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Arquitetura Financeira Contemporânea
Apresentação da arquitetura monetária contemporânea e a importância das principais moedas no sistema
monetário internacional.
Prof. Livio Ribeiro
1. Itens iniciais
Propósito
O colapso do sistema de Bretton Woods significou a ascensão de um sistema monetário internacional que
impactou diversos países. Essa nova dinâmica afetou diretamente a Europa, de forma a criar incentivos para
criação de uma moeda única — o Euro.
Esse novo sistema também impactou diretamente o dólar e, principalmente, orenminbi– moeda chinesa cuja
relevância tem aumentado no cenário internacional. Dada a importância do sistema monetário e financeiro
para a economia mundial, compreender essa nova dinâmica é essencial para a análise econômica
contemporânea.
Objetivos
Descrever a transição para um sistema monetário baseado no câmbio flutuante.
Analisar o processo de integração da União Monetária Europeia.
Examinar o processo de ascensão do renminbi no cenário internacional.
Introdução
Com o colapso do sistema de Bretton Woods nos primeiros anos da década de 1970, o sistema monetário
internacional passou por significativas mudanças no seu modo de funcionamento. Após a suspensão da
conversibilidade do dólar em ouro, as moedas passaram a ser emitidas sem qualquer lastro físico. 
A moeda passou a ser fiduciária, ou seja, não tem qualquer valor intrínseco e não é lastreada em qualquer bem
ou ativo de valor. Nesse caso, o valor da moeda decorre apenas da credibilidade na instituição emissora em
garantir a estabilidade do seu poder de compra. 
Após o colapso do sistema de Bretton Woods, e diante de uma crescente dificuldade de impor controles sobre
fluxos de capitais cada vez mais sofisticados, o novo sistema monetário internacional, pós-Bretton Woods,
passou a ser baseado em um regime de câmbio flutuante, com livre fluxo de capital e autonomia da política
monetária. 
Foi essa autonomia que permitiu aos bancos centrais conduzir suas políticas monetárias com o objetivo de
garantir a estabilidade da moeda ao longo do tempo. No módulo 1, veremos a maneira pela qual o mecanismo
de taxas de câmbio flutuantes foi colocado em prática, bem como as vantagens e desvantagens associadas a
ele. 
O impacto de taxas de câmbio flutuantes na economia de cada país não foi homogêneo. Países cujas
transações comerciais internacionais representavam uma parcela menor do Produto Interno Bruto não sentiam
tanto os efeitos negativos desse tipo de regime. 
Por outro lado, países com economias mais abertas, cuja produção era fortemente voltada para as
exportações, ou que eram mais dependentes de importações, foram afetados pela incerteza quanto à
volatilidade cambial. 
Esse era o caso dos países europeus, e um dos motivos pelos quais os países da comunidade europeia
iniciaram um processo de integração monetária em direção à criação de uma moeda única, o Euro. No módulo
2, abordaremos brevemente as principais características de uma união monetária e o processo de integração
dos países europeus. 
A mudança de sistema monetário internacional não diminuiu a relevância do dólar norte-americano no cenário
global, que manteve sua posição de reserva de valor e meio de troca para transações internacionais, mesmo
após o abandono da conversibilidade em ouro. 
De certa forma, a posição hegemônica do dólar foi garantida diante do cenário de evidente supremacia
econômica dos EUA. A ascensão econômica de outros países, no entanto, especialmente da China, é vista por
muitos como uma ameaça à posição do dólar no cenário mundial. O módulo 3 abordará a ascensão do 
renminbi chinês como moeda internacional.
• 
• 
• 
1. Sistema monetário após o colapso de Bretton Woods
Início do câmbio flutuante
O sistema de Bretton Woods, que durou de 1944 até o início da década de 1970, apresentava falhas em seus
mecanismos de ajuste para corrigir desequilíbrios nos balanços de pagamentos.
Os governos temiam que esse tipo de desvalorização provocasse movimentos especulativos que
desestabilizassem o sistema e acabassem por gerar uma perda de credibilidade, uma vez que, após a primeira
desvalorização, não haveria motivos para acreditar que não ocorreriam novas desvalorizações.
Pelo Trilema de Mundell-Fleming, um país não pode alcançar, simultaneamente, o livre fluxo de capital, taxa de
câmbio fixa e a autonomia da política monetária. A solução encontrada para impedir desequilíbrios
descontrolados das contas externas foi impor controles sobre os fluxos de capital, e mecanismos que
criassem desincentivos à sua saída.
Isso permitiu que os países fixassem suas moedas e mantivessem algum grau de autonomia sobre suas
políticas monetárias.
Por um lado 
Os recursos disponíveis para financiamento
de déficits externos não eram suficientes para
permitir um ajuste gradual dos balanços de
pagamentos dos países em dificuldade.
Por outro lado 
O regime de câmbio ajustável, no qual
era possível realizar desvalorizações
cambiais controladas, praticamente não
foi usado pelo sistema de Bretton
Woods.
Robert Mundell.
Marcus Fleming.
A sofisticação e a modernização dos mercados financeiros, no entanto, se apresentavam como crescentes
desafios aos governos. Se tornava cada vez mais difícil impor controles sobre os fluxos internacionais de
capital. 
Mundo financeiro em constante mudança.
Além disso, conforme destacado por Eichengreen (2000),
“os países que impunham controles onerosos corriam o
risco de perder sua participação no mercado mundial de
negócios”. A situação era ainda mais delicada para países
em desenvolvimento: aqueles “que não liberalizassem seus
mercados financeiros corriam o risco de não atrair
investimentos estrangeiros”.
Estava cada vez mais difícil sustentar a configuração do
Trilema que havia sido acordada em Bretton Woods.
Eventualmente, diante de forte pressão sobre o sistema e a
impossibilidade de adotar mecanismos de ajuste que o
reequilibrassem, a conversibilidade do dólar em ouro foi
abandonada unilateralmente pelos EUA, e os demais
governos foram, um a um, deixando suas taxas de câmbio flutuarem em relação ao dólar.
A transição para um sistema monetário baseado em um regime de câmbio flutuante não era inédita,
mas também não estava pautada em experiências passadas relevantes.
A flutuação cambial vivenciada após a Primeira Guerra Mundial, e novamente após a Grande Depressão, foi
considerada, à época, um vetor de instabilidade e desorganização para o sistema.
