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Unidade 4 Tipos, Atos e Peças do Processo do Trabalho Direito Processual do Trabalho Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JÉSSICA RAIANE ALVES CONFESSOR MILENA BARBOSA DE MELO AUTORIA Jéssica Raiane Alves Confessor Sou formada em Direito pela UNIFACISA – Universidade de Ciências Sociais Aplicadas. Atualmente sou professora conteudista e advogada. Como jurista atuo nas áreas de Direito Penal, Direito de Família, Direito do Consumidor, e na minha paixão, que é o Direito do Trabalho. Milena Barbosa de Melo Possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Atualmente sou Professora Universitária e Conteudista. Como jurista atuo principalmente nas seguintes áreas: Direito à Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade Intelectual e Direito Digital. Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar vocês nesta fase de muito estudo e trabalho. Esperamos te ajudar a crescer e se apaixonar por cada tópico do Direito Processual do Trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Ações trabalhistas ..................................................................................... 10 Classificação ........................................................................................................................................ 11 Peças processuais nas ações trabalhistas ................................................................... 13 Petição Inicial .................................................................................................................. 13 Resposta do reclamado. ..........................................................................20 Recursos trabalhistas ................................................................................29 Embargos .............................................................................................................................................32 Recurso ordinário ............................................................................................................................35 Recurso de revista ......................................................................................................................... 36 Agravo..................................................................................................................................................... 38 Sentença Trabalhista .................................................................................40 Atos Decisórios ................................................................................................................................. 41 Atos não decisórios .......................................................................................................................43 Coisa Julgada .................................................................................................................................... 48 7 UNIDADE 04 Direito Processual do Trabalho 8 INTRODUÇÃO Bem vindos a nossa última unidade, nela poderemos aprimorar nossos conhecimentos no direito processual do trabalho. Nessa unidade iremos aprender como impetrar ações trabalhistas e como devem ser usadas na busca de solucionar lides do direito do trabalho e iremos aprender qual a petição inicial no processo do trabalho e seus requisitos, verificando sua importância para o Direito Processual do Trabalho e o Direito de ação, discutiremos também de que forma acontece a resposta do reclamado, aprendendo quais as peças processuais existentes, sua forma e os prazos para que o reclamado responda no processo. Aprenderemos também a identificar os recursos trabalhistas, suas peculiaridades e de que forma atuam na solução de conflitos e na efetivação do duplo grau de jurisdição e por fim compreenderemos a sentença trabalhista e seus detalhes. Direito Processual do Trabalho 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Impetrar ações trabalhistas; 2. Discutir a resposta do reclamado no direito trabalhista; 3. Identificar os recursos trabalhistas; 4. Compreender a sentença trabalhista. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Vamos juntos!! Direito Processual do Trabalho 10 Ações trabalhistas OBJETIVO: Neste capítulo você irá aprender os requisitos para impetrar ações trabalhistas, como devem ser usadas na busca de solucionar lides do direito do trabalho e irá aprender qual a petição inicial no processo do trabalho e seus requisitos, aprendendo sua importância para o Direito Processual do Trabalho e o Direito de ação. Espero que você se envolva a cada descoberta. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos juntos!! Inicialmente precisamos explicar que o ser humano é detentor de necessidades, sejam elas alimentares, de lazer, educação, etc. Dessa forma, podemos dizer que a necessidade é a falta de algo, a necessidade do ser humano em relação a sua dependência com bens da vida. Bem da vida será tudo que satisfaz a necessidade humana, suprindo sua carência. O que supre sua carência é útil, por isso é de interesse do ser humano. É importante ressaltar que o interesse pode ser mediato que supre necessidades indiretamente ou imediato, que supre as necessidades diretamente. Como exemplo do interesse mediato podemos citar a educação e do interesse imediato a alimentação ou transporte público. Há ainda o interesse individual, que será vinculado a pessoa determinada e o coletivo, que irá se relacionar com vários indivíduos. Como os interesses são diversificados em uma sociedade o homem é levado a agir em grupos, ou seja, família, sindicatos, comércios, etc. Existem infinitas necessidades e bens escassos, levando os indivíduos aos conflitos de interesses, que são impossíveis de evitar em qualquer sociedade, fato que gera inúmeras regras de conduta, ou seja, a constituição e todo o sistema normativo, buscando a manter a ordem social. O conflito pode ultrapassar o limite de uma pessoa, tornando-se grave para o equilíbrio social, tendo em vista existir duas pessoas ou mais Direito Processual do Trabalho 11 visando um único bem. Essa disputa gera pretensão do indivíduo para preencher uma necessidade. A pretensão indica exigência para que sejao nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. (Grifo nosso) Dessa forma, podemos extrair que a sentença deverá observar os pedidos formulados, obedecendo seus limites e não decidindo além deles. Que entre pedido e sentença se faz necessário correspondência e correlação. Aprendemos que a sentença será inválida sempre que for proferida sem que sejam observados quaisquer dos requisitos formais impostos pela lei. Apesar de possuir vício grave, o ato processual é considerado sentença, mesmo que seja inválida ou nula. • Eficácia: Quando a sentença for válida ou inválida, poderá ser eficaz ou não. A eficácia corresponde a capacidade do ato jurídico produzir seus efeitos, dessa forma, a sentença eficaz irá produzir seus efeitos, após a publicação. Por outro lado, a sentença será ineficaz quando após sua publicação, seus efeitos ficarem para outro momento, por exemplo a sentença para quando ainda esteja pendente o prazo para o recurso ou que tenha ocorrido à oposição do apelo, recebido no efeito suspensivo. A sentença possui efeitos principais e secundários. Os principais decorrem de conteúdo existente na sentença quando o magistrado explicitar e formular pedido e os efeitos principais irão exprimir expressamente o conteúdo da sentença, como por exemplo os efeitos declaratórios, constitutivos, condenatórios. Direito Processual do Trabalho 48 Coisa Julgada Através de cláusula pétrea, o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e acabado e a coisa julgada. Sendo assim, após publicada, a sentença será irretratável, não podendo ser alterada ou revogada dentro do mesmo órgão jurisdicional que a declarou. A sentença poderá ser impugnada pelo vencido, sob alegação de vício de procedimento ou de ser errada ou injusta, até mesmo porque a Constituição Federal assegura o duplo grau de jurisdição. Nos ensina Leite (2019, p. 841) que: O fundamento da coisa julgada reside não na preocupação de valorar a sentença diante dos fatos (verdade) ou dos direitos (justiça), mas no imperativo de ordem prática, qual seja, o de não mais permitir que retornem à discussão questões já soberanamente decididas pelo Poder Judiciário. Em outros termos, o