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Refluxo gastroesofágico quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025 17:15 MORFOFISIOLOGIA DO ESÔFAGO • O esôfago é um tubo muscular de aproximadamente 25 cm que transporta o alimento da faringe ao estômago. Ele se localiza posteriormente à traqueia e anteriormente à coluna vertebral, atravessando o diafragma pelo hiato esofágico antes de se conectar ao estômago. • Ele é envolvido por camadas de músculos lisos responsáveis pelos movimentos peristálticos, caracterizados por contrações rítmicas que impulsionam o alimento ao longo do esôfago. Além disso, glândulas presentes na mucosa e submucosa secretam muco, protegendo sua superfície e facilitando a lubrificação do alimento. O esôfago possui dois esfíncteres: • Esfíncter esofágico superior (faringoesofágico): formado por músculos esqueléticos circulares, impede a entrada de ar no esôfago e estômago durante a respiração. • Esfíncter esofágico inferior (gastresofágico): localizado próximo à junção esofagogástrica, mantém-se contraído para evitar o refluxo gástrico, relaxando apenas durante a deglutição para permitir a passagem do alimento. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 1/14 -Plexo esofágico= • é uma rede de fibras nervosas formadas principalmente pelos nervos vagos (X par craniano) e pelos troncos simpáticos. Ele envolve o esôfago ao longo de seu trajeto no tórax e desempenha um papel fundamental na regulação da motilidade. • Fibras parassimpáticas (do nervo vago): estimulam a peristalse e a secreção das glândulas esofágicas. • Fibras simpáticas (dos troncos simpáticos): modulam o tônus vascular e inibem a motilidade esofágica. • Fibras aferentes viscerais: transmitem informações sobre a distensão e o reflexo da deglutição para o sistema nervoso central. • Irrigação e Drenagem do Esôfago: • Irrigação arterial: ramos da aorta torácica, artérias brônquicas e ramos ascendentes da artéria gástrica esquerda. • Drenagem venosa: veia ázigo, veia hemiázigo e veia gástrica esquerda. • Drenagem linfática: linfonodos mediastinais posteriores e gástricos esquerdos. Estrutura da Parede do Esôfago: Camadas: mucosa, submucosa, muscular externa e adventícia. • Túnica Mucosa: • Composta por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, que protege contra lesoes causadas pelos alimentos. Tambem Contém células exócrinas que secretam muco e líquido no lumen. • A lâmina própria é formada por tecido areolar com vasos sanguíneos e linfáticos. • A lâmina muscular da mucosa é uma camada fina de músculo liso que auxilia na exposição das células absortivas ao conteúdo alimentar. • Tela Submucosa: 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 2/14 • Tecido conjuntivo areolar com vasos sanguíneos, glândulas mucosas e uma rede de neurônios chamada plexo submucoso, que regula a secreção e o fluxo sanguíneo. • Túnica Muscular: ▪ O terço superior é composto por músculo esquelético, o terço intermediário é uma mistura de músculo esquelético e liso, e o terço inferior é de músculo liso. ▪ Formam-se os esfíncteres esofágicos (superior e inferior), que regulam a passagem do alimento entre faringe e esôfago, e do esôfago para o estômago. ▪ Túnica Adventícia: • Tecido conjuntivo areolar que não é coberto por mesotélio, fundindo-se com as estruturas ao redor do mediastino, fixando o esôfago em seu local. -DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) • O refluxo gastroesofágico (RGE) é o deslocamento involuntário do conteúdo gástrico do estômago para o esôfago. E Isso ocorre várias vezes ao dia em todas as pessoas e, na ausência de sintomas ou lesões na mucosa, é considerado um processo fisiológico. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 3/14 • Já a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ocorre quando esse refluxo provoca sintomas desagradáveis ou complicações. • As complicações esofágicas da doença incluem os sintomas de refluxo em si, dor torácica, esofagite, estenose, esôfago de Barrett e adenocarcinoma. As complicações extra-esofágicas podem envolver tosse, laringite, asma e erosões dentárias. A DRGE é tipicamente categorizada em doença do refluxo erosiva e doença do refluxo não erosiva (DRNE). • A doença do refluxo erosiva é caracterizada por sintomas e evidências de lesão da mucosa esofágica observadas por meio de endoscopia. • A DRNE não apresenta lesões visíveis na mucosa esofágica, embora os sintomas de refluxo possam estar presentes. EPIDEMIOLOGIA • A DRGE doença do refluxo gastroesofágico