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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE NÁBILA TAINÃ PATÊZ SILVA DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA A PARTIR DE MEDIDAS DE CONDUTIVIDADE E TENSAO SUPERFICIAL MARABÁ (PA) MARÇO DE 2014 2 3 NÁBILA TAINÃ PATÊZ SILVA DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA A PARTIR DE MEDIDAS DE CONDUTIVIDADE E TENSAO SUPERFICIAL Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente (Femma) da Universidade Federal Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Minas e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Denilson da Silva Costa MARABÁ (PA) MARÇO DE 2014 4 NÁBILA TAINÃ PATÊZ SILVA DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA A PARTIR DE MEDIDAS DE CONDUTIVIDADE E TENSAO SUPERFICIAL Data da defesa: ____/____/____ Conceito: ______________________ Banca examinadora: ______________________________________________ Prof. Dr. Denilson da Silva Costa Professor da Femma (Orientador) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará ______________________________________________ Prof. Dr. Reginaldo Saboia de Paiva Professor da Femma (Examinador) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará ______________________________________________ Prof. Raulim de Oliveira Santos Galvão Professor da Femma (Examinador) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará 5 Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida: minha mae, Maria Otacilia, ao meu esposo Anderson e a minha filha Geovanna. Não conquistaria nada se não estivessem ao meu lado. Obrigada, por tudo , mas principalmente pelo Amor de vocês. 6 AGRADECIMENTOS Agradecer primeiramente a Deus, por me iluminar e abençoar minha trajetória. A minha mãe Maria Otacilia, pelo apoio e por tudo que sempre fez por mim, pela força, exemplo, amizade, e carinho, fundamentais na construção do meu caráter. Ao meu esposo, Anderson, que sempre me deu força, coragem e incentivo durante todos esses anos tem sido meu amigo e juntamente comigo chorou e riu muitas vezes durante todo esse percurso da faculdade e da minha vida com muito amor e paciência. A minha amada filha Geovanna, que chegou para alegrar as nossas vidas. Hoje a minha vitória também é dela. Ao meu orientador Denilson Costa, pelo apoio, paciência, sempre pronto a ajudar e pelo seu conhecimento transmitido. A UNIFESPA-Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará pela oportunidade da formação e a todos os professores que me acompanharam durante a gradução. Não posso deixar de agradecer o voluntario Thiago que colaborou nas experiências práticas desse trabalho. Ao Veiga, Elizabeth, tias, tios e avós, Darcy e D. Lili que mesmo antes de ingressar no ensino superior já acreditavam no meu sonho. Agradeço ao Antonio e Esmenia, que sempre me acolheram de braços abertos, á voces minha eterna gratidão. A todos os meus colegas da faculdade. A todos que de alguma forma ajudaram. Sem vocês nada disso seria possível. 7 “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King) 8 RESUMO Em flotação a determinação do CMC- Concentração Micelar Crítica é de suma importância pois é a indicação de concentração na qual os tensoativos iniciam o processo de micelização, ou seja, estão diretamente relacionadas com a eficiência da atuação dos surfactantes, visto que o emprego de reagentes em concentrações acima da CMC causaria um gasto desnecessário para obter a mesma recuperação. A determinação da CMC é realizada, geralmente, através de gráficos que se baseiam na mudança brusca de propriedades físico-químicas, tais como: tensão superficial, espalhamento de luz, pressão osmótica e etc. O objetivo principal deste trabalho é avaliar o uso do condutivimetro para medições da CMC e fazer comparações com o método da tensão superficial. Através dos resultados da condutividade notou-se coerência com os valores obtidos da tensão superficial, visto que a CMC não se restringe a um único ponto, mas a sua ocorrência abranGe uma faixa de concentração. Analisando graficamente, obteve valores dentro da faixa de comparação com a tensão superficial que é um método mais sofisticado, que na ausência dele, pode-se usar o condutivimetro, que é um aparelho mais simples e barato, porém não menos eficiente. PALAVRAS-CHAVE: Tensão superficial, CMC, Tensiometro, Flotação e Condutividade. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS FIGURAS Figura 1: Ilustração das interações intermoleculares (Fonte: BALTAR, 2008) 15 Figura 2: Ilustração dos tipos de superficies e relação com as moléculas de água (Fonte: BALTAR,2008) 16 Figura 3: Superfícies hidrofílicas (a) apresentam ângulo de contato menores que 90°, enquanto superfícies hidrofóbicas (b) apresentam ângulos maiores que 90°.(Fonte: SBQ) 17 Figura 4: Representação esquematica dos tensoativos 17 Figura 5: :Solubilidade de reagente e produto na reação de saponificação (COSTA,2012) 18 Figura 6: Algumas técnicas utilizadas para determinação da CMC (Fonte: Dal-Bó, 20 2007) Figura 7: estrutura basica de uma micela.