objeto da coisa julgada repousa na segurança das relações jurídicas e na pacificação dos conflitos, possibilitando, assim, a convivência social. IMPORTANTE: A sentença mesmo que possua os requisitos necessários para existir, se ficar impossibilitada de recurso, terá impossibilidade em seus efeitos. Direito Processual do Trabalho 49 RESUMINDO: Animados por estarmos finalizando nossa última unidade? Compreendeu todo o assunto? Vamos para a nossa última revisão? Podemos aprender neste capítulo sobre as sentenças trabalhistas, em que o juiz o responsável por conduzir o processo e praticar atos decisórios e não decisórios. Os atos decisórios são atos com teor de comando, já os não decisórios são atos do poder de polícia do magistrado ou possuem particularidades administrativas. Aprendemos ainda que pelos aspectos existentes na sentença, de conteúdo ou de finalidade, a sentença é um ato de inteligência e de vontade, sendo indispensável e imprescindível para o desfecho do litígio. A sentença é um ato que cria direito, declara o direito preexistente e cria jurisprudência, que é fonte de Direito. Vimos também a classificação das sentenças processuais em típicas e atípicas e as sentenças de mérito, bem como que para uma sentença ser considerada imutável deverá ter ocorrido todos os recursos possíveis, ou seja, a coisa julgada material, o trânsito em julgado. A sentença, como ato processual, pode ser visualizada em três planos distintos: existência, validade e eficácia. E por fim aprendemos que a sentença mesmo que possua os requisitos necessários para existir, se ficar impossibilitada de recurso, terá impossibilidade em seus efeitos. Direito Processual do Trabalho 50 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Brasil. Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943 alterada pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei federal 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Novo Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de março de 2015. BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro. CAVALCANTE, Jouberto de Q. Pessoa e NETO, Francisco F. Jorge. Direito Processual do Trabalho. 9ª Edição. São Paulo. Editora Atlas. 2019. JUNIOR, José Cairo. Curso de Direito Processual do Trabalho. 13ª Edição. São Paulo. Editora Juspodivm. 2019. LEITE, Carlos H Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 17ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva Educação. 2019. MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado artigo por artigo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 6ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva. 2019. RENZETTI, Rogério. Direito do Trabalho: Teoria e Questões Práticas. 5ª Edição. São Paulo. Editora Forense Ltda. 2018. Direito Processual do Trabalho Ações trabalhistas Classificação Peças processuais nas ações trabalhistas Petição Inicial Resposta do reclamado. Recursos trabalhistas Embargos Recurso ordinário Recurso de revista Agravo Sentença Trabalhista Atos Decisórios Atos não decisórios Coisa Julgadasubordinado o próprio interesse ao interesse de outrem. Dessa forma para solucionar os conflitos de interesse que na nossa sociedade surge a necessidade de ação, vamos estudar detalhadamente acerca das ações trabalhistas? Vamos!! A ação será a manifestação da vontade do indivíduo sobre determinado direito, ou seja, que seja concedida a prestação jurisdicional do Estado, visando a aplicação da lei. VOCÊ SABIA? As condições da ação determinadas pelo legislador brasileiro são o interesse processual e a legitimidade, ou seja, ausente qualquer uma dessas condições não haverá ação. Classificação As ações trabalhistas podem ser classificadas quanto ao provimento pedido pelo autor ou o tipo de tutela pleiteada no processo de conhecimento. Vamos aprender como funcionam? Em relação ao provimento pedido pelo autor, classificamos os processos em dois tipos: conhecimento e execução. • Conhecimento: A ação de conhecimento ocorre sempre que a parte afirma possuir determinado direito e formula sua pretensão com um pedido, buscando a solução positiva ou negativa, que será resolvido por sentença de procedência ou improcedência. As ações de conhecimento podem ser declaratórias, constitutivas e condenatórias. • Execução: Podem ser executivas em sentido estrito ou amplo. As ações executivas em sentido estrito serão as que a atividade jurisdicional estará restrita aos atos constritivos, ou seja, a satisfação das obrigações prevista em títulos executivos, seja Direito Processual do Trabalho 12 judiciais ou extrajudiciais, nessa situação não existirá fase cognitiva, apenas podendo surgir incidentalmente, através dos embargos do devedor. Já as ações executivas em sentido amplo, as ações executivas serão compostas por relação jurídica processual formada por fase cognitiva ou fase de conhecimento, além da fase executiva. Dessa forma no mesmo processo haverá prática de atos constritivos, a sentença será cognitiva ao mesmo tempo que será executória. Quais são os exemplos de ações executivas em sentido amplo que podemos citar? As ações reivindicatórias, de imissão de posse, de reintegração de posse, de dissolução e liquidação de sociedades. Está gostando das nossas novas descobertas? Eu espero que sim! Vamos avançar no conteúdo? Vamos!! Quanto ao tipo de tutela pleiteada para o processo de conhecimento, há na doutrina classificação acerca das sentenças proferidas, que podem ser: declaratórias, constitutivas ou condenatórias. • Declaratória: Serão utilizadas em casos de incerteza. Nesse tipo de ação, pede-se reconhecimento ou não de relação jurídica, autenticidade ou falsidade de determinado documento. A eficácia da sentença declaratória é instantânea, possui eficácia ex tunc, seus efeitos retroagem ao passado, porém sua certeza só será concretizada com o trânsito em julgado. • Condenatória: Esta é o tipo mais comum das ações de conhecimento, neste tipo de ação, pede-se o reconhecimento de determinado direito a uma obrigação, ou seja, há reconhecimento do direito e é determinado que o vencido o cumpra. A determinação de cumprir a sentença condenatória se fará em processo de execução, caso o vencido não cumpra espontaneamente. • Constitutiva: A ação constitutiva é limitada a declaração de um direito ou reconhecimento de fato que possa levar a constituir, modificar ou desconstituir determinada relação jurídica. A sua eficácia é ex nunc, sendo seus efeitos produzidos após o trânsito em julgado, não havendo projeção ao passado. Direito Processual do Trabalho 13 Peças processuais nas ações trabalhistas Devemos mencionar que as peças processuais utilizadas nas ações trabalhistas para a solução de conflitos e efetivação do direito, sendo assim, vamos aprender quais são as principais, para que servem e sua utilização no direito processual do trabalho? Vamos! Petição Inicial O cidadão é detentor do direito constitucional de invocar a prestação jurisdicional para dirimir conflitos de interesses, visando, assim, restaurar a paz e o equilíbrio nas relações sociais. Sabemos que a jurisdição é inerte e para que possa atuar, deverá o interessado procurar os meios adequados para a solução dos conflitos. O cidadão irá dirigir sua solicitação ao órgão competente do Poder Judiciário. Será necessário expor fundamentos jurídicos e os fatos da relação jurídica material que se converte no referido pedido, dessa forma, é obrigatório a formulação de petição inicial. A petição inicial será o meio material pelo qual o cidadão ativa a prestação jurisdicional expondo os fundamentos jurídicos e os fatos da relação jurídica material e especialmente o pedido da solução desejada através do Estado. Segundo disposto em Neto e Cavalcante (2019, p. 672): Para Humberto Theodoro Júnior, “o veículo da manifestação formal da demanda é a petição inicial que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio. Duas manifestações, portanto, o autor faz na petição inicial: (a) a demanda da tutela jurisdicional do Estado, que causará a instauração do processo, com a convocação do réu; (b) o pedido de uma providência contra o réu, que será objeto do julgamento final da sentença de mérito. Por isso mesmo, ‘petição inicial e sentença são os atos extremos do processo. Aquela determina o conteúdo desta. Sententia debet esse Direito Processual do Trabalho 14 libello conformis. Aquela, o ato mais importante da parte que reclama a tutela jurídica do juiz; esta, o ato mais importante do juiz, a entregar a prestação jurisdicional que lhe é dirigida”. No Direito do Trabalho e no Processo Trabalhista, a petição inicial será chamada de reclamação trabalhista ou reclamatória trabalhista. Como já vimos, o Processo do Trabalho é composto por três tipos de procedimento, que serão fixados em função do valor da causa, que são: o procedimento sumário (até dois salários mínimos); o procedimento sumaríssimo (de dois até 40 salários mínimos) ou o procedimento ordinário (acima de 40 salários mínimos). Na reclamação trabalhista o valor da causa será o critério obrigatório que fixará o procedimento a ser utilizado. Não poderá ser fixado o procedimento pelo critério material. Não podem fazer parte do procedimento sumaríssimo as demandas em que a administração pública for parte, conforme determina o art. 852- A, parágrafo único, CLT, vejamos: Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo. Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional. Há na reclamação trabalhista requisitos internos e externos, conforme a legislação, para que seja aceita. Vamos aprender sobre eles? • Requisitos Externos: A petição inicial pode ser escrita ou verbal. Poderá ser apresentada por empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus representantes, e pelos sindicatos de classe; por intermédio das Procuradorias Regionais do Trabalho. Em caso de petição inicial verbal, esta será distribuída antes de ser reduzida a termo, vejamos o que diz os artigos 786 e 731 da CLT: Art. 786. A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo. Direito Processual do Trabalho 15 Parágrafo único - Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731. Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perantea Justiça do Trabalho. (Grifo nosso) VOCÊ SABIA? Não é admitido forma verbal para inquérito para apuração de falta grave. A distribuição das reclamações trabalhistas será feita entre as varas do trabalho ou juízes de direito, quando investidos de jurisdição trabalhista. Após a distribuição a reclamação será remetida para vara ou juízo competente. Lembre que já estudamos as possibilidades em que os juízes de direito possuem jurisdição trabalhista, por exemplo em comarcas que não possuem varas do trabalho. Importante ressaltar que o CPC concede a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação, em caso de reclamatória trabalhista, essa opção não se aplica, tendo em vista que a audiência de conciliação é parte integrante do procedimento trabalhista, seja ele ordinário, sumaríssimo ou sumário. • Requisitos internos: Esses requisitos são exigidos para reclamação trabalhista escrita ou verbal. Quando se tratar de reclamação trabalhista escrita, serão exigidos: a designação da vara do trabalho ou do juiz de direito, a quem for dirigida; a qualificação do reclamante e do reclamado; uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio (causa de pedir); o pedido certo, Direito Processual do Trabalho 16 determinado e com a indicação de seu valor; a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. Quando se tratar de reclamação trabalhista verbal será necessário que ao reduzir a termo, seja feito em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou chefe da Secretaria. A diferença básica entre o processo civil e o processo do trabalho em relação a petição inicial será a opção dada ao autor no processo civil a respeito da audiência de conciliação, que no processo do trabalho é obrigatória por fazer parte do procedimento e o requerimento de provas que se pretende produzir, tendo em vista que no processo do trabalho, o empregador é detentor de documentos que servirão como prova e quando houver documentos necessários ao processo, deverá o reclamante pedir a exibição dos documentos, como por exemplo o controle de frequência. VOCÊ SABIA? A reclamação trabalhista deverá estar acompanhada dos documentos necessários à sua propositura, sob pena de inépcia. Por exemplo, quando o autor requerer diferença salarial por norma coletiva de categoria, deverá anexar a inicial a norma coletiva. Com o processo eletrônico, passou a existir padronização para o uso do PJe, as partes ou terceiro interessados que não sejam assistidos por advogados, poderão apresentar peças processuais e documentos em papel nos locais competentes para recebê-los e ficará a cargo da unidade judiciária competente inserir tais documentos nos autos, sob a forma de arquivo eletrônico. A única forma de peticionamento avulso, será para solicitar habilitação nos autos, somente poderá ser utilizada por advogados que ainda não tenham representação nos autos e só em seguida que poderá juntar documentos. É na distribuição da reclamação trabalhista que o PJe informará o número do processo, o órgão julgador para o qual foi distribuído e, se for o caso, o local, a data e o horário de realização da audiência, da qual estará a parte autora imediatamente intimada. Direito Processual do Trabalho 17 Não há necessidade de se preocupar com possíveis erros do sistema, após ingressar com a reclamação trabalhista, tendo em vista que os dados da autuação automática serão conferidos pela unidade judiciária, que irá proceder com a determinação do magistrado e registro no PJe e a intimação da parte. O reclamante, que é como chamamos o autor no processo do trabalho, possui prazo de 15 dias para retificar qualquer dado na reclamação trabalhista, sob pena de aplicação do art. 321, parágrafo único, CPC, vejamos: O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. É permitido as partes atribuir segredo de justiça ao processo ou sigilo à contestação, reconvenção, exceção, petições incidentais e aos documentos, desde que justificados e fundamentados nas hipóteses previstas em lei. E caberá ao magistrado determinar exclusão de petições ou documentos protocolados indevidamente sob sigilo. Poderá ocorrer o indeferimento da reclamação trabalhista quando ocorrer as hipóteses previstas no artigo 330, I a IV, CPC, vejamos: A petição inicial será indeferida quando: I - For inepta; II - A parte for manifestamente ilegítima; III- O autor carecer de interesse processual; IV - Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. Direito Processual do Trabalho 18 No processo civil, o magistrado só dará prosseguimento com a citação do réu quando a petição inicial for deferida. Já no processo do trabalho, a citação é automática, e geralmente o magistrado só tem conhecimento do conteúdo da reclamação trabalhista quando ocorre a audiência. Sendo assim, caso o magistrado tome conhecimento dos motivos para seu indeferimento, poderá determiná-lo, desde que conceda à outra parte prazo para defesa. A petição inicial é considerada inepta sempre que atender ao que determina o artigo 330, § 1º, I a IV, CPC, vejamos: Art. 330 § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - Da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - Contiver pedidos incompatíveis entre si. IMPORTANTE: A CLT prevê que se o pedido não for líquido, as pretensões serão julgadas extintas. Poderá ser declarada a inépcia da reclamação trabalhista apenas quando o magistrado conceder à parte o prazo de quinze dias para a respectiva emenda. Direito Processual do Trabalho 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Você pode descobrir o que são as ações trabalhistas. Aprendemos que que o ser humano é detentor de necessidades alimentares, de lazer, educação e outras. Aprendemos também que a necessidade é a falta de algo, a necessidade do ser humano em relação a sua dependência com bens da vida. Vimos ainda que existem infinitas necessidades e bens escassos, levando os indivíduos aos conflitos de interesses, que são impossíveis de evitar em qualquer sociedade, fato que gera inúmeras regras de conduta, ou seja, a constituição e todo o sistema normativo, buscando a manter a ordem social e na busca de solucionar os conflitos de interesse surge a necessidade de ação, que se manifestará da vontade do indivíduo sobre determinado direito, ou seja, que seja concedida a prestação jurisdicional do Estado, visando a aplicação da lei. Identificamos que as ações trabalhistas se classificam de acordo com tipo de pedido do autor, podendo ser ação de conhecimento, execução, declaratória ou constitutiva. Aprendemos um pouco sobre as peças processuais trabalhistas, em