afeta todos os grupos etários, sendo que os idosos buscam tratamento com mais frequência. E Seu impacto negativo na qualidade de vida é significativo, superando até o de condições como diabetes mellitus e hipertensão arterial. • A DRGE doença do refluxo gastroesofágico é o distúrbio mais comum do trato gastrointestinal superior no mundo ocidental, responsável por cerca de 75% das esofagopatias e pode ocorrer em qualquer faixa etária, incluindo em crianças, mas sua prevalência aumenta com a idade. • Não há uma preferência por sexo, mas os sintomas tendem a ser mais frequentes e intensos em casos de obesidade e durante a gestação (devido ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior (EEI).... causado pela progesterona e ao aumento da pressão intra-abdominal). • Hábitos alimentares desempenham um papel importante no desenvolvimento e agravamento da DRGE doença do refluxo gastroesofágico. Alimentos gordurosos, cafeína, chocolate e outros como anticolinérgicos, bloqueadores de canal de cálcio, entre outros, podem predispor ao refluxo gastroesofágico, pois favorecem a hipotonia (diminuição do tônus) do esfíncter esofágico inferior (EEI), causando o refluxo. Além disso, a acidez dos alimentos, o tamanho das refeições e o horário em que as refeições são feitas também podem influenciar os sintomas 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 4/14 da DRGE. refeições grandes ou feitas muito perto da hora de dormir podem agravar os sintomas. -crianças e lactantes • Estudos epidemiológicos indicam que o refluxo gastroesofágico (RGE) é comum em lactentes, com prevalência variando de acordo com a idade. Assim, é comum em aproximadamente 50% dos lactentes com menos de 2 meses de idade, 60 a 70% dos lactentes de 3 a 4 meses, e 5% aos 12 meses apresentam o quadro. Contudo, há uma redução progressiva, com 90 a 95% dos casos resolvidos até o primeiro ano de vida • Bebês prematuros têm maior risco de refluxo devido à imaturidade fisiológica do esfíncter esofágico inferior, peristaltismo esofágico prejudicado, ingestão maior de leite e esvaziamento gástrico mais lento. As incidência de refluxo em lactentes nascidos com menos de 34 semanas de gestação é de aproximadamente 22% • Os principais fatores de risco para Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) incluem: • Idade avançada • Alto índice de massa corporal (IMC) • Tabagismo • Ansiedade e depressão • Sedentarismo. -FISIOPATOLOGIA BARREIRA ANTIRREFLUXO • A barreira antirrefluxo é a principal proteção contra o refluxo gastroesofágico e é formada por dois componentes essenciais: o esfíncter interno, também chamado de esfíncter inferior do esôfago (EIE), e o esfíncter externo, representado pela porção crural do diafragma. • Em condições normais, o esfíncter inferior do esôfago (EIE) permanece fechado em repouso e relaxa apenas durante a deglutição e a distensão gástrica. No entanto, quando esse relaxamento ocorre de maneira independente da deglutição, ele é denominado relaxamento transitório do esfíncter inferiordo esôfago EIE (RTEIE). E esse mecanismo é considerado a principal causa fisiopatológica da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), sendo responsável por 63 a 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 5/14 74% dos episódios de refluxo. • Diversos fatores podem influenciar a função do esfíncter inferior do esôfago EIE. Como por exemplo, A colecistocinina (CCK), que reduz a pressão do esfíncter após a ingestão de alimentos gordurosos. Além disso, parâmetros como o comprimento total e o comprimento abdominal do esfíncter inferior do esôfago EIE são importantes para avaliar sua função, ja que valores reduzidos estão associados a um desempenho inadequado da barreira antirrefluxo. • A presença de hérnia hiatal pode comprometer essa barreira ao provocar uma dissociação entre os esfíncteres interno e externo, facilitando o refluxo gastroesofágico. • Outro fator importante para a presença do refluxo é a distensão gástrica, especialmente após as refeições. • O retardo no esvaziamento gástrico e o aumento da pressão intragástrica, que podem ocorrer em condições como obstrução ou semiobstrução antropilórica, também favorecem o refluxo. Alterações na secreção gástrica, como a hipersecreção observada na síndrome de Zollinger-Ellison, podem estar presentes, mas são eventos menos frequentes. MECANISMOS DE DEPURAÇÃO INTRALUMINAL • Os mecanismos de depuração intraluminal do esôfago são essenciais para a remoção e neutralização do material refluxado, evitando danos à mucosa. E esse processo ocorre por meio de dois mecanismos principais: o mecânico, que envolve a remoção do volume refluído pelo peristaltismo e pela ação da gravidade, e o químico, que consiste na neutralização do conteúdo ácido residual pela saliva ou pela mucosa esofágica. RESISTêNCIA DO EPITÉLIO ESOFÁGICO • A resistência do epitélio esofágico depende de mecanismos de defesa que incluem a barreira pré-epitelial (muco, bicarbonato e água), a epitelial (junções intercelulares firmes e substâncias tamponadoras) e a pós-epitelial (suprimento sanguíneo para nutrição e remoção de metabólitos). 