(http://www.teliga.net,2014) 20 Figura 8: Figura esquematica da tensão superficial. (Fonte: SBQ) 22 Figura9: Tensao superficial da interface água-ar em funcão da concentração do surfactante e formacão de micelas a partir da CMC (fonte: Baltar,2008) 22 Figura 10: Perfil de condutividade específica versus [surfactante] indicando a cmc a formação de micelas.(Fonte:Dal-Bó,2007) 24 Figura 11: Sistema montado para a reação de saponificação (Fonte: arquivo pessoal) 26 Figura 12: Tensiômetro modelo K10ST usado na determinação da CMC (COSTA, 2012) 27 Figura 13: condutivimetro imerso na solução fazendo a medição (Fonte: arquivo pessoal) 28 Figura 14 : Tensão superficial em função da concentração do coletor de buriti 29 Figura 15 : Tensão superficial em função da concentração do coletor de maracujá 30 Figura 16: Tensão superficial em função da concentração do coletor de inajá 30 10 Figura 17 : Tensão superficial em função da concentração do coletor de castanha do Pará. 31 Figura 18 :Tensão superficial em função da concentração do coletor de andiroba. 31 Figura 19 :Tensão superficial em função da concentração do coletor de açaí. 32 Figura 20 : Condutividade em função da concentração do coletor de buriti. 34 Figura 21 : Condutividade em função da concentração do coletor de maracuja 34 Figura 22: Condutividade em função da concentração do coletor de inaja 35 Figura 23: Condutividade em função da concentração do coletor de castanha 35 Figura 24: Condutividade em função da concentração do coletor deandiroba 36 Figura 25 :Condutividade em função da concentração do coletor de açaí 36 Figura 26: Determinação da cmc do dodecil sulfato de sódio (Santanna,2003) 38 TABELAS Tabela 1: CMC dos coletores amazônicos 33 Tabela 2 :CMC dos coletores amazônicos 37 Tabela 3 :CMC dos coletores amazônicos condutividade X 39 tensão superficial 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 14 3.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A FLOTAÇÃO ............................................................. 14 3.2 TENSOATIVOS .......................................................................................................... 16 3.3 USO DE ÓLEOS VEGETAIS COMO COLETORES ................................................... 18 3.4 CONCENTRAÇAO MICELAR CRITICA – CMC .......................................................... 19 3.5 TENSÃO SUPERFICIAL ............................................................................................ 21 3.6 CONDUTIVIDADE ...................................................................................................... 23 4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 25 4.1 COLETORES AMAZÔNICOS ..................................................................................... 25 4.2 HIDRÓLISE ALCALINA DOS ÓLEOS ......................................................................... 25 4.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) ....................... 26 4.3.1 Determinação da CMC através da tensão superficial ....................................... 26 4.3.2 Determinação da CMC através da condutividade ............................................. 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 29 5.1 CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) DOS COLETORES AMAZÔNICOS ATRAVÉS DA TENSÃO SUPERFICIAL .............................................................................. 29 5.2 CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) DOS COLETORES AMAZÔNICOS ATRAVÉS DA CONDUTIVIDADE ........................................................................................ 33 5.3 COMPARANDO RESULTADOS ................................................................................. 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 41 12 1 INTRODUÇÃO Os minerais estão presente cada vez mais em nosso cotitiano sob as mais diversas for mas como nas construções, fertilizantes, cores, utensílios e ate mesmo na alimentação, por esse motivo a mineração vem se destacando quer seja pelas demandas crescentes por bens minerais, quer seja pelas possibilidades latentes de dinamização econômica e social. Sendo que a mineração possui uma grande diversidade industrial contrapondo com a disponibilidade de recursos minerais existe uma busca incessante de conhecimentos e novas tecnologias através de estudos e pesquisa que nesse ramo aumenta consideravelmente, visto que é um campo bastante desafiador. Existem varias técnicas de concentração de minérios, e a flotação, uma das mais importantes, é uma técnica de separação de misturas que consiste na introdução de bolhas de ar a uma suspensão de partículas. Com isso, verifica-se que as partículas aderem às bolhas, formando uma espuma que pode ser removida da solução e separando seus componentes de maneira efetiva. A ocorrência do fenômeno se deve à tensão superficial do meio de dispersão e ao ângulo de contato formado entre as bolhas e as partículas. Em flotação, um aspecto importante é a CMC (concentração micelar cíitica) que é a concentração a partir da qual os tensoativos iniciam o processo de micelização. A concentração micelar crítica é influenciada, de modo particular, basicamente por três fatores: a natureza do tensoativo, a temperatura e a força iônica. Nos processos envolvendo surfactante, a determinação da CMC, são requisitos importantes por estarem diretamente relacionadas com a eficiência de sua atuação, visto que o emprego de reagentes em concentrações acima da CMC causaria um gasto desnecessário para obter a mesma recuperação (COSTA, 2012). A Amazônia possue consideráveis óleos vegetais apteis a serem reagentes na flotação de minérios, visto que esses óleos estão sendo visados para serem usados em escala industrial, apesar de ainda não serem aproveitados em quantidade significativa, faz-se necessário o estudo dos seus CMCs para que não haja excessos nos processos de concentração. 