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SP 1.1 - Que dá dor no peito? Criado em Tags Fabrício, um engenheiro civil com 35 anos, estava preocupado. Sempre tivera boa saúde. Não bebia regularmente e não fumava. Procurava manter atividades esportivas. Entretanto, buscou atendimento de urgência com um a dor súbita no andar superior do abdome, que o acometeu há pouco mais de duas horas antes. E que se associava a uma comemoração com amigos, na qual havia ingerido uma grande quantidade de álcool e, a seguir, vomitado bastante. Foi medicado com antiácido, antiemético e analgésico, obtendo alta com melhora dos sintomas. No dia seguinte, retornou com queixas de dor torácica precordial, intensa, referida nos ombros, que piorava quando se deitava e melhorava quando fletia o tórax para a frente (pericardite → pós viral → complicação tamponamento cardíaco (turgência jugular, edema, … ICC. Relatava uma "gripe" duas semanas antes. Ao exame físico registraram-se: P 104bpm, PA 140/80mmHg e TAx: 37,7°C. As bulhas cardíacas, à ausculta, estavam discretamente hipofonéticas. Não foram observadas alterações do exame abdominal ou outras. Um hemograma mostrou leucocitose (pericardite) de 20.000/mm°, com uma discreta linfocitose. Exames bioquímicos séricos de urgência (glicose e creatinina) foram normais. Um exame radiológico torácico não mostrou alterações. O ECG tinha apenas baixa voltagem nas derivações periféricas* QRS curto → característico tamponamento) e *alternância elétrica*. O paciente recebeu alta novamente, com prescrição de anti- inflamatório e repouso. Indicação de pulsão pericardica! Cinco dias após, retornou para atendimento, muito tenso, com "medo de morrer", relatando que a dor torácica se manteve nos primeiros dias após o atendimento, mas a seguir melhorou. Entretanto, tinha fadiga aos esforços e suas pernas encontravam-se edemaciadas, sobretudo no final do dia. O exame físico, além de edema de MMIl ++/4, mole, frio e indolor, evidenciou hepatomegalia 6 cm da RCD, na LHC e turgência jugular anormal, bilateral, que aumentava durante a inspiração. Havia queda da pressão arterial sistólica no MSD de aproximadamente 20mmHa quando medida durante a inspiração profunda 10% pulso paradoxal). Na ausculta, as bulhas cardiacas eram ainda mais hipofonéticas. Uma radiografia de tórax em PA é abaixo mostrada. Foi então solicitado um ecocardiograma de urgência, realizando-se a seguir um procedimento que melhorou bastante as condições hemodinâmicas de Carlos. O paciente persistiu com dor retroesternal por alguns dias, obtendo alta hospitalar assintomático. PERICARDITE Hipóteses Turgência jugular IC (sobrecarga ventrículo) Angina típica/típica December 23, 2024 1248 AM SP 1.1 Que dá dor no peito? 1 A, b*, c, d Característica da dor Objetivos específicos 1 Relacionar as principais causas de dor torácica aguda, correlacionando-as com a semiologia (história e exame físico) de cada uma delas. Pneumotórax/Pericardite* (gripe, dor precordial, piora ao deitar, prece e genitopeitoral→ evoluacao tamponamento) Embolia TEP Dissecção de Aorta IAM Rotura esofágica DRGE, ….) *HZ; Fonte//https://youtu.be/NwMYoEUohP4?si=uW9tIBGVutU65HEY https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor-toracica- na-emergencia/ Dor torácica aguda A dor toracica aguda pode ser dividida em cardíaca (isquemica ou nao isquemica) ou nao cardíaca (pulmonar, gastrointestinal, musculoesqueléticas ou psicogenica) Primeiro, diferencie entre causas cardíacas e não cardíacas Classificação de acordo com a origem da dor Tabela 1 Dor torácica aguda Categoria Doença principal Tipo de dor Fatores associados Exame diagnóstico Cardíaca - Relacionadas ao coração e grandes vasos) a. Isquêmica - ocorre quando o músculo cardíaco (miocárdio) recebe menos oxigênio do que precisa, geralmente devido a obstrução das artérias coronárias). Síndrome Coronariana Aguda SCA IAM com supra, IAM sem supra, Angina Instável) Aperto/constrição, retroesternal, em repouso/esforço, mal localizada, irradia ombro, mandíbula e dorso idoso, fatores de risco cardiovascular, alcoolistas, náusea, vomito e sudorese, diaforético mesma dor do IA previo? Exame fisico (taquicardia/bradicardia; sinais de insuficiência cardíaca: turgência jugular e estertores pulmonares) ECG 10min (supradesnivelamento de ST IAMCSST ou alterações de onda T/ST (IAMSSST troponina us elevadas Supra Infeliz SP 1.1 Que dá dor no peito? 2 https://youtu.be/NwMYoEUohP4?si=uW9tIBGVutU65HEY https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor-toracica-na-emergencia/ https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor-toracica-na-emergencia/ Categoria Doença principal Tipo de dor Fatores associados Exame diagnóstico Parede → supra c CATE trombólise! b. Não Isquêmico Pericardite Aguda Pleuritica, melhora ao se inclinar Febre, virose previa Exame fisico (atrito pericárdico “couro novoˮ → icnilinar corpo p frente e usar diafragma ECG (supra de ST difuso + infra de PR atrito pericárdico Supra Feliz Parede → aleatório, difuso, Dissecção Aguda de Aorta Lancinante, súbita, irradia para dorso HAS grave, assimetria de pulsos, Exame fisico PA assimétrica 20mmHg de diferença entre os braços), sopro de insuficiência aórtica) Rx (alargamento de mediastino) Angio-TC (em caso de dúvida) Não Cardíaca - envolvem outros sistemas, como pulmonar, digestivo, musculoesquelético ou psicogênico) a. Não Cardíaca - Pulmonar TEP 1º TVP* mais comum Pleuritica, dispneia súbita*, taquipneia*, hemoptise (graves e TEP periferico), taquicardia*, tosse seca* TVP previa, imobilização, cirurgias recentes, CA, trombofilias, obesidade, tabagismo Exame fisico (sinais de TVP edema e dor em membro inferior); Score de Wells D-dímero Angio-TC ECG (padrão S1Q3T3, taquicardia sinusal) Pneumotórax Súbita, ventilatoria- dependente Dispneia, em paciente jovem e magro (forma primária) e DPOC (forma secundaria) Exame fisico (hipersonoridade torácica; timpanica ausencia de murmúrio vesicular no lado afetado); SP 1.1 Que dá dor no peito? 3 Categoria Doença principal Tipo de dor Fatores associados Exame diagnóstico RX de tórax Presença de linha pleural com ausencia de trama vascular) e duvida? USG e *TC* b. Não Cardíaca - Gastrointestinal DRGE Queimação, retroesternal, relacionada a alimentação, piora ao deitar Refluxo, obesidade pHmetria esofágica e/ou endoscopia digestiva alta c. Não Cardíaca - Musculoesquelética Costocondrite Localizada no tórax, dor a palpação Pós-esforço Exame fisico (dor desencadeada a palpacao do esterno ou cartilagens costais) 🩺 Como diferenciar na pratica? Características da dor torácica Qualidade constritiva, em aperto, opressão, queimação, pontada ou sensação de peso Localização Precordial, retroesternal, ombro, epigástrio, cervical, hemitorax, dorso. Irradiacao Membro superior (esquerdo, direito, ambos), ombro, mandíbula, pescoço, dorso, epigástrio. Duracao Segundos, minutos, horas, dias Fatores desencadeantes Esforço fisico, atividade sexual, alimentação, respiração, fator emocional, posição, espontânea. Fatores de alivio Repouso, nitrato sublingual, analgésico, alimentação, antiácido, posição, apneia. Sintomas associados Sudorese, náuseas/vômitos, palidez, dispneia, hemoptise, tosse, pré-síncope e síncope Classificar os tipos de dor torácica A, B, C e D Classificação clinica da dor torácica Isquemia coronariana � Dor em aperto/constrição/queimação, forte intensidade, região precordial ou retroesternal, início súbito ao repouso ou ao exercício; � Irradiação para membros superiores (esquerdo) ou cervical; � Melhora com repouso ou nitrato. SP 1.1 Que dá dor no peito? 