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 6/14 E Além do ácido gástrico, o refluxo de bile e enzimas pancreáticas pode intensificar a lesão da mucosa. A patogênese da DRGE é complexa e envolve três fatores principais: 1. Aumento da exposição ao refluxo – episódios mais frequentes e prolongados de refluxo gástrico. 2. Redução da resistência da mucosa esofágica – menor capacidade de defesa contra substâncias agressivas, como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. 3. Maior sensibilidade visceral – maior percepção dos estímulos dolorosos na mucosa esofágica. Fatores que comprometem a depuração ácido esofágica: • Refluxo noturno: maior risco de lesão mucosa devido à redução do fluxo salivar e ausência da ação gravitacional na posição supina. • Diminuição da produção de saliva: reduz a neutralização do pH esofágico. • Déficits na motilidade esofágica: prejudicam a remoção do refluxato ácido. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Os sintomas clássicos da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) incluem a pirose, uma sensação de queimação retroesternal que se irradia para o pescoço, e a regurgitação acídica, que é o retorno do conteúdo gástrico até a faringe. E TAMBÉM, Esses sintomas são mais comuns após as refeições ou quando o paciente está deitado, especialmente em decúbito dorsal ou lateral direito. Extraesofágica 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 7/14 • Manifestações extraesofágicas que podem incluir sintomas pulmonares, como tosse crônica, asma, bronquite, fibrose pulmonar e aspiração recorrente, além de manifestações otorrinolaringológicas, como rouquidão, roncos, pigarros, alterações nas cordas vocais, laringite crônica, sinusite e erosões dentárias. • Sintomas atípicos do refluxo ácido podem afetar várias áreas, como a boca ( com a erosão do esmalte dentário), A faringe ( com irritação da garganta), a laringe ( com a rouquidão), A cavidade nasal (com sinusite crônica) e a árvore traqueobrônquica (com a tosse crônica, broncoespasmo, pneumonite aspirativa). COMPLICAÇÕES • O esôfago de Barrett é uma condição adquirida caracterizada pela substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar com células intestinalizadas (metaplasia intestinal). E Geralmente é resultado de refluxo gastroesofágico crônico e é considerado uma condição pré-maligna, sendo o maior fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico distal. E O diagnóstico é feito por endoscopia e confirmado por biópsia. • A estenose péptica é responsável por 70% das estenoses esofágicas e, na maioria dos casos, a principal queixa é a disfagia. Cerca de 30% dos pacientes não apresentam sintomas prévios de pirose e regurgitação ácida. A avaliação é realizada por exames radiológicos e endoscopia digestiva. • As úlceras esofágicas são lesões mais profundas que atingem a submucosa e a camada muscular. E elas podem complicar a esofagite de refluxo e provocar dor ao engolir (odinofagia) e hemorragia digestiva oculta, que pode resultar em anemia ferropriva. • Entre as possíveis complicações da DRGE em lactentes, incluem esofagite de refluxo, pneumonia recorrente por aspiração, broncoespasmo, otite média e erosão dental, além de complicações neurológicas. DIAGNÓSTICO 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A… 8/14 • O diagnóstico da DRGE começa com uma anamnese detalhada, que ajuda a identificar sintomas característicos como pirose (sensação de queimação retrosternal) e regurgitação (fluxo do conteúdo gástrico até a boca ou hipofaringe). E Quando esses sintomas ocorrem simultaneamente, a probabilidade de DRGE é elevada (cerca de 90%). Já Se os sintomas ocorrerem duas ou mais vezes por semana por 4 a 8 semanas, a probabilidade de DRGE também é significativa. • Exame endoscópico: É o método preferido para identificar lesões causadas pelo refluxo gastroesofágico, permitindo a caracterização de erosões e a realização