13 A determinação da CMC é realizada, geralmente, através de gráficos que se baseiam na mudança brusca de propriedades físico-químicas, tais como: tensão superficial, espalhamento de luz, pressão osmótica dentre outros e este trabalho propõe o uso da condutividade para a determinação da CMC, com um aparelho mais simples em contrapartida com o método da tensão superficial, que requer um aparelho mais sofisticado. 2 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é comparar duas metolodogias de medição de CMC (concentração micelar critica) de reagentes coletores obtidos a partir de óleos vegetais amazônicos. Os objetivos específicos são: Determinar a CMC através do condutivimetro portátil na determinação da condutividade; Determinar a CMC através da tensão superficial ulitlizando o tensiômetro; Avaliar a utilização o uso do condutivimetro na medição do CMC; comparar os resultados obtidos do procedimento do tensiometro e do condutivimetro. Incentivar o uso do condutivimetro em avaliações do CMC em ocasiões onde não se disponha do tensiometro para fazer tais medições. 14 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A FLOTAÇÃO A flotação é uma das mais eficientes técnicas de beneficiamento de minérios atualmente. É um processo de natureza físico-quimica que explora as diferenças de características superficiais dos diversos minerais (BALTAR,2008). Na indústria, o processo de flotação é amplamente empregado para separar o mineral de interesse da ganga a fim de produzir um concentrado rico desse mineral. O processo se desenvolve em três fases: sólido, liquido e gasoso que estão presentes e participam intensamente do processo. Onde em geral a fase sólida é representada pela mistura de minerais, a fase liquida pela água e a fase gasosa representada pelo ar. Segundo Baltar(2008), a condição geral de equilíbrio para as três fases é dada pela equação de Yong: Onde: Tensão superficial na interface gás-sólido Tensão superficial na interface sólido-liquido Tensão superficial na interface líquido-gás COSϴ = Ângulo de contato Conforme Baltar(2008), quanto maior a superficie especifica das bolhas, maior a probabilidade de contato com as particulas e, consequentemente, maior a velocidade e eficiência do processo, logo, a velocidade da flotação depende das três etapas fundamentais do processo: colisão, adesão e transporte. Dessa forma, a probabilidade da flotação para uma determinada espécie mineral pode ser expressa por: 15 Onde:→ probabilidade de flotação → probabilidade de colisão → probabilidade de adesão → probabilidade de transporte A concentração de minerais requer três condições básicas: liberabilidade, diferenciabilidade e separabilidade dinâmica. A seletividade do processo de flotação se baseia no fato de que a superfície de diferentes espécies minerais pode apresentar distintos graus de hidrofobicidade. Logo, se qualquer uma das etapas falhar, a probabilidade de flotação é zero, ou seja, a flotação de uma partícula só sera possível se todas a etapas forem bem sucedidas. As moléculas podem ser polares ou apolares. Como se sabe, moléculas ambas polares ou ambas apolares se atraem entre si. A afinidade nao ocorre no caso de uma molecula polar e outra apolar (Figura 1). Baltar(2008) esclarece que o processo de flotação baseia-se no fato de que alguns minerais apresentam superficie polar e, portanto, tem afinidade pela água, enquanto outros, com superficie apolar, preferem a fase gasosa. Sendo assim, minerais com superfície polar são hidrofílicos (hidro= água; filico= com afinidade) e com superfície apolar são hidrofóbicos (fobia = medo, aversão, pavor), conforme e ilustrado na Figura 2. Os minerais hidrofóbicos aderem as bolhas de ar e são transportadas para a superfície de onde sao removidos, enquanto os hidrofílicos permanecem em suspensão, com a superfcie recoberta por moleculas de água. Figura 1 : Ilustração das interações intermoleculares (Fonte: BALTAR, 2008) 16 Figura 2: Ilustração dos tipos de superficies e relação com as moléculas de água (Fonte: BALTAR,2008) 3.2 TENSOATIVOS Os tensoativos, também chamados de surfactantes, são compostos anfifílicos, orgânicos ou organometálicos que formam colóides ou micelas em solução. A definição da palavra surfactante é baseada na contração da frase em inglês que descreve “surface-active agents”, que significa “agente de atividade superficial”. Estes possuem uma superfície ativa, devido à concentração de determinadas espécies em uma região interfásica: ar-água, óleo-água ou sólido- líquido (MANIASSO, 2001). Os tensoativos possuem propriedades, dentre as quais, destacam-se: capacidade de formar bolhas e espumas na superfície de um liquido e a se adsorver nas superfícies ou interfaces líquido-líquido, liquido gás e sólido-líquido, promovendo a redução significativa da tensão superficial ou interfacial.