais rápida do conhecimento científico e tecno- lógico propicia condições favoráveis que possibilitam ações que colocam o Brasil em patamares preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança em saúde. No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir da década de 80 quando o Brasil tomou parte do Progra- ma de Treinamento Internacionalem Biossegurança ministrado pela OMS que teve como objetivo estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do tema1 . A partir daí, deu-se início a uma série de cursos, debate- se implantação de medidas para acompanhar os avanços tec- nológicos em biossegurança. Em 1985, a FIOCRUZ promoveu o primeiro curso de biossegurança no setor de saúde e passou a implementar medidas de segurança como parte do processo de Boas Práticas em Laboratórios, que desencadeou uma série de cursos sobre o tema. No mesmo ano, o Ministério da Saúde deu início ao Projeto de Capacitação Científica e Tecnológica para Doenças Emergen- tes e Reemergentes visando capacitar as instituições de saúde em biossegurança. Foi também em 1995 que houve a publicação da primeira Lei de Biossegurança, a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, posteriormente revogada pela Lei no 11.105, de 24 de março de 2005. A discussão da biossegurança trouxe resultados e avanços ao tema. Promover debates sobre biossegurança em saúde nos dias atuais não apenas contribui para a solidificação das ações e o exercício das competências na área de biossegurança, mas, prin- cipalmente, reforça o propósito de qualidade de vida e saúde do Sistema Único de Saúde, bem como qualifica as demandas e contribui para o fortalecimento do Complexo Industrial da Saú- de. Os princípios de biossegurança estão relacionados à con- tenção e à análise de risco, particularmente em relação às prá- ticas microbiológicas, equipamentos de segurança, instalações, ambiente, exposição das pessoas aos microrganismos e agentes químicos manipulados e armazenados nos laboratórios. Apesar de serem frequentes, há falta de evidências claras sobre o modo de transmissão/contaminação em muitos casos de infecções associadas a laboratórios (IAL), o que justifica a re- comendação para que as pessoas que trabalham em locais de risco estejam alertas sobre os riscos e tenham conhecimento sobre as normas de biossegurança3 . A legislação brasileira, de acordo com as Normas Regula- mentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), classifica as atividades laborais sujeitas a riscos em: 1) insalubres, quando determinados agentes químicos são manuseados acima dos limites de tolerância ou quando o traba- lhador estiver exposto a riscos físicos (ruídos, vibrações, umida- de, temperaturas extremas, radiações ionizantes ou não ionizan- tes) ou biológicos (microrganismos); 2) perigosas, quando o trabalhador estiver exposto, sob de- terminadas condições de proximidade e de atividade, a mate- riais explosivos, inflamáveis ou radioativos. Equipamentos de segurança A utilização de equipamentos de segurança reduz significa- tivamente o risco de acidentes em laboratórios. A determina- ção de quais equipamentos de segurança devem ser utilizados em cada laboratório deve ser baseada em análises dos riscos referentes às atividades desenvolvidas no local, relacionadas aos agentes biológicos, químicos e físicos. A contenção pode ser classificada como primária, que visa garantir a proteção do am- biente interno do laboratório e secundária, que está relacionada à proteção do ambiente externo e resulta da combinação de in- fraestrutura laboratorial e de práticas operacionais5. Os equi- pamentos e materiais destinados a proteger o trabalhador e o ambiente laboratorial são classificados como equipamento de proteção individual (EPI óculos, luvas, calçados, jaleco) e equipa- mento de proteção coletiva (EPCcâmaras de exaustão, cabines de segurança biológica, chuveiros de emergência, lava-olhos e extintores de incêndio). Equipamentos de proteção individual De acordo com a Norma Regulamentadora 6 do MTE, “con- sidera-se Equipamento de Proteção Individual EPI, todo dispo- sitivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segu- rança e a saúde no trabalho”. O equipamento de proteção individual, de fabricação na- cional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado, com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do MTE6 . A consulta sobre o número do certificado de aprovação, o tipo de EPI, o fabricante e o tipo de proteção pode ser realizada no endereço eletrônico do TEM. É imprescindível o conhecimento acerca do manuseio dos EPI, pois eles são as barreiras primárias que protegem a integri- dade física e a saúde do profissional . 