4 Tipo A. Angina Típica - dor definitivamente cardíaca 3 características Tipo B. Angina Atípica Provavelmente cardíaca 2 características Tipo C. Dor Torácica Não-cardíaca Provavelmente não cardíaca 1 característica Tipo D.Dor Torácica Não- cardíaca Definitivamente não cardíaca Nenhuma característica Dor ou desconforto retroesternal ou precordial precipitada pelo esforço físico, com irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço esquerdo, aliviada pelo repouso ou uso de nitrato. As características dão certeza do diagnóstico de Doença Arterial Coronariana DAC, independentemente dos resultados de exames complementares. Tem a maioria das características da dor definitivamente anginosa, mas não todas. A DAC ainda é a principal hipótese diagnóstica, mas há necessidade de exames complementares para confirmação do diagnóstico. Apresenta pouca característica da dor definitivamente anginosa, pode ser definida como um padrão atípico de dor torácica. A DAC não é a principal hipótese diagnóstica, porém existe a necessidade da realização de exames complementares para a sua exclusão. Não apresenta nenhuma característica da dor anginosa. A DAC não pode ser incluída como hipótese diagnóstica. Manifestações clinicas típicas das principais causas de dor toracica aguda Sistema Condição Início/duracao Qualidade Localização Características associadas Cardiopulmonares Cardíaco Isquemia miocárdica Angina estável: Precipitada por exercício. frio ou estresse; 2 10 min Angina instável: Padrão em crescente ou em repouso Infarto agudo do miocárdio: Em geral 30 min Pressão, aperto, compressão, peso, queimação Retroesternal; em geral se irradia para o pescoço, a mandíbula, os ombros ou braços; às vezes epigástrica Galope de B, ou sopro de insuficiência mitral (raro) durante a dor; B ou estertores se houver isquemia grave ou complicação de infarto agudo do miocárdio Pericardite Variável: horas a dias: pode ser episódica Pleurítica, aguda Retroesternal ou em direção ao ápice cardíaco; pode irradiar para o ombro esquerdo Pode ser aliviada se o paciente sentar-se ereto e inclinar-se para frente; som de atrito pericárdico Vascular Sd aortica aguda Início subito de dor implacável Lacerante ou lancinante em facada Tórax anterior, frequentemente irradiando-se para as costas, entre as omoplatas Associada a hipertensão e/ou distúrbio subiacente do tecido conectivo; sopro de insuficiência aórtica; perda SP 1.1 Que dá dor no peito? 5 Sistema Condição Início/duracao Qualidade Localização Características associadas de pulsos periféricos Embolia pulmonar Inicio súbito Pleuritica; pode manifestar-se com embolia pulmonar maciça Frequentemente lateral, no lado da embolia Dispneia, taquipneia, taquicardia e hipotensão Hipertensão pulmonar Variável; em geral com exercício Pressão Subesternal Dispneia, sinais de aumento da pressão venosa Pulmonar Pneumonia ou pleurite Variável Pleurítica Unilateral, frequentemente localizada Dispneia, tosse, febre, estertores, às vezes atrito Pneumotórax espontâneo Inicio súbito Pleurítica No lado do pneumotórax Dispneia, diminuição dos sons respiratórios no lado do pneumotórax Não- cardiopulmonares Gastrintestinal Refluxo esofágico 1060 min Queimação Subesternal, epigástrica Agravada por decúbito pós- prandial; aliviada por antiácidos Espasmo esofágico* 230 min Pressão, aperto, queimação Retroesternal Pode se parecer bastante com a angina Úlcera peptica Prolongada; 60 90 min após as refeições Queimação Epigástrica, subesternal Aliviada por alimentos ou por antiácidos Doença vescular biliar Prolongada Intensa ou em cólica Epigástrica, quadrante superior direito; às vezes para as costas Pode seguir-se a uma refeição Neuromuscular Costocondrite Variável Intensa Esternal Às vezes edema, sensibilidade, calor sobre a articulação; pode ser reproduzida por pressão localizada ao exame SP 1.1 Que dá dor no peito? 6 Sistema Condição Início/duracao Qualidade Localização Características associadas Doença de disco cervical Variável; pode ser súbita Intensa; pode incluir dormência Braços e ombros Pode ser exacerbada pela movimentação do pescoço Trauma ou estiramento Geralmente constante Intensa Localizada na área de estiramento Reproduzida por movimento ou à palpação Herpes-zóster* Geralmente prolongada Aguda ou em queimação Distribuição por dermátomo Exantema vesicular na área do desconforto Psicológico Transtornos emocionais ou psiquiátricos Variável; pode ser transitória ou prolongada Variável; em geral, se manifesta como aperto e dispneia com sensação de panico ou morte iminente Variável; pode ser retroesternal Fatores situacionais podem precipitar os sintomas; história de ataques de pânico, depressão Áreas onde a dor é mais presente (escuro) e onde a dor é menos característica (claro). Etiologias SP 1.1 Que dá dor no peito? 7 Probabilidade de SCA Anamnese + exame fisico ECG Alta Intermediária Baixa Doença arterial coronariana previa; Dor típica; Dor semelhante IAM prévio; Diaforese, hipotensão, congestão pulmonar; Alteracoes dinamicas no eletrocardiograma (inversão de onda T com sintomas). Diabéticos; Dor sugestiva; 70 anos; AVC; Doencar arterial periferica; Alteracoes fixas no ECG (onda Q patológica, hipotensão, anormalidade segmento ST/T. Dar à palpacao do tórax; ECG normal A B C D Alto Intermediário Intermediário Baixa Conduta para SCA Marcador de lesao miocárdica (troponina) Marcador de lesao miocárdica (troponina) Investigar outra causa de dor toracica 2 Reconhecer a investigação complementar das principais situações de dor torácica Tabela 1 Dor Torácica Aguda Causas e Exames complementares Categoria Doença Principal Exames Complementares Cardíaca Isquêmica Síndrome Coronariana Aguda SCA* IAM com ECG (supra ST, infra ST, ondas Q, T invertida) Troponina SP 1.1 Que dá dor no peito? 