especial a reclamatória trabalhista, que é a petição inicial do direito processual do trabalho. Vamos juntos aprender mais sobre as peças trabalhistas no próximo capítulo? Direito Processual do Trabalho 20 Resposta do reclamado. OBJETIVO: Neste capítulo poderemos discutir de que forma o reclamado se manifesta no processo do trabalho, qual a peça processual, sua importância e de que forma são utilizadas na solução dos conflitos e em que momento processual devem ser utilizadas. Prontos? Vamos!! Aprendemos que a ação trabalhista se inicia com a petição inicial, que no direito do trabalho é chamada de reclamação trabalhista. Em uma breve revisão, devemos lembrar que a petição inicial será o meio material peloqual o cidadão ativa a prestação jurisdicional expondo os fundamentos jurídicos e os fatos da relação jurídica material e especialmente o pedido da solução desejada através do Estado. O procedimento utilizado para ajuizar a reclamação trabalhista será determinado em função do valor da causa, que são: o procedimento sumário (até dois salários mínimos); o procedimento sumaríssimo (de dois até 40 salários mínimos) ou o procedimento ordinário (acima de 40 salários mínimos). Lembra de tudo que estudamos há pouco? Alguma dúvida? Vamos juntos avançar no nosso conteúdo? Vamos! Compreendemos que há o direito de ação, que determinada pessoa precisa provocar o judiciário para resolver os conflitos e restaurar a paz, dito isto, sabemos que o direito de defesa é um desdobramento do direito de ação. Conforme podemos aprender em Neto e Cavalcante (2019, p. 707): Direito de defesa é o direito garantido constitucionalmente a qualquer pessoa de utilizar os meios legais para defender sua pessoa e seus bens contra qualquer pessoa ou ataques sofridos, pois ninguém pode ser condenado sem antes ser ouvido, e, além disso, nenhuma ameaça ou lesão a direito subjetivo pode ser excluída da apreciação do Poder Judiciário. Direito Processual do Trabalho 21 O detentor do direito de defesa será o réu, no direito processual do trabalho, o réu é chamado de reclamado. A ele caberá resistir a pretensão e ao direito do reclamante. No processo civil, o réu possui 15 dias para apresentar contestação, que pode se iniciar da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu; da data de juntada aos autos do aviso de recebimento ou do mandado cumprido nos demais casos. Já no processo do trabalho, independente do procedimento, a resposta da reclamada será feita oralmente em audiência, no prazo de 20 minutos, após frustração na tentativa de conciliação, porém na prática essa resposta é feita por escrito acompanhada das provas documentais necessárias. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. Há recomendação de que ao exercer a defesa, o reclamado faça abordagem das questões processuais e de mérito em ordem lógica, aprendemos em Neto e Cavalcante (2019, p. 708), vejamos: (a) inexistência ou nulidade de citação; (b) pressupostos processuais subjetivos – 1) relativos ao juiz: imparcialidade (impedimento e suspeição) e a competência (absoluta ou relativa); 2) relativos às partes (autor): capacidade de ser parte, capacidade processual e a capacidade de postular em juízo; (c) pressupostos processuais objetivos – 1) intrínsecos à relação processual (subordinação do procedimento às normas legais). Nessa parte entra a inépcia da inicial: falta do pedido ou de causa de pedir; pedido indeterminado, ressalvas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; falta de lógica entre a narração dos fatos e a conclusão e pedidos incompatíveis entre si; 2) extrínsecos à relação processual: falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; coisa julgada; litispendência; perempção e o compromisso arbitral; (d) condições da ação (carência de ação) Direito Processual do Trabalho 22 – interesse de agir; legitimidade ad causam; (e) preliminares ou prejudiciais de mérito – prescrição, decadência, compensação e retenção; (f) defesa de mérito – 1) direta: impugnação ao fato constitutivo do direito do autor; 2) indireta: reconhecimento do fato constitutivo, mas oposição de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do pedido do autor. A resposta do reclamado deverá ser articulada em três peças básicas: exceção, contestação e reconvenção. Vamos estudar em que momento e de que forma cada uma delas deverá ser usada? Vamos!! • Exceção: É um tipo de resposta do réu, utilizada junto com a contestação e a reconvenção, aplicada nos casos em que o sujeito passivo da demanda deseje alegar incompetência relativa, impedimento ou suspeição. No processo do trabalho também discutiremos a incompetência territorial em exceção. Se a exceção for rejeitada, o processo terá seu andamento normal, em caso da sua procedência nas varas do trabalho e nos tribunais regionais, será logo convocado, para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro impedido ou suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira caso o juiz se declare suspeito ou impedido. Quando houver suspeição ou impedimento do juiz de direito quando estiver exercendo a competência trabalhista, haverá a substituição na forma da organização judiciária local, sendo assim ao ter conhecimento do reconhecimento do impedimento ou suspeição, o juiz determinará que sejam os autos remetidos ao seu substituto legal. Caso contrário, dentro de quinze dias dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal. VOCÊ SABIA? Por ser uma decisão interlocutória, não caberá recurso das decisões das exceções de impedimento ou suspeição. Direito Processual do Trabalho 23 • Contestação: Será a defesa do reclamado, peça processual em que o réu deverá apresentar todos os argumentos e alegações em sua defesa, exceto as exceções de incompetência relativa, suspeição e impedimento, as quais devem ser apresentadas em separado. Ao elaborar a contestação, o reclamado deverá inicialmente arguir acerca das questões processuais e das prejudiciais de mérito, após, irá o reclamado deverá impugnar, especificadamente, as razões de fato e de direito invocadas pelo autor. É através do princípio da eventualidade que na contestação o réu irá apresentar de uma só vez tudo que constar em matéria processual e que necessite defesa e toda manifestação necessária acerca de relações constantes na reclamação trabalhista, tendo em vista que tudo que não for impugnado, será presumido como verdadeiro. Vejamos os artigos 336 e 341 CPC: Art. 336: Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 341: Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. (Grifo nosso) É importante ressaltar que a Contestação deverá observar os princípios da eventualidade e da contestação específica. O primeiro determina que o reclamado tem o ônus da exposição de todas as razões de fato e de direito que pretende impugnar os pedidos do autor, bem como deverá especificar as provas necessárias para a demonstração dos fatos alegados. Já o segundo determina ser dever do reclamado Direito Processual do Trabalho 24 manifestar-se de forma objetiva e concreta aos fatos alegados na inicial, sob pena de serem considerados verdadeiros. Os fatos não impugnados apenas não serão considerados verdadeiros nos casos em que não for admissível a confissão ou que a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato ou quando estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. A regra da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Não podemos esquecer que após a contestação só será permitido fazer novas alegações quando forem relativas a direito ou fato superveniente ou quando competir ao juiz conhecer delas de ofícioou por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. • Reconvenção: Ocorre reconvenção quando o réu propõe ação contra o autor dentro da ação que está sendo demandado. Na reconvenção chamamos o autor de réu-reconvinte e o réu de autor-reconvindo. Neto e Cavalcante (2019, p. 729) nos ensina que em um único processo trabalhista, duas demandas poderão ser solucionadas como forma e medida de celeridade processual, desde que: A reconvenção tenha conexão com o fundamento da inicial ou da contestação; a retenção e a compensação são institutos de direito material, os quais são insuficientes para elidir a aplicação subsidiária da reconvenção no processo trabalhista. Assevere-se que a reconvenção é um instituto de natureza processual, o qual