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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
PRESIDENCIALISMO SOBERANO 
 
 
 JOEL DA SILVA CALHAU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2024 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIP – Catalogação na Publicação 
 
 Calhau, Joel da Silva Calhau 
 Presidencialismo Soberano/ Joel da Silva Calhau, 2024. 
 67 f. 
Trabalho de conclusão do curso de bacharel em Direito, apresentado ao Instituto de Ciências 
Jurídicas da Universidade Paulista, São Paulo, 2024. 
Área de concentração: Direito Eleitoral – Sistema de Governo, Soberania Popular. 
Orientadora: Profa. Me. Dra. Mônica M.C. Vieira Bortolassi 
 
1. Direito eleitoral. 2. Poder executivo.3. Sistema de Governo. 4. Forma de Governo. 
5.Sistema proporcional e majoritário de eleição. 5. Poder soberano do povo. 6. Sistema 
Presidencialista Soberano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 JOEL DA SILVA CALHAU 
 
 
 
 
 
 
PRESIDENCIALISMO SOBERANO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso para 
obtenção do título de bacharel em direito 
apresentado à Universidade Paulista 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 Orientadora: Profa. Me. Dra. Mônica M.C. Vieira Bortolassi 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2024 
 
 
 
 
 JOEL DA SILVA CALHAU 
 
 
 
 
 
 
PRESIDENCIALISMO SOBERANO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso para 
obtenção do título de bacharel em direito 
apresentado à Universidade Paulista 
 
 Aprovado em: 
 
 
Banca Examinadora 
___________________/__/__ 
Prof.________________ 
Universidade Paulista – UNIP 
 
 
Banca Examinadora 
___________________/__/__ 
Prof.________________ 
Universidade Paulista – UNIP 
 
 
Banca Examinadora 
___________________/__/__ 
Prof.________________ 
Membro convidado para a Banca 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
O poder e a força de Deus estão proporcional e adequadamente dispostos na 
mente do ser humano. Outrossim, a força de vontade de cada pessoa é a mola 
propulsora para vencer obstáculos e realizar sonhos. 
Inicialmente, agradeço a Deus pela vida e aos meus pais pelos exemplos de 
pessoas, com muita dedicação e sacrifício para dar o melhor aos filhos, uma educação 
suficiente para alavancar e crescer com dignidade e prosperidade. 
Agradeço também, os professores desde o primário até o ensino superior, em 
especial, os professores do curso de Direito pelos ensinamentos práticos da vida 
cotidiana, com apreço distinto à coordenadora do curso e orientadora desse trabalho, 
Profa. Me. Dra. Mônica M. C. Vieira Bortolassi. 
Ademais, com uma formação de engenharia de materiais e especialização em 
polímeros, fui agraciado com uma segunda graduação, uma grande realização 
complementar para os ensinamentos de uma vida holística. 
Por último, finalizo agradecendo minha esposa Acelis e meus filhos Alvaro e 
Denise Calhau pelo carinho, amor mútuo e ajuda nessa grande conquista. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A presente monografia apresenta uma proposta para implantação do 
presidencialismo soberano em países com regimes democráticos. Esse modelo é um 
sistema de governo que garante a plenitude da soberania popular. Ainda, acaba com 
a necessidade do poder executivo de barganhar com o legislativo para formar uma 
maioria de sustentação do governo no parlamento. 
Ademais, no sistema de governo proposto, os cidadãos elegem seus 
representantes para o poder executivo por maioria absoluta dos votos e garante pelo 
mesmo percentual dessa vitória, também o preenchimento das cadeiras do 
parlamento. 
Destarte, o sistema presidencialista soberano corrige e soluciona o maior 
problema dos atuais modelos presentes no mundo democrático, ou seja, a 
desobediência política do eleito com relação às propostas feitas durante a campanha 
eleitoral e vitoriosas nas urnas. Essa desobediência ocorre tanto no sistema 
parlamentarista como no presidencialismo, em virtude da necessidade de 
flexibilização ou até ignorar algumas propostas, para compor uma maioria no 
parlamento e dar sustentação política ao Chefe de Governo. 
 Ainda, essa dissertação traz uma avaliação dos vários sistemas de governo 
desde a antiguidade, apresentando as vantagens e desvantagens de cada modelo já 
implementado no mundo e enfatiza a principal diferença entre os modelos conhecidos 
e o sistema de governo novo, denominado presidencialismo soberano. 
Não obstante, a principal característica do novo sistema apresentado é o 
reconhecimento, na prática, do direito soberano do povo em escolher e exigir 
obediência dos eleitos, conforme vontade da população manifestada nas urnas. 
 Por último, o presidencialismo soberano tem três primícias necessárias: a 
iniciativa popular para legislar, a substituição do eleito ou do indicado para o cargo 
público com comportamento distinto do mandato outorgado pelo voto popular e a 
eliminação por completo das obrigatórias negociações políticas, decorrentes dos 
sistemas de governo presentes nas democracias atuais, pois tais modelos envolvem 
sempre troca de favores, barganhas políticas, má gestão dos recursos públicos e a 
possibilidade de corrupção sistêmica. 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
 
This monograph presents a proposal for implementing sovereign 
presidentialism in countries with democratic regimes.This model is a system of 
government that guarantees fullness popular sovereignty. It also eliminates the need 
for executive power to bargain with the legislative power in order to form a majority to 
support the government in Parliament. 
In addition, in the proposed system of government, citizens elect their 
representatives to the executive power by an absolute majority of votes and guarantee 
the same percentage of this victory, also filling seats in Parliament. 
Thus, the sovereign presidential system corrects and solves the biggest 
problem of the current models in the democratic world, which is the political 
disobedience of those elected in relation to the proposals made during the electoral 
campaign and victorious at the polls. This disobedience occurs in both parliamentary 
and presidential systems, due to the need to make some proposals more flexible or 
even ignore them in order to form a majority in Parliament and give political support to 
the head of government. 
Furthermore, this dissertation brings an evaluation of the various systems of 
government since antiquity, presenting the advantages and disadvantages of each 
model already implemented in the world and emphasizes the main difference between 
the known models and the new system of government, called sovereign 
presidentialism. 
Nevertheless, the main characteristic of the new system presented is the 
recognition, in practice, of the sovereign right of the people to choose and demand 
obedience from those elected, according to the will of the population expressed at the 
polls. 
Finally, sovereign presidentialism has three necessary first steps: the popular 
initiative to legislate, the replacement of those elected or appointed to public office who 
behave differently from the mandate granted by popular vote and the complete 
elimination of the obligatory political negotiations that result from the systems of 
government present in current democracies, since such models always involve the 
exchange of favors, political bargaining, mismanagement of public resources and the 
possibility of systemic corruption. 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................exige-se mudança no modelo 
de participação do eleitor nas decisões durante o mandato. Logo, uma decisão do 
parlamento contrária às promessas durante a campanha eleitoral, deveria ser 
impedida a sua efetividade pelo próprio povo. No modelo proposto, elege-se um 
parlamento responsável e com o número de cadeiras igual ao percentual do poder 
executivo eleito, com isso, acaba com as negociações nefastas para formar a tal 
maioria pela governabilidade. A solução do problema atual pode ocorrer com a 
implementação do presidencialismo soberano apresentado no capitulo 5. 
 Do sistema presidencialista em combinação com o parlamentarismo surgiu o 
denominado semipresidencialismo. Há várias combinações e diferenças de um país 
para outro, principalmente na forma da divisão do poder central, podendo ainda, ser 
uma monarquia. Nesse sistema, o chefe de governo é exercido de forma 
compartilhada entre o Primeiro Ministro e o Presidente eleito ou Monarca por 
sucessão hereditária. 
 Poucos países adotam esse modelo, sendo ainda, que o seu êxito está 
diretamente relacionado aos partidos políticos com ideologia claras e definidas, 
atuação forte e com alta responsabilidade e representatividade na sociedade. 
Atualmente, esse sistema está implementado na França. 
 A grande maioria dos países adotam o sistema presidencialismo ou monarquia 
parlamentar. No entanto, destaca-se as monarquias islâmicas absolutas e teocráticas 
presentes em vários países. 
 
 
 
 CAPITULO 4 
 
 PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO 
 
Os brasileiros no ano de 1993 escolheram, através de um plebiscito nacional, 
o sistema de governo presidencialista. A escolha descartou a monarquia e 
parlamentarismo. Cada ala política adotou uma estratégia de divulgação e 
36 
 
 
 
propaganda pelos meios de comunicação. Ainda, as partes juntamente com os grupos 
intelectuais, políticos e jurídicos defenderam suas bandeiras abertamente diante o 
eleitorado, através de propaganda no rádio e na televisão. De plano, o resultado ficou 
evidente pela tradição do sistema presidencialista, com total desinteresse em 
experimentar o parlamentarismo ou a monarquia. 
Diante da vontade popular, manifestada diretamente pelo povo, torna-se 
obrigatório manter o sistema presidencialista e corrigir as falhas existentes. Ademais, 
as críticas são várias e a tendência seria caminhar para o parlamentarismo, no 
entanto, frente a vontade popular manifestada nas urnas contra o parlamentarismo e 
as próprias vulnerabilidades do mesmo, principalmente a falta de programas de 
governo bem definidos pelos partidos políticos atuais do Brasil, manteve-se o 
presidencialismo. 
Portanto, a questão a ser contornada ocorre em ambos os sistemas 
apresentados, pois trate-se de corrigir a fragmentação partidária, combinada com um 
sistema de eleição independente para o Presidente da República e parlamentares. 
É recorrente nas últimas eleições, a vitória do Presidente da República, oriundo 
de um partido político diverso da maioria do Congresso Nacional. Dessa forma, o 
Presidente eleito não tem maioria no congresso para governar e precisa resolver essa 
questão já nos primeiros meses de governo. Por essa razão, o Presidente eleito, os 
Ministros empossados e demais ocupantes de cargos públicos do poder executivo 
precisam negociar com o parlamento para formar uma maioria e obter aprovação das 
propostas de interesse do governo. 
Sergio Henrique Abranches foi o primeiro escritor a chamar esse sistema de 
presidencialismo de coalizão. Afirma ainda, que esse sistema inverteu a lógica 
inglesa, ou seja, no sistema parlamentar inglês, o parlamento forma uma maioria e 
escolhe o Primeiro Ministro para governar. No presidencialismo de coalizão é o 
Presidente eleito que precisa fazer acordo e negociar com o parlamento para formar 
uma maioria para a governabilidade. 
Observa-se de pronto, que no sistema inglês, a maioria formada tem 
responsabilidade com o resultado do programa de governo, enquanto no 
presidencialismo de coalizão o parlamentar negocia apoio no varejo e, portanto, não 
tem responsabilidade pelo fracasso da política do governo. O escritor nomeado acima, 
37 
 
 
 
acrescenta por derradeiro, o sistema de coalizão é uma ideia ilusória em todos os 
pontos. 
 
É precisamente esse passo que deve ser dado pelas instituições 
brasileiras. O presidencialismo é uma solução ilusória e insuficiente 
para o enfrentamento a contento dos problemas próprios da 
governabilidade experimentada pela pratica brasileira (ABRANCHES, 
1998, p. 5 a 34)39. 
 
 Logo, a ideia de ressurgir o parlamentarismo é comum em vários grupos da 
sociedade brasileira. A fundamentação encontra-se na inevitável atuação do Judiciário 
para resolver pendências, conforme argumenta Sergio Henrique Abranches. 
 
Tanto é verdade que não garante efetiva decisão política para solução 
das grandes questões nacionais, o que gera em vários assuntos – 
vácuo decisório que tem sido preenchido por um crescente e já 
bastante intenso – ativismo judicial (ABRANCHES, 1988, p.5 a 34)40. 
 
 
 Os argumentos a favor do parlamentarismo são bons, no entanto, falta trazer à 
baila as desvantagens. O modelo parlamentar foi derrotado nas urnas em plebiscito, 
então, não tem como implanta-lo contra a vontade do povo. 
 É desconfortável para a população brasileira tomar conhecimento pela 
imprensa ou redes sociais, dos resultados ruins da gestão de quadros de pessoas 
indicadas por partidos políticos que compõem a base governamental. A má gestão é 
oriunda da incompetência do indicado e pode ocorrer ainda, desvio de recursos 
públicos e até corrupção. Por fim, todos os problemas de gestão e governabilidade 
passa necessariamente pela forma e como compor a maioria no Congresso Nacional. 
Luiz Alberto Rocha testifica a necessidade de mudança em virtude do resultado até o 
momento: 
Os escândalos que disseminam a cultura da impunidade em diversos 
níveis das autoridades públicas na Europa, América, até a 
multiplicação de casos de corrupção no Japão, deixam claro que os 
mecanismos democráticos enfrentam problemas estruturais porque 
quebraram a essência da representatividade que é a confiança no 
desempenho de suas funções (ROCHA, 2008, p.185)41. 
 
 
39 ABRANCHES, Sergio Henrique Hudson de. Presidencialismo de coalizão: o dilema institucional 
brasileiro. 
40 ABRANCHES, Sergio Henrique Hudson de. Presidencialismo de coalizão: o dilema institucional 
brasileiro. 
41 ROCHA, Luiz Alberto G.S. Estado, democracia e globalização. 
38 
 
 
 
 
 A questão envolve necessariamente uma avaliação constante do eleitor para 
verificar como está votando seu representante. Aliado a esse acompanhamento, o 
eleitor precisa dispor de uma forma rápida para cassar o mandato do parlamentar pela 
via direta, caso haja desvirtuamento do prometido em campanha e a realidade de 
votação do eleito. 
 No século XXI já existe desenvolvimento de tecnologia de consulta popular 
rápida e segura para cassar mandato de parlamentar com atuação diversa das 
propostas no período de eleição. Para tanto, o povo precisa se organizar para exigir 
seu direito de cassar o mandato de qualquer político eleito que muda a forma de 
atuação, mediante recebimento de cargos públicos ou outros privilégios não 
republicanos. 
 O escritor Maurice Duverger informa acontecimentos de fisiologismo já em 
1714 no parlamento inglês, com o chamado posto de secretário político de tesouraria, 
a fim de cumprir os acordos entre políticos. Dessa forma, garantia-se a maioria dos 
parlamentares, por práticas de recompensas ilegais. 
 Com esse relato do parlamento pioneiro no mundo, fica demonstrado que existe 
interdependência entre os poderes e a formação de maioria no parlamento estão 
sujeitas à troca de favores e faz reviver as práticasantigas do século XVIII na 
Inglaterra (DUVERGER, 1970, p. 22-23)42. 
 Sergio Antônio Ferreira Victor apresenta uma solução para resolver a questão 
do fisiologismo no sistema presidencialista que causa distorções institucionais. 
 
Assim, é premente a necessidade de se reduzir a fragmentação 
partidária originada do sistema proporcional de lista aberta, pois ele 
sacrifica a competição entre os partidos em prol da competição no 
interior deles ou das coligações, bem como impede que o eleitor exerça 
o voto retrospectivo. (VICTOR, 2015, p. 145)43. 
 
 
 A redução de partidos ou a disputa entre apenas dois partidos fortes como 
ocorre nos Estados Unidos, elimina a possibilidade de representação das minorias no 
congresso e seria um retrocesso político. Ainda, não resolve a questão do Presidente 
 
42 DUVERGER, Maurice. Os partidos políticos. 
43 VICTOR, Sergio Antônio Ferreira. Linha de pesquisa: presidencialismo de coalizão: exame do atual 
sistema de governo brasileiro. 
39 
 
 
 
da República, que se obriga a negociar com o parlamento, momento das trocas de 
favores para formar maioria congressual. 
 Diante ao exposto, algumas correntes de pensadores defendem o voto distrital 
e, assim, os eleitores tem mais contato e consciência das propostas dos candidatos e 
acompanhamento da atuação do eleito. No entanto, a visão nacional e os problemas 
regionais seriam praticamente ignorados. Acrescenta-se ainda, que os ministérios 
teriam que adotar uma fragmentação muito difícil de controlar e administrar, sem 
contar que o eleitor as vezes vota na legenda e nem identifica o eleito, razão pela qual, 
fica impossível acompanhar a atuação do eleito indiretamente. José Levi Melo Amaral 
Junior estabelece uma necessidade de mudança para o sistema atual. 
 
Deve-se repensar o sistema de governo, para que o governo decorra 
da maioria parlamentar, e não o contrário. É preciso inverter a equação 
da democracia brasileira, ou seja, fazer com que o governo decorra da 
maioria parlamentar para que ambos sejam, desde logo, responsáveis 
pelas políticas públicas. Do contrário, quando o governo é estabelecido 
independentemente da maioria parlamentar do dia, ele precisa 
providenciar uma maioria de modo a legitimar suas políticas. Disso 
decorrem severas distorções institucionais como experimentado 
recentemente (AMARAL JUNIOR, 2009, p.138)44. 
 
 
Amaral Junior identificou com êxito a questão central do presidencialismo de 
coalizão brasileiro. Dentre as distorções citadas, pode-se trazer à baila a corrupção, o 
desvio de dinheiro público e a incompetência de gestão. Portanto, está pacificado que 
o Presidente da República precisa negociar com o Congresso para formar uma 
maioria tanto no sistema do presidencialista atual, como no parlamentarismo. Assim, 
pode ocorrer distorções de várias modalidades em ambos sistemas atuais. Mas 
também, outras questões, conforme assegura Mario Lúcio Quintão Soares. 
 
Os Estados latino-americano degeneraram o sistema presidencialismo 
para ditaduras militares ou neopresidencialismo, ao transformar seus 
presidentes em autênticos caudilhos, devido a sua tradição política de 
Estado unitário, no qual o poder central concentra todos os poderes 
(SOARES, 2022, p. 387)45. 
 
 
 
44 AMARAL JUNIOR, José Levi Melo, 20 anos de Constituição Brasileira de 1988. A Constituição foi 
capaz de limitar o poder. 
45 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
40 
 
 
 
Diante desse contexto, fica evidente a necessidade de mudança no sistema 
eleitoral brasileiro. Ainda, acrescenta-se que o modelo parlamentar foi rejeitado pelo 
povo brasileiro e a vontade do eleitor nunca será atendida pelo atual sistema no Brasil. 
Ante ao exposto, torna-se evidente que o modelo do presidencialismo soberano 
resolve essa principal discrepância eleitoral. Ainda, não precisa restringir o número de 
partido e nem eliminar a minoria do parlamento. O modelo proposto muda apenas o 
preenchimento das cadeiras do parlamento, ou seja, o presidente eleito preenche o 
mesmo percentual de vagas no Congresso Nacional. 
Dessa forma, o Presidente eleito pela maioria absoluta no primeiro ou segundo 
turno, leva também a maioria das duas casas parlamentares, pelo mesmo percentual 
da sua vitória. Assim, não precisa negociar com o Congresso para formar a maioria, 
não tem necessidade de fatiar o governo com partidos estranhos a sua proposta 
vencedora nas urnas, pode preencher as pastas dos Ministérios de forma livre, 
portanto, empossar o melhor nome para cada cargo público de direção. Desse modo, 
acaba a troca de favores, os escândalos de corrupção, a má gestão e a instabilidade 
política do governo. 
 
 
 CAPITULO 5 
 
 PRESIDENCIALISMO SOBERANO 
 
5.1. Caracterização do Sistema do Presidencialismo Soberano 
O principal objetivo do sistema presidencialista soberano é o exercício pleno do 
poder pelo povo brasileiro e, assim, eliminar o fisiologismo presente na política do 
País, posto que, o atual sistema denominado de presidencialismo de coalizão, 
demonstrou ser incapaz de atender a necessidade da população e reduzir as 
desigualdades sociais. Contudo, os acordos políticos não republicanos tornaram-se 
uma prática cotidiana. Além disso, o Presidente da República eleito pela maioria 
absoluta do povo, não garante a maioria no Congresso Nacional diretamente das 
urnas. 
Outrossim, o eleito para o poder executivo é obrigado a negociar com o 
parlamento para formar uma maioria de sustentação política do governo. O príncipe 
41 
 
 
 
Hans-Adam II estabeleceu algumas premissas para o sucesso do Estado no terceiro 
milênio. 
O grande desafio para o terceiro milênio será o desenvolvimento de um 
modelo de Estado que atenda as seguintes condições:1- Evitar guerras 
entre estado, bem como guerras civis.2- Servir não só a uma parte 
privilegiada da população, mas toda população.3– Oferecer ao povo o 
máximo de democracia em um estado de direito.4 - Ser voltado para a 
competição na era da globalização (HANS-ADAM, 2015, p.100-101)46. 
 