(SANTANNA, 2003) Em solução aquosa com tensoativo, esta distorção da água pelo grupo liofóbico (hidrofóbico) do tensoativo resulta no aumento da energia livre do sistema. Quando este é dissolvido, o trabalho necessário para trazer uma molécula surfactante para a superfície é menor do que aquele relativo a uma molécula de água. A presença do tensoativo diminui o trabalho necessário para criar uma unidade de área de superfície (tensão superficial) (SANTOS apud FENDLER, 1992). 17 Figura 3: Superfícies hidrofílicas (a) apresentam ângulo de contato menores que 90°, enquanto superfícies hidrofóbicas (b) apresentam ângulos maiores que 90°.(Fonte: SBQ) No entanto, como esses parâmetros de superfície explicam que no processo de flotação algumas partículas aderem às bolhas de ar preferencialmente em relação a outras? A explicação está no fato de que a superfície dessas partículas é hidrofóbica, fazendo com que a tensão superficial da água expulse a partícula do líquido e promova a adesão da partícula na superfície da bolha de ar. O que não ocorre com os outros componentes hidrofílicos com ângulos de contato pequenos presentes no sistema, que preferem permanecer no meio líquido em vez de aderir à superfície da bolha de ar (MASSI apud VENDITTI, 2004). O termo “interface” indica o limite entre as duas fases imiscíveis, e o termo “superfície” indica uma interface onde uma fase é liquida e a outra é gasosa, geralmente ar. A quantidade mínima de trabalho para criar a interface é chamada de energia interfacial livre, medida por unidade de área, quando a tensão superficial entre as duas fases é determinada. Um tensoativo típico possui a estrutura R-X, onde R é uma cadeia de hidrocarboneto variando de 8-18 átomos (normalmente linear) e X é o grupo cabeça, polar (ou iônico). Dependendo de X, os tensoativos podem ser classificados como não-iônicos, catiônicos, aniônicos ou anfóteros, como ilustra figura 4 (SANTOS apud Pelizzetti e Pramauro, 1985). Figura 4: Representação esquematica dos tensoativos 18 3.3 USO DE ÓLEOS VEGETAIS COMO COLETORES De acordo com a RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005, da ANVISA, óleos e gorduras vegetais são os produtos constituídos principalmente de glicerídios de ácidos graxos de espécie(s) vegetal(is). Podem conter pequenas quantidades de outros lipídios como fosfolipídios, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo ou na gordura. Os óleos vegetais se apresentam na forma líquida e as gorduras vegetais se apresentam na forma sólida ou pastosa à temperatura de 25ºC. A diversidade dos diferentes óleos e gorduras que estão presentes na natureza ou que são originados por processos industriais baseia-se nos ácidos graxos que fazem parte de seus triglicerídios, sendo assim os componentes mais importantes, tanto sob o ponto de vista estrutural quanto nutricional (Moretto e Fett, 1998). Para serem utilizados como coletores na flotação de minérios, os óleos vegetais necessitam ser transformados em surfatantes. Normalmente isto é feito convertendo o óleo em uma mistura de sais de ácidos graxos (sabões) através da hidrólise alcalina (saponificação). Portanto, em flotação, a hidrólise alcalina de óleos vegetais (saponificação) se faz necessária para obter a solubilidade de ácidos graxos de cadeia longa (figura 5), já que estes, na forma livre ou esterificada ao glicerol, são insolúveis em água. Figura 5 : Solubilidade de reagente e produto na reação de saponificação (COSTA,2012) De acordo com COSTA (2012) os surfatantes de importância particular para o processo de flotação podem ser convenientemente agrupados em 19 monopolares (um grupo polar) e multipolares (mais de um grupo polar), e cada um desses grupos pode ser subdividido em três classes: tiocompostos (coletores para sulfetos metálicos), compostos ionizáveis não tio (agem como coletores e espumantes) e compostos não iônicos (agem como espumantes, ativadores e depressores). Na indústria mineral, os sais de ácidos graxos pertencentes à classe dos compostos ionizáveis não tio são os coletores aniônicos mais utilizados no processo de flotação de minerais não sulfetos, principalmente dos oximinerais (Costa,2012). 3.4 CONCENTRAÇAO MICELAR CRITICA – CMC Determinar a CMC é de fundamental importância para quaisquer processos envolvendo tensoativos, pois o efeito desses compostos é maior quando uma quantidade significante de micelas encontra-se presente. O tipo de tensoativo, isto é, o tamanho da cadeia do hidrocarboneto agregada às condições do meio, tais como a concentração iônica, temperatura etc, são importantes para a determinação da CMC, medida que aumenta o tamanho da cadeia hidrocarbônica diminuem a solubilidade e a CMC. Esse fato Iimita o tamanho da cadeia orgânica para cada tipo de coletor. A CMC pode ser determinada através de algumas propriedades físicas como físicas tais como, turbidez, viscosidade, condutividade elétrica, tensão superficial e pressão osmótica , como mostra a figura figura 6. Segundo DAL-BÓ(2007) a vantagem de utilizar as técnicas clássicas de tensão superficial e condutividade elétrica reside no fato que elas já foram largamente utilizadas para outros sistemas compostos de misturas de polímeros neutros e surfactantes aniônicos. 