Primeira Guerra Mundial.
Grande Depressão.
Por esse motivo, resquícios do sistema de Bretton Woods continuavam presentes. Mesmo após a adesão do
câmbio flexível na maior parte dos países, em 1973, diretores do Fundo Monetário Internacional ainda
buscavam uma forma de retorno ao regime de câmbio ajustável e uma reforma adequada das paridades
cambiais que permitisse maior equilíbrio externo.
Houve, ainda, uma série de tratativas diplomáticas para tentar restaurar o sistema de Bretton Woods, com
câmbio fixo, mas sem sucesso. Os EUA eram a favor do favor do regime de câmbio flexível, ao contrário dos
países europeus e do Japão.
No final da década de 1960, eram os EUA que estavam sendo prejudicados pela rigidez dos acordos de
Bretton Woods, apresentando elevados déficits no balanço de pagamentos e uma trajetória insustentável das
contas externas. Os países europeus, por sua vez, apresentavam superávits e acúmulo de reservas
internacionais em dólar, o que ameaçava as reservas de ouro norte-americanas.
Ao abandonar a conversibilidade em ouro e não ter que se preocupar com a flutuação cambial, os EUA
poderiam financiar seus déficits externos por meio da emissão de moeda, o que, na prática, eliminava a
restrição externa norte-americana.
O Tesouro dos EUA se mostrou disposto a aceitar algum grau de estabilização do dólar dentro de uma banda
ampla o suficiente para permitir que a condução da política econômica pudesse ser voltada para outros
aspectos além do câmbio.
Curiosidade
O governo norte-americano propôs ainda mecanismos que obrigariam os países superavitárioso dobro da observada ao final de 2016, e já maior do que a registrada para o dólar australiano ou o franco
suíço. 
Certamente, no entanto, o caminho é longo, sendo necessário evoluir, principalmente, na percepção da moeda
chinesa como reserva de valor. 
Comentário
Permanece distante o momento em que o renminbi virá a rivalizar com o dólar norte-americano como
moeda de referência global e, sem uma indicação clara de que o governo chinês busque uma efetiva
liberalização da conta capital, é contestável se este é, de fato, um objetivo das autoridades chinesas. 
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
O passo a passo da internacionalização do renminbi
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Os novos passos da internacionalização do renminbi
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
O avanço da internacionalização do renminbi está baseado em:
A
Abertura total da conta capital chinesa e conversibilidade da moeda.
B
Promoção de fluxos governamentais de divisas, através de swaps cambiais e empréstimos diretos, sem
participação do setor privado.
C
Promoção de fluxos privados de divisas, com autorização a investimento estrangeiro na China e investimento
chinês no exterior, sem passar por novos arranjos governamentais para os fluxos cambiais.
D
Integração comercial, sem participação de fluxos financeiros.
E
Uma extensa combinação de integração comercial, promoção de fluxos oficiais de divisas e aumento dos
canais bilaterais de investimento privado, ainda que de forma assimétrica e sem chegar à flexibilização total
da conta capital.
A alternativa E está correta.
O processo de internacionalização do renminbi inverteu a lógica tradicional, não tendo como condição
necessária a abertura total da conta capital e a conversibilidade da moeda.
Questão 2
Ainda que registrando grandes avanços nos últimos anos, o processo de internacionalização do renminbi
ainda se aprofunda em diversas frentes, com:
A
Integração comercial pela Iniciativa Cinturão e Rota e conversibilidade total da moeda.
B
Objetivos geopolíticos de promoção de moeda forte, com o renminbi ocupando o lugar do dólar norte-
americano como moeda de reserva global.
C
Aumento das operações comerciais em renminbi, criação de centros internacionais de compensação e
consistente aumento dos fluxos financeiros para o mundo, diretamente associados a investimentos no
exterior, inovações financeiras e empréstimos externos, com evidente relação com a expansão da Iniciativa
Cinturão e Rota.
D
Controle cambial e manutenção da moeda depreciada frente ao dólar norte-americano, aumentando a
competitividade dos produtos chineses no mundo.
E
Estrito controle de capitais, limitando as possibilidades de investimento chinês no exterior e de investimentos
estrangeiro na China continental
A alternativa C está correta.
A internacionalização de uma moeda passa pela ampliação de sua área de circulação. No caso específico
do renminbi, e em paralelo às inúmeras iniciativas de promoção do uso na moeda, pela demanda e pela
oferta, a implementação da Iniciativa Cinturão e Rota parece ser o caminho natural para um maior uso
global da moeda chinesa.
Com o adensamento das operações de comércio, investimento e construção ligados a empresas chinesas,
é esperado que a Iniciativa implique em maior demanda pelo renminbi offshore.
4. Conclusão
Considerações finais
A posição hegemônica do dólar norte-americano no cenário global permanece intacta, com a moeda
mantendo sua posição de meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. 
Em vários aspectos, isso reflete o poderio econômico americano e constitui-se como um privilégio adicional
dos EUA – com total independência de sua política econômica, custos de transação reduzidos e possibilidade
de auferir ganhos de senhoriagem. 
Há, no entanto, um longo e consolidado processo de criação de outras moedas internacionais, ainda que sem
desafiar a supremacia do dólar norte-americano. Neste capítulo, discutimos a ascensão de duas moedas, o
Euro e o renminbi, cada qual respondendo a questões institucionais específicas e atingindo distintos níveis de
internacionalização e conversibilidade. 
Se por um lado, não desafia o dólar como reserva de valor (é discutível se o Euro não o faz, em algum nível),
constitui-se como unidade de conta e meio de troca nas transações internacionais, ajudando a reduzir os
custos para seus respectivos países emissores e a diversificar o panorama de moedas globalmente
relevantes.
Podcast
Os regimes de câmbio fixo e flutuante apresentam vantagens e desvantagens que são inerentes ao seu
funcionamento. Estes regimes são dois pontos opostos de um espectro e admitem regimes
“intermediários”. Ouça para saber mais.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Leia o livro A globalização do capital, de Barry Eichengreen, para um aprofundamento de 150 anos de história
monetária internacional, bem como de diversos assuntos abordados nesse conteúdo.
Referências
AZIZ, J. Latin America’s role in renminbi internationalization. Inter-American Dialogue, China and Latin America
Economics Brief, 2013.