 
Destarte, o modelo de Estado proposto pelo príncipe Hans-Adam II para o 
terceiro milênio está na direção correta. Acrescenta-se ainda, um ponto vital para o 
êxito do governo: adotar uma política voltada para a área do crescimento econômico 
alinhada a estabilidade política do governo. Essa estabilidade depende do máximo de 
democracia como já estabelecido pelos especialistas no assunto, mas também, de 
maioria parlamentar no legislativo para a governabilidade pelo poder executivo. Além 
do mais, deve haver o controle direto da sociedade para cassar o mandato dos eleitos, 
por desvio de finalidade ou votação contrária ao prometido na campanha eleitoral ou 
atuação contra a vontade popular. 
Diante ao exposto, o modelo do presidencialismo soberano é a melhor 
alternativa para o sistema de governo para o terceiro milênio, principalmente para o 
Brasil atual. O monarca do País Liechtenstein, Príncipe Hans-Adam II acrescenta: 
“Esses objetivos só podem ser atingidos se o Estado for visto como uma organização 
que serve o povo, e não o contrário (HANS-ADAM, 2015, p.101)”.47 
 O escritor Mario Lúcio Quinhão Soares atesta e confirma o poder titular 
soberano do povo e deve ser exercido plenamente pelos cidadãos do país. 
 
 
O Estado constitucional construído pelas revoluções, o povo deve atuar 
como sujeito de dominação, isto é, afirmar-se como titular do poder 
soberano, a partir de seu representante ou diretamente, sedimentando 
o substrato do aparelho ideológico do Estado democrático (SOARES, 
2022, p.178)48. 
 
 
 
46 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
47 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
48 SOARES,Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
42 
 
 
 
Ademais, a instabilidade política associada ao processo eletivo, sem a devida, 
transparência, tão necessária em todo o sistema eleitoral, geram descontentamento 
da sociedade, desinteresse do povo pela política e cresce cada vez mais as 
desigualdades sociais. Portanto, o Estado brasileiro precisa, através do espaço 
democrático, enfrentar as questões sociais do século XXI. Em destaque, a violência 
urbana, os conflitos de terra e a necessidade do básico para uma vida digna para 
grande parte da população. 
 
Esse espaço democrático deve servir para apresentar, identificar e 
solucionar problemas vivenciados cotidianamente pelos diversos 
atores da sociedade (SOARES. 2022, p. 212)49. 
 
 
As negociações políticas envolvendo os poderes executivo e legislativo 
retardam as implementações de políticas sociais corretas e justas. Ainda, as 
indicações políticas para compor o governo torna o Estado muito grande e de custo 
elevado. Nesse sentido, Hans- Adam II adverte sobre a dificuldade de manter a lei e 
a ordem. 
 
Tornou-se mais difícil para o estado proteger seus cidadãos, tanto dos 
crimes menores quanto dos mais graves. Como resultado, o estado 
democrático de direito pode vir a se tornar uma fachada e ruir um dia, 
na verdade é um pequeno milagre que a manutenção da lei e da ordem 
ainda funcione em diversos estados (HANS-ADAM, 2015, p.106)50. 
 
 
Quando o poder executivo está fraco, precisa ceder ainda mais, flexibilizar as 
propostas vencedoras nas urnas e o governo deixa de enfrentar os problemas sociais 
que afligem a população. Dessa forma, as implementações de propostas justas são 
retardadas para atender determinada corrente política, tudo pela maioria no 
parlamento, mesmo em prejuízos aos anseios da maioria dos eleitores. Além do mais, 
esse sistema está sujeito a corrupção e outros desvios de recursos pela 
incompetência de gestão. 
 
 
49 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
50 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
43 
 
 
 
Lamentavelmente, o discurso constitucional, que sustenta o Estado 
democrático de direito brasileiro, é uma utopia, distante da realidade 
constitucional, a qual, apresenta instituições políticas carcomidas pela 
ineficiência e pela corrupção, conspurcando o processo democrático 
(SOARES, 2022, p. 272)51. 
 
 A solução para essa questão social crescente e de difícil enfrentamento pelo 
sistema de poder no Brasil, passa, necessariamente, pela permissão através do voto 
popular soberano, constituído de maioria absoluta para o executivo e legislativo, quer 
dizer, que uma determinada corrente vencedora na eleição, tenha plena capacidade 
de governar, sem fazer nenhuma negociação no seu programa de governo vitorioso 
nas urnas. 
Diante ao exposto, o sistema presidencialismo soberano deve ser 
implementado para salvar o estado de direito e a democracia no Brasil. O executivo 
eleito pela maioria absoluta tem o mesmo percentual de cadeiras no parlamento, 
sendo o restante completado pela oposição, com isso, pode implementar o programa 
de governo sem fazer concessões e, assim, atender a vontade popular. 
 Ante ao modelo proposto, a população julgará a gestão na próxima eleição, 
mantendo a atual corrente no poder ou pode mudar para outra visão política mais justa 
e coerente com as necessidades do País. Contudo, ocorrendo desvio da proposta do 
período eleitoral, corrupção ou má gestão, o povo pode cassar o mandato do executivo 
e do legislativo de forma individual, em qualquer momento do mandato, por via direta. 
Enfim, ambos sistemas, parlamentarismo e presidencialismo por coalizão 
ocorrem as trocas de favores entre o executivo e o legislativo. A troca de apoio por 
cargos é um caminho ruim, visto que, na maioria das vezes a pessoa indicada não 
tem perfil para o cargo. O resultado dessas negociações leva ao atendimento com 
prioridade aos interesses de grupos políticos em total detrimento do coletivo 
necessitado. Ainda, esses acordos podem conduzir ao desvio de finalidade, má 
aplicação dos recursos públicos e possibilidade de corrupção. 
Urge, portanto, a correção do modelo atual de eleição dos poderes executivo e 
legislativo, como prioridade absoluta do povo brasileiro. A estabilidade governamental 
deve vir diretamente das urnas e não por negociação no parlamento. 
Dessa forma, basta uma mudança no preenchimento das cadeiras do 
parlamento, ou seja, as vagas serão preenchidas com o mesmo percentual do poder 
 
51 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
44 
 
 
 
executivo pela eleição majoritária absoluta e o restante pela oposição vencida na 
eleição direta para o Poder Executivo. Alinhado a esse sistema, deve ocorrer, 
transparência e contagem pública dos votos, através do voto impresso. 
 
Para Montesquieu, na república, o povo em conjunto possuía o poder 
soberano, caracterizando a democracia, sendo o povo admirável para 
escolher aqueles aos quais devia delegar uma parte de sua 
autoridade,isto é, representantes, que iriam decidir em seu nome 
(SOARES, 2022, p. 252)52. 
 
Ademais, o Estado brasileiro precisa se preparar para enfrentar os crimes que 
trazem insegurança e perturbação à sociedade: crime do “colarinho branco”, lavagem 
de dinheiro, tráfico de armas e drogas e outros de grande impacto na coletividade. A 
razão desse enfrentamento reside na possibilidade desse poder econômico ilícito 
eleger direta ou indiretamente representantes para os poderes executivo e legislativo. 
Diante desse contexto, somente um Estado forte, com maioria no parlamento dando 
apoio integral ao executivo, também eleito pela maioria absoluta, tem legitimidade e 
poder para acabar com esse poder paralelo no País. 
Não obstante, o Estado deve ter um Judiciário totalmente independente e suas 
substituições decorrentes sempre de instância imediatamente inferior, sem nenhuma 
interferência política, nesse sentindo atesta Hans-Adam II. 
 
Quem quer que tenha analisado decisões politicamente sensíveis, nas 
quais estão em jogo interesses do estado, vai notar que, até nos 
estados democráticos de direito, os tribunais tomam decisões que vão 
contra a letra e o sentido da lei (HANS-ADAM, 2015, p.116)53. 
 
 
Logo, a magistratura deve ser preparada para atuar com imparcialidade e sem 
nenhum viés político ou econômico. Para tanto, somente através de concurso público 
é possível o ingresso na primeira instância do Judiciário e, esse por mérito ou idade 
deve preencher as vagas dos tribunais superiores. O preenchimento de um quinto 
constitucional, previsto na Constituição Federal do Brasil para os Tribunais superiores, 
deve ocorrer através de concurso público e avaliação de títulos, procedimento 
instituído por cada Tribunal Superior correspondente. Essa questão foi debatida pelo 
 
52 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
53 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
45 
 
 
 
escritor Hans- Adam II e merece atenção, sendo uma sugestão para evitar nomeações 
políticas no Judiciário. 
 
Até nos estados democráticos de direito, as nomeações são feitas por 
motivos políticos, mesmo quando, muito claramente, os indivíduos não 
são adequados para este papel (HANS-ADAM, 2015, p.117)54. 
 
Haja vista, a dificuldade de colocar em prática o programa de governo eleito 
pela maioria absoluta, sem uma maioria no parlamento. Essa situação é constante em 
todos os sistemas de governo. 
 
Os diferentes modelos possuem vantagens e desvantagens. De modo 
geral, é difícil que um governo sem maioria no parlamento ponha em 
prática seu programa (HANS-ADAM, 2015,p.120)55. 
 
 
 Assim, a proposta de governo vitoriosa nas urnas, deve ter plenas condições 
políticas para sua implementação, para isso ocorrer, o poder legislativo será também 
preenchido, pela mesma maioria absoluta em percentual do respectivo executivo 
eleito. 
 
A legalidade de um regime democrático, por exemplo, é o seu 
enquadramento nos moldes de uma constituição observada e 
praticada, sua legitimidade está sempre no poder contido naquela 
constituição, exercendo-se de conformidade com as crenças, valores 
e os princípios da ideologia dominante, no caso a ideologia 
democrática (BONAVIDES, 2003, p.112)56. 
 
 
 Outra vantagem indiscutível do presidencialismo soberano é a obrigação do 
eleito de cumprir suas promessas da campanha eleitoral. A desculpa mais comum do 
poder executivo refere-se à necessidade de flexibilizar ou até esquecer algumas 
propostas em virtude da negociação para compor uma maioria parlamentar. Por outro 
lado, no presidencialismo soberano o poder executivo terá a maioria, conforme o 
percentual da sua própria vitória, portanto, não existe necessidade de flexibilização, 
nem negociação, troca de favores, preenchimento de cargos de comissão por 
 
54 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
55 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
56 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
46 
 
 
 
indicação, aumento de número de ministério e das despesas. Enfim, o Brasil pode 
crescer muito mais e atender plenamente as necessidades da sociedade brasileira. 
 Ademais, a soberania popular ocorre pela eleição de representante do povo 
pelo sistema democrático e pode acomodar os interesses da sociedade. Para isso, 
torna-se fundamental o acompanhamento da atuação do representado e mecanismo 
de remoção quando ocorre a má representação. 
 
Essa doutrina funda o processo democrático sobre a igualdade política 
dos cidadãos e o sufrágio universal, consequência necessária o que 
chega Rousseou, quando afirma que se o estado for composto de dez 
mil cidadãos, cada um deles terá a decima milésima parte da 
autoridade soberana (BONAVIDES, 2003, p.130-131)57. 
 
 
Na verdade, a soberania popular somente se manifesta no dia da eleição e não 
tem mais nenhuma ação durante o mandato do eleito. A transferência de poder ao 
representante está correta para a dinâmica das decisões, no entanto, deveria ser 
revogável durante o mandato em atuação contrária a vontade do eleitor, 
principalmente quando está em jogo os interesses vitais da população, a paz, o bem 
estar do povo e o risco da democracia. 
 
Mais cedo ou mais tarde, ditaduras e oligarquias corruptas chegavam 
novamente ao poder e destruíam o estado democrático de direito e a 
economia de mercado com promessas de realizar o paraíso na terra 
por meio de ideologias nacionalistas e socialistas (BONAVIDES, 2003, 
p.130-131)58. 
 
 
Nesse sentido, as crises governamentais no sistema presidencialista de 
coalizão, são sempre preocupações constantes, inclusive, de ruptura do governo, seja 
pelo “Impeachment” ou paralisia das atividades essenciais por falta de acordo ou por 
revolta popular. 
 
É exato que o sistema presidencialismo comprovou ótimos resultados 
no Estados Unidos da América do Norte, mas isso se explica, 
principalmente pelo fato de possuir o povo norte americano um alto 
nível cultural (MALUF, 2023, p.266)59. 
 
57 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
58 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
59 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
47 
 
 
 
 
 
Sahid Maluf destaca: o sucesso do Presidencialismo Americano ocorre também 
pela total independência dos poderes executivo e legislativo, inclusive nenhum 
parlamentar pode ocupar cargo na administração pública. Além disso, a primordial 
atuação do Poder Judiciário Americano, com punição exemplar e com rapidez frente 
aos desvios de conduta dos políticos de todos os níveis, sendo portanto, um 
fundamento essencial para o sucesso do modelo americano. 
Diante ao exposto, o Brasil pode alcançar resultados exitosos como ocorrem 
nos Estados Unidos, optando pelo sistema presidencialista soberano, com algumas 
mudanças pontuais na legislação atual. 
 
5.2 Mudanças necessárias para implantar o presidencialismo soberano. 
 
É consenso que o sistema de governo de um país é muito dependente da 
participação do eleitor durante o mandato. Ainda, o Poder Judiciário deve agir com 
rapidez para punir os pequenos desvios. 
Ademais, os partidos políticos devem com clareza expor e seguir seu programa 
de governo, conforme ideologia defendida. As demandas políticas são legitimas e a 
discussão de ideias devem ocorrer durante as eleições. No entanto, uma vez vitorioso 
o programa nas urnas, deveria ser obrigatório sua implementação. Entretanto, mesmo 
em sistema parlamentarista já consolidado, bem como no presidencialismo pioneiro 
encontra-se dificuldade de atender o desejo do povo manifestado nas urnas. 
O Brasil acumula ainda, mais questões emblemáticas, passando pela 
legitimidade das urnas, negociação para formar maioria no parlamento e 
distanciamento do governo eleito das propostas vencedoras nas urnas. Diante desse 
contexto, torna-se necessário uma mudança, pelo menos, no preenchimento das 
cadeiras do parlamento de acordo com o percentual absoluto do poder executivo 
obtido nas urnas. 
Pela tradição do povo brasileiro demonstrada no último plebiscito, torna-se 
necessário manter o sistema presidencialista. Contudo, carece de algumas mudanças 
pontuais no sistema de eleição abordados a seguir: 
A coalizão não é o problema principal, afinal a política deve sim haver debate 
de ideias para chegar a melhor solução. A questão problemática não é a defesa das 
48 
 
 
 
convicções políticas de cada grupo e sim a forma como ocorre a negociação para 
formação da maioria no parlamento. Consoante, a moeda de troca circula até no 
varejo, por meio de liberação de emendas, além de cargos em comissão diretos e 
indiretos nos ministérios, autarquias e estatais, desnecessários para a gestão. 
 
5.2.1 Redução do mandato de Senador da Republica 
 
Os Senadores da República são os representantes dos Estados e do Distrito 
Federal. A eleição desses parlamentares ocorre pelo princípio majoritário e renova-se 
em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços, com mandato de 8 anos (Art. 
46, CF/88). 
Considerando que todos os mandatos dos poderes executivos e legislativos 
são de quatro anos, com exceção dos Senadores; considerando ainda, que o sistema 
do presidencialismo soberano requer a eleição total dos parlamentares no mesmo ano 
e junto com o poder executivo. Esse sistema único de eleição é para garantir a maioria 
do Parlamento para o partido ou coligação do executivo eleito com maioria absoluta. 
Portanto, a solução para resolver essa questão necessita da redução do 
mandato do Senador da República de oito anos para quatro anos. Para tanto, torna-
se imprescindível fazer uma alteração por emenda constitucional do artigo 46, § 1º da 
CF/88, para reduzir o mandato de Senador da República para quatro anos. 
Assim, o candidato do poder executivo eleito pela maioria absoluta dos votos 
validos, elege também dois senadores dentre os mais votados do seu partido ou 
coligação em cada Estado e Distrito Federal e a oposição elege o mais votado entre 
os partidos ou coligações que perderam a eleição para o poder executivo. A 
sustentação para manter no legislativo parte dos Senadores para a legislatura 
seguinte com experiência, não é mais necessária, tendo em vista a natural 
recondução nos cargos pela reeleição. 
 Além disso, há uma impossibilidade de dividir pela maioria na eleição de um 
terço dos Senadores e quando renovar dois terços será pela metade a divisão e, 
assim, nãoocorre a maioria absoluta. Dessa forma, não seria possível uma divisão 
para dar a maioria ao partido do Presidente da República eleito e, também, ter pelo 
menos um representante da oposição no Senado Federal. 
 
49 
 
 
 
5.2.2 Sistema de Votação 
 
O atual sistema de votação ocorre por dois mecanismos de contagem de votos. 
O Presidente da República, Governadores, Prefeitos e Senadores são eleitos pelo 
sistema majoritário. Os Deputados Federais, Distritais, Estaduais e Vereadores pelo 
sistema proporcional. 
No sistema majoritário é eleito o candidato com a maioria absoluta dos votos 
válidos no primeiro ou segundo turno, com exceção da circunscrição que está 
dispensado o segundo turno e para Senador da República, pois nesses casos, são 
eleitos os mais votados nominalmente (DE CICCO,2022, p. 65)60. 
No sistema proporcional usado no Brasil não tem similaridade com os outros 
sistemas adotado no mundo democrático. A lista aberta de candidatos é adotada 
atualmente no Brasil, segundo alguns especialistas, contribui para a manutenção do 
fisiologismo e clientelismo. Outra distorção que ocorre em lista aberta é a eleição 
indireta de candidatos por voto na legenda ou transferência dos votos do candidato 
“campeão de votos”. Essa questão, chamada eleição de “carona” somente é possível 
porque o preenchimento das cadeiras do legislativo obedece a uma regra do 
quociente eleitoral, que na verdade distorce a proporcionalidade prevista na 
Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF/88). 
O artigo 45 da CF/88 estabelece eleição para Deputado Federal pelo sistema 
proporcional e os artigos 106, 107,108 e 109 do Código Eleitoral (lei 4.737/65) definem 
o procedimento para determinação do quociente eleitoral e partidário (DE CICCO, 
2022, p.116).61 
 
Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos 
válidos pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, 
desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior. 
Art. 107. Determina-se para cada partido o quociente partidário dividindo-se 
pelo quociente eleitoral o número de votos validos dados sob a mesma 
legenda, desprezada a fração. 
Art. 108. Estarão eleitos entre os candidatos registrados por um partido que 
tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do 
 
60 DE CICCO, Claudio; GONZAGA Álvaro de Azevedo. Teoria geral do estado e ciência política. 
61 DE CICCO, Claudio; GONZAGA Álvaro de Azevedo. Teoria geral do estado e ciência política. 
50 
 
 
 
quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na 
ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. 
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de 
votação nominal mínima a que refere o caput serão distribuídos de acordo com 
as regras do art.109. 
 Art. 109. Os lugares não preenchidos com aplicação dos quocientes partidários. 
I – dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número 
de lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido que apresentar a 
maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que 
atenda à exigência de votação nominal mínima; 
 II – repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; 
III – quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às duas 
exigências do inciso I deste caput, as cadeiras serão distribuídas aos partidos 
que apresentarem as maiores médias. 
§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada partido for contemplado far-
se-á segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. 
§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que 
participaram do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por 
cento) do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em 
número igual ou superior a 20% (vinte por cento) desse quociente. 
 
De plano, nota-se que não existe a proporcionalidade estabelecida pela 
Constituição Federal do Brasil, pois alguns candidatos são eleitos com votos dados a 
outros candidatos mais votados e pelos votos no partido. Assim, é notória a eleição 
indireta de parte dos candidatos. Além do mais, não tem proporcionalidade nenhuma 
no cálculo de maiores médias, conforme afirma Paulo Roberto de Figueredo Dantas. 
 
