Buscar

aula 05 artigo 110 ctn

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sobre o Artigo 110 do CTN 
Segundo Sacha Calmon Navarro Coelho, o artigo veda que o legislador infraconstitucional 
possa alterar conceitos e institutos de direito privado, com o fito de expandir a sua 
competência tributária prevista no Texto Constitucional. O objetivo é preservar a rigidez do 
sistema na repartição das competências tributárias aos entes da federação. 
Segundo Luciano Amaro, é preceito dirigido ao legislador e não ao intérprete jurídico. É 
matéria tipicamente de definição de competência tributária. Explicita que o legislador não 
pode expandir o campo de competência tributária que lhe foi atribuído, mediante o artifício 
de ampliar a definição, o conteúdo ou o alcance de institutos de direito privado. 
Se a Constituição fala de mercadoria ao definir a competência dos Estados para exigir o 
ICMS, o conceito de mercadoria há de ser o existente no Direito Comercial, não podendo o 
legislador modificá-lo, sob a pena de admitir-se a alteração da Constituição via lei ordinária. 
Ricardo Lobo Torres indaga se os conceitos de direito privado mantêm o significado 
originário quando se transformam em conceitos constitucionais (?). Ele mesmo mais 
adiante sustenta que a constitucionalização dos conceitos de Direito Privado dá-lhes 
dimensão pluralista e interdisciplinar e lhes esclarece a compreensão. 
Sobre a interpretação do Artigo 110, vale lembrar no STJ o REsp nº 72.204 (21/10/2004), 
cujo relator foi Ministro João Otávio de Noronha, onde ficara assentado que na venda de 
bens salvados de sinistro pelo segurador, decidindo contrariamente Súmula nº 152/STJ 
(Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS). 
não incide o ICMS. Disse o Ministro, 
"Assim, de início, minha posição era aderir a esse entendimento, adotando os mesmos 
fundamentos que o têm sustentado. Todavia, chegou ao meu entendimento que o 
Supremo Tribunal Federal, em Ações Diretas de Inconstitucionalidade, deferiu liminares 
suspendendo as expressões "e a seguradora" das respectivas leis estaduais que, em 
razão de permissão contida nessa expressão, determinavam a incidência do ICMS sobre a 
venda de bens salvados de sinistros operada pelas seguradoras". 
O ministro João Otávio de Noronha entendeu que, diante do posicionamento do Supremo, 
as seguradoras têm razão, ou seja, não há incidência do ICMS. Veja as palavras dele, 
"Tenho que as seguradoras, ao venderem os salvados, fazem-no com o intuito de se 
ressarcirem das despesas das indenizações que são obrigadas a honrar por força do 
contrato. Elas adquirem os salvados quanto houverem de pagar indenização integral em 
razão da perda de pelo menos 75% do valor segurado". 
Para o relator, a Lei nº 6.404/77 e os Decretos Estaduais nº 1.088/77 e 8.050/85 do Estado 
do Rio de Janeiro, ao determinarem a tributação da venda dos bens sub-rogatórios 
salvados de sinistros pelas seguradoras, ofendem os artigos 3º e 110 do Código Tributário 
Nacional. Esse novo entendimento da Seção pode revogar a Súmula 152. Na ocasião, não 
foi feito porque a revogação só pode ser feita com a maioria absoluta dos integrantes da 
Seção, o que não aconteceu. 
Noutro julgado, de 16/11/1994, apreciando questão tributária envolvendo a COFINS das 
cooperativas e os atos cooperador, o Superior Tribunal de Justiça, dentre outras coisas 
fundamentando-se no art. 110 do CTN, decidiu que o conceito de faturamento é de direito 
privado (ou seja: conjunto de faturas emitidas, a soma dos contratos de venda realizados 
no período) não podendo ser alterado para incluir o ato cooperativo que não se enquadra 
 
neste conceito. Ademais, o cooperativismo, por seus princípios de livre adesão e de 
ausência de lucro, existe para facultar o acesso dos menos favorecidos ao mercado, 
máxime pela não tributação da pessoa jurídica nos atos cooperativos, veja, 
COFINS. Cooperativa. Revogação. LC n. 70/1991. (Informativo STJ nº 226) Como já 
firmado por este Superior Tribunal, para efeito de tributação, há que se distinguir os atos 
cooperativos dos não cooperativos. O art. 79 da Lei n. 5.764/1971 determina que os atos 
cooperativos não implicam operação de mercado ou contrato de compra e venda de 
produto ou mercadoria, assim, a revogação do inciso I do art. 6º da LC n. 70/1991 pelo art. 
23, II, a, da MP n. 1.858/1999 (atual art. 93, II, a, da MP n. 2.158-35/2001) em nada altera 
a não incidência da COFINS nesses atos. Note-se que o parágrafo único do art. 79 da Lei 
n. 5.764/1971 não está revogado frente à ausência de qualquer antinomia legal. A própria 
doutrina é uníssona ao afirmar que, pelas peculiaridades inerentes à cooperativa, 
notadamente ao considerá-la representante dos associados, não devem ser tidos por 
receita os valores que nela ingressam decorrentes da conversão de produto (bens ou 
serviços) do associado em dinheiro ou crédito, nas alienações em comum, ou recurso do 
associado que é convertido em bens ou serviços, nas de consumo ou ainda, neste último 
caso, a reconversão em moeda após o fornecimento feito ao associado. Note-se que o 
conceito de faturamento, de Direito Privado, que determina a incidência da COFINS não 
pode ser alterado (art. 110 do CTN), restando ser definido como o conjunto de faturas 
emitidas, a soma dos contratos de venda realizados no período, operação tal que não 
resulta do ato cooperativo. Note-se ser a questão assemelhada à das sociedades civis 
prestadoras de serviço, em que este Superior Tribunal vem se posicionando no sentido de 
que lei ordinária não poderia revogar determinação de lei complementar, levando à 
conclusão de que a revogação trazida pela Lei n. 9.430/1996 não atingiria a isenção 
conferida pela LC n. 70/1991 àquelas sociedades. Por fim, o cooperativismo, por seus 
princípios de livre adesão e de ausência de lucro, existe para facultar o acesso dos menos 
favorecidos ao mercado, notadamente pela não tributação da pessoa jurídica nos atos 
cooperativos, e, se o Fisco desconsiderar esse aspecto social, não haverá mais razão para 
que se associem, pois prevaleceria apenas a duplicação da carga tributária. Com esse 
entendimento, a Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento ao 
especial. Precedentes citados: REsp 543.828-MG, DJ 25/2/2004; AgRg no REsp 385.416-
MG, DJ 4/11/2002; AgRg no REsp 433.341-MG, DJ 2/12/2002; AgRg no REsp 422.741-
MG, DJ 9/9/2002, e AgRg no REsp 429.610-MG, DJ 29/9/2003. REsp 616.219-MG, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 27/10/2004.

Continue navegando