 
COHEN, J. A. Recent Chinese legislation assisting foreign investors to solve their hard currency problem:
import substitution and other options. Brigham Young University (BYU) Law Review, Vol.3, 1988.
 
EICHENGREEN, B. A globalização do capital. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2000.
 
GÅSEMYR, H. J. China and Multilateral development banks: positions, motivations, ambitions. Norwegian
Institute of International Affairs, Report 8/18, 2018.
 
HISHOW, O. et al. The euro paradox: explaining the resilience of the single currency. Stiftung Wissenschaft und
Politik, German Institute for International and Security Affairs, Working Paper RD EU/Europa, n. 1, 2018.
 
KENEN, P. The optimum currency area: an ecletic view. In MUNDELL, R.; SWOBODA, A. Monetary Problems of
the International Economy, University of Chicago Press, 1969.
 
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional. 10. ed. São Paulo: Pearson Education. 2015.
 
MUNDELL, R. A theory of optimum currency areas. The American Economic Review, American Economic
Association, Vol. 51, nº 4, pp. 657 – 665, 1961.
 
PAULINO, L. A. The internationalization of renminbi and role of Latin America. Macau Journal of Brazilian
Studies, v. 1, p. 17-34, 2018.
 
PEOPLE’S BANK OF CHINA (PBoC). 2020 RMB Internationalization Report, 2020.
	Arquitetura Financeira Contemporânea
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Sistema monetário após o colapso de Bretton Woods
	Início do câmbio flutuante
	Curiosidade
	Resumindo
	Aqueles que defendiam a adoção de um regime de câmbio flutuante.
	Aqueles que eram contra a adoção de um regime de câmbio flutuante.
	Comentário
	Atenção
	Argumento do câmbio flutuante
	Autonomia da política monetária
	Simetria monetária
	Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos
	Taxa de câmbio e equilíbrio externo
	Câmbio flutuante: teoria
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	O início do câmbio flutuante I
	Conteúdo interativo
	O início do câmbio flutuante II
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. União monetária europeia
	Argumento para uma união monetária
	Elevação das taxas de inflação
	Desequilíbrio de balanços contábeis
	Eliminação da volatilidade cambial
	Eliminação de depreciações competitivas
	Redução de custos de transação
	Qual é, então, o melhor regime a ser adotado por um país?
	Exemplo
	Integração comercial
	Integração bancária
	Convergência das taxas de inflação
	Federalismo fiscal
	Flexibilidade de preços e salários
	Mobilidade do fator trabalho
	O argumento da união monetária: resumo
	Conteúdo interativo
	Processo de integração monetária da Zona do Euro
	Curiosidade
	Vem que eu te explico!
	O argumento para uma união monetária
	Conteúdo interativo
	O processode integração monetária da Zona do Euro
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. A ascensão do renminbi
	Passo a passo da internacionalização do renminbi
	Preâmbulo: Internacionalização vs. conversibilidade de uma moeda
	Primeira característica
	Segunda característica
	Terceira característica
	Internacionalização vs. conversibilidade: resumo
	Conteúdo interativo
	Processo de internacionalização do renminbi
	Curiosidade
	AfDB
	ADB
	BID
	Atenção
	Atenção
	Novos passos da internacionalização do renminbi
	Primeiro
	Segundo
	Terceiro
	Atenção
	Comentário
	Vem que eu te explico!
	O passo a passo da internacionalização do renminbi
	Conteúdo interativo
	Os novos passos da internacionalização do renminbi
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referênciasa
valorizar suas moedas e compartilhar o ônus do ajuste com os países deficitários, como era o caso dos
EUA. 
EUA 
Emissores da moeda de reserva
internacional, não sofreriam as possíveis
consequências negativas da adoção do
câmbio flutuante e entendiam essa flutuação
como um problema de outros países.
Países europeus e Japão 
Demonstravam uma preferência pelo
restabelecimento dos valores fixos de
paridade cambial, retornando a um
sistema que se assemelhasse ao que foi
acordado em Bretton Woods.
O Castelo de Rambouillet, onde ocorreram as
negociações.
Eichengreen (2000) destaca que, em 1975, na
Conferência de Rambouillet, diante da posição
hegemônica dos EUA e das dificuldades para
restaurar o sistema de Bretton Woods, os
franceses e as demais potências europeias
concordaram com a implementação de um
“sistema estável” de taxas de câmbio, ao
contrário do que defendiam (um “sistema de
taxas de câmbio estáveis”).
Pelo que foi acordado, as taxas de câmbio não
precisariam ser estáveis, mas o sistema, como
um todo, sim. A estabilidade do sistema se
daria por meio da promoção de condições
econômicas equilibradas e “saudáveis”, que
impediriam movimentos especulativos intensos
e desestabilizadores. Tais condições seriam
constantemente supervisionadas pelo Fundo Monetário Internacional.
Resumindo
Na prática, isso abria o caminho para a flutuação cambial sem que houvesse protestos por parte dos
países que defendiam o retorno a taxas de câmbio fixas. 
Havia bons argumentos econômicos para ambos os sistemas. Esses argumentos, no entanto, estavam
diretamente relacionados ao fato de não existir consenso quanto à trajetória esperada para as taxas de
câmbio. Veja:
Aqueles que defendiam a adoção de um regime de câmbio flutuante.
Acreditavam que a flexibilidade cambial eliminaria os desalinhamentos frequentes da época do
câmbio fixo e promoveriam ajustes mais rápidos em desequilíbrios nas contas externas.
Acreditavam, ainda, que a taxa de câmbio convergiria sempre para o valor que equilibraria o balanço
de pagamentos e, dessa forma, sua volatilidade seria limitada.
Aqueles que eram contra a adoção de um regime de câmbio flutuante.
Acreditavam que a volatilidade cambial provocaria instabilidades tão grandes a ponto de se tornar um
vetor adicional de desequilíbrio, em vez de um mecanismo que facilitasse o retorno ao equilíbrio.
Na prática, o que se viu foi um meio termo entre essas duas posições. Por um lado, as taxas de câmbio
apresentaram bastante volatilidade, especialmente no período inicial, tendo em vista que os desalinhamentos
acumulados durante os anos de câmbio fixo estavam sendo corrigidos. Por outro lado, a volatilidade como
vetor de instabilidade não foi uma regra.
As taxas de câmbio, apesar de flutuantes, eram administradas ativamente pelos governos e bancos centrais.