8 Categoria Doença Principal Exames Complementares supra, IAM sem supra, Angina Instável) (elevada no IAM Ecocardiograma (hipocinesia segmentar) Angiografia coronariana (lesão arterial) ECG (supradesnivelamento de ST IAMCSST ou alterações de onda T/ST IAMSSST troponina us elevadas Cardíaca Não Isquêmica Pericardite Aguda* ECG (supra ST difuso, depressão PR Ecocardiograma (derrame pericárdico) PCR/VHS elevados Dissecção Aguda de Aorta* ECG normal ou inespecífico Radiografia de tórax (alargamento mediastinal) Ecocardiograma transesofágico (dilatação aórtica) Miocardite Aguda Troponina e PCR elevados Ecocardiograma (disfunção ventricular global) Ressonância cardíaca (realce tardio com gadolínio) Não Cardíaca - Pulmonar TEP* ECG S1Q3T3, taquicardia sinusal) D-dímero (aumentado) Angio- TC pulmonar (defeito de enchimento) Ecocardiograma (sobrecarga ventricular direita) Pneumotórax* Radiografia de tórax (presença de ar pleural) TC de tórax (detecta pneumotórax pequeno) Não Cardíaca - Gastrointestinal DRGE ECG e troponina normais Endoscopia SP 1.1 Que dá dor no peito? 9 Categoria Doença Principal Exames Complementares digestiva alta (esofagite) pHmetria esofágica (refluxo ácido) Manometria esofágica (distúrbio motor) Não Cardíaca - Musculoesquelética Costocondrite Exame clínico (dor reprodutível à palpação) Radiografia e TC normais Não Cardíaca - Psicogênica Transtorno de Ansiedade/Síndrome do Pânico Diagnóstico clínico Exames normais ECG, troponina) para excluir causas orgânicas Tabela 2 Dor Torácica Crônica Causas e Exames complementares Categoria Doença Principal Exames Complementares Cardíaca Isquêmica Angina Estável ECG de repouso (normal ou infradesnível ST Teste ergométrico (indução de isquemia) Cintilografia miocárdica / Ecocardiograma de estresse Angiografia coronária (estenose arterial) Cardíaca Não Isquêmica Cardiomiopatia Hipertrófica ECG HVE, ondas T invertidas) Ecocardiograma (hipertrofia septal) Ressonância cardíaca (fibrose miocárdica) Doença Valvar Crônica Ex: Estenose Aórtica, Insuficiência Mitral) Ecocardiograma (alterações estruturais e hemodinâmicas) Não Cardíaca - Pulmonar Hipertensão Pulmonar Ecocardiograma (pressão sistólica da artéria pulmonar elevada) Cateterismo direito (pressão pulmonar elevada) TC de tórax(causas secundárias) SP 1.1 Que dá dor no peito? 10 Categoria Doença Principal Exames Complementares DPOC com Hipóxia Espirometria (obstrução persistente) Gasometria arterial (hipoxemia) Não Cardíaca - Gastrointestinal DRGE crônica Endoscopia digestiva alta (esofagite, estenose) pHmetria esofágica Úlcera Péptica Endoscopia digestiva alta (lesão ulcerada) Não Cardíaca - Musculoesquelética Síndrome Miofascial Exame clínico (pontos-gatilho dolorosos) Imagens normais. Não Cardíaca - Psicogênica Depressão Somatoforme / Depressão Diagnóstico clínico após exclusão de causas orgânicas Estratificação de risco Para auxílio do diagnóstico na sala de emergência foram desenvolvidos alguns métodos para classificação de risco, hipótese diagnóstica e na terapêutica, entre eles, o escore HEART. Esse escore é bastante empregado na triagem dos pacientes, uma vez que mostra as chances de eventos cardiológicos graves, baseado em cinco variáveis: história, eletrocardiograma, idade, fatores de risco e troponinas. Escore HEART Os pacientes com escore de HEART até 3 pontos têm baixa taxa de eventos adversos, a evolução é favorável e na ausência de outros diagnósticos diferenciais podem ser liberados para casa. Nos pacientes com escore de 4 pontos ou mais, está indicada a investigação por testes não invasivos. O escore HEART é utilizado principalmente nos casos em que há um cenário duvidoso em relação à origem da dor torácica e que apresentam ECG e troponinas não diagnosticadas. SP 1.1 Que dá dor no peito? 11 3 Elaborar um algoritmo de condutas diagnósticas frente a quadros de dor torácica aguda Tabela: Algoritmo Diagnóstico para Dor Torácica Aguda Passo Critérios/Exames Conduta Avaliação Inicial ECG Imediato Diferenciação das Causas Cardíacas Isquêmica Síndrome Coronariana Aguda SCA ECG Supra ST IAM com supra - Infra ST ou normal Pedir Troponina IAM com supra Reperfusão imediata (angioplastia ou trombólise) Troponina elevada? IAM sem supra Internação e estratificação Troponina normal? Repetir em 36h Teste funcional Não Isquêmica – Pericardite ECG Supra ST difuso + depressão PR Ecocardiograma: Derrame pericárdico PCR/VHS elevados Tratar com AINEs/Colchicina, investigar causas secundárias (infecções, doenças autoimunes) Não Isquêmica – Dissecção Aórtica Radiografia de tórax: Alargamento mediastinal Angio-TC de tórax: Imagem da dissecção ECG Normal ou inespecífico Se suspeita alta Angio-TC de tórax urgente Se instável Ecocardiograma transesofágico na emergência Diferenciação das Causas Não Cardíacas Pulmonar – TEP ECG S1Q3T3, taquicardia D-dímero: Aumentado (se baixa probabilidade Se instabilidade hemodinâmica → Trombólise Se estável Anticoagulação SP 1.1 Que dá dor no peito? 12 clínica) Angio-TC de tórax: Defeito de enchimento vascular Pulmonar – Pneumotórax Radiografia de tórax: Presença de ar pleural TC de tórax: Pequenos pneumotórax Se grande ou hipertensivo Drenagem torácica Se pequeno Observação e oxigenoterapia Gastrointestinal DRGE ECG e Troponina: Normais Endoscopia digestiva: Pode mostrar esofagite pHmetria/manometria esofágica: Se dúvida diagnóstica Teste terapêutico com IBP (ex: omeprazol) Manometria se suspeita de espasmo esofágico Musculoesquelética – Costocondrite Exame clínico: Dor reprodutível à palpação Radiografia de tórax: Normal Analgésicos e anti-inflamatórios Psicogênica – Ansiedade/Pânico Exames laboratoriais e ECG normais Critérios clínicos de ansiedade Suporte psicológico, ansiolíticos se necessário Tabela 1 Dor Torácica Tipo A Isquemia Alto Risco Passo Critérios/Exames Conduta Avaliação Inicial Dor torácica opressiva, retroesternal, com ou sem irradiação para mandíbula, ombro, braço esquerdo Associada a sudorese, náusea, dispneia, tontura Presença de fatores de risco cardiovascular (idade, tabagismo, hipertensão, diabetes, dislipidemia) Sinais de gravidade: Instabilidade hemodinâmica, insuficiência cardíaca (estertores, turgência jugular) Monitorização contínua Acesso venoso Oxigênio se SatO2 90% ECG IMEDIATO 10 min) ECG imediato (primeiros 10 minutos) Supradesnível do ST 1 mm em pelo menos 2 derivações contíguas? SIM IAM com Supra IAMCSST → Reperfusão Imediata Angioplastia primária ou Trombólise) NÃO Prosseguir com Troponina e estratificação Troponina e Estratificação de Risco Troponina Elevada Alterações no ECG Infra ST, T invertida)? SIM IAM sem supra IAMSSST Internação, dupla antiagregação, anticoagulação, considerar angiografia coronária; Troponina Elevada ECG Normal? IAM atípico Repetir troponina em 36h, considerar TC coronária ou teste funcional Troponina Normal ECG Normal? Angina Instável? Se dor contínua Internação e estratificação Se dor resolvida → Teste funcional para isquemia (cintilografia, eco de estresse) Conduta no IAM com supra de ST (IAMCSST 12 horas de dor Angioplastia primária (preferencial) ou Trombólise se indisponível AAS Clopidogrel ou Ticagrelor - Heparina (enoxaparina ou heparina não fracionada) Betabloqueador (se não houver choque SP 1.1 Que dá dor no peito? 