A maior desvantagem do voto proporcional é a grande dissociação 
entre a vontade do eleitor e o resultado produzido nas urnas. Com 
efeito, muitas vezes, o voto do eleitor não se mostra suficiente para 
eleger o candidato em quem votou, apenas porque este, apesar de 
bem votado, não atingiu o coeficiente eleitoral (DANTAS, 2021, p. 6)62. 
 
Por conseguinte, Darcy Azambuja avança na dificuldade desse sistema para o 
candidato do poder executivo eleito pelo sistema majoritário. 
 
 
62 DANTAS, Paulo Roberto de Figueredo. Curso de direito constitucional. 
51 
 
 
 
Os parlamentares eleitos pela representação proporcional, segundo as 
formulas mais tecnicamente perfeitas, são parlamentares sem 
maiorias, o que torna o governo difícil e a elaboração das leis morosa 
e desordenada, impossibilidade muitas vezes da adoção de medidas 
necessárias e de uma orientação definida na atividade dos poderes 
públicos (AZAMBUJA, 2008, p. 326)63. 
 
 Consoante, Karoline Mattos Roeder atesta que o sistema de representação 
proporcional não traz a tranquilidade para governar, e pior ainda, gera dificuldade 
insuperável, necessitando, portanto, da barganha com o Parlamento. 
 
A dificuldade na formação de coalizões para governar e a 
impossibilidade, muitas vezes, de implementar projetos partidários de 
governo, uma vez que um partido de esquerda ou de direita, por 
exemplo, precisa negociar apoio com partido de centro, o que 
geralmente significa abdicar de projetos mais ideológicos (ROEDER, 
2017, p.142)64. 
 
 
Por outro lado, a sugestão de alguns especialistas em sistema eleitoral, para a 
mudança da lista aberta para lista fechada (não adotada no Brasil), tem problemas 
ainda piores e sem solução. O eleitor vota na lista fechada contendo os nomes dos 
candidatos e o preenchimento das cadeiras é pela ordem da lista e independe do 
número de votos de cada candidato. 
 
A desvantagem dessa modalidade (lista fechada) de voto é que retira 
do eleitor a possibilidade de escolher um determinado candidato, 
mesmo que pertença ao partido em que votou, já que é o partido, e não 
os eleitores, quem escolhe a ordem em que seus candidatos serão 
eleitos (DANTAS, 2021, p. 6)65. 
 
 
 Segundo Paulo Bonavides, o sistema adotado pelo Brasil de lista aberta 
aproxima mais o eleitor do candidato. 
 
O primeiro (lista aberta) vota mais na pessoa deste, em suas 
qualidades políticas (a personalidade ou a capacidade de bem 
representar o eleitorado) do que no partido ou na ideologia 
(BONAVIDES, 2003, p.248)66. 
 
63 AZAMBUJA, Darcy. Introdução a Ciência Política. 
64 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
65 DANTAS, Paulo Roberto de Figueredo. Curso de direito constitucional. 
66 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
52 
 
 
 
 
 Diante ao exposto, Karoline Mattos Roeder faz uma indagação importante: 
“Existe um sistema de representação majoritário para a Presidência da República e 
para o Congresso Nacional? (ROEDER, 2017, p.203)67”. 
 
 De plano, o modelo do presidencialismo soberano traz a solução para a questão 
da representação parlamentar. Haja vista, a eleição ocorre pelo sistema atual e 
apenas o preenchimento das cadeiras será majoritário e proporcional, por ordem 
decrescente de votação individual de cada candidato. Assim, ocorre a 
proporcionalidade exigida pela constituição atual do País e a preservação da 
representatividadeda minoria eleita diretamente pelo eleitor. 
 Consequentemente, não há necessidade de mudar o atual sistema de lista 
aberta, por que o eleitor não vota numa ideia ou no partido pela ideologia, mas no 
candidato capaz de solucionar os problemas concreto da sociedade, pela avaliação 
da proposta. Ainda, existe mais contato direto com o candidato e possiblidade de 
cobrar coerência durante a atuação do eleito. 
 Ressalta por último, dois ilustres escritores: “Afirma que parte da doutrina 
entende que o sistema majoritário é mais adequado que o proporcional (RAMAYAVA, 
2011,p.143-146)68” e complementa Manoel Rodrigues Ferreira sobre o 
aperfeiçoamento do sistema eleitoral. 
 
As modificações das leis eleitorais brasileiras sempre tiveram a 
finalidade de alcançar um aperfeiçoamento (FERREIRA, 2005, p.18)69. 
 
 
 No sistema distrital não muda nada, apenas ocorre uma divisão do Estado em 
distritos e no sistema misto ocorre uma blenda de ambos sistemas. 
 
No sistema distrital misto a metade das vagas são preenchidas pelo 
sistema majoritário e a outra pelo proporcional, conforme ocorre na 
Alemanha, pelo sistema parlamentarista (ANDRADA, 2006, p.121)70. 
 
 
67 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
68 RAMAYAVA, Marcos. Direito eleitoral. 
69 FERREIRA, Manuel Rodrigues. A evolução do sistema eleitoral brasileiro. 
70 ANDRADA, Bonifácio de. A crise dos partidos do sistema eleitoral e a militância Política. 
53 
 
 
 
 Na Inglaterra, França e Estados Unidos o sistema adotado é distrital puro, 
elege-se apenas um candidato mais votado e as minorias ficam sem nenhuma 
representação no parlamento, conforme informa Bonifácio de Andrada. 
 
O Estado é dividido em várias circunscrições ou distrito nos quais os 
eleitores pela forma majoritário elegem um deputado, ficando os 
demais candidatos derrotados (ANDRADA, 2006, p.121)71. 
 
 
 Ressalta-se, no entanto, que o sistema proporcional é mais representativo, 
precisa-se apenas eliminar os votos no partido, porque assim, não há identificação 
direta do candidato e eleitor e, acabar com a transferência de votos de um candidato 
campeão de votos para outros candidatos. O sistema proporcional deve eleger 
sempre o mais votados dentro todos os candidatos, independente dos partidos 
políticos. 
 
Em suma, sob esse aspecto, trata-se de um sistema eleitoral que 
permite ao eleitor sentir a força do voto e saber de antemão de sua 
eficácia, porquanto toda a vontade do eleitorado se faz representar 
proporcionalmente ao número de sufrágios (BONAVIDES, 2003, 
P.250)72. 
 
 
 O sistema proporcional misto corrige algumas distorções, mas não resolve a 
questão de representatividade uniforme. 
 
Enfim, o sistema proporcional permite de modo adequado a 
representação dos grupos de interesses e oferece então um quadro 
político mais autêntico e mais compatível talvez com a realidade 
contida no pluralismo democrático da sociedade ocidental de nosso 
tempo (BONAVIDES, 2003, p.251)73. 
 
 
 A proporcionalidade deve ser respeitada para abarcar toda representação 
diversificada da sociedade, conforme afirma o especialista em direito eleitoral Márlon 
Reis. 
 
71 ANDRADA, Bonifácio de. A crise dos partidos do sistema eleitoral e a militância Política. 
72 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
73 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
54 
 
 
 
 
O critério (ou sistema) proporcional tem por premissa a representação 
política das diversas correntes de pensamento político presentes na 
sociedade, observada a relevância conquistada por cada uma delas no 
tecido social (REIS, 2023, p. 133)74. 
 
 
 O cálculo atual para preenchimento das vagas conta todos os votos de legenda, 
ou seja, no partido mais todos os votos obtidos pelos candidatos. Assim, basta verificar 
quantas vezes perfaz o quociente eleitoral e o preenchimento ocorre na ordem 
decrescente e depois tratadas as sobras por fórmula matemática complicada, ou seja, 
pela maior média. 
 
A representação proporcional ameaça de esfarelamento e 
desintegração do sistema partidário ou enseja uniões esdruxulas de 
partidos, uniões intrinsecamente oportunistas que arrefecem no 
eleitorado o sentimento de confiança na legitimidade da representação, 
burlada pelas alianças e coligações de partidos, cujos programas não 
raros brigam ideologicamente (BONAVIDES, 2003, p.253)75. 
 
 
 O melhor sistema para preenchimento das cadeiras do legislativo é 
apresentado por Bonifácio de Andrada, denominado sistema majoritário geral. 
 
Nas eleições o eleitor vota em qualquer candidato de qualquer partido 
e os mais votados majoritariamente são considerados eleitos. É o 
processo de eleição de senadores que se adotará para todos os 
deputados dentro do Estado (ANDRADA, 2006, p,123)76. 
 
 
Segundo Bonifácio de Andrada, o sistema proporcional uninominal e vigente 
hoje no Brasil, mais nenhum outro país adota (ANDRADA, 2006, p,123)77. 
 
Portanto, o presidencialismo soberano possui como característica a valorização 
do voto no candidato, assim, adota o sistema majoritário geral proposto por Bonifácio 
Andrada. O eleitor não vota mais no partido e, sim, somente no candidato. Haverá 
uma maior identificação do eleitor e candidato e, acaba com a eleição indireta de 
 
74 REIS, Marlon, Coleção esquematizado. 
75 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
76 ANDRADA, Bonifácio de. A crise dos partidos do sistema eleitoral e a militância política. 
77 ANDRADA, Bonifácio de. A crise dos partidos do sistema eleitoral e a militância política. 
55 
 
 
 
candidato puxada pela legenda ou por votos de outros candidatos, que não tem 
identificação popular. O pluralismo político é um pilar das democracias atuais e de 
importância impar para a diversidade ideológica presente na sociedade. 
 
Optar por uma sociedade pluralista significa acolher uma sociedade 
conflitiva, de interesses contraditórios e antinômicos. O problema do 
pluralismo está precisamente em construir o equilíbrio entre as tensões 
múltiplas e por vezes contraditórias, em administrar os antagonismos 
e evitar divisões irredutíveis (SILVA, 2005, p.143)78. 
 
 
 Diante das várias correntes de pensamento, ainda prevalece o 
pluripartidarismo, mesmo ocorrendo fragmentação, pois o objetivo maior é a 
representatividade da minoria da sociedade no parlamento. Contempla o 
pluripartidarismo, as representações das minorias e a governabilidade pela maioria 
majoritária das urnas para todos os cargos com a adoção do presidencialismo 
soberano. 
 
 5.2.3 Preenchimento de cadeiras legislativas 
 
 O principal objetivo do presidencialismo soberano é garantir a maioria no 
parlamento decorrente diretamente do voto popular de acordo com a votação para o 
executivo. Fica garantido o número de vagas no legislativo, incluindo nesse sistema, 
os Senadores da República, Deputados Federais, Estaduais, Distritais e Vereadores. 
 Portanto, o número de vagas no legislativo corresponderá ao mesmo 
percentual da votação para o executivo eleito no primeiro ou segundo turno pela 
maioria absoluta. O restante das vagas será preenchido pelos candidatos mais 
votados dos partidos ou coligação de oposição. 
 Por conseguinte, torna-se necessário a revogação dos artigos 107, 108, 109 e 
111 e alterar o artigo 106 do Código Eleitoral para o seguinte conteúdo: 
 Art. 106. Estarão eleitos entre os candidatos registrados por um partido ou 
coligação da seguinte forma: 
I – Do partido ou coligação do poder executivo vencedor na eleição, preencherá 
as vagas no respectivo parlamento (Deputado Federal, Estadual, Distrital e 
Vereador) até o mesmo percentual absoluto, obtido pelo candidato vitorioso no78 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 
56 
 
 
 
primeiro ou segundo turno do poder executivo, a fração será equivalente a uma 
vaga e, dois Senadores da República por Estado e Distrito Federal, no pleito 
nacional. 
II – O restante das vagas será preenchido pelos partidos ou coligação de 
oposição (perdedores da eleição para o executivo correspondente) e um 
Senador da República no plano nacional. 
III – Para o município que não há exigência de segundo turno, o partido 
vencedor ou coligação fica com 51% (cinquenta e um por cento) das vagas 
para o parlamento. 
Parágrafo Único. O preenchimento das vagas será sempre por ordem 
decrescente de votação individual de cada candidato do parlamento e para 
Senador, ainda, não será considerado voto na legenda e nem exigência mínima 
pessoal de votos. 
 
 Outrossim, fica autorizado a união de partidos na forma da lei atual, em torno 
de uma candidatura nacional que valerá de forma vertical para todos os cargos, já no 
momento de registro da candidatura. Segue um exemplo: na eleição para Presidente 
da República o candidato vencedor obteve 52% dos votos válidos. Logo, tem direito a 
52% das vagas para Deputado Federal e o restante 48% será preenchida pelos 
candidatos de oposição que perderam a eleição para o executivo nacional. 
 Ainda, ressalta-se, que o preenchimento das vagas será por ordem 
decrescente de votos pessoais, tanto para a ala vencedora como para a oposição. A 
mesma sistemática será adotada para as eleições dos Governadores e Prefeitos. 
 A única diferença será para o preenchimento das vagas do Senado Federal. 
Seguindo o exemplo acima o candidato do executivo eleito com 52% dos votos válidos 
elege também os dois senadores mais votados do seu partido ou coligação. O outro 
Senador será o mais votado da oposição. Assim, o candidato eleito terá dois 
Senadores mais votados pessoalmente em cada Estado e no Distrito Federal e a 
oposição tem o direito de preencher uma vaga com o candidato mais votado entre 
todos os partidos da oposição. 
 Cabe observar, que sempre o candidato do executivo será eleito por maioria 
absoluta e, portanto, terá sempre a maioria no congresso nacional. Em caso de 
empate segue as regras vigente para definir a eleição e maioria parlamentar será de 
51% (cinquenta e um por cento) para compor o legislativo. 
57 
 
 
 
 Em caso de cassação de mandato será convocado o candidato imediato na 
sequência. Por esse modelo, considera-se extintos os cargos de suplência e não há 
limite mínimo de votos para eleição de candidatos. Por essa metodologia, o 
preenchimento do número de vagas no legislativo depende exclusivamente da 
votação recebida pelo executivo no primeiro turno já com maioria absoluta ou no 
segundo turno das eleições e obedece rigorosamente a proporcionalidade. 
 O preenchimento das vagas (cadeiras) do legislativo ocorre sempre levando 
em consideração o mais votado do partido ou coligação do candidato vencedor do 
cargo executivo e o restante das vagas serão preenchidos por candidatos mais 
votados dos partidos, ou coligação dos que perderam a eleição para o cargo 
executivo. Para definição do número de vagas, ocorrendo números fracionados no 
percentual da eleição do poder executivo, a fração equivale a uma vaga para o 
vencedor da eleição. 
 Nas eleições sem a necessidade do segundo turno, o candidato vencedor com 
maioria simples, tem automaticamente 51% (cinquenta e um por cento) das cadeiras 
do parlamento preenchidos por candidatos do seu partido ou coligação e o restante 
para os candidatos de oposição. Observar-se-á sempre a ordem decrescente de votos 
para preenchimento das cadeiras em ambos os lados. 
 
 5.3 Eleição no presidencialismo soberano 
 
 A soberania popular ocorre através das eleições dos representantes na 
democracia indireta. Assim, o povo tem o poder soberano e transfere esse poder para 
os eleitos pelo período do mandato. No presidencialismo soberano o sistema de 
eleição de representantes fica inalterado. Recomenda-se apenas, utilizar a tecnologia 
disponível para imprimir o voto, sem o contato do eleitor com o voto, apenas 
conferência visual. Haja vista, o sistema de impressão de voto vai gerar maior 
transparência e possiblidade de conferência do resultado, assim, acaba com as 
dúvidas, as reclamações ou a crença que o candidato não foi eleito. 
 Outrossim, a lisura, a transparência e a segurança do resultado são suficientes 
para eliminar o boicote daqueles que não acreditam no resultado das urnas e trazem 
apaziguamento do povo. Ainda, ocorrerá a união de esforços para efetivação do 
58 
 
 
 
programa de governo aprovado pela maioria absoluta da população. Ressalta o 
escritor COMPARATO (1996) Apud GOMES. 
 
Não há sistemas idealmente perfeitos para todos os tempos e todos os 
países, mas apenas sistemas mais ou menos úteis à consecução das 
finalidades políticas que se tem em vista em determinado país e em 
determinado momento histórico (GOMES, 2011, p.105-106)79. 
 
 
 O principal objetivo do presidencialismo soberano é dar ao poder executivo a 
maioria no parlamento diretamente das urnas, tendo o número de cadeira igual ao 
percentual absoluto obtido na eleição do poder executivo. Esse modelo pretende 
acabar com a necessidade das negociações entre os poderes executivo e legislativo 
para compor maioria parlamentar. Karoline Mattos Roeder afirma de forma 
contundente, a realidade do atual presidencialismo no Brasil. 
 
No presidencialismo de coalizão, dificilmente o partido do presidente 
consegue alcançar uma maioria sozinho para aprovar seus projetos no 
legislativo. Para o executivo ter êxito nas relações com o congresso é 
necessária uma grande coalizão, ou seja, uma aliança do partido do 
executivo com outros partidos que foram eleitos para o legislativo 
nacional (ROEDER, 2017, p.147)80. 
 
 
Diante ao exposto, torna-se recomendável uma avaliação do presidencialismo 
soberano, apresentado nesse trabalho, para garantir a maioria no parlamento do 
mesmo partido ou coligação do executivo vitorioso nas urnas. 
 
 
5.4 Programa mínimo de governo 
 
Os programas de governos dos partidos políticos tornam-se figurativos, pois 
tem apenas a intenção de propostas, para implementação quando possível. Ademais, 
na pratica não existe nenhuma obrigação de aplicar o programa quando o partido se 
sagra vencedor nas eleições, tanto para o poder executivo como legislativo. Diante 
desse contexto, a prática política no mandato não tem correlação com o programa de 
 
79 GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 
80 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
59 
 
 
 
governo apresentado na eleição. Ainda, agrava-se a situação com as mudanças para 
formar uma maioria parlamentar. 
O presidencialismo soberano apresenta a necessidade de um programa 
mínimo de governo obrigatório ao eleito. Assim, cada candidato responde 
pessoalmente quatorze questões relacionadas aos seus objetivos para depois de 
eleito. As questões serão respondidas diretamente para o Tribunal da respectiva 
jurisdição nacional ou regional e fica arquivada e com acesso ao público durante todo 
o mandato do eleito. 
Dessa forma, o candidato eleito fica comprometido e obrigado a defender e 
votar conforme suas posições assumidas nas respostas das perguntas, sob pena de 
perder o mandato por cassação direta do eleitor. Consoante, o candidato responde às 
perguntas de forma individual diretamente no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 
ou Tribunal Regional Eleitoral (TRE), conforme circunscrição eleitoral de interesse, 
nacional ou regional ou municipal. A falta de uma resposta às questões obrigatórias é 
motivo para indeferimento de plano da candidatura e, até mesmo, fica impedido de 
fazer o registro da candidatura. 
Desse modo, o programa mínimo de governo será realizado através dequatorze perguntas claras e objetivas formuladas como segue: 
a) 6 (seis) perguntas formuladas pelo poder executivo vigente no período de 
eleição, para cada esfera: federal, estadual e municipal. 
b) 6 (seis) perguntas pelo Congresso Nacional ou pelo Parlamento Regional ou 
Municipal, através de seus Presidentes: sendo três pelo Senado Federal e três 
pela Câmara dos Deputados no plano nacional. 
c) 2 (duas) perguntas pelo Poder Judiciário, nas respectivas esferas de 
atuação. Pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, para a área nacional e 
pelo presidente dos Tribunais de Justiça para cada Estado e Prefeitura. 
 Portanto, fica assegurado a implementação do programa mínimo de cada 
candidato eleito, aliado a maioria do parlamento em apoio ao executivo, cujo 
objetivo é atender no mínimo as necessidades básicas da população. 
 