154 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ENFERMEIRO As principais funções dos EPI são a redução da exposição do operador aos agentes infecciosos, a redução de riscos e danos ao corpo provocados por agentes físicos ou mecânicos, a redu- ção da exposição a produtos químicos tóxicos e a redução da contaminação de ambientes. Os EPI utilizados em laboratórios são constituídos principal- mente por: Calçados de segurança: São destinados à proteção dos pés contra a exposição a riscosbiológicos, físicos e químicos. O uso de tamancos, sandálias e chinelos em laboratórios é proibido. Luvas: previnem a contaminação das mãos do trabalhador durante a manipulação de material Protetor biológico, produtos químicos e temperaturas ex- tremas. Protetores auditivos: usados para prevenir a perda auditiva decorrente de ruídos. Protetores faciais: oferecem proteção para a face do opera- dor contra partículas sólidas,líquidos, vapores e radiações (raios infravermelho e ultravioleta); Protetores oculares: proteção dos olhos contra impactos, respingos e aerossóis; Protetores respiratórios: são utilizados para proteger o aparelho respiratório. Existemvários tipos de respiradores, que devem ser selecionados conforme o risco inerente àatividade a ser desenvolvida. Os respiradores com filtros mecânicos desti- nam-se à proteção contra partículas suspensas no ar, enquanto os respiradores com filtros químicos protegem contra gases e vapores orgânicos. Vestimenta tipo jaleco: utilizados em ambientes laborato- riais onde ocorre o manejo deanimais e a manipulação de mi- crorganismos patogênicos e de produtos químicos. É proibido utilizar qualquer EPI em ambientes fora do labo- ratório, principalmente os jalecos. Há vários tipos de luvas para uso em laboratório, cada um destinado a atividades laboratoriais específicas •Luvas de látex (borracha natural): são denominadas como luvas de procedimento e se destinam aos trabalhos com mate- rial biológico e em procedimentos de diagnóstico que não re- queiram o uso de luvas estéreis; •Luvas de cloreto de vinila (PVC): utilizadas para manusear alguns produtos químicos. •Luvas de fibra de vidro com polietileno reversível: usadas para proteção contra materiais cortantes; •Luvas de fio de kevlar tricotado: protegem em trabalhos em temperaturas de até 250ºC; •Luvas confeccionada com nylon cordura (criogenia): usa- das para trabalhos com geloseco, freezer -80º C e nitrogênio líquido •Luvas de borracha: para serviços gerais de limpeza, proces- sos de limpeza de instrumentos e descontaminação. Equipamentos de proteção coletiva Os EPC têm como função proteger o ambiente e a saúde dos trabalhadores e devem ser instalados em locais de fácil acesso e bem sinalizados. Alguns são de uso rotineiro, como as cabines de segurança biológica e as capelas de exaustão química, e ou- tros são de uso emergencial, como os extintores de incêndio, chuveiro de emergência e lava-olhos Risco Químico O pessoal de laboratórios está exposto não somente aos microrganismos patogênicos como, também, aos produtos quí- micos perigosos. É fundamental que os efeitos tóxicos de produtos químicos manipulados sejam conhecidos, assim como suas vias de expo- sição e os riscos que possam estar associados à sua manipulação e armazenagem . O risco está associado à exposição a agentes ou substâncias químicas na forma líquida, gasosa ou como partículas e poeiras minerais e vegetais, presentes nos ambientes ou processos de trabalho, que possam penetrar no organismopela via respira- tória ou que possam ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão, como solventes, medicamentos, produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção, corantes, dentre outros. No Brasil, a rotulagem de produtos químicos deve seguir a norma ABNT NBR 14725-1, que estabelece critérios para inclu- são das informações de segurança no rótulo de produtos quí- micos perigosos, de acordo com a classificação estabelecida no Sistema Globalmente Harmonizado de Informação de Segurança de Produtos Químicos (GHS). Para evitar ou minimizar os riscos de acidentes com reagen- tes químicos é necessário adotar, além das normas básicas de segurança para laboratório, as precauções específicas descritas a seguir Não permitir o armazenamento de produtos não identifica- dos, sem data de validade ou com a validade vencida; •Os produtos inflamáveis e explosivos devem ser armaze- nados distantes de produtos oxidantes; •Não permitir o armazenamento de ácidos ou álcalis con- centrados nos armários com partes metálicas, pois eles podem causar corrosão de metais; •Não estocar líquidos inflamáveis em armários fechados, para evitar risco de explosão; •Não estocar produtos químicos voláteis em locais com in- cidência de luz solar direta; •Antes de manusear um produto químico é necessário co- nhecer suas propriedades e o grau de risco a que se está expos- to; •Ler o rótulo no recipiente ou na embalagem é a primei ra providência a ser tomada, observando a classificação quanto ao tipo de risco que o reagente oferece; • Nunca deixar frascos contendo solventes orgânicos próximos à chama, por exemplo álcool, acetona, éter, dentre outros; •Evitar contato de qualquer substância com a pele; ser cui- dadoso ao manusear substâncias corrosivas, como ácidos e ba- ses; •Manter seu local de trabalho limpo e não colocar materiais nas extremidades da bancada; •Não descartar nas pias materiais sólidos ou líquidos que possam contaminar o meio ambiente; •Usar o sistema de gerenciamento de resíduos químicos; •O manuseio e o transporte de vidrarias e de outros mate- riais devem ser realizados de forma segura; o transporte deve ser firme, evitando-se quedas e derramamentos; • Frascos de