20 Figura 6: Algumas técnicas utilizadas para determinação da CMC (Fonte: Dal-Bó, 2007)As moléculas de surfactantes podem se associar formando uma variedade de possíveis nano-estruturas que dependem da estrutura molecular, da concentração e da composição do sistema. A medida que se aumenta a quantidade de tensoativo a ser dissolvido em um dado solvente, sua dissolução tende a um valor de concentração que determina a saturação na interface. A partir daí, as molécula não podem mais adsorver e inicia-se o processo de formação espontânea de agreagados moleculares donominados “micelas”. A micela é a configuração das moléculas de tensoativo com melhor estabilidade na solução, com as cadeias hidrofóbicas agrupadas e a parte hidrofílica das moléculas voltada para a água. A figura 7 demonstra um desenho esquemático da micela. Figura 7: estrutura basica de uma micela 21 3.5 TENSÃO SUPERFICIAL As moléculas de um líquido interagem entre si de várias maneiras. Uma delas é a atração ou repulsão elétrica, se estiverem carregadas ou se suas cargas positivas e negativas não estiverem igualmente distribuídas no espaço. Além disso, sofrem a ação da gravidade e da agitação térmica. No cômputo geral, se o líquido estiver em um recipiente, como um copo, por exemplo, as forças de atração preponderam e impedem que as moléculas se espalhem pelo espaço. O líquido ocupa um volume determinado, formando uma superfície bem definida entre ele e o ar circundante. Surge daí uma diferença clara entre as moléculas da superfície e as que ficam internas no líquido. As que ficam dentro interagem com as demais em todas as direções. Em média, portanto, essas interações (ou forças) se anulam mutuamente. Já as que ficam na superfície só podem interagir com as que estão do lado de dentro. Do lado de fora só existe o ar e as moléculas do ar estão tão separadas uma das outras que seu efeito imediato sobre a superfície líquida pode ser desprezado (figura 8). Figura 8: Figura esquematica da tensão superficial. (Fonte: SBQ) O resultado é que a película que fica na superfície sofre uma atração para dentro do próprio líquido. Essa tendência é contrabalançada pela resistência das moléculas de dentro que só podem ceder espaço até certo ponto. Quando o 22 equilíbrio é alcançado a tendência das moléculas superficiais de penetrarem no líquido é equilibrada pela resistência das demais que estão no interior. Resumidamente podemos considerar que a tensão superficial é a força que procura reduzir ao máximo a superfície de um liquido em contato com outro liquido , gás ou sólido.(SANTANNA,2003) Evidências da existência da tensão superficial surgem em fatos corriqueiros do dia a dia: a água em um copo ou em um lago (na ausência de vento) mostra uma superfície plana, já em pequenas quantidades as gotas mostram uma superfície curva convexa (pequenas gotas e bolhas de ar são esféricas (NETO,2012). A tensão superficial de uma solução é, geralmente, afetada pela concentração do soluto. A presença de sais e bases (com exceção do hidróxido de amônio) elevam a tensão superficial em relação à da água. A maioria dos surfactantes (alcoóis, carboxilatos, sulfatos, sulfonatos, aminas e sais quaternários de amônio etc.) reduzem a tensão superficial. A figura 9 ilustra a variação da tensão superficial em função da concentração do soluto gerando a formação de micelas. Figura 9: Tensão superficial da interface água-ar em funcão da concentração do surfactante e formacão de micelas a partir da CMC (fonte: Baltar,2008) 23 3.6 CONDUTIVIDADE A condutividade elétrica é a medida da mobilidade de espécies iônicas em solução. Numa solução ela é dependente da concentração e dos eletrólitos presentes. No caso de eletrólitos fortes, a variação na condutividade elétrica da solução é diretamente proporcional à concentração de eletrólito adicionado. Já para fracos, como a concentração de íons é dependente do equilíbrio de dissociação, a condutividade dependerá do grau de ionização (α) do eletrólito. Micelas iônicas são agregados que podem ligar ânions e/ou cátions de tal forma que, na CMC, o conteúdo iônico da solução varia com a formação delas e, o gráfico de condutividade elétrica vs concentração do surfactante, na CMC, mostra descontinuidade.