5.5 A efetividade das propostas vencedoras 
 
É sabido que o sistema presidencialista atual existe uma dependência direta do poder 
60 
 
 
 
executivo da maioria do parlamento. Logo, o projeto político vencedor nas urnas para 
o poder executivo, pelo sistema majoritário absoluto no primeiro ou no segundo turno 
das eleições, encontra resistência no Congresso Nacional e sua implementação 
necessita de negociações com o Parlamento. 
Essa questão é recorrente nas últimas eleições para o poder executivo no 
Brasil. O eleito para o posto executivo não elege a maioria no parlamento do mesmo 
partido ou coligação. Tanto que, o eleitor brasileiro não possui a identidade partidária 
ideológica de maneira clara. Ainda, tem liberdade para votar no candidato para o poder 
executivo de um partido e para um candidato ao legislativo de outro partido ou 
coligação. 
É evidente que o atual sistema proporcional apresenta uma forma de eleição 
do parlamento direta e indireta. Isso ocorre pelo voto no partido ou pela eleição de 
candidato com a soma de votos do mais votados da legenda. Nesse contexto, muitos 
são eleitos com pouca ou nenhuma identidade ou responsabilidade com o eleitor. 
As negociações partidárias fazem parte do jogo democrático, no entanto, geram 
propostas de acordo político bem diferente da vontade do eleitor. Por outro lado, 
ocorre a troca de favores por apoio no parlamento, representada por nomeação de 
“amigos” para cargos de direção, sem a qualificação técnica necessária. Assim, as 
alianças para apoio ao executivo não são centralizadas na ideologia partidária e nem 
programática. Logo, os partidos pequenos estão prontos para dar apoio mediante 
privilégios às vezes não republicanos. 
Fica notório que o povo é a única parcela do sistema que perde nesse 
emaranhado de interesses. Ainda, as promessas durante o período eleitoral são 
esquecidas durante o mandato ou mudadas pela conveniência política. Assim, 
ocorrendo essas discrepâncias durante o mandato, deveria o representado perder a 
função de representação, conforme afirma Carlos Mário da Silva Velloso e Walber de 
Moura Agra. 
As opções escolhidas devem estar de acordo com o sentimento da 
população, inclusive, em muitos casos, se ele não se mantiver fiel às 
propostas elaboradas quando da campanha eleitoral, podem os 
cidadãos revogar seu mandato (VELLOSO, 2023, p.79)81. 
 
 
 Diante dessa situação, o eleito não cumpri suas promessas de campanha e, 
 
81 VELLOSO, Carlos Mario da Silva; AGRA, Walber de Moura. Elementos de direito eleitoral. 
61 
 
 
 
ainda, apresenta as mesmas justificativas em cada eleição para receber o voto 
do eleitor, ou seja, a falta de maioria consolidada no parlamento para implementar as 
propostas formuladas na campanha e aceitas pelo eleitorado. 
Diante desse contexto, a barganha torna-se um meio oficial para ocorrer 
aprovação pontualmente de proposta do poder executivo. Esse sistema tornou-se um 
vício ruim, pois na eleição seguinte o candidato retorna com as mesmas propostas, 
alegando a impossibilidade de implementação por falta de maioria no parlamento. 
O modelo presidencialista soberano acaba com a troca de favores entre os 
poderes executivo e legislativo. O eleito para o cargo executivo terá garantia da 
maioria diretamente das urnas. Por conseguinte, o eleito não tem desculpas pela não 
implementação do programa vencedor nas urnas. Dessa forma, durante o mandato o 
eleito deve obrigatoriamente implementar o programa de governo, sob pena de perder 
o mandato e o povo deve avaliar a cada quatro anos as ações de cada representante 
com relação as promessas de campanha e sua real implementação. 
 
5.6 Perda de Mandato por via Direta 
 
O controle da representatividade deve ser diretamente realizado pelo povo. Na 
verdade, a eleição é um meio de manifestação popular na escolha dos representantes. 
Destarte, a questão mais importante é o controle durante o mandato, e isso, não 
ocorre nos modelos atuais. Existe o controle indireto pelos próprios pares ou pelo 
Judiciário. No entanto, o titular do poder delegado não tem nenhuma forma direta de 
cassar o mandato do eleito infiel ou pelo recebimento de privilégios não republicano. 
No presidencialismo atual pode ocorrer a cassação do mandato do Presidente 
da República pelo processo de “Impeachment”. No sistema parlamentar ocorre a 
moção de desconfiança e o Primeiro Ministro é substituído, ou antecipa as eleições. 
 
A ideia de responsabilidade é inseparável do conceito de democracia, 
e o “Impeachment” constitui eficaz instrumento de apuração de 
responsabilidade e, por conseguinte, de aprimoramento da democracia 
(BROSSARD, 1992, p.7)82. 
 
 
No presidencialismo soberano, acrescenta-se mais uma alternativa de perda 
 
82 BROSSARD, Paulo. O “Impeachment”. 
62 
 
 
 
de mandando eleitoral, pela manifestação dos eleitores, através de abaixo assinado, 
devidamente conferidas as assinaturas pelo Tribunal Eleitoral. 
A revogabilidade de mandato é um mecanismo eficiente para controle do 
mandato do político, pois os eleitos devem governar de acordo com a vontade popular. 
 
 
A democracia é o regime em que os governantes são eleitos pelo povo 
e governam de acordo com a opinião pública. Por isso, a denominam 
também governo popular ou governo de opinião (AZAMBUJA, 2008, p. 
294)83. 
 
Portanto, o direito de revogação deve ser implementado para correção de 
rumos da política, matéria já em vigência na Suíça e em algumas regiões dos Estados 
Unidos. O doutor Mario Lúcio Quintão Soares aborda o assunto e recomenda. 
 
 
A irrevogabilidade do mandato: os eleitores não podem destituir os 
seus representantes. Com a crise do Estado Liberal de direito, outros 
mecanismos da democracia semidireta, como o “recall” e o 
“abberufungsrecht”, foram instituídos, respectivamente, nos Estados 
Unidos da América e na Suíça, no sentido de corrigir distorções do 
mandato representativo (SOARES, 2022, p. 267)84. 
A força legitimadora do órgão representativo concentra-se também no 
conteúdo justo de seus atos caracterizando representação 
democrática material (SOARES, 2022, p. 266)85. 
Direito de revogação: permite a uma fração do corpo eleitoral solicitar 
a destituição de um funcionário eleito ou parlamentar, antes de expirar 
o seu mandato (SOARES, 2022, p. 285)86. 
 
 
Diante ao exposto, a revogação de mandato pode ocorrer através de abaixo 
assinado. O procedimento deve ocorrer sob controle do Tribunal Eleitoral 
correspondente, sendo protocolado na respectiva casa legislativa do parlamento. Em 
seguida, o Presidente da casa deve enviar para o Tribunal Eleitoral, no prazo máximo 
de quinze dias contados do protocolo, sob pena de responder pela desobediência 
legal e abuso de poder. Nessa circunstância, passado o prazo e não ocorrer o envio 
para o sistema eleitoral, fica o Presidente da casa suspenso até a decisão final do 
processo de cassação em andamento e o abaixo assinado pode ser encaminhado por83 AZAMBUJA, Darcy. Introdução a Ciência Política. 
84 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
85 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
86 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
63 
 
 
 
qualquer integrante da mesa, até mesmo diretamente pelos interessados pela 
cassação. Por conseguinte, o Tribunal Eleitoral responsável administrativo pela 
eleição do parlamentar, faz a verificação e validação das assinaturas. 
O TSE ou TRE tem prazo de trinta dias para validar as assinaturas do abaixo 
assinado, prorrogável por mais trinta dias quando for necessário, desde que motivado. 
Após esse prazo, deve devolver, via protocolo, o abaixo assinado com as assinaturas 
validadas, na respectiva casa legislativa. 
Assim, confirmado o número de assinaturas validadas, no mínimo necessário 
para cassação do mandato, o eleito perde automaticamente e de imediato o mandato, 
mediante o protocolo na casa legislativa correspondente. Então, a mesa da casa deve 
fazer a comunicação em plenário na primeira sessão seguinte ao protocolo. 
Por fim, o número de assinatura validada mínima para cassar o mandato de um 
parlamentar, do executivo e de autoridades nomeadas com previsão de impedimento 
no ordenamento jurídico será conforme segue: 
a) Para o Poder Executivo será necessário um mínimo de assinatura 
correspondente a cinquenta e um por cento do total de votos validos na eleição do 
respectivo cargo. 
b) Para Senador, Deputado Federal, Estadual, Distrital e Vereador será 
necessário um mínimo de vinte por cento correspondente aos votos validos na 
respectiva eleição. 
c) Para Ministro de Estado, Ministro das Cortes Superiores, Procurador Geral, 
Desembargadores, Advocacia Geral, Magistrados e demais cargos por indicação será 
necessário um mínimo de trinta por cento correspondente aos votos validos da eleição 
do poder executivo que fez a nomeação ou indicação. 
 
5.7 Iniciativa popular 
 
A fonte de poder na democracia provém do povo. Os movimentos 
revolucionários do século XVIII geraram o sistema constitucional democrático 
representativo. 
 
De fato, a separação entre os órgãos incumbidos de cada uma das 
funções do estado produziria, esperava Montesquieu e com ele os 
constituintes do século XVIII e XIX, um sistema de freios e contrapesos, 
64 
 
 
 
essencial para a defesa da liberdade individual (FERREIRA FILHO, 
2002, p.60)87. 
 
A escritora Mônica de Melo concorda com maior amplitude do voto, conforme 
segue: 
 
Aos poucos, foi se ampliando o direito de voto e se passou a entender 
que quanto maior a extensão dos que pudessem votar, maior o grau 
de democracia do sistema.” (MELO, 2001, p.35)88. 
 
 
No entanto, a democracia precisa de ajustes, principalmente no sistema de 
representação e fidelidade do candidato eleito. Assim, Mônica de Melo faz uma crítica 
a democracia representativa: 
 
A democracia representativa, ao longo da história, apresentou e ainda 
apresenta inúmeros problemas onde é aplicada, principalmente nos 
países com regime de democracia indireta (MELO, 2001, p.35)89. 
 
 
E acrescenta com relação ao Brasil. 
 
No Brasil, por exemplo, há uma estrutura partidária frágil, que não 
permite a existência de partidos claramente identificáveis a partir dos 
programas que propõem, vigorando em muitos deles pratica 
clientelista. Ademais, a proporcionalidade dos votos para os estados 
da federação apresenta problema, gerando distorções de 
representatividade, além da confusão do papel do senado federal com 
o da câmara dos deputados (MELO, 2001, p.35)90. 
 
 
O Escritor Mario Lúcio Quintão Soares aborda o ideal da democracia, na 
atualidade e mediante ajustes oriundos da tecnologia. 
 
O tipo ideal de democracia é a democracia direta, modulada pelo 
aprofundamento da identidade popular, ao possibilitar que as funções 
públicas sejam exercidas de modo imediato e direto, pela totalidade 
dos cidadãos, dotados de plenos direitos políticos, em assembleia 
popular ou assembleia primaria (SOARES, 2022, p.276)91. 
 
 
87 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves Filho. O processo legislativo. 
88 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
89 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
90 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
91 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
65 
 
 
 
Diante ao exposto, considerando ainda, a tecnologia disponível, é possível 
aumentar a consulta direta ao eleitor, através de plebiscito, referendo, aceitar 
propostas de leis oriundas do povo e cassação direta de mandato ou cargo de 
indicação ou nomeação política. 
 
Na verdade, na democracia indireta, dita representativa, cada vez mais 
se denota que nem sempre a maioria parlamentar exprime os anseios 
da maioria do povo, gerando uma crise de legitimidade de consenso 
(MELO, 2001, p.35)92. 
 
 
Ademais, a vontade popular pode ser observada por consulta direta, tendo em 
vista, que a representação sofre inúmeras influencia desde o nascedouro até a 
atuação no parlamento. Destaca-se como principal, os acordos políticos de interesses 
de grupos para compor o governo e com total abandono das propostas feitas durante 
a campanha eleitoral. 
 
A possibilidade de participação direta deve ser garantida, não apenas 
porque o regime representativo vai mal ou pode ir mal, mas porque se 
deve garantir a possibilidade de participação direta, nos assuntos 
públicos, a qual o povo é efetivamente titular do poder no regime 
democrático (MELO, 2001, p.37)93. 
 
 
O doutor em direito constitucional traz à baila a democracia praticada na 
antiguidade. 
 
Tal democracia foi praticada na polis e na civitas, consoante o 
paradigma clássico das instituições políticas grego romanas e suas 
complexas transições para a idade moderna (SOARES, 2022, p. 
186)94. 
 
 
Aliás, a Constituição Federal do Brasil, permite a realização de plebiscito, 
através da convocação do Congresso Nacional, bem como admite a iniciativa popular 
para apresentação de projeto de lei. O artigo 61, § 2° da CF/88, regulamentada pela 
lei 9.709/98. 
 
92 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
93 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
94 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
66 
 
 
 
 
Esses mecanismos adequadamente utilizados, promovem a educação 
política popular, produzem a motivação, o interesse do cidadão pela 
gestão da coisa pública. Permitem ainda, que o exercício da soberania 
popular se faça sem intermediários, que tantas vezes distorcem o 
interesse público, em busca de interesses pessoais ou mesmo 
corporativos (MELO, 2001, p.122)95. 
 
 
Atualmente, dois países destacam-se na utilização da consulta popular direta 
com êxito. Assim, a frequência desse mecanismo deve ser implementada e 
incentivada pelas democracias populares. Na Suíça as consultas são nacionais e nos 
Estados Unidos ocorrem no âmbito regional. 
 
Assim, ao povo cabe também legitimar as funções legislativas e 
executivas, mediante eleições livres e periódicas, projetos de iniciativa 
popular, plebiscito e referendo (SOARES, 2022, p. 179)96. 
 
 
Logo, o uso da iniciativa popular pode reduzir, consideravelmente os erros dos 
representantes e direciona a política nacional para os anseios da sociedade. 
 
A implementação dos mecanismos de participação direta – plebiscito, 
referendo e iniciativa popular – não vem substituir a democracia 
representativa, mas aperfeiçoar o regime democrático, conferir maior 
legitimidade as decisões da soberania popular (MELO, 2001, p.36)97. 
 
 
Pelo voto popular soberano elege-se o Presidente da República, queexerce o 
mandato por um tempo definido na Constituição Federal. Então, pelo mesmo voto 
popular escrito, por abaixo assinado, deveria ser permitido sua cassação, pelo desvio 
de finalidade, infidelidade, má gestão, corrupção e falta de implementação das 
propostas aceitas e aprovadas, durante a campanha eleitoral. 
 
Determinado número de cidadãos, em geral a decima parte do corpo 
de eleitores, formula, em petição assinada, acusações contra o 
deputado ou magistrado que decaiu da confiança popular, pedindo sua 
substituição no lugar que ocupa ou intimidando-o a que se demita do 
exercício de seu mandato. (BONAVIDES, 2003, p.292)98. 
 
 
95 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
96 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
97 MELO, Monica de. Plebiscito, Referendo e Inciativa Popular. 
98 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
67 
 
 
 
Com o auxílio da tecnologia a consulta direta à população tornou-se praticável 
e recomendada, no entanto, há muitas resistências no meio político. 
 
Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento político nos estados 
democráticos vem demonstrando que a democracia direta tem 
ganhado espaço com muita lentidão, mas de forma constante. Parece 
que o povo quer mais democracia, e os políticos não podem evitar 
totalmente essa tendência, muito embora, em geral, sejam bem-
sucedidos em restringir a democracia direta. O fortalecimento dessa 
tendência para mais democracia direta será a tarefa de todos os 
democratas em estreita cooperação com políticos, partidos e meios de 
comunicação.” (HANS - ADAM, 2015, p.176)99. 
 
 
O direito de revogação de mandato é legitimo e deve ser implementado em 
todas democracias representativas. Pois, trata-se de um mecanismo de ação direta e 
efetiva do povo sobre os eleitos ou indicados por parlamentares ao cargo público, com 
objetivo de afastar o eleito que descumpre as propostas feitas durante o período 
eleitoral. 
Determinados publicistas opinam, porém que o plebiscito se 
caracteriza com um pronunciamento popular válido por si mesmo, 
inteiramente unilateral, que independe do concurso de qualquer outro 
órgão do estado (BONAVIDES, 2003, p.288)100. 
 
 
Além do mais, o titular do direito é o povo e, através de eleições confere esse 
poder aos representantes eleitos por um período de quatro anos. A iniciativa popular 
apenas resgata ou cancela a procuração quando o representante caminha de forma 
diversa do estabelecido no mandato, conforme declara Paulo Bonavides. 
 
Falo aliás, o exercício de direito que não pode ser tolhido, desde que, 
para tanto, determinada fração do corpo eleitoral reúna o número legal 
de proponentes, indispensáveis a dar o impulso legislativo, do qual 
resultará o estabelecimento de novas leis ou ab-rogação das 
existentes, tanto em matéria de legislação ordinária quanto 
constitucional (BONAVIDES, 2003, p.290)101”. 
 
 
 
O sistema democrático ainda possui inúmeras vantagens em comparação com outros 
sistemas ou regimes, além disso, o sistema representativo reflete as várias correntes 
 
99 HANS - ADAM, O estado no terceiro milênio. 
100 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
101 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
68 
 
 
 
 
de pensamento e, também, a complexidade da sociedade. 
 
A democracia representativa constitui, pois, mecanismos que objetiva 
reproduzir no governo a complexidade que marca a composição do 
tecido social. Quanto mais amplos os estratos e segmentos sociais, se 
espera, maior será a sua presença proporcional nos órgãos de 
representação política (REIS, 2023, p. 20)102. 
 
 
Destarte, o presidencialismo soberano devolve ao povo brasileiro o direito de 
decidir o destino do País, participando ativamente no controle, fiscalização, cassação 
de mandato e elaboração de leis. O atual sistema de poder está centralizado no 
legislativo, tanto para aprovação de leis como para controle dos mandatos. Além do 
mais, a iniciativa popular é possível, mas o legislativo tem prerrogativa de alterar 
inteiramente a proposta apresentada. Contudo, considerando que o poder é do povo, 
considerando ainda, que tanto o poder executivo como o legislativo representam o 
povo, pode então, o povo legislar diretamente, sem a interferência modificadora do 
Congresso Nacional ou do poder executivo. 
Dessa forma, tornou-se necessário apenas adequar o número de eleitores com 
poder para assinar uma proposta de lei. O único requisito é o número mínimo de 
assinatura válida para implementação da lei popular, cassação de mandato e outras 
prerrogativas de interesse da sociedade, conforme segue: 
 a) Para implementação de uma lei ordinária será necessário um mínimo de 
vinte por centro de assinaturas válidas, em relação aos votos validos para o Poder 
Executivo correspondente. 
b) Para uma lei complementar será necessário um mínimo de trinta por cento 
de assinaturas válidas, correspondente aos votos validos para o Poder Executivo em 
questão. 
c) Para uma Emenda constitucional será necessário um mínimo 
correspondente a cinquenta e um por cento de assinaturas válidas em relação aos 
votos válidos para o Poder Executivo em verificação. 
Desse modo, a proposta é protocolada na Câmara dos Deputados ou 
equivalente nos demais níveis, devendo então, ser encaminhada no prazo de quinze 
 
102 REIS, Marlon, Coleção esquematizado. 
69 
 
 
 
dias para o TSE ou TRE para validação das assinaturas. O prazo para o sistema 
eleitoral validar as assinaturas é trinta dias prorrogáveis por mais trinta dias, quando 
necessário e motivado. Após o prazo do sistema eleitoral, a proposta com as 
assinaturas validadas é devolvida ao legislativo correspondente. A mesa legislativa 
respectiva deve encaminhar para análise da constitucionalidade da proposta. No 
entanto, fica assegurado que somente os itens inconstitucionais podem ser alterados, 
no prazo máximo de sessentas dias e, anunciado no plenário sua aprovação. 
Em seguida, a mesa da respectiva casa inicial encaminha para a casa revisora, 
quando a legislação assim exigir. O tramite da proposta popular no Senado Federal 
será o mesmo da casa inicial, ainda, será obedecido o mesmo prazo e prerrogativas 
de alterar apenas as inconstitucionalidades e, anunciado no plenário sua aprovação. 
Após a revisão, a proposta popular será encaminhada ao poder executivo para 
sanção ou veto em questões apenas inconstitucionais. A etapa seguinte será de 
acordo com o ordenamento jurídico já estabelecido quanto a promulgação e 
publicação. No caso de proposta popular de emenda constitucional a promulgação e 
publicação também seguirá o ordenamento jurídico vigente. 
Em todas as hipóteses de propostas populares, a lei ou emenda entra em vigor 
noventas dias após a publicação. 
 