13 12 horas de dor e sem sintomas persistentes → Terapia conservadora, cardiogênico) IECA/BRA (se disfunção ventricular esquerda) - Atorvastatina 80 mg Conduta no IAM sem supra de ST (IAMSSST Estratificação de risco GRACE/TIMI Score): Alto risco: Angiografia coronária precoce 24h) - Intermediário: Angiografia 72h ou teste funcional Baixo risco: Teste funcional ambulatorial Internação Terapia anti- isquêmica Dupla antiagregação plaquetária Anticoagulação - Beta-bloqueador e estatina de alta potência Avaliação para angiografia coronária Estratificação de Risco para IAM sem Supra de ST IAMSSST 📌 Quando fazer a estratificação? Sempre que houver IAMSSST confirmado para decidir se o paciente precisa de cateterismo urgente, precoce ou avaliação ambulatorial. Paciente com dor toracica Tipo A ECG sem supra de ST; Solicitar troponina us Se positiva, confirmar IAMSSST; e Fazer a estratificação de risco GRACE/TIMI GRACE Score Global Registry of Acute Coronary Events) Pontua fatores clínicos para predizer mortalidade hospitalar e em 6 meses. Alto risco: 140 pontos Angiografia precoce 24h) Intermediário: 109140 pontos Angiografia 72h) Baixo risco: 108 pontos Teste funcional ambulatorial) TIMI Score Thrombolysis in Myocardial Infarction) Pontuação de 0 a 7, baseada em 7 fatores de risco. SP 1.1 Que dá dor no peito? 14 Alto risco: 5 pontos Angiografia precoce Intermediário: 34 pontos Avaliação hospitalar e estratificação Baixo risco: 2 pontos Teste funcional ambulatorial Tabela 2 Dor Torácica Tipo B Cardíaca Não Isquemica Moderado e Alto Risco) Tabela 3 Dor Torácica Tipo C Nao Cardíaca Pulmonar e Vascular) SP 1.1 Que dá dor no peito? 15 Tabela 4 Dor Torácica Tipo D Nao Cardíaca Gastrointestinal, Musculoesqueletica e Psicogênica) SP 1.1 Que dá dor no peito? 16 Dor torácica aguda SP 1.1 Que dá dor no peito? 17 https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/dor-toracica/unidade-de-atencao-primaria/manejo- inicial/ Avaliação inicial História Exame fisico) � Avaliação Inicial Estabilização hemodinâmica Monitorização PA, FC, FR, temperatura e SatO2; Oxigênio se SatO2 94%; Acesso venoso calibroso; Solicitar marcadores de necrose miocárdica; Eletrólitos, glicemia, funcao renal e coagulação; AAS 200 a 300mg mastigável; ECG de 12 derivações (em no máximo 10 minutos); Raio-x de tórax (diagnosticos diferenciais) História e exame fisico direcionados. � Anamnese/acolhimento 🪙 Realizar acolhimento com classificação de risco. Pacientes com queixa de dor torácica, ou com sinais/sintomas sugestivos de � Exame fisico O exame físico deve ser direcionado para avaliar sinais de gravidade e afastar diagnósticos diferenciais. OBS a PA deve ser medida nos dois membros,em caso de assimetria, a principal suspeita deve ser Dissecção de Aorta. � Diagnóstico Inicialmente o diagnóstico é feito buscando identificar ou excluir a SCA, visto que é a principal causa grave de dor torácica. Definição do ECG em 10 minutos SP 1.1 Que dá dor no peito? 18 https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/dor-toracica/unidade-de-atencao-primaria/manejo-inicial/ https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/dor-toracica/unidade-de-atencao-primaria/manejo-inicial/ infarto agudo do miocárdio devem realizar um eletrocardiograma ECG em até 10 minutos, a contar do início da triagem. O ECG deve ser avaliado imediatamente pelo médico e seu resultado incluído na Classificação de Risco do paciente. O acolhimento deve incluir as seguintes informações: Situação/Queixa/Duração Breve histórico (relatado pelo próprio paciente, familiar ou testemunhas) Uso de medicações Verificação de sinais vitais Verificação da glicemia e eletrocardiograma Classificar a dor em intensidade pela escala de 1 a 10 � Classificação da dor A classificação da dor deve ser uma das primeiras condutas frente ao paciente com queixa de dor torácica na emergência. O objetivo é justamente identificar uma dor de origem cardíaca e, dentre estas, de etiologia isquêmica. Este será o dado de maior valor preditivo positivo para doença coronariana aguda, que é normalmente a primeira causa a ser excluída. Elas podem ser classificadas em 4 tipos: Dor tipo A definitivamente anginosa (presença das características típicas); 🪙 Presença de supradesnivelamento de ST ou sinais de isquemia definem classificação de risco em emergência/urgência. SP 1.1 Que dá dor no peito? 19 Tipo B provavelmente anginosa (presença de 2 características típicas); Dor tipo C provavelmente não anginosa (presença de 1 característica típica); Tipo D definitivamente não anginosa (nenhuma característica típica). Escore Heart Estima a probabilidade de eventos cardiovasculares maiores em 6 semanas em pacientes com suspeita de SCA, auxiliando na tomada de decisão para internação hospitalar ou liberação do paciente. Pacientes de risco moderado a alto 3 pontos) Devem ser admitidos em unidades de terapia intensiva e monitorizados. Pacientes de muito baixo e baixo risco 3 pontos) Necessitam de uma estratificação de risco secundária, que inclui a medida a realização de métodos para avaliação de isquemia, como cintilografia, ecocardiografia ou ergometria precoce. Para pacientes com baixa probabilidade de doença coronariana, a realização de exame de imagem coronariana não-invasivo (angiotomografia de coronárias) é uma alternativa razoável aos exames de isquemia. SP 1.1 Que dá dor no peito? 20 4 Situar a pericardite no algoritmo de possibilidades diagnósticas de dor torácica aguda 📌 Onde a Pericardite se encaixa? SP 1.1 Que dá dor no peito? 21 A pericardite aguda está na dor torácica Tipo B Cardíaca Não Isquêmica), pois: ✔ Não é isquêmica (não é IAM ✔ Tem padrão inflamatório e pleurítico ✔ Diferencia-se pelo ECG (supra ST difuso + depressão PR O que você precisa saber? A pericardite é uma causa de dor torácica aguda não isquêmica Isso significa que ela não está no grupo das Síndromes Coronarianas Agudas IAM/Angina). Ela pertence à dor torácica Tipo B Cardíaca Não Isquêmica) Ou seja, é uma doença do coração, mas não causada por obstrução arterial. Como diferenciar da dor isquêmica IAM? Dor pleurítica (piora ao inspirar), enquanto o IAM tem dor opressiva. Melhora ao sentar-se para frente, enquanto o IAM não melhora com posição. ECG com supra de ST DIFUSO depressão PR, enquanto no IAM o supra ST é localizado. Quais exames usar para confirmar? ECG Supra ST difuso + depressão PR. Ecocardiograma Avaliar se há derrame pericárdico. Marcadores inflamatórios PCR/VHS Elevados, mas troponina pode estar normal ou discretamente aumentada 5 Quanto à pericardite, citar suas principais etiologias, quadro clínico (correlacionando os achados do exame físico com a fisiopatologia da doença), investigação complementar e possíveis intervenções terapêuticas. As pericardites são classificadas em aguda, crônica, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco, constritiva e recorrente. PERICARDITE AGUDA Inflamação do tecido pericárdico, que pode ser de etiologia infecciosa (primária) ou secundária a uma patologia sistêmica (doenças autoimunes, neoplasias, reações medicamentosas e outros). SP 1.1 Que dá dor no peito? 