Os governos intervieram no mercado monetário, muitas vezes ajustando suas políticas monetária e fiscal, de
forma a reduzir a volatilidade do mercado de câmbio.
Na maioria das vezes, as intervenções tinham o objetivo de limitar movimentos exagerados nas
taxas de câmbio, sem alterar sua tendência.
Por vezes, algum grau de coordenação internacional foi necessário, com o objetivo de sustentar moedas que
rapidamente perdiam valor ou impedir a valorização acentuada de outras. Essas intervenções internacionais
conjuntas e coordenadas eram, em geral, feitas por meio de créditos especiais entre bancos centrais e linhas
de swap.
Além disso, a condução da política econômica interna a cada país, fiscal ou monetária, apesar de não ter como
objetivo um determinado nível de câmbio, era utilizada para sustentar o câmbio quando este alcançava níveis
críticos.
Durante a década de 1970, ainda foi possível
impor alguns tipos de controle sobre os fluxos
financeiros, o que permitia “afrouxar”, mesmo
que temporariamente, o Trilema de Mundell-
Fleming. Geralmente, esses controles eram
impostos quando havia conflito entre as
necessidades de condução da política
econômica interna e uma trajetória de câmbio
bem-comportada.
Comentário
A primeira década de implementação do regime de câmbio flutuante teve alguma instabilidade
monetária. No entanto, a disposição dos governos em promover uma flexibilidade cambial administrada
foi suficiente para garantir intervenções ordenadas que permitiram um funcionamento estável do
sistema. 
A década de 1980, por sua vez, se mostrou um período de maior instabilidade monetária e cambial.
Ao final da década de 1970 e início da de 1980, o Federal Reserve, presidido por Paul Volcker, elevou
consideravelmente a taxa de juros, como forma de combater as altas taxas de inflação observadas na
economia norte-americana nesse período.
Essas altas taxas de inflação eram consequência de dois fenômenos:
O governo Reagan promoveu uma reforma tributária que reduziu impostos, mas, ao mesmo tempo, aumentou
significativamente os gastos públicos, especialmente os militares. Isso expandiu o déficit orçamentário e
configurou um componente de elevação dos juros que estava restrito aos EUA.
Com isso, o diferencial de juros entre os EUA e os países europeus e o Japão elevou-se consideravelmente, o
que atraiu para os EUA dólares que estavam no mercado internacional. A redução da oferta de dólares no
mercado internacional valorizou a moeda e, consequentemente, desvalorizou as demais. 
I 
Segunda Crise do Petróleo, em 1979, que
elevou o preço do barril, com impactos sobre
toda a cadeia produtiva global.
II 
O segundo se refere à política fiscal
norte-americana.
Reagan em 1982.
Os países europeus e o Japão eram mais sensíveis em relação à flutuação cambial e demonstravam uma
preferência clara por taxas de câmbio mais estáveis. Esses países, no entanto, se viram dependentes e
diretamente afetados pela condução de políticas econômicas associadas a fatores puramente internos aos
EUA. 
Apesar de ter sido causado por políticas econômicas voltadas ao mercado interno, o dólar valorizado não
favorecia os exportadores norte-americanos. Diante da crescente pressão, o governo Reagan foi obrigado a
ceder e intervir no mercado de câmbio.
Afinal, entre intervir no mercado de câmbio e adotar uma legislação que ia contra sua política de
desregulamentação e liberalização econômica, a primeira opção era vista como melhor.
Atenção
Vale destacar que os demais países cooperaram com esse movimento por conta do temor de perder o
acesso ao mercado norte-americano, caso as medidas protecionistas fossem, de fato, aprovadas. 
Assim, foi feita, de forma ordenada, uma desvalorização do dólar (valorizando as demais moedas). Esses
acordos de realinhamento das moedas, firmados em 1985, ficaram conhecidos como Acordos de Plaza.
Posteriormente, ainda foram executadas novas desvalorizações do dólar, que visavam compensar os anos de
consecutivos déficits externos dos EUA e sustentar a posição dos exportadores norte-americanos no
mercado global (que havia sido perdida na época do câmbio supervalorizado).
Japão 
Utilizou o câmbio desvalorizado como uma
oportunidade para aumentar a
competitividade de suas exportações, o que
foi um vetor para o crescimento econômico
do país.
Países europeus 
Viram nessa dinâmica um bom motivo
para dar sequência ao processo de
integração, por meio de uma união
monetária que eliminaria a volatilidade
cambial entre seus membros.
Ao final da década de 1980, já no governo Bush, os EUA adotaram uma política de não intervenção ao câmbio,
liberalizando o mercado e permitindo que a moeda flutuasse com maior grau de liberdade, de acordo com as
oscilações naturais do mercado.
Argumento do câmbio flutuante
Para muitos economistas e acadêmicos, a adoção do regime de câmbio flutuante é considerada uma evolução
positiva do sistema monetário internacional, uma vez que ele seria capaz de promover soluções de mercado
mais eficientes e automáticas para desequilíbrios externos. 
Após o colapso de Bretton Woods, quase todas as principais economias do mundo permitiram que
suas taxas de câmbio flutuassem de acordo com os fluxosinternacionais de capital.
Krugman e Obstfeld (2010) apontam que o argumento teórico em defesa de um sistema de taxas de câmbio
flutuantes estava baseado em quatro pilares principais:
 
autonomia da política monetária;
simetria monetária entre os países;
taxas de câmbio utilizadas como estabilizadores automáticos; e
equilíbrio externo.
Autonomia da política monetária
No sistema do padrão ouro – no qual havia livre circulação dos fluxos internacionais de capital – e nos anos
finais do sistema de Bretton Woods – nos quais se tornava cada vez mais difícil controlar esses fluxos – os
países não desfrutavam de autonomia sobre suas respectivas políticas monetárias.
Isso porque, caso optassem por alterar unilateralmente suas taxas de juros, esse movimento alteraria o
diferencial de juros entre os países e, consequentemente, impactaria os fluxos internacionais de capital, que
fluíram em direção ao país de maior taxa de juros, desviando a taxa de câmbio de mercado de sua paridade
fixada pelo governo.
Em um regime de taxa de câmbio flutuante, não haveria necessidade de manter a taxa de câmbio em um
patamar determinado. Nesse caso, o mecanismo de reequilíbrio do balanço de pagamentos seria a própria
flutuação cambial.