5.8 Partidos Políticos 
 
O sistema de eleição atual está centrado nas filiações obrigatórias em um 
partido político. As organizações políticas devem ter um núcleo ideológicos pelo qual 
se agruparão várias pessoas com o mesmo pensamento. 
Segundo Karoline Mattos Roeder o partido político está relacionado ao 
interesse político de exercer mandato por votação popular. 
 
 
Partido político é uma associação voluntária que busca exercer o poder 
em dada coletividade política por meio da ocupação de cargos 
governamentais, que se organizam hierarquicamente em torno de um 
programa que mobilize determinada base social (ROEDER, 2017, 
p.31)103. 
 
 
 
103 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
70 
 
 
 
 
No Brasil os partidos políticos não apresentam claramente um núcleo 
ideológico, geralmente o9 
CAPITULO 1 ................................................................................................................... 12 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE GOVERNO .................................................. 12 
1.1- Forma de governo na antiguidade - monarquia .................................................. 12 
1.2- Forma de governo no Feudalismo – monarquia ................................................. 15 
1.3- Forma de governo na idade moderna - monarquia ............................................. 16 
1.4- Forma de governo na idade contemporânea....................................................... 18 
1.4.1 – Estado Liberal ........................................................................................................ 18 
1.4.2- Decadência do Liberalismo ............................................................................................ 19 
1.4.3- Estado Social .................................................................................................................. 20 
1.4.4- Estado Comunista .......................................................................................................... 20 
1.4.5- Estado democrático ....................................................................................................... 21 
CAPITULO 2 ................................................................................................................... 22 
A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PARLAMENTAR ............................. 22 
CAPITULO 3 ................................................................................................................... 29 
A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PRESIDENCIALISMO ..................... 29 
CAPITULO 4 ................................................................................................................... 35 
PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO ............................................................................. 35 
CAPITULO 5 ................................................................................................................... 40 
PRESIDENCIALISMO SOBERANO ................................................................................. 40 
5.1. Caracterização do Sistema do Presidencialismo Soberano................................ 40 
5.2 Mudanças necessárias para implantar o presidencialismo soberano. ................ 47 
5.2.1 Redução do mandato de Senador da Republica .............................................................. 48 
5.2.2 Sistema de Votação ........................................................................................................ 49 
5.2.3 Preenchimento de cadeiras legislativas .......................................................................... 55 
5.3 Eleição no presidencialismo soberano ................................................................ 57 
5.4 Programa mínimo de governo .............................................................................. 58 
5.5 A efetividade das propostas vencedoras ............................................................. 59 
5.6 Perda de Mandato por via Direta .......................................................................... 61 
5.7 Iniciativa popular .................................................................................................. 63 
5.8 Partidos Políticos.................................................................................................. 69 
CONCLUSÃO ................................................................................................................. 72 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 76 
9 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
O mundo passa por grandes transformações, especificamente destaca-se as 
mudanças advindas do campo tecnológico e nas áreas envolvendo as mídias digitais, 
que influenciam diretamente o comportamento social. No entanto, o sistema eleitoral 
não tem acompanhado com a mesma rapidez as mudanças recentes, embora com 
tecnologia a disposição para o enfretamento dos problemas nas apurações eleitorais 
e quando rápidas, surgem incertezas ou dúvidas da representatividade e do resultado. 
Logo, as dúvidas decorrentes do sistema de eleição geram conflitos sociais e 
dificuldade na pacificação do país após o pleito. Haja vista, sistema eleitoral 
parcialmente informalizado ou falta de impressão dos votos para uma possível 
verificação e conferência são as maiores reclamações do eleitor brasileiro e, 
consequentemente, a insubordinação civil e a inaceitabilidade do resultado são 
constantes no sistema de eleição vigente no País. 
Outrossim, o sistema presidencialista atual gera uma incongruência sistêmica: 
o presidente eleito pelo sistema majoritário, não garante a maioria no Congresso 
Nacional. Pois, o sistema independente da eleição para o executivo e legislativo 
apresenta uma impossibilidade de governar, sem fazer os acordos políticos, cujo 
objetivo é ter uma base de apoio no Congresso Nacional. 
Dessa forma, o presidente eleito deve compor uma maioria parlamentar para 
legitimar sua política de governo vencedora nas urnas. A questão emblemática é a 
forma das negociações para composição dessa maioria, que normalmente ocorre com 
troca por cargos na administração pública ou por favores nas indicações por partidos 
políticos. Ainda, as indicações de pessoas sem as qualificações necessárias para 
cargo de direção no setor público são constantes no sistema atual. O resultado dessa 
prática é uma má gestão por incompetência ou até desvio de recurso públicos. Essa 
troca de favores torna-se imprescindível para a estabilidade do governo, sob ameaça 
de “impeachment” quando não tem a maioria no parlamento ou dificuldade de 
aprovação de leis para implementar sua política ou programa de governo. 
Nesse diapasão, nasce a necessidade de mudar pontualmente o sistema de 
eleição brasileiro para ocorrer a maioria no parlamento, na mesma proporção da 
eleição do Presidente da República, modelo de eleição chamado de presidencialismo 
10 
 
 
 
soberano, pois a maioria absoluta no executivo gera também a maioria no parlamento 
pelo voto popular. 
De plano, a proposta desse trabalho é trazer no capitulo 1, uma evolução do 
sistema de governo ao longo do tempo. Assim, entender o primeiro sistema de 
governo e as mudanças ocorridas para atender as exigências da sociedade da época. 
 Além desse conteúdo, no capítulo 2 aborda-se o sistema de governo 
parlamentarista, trazendo as vantagens e desvantagens desse sistema. Cabe 
salientar que os parlamentares são eleitos pelo povo e o Primeiro Ministro provém do 
próprio parlamento e na crise do governo ou perda da maioria desse grupo político, 
pode ocorrer outra composição e, portanto, o Primeiro Ministro é substituído ou 
convoca-se eleições antecipadas. 
Cabe ressaltar ainda, a necessidade constante das negociações parlamentares 
para a estabilidade do governo, ou seja, ocorre necessariamente a troca de favores, 
para implementações de propostas negociadas, independente das propostas 
vencedoras nas urnas. 
Em contraste ao sistema parlamentarista, no capítulo 3 apresenta-se uma 
discussão envolvendo o sistema presidencialista, com vantagens e desvantagem. No 
presidencialismo adota-se eleição direta para Presidente da República pelo voto 
popular. A questão neste sistema, está na eleição do executivo ser independente do 
legislativo e, por essa razão, não forma maioria no parlamento, diretamente pelo voto 
popular. 
Em vista disso, no capítulo 4 aborda-se a questão mais complicada do 
presidencialismo, pois envolve a necessidade do Presidente da República de negociar 
com o Congresso Nacional, para formar uma maioria. A negociação em si não é o 
problema, a questão é a forma como ocorre: troca de favores de forma não 
republicana, o abandono do programa de governo vencedor nasaspecto político tem um caráter abrangente de ideias. Esse 
conjunto de ideias são constantemente alterados para ocorrer acordos e barganha por 
cargos. O Brasil possuía 32 partidos políticos com registro no Tribunal Superior 
Eleitoral (REIS, 2023, p.31)104. 
Dessa forma, pode-se pensar em candidatura consolidada, desde que 
sustentada pelo programa mínimo de quatorze perguntas que serão respondidas no 
momento do registro da candidatura. 
Ademais, a liberdade de atuação política está presente na sociedade, 
principalmente, através das mídias sociais. No entanto, a obrigação de filiação em um 
partido político para concorrer às eleições restringe o direito político do cidadão. Ainda, 
existe em muito partidos a figura do “dono” do partido, ou grupo fechado que dificulta 
a filiação de muitos interessados em concorrer em um cargo público eletivo. 
O sistema presidencialismo soberano fortalece a responsabilidade direta de 
cada eleito e fica atrelado as questões partidárias e compromissado com o eleitor. 
Além disso, evita a troca de favores que envolve a nomeação de cargos públicos por 
parentes. Aliás, o nepotismo é uma pratica condenada, no entanto, surgiu o nepotismo 
cruzado de difícil comprovação. O Conselho Nacional de Justiça brasileiro definiu o 
nepotismo conforme segue: 
 
Nepotismo é o favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações 
e trabalho ou emprego. As práticas de nepotismo substituem a 
avaliação de mérito para o exercício da função pública pela valorização 
de laços parentesco (CNJ, 2021)105. 
 
 
Portanto, o exercício do mandato exige responsabilidade tanto do partido como 
do eleito. Assim, torna-se possível a política por meios de vários partidos políticos. 
 
Os adeptos do pluralismo partidário amplo louvam-no como a melhor 
forma de colher e fazer representar o pensamento de variadas 
correntes de opinião, emprestando as minorias politicas o peso de uma 
influência que lhes faleceria, tanto no sistema bipartidário como 
unipartidário (BONAVIDES, 2003, p.363)106. 
 
104 REIS, Marlon, Coleção esquematizado – Direito eleitoral. 
105 CNJ, 2021. 
106 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
71 
 
 
 
 
No mundo contemporâneo, as correntes ideológicas tendem a formar 
coligações para chegar ao poder. 
 
No sistema parlamentar do moderno estado partidário, o 
multipartidarismo conduz inevitavelmente aos governos de coligação, 
com gabinetes de composição heterogênea, sem rumos políticos 
coerentes, sujeitos portanto, pela variação de propósitos a uma 
instabilidade manifesta (BONAVIDES, 2003, p.363)107. 
No sistema presidencial, indica-se ordinariamente a pulverização 
partidária como fator de enfraquecimento do regime, determinando-lhe, 
não raro, o colapso (BONAVIDES, 2003, p.364)108. 
 
 
A Constituição brasileira permite a formação de vários partidos políticos com 
seus respectivos estatutos. Os partidos políticos enfrentam a infidelidade que podem 
ocorrer basicamente de duas formas: a oposição por atitude ou pelo voto contrário as 
diretrizes estabelecidas pelo partido. Contudo, não tem nenhuma dependência ou 
controle do eleitor. José Afonso entende que a infidelidade deveria ser punida com 
mais rigor. 
 
Os estatutos dos partidos estão autorizados a prever sanções para os 
atos de indisciplina e de infidelidade, que poderão ir da simples 
advertência até a exclusão. Mas a constituição não permite a perda do 
mandato por infidelidade partidária. Ao contrário, até o veda, Art. 17, 
3°, que têm eles direito a recursos do fundo, que a lei já regula – lei 
4.740/65, Artigos, 95 a 109 (SILVA, 2005, p.406-408)109. 
 
 
Os partidos políticos são a base da democracia representativa, pois são 
responsáveis pela discussão de propostas e canais de diálogo com a sociedade. 
 
Efetivamente, os partidos políticos são peças necessárias senão 
mesmo as vigas do travejamento político e jurídico do Estado 
democrático. Aliás é generalizado o conceito simplista de democracia 
representativa como Estados de Partidos, ilustrando-se a ideia de que 
se não pode conceber esse sistema de governo sem a pluralidade de 
partidos políticos, isso é, sem a técnica do pluripartidarismo (MALUF, 
2023, p.331)110. 
 
 
 
107 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
108 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. 
109 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 
110 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
72 
 
 
 
O problema da representação atual está na infidelidade do eleito com o eleitor. 
Outrossim, os candidatos para os poderes executivo e legislativo lançam propostas 
durante a campanha eleitoral com objetivo apenas de se elegerem. Dessa forma, o 
eleitorado escolhe o candidato pelas propostas de governo. No entanto, quando o 
candidato ao poder executivo é eleito precisa negociar com o parlamento para formar 
maioria e, para isso, é obrigado a mudar suas propostas de campanha. Por outro lado, 
o candidato ao cargo no parlamento deve acompanhar seu partido, que também 
flexibiliza sua proposta para compor com o executivo. 
Diante ao exposto, existe a infidelidade do candidato eleito tanto no poder 
executivo como no poder legislativo com o eleitor. Essa infidelidade gera o desânimo 
no eleitor que procura escolher um candidato com afinidade de pensamento e,que 
depois de eleito, esse não segue as suas próprias propostas vencedoras nas urnas. 
Outro efeito dessa questão, é o desinteresse do eleitor diante da infidelidade, 
causando um aumento cada vez maior de ausência no pleito, ainda, a crença que na 
política nada muda. 
As candidaturas avulsas não são permitidas no Brasil. O sistema atual obriga a 
filiação partidária (Art.14, 3º, V da CF/88). A possibilidade de candidatura avulsa é 
viável, basta o candidato apresentar no momento da inscrição um abaixo assinado de 
apoiadores de pelo menos um décimo por cento do eleitorado da circunscrição. 
Diante desse contexto, e considerando o sistema multipartidário irreversível, 
torna-se urgente encontrar uma solução para evitar desfecho da paralização de 
governo, insatisfação geral da sociedade, guerra civil e o aparecimento de ditaduras. 
A solução é a implantação do presidencialismo soberano, pois este modelo 
muda a forma de preenchimento de cadeiras no parlamento, concedendo o número 
de vagas no parlamento de acordo com a votação majoritária e absoluta do Chefe do 
Executivo. 
 
 CONCLUSÃO 
 
O presidencialismo soberano é uma alternativa de sistema de governo mais 
adequado para países com regime político democrático. 
Indubitavelmente, o sistema de governo mais presente na sociedade 
constituída até o presente momento, foi a monarquia. Destaca-se o início desse 
73 
 
 
 
sistema com a monarquia familiar, pelo poder pátrio, passando para monarquia 
teocrática, absolutista e parlamentarista. Contudo, na monarquia teocrática e 
absolutista os poderes executivo e legislativo estão concentrados exclusivamente na 
figura do monarca ou rei ou imperador. Por outro lado, na monarquia parlamentarista 
os poderes executivo e legislativo estão nas mãos dos parlamentares. 
O sistema de governo predominante até o século XVIII foi a monarquia 
absolutista ou totalitária. No entanto, a insatisfação da sociedade sempre esteve 
presente, ora reprimida, ora com alguma flexibilização, ou ainda, ocorreram guerras 
civis e revolução para mudar o sistema. 
Portanto, o sistema de monarquia com concentração dos poderes públicos em 
uma só pessoa ou grupo político, mostrou-se incompetente para assegurar uma vida 
digna para a população, distribuição de renda compatível com a riqueza do país e paz 
social. 
A monarquia parlamentarista atendeu parte dos anseios da sociedade. 
Destaca-se como vantagens dessemodelo a rápida solução em momento de impasse 
e crise política no parlamento, pois tanto pode ocorrer a composição de uma nova 
maioria e, assim, ocorrer a substituição do Primeiro Ministro, como a convocação 
antecipadas das eleições para manter ou reformar o parlamento. Além disso, todos os 
parlamentares da base do governo são responsáveis pela implementação do 
programa de governo. 
Por outro lado, as desvantagens da monarquia parlamentarista estão no 
primeiro momento em construir uma maioria no parlamento. Essa necessidade obriga 
os eleitos a negociar, fazer acordo e flexibilizar as propostas vencedoras nas urnas. 
Ainda, essas negociações requerem a troca de favores, clientelismo e o 
compartilhamento de cargos públicos, as vezes de forma não republicana. 
Dessa forma, a implementação do programa de governo fica bem distante da 
vontade popular, desde que acordado e construído uma maioria no parlamento. 
Por último, o êxito do sistema monárquico parlamentarista está no nível cultural 
do povo, vigilância e cobrança do eleitor junto ao seu representante. Amparado ainda, 
pelo poder judiciário independente e combativo, diante de desvios institucionais, 
oriundo da luta pelo poder e dos privilégios dos grupos políticos. 
O sistema presidencialista iniciado nos Estados Unidos da América traz 
claramente a separação do poder executivo e legislativo. Cabe observar, que o êxito 
74 
 
 
 
desse sistema no país de origem, que não ocorre em outros países, é decorrente da 
cultura e do conhecimento de política dos eleitores, bem como, da cobrança e 
vigilância sobre os representantes. Além é claro, de um poder judiciário atuante e 
intolerante com os desvios institucionais do sistema. 
No Brasil, o sistema de governo adotado é o presidencialismo, no entanto, o 
modelo eleitoral está distorcido e não garante a governabilidade ao poder executivo 
eleito por uma maioria absoluta dos votos. Por essa razão, o poder executivo precisa 
negociar com o parlamento para formar uma maioria de sustentação do governo. 
Entretanto, a questão inaceitável é a forma que ocorre esses acordos políticos, 
basicamente, através de troca de favores, preenchimento dos cargos públicos com 
apadrinhados ou por indicação de partidos políticos da base governamental. O 
resultado desse modelo de coalizão é a má gestão ou desvio de recurso públicos. 
Ademais, essas negociações envolvem apenas os interesses da classe política e a 
sociedade é a grande perdedora e, ainda, ausente dessas negociações. 
O sistema eleitoral de um país deve assegurar uma representação proporcional 
de todas as correntes ideológicas da sociedade. Além disso, garantir a 
governabilidade do poder executivo eleito por maioria absoluta dos votos. 
A proposta do modelo presidencialismo soberano proporciona uma maioria no 
parlamento pelo mesmo percentual da eleição do poder executivo. A grande vantagem 
do novo modelo é eliminar a necessidade do poder executivo de barganhar com o 
parlamento, para formar uma base de sustentação do governo. 
Pelo presidencialismo soberano, o governo eleito pela maioria absoluta deve 
implementar obrigatoriamente seu programa de governo, sem ocorrer nenhuma 
flexibilização e, ainda, pode preencher os cargos públicos com os melhores 
profissionais de cada setor. 
A implantação do presidencialismo soberano passa por pequenas mudanças 
na atual legislação. Destarte, o mandato de Senador da República deve ser reduzido 
para quatro anos, assim o partido ou coligação do Presidente da República eleito fica 
com duas cadeiras de Senadores em cada Estado da Federação e do Distrito Federal 
e os partidos de oposição, que perderam a eleição para o poder executivo, preenche 
o restante das cadeiras do Senado Federal. 
Em ambos os lados, são preenchidas as vagas por ordem decrescente da 
votação individual de cada candidato e não será considerado o voto na legenda. 
75 
 
 
 
Ademais, o preenchimento das cadeiras do parlamento será pelo partido ou 
coligação e com o mesmo percentual da votação para o cargo do poder executivo no 
primeiro ou segundo turno das eleições, por maioria absoluta. Os restantes das vagas 
serão preenchidos pelos partidos de oposição que perderam a eleição do cargo 
executivo. 
Em ambos os lados, são preenchidas as vagas por ordem decrescente de 
votação individual dos candidatos, sem estabelecimento de votação mínima e não 
será considerado o voto na legenda. 
No município sem necessidade de segundo turno, o candidato vencedor para 
o cargo executivo, por maioria simples, ou no empate, fica automaticamente com 51% 
(cinquenta e um por cento) das cadeiras do parlamento para seu partido ou coligação 
e o restante para oposição. Os preenchimentos das vagas são também por ordem 
decrescente de votos individuais para ambos os lados. 
A implementação do sistema presidencialista soberano, associado ao sistema 
de votação transparente e com voto impresso, acaba, definitivamente com o 
descontentamento popular com o resultado, traz apaziguamento ao povo e 
crescimento do produto interno bruto de acordo com a política de cada grupo no poder. 
Assim, o povo pode avaliar cada gestão e mudar quando houver desvio da 
proposta vencedora ou até mesmo insatisfação com o resultado. 
Aliado ao sistema presidencialista soberano, a legislação deve impor de forma 
obrigatória ao eleito, a implementação do seu programa de governo, sob pena de 
perder o mandato. 
Não obstante, o controle de todo o mandato do representante será através dos 
eleitores com poder para cassar os mandatos dos eleitos e dos indicados no 
descumprimento da ordenança popular. 
Além disso, o poder soberano é do povo brasileiro e para exercer esse direito 
deve-se assegurar a iniciativa popular na elaboração de leis, sem ocorrer nenhuma 
alteração pelo parlamento, exceto de inconstitucionalidade. 
Por fim, o sistema presidencialista soberano devolve ao povo prerrogativa de 
decidir seu próprio destino 
 
 
 
 
76 
 
 
 
 
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Lenza, 1ª edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2023. 
 