22 Define-se como pericardite aguda, quando sua duração é 6 semanas. Quando acomete também o miocárdio, é chamada de miopericardite. Quadro clinico O sinal de dor difusa e aguda na regiao do trapézio e/ou precórdio é quase patognomônico de pericardite aguda! Dor precordial ou retroesternal: Dor torácica* Inicio súbito, continua ou intermitente); Pleurítica* (ventilatório-dependente), ou seja, que piora com a inspiração profunda, a tosse e o espiro; Melhora em posição genupeitoral* (tronco inclinado para a frente) ou abraçado a um travesseiro (posição de Blechman). Tem localização subesternal, mas pode centrar-se no hemitórax esquerdo ou mesmo no epigástrio. Não raramente irradia para o membro superior esquerdo, porém o acometimento do músculo trapézio tem elevada especificidade para pericardite; Dispneia (por restrição ventilatória antálgica, levando à hipoventilação); Atrito pericárdico* 85% do casos): som trifásico em ruído de "couro novo"; significa pequena quantidade de líquido inflamatório no pericárdio, indicando pericardite aguda como provável causa da dor torácica. Ruído tende a desaparecer com o aumento do derrame pericárdico; Quadro viral inespecífico* (caso de pericardite viral – mais comum); Outros: No exame físico, quando não há complicações, o paciente apresenta-se taquicárdico, ansioso e um pouco taquipneico. Um achado importante é o atrito pericárdico, som áspero, que ocorre em cerca de 85% dos casos. Este achado é causado pela fricção entre os folhetos visceral e parietal inflamados, sendo mais audível na borda esternal inferior esquerda, com o tórax do indivíduo inclinado para frente. Pode compreender de um a três tempos, de modo que, classicamente, consiste em três componentes relacionados à sístole ventricular, ao enchimento protodiastólico e à contração atrial. É dinâmico, isto é, pode desaparecer e retornar em sequência. Em razão disso, é imprescindível repetir a ausculta quando não o identifica inicialmente, mas a suspeita de pericardite persiste forte.3,4,8 Pode haver abafamento das bulhas cardíacas, derrame ou atrito pleural e, em torno de 15% dos casos, há miocardite associada, o que propicia a elevação de marcadores de necrose (troponina), devendo-se ser suspeitada na presença de disfunção ventricular aguda.4,5 O histórico clínico de câncer ou de doenças autoimunes, bem como erupção cutânea, perda ponderal ou febre alta com calafrios podem sugerir afecções específicas. Logo, é importante estar atento a essas informações.8 Sinal de Ewart: compressão da base do pulmão esquerdo por derrame pericárdico volumoso, apresentando macicez à percussão da área abaixo do ângulo da escápula esquerda, diminuição ou abolição do murmúrio vesicular e presença de estertores crepitantes (compressão alveolar). Tamponamento cardíaco : temida complicação das pericardites com derrame volumoso, apresentando hipofoneses de bulhas, dispneia , ortopneia, turgência jugular, hepatomegalia, sinais de baixo débito e pulso paradoxal (redução 10 mmHg na PA sistólica durante uma inspiração profunda). Etiologia SP 1.1 Que dá dor no peito? 23 A principal causa de pericardite é a infecciosa, que corresponde por aproximadamente 2/3 dos casos, sendo a viral a principal etiologia. � Infecção (viral*, bacteriana, fúngica, por tuberculose, toxoplasmose ou amebíase): Viral 2/3 dos casos) ou idiopática: principal causa de pericardite. Os principais agentes sãoos vírus Coxsackie A e B e o Echovirus 8, porém outros como o HIV , influenza , herpesviridae EBV, CMV , herpesvírus), e o SARSCoV2 podem causar o quadro. São, em geral, quadros autolimitados, mais comuns em indivíduos jovens, e raramente complicam com tamponamento cardíaco . As alterações do ST tendem a regredir em alguns dias, assim como a sintomatologia; Bacteriana (piogênica): em geral, são quadros graves, com febre alta, calafrios e toxemia. O acometimento pericárdico comumente é decorrente de disseminação por contiguidade (pneumonia, derrame pleural , mediastinite). A pericardiocentese segue indicada em associação à antibioticoterapia; Tuberculose: No Brasil, a tuberculose sempre deve fazer parte do diagnóstico diferencial da pericardite, especialmente em caso de história de febre noturna, perda de peso e fadiga crônica, antecedendo o quadro de pericardite em semanas a meses. A confirmação diagnóstica se faz por biópsia (exibindo os clássicos granulomas caseosos). É a principal causa de pericardite constritiva em nosso mei. � Autoimune 10% (lúpus, espondilite anquilosante , esclerodermia, artrite reumatoide, vasculites e outras): � Neoplásica 57% (neoplasias primarias e metastáticas); � Uremia (toxina): frequente em pacientes renais que ainda não receberam terapia dialítica, ou até 8 semanas após o início da diálise, podendo causar derrame fibrinoso ou hemorrágico, comumente acompanhado de atrito pericárdico; � Relacionada à diálise: Qualquer caso de pericardite que se inicie 8 semanas após a diálise responde pouco ao incremento das sessões de diálise; � Radiação; � Cardiovascular Sd Dressler pós-IAM tardia); � Medicamentosa Procainamida, Hidralazina, Minoxidil, Isoniazida, Difenil-hidantoína, anticoagulantes); e Outras Infarto agudo do miocárdio IAM; mixedema ; doença de Whipple ; pericardite familiar; idiopática, pós-vacinação. Não infecciosa: PODE NÃO TER DOR! SP 1.1 Que dá dor no peito? 24 Diagnóstico e exames complementares Quadro clinico Critérios ECG fases ECO Definição de causa Internação Tratamento A partir da suspeita clínica, exames complementares podem corroborar o diagnóstico. De início, na suspeita de pericardite aguda, é recomendado a realização de eletrocardiograma ECG, radiografia de tórax, hemograma, troponina, proteína C-reativa PCR e ecocardiograma. Na presença de pelo menos dois requisitos característicos (tabela 2, de modo que a clínica (dor torácica pericárdica e/ou atrito pericárdico) também é considerada, o diagnóstico de pericardite pode ser feito. Eletrocardiograma; radiografia de tórax; marcadores de necrose miocárdica; hemograma ; provas de atividade inflamatória VHS , PCR ; eletrólitos e marcadores de função renal; ecocardiograma. � Eletrocardiograma 90% dos casos) Supra ST infra PR; ST e PR normalizam. T achata; Inversão difusa de T; Normalização; Taquicardia. SP 1.1 Que dá dor no peito? 