Portanto, a política monetária poderia ser utilizada para outros fins, como definir o nível de estímulo à
atividade econômica (impactando diretamente a taxa de inflação). Veja exemplos:
• 
• 
• 
• 
A autonomia sobre suas respectivas políticas monetárias permitia aos governos e bancos centrais
perseguirem a taxa de inflação de longo prazo que desejassem.
Nos regimes de câmbio fixo isso não era possível, pois, teoricamente, o ajuste de desequilíbrios externos seria
feito pelo nível de preços e a única forma de reequilibrar o sistema seria por meio de aumentos na inflação no
resto do mundo.
Em um regime de câmbio flexível, diferenciais de inflação poderiam ser corrigidos por meio de depreciações
cambiais automáticas. Nesse caso, o impacto que os diferenciais de inflação teriam sobre os preços relativos
seriam anulados por uma depreciação cambial de igual magnitude, preservando o equilíbrio inicial.
Simetria monetária
Um segundo argumento utilizado pelos defensores do regime de câmbio flexível é o de que não era
necessário atrelar uma moeda nacional a outra. Durante os anos de vigência do sistema de Bretton Woods,
todas as moedas estavam atreladas ao dólar e, nesse sentido, a oferta dessas moedas estava diretamente
ligada à oferta de dólares do Federal Reserve.
Ao lastrear suas moedas ao dólar, a moeda norte-americana desempenhava um papel central na economia
mundial, não só como meio de troca para as transações internacionais, mas também como reserva de valor
mundialmente aceita.
Assim, os demais países não tinham muito espaço de manobra para controlarem a oferta monetária interna,
uma vez que ela estava condicionada às suas reservas em dólar.
Ao adotar um sistema de taxas de câmbio flutuantes, essas assimetrias tenderiam a desaparecer.
Considerando que não precisariam mais lastrear suas emissões monetárias ao dólar, sob esse modelo, os
bancos centrais teriam mais autonomia para decidir sobre a oferta monetária doméstica.
Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos
Em um regime de câmbio flutuante, as taxas de câmbio funcionam como estabilizadores automáticos, no
sentido de que possuem a capacidade de se adaptar rapidamente a mudanças nos preços relativos e nos
termos de troca, de forma a manter as condições de equilíbrio no balanço de pagamentos. 
Exemplo I
Em um cenário de crise, no qual a atividade
econômica se encontra em situação frágil, o
banco central teria autonomia para reduzir a
taxa de juros, barateando o crédito e
impulsionando a demanda agregada, via
consumo e investimento.
Exemplo II 
Em um cenário de atividade econômica
superaquecida, no qual a inflação se
encontra elevada, o banco central teria
autonomia para aumentar a taxa de
juros, encarecendo o crédito e
desacelerando o consumo das famílias e
o investimento das empresas. 
Ou seja, nos regimes de câmbio flexível, é o câmbio que permite o reequilíbrio das contas externas,
e não mais a taxa de juros (como no caso dos regimes de câmbio fixo).
A taxa de câmbio como estabilizador automático funciona da seguinte forma:
 
Considere um modelo de dois países, A e B. Este modelo se encontra, inicialmente, em equilíbrio, ou
seja, não há superávit ou déficit de qualquer país.
Considere que um choque exógeno assimétrico, que não afeta igualmente os dois países, desequilibra
o balanço de pagamentos: o país A passa a apresentar um balanço deficitário enquanto o país B
apresenta um balanço superavitário.
Sob um regime de câmbio fixo, o ajuste se daria por meio do nível de preços.
O país A precisaria apresentar uma queda na atividade econômica de tal magnitude que elevaria o
desemprego, reduziria os salários e, consequentemente, a produção de A eventualmente restauraria
sua competitividade por meio da redução dos custos de produção.
Esse processo, no entanto, seria socialmente custoso, tendo em vista o seu impacto sobre o
desemprego e o nível de produção.
Sob um regime de câmbio flexível, uma depreciação cambial resultante da própria dinâmica de
mercado substituiria o aumento do desemprego que ocorreria em A, sem necessidade de uma
intervenção por parte do governo.
A restauração da competitividade seria feita de forma nominal, uma vez que a depreciação cambial
baratearia as exportações.
Tendo em vista que o ajuste não seria real – por meio de redução de custos –, não seria necessário
incorrer em elevadas taxas de desemprego e queda da produção.
Taxa de câmbio e equilíbrio externo
Este ponto está diretamente ligado ao papel da taxa de câmbio como estabilizador automático. Supondo o
mesmo modelo descrito, tem-se que, sob um regime de câmbio flexível, os movimentos cambiais substituem o
desemprego em A e a inflação em B.
Os próprios fluxos de capital – que, neste caso, fluem de A para B – alteram a taxa de câmbio, provocando
uma depreciação cambial da moeda nacional do país A e, consequentemente, uma apreciação cambial da
moeda nacional do país B. Esse movimento cambial alteraria os preços relativos entre os dois países. Veja:
Esse movimento eliminaria o déficit externo do país A e o superávit externo do país B, fazendo com que o
balanço de pagamentos retornasse ao equilíbrio inicial.
O mecanismo descrito criava a expectativa de que a volatilidade da taxa de câmbio seria baixa. Existia a
crença de que, aos primeiros sinais de déficit, especuladores antecipariam os fluxos de saída e entrada
necessários para depreciar a moeda e restaurar a competitividade da produção, eliminando o déficit.
Isso impediria que o desvio do balanço de pagamentos em relação ao equilíbrio aumentasse exageradamente.
Como corolário, o desvio da taxa de câmbio em relação à taxa de câmbio que equilibra o balanço de
pagamentos também seria limitado.
Câmbio flutuante: teoria
O câmbio flutuante é defendido com base em quatro argumentos principais, mas que se resumem à autonomia
de política e eficiência do ajuste. Veja mais no vídeo a seguir:
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Depreciação da moeda 
Em A eleva a competitividade da produção
de A, ao baratear as exportações de A para
B.
Apreciação da moeda 
Em B reduz a competitividade da
produção de B, encarecendo as
exportações de B para A.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
O início do câmbio flutuante I
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O início do câmbio flutuante II
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A respeito do que foi apresentado acerca da adesão a um regime de câmbio flutuante, é possível afirmar que
seu caráter internacional foi:
A
resultado de um acordo de cooperação para organizar um novo sistemamonetário, no qual as principais
economias do mundo foram signatárias.