SOUZA, Ricardo Gonçalves. Ciência política e direito: da evolução do estado desde a 
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atualizada nos termos da reforma constitucional n° 48, São Paulo, Editora Malheiros, 
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atualizada nos termos da reforma constitucional nº 95, São Paulo, Editora Malheiros, 
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SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da 
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	UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
	INTRODUÇÃO
	CAPITULO 1
	EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE GOVERNO
	1.1- Forma de governo na antiguidade - monarquia
	1.2- Forma de governo no Feudalismo – Monarquia
	1.3- Forma de governo na idade moderna – Monarquia
	1.4- Forma de governo na idade contemporânea
	1.4.1 – Estado Liberal
	1.4.2-Decadência do Liberalismo
	1.4.3- Estado Social
	1.4.4- Estado Comunista
	1.4.5- Estado democrático
	CAPITULO 2
	A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PARLAMENTAR
	Compreende-se desde logo que a Inglaterra da época, fracionada em feudos dominados pelos Barões e outros nobres, tinha nesses a verdadeira fonte do poder, já que grande parte dos recursos de armas e homens era por eles fornecida à coroa, sobretudo na ...
	CAPITULO 3
	A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PRESIDENCIALISMO
	Dessa forma, esse sistema está desenhado para o povo escolher seu representante compromissado com tais direitos mínimos. Caso contrário, o representante perderia o mandato. A consolidação desse sistema com limitação ou compromisso com os direitos mín...
	Assim, o poder legislativo tornou-se o único poder capaz de aprovar leis para mudar a situação da sociedade, no sentido de atender cada vez mais as necessidades crescentes da população.
	Ademais, na teoria a separação de poderes o fundamento para obter êxito nas políticas públicas, em atendimento a vontade popular é uma prioridade. Assim, existe a necessidade da ideia de equilibro entre os poderes, o sistema de freios e contrapesos, ...
	Ainda pior, a realidade nos últimos anos, as prioridades e interesses de grupos políticos mudaram o sistema idealizado por Montesquieu, criado para melhorar as condições das sociedades subordinadas. Assim, as negociações parlamentares necessárias par...
	Todavia, no sistema presidencialista os interesses coletivos são prioridades absolutas e devem ser respeitadas pelos poderes executivo e legislativo. No entanto, a realidade fática revela uma situação adversa e até inversão de valores ocorrem, tudo i...
	Diante do exposto, fica evidenciado o interesse dos políticos em detrimento da vontade popular, consolidando, portanto, a prioridade do sistema do governo em atender em primeiro lugar os grupos políticos com distribuição de cargos públicos ou troca d...
	Carlos Blanco de Morais afirma que a separação rígida dos poderes propostas por Montesquieu nunca teve efetiva aplicação. Na verdade, da vivência no poder concluiu o professor português: ocorre uma interdependência entre os poderes. No entanto, a int...
	Porém, a reclamação da sociedade é porque a interdependência gera privilégios para estabilidade e permanência no poder de um grupo político de forma continuada e o povo passa necessidade do mínimo para viver com dignidade humana. No presiden...
	Assim, a maior vantagem do sistema presidencialista é a eleição de um candidato à Presidência da República com liderança nacional, que concede legitimidade para o executivo implementar sua política de governo vitoriosa nas urnas. No entanto, em eleiç...
	Destarte, essa situação dividida, também está presente no parlamentarismo, sendo uma oposição forte e impeditiva ao avanço da proposta vencedora nas urnas. Diante desse contexto, a única alternativa para o presidente eleito é negociar, ajustar, fazer...
	É evidente que mesmo com tantos erros e dificuldade de compor com o legislativo, ainda a democracia é o melhor caminho para o exercício do poder público. O lado oposto já comprovou ineficaz, além das possibilidades de rupturas, ideias totalitárias, t...
	Complementa Norberto Bobbio, que o estado de guerra foi substituído pelo estado de paz.
	As distorções institucionais evolvendo os poderes executivo e legislativo são praticamente comuns em sistemas interdependentes. Porque o poder soberano do povo é transferido aos poderes executivo e legislativo por um período delimitado e o povo fica ...
	As desvantagens do sistema presidencialista e a crença do povo em eleger um salvador da pátria, as vezes esse candidato faz promessas messiânicas e impossíveis suas implementações durante o mandato, ainda mais difícil, com um parlamento fragmentado d...
	Ferreira Filho complementa o pensamento desfavorável ao presidencialismo atual.
	Por esse motivo, ocorre um certo desconforto em votar para uma grande parte dos eleitores brasileiros. Acrescenta-se ainda, a crença que nenhuma mudança vai ocorrer. Diante disso, as abstenções crescem com o tempo à medida que os acordos políticos s...
	É evidente o crescimento das necessidades do povo, para isso, o caminho de redução dos gastos públicos é uma forma de sobrar recursos para investimento em políticas públicas sociais. No entanto, mesmo prometendo o enxugamento da máquina administrativ...
	Outra questão que distancia o eleitor dos empossados, ocorre porque a maioria vota no partido e não no candidato pessoalmente. Assim, o chamado voto de legenda é um mecanismo de eleição indireta do parlamento, pois muitos candidatos são beneficiados ...
	Diante ao exposto, nessa época contemporânea, exige-se mudança no modelo de participação do eleitor nas decisões durante o mandato. Logo, uma decisão do parlamento contrária às promessas durante a campanha eleitoral, deveria ser impedida a sua efetiv...
	Do sistema presidencialista em combinação com o parlamentarismo surgiu o denominado semipresidencialismo. Há várias combinações e diferenças de um país para outro, principalmente na forma da divisão do poder central, podendo ainda, ser uma ...
	Poucos países adotam esse modelo, sendo ainda, que o seu êxito está diretamente relacionado aos partidos políticos com ideologia claras e definidas, atuação forte e com alta responsabilidade e representatividade na sociedade. Atualmente, esse...
	A grande maioria dos países adotam o sistema presidencialismo ou monarquia parlamentar. No entanto, destaca-se as monarquias islâmicas absolutas e teocráticas presentes em vários países.
	CAPITULO 4
	PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO
	CAPITULO 5
	PRESIDENCIALISMO SOBERANO
	5.1. Caracterização do Sistema do Presidencialismo Soberano
	5.2 Mudanças necessárias para implantar o presidencialismo soberano.
	5.2.1 Redução do mandato de Senador da Republica
	5.2.2 Sistema de Votação
	5.2.3 Preenchimento de cadeiras legislativas
	5.3 Eleição no presidencialismo soberano
	5.4 Programa mínimo de governo
	5.5 A efetividade das propostas vencedoras
	5.6 Perda de Mandato por via Direta
	5.7 Iniciativa popular
	5.8 Partidos Políticos
	CONCLUSÃO
	BIBLIOGRAFIAurnas, instabilidade 
do governo, etc. Esse modelo foi chamado de governo de coalizão pelo escritor Sergio 
Henrique Abranches. 
Diante ao exposto, no capítulo 5 é apresentada a proposta para resolver as 
distorções institucionais do sistema presidencialista de coalizão e do parlamentarismo. 
Destaca-se no atual modelo, a necessidade do Presidente da República de formar 
uma maioria no Congresso Nacional é uma prioridade absoluta. Assim, o governo 
eleito é obrigado a flexibilizar suas propostas vencedoras na eleição, para compor 
11 
 
 
 
com outros partidos políticos e desatende os seus eleitores. A diferença da 
implementação do governo e a proposta da campanha eleitoral é a primeira 
reclamação da sociedade. Em seguida, o preenchimento dos cargos de primeiro 
escalão é dividido entre os partidos da base do governo. A partilha dos cargos não é 
o problema, afinal quando feito de forma republicana e transparente não há distorção. 
Contudo, as indicações de políticos para cargo de direção, sendo na maioria das 
vezes, o indicado sem o perfil técnico para a pasta, gera desconfiança do eleitor, pior 
ainda, é o resultado dessa indicação: má gestão pela incompetência ou desvio de 
recursos públicos. 
Destarte, a solução para este anacrônico sistema passa necessariamente pelo 
voto popular alinhado com os poderes executivo e legislativo. Assim, a proposta do 
presidencialismo soberano traz a solução para essas questões, ou seja, Presidente 
da República eleito garante o mesmo percentual da sua eleição no parlamento, sendo 
a outra parte preenchida pelos partidos ou coligações perdedoras da eleição para o 
executivo e vão formar a oposição. 
Em arremate, é apresentada uma conclusão sobre a necessidade de mudança 
no sistema de governo vigente, principalmente pelo crescimento da insatisfação da 
grande maioria da sociedade com as atuais gestões públicas, a falta de interesse em 
votar pela crença que nada muda na política, a dificuldade cada vez maior de compor 
proposta para formar a maioria no parlamento, cujo objetivo seria sanar os problemas 
da violência urbana, o desemprego e a falta de recursos financeiros para investimento 
no social. Em contrapartida, o aumento dos gastos do governo é constante. Além do 
mais, falta ainda, acabar com os casos de desvios de finalidades, corrupção sistêmica 
e má gestão nos governos constituídos no modelo presente. É sabido que, a falta de 
enfrentamento destas questões, podem resultar em revoltas populares, basta 
observar, os levantes sociais ocorridos em sistemas de governos que não atenderam 
as necessidades mínimas e básicas do povo. Em virtude do exposto, torna-se 
necessário e urgente avaliar o sistema presidencialista soberano em substituição ao 
atual modelo de presidencialismo puro ou de coalizão. 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 CAPITULO 1 
 
 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE GOVERNO 
 
1.1- Forma de governo na antiguidade - monarquia 
 
Desde as primeiras famílias constituídas até a nação mais desenvolvida, existe 
a necessidade de uma ou grupo de pessoas e através de uma forma ou sistema de 
governo, responsáveis pela tomada das decisões pelo coletivo e com obediência 
absoluta do povo. No primeiro sistema de governo, os costumes, os rituais religiosos 
eram transmitidos pelo pai, oralmente, ao primogênito, esse filho tinha o dever e 
obrigação de continuidade e defesa da família “pater”. 
 
A lei ou os costumes passava oralmente de pai para filho. Ninguém 
sabe ou antes se ignora a data de sua origem, contudo não se dúvida 
de que foram estabelecidos para a eternidade, pelos deuses. 
(FERREIRA FILHO, 2002, p.24) 1. 
 
 
 
Observa-se que a primeira forma de governo foi oriunda do pátrio poder. Nesse 
modelo o poder estava concentrado e exercido pelo chefe da família. Portanto, o poder 
do líder envolvia a vida religiosa e quaisquer outros aspectos dos membros da família. 
O poder ainda, era exercido de forma totalitária, sendo este líder: o juiz, censor de 
costumes e o poder executivo. Desse modo, concluiu-se, que a primeira forma de 
governo foi monarquia no âmbito familiar. A obediência era uma condição de 
sobrevivência na sociedade familiar. Pois, o soberano tinha poder ilimitado, inclusive 
para tirar a vida de uma pessoa do grupo familiar, por essa razão, não existia a mínima 
possibilidade de discussão ou flexibilização do poder “pátrio” familiar. 
 
O homem desde que nasce e durante toda a vida, faz parte simultânea 
ou sucessivamente de diversas instituições ou sociedades, formadas 
por interesses materiais ou espirituais (AZAMBUJA, 2000, p. 1)2. 
 
 
1 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. O processo legislativo. 
2 AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 
13 
 
 
 
Contudo, as necessidades familiares foram aumentando com o tempo e 
ocorreu a união de famílias em torno de interesse comum e social, embora preservado 
ainda, a questão religiosa de culto de forma individual para seus deuses. 
 
O poder de governo, sob o ponto de vista social, político ou jurídico 
precisou sempre de crenças ou doutrinas que justificassem, tanto para 
legitimar o comando quanto para legitimar a obediência (MALUF,2023, 
p.75)3. 
 
Outras uniões ocorreram e formou-se as cidades. Assim, houve também a 
necessidade de defesa de interesses comuns das famílias. Entretanto, as guerras 
constantes entre os povos e o desejo de paz, principalmente para as grandes famílias, 
tribos e depois nas cidades deram início ao sistema de segurança, desempenhado 
por um rei ou imperador sobre todos. Esse grande pacto flexibilizou o poder dos 
senhores das grandes famílias, principalmente para aceitarem um governo central 
responsável pela defesa da região. A necessidade de unir forças para defesa do 
território e das próprias pessoas do grupo familiar formou uma espécie de “estado”. 
 
O estado romano tinha a sua origem, efetivamente, na ampliação da 
família. A família era constituída pelo pater, seus parentes agnados, os 
parentes destes, os escravos (servis) e mais os estranhos que se 
associavam ao grupo (MALUF, 2023, p.117)4. 
 
 
 
Essa comunidade estreitou relacionamentos sociais e a sociedade cresceu, 
objetivada nos aspectos políticos e sociais, de acordo com a opinião de Sahid Maluf. 
 
Apoia-se esta escola nos ensinamentos de Aristóteles: o homem é um 
ser eminentemente político; sua tendência natural é para a vida em 
sociedade, para a realização das superiores formas associativas. No 
espírito associativo da gênese da “polis” (estado da Grécia antiga). A 
família é a célula primária do Estado; a associação da família constitui 
o grupo político menor; a associação destes grupos constitui o grupo 
maior, que é o Estado (MALUF, 2023, p. 93)5. 
 
 
 
Nada obstante, os impérios que se formavam também sofriam com invasões 
de outros povos. Na verdade, não eram estados organizados, pois reuniam povos de 
 
3 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
4 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
5 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
14 
 
 
 
diferentes raças conquistados e escravos (agrupamento humanos heterogêneos). A 
renúncia de direitos iniciais foram aumentando em virtude da necessidade de recolher 
recursos para manter o exército que defendia todas as famílias ou eram subjugados 
por invasões. Em vista disso, ocorria a submissão total ao rei defensor ou a outros 
reis ou imperadores. No final, os imperadores dominavam a população e acumulavam 
as funções militares, judicial, sacerdotal como representante da própria divindade na 
terra, de forma vitalícia e hereditária. 
 
Os povos viviam constantemente em guerra. O imperador que 
triunfasse em maior número de batalhas anexava os territórios 
conquistados e escravizava as populações vencidas, formando um 
grande império com plena hegemonia sobrevastas e determinadas 
regiões (MALUF, 2023, p. 110)6. 
 
 
Contudo, uma pequena luz da democracia existiu nesse período antigo: Estado 
de Israel, que era uma espécie de democracia, pois todos os indivíduos gozavam da 
rede de proteção do rei e da lei. O Estado Grego, embora monárquico, mantinha um 
conselho de anciões para consulta. Na “polis” no Estado Grego teve início o governo 
republicano, com base nas leis e chegou a incluir um Senado em cada cidade, ainda, 
assembleias regionais e assembleia geral dos estados gregos. José Geraldo Brito 
Filomeno descreve esse momento como um avanço nas relações sociais da época. 
 
Ou seja, o fenômeno decisório, de mando e aplicação das normas de 
conduta, era circunscrito nos muros da cidade estado, cada qual com 
suas peculiaridades próprias (FILOMENO, 1997, p.9)7. 
 
 
O primeiro estado romano tinha a forma de governo da monarquia do tipo 
patriarcal e sua sucessão operou da hereditariedade para república. Os poderes foram 
divididos com a realeza que dominavam os cônsules, a aristocracia exercia os 
poderes do senado e a democracia pelo povo nos comícios. A antiguidade se 
estendeu desde o aparecimento da escrita até o século V da Era Cristã e a forma de 
governo foi invariavelmente a monarquia absoluta teocrática. 
 
 
6 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
7 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de teoria geral do estado e ciência. 
15 
 
 
 
O que caracterizava o estado no antigo oriente apesar de uma ou outra 
peculiaridade, foi o caráter sacro e religioso do poder, sendo o 
soberano considerado divino e filho dos deuses (DE CICCO,2022, 
p.188)8. 
 
 
A ditadura existiu nesse período como forma de enfrentar os perigos da cidade, 
principalmente pelas invasões de exércitos inimigos. Assim, os cônsules nomeavam 
um ditador com poderes ilimitados para combater os invasores. Esse sistema tornou-
se uma forma de governo imperial absoluto e acabou com os direitos públicos 
individuais, até mesmo, a liberdade religiosa e se apresentou como forma de governo 
perene para manter a paz. 
 
1.2- Forma de governo no Feudalismo – Monarquia 
 
A desagregação do grande império romano no século V, gerou a divisão das 
terras em feudos entre os chefes guerreiros vitoriosos e o povo conquistado passou a 
trabalhar para o senhor feudal. Ademais, a noção de estado desapareceu com as 
divisões de terras dominadas pelos reis bárbaros. O senhor feudal tinha todos os 
poderes de chefe de estado, pois podia decretar e arrecadar tributos, administrava a 
justiça, expedia regulamentos e promovia a guerra. (MALUF, 2023, p.127)9. 
Portanto, o poder central passa a ser soberano sobre todos os proprietários de 
terras e a produção agrícola tem um papel importante para a subsistência da 
população (vassalos e servos). 
 
O costume do feudo, simbolizava a legislação do governo da época e 
não havia governo forte na idade média capaz de se encarregar de 
tudo (HUBERMAN,2014, p.8)10. 
 
 
 Outrossim, O senhor feudal era autoridade máxima em seu feudo, porém fazia 
a vontade da igreja e dependia do poder soberano central para manter a paz e evitar 
as guerras. Dessa forma, o poder central retira a liberdade do povo e cobrava os 
pagamentos de tributos e medidas necessárias para intimidar os subordinados, 
 
 8 DE CICCO, Claudio; GONZAGA Álvaro de Azevedo. Teoria geral do estado e ciência política. 
 9 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
10 HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 
16 
 
 
 
consolidando assim, o sistema ou a forma de governo da monarquia absoluta, 
teocrática e com sucessões hereditárias. 
O Estado medieval que emergiu das invasões bárbaras cristalizou-se 
em torno da Igreja romana. Sobrevivei esta à ruina do poder temporal, 
ostentando, vigorosa, a força do seu prestigio, como refúgio para o 
espírito dos homens nos momentos mais graves da história da 
humanidade. (MALUF, 2023, p.129)11. 
 
 
Durante o século XI ao XIII, o feudalismo atingiu seu apogeu, principalmente, 
nas regiões que atualmente corresponde à Alemanha, à França e norte da Itália. A 
marca maior desse período foi a união da Igreja e o Estado. 
 
1.3- Forma de governo na idade moderna – Monarquia 
 
O estado moderno ocorreu em meados do século XV a partir do declínio do 
feudalismo, uma reação ao enfraquecimento do Estado e contra o controle da Igreja 
Romana e, ainda, para evitar a destruição total e pela sobrevivência do povo. Haja 
vista, que houve a necessidade de realização de um grande pacto para a centralização 
do poder na forma monárquica e, assim, trazer o fim das guerras constante e paz para 
a região. 
A monarquia absoluta predominou até o século XVIII, com a participação ou 
interferência direta da igreja. Então, houve a fusão de princípios religiosos e das leis 
impostas pelo governo com poder absoluto e sucessões por laços de sangue, 
principalmente na Espanha, França e Áustria. 
 
Até a revolução americana, no final do século XVIII, poucos foram os 
estados grandes que atravessaram longos períodos de tempo sem 
instituir a monarquia hereditária. Roma, antes da era império, foi uma 
exceção. Com efeito, durante o período da republica romana, conflitos 
internos e as guerras civis tiveram como resultado a transformação da 
república em monarquia (HANS- ADAM, 2015, p. 64)12. 
 