25 🪙 Na fase aguda há um SUPRAdesnivelamento difuso de ST. Supra de ST difuso com concavidade superior acompanhada de onda T positiva e apiculada, exceto em V1 e aVR (em que se costuma observar infra de ST; Intervalo PR infra ou supra de intervalo PR discordando com o desnível de ST; Derrame pericárdico volumoso/tamponamento cardíaco: QRS de baixa amplitude 5 mm); Existe uma evolução temporal do ECG na pericardite, que envolve o supra de ST e infra de PR, sua normalização em 1 semana, uma inversão difusa da onda T logo após, seguida de normalização ou retorno ao ECG basal. Essa ordem nem sempre está presente, e fatores como o tratamento, por exemplo, porem acelerar o processo. � Radiografia de Tórax Pode exibir cardiomegalia em paciente com pulmão sem sinais de congestão; � Marcadores de lesão miocárdica CKMB e troponina podem estar aumentados; � Proteína C reativa Proteína de fase aguda inflamatória produzida pelo fígado. Não é específica para o diagnóstico, porém pode auxiliar no tempo de tratamento. � Ecocardiograma Exame de alta sensibilidade e especificidade, não invasivo e que pode ser feito à beira do leito. Pode confirmar a presença de líquido, quantificar e localizar o mesmo. Pode exibir sinais de espessamento do pericárdio, constrição e tamponamento. Entretanto, em pacientes sem derrame pleural o exame pode não apresentar alterações. � Tomografia computadorizada TC e Ressonância Magnética RM Apresentam maior sensibilidade e especificidade que o ecocardiograma para diagnóstico de pequenos derrames e espessamento pericárdico, porém são reservadas apenas aos casos de diagnóstico duvidoso. Exames específicos Caso haja suspeita de etiologia em especial, devem-se solicitar exames direcionados para a patologia em questão (ex.: pesquisa de tuberculose, sorologia para HIV , provas reumatológicas, hemoculturas e, eventualmente, biópsia do miocárdio). A identificação rotineira do agente viral causador, com a possível exceção do vírus da hepatite C e do HIV, não é recomendada, uma vez que não afeta as decisões terapêuticas e o prognóstico. Critérios Diagnósticos confirmado na presença de, pelo menos, dois entre estes quatro critérios: Dor torácica típica; Atrito pericárdico; Alterações ao ECG compatíveis (elevação difusa do segmento ST; SP 1.1 Que dá dor no peito? 26 Derrame pericárdico (novo ou com piora recente). Acompanhamento Internação hospitalar* não é necessária em todos os casos, sendo indicada em pacientes com manifestações de alto risco de evolução desfavorável, como: Febre 38 oC e leucocitose; Evidências de tamponamento cardíaco ou derrame pericárdico importante; Curso subagudo da doença (sem quadro agudo de dor torácica); Imunodeprimidos; Uso de antagonistas da vitamina K Varfarina); Trauma recente; Falência terapêutica ao tratamento com anti-inflamatórios não esterodais AINEs) ou Colchicina; Troponina elevada (sugere miocardite associada). Internação T 38º; Evolução 2 semanas; Derrame ou tamponamento; Sem resposta a AINE; e Miopericardite. Diagnóstico Supra ST DIFUSO; Infra PR dor típica. Abordagem terapêutica Em geral, o quadro é autolimitado e o tratamento é apenas sintomático, além da retirada do fator desencadeante (medicamento suspeito = suspender; uremia = diálise; tratamento específico das doenças autoimunes). A atividade física extenuante deve ser evitada até a resolução dos sintomas. Atletas devem suspender as competições por 3 meses.O tratamento padrão envolve um AINE (até melhora dos sintomas e queda da proteína C reativa, após reduzir a dose até completar 3 meses de tratamento para evitar recorrência), associado à Colchicina. Opções: Ácido acetilsalicílico 651.000 mg VO de 8/8 horas (dar preferência na pericardite pós- infarto); Ibuprofeno 600800 mg VO de 8/8 horas; Tometamol cetorolaco 10 mg VO ou EV de 6/6 horas; Naproxeno 250500 mg VO de 12/12 horas. Associar Colchicina 0,5 mg VO de 12/12 horas, por 36 meses. SP 1.1 Que dá dor no peito? 27 No cenário de COVID19, os medicamentos atualmente em uso para pericardite (como colchicina e glicocorticoides são aceitáveis. Se contraindicação a AINE ou indicações específicas (gestação, insuficiência renal): Substituir por corticoide e manter Colchicina (evitar em pacientes com pericardite pós-infarto):* Prednisona 0,250,5 mg/kg VO de 24/24 horas, por 24 semanas. Pericardite piogênica Pericardiocentese (drenagem) + antibioticoterapia empírica Vancomicina Ceftriaxona ou Cefepima): Vancomicina 25 mg/kg EV em dose de ataque 15 mg/kg EV de 12/12 horas; Associar à Ceftriaxona 2 g EV de 24/24 horas ou Cefepima 2 g EV de 12/12 horas. Pericardiocentese Indicações Tamponamento cardíaco; Derrame pericárdico 20 mm (na diástole); Suspeita de pericardite purulenta ou tuberculosa. Contraindicações Suspeita de dissecção aórtica; Diagnóstico pode ser realizado por meios menos invasivos; Relativas: Coagulopatia não corrigida; trombocitopenia 50.000/mm3. Técnicade pericardiocentese Orientar o paciente a respeito do procedimento; Posicionar o paciente em posição supina ou, se possível, a 45o; Acesso venoso periférico, monitorar o paciente continuamente em ECG (monitor); Colocar os equipamentos de proteção individual; Definir campo estéril, identificar referências anatômicas e realizar anestesia local; Introduzir agulha em um ângulo de 45o, entre o apêndice xifoide e a margem costal esquerda, direcionando-a para o ombro esquerdo e aplicando pressão negativa (aspiração); Observar aspiração de sangue; Manter a agulha firme; Avançar o guia através da agulha; Remover agulha, mantendo fio guia; Abrir pequeno orifício na pele, próximo ao fio guia; Introduzir dilatador através do fio guia; Introduzir o cateter através do fio guia; Remover fio guia e conectar ao coletor de drenagem; Fixar o cateter e curativo local; Se ocorrer elevação do segmento ST ao ECG, deve-se retroceder a agulha por alguns milímetros (contato com epicárdio). Observar possíveis arritmias SP 1.1 Que dá dor no peito? 28 Tratamento** AINES (dor) ou AAS; Colchicina 3 a 6 meses; Corticoide 2ª linha. PERICARDITE CONSTRITIVA Constrição por calcificação. É a redução da complacência do pericárdio, acarretando restrição de enchimento diastólico dos ventrículos, queda do volume sistólico e baixo débito cardíaco. Muitas vezes, o pericárdio é acometido por espessamento, fibrose e/ou calcificação, o que culmina em perda da sua elasticidade. Etiologia (em ordem de frequência) Idiopática ou viral (mais comum em países desenvolvidos); tuberculose ou pericardite turbulenta (mais comum em países subdesenvolvidos); Sd pós-pericardiectomia; pós-injúria cardíaca; pós- radiação; doenças reumatológicas; neoplasias malignas; Outros (trauma, drogas, uremia, asbestose, sarcoidose); O risco é menor em síndrome pós-pericardiectomia em comparação com pericardite tuberculosa ou bacteriana. Quadro clinico Clinicamente apresenta-se como uma síndrome de IC direita e/ou direita e esquerda IC direita; Knock* Pericárdico; Descendo y proeminente. Sugestivo de insuficiência cardíaca aguda direita: Anasarca; Ascite; Hepatomegalia; Distensão abdominal; Edema de MMII; Inespecíficos: fadiga, anorexia, náuseas, dispepsia, perda de peso; Dispneia e cansaço aos esforços. SP 1.1 Que dá dor no peito? 