(DAL- BÓ,2007). Em soluções aquosas de tensoativos antes de ser atingida a concentração micelar critica(CMC), a adição de tensoativo faz com que a condutividade especifica aumente linearmente com o aumento da concentração. Ao ser atingida a CMC, as moléculas de tensoativo passam a agregar-se em micelas, que apresentam mobilidade( e portanto condutividade) menor que as das moléculas de tensoativos livres. Os contra-íons do tensoativo também começam a se associar-se às micelas formadas, contribuindo para a diminuição da condutividade. Desse modo, a condutividade especifica da solução acima da CMC , ainda aumenta linearmente com o aumento da concentração, mas numa taxa menor(PIRES,2002). Além disso os dados de condutividade especifica em função da concentração, permitem a obtenção dos valores de grau de dissociação das micelas(α). A figura 10 mostra um gráfico típico da condutividade específica versus concentração molar de surfactante. Observa-se que a CMC é definida na concentração do surfactante corresponde à repentina mudança do perfil de condutividade elétrica. O aumento linear da condutividade abaixo da CMC, observado no perfil da Figura 3.9, é característico de eletrólitos fortes e a inclinação depende da condutividade molar das espécies em solução. Após a micelização, cada monômero adicionado contribui para a formação de micelas. Conforme Dal-Bó(2007), as micelas iônicas, necessariamente não são totalmente ionizadas, mas apenas uma fração α de íons fica livre na solução, comportamento esperado para um eletrólito fraco. A brusca quebra do perfil na CMC 24 é devido ao fato de que, no agregado micelar formado, nem todos os monômeros estão ionizados e uma fração de contraíons permanece ligada. Observa-se que, acima da cmc, o incremento da condutividade da solução para cada adição de surfactante é menor. Figura 10 : Perfil de condutividade específica versus [surfactante] indicando a cmc a formação de micelas.(Fonte:Dal-Bó,2007) 25 4 METODOLOGIA 4.1 COLETORES AMAZÔNICOS Foram avaliados seis óleos vegetais oriundos da floresta amazônica extraídos da polpa de buriti (Mauritia flexuosa), da semente de maracujá (Passiflora edulis), da polpa de inajá (Attalea maripa), da castanha do Pará (Bertholletia excelsa), da semente de andiroba (Carapa guianensis) e da polpa de açaí (Euterpe oleracea). 4.2 HIDRÓLISE ALCALINA DOS ÓLEOS Esses óleos requerem saponificação, pois essa hidrólise alcalina irá torná-los solúveis em água. Para preparação do óleo vegetal saponificado, pesam-se 4g de NaOH e dissolve-se em 100 mL de álcool etílico utilizando o auxílio do agitador magnético. Depois, em um balão de fundo redondo de 1000 mL, coloca-se 1 g do óleo vegetal, a solução de NaOH e afere com água destilada. Este balão é acoplado a um condensador de refluxo e aquecido em uma manta aquecedora (78ºC) por 1 hora, até que a reação se complete. Neste trabalho utilizou-se o método de saponificação que emprega álcool etílico e NaOH sob refluxo (saponificação homogênea) por este requerer menor tempo de conversão, já que o álcool proporciona um contato maior do óleo vegetal com o NaOH. A eficiência da reação de hidrólise foi acompanhada por observação visual era fiscalizada por via da exame visual do material obtido. Se houvesse completa solubilização, considerar-se-ia como saponificado; caso contrário, a espécie era rejeitada. A figura 11 mostra o sistema utilizado para saponificar os óleos vegetais amazônicos. 26 Figura 11: Sistema montado para a reação de saponificação (Fonte:arquivo pessoal) 4.3 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) 4.3.1 Determinação da CMC através da tensão superficial Após a saponificação dos óleos, determinou-se a Concentração Micelar Crítica (CMC) de cada coletor através de medidas de tensão superficial, usando o método do desprendimento do anel em tensiômetro KRÜSS, modelo K10ST (figura 12) que foram realizadas na UFMG. O anel foi flambado em bico de bunsen após cada medida a fim de evitar contaminação. As concentrações das soluções variaram desde altas concentrações até concentrações com valores de tensão superficial próxima à da água (72,7mN/m). A temperatura e o pH das medidas foram mantidas em, aproximadamente, 22°C e 9,0, respectivamente. A CMC foi determinada levando em consideração o ponto de descontinuidade (ponto a partir do qual a tensão superficial permanece constante) da curva da tensão superficial (mN/m) em função da concentração de coletor (mg/L). 27 Figura 12: Tensiômetro modelo K10ST usado na determinação da CMC (COSTA, 2012) 4.3.2 Determinação da CMC através da condutividade Após a saponificação dos óleos, determinou-se a Concentração Micelar Crítica (CMC) através da condutividade, variando as concentrações dos reagentes coletores. A temperatura e o pH das medidas foram mantidas em, aproximadamente, 22°C e 9,0, respectivamente. O condutivimetro usado foi o modelo HI 98311 - HI 98312 marca HANNA, onde o mesmo já calibrado foi inserido em um becker de 200ml onde as concentrações variavam (figura 13). Os parâmetros concentração micelar crítica CMC, do surfactante, foram determinados através da análise gráfica. . 28 Figura 13: condutivimetro imerso na solução fazendo a medição. 29 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) DOS COLETORES AMAZÔNICOS ATRAVÉS DA TENSÃO SUPERFICIAL As medidas de tensão superficial () em função da concentração para cada coletor (óleo vegetal saponificado) e suas respectivas CMC’s, estão mostradas nas figuras de 14 a 19. Buriti 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 48 mg/L Figura 14 : Tensão superficial em função da concentração do coletor de buriti. 