propicia a efetividade do processo, como instrumento de solução dos conflitos de interesses; não se nega o caráter alimentar do salário, contudo, o Direito do Trabalho não se resume a essa parcela. A ordem jurídico- trabalhista possui dispositivos de várias naturezas, regulando não só o salário, como o trabalho do menor, da mulher, a jornada de trabalho, as diversas modalidades de extinção do Direito Processual do Trabalho 25 contrato individual de trabalho etc. Em algumas situações, apesar do caráter alimentar do salário, a própria lei admite uma série de descontos. IMPORTANTE: Não há na legislação trabalhista determinações acerca da reconvenção, razão pela qual aplica-se subsidiariamente o processo civil, sempre que as regras sejam compatíveis com o procedimento trabalhista. O reclamado poderá reconvir no mesmo processo sempre que a reconvenção possuir conexão com a ação principal ou possuir fundamento de defesa. A reconvenção não se trata de uma peça processual específica, ocorrendo dentro da peça de contestação. Mesmo diante de ausência de contestação, poderá o réu reconvir na audiência, desde que a reconvenção tenha conexão com a ação. A exemplo podemos mencionar o fato do empregador não contestar pedido feito na reclamatória trabalhista sobre as verbas rescisórias pela dispensa imotivada do empregado, e este pode propor um pedido reconvencional pleiteando a condenação do autor-reconvindo em pagamentos decorrente de dano por prática de ato culposo ou doloso. É comum observarmos que os réus solicitem compensação de valores pagos em função de títulos requeridos pelos reclamantes nos processos trabalhistas. Essa compensação será requerida no momento adequado, ou seja, quando o crédito do autor for igual ou superior ao do réu. Entretanto, há situações que o crédito do réu é superior, não podendo esse excedente ser assunto de matéria de defesa. Só poderá ser arguido através de reconvenção, em que o magistrado reconhecerá valor pago excedente, condenando o empregado a diferença. Não podemos deixar de mencionar que não existe contrariedade acerca de reconvenção em caso de litisconsórcio ativo ou passivo inicial ou posterior desde que o reconvinte o faça em caráter pessoal, sempre que observados os requisitos presentes no artigo 343, § 5º, NCPC, vejamos: Direito Processual do Trabalho 26 Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. § 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. VOCÊ SABIA? Em caso de ação de cumprimento quando o sindicato for substituto processual, mesmo que atue em nome próprio, mas busque interesses dos substituídos, dessa forma a formulação de reconvenção pelo réu será incabível. Na execução da dívida ativa não se admite a reconvenção, a compensação e as exceções, com exceção das de suspeição, incompetência e impedimentos, que deverão ser arguidas como matéria preliminar, com o processamento e respectivo julgamento com os embargos. • Prazo para resposta: Em relação a resposta para reclamação trabalhista não existe prazo fixo determinado, porém a CLT determina que seja observado prazo mínimo de cinco dias entre a data do recebimento da citação e a audiência. A inobservância do referido prazo não desobriga o reclamado de comparecer em audiência, momento em que deverá se fazer presente e arguir nulidade, exigindo nova data e que seja respeitado o prazo de cinco dias. Caso o reclamado devidamente intimado não compareça a audiência será considerado revel e confesso quanto a matéria de fato. Devemos observar que de acordo com o procedimento trabalhista, deverá a defesa ser apresentada na audiência. Quando se tratar de PJe, a defesa poderá ser apresentada até a audiência. Em caso de exceção de incompetência territorial, deverá ser apresentada no prazo de cinco dias do recebimento do mandado de citação. Direito Processual do Trabalho 27 • Resposta, Revelia e confissão quanto à matéria de fato na resposta do reclamado. A resposta do reclamado é um ônus proveniente do direito de ampla defesa, não uma obrigação. Ocorre revelia por omissão do reclamado ao não contestar a ação, tendo em vista que compete ao réu impugnar, especificamente, as razões de fato e de direito narradas na exordial, vejamos o que determina o artigo 336 CPC: Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Ao omitir-se em contestar e cair em revelia, o réu poderá sofrer as consequências advindas do princípio da eventualidade, que irá determinar que seja considerada verdadeiras as alegações apresentadas na inicial. Cumpre ressaltar que há hipóteses em que não poderá ser considerada revelia no processo, elencadas n o artigo 844, § 4° da CLT, vejamos na íntegra: O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato. § 4° A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se: I - Havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; II - O litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV - As alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. Direito Processual do Trabalho 28 De forma alguma podemos confundir à revelia com a confissão, à revelia se dá por ausência de defesa do reclamado, sendo então uma situação jurídica. Enquanto isso, a confissão é a consequência que provém dessa situação. A confissão também ocorre se a parte não comparecer para prestar depoimento pessoal, observados os requisitos jurisprudenciais. Apesar de existirem julgados que entendam ser à revelia inaplicável ao Poder Público, fundamentando que o conflito verse sobre direitos indisponíveis, entendemos que esse direito viola a lei e a natureza alimentar do crédito trabalhista. RESUMINDO: Compreendeu tudo? Ficou alguma dúvida? Vamos para mais uma revisão!! Aprendemos que o detentor do direito de defesa será o réu, no direito processual do trabalho, o réu é chamado de reclamado. A ele caberá resistir a pretensão e ao direito do reclamante. Vimos também que no processo do trabalho, independente do procedimento, a resposta da reclamada será feita oralmente em audiência, no prazo de 20 minutos, após frustração na tentativa de conciliação, porém na prática essa resposta é feita por escrito acompanhada das provas documentais necessárias. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. Identificamos que a resposta do reclamado deverá ser articulada em três peçasbásicas: exceção, contestação e reconvenção. Não podemos esquecer que a resposta do reclamado é um ônus proveniente do direito de ampla defesa, não uma obrigação e que há casos em que ocorre revelia por omissão do reclamado ao não contestar a ação, tendo em vista que compete ao réu impugnar, especificamente, as razões de fato e de direito narradas na exordial. Direito Processual do Trabalho 29 Recursos trabalhistas OBJETIVO: Neste capítulo estudaremos os recursos processuais trabalhistas. Iremos identificar qual recurso usar no momento processual oportuno para melhor defender o direito material trabalhista na lide processual. Espero que você se surpreenda e não fique com nenhuma dúvida ao final. Preparados?? Vamos lá!! O recurso provém do latim “re + cursus”, significando a volta e repetição, o retorno. No meio jurídico, ou seja, no processo, o recurso é a forma pela qual a parte que foi vencida poderá provocar revisão da decisão desfavorável, buscando seu esclarecimento ou integrar a decisão judicial impugnada ou sua reforma ou sua invalidação. Podemos aprender em Leite (2019, p. 880) que: Recurso, como espécie de remédio processual, é um direito assegurado por lei para que a parte, o terceiro juridicamente interessado ou o Ministério Público possam provocar o reexame da decisão proferida na mesma relação jurídica processual, retardando, assim, a formação da coisa julgada. Desta forma, o recurso é um direito que é exercido por existir interesse jurídico por parte daquele que recorre. O ato de recorrer é um ônus processual, tendo em vista que seu não exercício acarretará que a decisão não seja reexaminada e a decisão transitará em julgado. A fundamentação do recurso pode se dar por duas razões, as jurídicas ou as psicológicas. Vamos juntos aprender essas hipóteses? Vamos!! • Interesse jurídico: Decorre de possível erro, ignorância ou má- fé do juiz ao julgar, gerando assim a oportunidade de reexame da decisão, que acarretará na uniformização da interpretação da legislação. Direito Processual do Trabalho 30 • Interesse psicológico: Decorre da tendência humana em não se