B
resultado de sanções comerciais e financeiras aplicadas sobre os países que se recusavam a aderir ao
sistema.
C
resultado de imposições feitas pelos EUA a outros países, por meio de guerras e invasões militares.
D
resultado não planejado de um contexto histórico específico favorável à adoção da libra esterlina como meio
de pagamento de referência.
E
resultado de desequilíbrios insustentáveis do sistema de Bretton Woods, que inviabilizaram a manutenção das
paridades fixas e obrigaram os países a permitirem a flutuação cambial.
A alternativa E está correta.
O sistema de Bretton Woods acumulou desequilíbrios que se tornaram insustentáveis. Os consecutivos
déficits externos dos EUA fizeram com que o governo americano suspendesse unilateralmente a
conversibilidade do dólar em ouro. Esses constantes déficits "inundavam" o mercado internacional com
dólares.
Para manter a paridade fixa, os demais bancos centrais transformavam esses dólares em reserva, em troca
de aumento na oferta de moeda nacional. Diante da necessidade de controlar a oferta de suas próprias
moedas, os governos permitiram a flutuação cambial para retomarem autonomias sobre suas políticas
monetárias.
Questão 2
Um dos argumentos utilizados para defender a adoção do regime de câmbio flexível diz respeito aos
mecanismos de ajustes inerentes a esse tipo de sistema. Acerca desses ajustes, é possível afirmar que se
tratam de:
A
ações coordenadas entre os países, para sincronização da taxa de juros, de forma que nenhum deles
apresente fluxos de saída de ouro.
B
mudanças automáticas na taxa de câmbio que alteram os preços relativos e reequilibram os balanços de
pagamentos.
C
ajustes automáticos nos preços relativos (termos de troca), consequência de alterações na oferta de moeda e
nos níveis de preço.
D
mudanças controladas na taxa de câmbio e disponibilidade de recursos para financiar os países deficitários.
E
suspensões temporárias e coordenadas da conversibilidade em ouro.
A alternativa B está correta.
Teoricamente, em um regime de câmbio flexível, os próprios fluxos internacionais de capital provocam
movimentos na taxa de câmbio, de forma a alterar preços relativos e ajustar desequilíbrios no balanço de
pagamentos.
2. União monetária europeia
Argumento para uma união monetária
Uma união monetária é qualquer região territorial que utiliza a mesma moeda. De maneira geral, a moeda é,
muitas vezes, vista como um símbolo de soberania e identidade nacional. Por esse motivo, é difícil dissociar o
domínio territorial de uma moeda do domínio territorial de seu país emissor. 
Nesse sentido, toda união monetária pode ser entendida simplesmente como um conjunto de sub-regiões que
decidiram adotar uma mesma moeda, o que significa adotar taxas de câmbio fixas entre si – sob paridade de
um para um. 
No entanto, o regime cambial em uniões monetárias é mais restrito do que o regime de câmbio fixo, pois a
união monetária não permite qualquer tipo de desvalorização ou mudança de paridade.
A teoria das zonas monetárias ótimas, desenvolvida por Mundell (1961) e complementada por diversos outros
autores, buscou explicar quais características econômicas permitem que os benefícios de duas ou mais
regiões adotarem uma mesma moeda sejam maiores do que seus custos. 
A teoria das zonas monetárias ótimas é frequentemente
associada ao processo de integração monetária da Zona do
Euro, uma vez que esta se trata de um projeto sem
precedentes de formação de uma união monetária entre
diferentes países independentes.
Ao todo, 19 países da Europa formam uma união monetária,
cuja moeda é o euro. No entanto, o conceito de união
monetária pode ser aplicado até para as diferentes regiões
em cada país. Por exemplo: os 26 estados brasileiros, mais
o Distrito Federal, formam uma união monetária, cuja moeda
é o real.
Quais condições econômicas fazem com que a
utilização de uma mesma moeda, por duas ou
mais regiões, promova maior bem-estar para
seus residentes?
Para responder a essa pergunta, convém
destacar, primeiramente, as principais
vantagens e desvantagens do regime de
câmbio fixo e do regime de câmbio flexível.
Conforme apresentado anteriormente, o regime
de câmbio flexível tem algumas vantagens
importantes. Em particular, é possível destacar duas:
 
O rápido ajuste de desequilíbrios nas contas externas
A autonomia de política monetária para os bancos centrais
Esse tipo de regime, no entanto, também está associado a desvantagens, que podem ter sérios impactos
sobre a economia e configurar vetores de desequilíbrio, em vez de mecanismos de ajuste. De maneira geral,
tais desvantagens se resumem à(ao): 
Elevação das taxas de inflação
Movimentos de depreciação cambial exagerados podem resultar em encarecimento das importações e
aumentar os custos em toda cadeia produtiva de um país, o que elevaria os níveis de preço.
Desequilíbrio de balanços contábeis
Movimentos rápidos de depreciação cambial podem afetar o balanço contábil de empresas e governos cujos
passivos estão denominados em moeda estrangeira. Uma depreciação cambial elevaria esses passivos e
elevaria o risco de insolvência.
Toda economia com taxas de câmbio flutuantes está sujeita à ocorrência de overshootings cambiais – que
ocorrem quando a volatilidade cambial é maior do que aquela necessária para efetuar o ajuste de retorno ao
equilíbrio.
Overshootings
Pode ser traduzido informalmente como um movimento exagerado. Por exemplo, fatores econômicos
indicando que o real deva se desvalorizar: a taxa de câmbio deva passar de R$3 por dólar para R$4 por
dólar. Porém, em um movimento de overshooting, a taxa passa para R$5 reais por dólar.
Por outro lado, um regime de câmbio fixo também tem vantagens e desvantagens. Suas desvantagens estão
diretamente relacionadas às vantagens do câmbio flexível. Sob um regime de câmbio fixo, os governos e
bancos centrais não desfrutam de autonomia sobre suas políticas monetárias e não há um mecanismo rápido
de ajuste de desequilíbrios externos.
O regime de câmbio fixo, no entanto, apresenta vantagens inerentes ao seu funcionamento:
Eliminação da volatilidade cambial
A volatilidade cambial pode gerar incertezas sobre as transações comerciais. As transações
comerciais não são instantâneas, e a volatilidade do câmbio pode dificultar a projeção da
lucratividade de tais transações.