 
 Não obstante, com o crescimento urbano e o fim do isolamento feudal, as 
organizações políticas dos reinos sofrem grandes mudanças por influência do 
comércio praticado pela classe burguesa e ocorreu o enfraquecimento dos senhores 
 
11 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
12 HANS- ADAM, O estado no terceiro milênio. 
17 
 
 
 
feudais. Destarte, os estados nacionais são mais bem definidos em toda Europa: 
Espanha, França, Áustria e nos países mais tradicionais católicos. 
Assim, o poder dos senhores feudais decaiu, diretamente ameaçado 
pela extinção gradual da servidão. O resultado disso foi o 
deslocamento da coerção política, em um sentido ascendente rumo a 
uma cúpula dotada de poder centralizado e militarizado: o estado 
absolutista (SOARES, 2022, p.100)13. 
 
 
É sabido que os eventos decisivos foram concentrados na revolução Francesa 
de 1.789, na revolução industrial nos Estados Unidos e Inglaterra. Ademais, deram 
início a flexibilização do poder monárquico absoluto. A classe burguesa detentora de 
riqueza, adquire força financeira suficiente para assumir o poder político. Por 
conseguinte, as modificações foram introduzidas gerando novos sistemas de governo: 
parlamentarista, presidencialismo ou blendas de ambos ou ainda variações de regime 
autoritários por via civil ou religiosa. Paulo Bonavides faz o seguinte comentário sobre 
a revolução francesa, tratando esse movimento como sendo o principal acontecimento 
para mudança de governo da época. 
 
Esse poder novo, oposto ao poder decadente e absoluto das 
monarquias de direito divino, invoca a razão humana ao mesmo passo 
que substitui Deus pela nação como titular da soberania. Nasce assim, 
a teoria do poder constituinte, legitimando uma nova titularidade do 
poder soberano e conferindo expressão jurídica aos conceitos de 
soberania nacional e soberania popular (BONAVIDES, 2015, p. 143)14. 
 
 
A revolução popular baseou-se nas ideias liberais de John Locke que pregava 
a limitação do poder do rei e pela soberania popular, com isso, ocorreu a limitação do 
poder soberano, ou seja, a divisão do poder central e acabou os abusos. Luiz Alberto 
Rocha apresenta, de forma bem clara e objetiva, as estratégias de conquista de novos 
mercados consumidores e aumento da lucratividade da classe burguesa. Essa força 
financeira levou a divisão do poder do rei e uma configuração global do comércio. 
 
Os projetos ultramarinos de Portugal e Espanha no final doséculo XV, 
a estrutura manufatureira e de comércio de especiarias das cidades do 
norte italiano com a expansão mineral nas américas no século XVI, o 
fortalecimento econômico, político e social da burguesia, na formação 
dos estados nacionais centralizando o poder europeu com a 
 
13 SOARES, Mario Lucio Quintão. Teoria do estado novos paradigmas em face da globalização. 
14 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 
18 
 
 
 
colonização e o surgimento do mercantilismo nos séculos XVII e XVIII 
(ROCHA, 2008, p.81)15. 
 
 
Diante ao exposto, nasce um novo modelo de sociedade, aparece o direito 
individual e a lei torna-se positivada. Ademais, o Estado assegura o cumprimento das 
leis e dos direitos individuais. Assim, estado de direito foi uma reação ao absolutismo 
da monarquia que era caracterizada pela inexistência dos direitos e liberdades 
individuais. 
 
1.4- Forma de governo na idade contemporânea 
 
1.4.1 – Estado Liberal 
 
O estado liberal emergiu na Inglaterra e defendia o conceito natural do humanismo e 
acima de tudo de igualdade política. A ideia liberal divide o poder em três 
fragmentados distintos, assegura os princípios de igualdade política sem distinção de 
classe, raça, sexo ou crença e com igual oportunidade de enriquecimento. 
 
JOHN LOCKE (1632 – 1704) desenvolveu o contratualismo em bases 
liberais, opondo ao absolutismo de Hobbes. Foi Locke o vanguardeiro 
do liberalismo na Inglaterra. Em sua obra Ensaio sobre o governo Civil – 
1960, em que faz a justificação doutrinaria da revolução inglesa de 
1688 (MALUF, 2023, p. 84)16. 
 
 
Ainda, o sistema nasce com liberdade religiosa, independência do Chefe de 
Governo e atribuições ao Chefe de Estado pela regulamentação e exercício das 
relações externas. Além disso, o pensamento de divisão de tarefas do soberano foi 
essencial para a separação de poderes ou funções, também, contribuiu para a 
separação de poderes o crescente pensamento dos direitos individuais, como por 
exemplo: direito à vida, à liberdade, à propriedade adquirida legalmente, os 
julgamentos imparciais e a criação de uma força pública que assegurassem esses 
direitos, inclusive contra a vontade do monarca. 
Porquanto, o monarca ao aceitar esses direitos e regras, houve naturalmente 
limitação e divisão de seus poderes, assim, manteve-se soberano em parte com 
 
15 ROCHA, Luiz Alberto G.S. Estado, democracia e globalização. 
16 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
19 
 
 
 
funções relacionadas ao Chefe de Estado e o parlamento se encarregou de formular 
as leis para garantias mínimas de direitos individuais. 
Haja em vista, que o desenho do sistema parlamentar Inglês foi consolidado no 
século XVIII e serviu de modelo para vários países da Europa, com mudanças 
pontuais com relação a divisão de poderes entre o executivo e legislativo. No entanto, 
foi mantido a principal mudança: as leis somente teriam validade quando aprovada 
pelo parlamento e, por isso, surgiu o equilíbrio dos poderes no já conhecido sistema 
de freios e contrapesos defendido por Montesquieu. 
Carlos Blanco de Morais afirma que a separação Inflexível de poderes proposta 
por Montesquieu nunca teve na pratica uma efetividade absoluta. Na vivência dos 
poderes revela uma interdependência. Essa questão é verificada no interesse coletivo 
para discutir as propostas, melhorar a economia e acabar com a situação de pobreza. 
Por outro lado, essa interdependência traz, infelizmente a prioridade do interesse de 
grupos políticos em detrimento do interesse social (MORAIS, 2008, p.39-40)17. 
 
 1.4.2- Decadência do Liberalismo 
 
O fracasso do modelo liberal ocorreu com o advento da revolução industrial que 
mudou todo o cenário social e político. A crítica foi muito contundente em razão de 
haver operário de fábrica, obrigado a aceitar um salário miserável e uma carga de 
trabalho insuportável. Diante dessa situação, a solução desse desequilíbrio entre as 
classes sociais da época, veio com o parlamentarismo, socialismo, fascismo e o 
comunismo. 
Por este motivo, no mundo atual é possível verificar sistemas, formas e regimes 
de governos mistos ou com variações importantes de um país para outro. O sistema 
parlamentarista é comum em vinte e oito países, sendo o monarca constituído por 
hereditariedade ou um presidente eleito pelo voto popular que exerce a função de 
Chefe de Estado por um período. No sistema presidencialista é marcante a clara 
divisão entre o poder executivo e o legislativo e predomina em cinquenta e quatro 
países. Ambos os poderes são constituídos pelo voto popular. O sistema 
semipresidencialista é formado por uma blenda dos sistemas parlamentar e 
 
17 MORAIS, Carlos Blanco de Curso de direito constitucional – tomo I: A lei e os atos normativos no 
ordenamento jurídico português. 
20 
 
 
 
presidencialista. A divisão de funções do poder executivo sofre variações de um país 
para outro de acordo com a vontade dos cidadãos. 
Na esteira da queda do liberalismo ocorreu o sistema totalitário. O Estado 
exerce o poder absoluto sobre o povo na vida civil e privada. Destaca-se nesse 
sistema, a monarquia absoluta oriunda de sucessões hereditárias ou por via religiosa. 
Ainda, existem variações desse sistema dependendo do grau e forma de sucessões 
nos poderes executivo e legislativo. Inclui nesse modelo, o comunismo que possui 
como regra uma ideologia social, geralmente as sucessões ocorrem por votação 
indireta e o controle político está concentrado em um único partido político. 
Destaca-se ainda, o surgimento dos sistemas autoritários das ditaduras diretas 
ou indiretas. Observa-se que todos os poderes concentram nas mãos de um Chefe 
do Governo, oriundo do meio civil ou militar, ambos os chefes tem apoio incondicional 
das forças armadas do país. 
 
1.4.3- Estado Social 
 
Com a queda do liberalismo nasce várias vertentes de poder e, nesse cenário, 
destaca-se o socialismo em suas várias modalidades: fascismo, nazismo e estado 
social democrático. Tanto que, na segunda metade do século XIX as várias correntes 
socialistas se firmam no poder. 
A primeira guerra mundial trouxe espaço para os movimentos sociais, em 
virtude da concentração dos poderes militares nas mãos de pequenos grupos e 
ocorreu uma violenta transformação da ordem constituída. A revolução Russa atacou 
e acabou com a sociedade burguesa, aboliu a propriedade privada, ocorreu a 
nacionalização das fontes de produção e a instauração da ditadura do proletariado. 
 
1.4.4- Estado Comunista 
 
O regime comunista teve continuidade após as guerras, enquanto outros 
regimes como por exemplo o fascismo e nazismo desapareceram. No comunismo 
inverte-se a ordem do poder e a soberania popular passa a centralizar o poder 
absoluto, por grupo de pessoas, que tem tanto os poderes executivo como o 
legislativo. Dessa forma, o controle do poder central passa para um partido político. 
21 
 
 
 
Assim, o conselho de operário assume o poder executivo ou outros grupos políticos, 
conforme modelo construído em cada país. Consoante, Hans- Adam o comunismo 
não resolveu e não trouxe solução as demandas de classe. 
 
A tentativa do comunismo de retornar ao modelo de distribuição igual 
e compartilhada da propriedade que era utilizada pelos caçadores 
coletores redundou em uma catástrofe econômica e política. O 
indivíduo já não tinha motivação para produzir novas riquezas a cada 
ano (HANS-ADAM, 2015, p. 124)18. 
 
 
 Nesse sistema de poder há controle absoluto da forma de sucessões, através 
de partido político único, que representa a vontade popular. Aliás, forma-se assim, a 
ditadura classista e hereditária ou eleição de membro do partido único ou grupo militar. 
Enfim, a concentração do poder total está nas mãos do chefesupremo e há restrições 
às liberdades e censura. 
 
1.4.5- Estado democrático 
 
Nas antigas civilizações, nos estados grego e romano ocorreram as primeiras 
manifestações de democracia. Assim, houve uma manifestação popular para defesa 
dos seus próprios interesses. A democracia tem como sustentação principal a 
igualdade entre as pessoas e o direito de decidir seu destino, através de uma maioria 
consolidada. Ademais, a igualdade jurídica é base indispensável para construir uma 
sociedade justa, sem discriminação de raça, cor de pele, religião, ideologia, posição 
social e outros preconceitos que afetam a dignidade da pessoa humana. Outrossim, 
a igualdade do sufrágio que reafirma o valor unitário do voto de cada cidadão, do 
acesso à cultura, do padrão mínimo de sustentação da vida e liberdade de expressão. 
Além do mais, o regime democrático é uma oposição clara à forma autoritária 
da escolha do chefe do poder executivo e dos membros do poder legislativo. Na 
democracia o poder é do povo, que exerce esses poderes através de eleições diretas 
ou indiretas e os eleitos representam o povo nos poderes executivo e legislativo. Jose 
Afonso Silva define a democracia representativa contemporânea da seguinte forma: 
 
 
18 HANS-ADAM, O estado no terceiro milênio. 
22 
 
 
 
A democracia representativa pressupõe um conjunto de instituição que 
disciplinam a participação popular no processo político que vem formar 
os direitos políticos que qualificam a cidadania, tais como as eleições, 
o sistema eleitoral, os partidos políticos, etc. (SILVA, 2005, p.138)19. 
 
 
Na república o chefe de governo e os parlamentares exercem os poderes 
durante o mandato. Bem como, as eleições são periódicas e os candidatos são eleitos, 
conforme determina a constituição e através de partidos políticos. Entretanto, a 
representatividade em todos os sistemas de governo é diversificada e, portanto, 
ocorre muita dificuldade para a implementação de medida de interesse popular, em 
virtude da imprescindível negociação para formar maioria para a governabilidade. 
Diante ao exposto, os especialistas em política estão debruçados nos estudos, 
com objetivo de encontrar uma solução para eliminar o fisiologismo da política, razão 
pela qual, este trabalho traz uma proposta do sistema do presidencialista soberano, 
ou seja, para devolver o poder soberano ao povo, no exercício do voto e no decorrer 
do mandato dos representantes, segundo descrito no capítulo 5. 
 
 
 CAPITULO 2 
 
A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PARLAMENTAR 
 
Grande parte dos escritores e especialistas em sistema de governo são 
unânimes em afirmarem que o início do parlamentarismo ocorreu na Inglaterra, 
oriundo das ideias do escritor John Lock. É sabido também, que ocorreu algumas 
adaptações do modelo de Montesquieu. No entanto, o principal fato dessa mudança, 
foi o enfraquecimento dos poderes dos senhores feudais, com surgimento do 
comercio, conforme esclarece Jose Geraldo Brito Filomeno. 
 
Compreende-se desde logo que a Inglaterra da época, fracionada em 
feudos dominados pelos Barões e outros nobres, tinha nesses a 
verdadeira fonte do poder, já que grande parte dos recursos de armas 
e homens era por eles fornecida à coroa, sobretudo na guarda do 
 
19 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 
23 
 
 
 
território, constantemente ameaçada pelos povos do continente, e a 
guerra santa das cruzadas (FILOMENO,1997, p. 178)20. 
 
 No século XVIII consolidou-se o sistema parlamentarista na Inglaterra com a 
separação do poder do Monarca. Esse sistema foi espalhado para outros países da 
Europa, guardadas algumas mudanças na divisão do poder monárquico em cada país 
e nas sucessões, sendo por eleição ou por hereditariedade. 
Destarte, a divisão do poder monárquico em chefe de estado e chefe de 
governo trouxe equilíbrio ao modelo de governo constituído na Inglaterra. Além do 
mais, o princípio da responsabilidade política, aliado ao compromisso dos 
parlamentares com um projeto de governo, foi a principal sustentação desse sistema. 
Ainda, as sucessões ocorreram por eleições diretas para os parlamentares e por 
hereditariedade para o Monarca. Por fim, a maioria dos parlamentares eleitos tinham 
a responsabilidade de indicar ou eleger o Primeiro Ministro, responsável pela 
condução da política do governo. 
Por outro caminho, surgiu também nos Estados Unidos da América um sistema 
com divisão de poderes diretamente pela constituição e adotou como chefe de 
governo uma pessoa denominada de Presidente da República e com um legislativo 
bicameral. 
Destaca-se nesse momento da história, que em ambos os novos sistemas de 
governo, o executivo depende de aprovação de leis pelo poder legislativo. No entanto, 
o sistema de governo parlamentarista adotou uma solução rápida e eficaz para acabar 
com as crises governamentais. Não obstante, as crises são comuns em todos os 
sistemas de governo, pela dependência do poder executivo com relação ao poder 
legislativo, principalmente no tocante à aprovação de leis de interesse do governo e 
necessárias à implementação do projeto político vitorioso nas urnas. 
É sabido ainda, que no sistema parlamentar, a instabilidade dura pouco tempo, 
pois o mecanismo de dissolução do parlamento pode ocorrer quando não há acordo 
para formar a maioria no parlamento. Essa alternativa, chamada de voto de 
desconfiança, gera a substituição imediata do Primeiro Ministro ou a dissolução do 
parlamento e convocação de eleições antecipadas pelo Chefe de Estado ou pelo 
próprio gabinete parlamentar. Aliás, essa prerrogativa do sistema parlamentar é o 
 
20 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de teoria geral do estado e ciência. 
24 
 
 
 
grande diferencial de outros sistemas de governo, principalmente em situação de 
crise. Sahid Maluf concorda que essa agilidade evita maiores tensões políticas e 
atrasos na implementação de projeto político de interesse do povo. 
 
Ao princípio da responsabilidade política do Ministério perante a 
representação nacional corresponde o da faculdade que tem o Chefe 
de Estado para dissolver o Parlamento em consulta a nação (MALUF, 
2023, p. 289)21. 
 
Além de tudo, o sistema parlamentar pode sofrer variações quanto às funções 
e responsabilidades do Chefe de Governo, pois o Poder Executivo que exerce a 
função de governar o país, geralmente é denominado de Primeiro Ministro e o Chefe 
de Estado representa o país, podendo ser eleito ou assume o cargo por 
hereditariedade, assim complementa Sahid Maluf. 
 
A responsabilidade política do Ministério é promovida através das 
interpelações, votos de censura e moções de confiança ou 
desconfiança. Os trâmites desses processos são variáveis em cada 
país e decorrem dos preceitos constitucionais (MALUF, 2023, p.287)22 
 
 
A execução do programa de governo fica a cargo do Primeiro Ministro e, 
também do parlamento que forma maioria em torno das propostas. Portanto, a 
governabilidade está garantida e assegurada a implementação das propostas de 
acordo com a maioria do parlamento. Todavia, uma análise mais criteriosa revela que 
os poderes executivo e legislativo formam um só poder, tendo em vista que ambos os 
poderes são constituídos por parlamentares. Segundo Karoline Mattos Roeder: 
“No sistema parlamentarista o executivo está subordinado ao legislativo” (ROEDER, 
2020, p. 109)23. 
Em vista disso, é consenso no meio político, que a grande vantagem do sistema 
parlamentar é a estabilidade do governo, uma vez conduzido conforme acordado com 
a maioria dos parlamentares, não existe interrupção prejudicial ao andamento normal 
de implementação do projeto de governo. Ainda, outra vantagem é a substituição doPrimeiro Ministro por outra maioria parlamentar, que ocorre praticamente de imediato, 
mediante o voto de desconfiança dessa nova maioria parlamentar. 
 
21 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
22 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
23 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
25 
 
 
 
Haja vista, o povo elege o parlamento pelo voto direto e esse parlamento eleito, 
escolhe o Primeiro Ministro e o gabinete ministerial é formado com os membros do 
próprio parlamento. Essas escolhas constituem uma vantagem adicional, pois todos 
ficam comprometidos com o projeto de governo estabelecido. 
Por derradeiro, a possibilidade de dissolver o parlamento em situação de 
impasse político e convocação de eleições antecipadas é uma forma de 
conscientização do povo e a intenção de manter o atual pensamento e projeto político 
ou mudar por outro de maior interesse da sociedade. 
Por outro lado, as desvantagens mais claras ocorrem quando o povo elege 
várias correntes políticas com ideologias diferentes. Diante dessa situação, onde 
nenhuma corrente possui a maioria absoluta, tornam-se necessárias as negociações 
para chegar a um acordo em torno de propostas comuns para implementações pelo 
Primeiro Ministro. 
Nesse contexto, as negociações são conduzidas levando em consideração os 
interesses partidários e de poder de grupos políticos. As propostas que reúnem a 
maioria dos parlamentares, as vezes são bem diferentes das propostas dos 
candidatos durante o período eleitoral. 
Além disso, essa necessidade de flexibilizar as propostas para formar a 
maioria, pode ocorrer até por meios não republicanos ou por interesse de grupos 
políticos que podem ser bem diferentes da vontade popular. Aliás, com uma maioria 
formada no parlamento, não existe nenhum mecanismo popular para afastar o 
governo, mesmo na condição de políticas não desejadas pela maioria dos eleitores, 
e, ainda, pode ocorrer acomodações por troca de favores, até casos de corrupção ou 
má gestão. Por conseguinte, a vontade popular nem sempre é respeitada, diante da 
necessidade de abrir mão de propostas vencedoras nas urnas, para ocorrer o acordo 
de governabilidade. 
Embora, o parlamentarismo se adapta com às duas principais formas de 
governo mais implementadas no mundo: monarquia e república. Assim, fica evidente 
sua fragilidade, ou seja, quando o partido fica fiel à proposta da campanha eleitoral 
não consegue a maioria absoluta no parlamento e quando negocia é obrigado a 
abandonar algumas propostas prometidas antes da eleição. 
É sabido, no entanto, que no sistema parlamentar não existe a forma de freios 
e contrapesos presente no presidencialismo e o governo segue sempre pela maioria 
26 
 
 
 
no parlamento ou é substituído ou convoca-se eleições antecipadas. Em vista disso, 
o Chefe de Estado é uma figura simbólica, seja como presidente eleito ou por um 
monarca hereditário, representa o país e, em alguns casos, tem o poder para dissolver 
o parlamento, quando gera a impossibilidade de constituir uma maioria parlamentar. 
Contudo, as negociações envolvendo parlamentares e o executivo, mesmo no 
sistema parlamentarista é uma fonte constante de troca de favores e em alguns casos 
desvios de finalidade ou fonte de corrupção. Ressalta-se, portanto, que a garantia de 
negociações republicanas depende de partidos fortes, com representação expressiva 
e legitimada pela sociedade, ideologia clara, programa de governo bem definido e 
vigilância constante da sociedade. 
 