30 Maracujá 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 88 mg/L Figura 15: Tensão superficial em função da concentração do coletor de maracujá. Inajá 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 44 mg/L Figura 16: Tensão superficial em função da concentração do coletor de inajá. 31 Castanha do Pará 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 81 mg/L Figura 17 : Tensão superficial em função da concentração do coletor de castanha do Pará. Andiroba 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 117 mg/L Figura 18 :Tensão superficial em função da concentração do coletor de andiroba. 32 Açaí 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 20 30 40 50 60 70 80 (m N /m ) CMC = 80 mg/L Figura 19 :Tensão superficial em função da concentração do coletor de açaí. A CMC é determinada a partir do ponto de inflexão, onde a tensão superficial da solução diminui acentuadamente, ponto onde se inicia a formação de micelas, e que corresponde a intersecção das duas retas. Podemos observar uma constância do valor da tensão superficial em concentrações maiores que a CMC, sendo a mesma o ponto onde ocorre a quebra brusca da curva obtida. A pequena queda de tensao superficial após a CMC advém do fato que, nessa faixa de concentrações, a tensão superficial é uma função da atividade do monômero no seio da solução. Do ponto de vista da tensão superficial, as micelas não são “ativas”. Como após a CMC, a atividade de monômero permanece aproximadamente constante ou diminui um pouco, o mesmo acontece com a tensão superficial (PIRES, 2003). A tabela 1 sumaria os resultados das CMC’s dos coletores obtidos de óleos vegetais amazônicos. 33 Tabela 1 :CMC dos coletores amazônicos Óleos Vegetais CMC (mg/L) Buriti 48 Maracujá 88 Inajá 44 Castanha 81 Andiroba 117 Açaí 80 Pelas figuras, pode-se inferir que todos os coletores possuem ação tensoativa, já que todos diminuíram a tensão superficial da água (72,7mN/m). Observa-se também que o inajá foi o coletor que menos diminuiu a tensão superficial, talvez por essa ser a única espécie que contém, em quantidade significativa, os ácidos láurico (12C) e mirístico (14C), que, por possuírem cadeias hidrocarbônicas relativamente curtas, não influenciam significativamente no abaixamento da tensão superficial. Ainda na tabela 1 observa-se que as similaridades de CMC’s ficaram entre os coletores dos óleos de buriti e inajá (48 e 44mg/L, respectivamente) e entre os coletores de maracujá, castanha e açaí (88, 81 e 80mg/L, respectivamente). 5.2 CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC) DOS COLETORES AMAZÔNICOS ATRAVÉS DA CONDUTIVIDADE As figuras de 20 a 26 mostram o perfil condutividade em função da concentração para cada coletor (óleo vegetal saponificado) e suas respectivas CMC’s, observa-se que, à medida que a concentração é aumentada, a 34 condutividade elétrica aumenta, linearmente, até atingir um ponto de inflexão , que caracteriza o inicio da formação de agregados micelares cmc. Buriti 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 60 mg/L Figura 20 : Condutividade em função da concentração do coletor de buriti. Maracujá 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 70 mg/L Figura 21 : Condutividade em função da concentração do coletor de maracujá. 35 . Inajá 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 40 mg/L Figura 22: Condutividade em função da concentração do coletor de inaja. Castanha 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 80 mg/L Figura 23: Condutividade em função da concentração do coletor de castanha. 36 Castanha 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 80 mg/L Figura 24: Condutividade em função da concentração do coletor de andiroba. Açaí 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Concentração (mg/L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 C o n d u ti v id ad e ( S /c m ) CMC = 60 mg/L Figura 25 :Condutividade em função da concentração do coletor de açaí. Como se pode observar, a CMC inicial há uma quebra nas “curvas”. Segundo PIRES(2003) essas quebras podem ser explicadas da seguinte maneira: abaixo da 37 CMC os monômeros dos tensoativos se comportam como eletrólitos fortes. As micelas, por outro lado, apresentam uma associação parcial dos contra-íons, sendo a contribuição das mesmas para a condutância total da solução menor do que se todos os monômeros que a constituem permanecessem não agregados. Assim sendo, o incremento da condutividade especifica com o incremento da concentração total de tensoativo diminui. Por outro lado, a quebra da curva da condutância é atribuída ao aumentoda massa por unidade de carga do material em solução. O aumento linear da condutividade abaixo da cmc, observado nos gráficos acima , é característico de eletrólitos fortes e a inclinação depende da condutividade molar das espécies em solução. Após a micelização, cada monômero adicionado contribui para a formação de micelas.