conformar com determinada decisão, gerando a possibilidade da reforma da decisão em um julgamento injusto. Não podemos esquecer que o recurso será interposto e analisado dentro da mesma relação jurídica processual proveniente da decisão judicial a que se pretende reformar. O recurso deverá possuir os requisitos de admissibilidade para que sejam aceitos, são eles: • Requisitos subjetivos ou intrínsecos: Legitimidade, capacidade ou interesse de agir, que correspondem ao recorrente. • Requisitos objetivos ou extrínsecos: Previsão legal, adequação, tempestividade e preparo, que correspondem ao recurso em si. Em face de recurso, podem ser alegadas as questões que versem sobre a nulidade em face do julgado, a exemplo do cerceamento do direito de defesa, as decisões interlocutórias, decorrentes do erro no procedimento. Ou ainda o objetivo mais usual, que é a reforma parcial ou total da decisão impugnada, sempre respeitando que é incabível a reforma do julgado além do efetivamente solicitado pelo recorrente. Como já vimos, o recurso decorre do direito de ação, devendo ser interposto na mesma relação jurídica processual, desde que obedeçam aos pressupostos de admissibilidade para satisfazer a necessidade do homem quanto ao reexame de decisão que lhe deu prejuízo, e como garantia da segurança nas decisões judiciais. Para tanto, deverá a parte tomar a iniciativa apresentando o seu recurso, tendo em vista que com seu silêncio, se sujeitará ao efeito da coisa julgada da decisão. Existe um rol taxativo dos recursos admissíveis contra as decisões no judiciário trabalhista, vejamos o que diz a CLT: Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I – Embargos; II – Recurso ordinário; III – Recurso de revista; IV – Agravo. Direito Processual do Trabalho 31 O referido artigo nos permite visualizar que são quatro os recursos existentes no processo do trabalho, além de elencar os recursos o referido artigo nos deixa outros ensinamentos, vejamos: Art. 893. § 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. § 2º A interposição de recurso para o Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do julgado Inicialmente devemos destacar que os prazos de recursos trabalhista costumeiramente são de oito dias, sua exceção é que seja de cinco dias. Os prazos serão contados em dias úteis. Os recursos devem ser interpostos em simples petição, como determina o artigo 899 da CLT, caput, observe: Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. Por simples petição devemos compreender que é a melhor forma de haver compatibilidade entre a exigência do jus postulandi pessoal do trabalhador da justiça do trabalho, que atenderá os pressupostos exigidos, como tempestividade e preparo, mesmo que seja mal elaborada. Ainda que simples, o recurso deverá atender ao que demanda o artigo 1010 do CPC, que será usada analogicamente no apelo à instância superior, in verbis: Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I − os nomes e a qualificação das partes; II − a exposição do fato e do direito; III − as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV − o pedido de nova decisão. Direito Processual do Trabalho 32 Dessa forma, aprendemos que a petição de recurso pode ser simples, porém deverá possuir um mínimo de formalidade, até porque sem o devido ataque a decisão recorrida não haveria possibilidade de um adequado exercício do contraditório. Ficou curioso para conhecer todas as espécies de recursos trabalhistas? Vamos estudar os que são considerados principais e para aprender detalhadamente esses recursos do direito processual do trabalho? Vamos!! Embargos • Embargos de Declaração: A função jurisdicional precisa ser justa, clara e completa, quando deixa de atender algum desses pressupostos, surge os embargos de declaração para requerer que a decisão seja esclarecida, completa ou aperfeiçoada. Podemos aprender em Neto e Cavalcante (2019, p. 997) que: O recurso de embargos de declaração constitui o meio específico que a lei põe ao alcance das partes sempre que desejarem obter do órgão jurisdicional uma declaração com o objetivo de escoimar a sentença ou o acórdão de certa falha de expressão formal que alegam existir. A essência dos embargos declaratórios é adequar a decisão à realidade dos autos. O fim específico desse instituto é propiciar às partes junto ao órgão jurisdicional uma declaração com o objetivo de elucidar obscuridade, contradição ou omissão. VOCÊ SABIA? O embargo de declaração encontra-se na CLT no Capítulo VI do Título X, que é destinado aos recursos, no artigo 897- A, mesmo que não esteja explicitamente no rol do artigo 893 da CLT. Os embargos de declaração poderão ser usados quando a decisão judicial for obscura ou contraditória, omissa em determinado ponto que Direito Processual do Trabalho 33 deveria se pronunciar ou apresentar erro material. Vamos exemplificar cada uma dessas situações para melhor compreender? Vamos! A obscuridade ocorre quando o julgado não fica claro, deixando à parte impossibilitada de interpretar a decisão, sendo assim, a sentença precisa ser clara e objetiva. A contradição acontece quando há na sentença preposições que não se conciliam, não possuindo a clareza que se faz necessária em todos os julgados, gerando dúvida acerca da decisão. Podemos exemplificar com uma sentença que determinasse o pagamento de horas extras, mas em seguida houvesse afirmação que estas nãoseriam devidas. A omissão se fará presente quando houver esquecimento, quando o magistrado se omitir, não fizer ou esquecer, ou seja, o juiz não apreciou determinado pedido ou não aprecia determinado argumento suscitado pelas partes ou não observar alguma formalidade determinada em lei, como as custas, por exemplo, ou ainda quando não fizer a diminuição do valor da condenação fixado na sentença recorrida, diante do acolhimento do recurso ordinário patronal, que exclui títulos deferidos ao trabalhador. Para a caracterização da omissão é necessário que o pedido não analisado esteja inserido na defesa ou na inicial, abrangendo também pedidos implícitos, tais como verba honorária, juros e correção monetária. Vejamos o que nos ensina Neto e Cavalcante (2019. P 1000): Na nova sistemática processual civil, considera-se omissa a decisão que: (a) deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; (b) se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (c) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (d) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (e) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (f) se limitar a invocar precedente ou enunciado Direito Processual do Trabalho 34 de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (g) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento (distinguishing) ou a superação do entendimento(overruling). Os embargos de declaração ao serem aceitos e declarados não irão substituir a decisão anterior, mas irão integrá-la, fazendo o complemento da prestação jurisdicional. O prazo para a interposição dos embargos declaratórios é de cinco dias a contar da ciência da decisão, não estando sujeitos a preparo. Haverá prazo em dobro para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público. Caso não seja ofertado embargo de declaração, haverá preclusão. Os embargos declaratórios tempestivos irão interromper prazo para interpor outros recursos ou para que sejam realizados outros atos judiciais, todavia, se forem intempestivos, não irão gerar essa suspensão. É importante mencionar que for constatado que o embargante interpôs embargos declaratórios com a intenção de protelar o processo, o magistrado irá determinar que o embargante pague uma multa à embargada multa não excedente a 2% o valor atualizado da causa. Caso haja reiteração de embargos protelatórios, a multa pode ser elevada até 10% do valor atualizado da causa e qualquer outro recurso que possa ser interposto, ficará condicionado ao depósito da referida multa. • Embargos de divergência: São cabíveis quando o acórdão divergir do julgamento de Turma ou Plenário. Será cabível apenas quando ambos os acórdãos tiverem julgado o mérito ou se um dos acórdãos não tiver sido admitido, mas houver apreciado a controvérsia. O prazo para interposição dos embargos de divergência é de 15 dias. • Embargos de nulidade: Serão opostos contra as decisões dos Tribunais de 2º grau. Apenas quando a decisão for desfavorável ao réu, por