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TEMA: PERÓXISSOMAS E GLIOXISSOMAS Formam descritos pela primeira vez por Rodhin, em 1954, estudando células de rato, sendo então designadas de “microbodies” (microcorpos). A sua caracterização bioquímica ficou a dever-se a De Duve e colaboradores. Em 1966, propuseram a designação de peróxissomas em substituição de “microbodies”. PERÓXISSOMAS • são organelas presentes em praticamente todas as células eucariotas, e exibem uma identidade funcional muito peculiar que atualmente tem sido explorada em detalhe pelos pesquisadores. • Têm como principal função a desintoxicação das células. PERÓXISSOMAS COMO SE ORIGINAM OS PEROXISSOMAS? • Estas organelas se originam da fusão de vesículas oriundas do RE (vesículas pré-peróxissomicas) e por divisão (fissão) de peróxissomas pré-existentes. As proteínas da luz do peróxissoma são produzidas no citosol e importadas através da membrana. Fonte: Annual Rev Cell and Development Biology v.23, p 321, 2007. PERÓXISSOMAS • vesiculas membranosas, esféricas ou ovoides, mais pequenas que as mitocôndrias. • A matriz apresenta-se com textura finamente granular e contém, um corpo denso onde se reconhece uma estrutura cristalina designada cristaloide ou “core”. • O cristaloide resulta do acúmulo da enzima urato - oxidase que se cristaliza no seu interior. PERÓXISSOMAS • são delimitados por uma membrana única. • Aparecem dispersos no citoplasma • próximos a outras organelas (mitocôndrias ou cloroplastos) e inclusões citoplasmáticas. • evidentes em células de rim e fígado de mamíferos, assim como em vários tecidos vegetais • São caracterizados pela presença de uma série de enzimas oxidativas, como a D-aminoácido oxidase, a urato oxidase e a catálase. • Devem o seu nome ao peróxido de hidrogênio. Este composto é produzido por uma série de oxidases que utilizam o oxigênio na remoção de átomos de hidrogênio de substratos específicos, tais como: aminoácidos, purinas e alguns produtos do metabolismo de carboidratos, como o ácido lático. PERÓXISSOMAS Todos os peróxissomas se caracterizam pela presença de dois tipos de enzimas: as oxidases as catálases As oxidases realizam a oxidação de substratos a partir do oxigênio molecular, com produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), ou água oxigenada. As oxidações realizadas não levam à fosforilação do ADP em ATP e, por isso, são diferentes daquelas realizadas nas mitocôndrias. O peróxido de hidrogênio produzido nessas reações é posteriormente utilizado pela catálase na oxidação de vários substratos, incluindo o ácido fórmico, formaldeído, etanol e metanol, com a simultânea redução do peróxido de hidrogênio a água. No caso do etanol, os peróxissomas têm um papel desintoxicante, porque ¼ de todo etanol consumido pelo homem, é oxidado a acetaldeído no fígado. Na ausência destes últimos substratos citados, a catálase converte moléculas de peróxido de hidrogênio em água (e oxigênio), o que constitui um dispositivo muito importante na prevenção de um acúmulo indesejável deste composto, altamente oxidante e prejudicial à célula. METABOLISMO OXIDATIVO DO PERÓXISSOMA • A oxidação de aminoácidos, purinas e ácido lático, por meio das oxidases, leva à formação de H2O2. • A enzima catálase utiliza o H2O2 para a oxidação de diversos substratos, reduzindo-o a água (H2O). • A redução do H2O2 pode ocorrer na ausência de um substrato disponível, evitando um acúmulo deste composto altamente oxidante e prejudicial à célula. • Assim como nas mitocôndrias, os peróxissomas também possuem um papel importante na β- oxidação de ácidos graxos de cadeia longa. A ação das catálases é importante, pois a água oxigenada é tóxica para as células, porque pode oxidar muitas moléculas celulares e, assim, desnaturá-las. São muitos os substratos para essas duas enzimas presentes na matriz dos peróxissomas. Apesar de apresentarem sempre oxidases e catálases, os peróxissomas nem sempre têm a mesma composição enzimática e por isso, assumem papéis fisiológicos específicos. Nos vegetais, têm papéis importantes no metabolismo de diferentes células. Nas folhas verdes de muitas espécies vegetais, os peróxissomas participam de reações oxidativas de aproveitamento de subprodutos da fotossíntese, numa complexa interação com cloroplastos e mitocôndrias. Como este processo é foto dependente e resulta no consumo de oxigênio e liberação de gás carbônico, é denominado fotorrespiração. FOTORRESPIRAÇÃO • Peróxissoma e sua íntima associação com mitocôndria e cloroplastos, facilita as trocas de metabólitos para a realização da fotorrespiração Fonte: ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K. & WALTER, P. - Molecular Biology of the Cell. 5th Edition, New York, Garland, 2008. Devido às suas atividades oxidativas, os peróxissomas são considerados, juntamente com as mitocôndrias, como os principais sítios celulares de consumo de oxigênio. Para se ter uma ideia, 10% do consumo de oxigênio pelo fígado é devido ao metabolismo peroxissômico. Alguns pesquisadores acreditam que os peróxissomas representam os vestígios de antigas organelas presentes em células eucariotas primitivas, que teriam desempenhado todo o metabolismo celular oxidativo desde que o oxigênio se tornou disponível na atmosfera. Com o surgimento das mitocôndrias, grande parte das reações oxidativas passaram a ser desempenhadas na nova organela com uma enorme vantagem: a energia libertada não era mais perdida em calor mas sim transformada, numa fonte de energia facilmente utilizável pela célula — o ATP ( Adenosina Trifosfato). Seguindo ainda a mesma linha de raciocínio, os peróxissomas não teriam sido eliminados pela seleção natural, porque muitas de suas reações ainda são importantes para a célula e são exclusivas desta organela. Assim, de forma semelhante às mitocôndrias, os peróxissomas também realizam β-oxidação de ácidos graxos, mas apenas os de cadeia longa, processo que a mitocôndria não é capaz de fazer. No caso das plantas e dos fungos, toda a β-oxidação só ocorre nos peróxissomas. DOENÇAS ASSOCIADAS AOS PEROXISSOMAS Uma das mais conhecidas é a síndrome de Zellweger. Esta síndrome é provocada por mutações que levam a falhas nos sinais de importação das enzimas do citosol para o interior das organelas. As consequências são graves, sendo que os indivíduos portadores apresentam várias neuropatologias, disfunções hepáticas e renais e, geralmente, sobrevivem poucas semanas após o nascimento. Nesta síndrome, não se observam peróxissomas no rim ou no fígado (onde, normalmente, são mais evidentes) mas, curiosamente, as enzimas peróxissomicas são encontradas no citosol. Um exame mais detalhado das células indica a existência de peróxissomas, mas só que eles se encontram vazios. • O Glioxissoma é um peróxissoma com função específica. • É um tipo especial de peróxissoma, existente em sementes oleaginosas de certas espécies vegetais (como a mamona), capaz de converter lipídios, em carboidratos, que são utilizados durante a germinação. • Esta conversão é realizada através do chamado ciclo do glioxilato (uma variante do ciclo de Krebs), por isso este tipo especial de peróxissoma é conhecido como glioxissoma. GLIOXISSOMAS Fonte: ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K. & WALTER, P. - Molecular Biology of the Cell. 5th Edition, New York, Garland, 2008.