de biópsias. E ele também ajuda a classificar a DRGE em erosiva ou não erosiva, influenciando a abordagem terapêutica. • Teste diagnóstico terapêutico: A resposta à prova terapêutica, com redução sintomática superior a 50% após 1-2 semanas de uso de inibidores de bomba de próton (IBP), é considerada o principal teste confirmatório. E essa prova terapêutica foi classificada como recomendação de grau A para pacientes com menos de 45 anos e sintomas típicoS • A cintilografia é um método não invasivo que usa um radiofármaco (Tc- 99) para avaliar episódios de refluxo gastroesofágico (RGE) e documentar eventuais aspirações pulmonares. Embora útil, é um exame caro e com pouca disponibilidade, além de não ser amplamente utilizado. TRATAMENTO • O tratamento da DRGE pode ser clínico ou cirúrgico, sendo o tratamento clínico o mais comum e eficaz para a maioria dos pacientes. O objetivo é controlar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir complicações, com uma abordagem progressiva que começa com medidas conservadoras, segue para o tratamento medicamentoso e, finalmente, pode envolver intervenção cirúrgica nos casos resistentes à medicação. Tratamento Clínico: • O tratamento clínico envolve tanto medidas comportamentais quanto farmacológicas, que devem ser implementadas simultaneamente. Medidas Comportamentais: 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28A…9/14 • Essas abordagens visam corrigir hábitos de vida e evitar fatores que promovem o refluxo. Algumas estratégias em crianças incluem: • Aumentar a frequência das mamadas e diminuir o volume em cada mamada. • Manter a criança em posição ereta após a alimentação. • "Engrossar" a fórmula de alimentação. • Medidas Farmacológicas no Tratamento da DRGE: A inibição da secreção ácida gástrica é um pilar importante no tratamento da DRGE, pois ela proporciona alívio dos sintomas e favorece a cicatrização da esofagite. A probabilidade dessa cicatrização está diretamente relacionada à potência do efeito antissecretor da medicação utilizada. • Os IBPs (Inibidores da Bomba de Prótons) são os fármacos mais eficazes nesse contexto, oferecendo resultados significativamente melhores. Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs): • Indicação: São considerados medicamentos de escolha no tratamento da DRGE, especialmente durante a fase aguda, com ciclos de tratamento que variam de 4 a 8 semanas. Mecanismo de Ação: Os IBPs agem ligando-se à enzima H+/K+-ATPase (bomba de prótons), que é responsável pela secreção de íons hidrogênio (prótons) para o lúmen gástrico. Ao inibir essa enzima, os IBPs suprimem a secreção de ácido gástrico. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28… 10/14 • Esses medicamentos são pró-fármacos com um revestimento entérico ácido-resistente, o que os protege da degradação precoce no estômago. Esse revestimento é removido no ambiente alcalino do duodeno, onde o pró-fármaco é absorvido e convertido na forma ativa. O fármaco ativo se liga covalentemente à bomba de prótons, interrompendo a secreção ácida. Efeitos Adversos: Os IBPs são geralmente bem tolerados, mas podem ter efeitos adversos significativos: • Interação com clopidogrel: Omeprazol e esomeprazol podem diminuir a eficácia do clopidogrel, inibindo a CYP2C19, enzima responsável pela conversão do clopidogrel em seu metabólito ativo. Isso pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares, portanto, o uso concomitante de IBPs com clopidogrel é desaconselhado. • Risco de fraturas: O uso prolongado de IBPs (por mais de 1 ano) pode aumentar o risco de fraturas ósseas, especialmente devido à redução da absorção de cálcio. • Deficiência de vitamina B12: A supressão prolongada do ácido gástrico pode prejudicar a absorção de vitamina B12, o que pode resultar em deficiência dessa vitamina. • Absorção prejudicada de cálcio: O aumento do pH gástrico pode também prejudicar a absorção de carbonato de cálcio, o que contribui para o risco de fraturas. Antagonistas dos Receptores H2 da Histamina: • Exemplos de bloqueadores H2 incluem cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina. Esses medicamentos são eficazes na cicatrização de esofagite e gastrite leve, mas não são ideais para tratamento de doença moderada a grave ou para uso prolongado, pois podem apresentar tolerância com o tempo. São eventualmente utilizados em situações onde IBPs (inibidores da bomba de prótons) não podem ser usados. Mecanismo de Ação: Os antagonistas H2 bloqueiam competitivamente os receptores H2 da histamina no estômago. A histamina, junto com acetilcolina e gastrina, estimula a secreção de ácido gástrico ao se ligar aos seus respectivos receptores. Essa ligação ativa a bomba de prótons (H+/K+-ATPase), que secreta íons hidrogênio no estômago. Ao bloquear os receptores H2, os antagonistas H2 reduzem a secreção de ácido gástrico, ajudando a controlar os sintomas da DRGE. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28… 11/14 Esses fármacos atuam seletivamente nos receptores H2, sem efeito sobre os receptores H1. Efeitos Adversos: Os antagonistas H2 geralmente são bem tolerados, mas podem ter alguns efeitos colaterais: • Cimetidina: Pode causar efeitos antiandrogênicos devido à sua atividade como antiandrogênico não esteroidal, incluindo ginecomastia e galactorreia (produção excessiva de leite). • Interações medicamentosas: A cimetidina inibe várias isoenzimas CYP450, podendo interferir na biotransformação de outros fármacos, como varfarina, fenitoína e clopidogrel. • Eficácia de outros fármacos: Todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção, como o cetoconazol. Antiácidos e Sucralfato: Antiácidos: • Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido gástrico, formando água e um sal, com o objetivo de diminuir a acidez gástrica. Ao elevar o pH gástrico, eles inativam a pepsina (uma enzima proteolítica), reduzindo sua atividade. Esses medicamentos têm um efeito imediato no alívio dos sintomas da doença DRGE e úlcera gástrica, mas são eficazes apenas para controle sintomático e não oferecem benefícios terapêuticos prolongados. • Composição: Os antiácidos comuns são combinações de sais de alumínio e magnésio, como o hidróxido de alumínio e o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2). • Efeitos adversos: • Hidróxido de alumínio: Pode causar constipação. • Hidróxido de magnésio: Pode provocar diarreia. • A combinação dos dois pode ajudar a normalizar a função intestinal. • Considerações especiais: A absorção dos cátions (Mg²⁺, Al³⁺, Ca²⁺) normalmente não apresenta problemas em pacientes com função renal normal, mas pode ocorrer acúmulo e efeitos adversos em pacientes com comprometimento renal. Sucralfato: • O sucralfato é um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que atua formando géis complexos com as células epiteliais. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28… 12/14 Ele se liga a proteínas carregadas positivamente na mucosa normal e necrótica, formando uma barreira física que protege a úlcera da ação da pepsina e do ácido, favorecendo a cicatrização da úlcera. • Modo de ação: O sucralfato requer um ambiente ácido para ativação, portanto, não deve ser administrado com IBPs, antagonistas H2 ou antiácidos, pois esses podem interferir na sua eficácia. Indicações e Considerações: • Antiácidos são raramente usados e indicados principalmente para alívio sintomático de curto prazo. • Sucralfato é utilizado para o tratamento de úlceras gástricas, mas seu uso deve ser cuidadosamente ajustado, especialmente em pacientes com necessidade de ácido gástrico para ativação. Procinéticos (Ex.: Metoclopramida, Domperidona, Bromoprida) • Indicação: Usados no alívio de pirose, mas não aumentam a cicatrização da esofagite. • Uso: Reservados para pacientes com dismotilidade gástrica associada à DRGE (ex: empachamento pós-prandial), geralmente em combinação com IBPs. • Metoclopramida: Antiemético eficaz contra a êmese induzida por cisplatina, mas com efeitos adversos como sintomas extrapiramidais (tremores, rigidez). Usada principalmente em gastroparesia devido ao perfil de efeitos adversos. • Limitação: Menos eficaz que IBPs na DRGE. Tratamento Cirúrgico da DRGE • Indicação Cirúrgica: • Esofagites recidivantes após 6 meses de tratamento adequado. • Complicações da DRGE, incluindo as extraesofágicas. • Uso prolongado de IBPs. • Hérnias grandes com risco de volvo ou perfuração. • Baixa idade. • Procedimentos Cirúrgicos: • Fundoplicatura: • Total (360°) e parcial (270°), feitas por laparoscopia. • O fundo do estômago envolve o esôfago distal. • Fechamento do hiato esofágico: Restaurar a posição anatômica do esôfago e recriar uma zona de alta pressão na junção esofagogástrica. • Objetivo: Aumentar a competência do esfíncter, melhorar o clareamento esofágico e resolver o processo inflamatório causado pelo refluxo. 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28…13/14 18/02/2025, 10:44 OneNote https://onedrive.live.com/edit.aspx?resid=DF5EBD7CDFE82B6E!s2bc06f4228c54159afb0e93101c50521&migratedtospo=true&wd=target%28… 14/14