maioria, jamais se a decisão for desfavorável por Direito Processual do Trabalho 35 unanimidade! Poderão ser opostos dentro de 10 dias, a contar da publicação de acórdão. • Embargos infringentes: Possui as mesmas características do recurso ordinário e é cabível contra decisões não unânimes proferidas em dissídio originalmente julgados pelo mesmo órgão do TST. O prazo para sua interposição é de oito dias. Recurso ordinário O recurso ordinário será cabível para a instância superior das decisões definitivas e terminativas, previsto no artigo 895 da CLT, vejamos: Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - Das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e. II - Das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. § 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: II - Será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; IV - Terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. Direito Processual do Trabalho 36 § 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. O recurso ordinário será cabível sempre que a decisão homologar parcialmente ou não realizar a homologação de acordo judicial ou extrajudicial que foi celebrado entre as partes. Também será cabível contra decisão interlocutória terminativa da competência material trabalhista e contra a decisão interlocutória que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado ou mesmo que acolhe preliminar de incompetência material da Justiça do Trabalho. Será possível também para se questionar a decisão interlocutória impugnada oportunamente pela parte prejudicada. IMPORTANTE: Não será cabível recurso ordinário contra decisão em agravo regimental interposto em reclamação correicional ou em pedido de providência. O prazo para a interposição do recurso ordinário é de oito dias, com início a partir do momento em que houve a regular intimação da decisão, ou seja, no primeiro dia útil subsequente à intimação da decisão. Não esqueça que os prazos são contados em dias úteis e também se encerra em dia útil. Recurso de revista Aprendemos que caberá o recurso de revista para uma das turmas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT). Direito Processual do Trabalho 37 Neto e Cavalcante (2019, p. 1048 - 1049) elenca as hipóteses de cabimento, vejamos: a) conhecimento: (1) a decisão recorrida dá ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro tribunal regional, no seu pleno ou turma, ou a Seção de Dissídios Individuais (SDI), ou a Súmula de jurisprudência uniforme do TST ou Súmula Vinculante do STF (...) (2) o acórdão recorrido dá a idêntico dispositivo de norma jurídica (lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial) de observância obrigatória, em área territorial que exceda a jurisdição do tribunal regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente da que houver sido dada por outro tribunal regional do trabalho (pleno ou turma), ou a SDI, ou a Súmula ou OJ do TST ou Súmula Vinculante do STF; (3) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à CF; (4) a decisão recorrida violar súmula ou tese jurídica prevalecenteno TRT (não conflitante com súmula ou orientação jurisprudencial do TST); b) execução: (1) a decisão recorrida contiver ofensa direta e literal de norma da CF; (2) nas hipóteses de execuções fiscais e nas controvérsias relacionadas com a certidão negativa de débitos trabalhistas (CNDT), por violação da lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à CF. (Grifo nosso). Dessa forma podemos concluir que há duas hipóteses para se aplicar o recurso de revista, a primeira quando houver interpretação divergente e a segunda quando houver violação de norma jurídica. O prazo para interposição de recurso de revista é de oito dias contados a partir da ciência do acórdão. Possuem prazo em dobro União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais e municipais que não explorem atividades econômicas, o Ministério Público ou quando existir litisconsórcio passivo, com procuradores distintos, desde que incompatível ao processo do trabalho. Direito Processual do Trabalho 38 Agravo Sabemos que nos dias atuais há vários recursos que são chamados de agravo, cabendo a nós explanar sua diferença. São eles o agravo interno, agravo de petição e o agravo de instrumento. Agravo interno: Será interposto para o Órgão Especial do TST quanto às decisões proferidas nas correições parciais pelo Corregedor- Geral da Justiça do Trabalho. Está previsto nos artigos 265 e 266 do regimento interno do TST, vejamos: Art. 265 Cabe agravo interno contra decisão dos Presidentes do Tribunal e das Turmas, do Vice-Presidente, do Corregedor- Geral da Justiça do Trabalho ou de relator, nos termos da legislação processual, no prazo de 8 (oito) dias úteis, pela parte que se considerar prejudicada. Art. 266. O agravo interno será concluso ao prolator da decisão monocrática, que, após intimar o agravado para manifestar- se sobre o recurso no prazo de 8 (oito) dias úteis, poderá reconsiderá-lo ou determinar sua inclusão em pauta visando apreciação do Colegiado competente para o julgamento da ação ou do recurso em que exarada a decisão, com exceção daquele interposto contra a decisão do Presidente de Turma que denegar seguimento a embargos à Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais, que será diretamente distribuído entre os demais integrantes desta Subseção. O prazo para interpor agravo interno dependerá do regimento interno do TRT, que poderá ser de cinco ou de oito dias. • Agravo de petição: É um recurso específico do direito processual do trabalho, que pode ser interposto contra as decisões do juiz de execução. O prazo para interpor agravo de petição é de oito dias, porém a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias, fundações de direito público e o Ministério Público e o INSS têm prazo em dobro. Direito Processual do Trabalho 39 O agravo de petição deixou de fazer parte do processo civil com o CPC de 1973. • Agravo de instrumento: Possui um rol extenso de possibilidades e está previsto no artigo 1015 do CPC e para o direito do trabalho está previsto no art. 897, b, § 2º, § 4º, § 5º, § 6º e § 7º, CLT. No processo civil, o agravo de instrumento serve para impugnar as decisões interlocutórias, o que não se aplica no processo do trabalho, onde prepondera o princípio da irrecorribilidade de imediato quanto às decisões interlocutórias. Dessa forma o agravo de instrumento será o recurso para se opor apenas contra ato denegatório quanto ao seguimento de recurso, discutindo-se o mérito ao examinar o ato judicial que indeferiu o processamento do recurso. Quando buscar a impugnação quanto as decisões interlocutórias no processo do trabalho ou contra decisão que não admite os recursos extraordinário e especial, o prazo para interpor agravo de instrumento é de 15 dias. E aí? Conseguiu compreender todo o assunto? Vamos fazer uma breve revisão? RESUMINDO: Gostou de conhecer os recursos trabalhistas? Extensos e cheia de detalhes, não é? Inicialmente aprendemos que o recurso provém do latim “re + cursus”, significando a volta e repetição, o retorno. No meio jurídico, ou seja, no processo, o recurso é a forma pela qual a parte que foi vencida poderá provocar revisão da decisão desfavorável, buscando seu esclarecimento ou integrar a decisão judicial impugnada ou sua reforma ou sua invalidação. Aprendemos também que a fundamentação do recurso pode se dar por duas razões, as jurídicas ou as psicológicas. E que o recurso possui requisitos de admissibilidade para que sejam aceitos, podendo ser requisitos subjetivos ou objetivos. Aprendemos que os recursos podem ocorrer na forma de embargos, recurso ordinário, recurso de revista ou agravo e estudamos cada um deles! Direito Processual do Trabalho 40 Sentença Trabalhista OBJETIVO: Estamos chegando ao final da nossa última unidade! Espero que tenham gostado e feito muitas descobertas, aprendendo e desenvolvendo cada uma das competências!! Neste capítulo poderemos debater sobre a sentença no judiciário trabalhista. Vamos juntos para a última competência desta unidade? Vamos juntos!! Inicialmente precisamos destacar que é o juiz o responsável por conduzir o processo e praticar atos decisórios e não decisórios. Os atos decisórios são atos com teor de comando, já os não decisórios são atos do poder de polícia do magistrado ou possuem particularidades administrativas. Figura 