(DAL-BO,2007). As micelas iônicas, necessariamente não são totalmente ionizadas, mas apenas uma fração α de íons fica livre na solução, comportamento esperado para um eletrólito fraco. A brusca quebra do perfil na cmc é devido ao fato de que, no agregado micelar formado, nem todos os monômeros estão ionizados e uma fração de contraíons permanece ligada. Observa-se que, acima da cmc, o incremento da condutividade da solução para cada adição de surfactante é menor.(DAL-BO,2007) A tabela 2 sumaria os resultados das CMC’s dos coletores obtidos de óleos vegetais amazônicos. Tabela 2 :CMC dos coletores amazônicos Óleos Vegetais CMC (mg/L) Buriti 60 Maracujá 70 Inajá 40 Castanha 80 Andiroba 100 Açaí 60 38 Podemos observar na tabela tabela 2 que assim como nas medidas do CMC na tensão superficial, as similaridades de CMC’s ficaram entre alguns coletores como os dos óleos de buriti e açaí (60 mg/L,) e entre os coletores de maracujá e a castanha 70 e 80mg/L, respectivamente). 5.3 COMPARANDO RESULTADOS Historicamente, a tensão superficial é uma das técnicas mais populares para determinação da cmc de tensoativos. Diferentemente da técnica de condutividade elétrica, que acompanha uma propriedade da solução, a tensão superficial avalia uma propriedade da superfície, na interface ar-água(MODOLON, 2009). A mudança de uma determinada grandeza física na cmc, não se restringe a um único ponto, mas a sua ocorrência uma faixa de concentração.(PIRES,2003) (figura 26). Figura 26: Determinação da cmc do dodecil sulfato de sódio (Santanna,2003) 39 Tabela 3 :CMC dos coletores amazônicos condutividade X tensão superficial Óleos Vegetais CMC (condutividade ) CMC (tensão superficial) Buriti 60 48 Maracujá 70 88 Inajá 40 44 Castanha 80 81 Andiroba 100 117 Açaí 60 80 Pela figura 26 e a tabela de comparação verifica-se que existe coerência entre os valores obtidos e esperados teoricamente, apesar de termos alguns desvio de valores podemos observar que existe um intervalo em meio a inflexão onde se inicia o cmc dependo da metodologia que será utilizada. Se formos observarmos a tabela, com os dois resultados, vemos que apesar de pequenas diferenças, o ponto de inflexão estão bem próximos podendo considerar assim o cmc do surfactante. Vale lembrar que a técnica de condutividade elétrica é sensível às variações do conteúdo iônico da solução acompanhada de mudanças estruturais, enquanto a tensão superficial, embora uma medida físico-quimica da interface ar/agua, a variação esta diretamente em equilíbrio com o interior da solução. Dessa forma, embora observem diferentes propriedades em distintas regiões da solução, elas complementam-se nas conclusões. Em sua tese, apesar do autor utilizar tensoativo catiônico, Pires (2003) mostra que a CMC determinada por condutância é precisa, além de ser um método simples e rápido, mostrando sua versatilidade. A tensão superficial também fornece valores muito preciso da CMC, porém é uma medida que pode tornar-se demorada na presença de traços de impurezas tensoativas na solução, devido ao tempo necessário para atingir o equilíbrio na interface. 40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As técnicas de determinação de CMC são apartir da tensão superficial e condutividade são bastante distintas. Porém, são bastante eficazes na determinação do CMC dos surfactantes sendo que o valor medido da CMC, pode variar conforme a tecnica utilizada e até mesmo, para uma mesma técnica. Essa pode ser uma das razões para a flutuação de valores entre os métodos. Podemos indicar o uso da condutividade para estimar o CMC de um surfactante iônico neste caso os óleos amazônicos, em trabalhos propostos pela academia, visto que é um aparelho de fácil e simples manuseio podendo ser ulitlizado em situações onde não se dispões de um tensiômetro ou algum outro método para fazer as determinações. Através da condutividade foi possível a determinação da concentração micelar crítica dos coletores amazônicos estudados. Uma vez estabelecida a confiabilidade desse método, passamos a uma nova etapa do trabalho, em que a condutividade será utilizada para a determinação da CMC de outros surfactantes e no estudo de um possível comportamento universal dos surfactantes. É importante ressaltar que não foram encontrados artigos publicados sobre o CMC com os tensoativos (aniônico) estudados neste trabalho. Fica como sugestão para trabalhos futuros a elaboração de modelos matemáticos que possam melhor ajustar os ângulos das retas as técnicas utilizadas. 41 REFERÊNCIAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 Disponível em: Acesso em: 20 jan. 2014 BALTAR, C.A.M. Flotação no Tratamento de Minérios. 1.ed., Recife, BRASIL: Departamento de Engenharia de Minas/UFPE, 2008. COSTA, D. S. Uso de Óleos Vegetais Amazônicos na Flotação de Minérios Fosfáticos. Tese (Doutorado em Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas). Belo Horizonte: UFMG, 2012. DAL-BÓ, A. G. ASSOCIAÇÃO DE MICELAS MISTAS DE SURFACTANTES ANIÔNICOS COM O POLÍMERO HIDROFOBICAMENTE MODIFICADO ETIL( HIDROXIETIL) CELULOSE (EHEC) (Dissertação de Mestrado em Química) Florianópolis ,Universidade Federal de Santa Catarina,2007. DAL-BÓ, A. G. 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