Eliminação de depreciações competitivas
Em um regime de câmbio fixo, se torna impossível ganhar competitividade em relação aos demais
países por meio de desvalorizações cambiais manipuladas para alterar os termos de troca.
• 
• 
Redução de custos de transação
Em uma união monetária, não há incidência de custos cambiais sobre transações comerciais e
financeiras. Esses custos, presentes quando se faz operações entre duas moedas, são resultantes de
diversos fatores, como impostos sobre operações de câmbio e o spread (diferença entre preço de
compra e venda) que gera lucro para as casas de câmbio.
Qual é, então, o melhor regime a ser adotado por um país?
Como outras análises econômicas, trata-se de uma análise de custo-benefício. O melhor regime a ser
adotado é aquele que, observadas as condições e características econômicas de um país,
proporcione maiores benefícios do que custos.
As condições econômicas que devem ser observadas se resumem ao grau de assimetria dos choques e à
presença de mecanismos de ajuste que substituam o câmbio flexível.
No que tange ao grau de assimetria dos choques, o raciocínio é intuitivo. Para simplificar, suponha um modelo
no qual existem dois países, A e B. O modelo se encontra inicialmente em equilíbrio. No caso de um choque
assimétrico, que atinja os países A e B de forma desigual e desloque demanda de A para B, algum mecanismo
de ajuste se mostra necessário.
Exemplo
A China faz um embargo à carne brasileira (o Brasil é o país A) e passa a comprá-la dos EUA (país B). 
Os efeitos de choque em A seriam uma desaceleração da atividade econômica e alta do desemprego.Os
efeitos em B, por sua vez, seriam um aquecimento da economia e aceleração da inflação.
Essa dinâmica desequilibra as contas externas – provocando déficits externos em A e superávits externos em
B – e altera preços relativos.
Sob um regime de câmbio flexível, a taxa de câmbio seria um mecanismo de ajuste rápido e automático –
depreciações e apreciações do câmbio restaurariam os preços relativos que permitiriam um retorno ao
equilíbrio. Sob um regime de câmbio fixo, outros mecanismos de ajuste devem estar presentes para substituir
o ajuste que seria promovido pela flutuação cambial.
Esses mecanismos de ajuste alternativos serão abordados mais à frente.
Pelo modelo descrito acima, é possível observar que o custo de uma união monetária é menor quando há
pouca ou nenhuma assimetria dos choques que incidem sobre as sub-regiões integrantes da união. Ou seja,
os choques são semelhantes, não afetam diferentes países de formas (muito) diferentes.
Uma vez estabelecida essa relação, é conveniente questionar: quais características econômicas podem
reduzir a assimetria dos choques?
Integração comercial
A 
Os efeitos em A seriam uma desaceleração
da atividade econômica e alta do
desemprego.
B 
Já os efeitos em B seriam um
aquecimento da economia e
aceleração da inflação.
Quanto mais integradas comercialmente forem duas ou mais regiões, menor a assimetria dos choques que
incidem sobre elas. Isso porque as relações comerciais fazem com o que o choque seja dissipado entre as
regiões.
Considerando novamente o modelo descrito, um choque negativo pode afetar, inicialmente, apenas o país A.
Contudo, se A e B são fortemente integrados comercialmente, há grandes possibilidades de as importações
de A oriundas de B serem afetadas, impactando negativamente a produção de B destinada à exportação para
A.
Assim, o choque se dissipou por toda a união monetária composta por A e B, reduzindo a
necessidade de ajuste. 
Integração bancária
Quanto mais integrado for o sistema bancário, menor a assimetria dos choques. Isso se dá por dois motivos: 
em um sistema bancário integrado, os bancos têm operações em todo o território da união monetária.
No caso de um choque assimétrico que provocasse uma crise em apenas uma sub-região, diminui a
necessidade de o banco reduzir sua concessão de crédito nessa sub-região específica para se proteger da
crise, pois suas operações estariam diversificadas por todas as demais regiões. A manutenção do crédito
tenderia a atenuar o impacto do choque na região afetada.
Em um sistema não integrado, a atuação dos bancos está restrita a sub-regiões específicas. Caso um choque
assimétrico atinja uma dessas regiões, os bancos que nela operam reduziriam a concessão de crédito, em
uma tentativa de se proteger da inadimplência gerada pela crise. Isso acabaria tendo um efeito pró-cíclico,
agravando ainda mais o problema.
Convergência das taxas de inflação
A convergência das taxas de inflação das sub-regiões que compõem uma união monetária é essencial para
manter a estabilidade dos preços relativos. Prolongados diferenciais de inflação alteram os preços relativos e
podem causar desequilíbrios nas contas externas. Quando mantidos por muito tempo, esses diferenciais
podem se tornar um vetor de assimetria.
Por esse motivo, os diferenciais de inflação entre as sub-regiões de uma união monetária devem se anular no
longo prazo, de forma a manter os termos de troca constantes.
Federalismo fiscal
Quando as sub-regiões que compõem uma união monetária também formam uma união fiscal, existe um
sistema federal de arrecadação tributária.
Ao pagar benefícios sociais e seguro-desemprego para
residentes de uma região afetada por um choque
assimétrico negativo, ocorre uma transferência de recursos
arrecadados em regiões que não foram atingidas em
direção a regiões atingidas. Essas transferências atenuam o
choque e, consequentemente, aumentam a simetria entre
as sub-regiões da união monetária. 
Mesmo que uma união monetária apresente todas as
características descritas, sempre haverá alguma assimetria
dos choques. Logo, sempre haverá alguma necessidade de
ajuste entre as sub-regiões de uma união monetária.
Considerando que a flexibilidade cambial é um mecanismo de ajuste que não está disponível, é preciso que
estejam presentes mecanismos de ajuste alternativos. São dois os principais mecanismos de ajuste dentro
uma união monetária:
Flexibilidade de preços e salários
Se os preços e salários são flexíveis, os preços relativos se ajustam rapidamente em resposta a desequilíbrios
externos provocados por choques assimétricos. No limite, a flexibilidade de preços e salários substituiria
integralmente a flexibilidade cambial, como mecanismo de ajuste. Na prática, no entanto, os preços e salários
costumam apresentar algum grau de rigidez.