Onde começa o abuso termina o assentimento dos representados, 
porque não é normal supor-se que estes concordem com procedimento 
discricionários e abusivos (MALUF, 2023, p. 280)24. 
 
 
Portanto, o sucesso do sistema parlamentar depende do grau de envolvimento 
do eleitorado, do entendimento das várias correntes políticas, dos compromissos 
partidários com a população e da vigilância do eleitor. No entanto, definida a maioria 
no parlamento, o povo não tem nenhum mecanismo de interromper o governo, mesmo 
com desvio das propostas oriundas da vontade popular. 
 
Paulo Bonavides na qualidade de estudioso do sistema de governo tem uma 
posição favorável ao parlamentarismo. 
 
A outorga da confiança política da nação mantém os governos no 
poder por via do instituto da responsabilidade ministerial. A moção de 
confiança pode em todas as ocasiões de crise renovar ou recursar o 
apoio parlamentar de que depende a conservação dos gabinetes. 
(BONAVIDES, 2015, p. 217)25. 
 
 
A moção de censura deve ser objetiva e estabelecer os pontos para correção 
e divergência e, assim, reconstruir uma nova maioria em negociações partidárias 
difíceis, cujo objetivo é ajustar uma outra proposta de governo. Esses acordos são 
 
24 MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 
25 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 
 
27 
 
 
 
realizados dentro dos gabinetes e longe do olhar do eleitor. Logo, falta a participação 
da sociedade e, isso, causam surpresas, pois no momento de crise a decisão deveria 
ser totalmente do povo e não de grupos políticos, que nem sempre refletem o interesse 
coletivo e os anseios da sociedade. Segundo Miguel Reali Junior o parlamentarismo 
passa também por dificuldade políticas, no entanto, a grande diferença é a forma de 
solucionar a crise, ou seja, por negociações entre os parlamentares. 
 
O parlamentarismo tem várias virtudes, destacando-se, dentre elas, a 
de instaurar um processo de ação política negociada, em torno de um 
programa de governo discutido. (JUNIOR, 1993, p. 10)26. 
 
 
Por fim, todo governo precisa da estabilidade e legitimidade para implementar 
sua política de governo para atender o interesse da sociedade. Aliás, a estabilidade é 
a paz necessária para discussão e aprovação de leis, projetos já acordados na 
formação da maioria e indicação do representante desses para Primeiro Ministro. 
Acrescenta-se ainda, a legitimidade está relacionada com o voto soberano popular 
para governar, conforme expressa a opinião da maioria nas urnas. No entanto, essa 
legitimidade está associada ao programa de governo proposto durante as eleições. 
Entretanto, quando ocorre a negociação partidária para formar a maioria, ocorre 
também,a mudança de pontos do programa de governo, acarretando a desfiguração, 
as vezes por completo do programa vitorioso nas urnas. Diante dessa situação, a 
legitimidade das urnas fica totalmente desfeita e o povo não tem como reagir diante 
desse acontecimento. Portanto, no parlamentarismo a ideia principal reside na 
responsabilidade da maioria dos parlamentares e não na vontade da maioria da 
sociedade. Miguel Reali Junior acrescenta um ponto de vista importante para 
validação do parlamentarismo. 
 
Aqueles que governam, o primeiro ministro e o conselho de ministros, 
podem ser responsabilizados e sancionados com sua destituição por 
via de moção de censura, pela má condução do programa de governo 
ou derrotada sua proposta pelo parlamento. (JUNIOR, 1993, p.31)27. 
 
 
 
26 JUNIOR, Miguel Reale. Brasil/93, a hora do parlamentarismo. 
27 JUNIOR, Miguel Reale. Brasil/93, a hora do parlamentarismo. 
28 
 
 
 
Nota-se que a responsabilidade do Primeiro Ministro está diretamente ligada a 
condução do governo, conforme definido pela maioria dos parlamentares e não tem 
nenhuma correlação direta com a vontade da sociedade. Para Manuel Gonçalves 
Ferreira Filho o parlamentarismo tem apenas o mérito de flexibilizar a 
responsabilidade do governo para atender a maioria parlamentar. 
 
Igualmente, como os partidos devem exprimir programas de governo, 
entre os quais o povo escolhe, o parlamento serviria para realização do 
programa adotado pela maioria popular, mais que qualquer governo 
confiado a personalidade com mandato deprazo certo (FERREIRA 
FILHO, 1993, p.15)28. 
 
 
Assim, a questão em debate é a mesma do sistema presidencialista. O poder 
Executivo precisa formar maioria no parlamento para implementar o programa de 
governo vitorioso nas urnas. No entanto, inevitavelmente o programa de governo no 
final das negociações é diferente da vontade popular. O escritor Manoel Gonçalves 
Ferreira Filho acrescenta uma ponderação: 
 
Não é difícil mostrar que suas virtudes nem sempre se concretizam nos 
regimes parlamentaristas (FERREIRA FILHO, 1993, p.15)29. 
 
 
Alguns países adotam o sistema de governo parlamentarista, com algumas 
variações na composição e divisão do poder do monarca e a forma de eleição. 
Atualmente, é possível identificar o sistema parlamentarista em pelo menos vinte e 
oito países e outros com variações deste modelo, sendo a forma predominante de 
monarquia parlamentar, em destaque: Inglaterra, Japão, Portugal, Espanha, 
Alemanha e Austrália. 
Para dar fim as negociações imprescindíveis no parlamentarismo, será 
necessário avaliar e implantar o sistema do presidencialismo soberano, proposta 
apresentada no capitulo 5. 
 
 
 
 
28 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. O parlamentarismo. 
29 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. O parlamentarismo. 
29 
 
 
 
 CAPITULO 3 
 
A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA PRESIDENCIALISMO 
 
 O sistema presidencialista nasceu nos Estados Unidos da América, através da 
formalização da constituição de 1787 na convenção da Filadélfia. Nesse sistema é 
marcante e obrigatório a divisão do poder central em três poderes: Poder Executivo, 
Legislativo e Judiciário. Portanto, a separação de poderes normalmente está bem 
definida na própria constituição do país, atualmente existe esse sistema claramente 
definido em cinquenta e quatro países e outros com algumas mudanças decorrentes 
desse sistema puro. 
 
O regime presidencialismo norte americano é o que nos serviu de base 
para a instituição da Presidência da República, o qual, a seu turno, 
baseou-se na teoria de Montesquieu quanto a separação estrita das 
funções governamentais (FILOMENO, 1977, p.172)30. 
 
 
 Logo, a eleição do Presidente da República pode ocorrer de forma direta ou 
indireta, por meio de colégio eleitoral e os parlamentares são eleitos de forma direta 
em lista aberta ou fechada. Notadamente, observa-se que o Presidente da República 
escolhe livremente os Ministros de Estado, não existe a obrigação em escolher esses 
auxiliares dentre os membros do parlamento, como ocorre no parlamentarismo. 
 Acrescenta-se ainda, que Presidente da República deve ser um líder nacional, 
dado que sua eleição ocorre no âmbito nacional e os parlamentares no ambiente 
regional. O sistema presidencialista do Estados Unidos tem particularidade própria, 
pois é vedado a indicação para Ministro de Estado ou qualquer outro cargo na 
administração pública de membro do parlamento. Haja vista, que o objetivo é a 
separação total entre os poderes executivo e legislativo e a eleição para Presidente 
da República é pelo colegiado, conforme votação em cada Estado. 
 
Sistema de governo e os tipos de exercícios das funções do poder 
político é de acordo com o relacionamento que mantenham entre si, os 
órgãos das funções legislativas, de um lado e executivo de outro 
(FILOMENO, 1977, p.171)31. 
 
30 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de teoria geral do estado e ciência. 
31 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de teoria geral do estado e ciência. 
30 
 
 
 
 
 
Destaca-se um sucesso impar do sistema Presidencialismo Americano por 
vários motivos: em primeiro lugar observa-se que a administração do executivo é 
totalmente separada do legislativo; não tem indicação política de membros do 
legislativo para ocupar cargo no executivo; a existência de dois partidos fortes com 
programas de governos bem definidos; uma vigilância constante dos eleitores e uma 
atuação do Judiciário implacável, que impede ou coíbe a troca de favores ou outras 
formas não republicana entre os Poderes Executivo e Legislativo. Ademais, aliado a 
intolerância dos eleitores e do Judiciário com punição exemplar dos pequenos 
desvios, tornam-se uma sustentação inquestionável do êxito do modelo do 
Presidencialismo Americano. 
 
Os pais fundadores dos EUA encontraram uma solução que era ao 
mesmo tempo simples e genial. Tomaram como base para sua 
Constituição o sistema político inglês, com algumas melhorias e 
substituíram a legitimação religiosa do rei pela legitimação democrática 
do presidente. A câmara dos lordes e a câmara dos comuns foram 
substituídas pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, ambos eleitos 
pelo povo (HANS- ADAM, 2015, p. 72)32. 
 
 
O sistema presidencialista no Brasil não tem a mesma vigilância dos eleitos, o 
Presidente da República pode indicar membros do parlamento para qualquer cargo 
na administração pública direta e indireta, até mesmo aceita indicação de partidos 
políticos de pessoas com qualificações insuficientes para os cargos técnicos ou de 
direção. Por conseguinte, o resultado do sistema presidencialista nos Estados Unidos 
são bem melhores em comparação ao presidencialismo brasileiro, principalmente no 
atendimento aos anseios da sociedade, desvios de finalidade e gestão dos recursos 
públicos. Cabe salientar ainda, que existem grandes diferenças das necessidades 
sociais básicas dos Estados Americanos em relação aos Estados ou regiões do Brasil. 
Além do mais, a diversidade também ocorre no entendimento ou 
esclarecimento quanto às propostas dos candidatos. O debate de propostas no 
sistema brasileiro traz poucas diferenças ideológicas e a discussão torna-se quase 
pessoal entre os candidatos. 
 
32 HANS- ADAM, O estado no terceiro milênio. 
31 
 
 
 
Acrescenta-se ainda, que o eleitor brasileiro não tem habito de acompanhar a 
atuação do seu candidato eleito e, por esse motivo, o empossado tem plena liberdade 
de atuação no Congresso Nacional. Esse modelo, enseja o resultado da política no 
Brasil: o político eleito ignora as necessidades básicas do povo, mesmo sendo eleito 
em uma região de pessoas carentes. Por outro lado, faz acordos políticos no 
Congresso Nacional para formar maioria de apoio ao Executivo, mesmo endossando 
propostas opostas às formuladas para ser eleito. 
Por essas razões, o resultado do presidencialismo brasileiro é bem diferente 
dos Estados Unidos. No Brasil há uma facilitação dos desvios de recursos ou ocorre 
uma má gestão ou até mesmo corrupção nos Poderes Executivo e Legislativo. 
Haja vista, a ideia de separação total dos poderes foi pensada para ocorrer um 
relacionamento republicano e ambos os poderes voltados para atenderem as 
necessidades sociais do povo. Outrossim, os poderes deveriam sempre buscar a 
melhoria para o povo, reconhecimento dos direitos individuais ao mínimo necessário 
para uma vida digna. Corrobora com essa visão de governo, a corrente de 
pensamento liderado por Jonh Lock, ou seja, em concordância dos direitos naturais 
mínimos necessários, manutenção da propriedade privada, julgamentos imparciais 
pelo Judiciário e uma força pública do Estado capaz de garantir ou restabelece-los na 
ocorrência de violação. 
 Dessa forma, esse sistema está desenhado para o povo escolher seu 
representante compromissado com tais direitos mínimos. Caso contrário, o 
representante perderia o mandato. A consolidação desse sistema com limitação ou 
compromisso com os direitos mínimos foi idealizado por Montesquieu (1689 – 1755) 
em adaptação ao pensamento de Jonh Lock e, em oposição ao poder total e absoluto, 
centralizado nas mãos de uma só pessoa ou um grupo político. 
 Assim, o poder legislativo tornou-se o único poder capaz de aprovar leis para 
mudara situação da sociedade, no sentido de atender cada vez mais as necessidades 
crescentes da população. 
 Ademais, na teoria a separação de poderes o fundamento para obter êxito nas 
políticas públicas, em atendimento a vontade popular é uma prioridade. Assim, existe 
a necessidade da ideia de equilibro entre os poderes, o sistema de freios e 
contrapesos, bastando, portanto, colocar em prática o modelo e adotar um 
relacionamento republicano entre os poderes públicos. 
32 
 
 
 
 Ainda pior, a realidade nos últimos anos, as prioridades e interesses de grupos 
políticos mudaram o sistema idealizado por Montesquieu, criado para melhorar as 
condições das sociedades subordinadas. Assim, as negociações parlamentares 
necessárias para compor maioria no parlamento, passaram a beneficiar pequenos 
grupos de pessoas privilegiadas. 
 Todavia, no sistema presidencialista os interesses coletivos são prioridades 
absolutas e devem ser respeitadas pelos poderes executivo e legislativo. No entanto, 
a realidade fática revela uma situação adversa e até inversão de valores ocorrem, tudo 
isso, em nome dos acordos do executivo e legislativo para a governabilidade. Diante 
desse contexto real, as negociações envolvem troca de favores espúrios, privilégios 
da classe política e perpetuação no poder. 
 Diante do exposto, fica evidenciado o interesse dos políticos em detrimento da 
vontade popular, consolidando, portanto, a prioridade do sistema do governo em 
atender em primeiro lugar os grupos políticos com distribuição de cargos públicos ou 
troca de favores, barganhas diversas de forma velada e não republicanas. 
 Carlos Blanco de Morais afirma que a separação rígida dos poderes propostas 
por Montesquieu nunca teve efetiva aplicação. Na verdade, da vivência no poder 
concluiu o professor português: ocorre uma interdependência entre os poderes. No 
entanto, a interdependência para avaliar e discutir propostas para melhorar a 
economia, a situação de pobreza e o atendimento das crescentes necessidades 
sociais é positiva e deve ocorrer no meio político (MORAIS, 2008, p. 39-40)33. 
 Porém, a reclamação da sociedade é porque a interdependência gera 
privilégios para estabilidade e permanência no poder de um grupo político de forma 
continuada e o povo passa necessidade do mínimo para viver com dignidade humana.
 No presidencialismo, o Presidente da República não tem poder para dissolver 
o parlamento e convocar eleições antecipadas. Por essa razão, é obrigado a negociar 
com o parlamento. Por outro lado, o parlamento tem poder para cassar o mandato do 
Presidente da República, através do processo de “Impeachment”. 
 Assim, a maior vantagem do sistema presidencialista é a eleição de um 
candidato à Presidência da República com liderança nacional, que concede 
legitimidade para o executivo implementar sua política de governo vitoriosa nas urnas. 
 
33 MORAIS, Carlos Blanco de. Curso de direito constitucional – tomo I: A lei e os atos normativos no 
ordenamento jurídico português. 
33 
 
 
 
No entanto, em eleições acirradas e polarizadas com votações apertadas e pequena 
vantagem para o vencedor, a liderança nacional não prevalece na maioria das vezes. 
A parte perdedora não aceita às propostas dessa maioria por pouca diferença de 
votos. Corrobora ainda, essa situação, para o questionamento do resultado, quando 
não há contagem pública dos votos ou sistema eletrônico sem impressão do voto, 
porque não confere a transparência necessária para apaziguar o país. (ROEDER, 
2020, p.124)34. 
 Destarte, essa situação dividida, também está presente no parlamentarismo, 
sendo uma oposição forte e impeditiva ao avanço da proposta vencedora nas urnas. 
Diante desse contexto, a única alternativa para o presidente eleito é negociar, ajustar, 
fazer concessões, dividir o governo e prometer liberação de emendas ao parlamento, 
tanto no presidencialismo como no parlamentarismo. 
 É evidente que mesmo com tantos erros e dificuldade de compor com o 
legislativo, ainda a democracia é o melhor caminho para o exercício do poder público. 
O lado oposto já comprovou ineficaz, além das possibilidades de rupturas, ideias 
totalitárias, trazendo regime como fascismo, comunista e nazismo. 
 
No século que decorre da era da restauração à Primeira Guerra 
Mundial, a história da democracia coincide com a afirmação dos 
Estados representativos nos principais países europeus e com o 
desenvolvimento interno de cada um deles, tanto que a complexa 
tipologia das tradicionais formas de governo será pouco a pouco 
reduzida e simplificada na contraposição entre os dois campos opostos 
das democracias e das autocracias (BOBBIO, 2022, p.200)35. 
 
 
 Complementa Norberto Bobbio, que o estado de guerra foi substituído pelo 
estado de paz. 
 
Esse pacto de união, por outro lado, é concebido de modo a 
caracterizar a soberania que dele deriva mediante três atributos 
fundamentais: a irrevogabilidade, o caráter absoluto, a indivisibilidade” 
(BOBBIO, 1991, p.43)36. 
 
 
 
34 ROEDER, Karolina Mattos. Partidos políticos e sistemas partidários. 
35 BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: fragmento de um dicionário político. 
36 BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. 
34 
 
 
 
 As distorções institucionais evolvendo os poderes executivo e legislativo são 
praticamente comuns em sistemas interdependentes. Porque o poder soberano do 
povo é transferido aos poderes executivo e legislativo por um período delimitado e o 
povo fica ausente das discussões de governo durante o mandato. 
 As desvantagens do sistema presidencialista e a crença do povo em eleger um 
salvador da pátria, as vezes esse candidato faz promessas messiânicas e impossíveis 
suas implementações durante o mandato, ainda mais difícil, com um parlamento 
fragmentado de várias correntes políticas. Afirma Miguel Reali Junior sobre a 
realidade do presidencialismo brasileiro: 
 
A aprovação de propostas no congresso será costurada no varejo, a 
cada votação, facilitando-se o dando é que se recebe (JUNIOR, 1993, 
p.13)37. 
 
 Ferreira Filho complementa o pensamento desfavorável ao presidencialismo 
atual. 
O presidencialismo concentra no poder executivo: o poder de 
condução integral do governo, razão de ocorrer abusos e 
suscetibilidade de golpe de estado. Outro mal do presidencialismo 
encontra-se na tentação do abuso da própria natureza humana, que 
acha terreno propício num sistema que atribui tamanho poder a um só 
homem (FERREIRA FILHO, 1993, p.15)38. 
 
 
 Por esse motivo, ocorre um certo desconforto em votar para uma grande parte 
dos eleitores brasileiros. Acrescenta-se ainda, a crença que nenhuma mudança vai 
ocorrer. Diante disso, as abstenções crescem com o tempo à medida que os acordos 
políticos são fechados entre o executivo e legislativo ignorando a vontade popular. 
 É evidente o crescimento das necessidades do povo, para isso, o caminho de 
redução dos gastos públicos é uma forma de sobrar recursos para investimento em 
políticas públicas sociais. No entanto, mesmo prometendo o enxugamento da 
máquina administrativa na campanha eleitoral, quando eleito o político empossado 
abandona essa bandeira para atender interesses partidários de cargos e mais cargos. 
 Outra questão que distancia o eleitor dos empossados, ocorre porque a maioria 
vota no partido e não no candidato pessoalmente. Assim, o chamado voto de legenda 
é um mecanismo de eleição indireta do parlamento, pois muitos candidatos são 
 
37 JUNIOR, Miguel Reale. Brasil/93, a hora do parlamentarismo. 
38 FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves Filho. O parlamentarismo. 
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beneficiados pelo voto na legenda ou dos votos de outros candidatos do mesmo 
partido, pelo uso quociente eleitoral. 
 Diante ao exposto, nessa época contemporânea,

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