1 – Sentença Fonte: Freepik Vamos estudar junto as especificidades dos atos do juiz? Aprender a diferença entre os atos decisórios e os não decisórios? Vamos!! Direito Processual do Trabalho 41 Atos Decisórios Os atos decisórios são divididos em atos decisórios propriamente ditos e atos executivos, sempre de acordo com a natureza do processo. Neto e Cavalcante (2019, p.862) define bem as duas espécies de atos decisórios: Atos decisórios propriamente ditos; e (b) atos executivos. Nos primeiros, visa-se preparar ou obter a declaração da vontade concreta da lei frente ao caso sub judice nos atos executivos, procura-se a realização efetiva da mesma vontade, através de providências concretas sobre o patrimônio do devedor, para satisfação do direito do credor (atos, por exemplo, que ordenam a penhora, a arrematação, à adjudicação etc.). Quando, no entanto, se faz a confrontação dos atos do juiz com os atos das partes no processo, aqueles, mesmo quando se referem ao processo executivo, ‘são, regra geral, provisões, ordens, determinações, decisões’, logo, ‘atos decisórios’ em sentido lato. Assim, é perfeitamente válida a afirmação de Amaral Santos de que ‘as atividades do juiz, no desenvolvimento da relação processual, se manifestam especialmente por meio de atos decisórios – despachos e sentenças. Sabemos que os atos propriamente ditos do magistrado são finais ou interlocutórios. As decisões interlocutórias são proferidas no decorrer do processo e podem ser despachos ordinatórios, como ordenar a citação, deferir a juntada de uma contestação ou decisões que resolvem questões processuais e que não finalizam o processo, como as que repelem a exceção de coisa julgada, de litispendência, de ilegitimidade de parte. Entretanto, já as decisões finais, são as que finalizam o processo e esgotam a atividade jurisdicional, podem ser terminativas ou definitivas. As decisões terminativas irão resolver o processo sem solucionar o mérito, como as que acolhem as exceções de coisa julgada e de litispendência, vejamos o artigo 485 do CPC, in verbis: Direito Processual do Trabalho 42 O juiz não resolverá o mérito quando: I - Indeferir a petição inicial; II - O processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válidoe regular do processo; V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - Em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - Nos demais casos prescritos neste Código. Já as decisões definitivas irão resolver o processo com resolução do mérito, ou seja, irão acolher ou rejeitar aquilo que foi pretendido em petição inicial. A decisão do mérito contém a solução da situação jurídica material do conflito em juízo. VOCÊ SABIA? O julgamento colegiado proferido pelos tribunais recebe a denominação de acórdão. Para ser válido no processo do trabalho, as sentenças deverão conter o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão; quando Direito Processual do Trabalho 43 a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento; a decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte vencida; a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso, conforme art. 832, §§ 1º a 3º, CLT. IMPORTANTE: Não se faz necessário o magistrado fazer relatório para o procedimento sumaríssimo, tendo em vista que fica implícito na formulação da fundamentação da sentença. Não esqueçamos que a sentença precisa ser clara e precisa, conter os elementos previsto em lei, do contrário, poderá ocorrer ação rescisória caso a sentença viole disposição em lei. Toda sentença necessita decidir a lide dentro dos limites propostos na petição inicial. Não podendo ir além do pedido ou ficar aquém do pedido, tampouco realizar condenação acerca de fatos diversos do que for solicitado na inicial. Por fim, a decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. Atos não decisórios Inicialmente devemos mencionar que não há na legislação o esgotamento de todos os atos processuais que podem e devem ser praticados pelo magistrado. O juiz pratica inúmeros atos, que não possuem cunho decisório no processo, porém são de grande relevância para que o magistrado prolate a sentença, como presidir audiências, oitiva das testemunhas, poder de polícia e outros. Direito Processual do Trabalho 44 Figura 2 – Atos não decisórios Fonte: Freepik Deixemos claro que seja pelos aspectos existentes na sentença, de conteúdo ou de finalidade, a sentença é um ato de inteligência e de vontade, sendo indispensável e imprescindível para o desfecho do litígio. A sentença é um ato que cria direito, declara o direito preexistente e cria jurisprudência, que é fonte de Direito. As sentenças processuais classificam-se em típicas e atípicas. Vamos aprender quais são cada uma delas? • As sentenças processuais típicas: declaram a extinção do processo sem solucionar o mérito sempre que se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; o juiz acolher a alegação de litispendência ou de coisa julgada; se verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual, que correlacionam-se com os pressupostos processuais e as condições da ação. Podemos mencionar ainda o caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, Direito Processual do Trabalho 45 o prazo de 15 dias, ao final do qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário e nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, sob pena de extinção do processo como exemplo de sentenças processuais típicas. • As sentenças processuais atípicas: envolvem a extinção do feito, sem resolução de mérito, quando o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das partes; quando as partes não promoverem os atos e diligências que lhe competirem, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias; houver a desistência da ação; a ação for considerada intransmissível por disposição legal; ocorrer confusão entre autor e réu. • Sentenças de mérito: Também chamada de sentença definitiva é aquela em que o juiz resolve o conflito, a lide e satisfaz a obrigação jurisdicional que lhe foi imposta pelo pedido do autor e contestação. Dessa forma estará satisfeita a obrigação jurisdicional do Estado, esgotando-se a função do juiz e, pois, encerrando-se a relação processual. Ao prolatar a sentença definitiva, o juiz cria norma especial para solucionar conflitos entre as partes, fazendo uso do direito objetivo. Não podemos confundir a sentença definitiva com sentença perpétua, tendo em vista que será apenas o provimento final, que definirá o litígio em primeiro grau. Para uma sentença ser considerada imutável deverá ter ocorrido todos os recursos possíveis, ou seja, a coisa julgada material, o trânsito em julgado. A sentença, como ato processual, pode ser visualizada em três planos distintos: existência, validade e eficácia. Vamos estudar sobre eles? Vamos! • Existência: Uma sentença pode ser considerada juridicamente existente ou inexistente. Será considerada ato jurídico inexistente sempre que não ingressar no mundo jurídico, existindo apenas no mundo fático, sendo considerado ato de mera aparência, sem valor jurídico. Direito Processual do Trabalho 46 Aprendemos em Neto e Cavalcante (2019, p. 895) um rol exemplificativo de situações em que a sentença será considerada inexistente, que é quando for: (...) proferida por quem não é juiz, pela falta do atributo da jurisdição. Quando é prolatada por juiz incompetente, em razão da matéria, a decisão será nula; se for o caso de incompetência relativa, a sentença será anulável; (b) sem a conclusão ou a parte dispositiva; (c) no processo em que não houve a citação válida; (d) sem condições materiais de produzir efeitos, porque incerta ou impossível; (e) pronunciada contra pessoa inexistente ou sem legitimidade para a ação. Nesta última hipótese, não há uma das condições da ação; (f) não assinada pelo juiz; (g) ilegíveis; (h) quando não se tem a publicação; (i) não escrita. • Validade: Após ser promulgada, a sentença deverá ser constatada como existente, para em seguida ser analisada se é válida e eficaz. Pelo critério da validade, a sentença pode ser válida ou inválida. Para que seja válida, precisa obedecer aos requisitos dos artigos. 141 e 492, CPC, do art. 489, CPC, e art. 832, CLT, vejamos: Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; Direito Processual do Trabalho 47 II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. Art. 832 - Da decisão deverão constar