29 Exame fisico � Turgência jugular patológica Muito comum pela elevação da pressão venosa central. Os descensos x e y costumam estar proeminentes e a onda v aumentada na análise do pulso venoso; � Pulso paradoxal Queda 10 mmHg da pressão arterial sistólica durante a inspiração tranquila. Ocorre em menos de 20% dos casos; � Sinal de Kussmaul Ausência da queda da pressão venosa jugular durante a inspiração. Pouco comum, em torno de 20% dos casos; � Knock pericárdico Som rude, protodiastólico devido à vibração da parede ventricular na fase de enchimento rápido; ocorre em até 47% dos casos; � Caquexia cardíaca Vista em casos mais avançados. Exames complementares � ECG podem ocorrer alterações inespecíficas do segmento ST e onda T, ondas Q patológicas ou complexos QRS de baixa voltagem. Mais raramente ocorrem fibrilação atrial, sinais de sobrecarga atrial ou distúrbio de condução intraventricular; � Peptídeo natriurético atrial BNP pode ser útil no diagnóstico diferencial com outras síndromes restritivas. Valores normais ou pouco elevados sugerem pericardite constritiva; � RX de tórax : calcificações pericárdicas 2530% dos casos) e derrame pleural podem ser vistos. Calcificação pericárdica e clínica de pericardite constritiva praticamente fecham o diagnóstico, apesar de a minoria dos pacientes apresentar esse quadro; � Ecocardiograma : exame essencial para a investigação diagnóstica. Principais achados: Espessamento pericárdico: mais bem visualizado no eco transesofágico; Movimentação anormal do septo interventricular com a respiração; Dilatação e ausência de colapso inspiratório da veia cava inferior; Variação respiratória dos fluxos mitral 25% e tricúspide 40%; Velocidade mitral de enchimento mostra padrão pseudonormal ou restritivo E/A 1 e desaceleração 150 ms); Velocidade anular medial mitral normal ou aumentada ( anulus reversus); Fluxo reverso diastólico expiratório nas veias hepáticas; Fechamento precoce da válvula pulmonar, assim como pressão do VD subindo mais que a pressão da artéria pulmonar; Aumento biatrial; Atenção! O movimento do SIV e a velocidade anular medial mitral 9 cm/s ou fluxo reverso SP 1.1 Que dá dor no peito? 30 diastólico expiratório nas veias hepáticas 0,79 correspondem a sensibilidade e especificidade de 87% e 91%, respectivamente. � Tomografia: Pode mostrar espessamento, calcificação e efusão pericárdicas, no entanto a presença ou a ausência desses achados não confirmam nem descartam o diagnóstico, sendo geralmente necessário outro exame de imagem. Útil no planejamento cirúrgico da pericardiectomia e no pós-cirúrgico, em caso de pericárdio remanescente. � Ressonância cardíaca: Toda a fisiopatologia descrita anteriormente pode ser visualizada e quantificada. É capaz, ainda, de caracterizar detalhadamente o pericárdio (espessamento, inflamação, fibrose e calcificação pericárdica), propiciando o diagnóstico dos subtipos de PC e guiando o tratamento. Um pericárdio normal não retém gadolínio devido à sua natureza avascular, enquanto um pericárdio lesado terá neovascularização, proliferação de fibroblastos e expansão do espaço extracelular que acumula gadolínio e retarda sua eliminação, resultando em hiper-realce tardio. Atenção! Indicada especialmente aos casos em que a duração dos sintomas é inferior a 3 meses ou se houver elevação de marcadores inflamatórios; � 18FDGPET Marca o tecido em que há inflamação (aumento do metabolismo), e não as alterações mecânicas e anatômicas; útil para avaliar inflamação ativa; � Estudo hemodinâmico invasivo: Indicado se diagnóstico inconclusivo com ECO e/ou ressonância: Elevação e equalização das pressões diastólicas nos dois ventrículos (diferença 5 mmHg); Ondas de enchimento diastólico rápido proeminentes em ambos os ventrículos 5 mmHg, referidos como sinal da raiz quadrada); Débito cardíaco reduzido; Redução exagerada da PAS inspiratória ( 10 mmHg). Tratamento Pericardiectomia O tratamento consiste em ressecção cirúrgica radical do pericárdio espessado de frênico a frênico; Existem dois tipos de abordagem: Por toracotomia anterolateral ou por esternotomia. Ibuprofeno 600800 mg de 8/8 horas, Aspirina 6501.000 mg de 8/8 horas ou Indometacina 2550 mg de 8/8 horas por 12 semanas; após, desmamar em 200, 250 e 25 mg/semana; Colchicina 0,50,6 mg de 12/12 horas por pelo menos 6 meses; Prednisona 0,20,5 mg/kg/dia por 24 semanas; desmame gradual por 23 meses; Colchicina 0,50,6 mg de 12/12 horas por pelo menos 6 meses; sem desmame; Rilonacept 320 mg/dia SC (dose de ataque) seguidos de 160 mg/dia por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); desmame por 3 meses; Anakinra 12 mg/kg SC (máximo de 100 mg/dia) por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); desmame por 3 meses; Azatioprina 1 mg/kg/dia VO e aumentar 23 mg/kg/dia (máximo de 150 mg/dia) por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); sem desmame; SP 1.1 Que dá dor no peito? 31 Imunoglobulina IV 400500 mg/kg/dia por 5 dias (repetir após 1 mês, se necessário); O tratamento consiste em ressecção cirúrgica radical do pericárdio espessado de frênico a frênico. Prognóstico São preditores de baixa sobrevida geral: irradiação torácica prévia, doença renal crônica, PSAP elevada, FEVEr, hiponatremia, idade avançada. PC, se não tratada, tem prognóstico ruim. A cirurgia curativa tem altas morbidade e mortalidade e deve ser reservada a pacientes refratários. Calcificações do pericárdio Abordagem terapêutica Pacientes com PCT ou PCC/PCE e evidência de inflamação ativa em examesde imagem ou laboratoriais PCR/VHS devem ser tratados com anti- inflamatórios, AINEs e Colchicina. Caso haja falha ou intolerância a AINEs, pode-se optar por corticosteroides e/ou outros imunossupressores, como inibidores de IL1. Pacientes sem evidência de atividade inflamatória não se beneficiam com tratamento anti- inflamatório e a pericardiectomia mais precoce deve ser considerada. � Terapia anti-inflamatória de 1a linha: AINE Colchicina: Ibuprofeno 600800 mg de 8/8 horas, Aspirina 6501.000 mg de 8/8 horas ou Indometacina 2550 mg de 8/8 horas por 12 semanas; após, desmamar em 200, 250 e 25 mg/semana; Colchicina 0,50,6 mg de 12/12 horas por pelo menos 6 meses. � Terapia anti-inflamatória de 2a linha: corticoide Colchicina: Prednisona 0,205 mg/kg/dia por 24 semanas; desmame gradual por 23 meses; Colchicina 0,50,6 mg de 12/12 horas por pelo menos 6 meses; sem desmame. � Terapia anti-inflamatória de 3a linha: 2a linha Aspirina. � Terapia anti-inflamatória de 4a linha: Uma das opções: Rilonacept 320 mg/dia SC (dose de ataque) seguidos de 160 mg/dia por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); desmame por 3 meses; Anakinra 12 mg/kg SC (máximo de 100 mg/dia) por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); desmame por 3 meses; Azatioprina 1 mg/kg/dia VO e aumentar 23 mg/kg/dia (máximo de 150 mg/dia) por 412 meses (avaliar clinicamente, PCR/VHS e imagem); sem desmame; Imunoglobulina IV 400500 mg/kg/dia por 5 dias (repetir após 1 mês, se necessário). Em caso de sinais de hipervolemia, podem-se associar diuréticos. Se taquicardia em repouso, podem-se associar betabloqueadores e/ou Ivabradina. Pacientes com cardiomiopatia e FEVEr devem ser tratados independentemente da PC para melhorar os sintomas e prognóstico. SP 1.1 Que dá dor no peito? 32 Em caso de sintomas de IC classe NYHA III ou IV refratários ao tratamento medicamentoso, pericardiectomia radical está indicada. Deve-se pesar o risco- benefício da cirurgia, uma vez que se trata de um procedimento de alta mortalidade, especialmente se FEVEr. Fisiopatologia O pericárdio é formado por dois folhetos avasculares: pericárdio parietal e visceral (aderido ao epicárdio). O pericárdio parietal é o mais afetado, no entanto pode haver acometimento de ambos e, inclusive, desenvolvimento de aderências fibróticas ao epicárdio. A inelasticidade pericárdica é o ponto central da síndrome, o que ocasiona restrição de enchimento diastólico dos ventrículos e rápida elevação das pressões de enchimento após o retorno venoso, culminando em pressões diastólicas elevadas e equalizadas. Inicia-se com inflamação do pericárdio e redução da sua complacência, podendo estar associada espessamento pericárdico, fibrose e calcificação. A composição histológica do pericárdio orientará o tratamento e o prognóstico da doença. Há três subtipos de PC � PC transitória PCT constrição temporária decorrente da inflamação que pode se resolver espontaneamente ou com medicações; � PC crônica PCC constrição por inflamação crônica com presença de fibrose e calcificação pericárdica; possivelmente é a PCT não resolvida; � PC efusiva PCE síndrome incomum em que há coexistência de efusão pericárdica tensa e constrição do coração pelo pericárdio visceral. A principal característica da PCE é a pressão do átrio direito persistentemente elevada após a pericardiocentese. A PCT demonstra edema pericárdico, inflamação e deposição de fibrina, como visto em pericardite aguda, enquanto na PCC há mais fibrose e calcificação. Essa calcificação pode estender-se profundamente no miocárdio e no subendocárdio. Espessamento pericárdico presume-se ser a consequência de todas as patologias, no entanto pode estar ausente em até 1218% dos pacientes. PCs com pericárdio fino têm menos fibrose e inflamação e podem representar casos em que a doença não é devida apenas à fibrocalcificação, mas também ao encolhimento/retração do volume pericárdico, causando constrição do coração. Além disso, um pericárdio inelástico impede a transmissão das pressões na caixa torácica para dentro do coração, proporcionando a ocorrência de dois fenômenos: interdependência exagerada entre os ventrículos e dissociação pressórica intratorácica e intracardíaca. Durante a inspiração, a pressão intratorácica cai e reduz as pressões de enchimento ventricular, aumentando os retornos venosos sistêmico e pulmonar e o enchimento das câmaras cardíacas em um coração complacente. Com a constrição e a dissociação pressórica das cavidades, a SP 1.1 Que dá dor no peito? 33 pressão torácica é transmitida apenas às veias pulmonares (não encapsuladas pelo pericárdio), e não ao coração (que mantém pressões elevadas), havendo redução do enchimento do VE. Devido ao reduzido enchimento do VE na inspiração, o septo interventricular SIV se desloca em direção ao VE (com menor pressão), favorecendo o enchimento do VD, o que caracteriza a interdependência exagerada entre eles. Além disso, na PC, o VD tem sua expansão reduzida e não consegue acomodar o retorno venoso na inspiração, o que contribui para o fenômeno da interdependência e o deslocamento do SIV para a esquerda. Na expiração, ocorre o oposto: com o aumento da pressão intratorácica e do enchimento do VE, o SIV é deslocado para a direita, de forma a dificultar o enchimento do VD. Figura 1. Representação esquemática da interdependência ventricular. Adaptada de: Sohal S, et al., 2022. Legenda da figura Durante a inspiração, o sangue volta para o lado direito (seta vermelha); o fluxo sanguíneo aumentado acarreta altas velocidades de influxo da valva tricúspide Doppler VT verde), mas o pericárdio espessado impede expansão do ventrículo direito, levando ao deslocamento do septo (seta roxa) para o lado esquerdo, contribuindo assim para a diminuição do fluxo sanguíneo no lado esquerdo (seta azul) e velocidades de influxo mitral mais baixas Doppler VM verde). Durante a expiração, o influxo para o ventrículo esquerdo aumenta (seta vermelha), representado pelo aumento da velocidade de influxo mitral Doppler VM azul), causando deslocamento do septo (seta roxa) para o lado direito, contribuindo para a diminuição do fluxo sanguíneo no lado direito (seta azul) e velocidades de influxo tricúspide menores Doppler VT azul). O resultado é o aumento da pressão do sistema venoso a jusante do AD, provocando congestão direita e síndrome de IC direita. Essa síndrome pode se resolver espontaneamente ou com medicação se PCT, melhorar ou ser persistente após a pericardiocentese se PCE ou ser permanente e necessitar de cirurgia, como na PCC. 🪙 6 Levantar dados a respeito do diagnóstico incorreto de situações de dor torácica aguda e suas consequências. SP 1.1 Que dá dor no peito? 34 Fonte//https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor- toracica-na-emergencia/ Na emergência é necessário ter uma análise diagnóstica direcionada: começando por excluir o que pode levar o nosso paciente à morte se não for abordado prontamente. Para dor torácica, nós temos seis grandes catástrofes: Síndrome Coronariana Aguda SCA; Síndrome Aórtica Aguda SAA; Tromboembolismo Pulmonar TEP; Pneumotórax Hipertensivo; Tamponamento Cardíaco e; Ruptura esofágica. É preciso abordar cada uma dessas condições de maneira sistemática. No artigo já clássico sobre erros diagnósticos em medicina, realizado por Schiff et al. 2009, três das seis catástrofes são citadas como entre os diagnósticos mais errados pelos médicos. São elas: TEP, SCA e dissecção aórtica. Observe a tabela abaixo. O artigo vai além e tenta destrinchar em que momento do processo diagnóstico o erro ocorreu, conseguindo identificar os seguintes pontos onde ocorrem as falhas: Na anamnese, ao atrasar ou não extrair partes pertinentes da história. No exame físico, ao deixar passar achados críticos. Em não solicitar os exames complementares pertinentes. E também ao não considerara hipótese diagnóstica correta. Com o objetivo de reduzir esses erros, vamos sistematizar nossa abordagem diante de uma dor torácica: Na anamnese: extrair os dados pertinentes em relação a dor. SP 1.1 Que dá dor no peito? 35 https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor-toracica-na-emergencia/ https://blog.curem.com.br/topicos/medicina-de-emergencia/as-6-catastrofes-da-dor-toracica-na-emergencia/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19901140/ No exame físico o foco é nos achados críticos. Nos exames complementares importantes, sempre solicitar um eletrocardiograma e uma radiografia de tórax. E, para evitar que diagnósticos relevantes sejam esquecidos, vamos sempre concentrar nas seis catástrofes da dor torácica. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/pericardio SP 1.1 Que dá dor no peito? 36 https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/pericardio