Em geral, os trabalhadores não estão dispostos
a aceitar reduções de salário e os produtores
não estão dispostos a aceitar reduções em
suas margens de lucro. É justamente essa
rigidez que faz com que o sacrifício social de
choques de ajuste deflacionários seja alto – é
preciso uma alta taxa de desemprego para
reduzir salários e forte queda na demanda para
reduzir preços.
Mobilidade do fator trabalho
Quanto maior a mobilidade do fator trabalho,
menor o custo do ajuste. Mundell (1961) sugere
que, em uma união monetária, a mobilidade do fator trabalho pode substituir a flexibilidade cambial como
mecanismo de ajuste.
Considere novamente o modelo de dois países mencionado anteriormente. Assuma que um choque
assimétrico desloque demanda do país A para o país B, tornando A um país deficitário e B um país
superavitário, do ponto de vista de contas externas.
Na ausência de flexibilidade cambial para ajustar preços relativos, Mundell (1961) sugere que o ajuste pode
ser realizado por meio da mobilidade do fator trabalho (que se encontra desempregado no país A), em direção
ao país B.
I 
A flexibilidade de preços e salários.
II 
A mobilidade dos fatores de produção,
especialmente do fator trabalho. 
País A 
O país A apresenta queda na atividade
econômica e elevação da taxa de
desemprego.
País B 
O país B apresenta um aquecimento
de sua economia e aceleração da
inflação. 
O argumento da união monetária: resumo
A eficiência de uma união monetária está diretamente relacionada ao grau de assimetria dos choques que a
impactam e à presença de mecanismos de ajuste alternativos. Veja mais no vídeo a seguir:
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Processo de integração monetária da Zona do Euro
O processo de integração monetária na Europa foi impulsionado por dois motivos principais – diretamente
associados à dinâmica interna e externa dos países europeus. 
No que tange à dinâmica interna, os países europeus
buscavam formar no continente um grande mercado único e
integrado. Esse objetivo remonta aos anos após a Segunda
Guerra Mundial, quando os líderes europeus viram na
integração econômica, política e social uma forma de evitar
as tragédias ocorridas nas duas grandes guerras que
destruíram o continente. 
A ideia era a de que, quanto mais integrados
economicamente fossem os países europeus, menos
incentivo haveria para a eclosão de conflitos e
disputas que culminassem em guerras. 
Esse processo de integração se deu por meio da eliminação de barreiras que impedissem o movimento de
mercadorias e fatores – barreiras comerciais, burocráticas e alfandegárias foram abolidas. A partir da década
de 1990, até mesmo as fronteiras internas foram suspensas, permitindo a livre circulação de pessoas.
Os países europeus formaram uma zona de livre comércio e, posteriormente, uma união aduaneira. Assim,
uma união monetária era vista como uma etapa essencial para consolidar a formação de um mercado único
eficiente.
O estopim para o início do desenvolvimento de uma moeda única na Europa, no entanto, parece estar mais
associado à dinâmica externa – mais especificamente, aos desequilíbrios do sistema monetário internacional
durante a década de 1970.
Considerandoas cadeias de comércio no continente e o grau de abertura comercial dos países europeus,
existia uma preferência por parte desses países em relação ao regime de câmbio fixo, uma vez que ele
garantia estabilidade para as transações comerciais.
Países da Zona do Euro
Com o colapso no sistema de Bretton Woods em 1971, a conversibilidade do dólar em ouro foi unilateralmente
suspensa e os países passaram a adotar taxas de câmbio flexíveis.
Existia um consenso entre os governos europeus de que a incerteza inerente à flutuação cambial funcionava
como uma barreira ao comércio, o que prejudicaria a atividade econômica desses países, bem como o próprio
processo de integração.
Krugman e Obstfeld (2015) destacam, ainda, que os impactos negativos da flutuação cambial incentivariam as
forças políticas que se manifestavam contra o processo de integração europeu, o que os governos temiam
que atrapalhasse a continuidade desse processo.
Além disso, os EUA e o dólar mantiveram a posição
hegemônica no sistema monetário internacional, de tal
forma que as demais moedas ficavam sujeitas a decisões de
política monetária e fiscal dos EUA.
Algumas dessas decisões provocavam, direta ou
indiretamente, grandes movimentos nas taxas de câmbio e
acabavam configurando movimentos desestabilizadores
que prejudicavam as economias europeias. Na época, estes
movimentos ficaram conhecidos como dollar shocks.
A formação de uma união monetária era vista como a
solução para garantir estabilidade cambial e limitar a
influência de políticas norte-americanas sobre a economia e
o comércio dos países europeus.
Somado a isso, uma moeda comum aos países do continente, incluindo algumas das principais economias do
mundo, seria relevante e sólida o suficiente para reduzir a hegemonia do dólar no cenário econômico
internacional.
Hishow et al. (2018) resumem bem a dinâmica da ideia que era vista como solução para o problema monetário
na Europa:
“Ao invés de aderir à livre circulação de capitais, independência de política monetária e taxas de câmbio
flutuantes, (...) os europeus tiveram uma ideia engenhosa. (...) Internacionalmente, existiria uma moeda
única robusta o suficiente para enfrentar novos dollar shocks. Isso permitiria livre circulação de capitais,
o Euro flutuante e o Banco Central Europeu com política monetária independente. (...) Internamente, os
europeus teriam taxas de câmbio fixas e livre circulação de capitais, o que necessariamente implica
perda de autonomia monetária a nível nacional.” 
(Hishow et al., 2018)
Em outras palavras, em troca de maior estabilidade econômica e menos incerteza cambial, os países europeus
aceitaram abandonar a autonomia de política monetária que desfrutavam e a delegaram para uma instituição
supranacional criada para garantir a estabilidade do poder de compra da nova moeda comum, o Banco Central
Europeu.
Esta instituição teria autonomia para conduzir a política monetária que afetaria toda a união, ou seja, uma
mesma decisão de política para todos os países integrantes da Zona do Euro.
Tendo em vista que a política monetária a ser implementada é única para todos os membros da união
monetária, o módulo 1 discutiu a importância de reduzir a assimetria de choques entre esses membros e
promover a presença de mecanismos de ajuste alternativos à flutuação cambial.
Banco Central Europeu
Não faria sentido conduzir uma política monetária única se o grau de assimetria de choques entre os membros
da união fosse elevado – poderia ocorrer de um membro requerer uma política expansionista e outro, uma
política contracionista.
Considerando essa questão, os países europeus passaram por um longo processo de integração e
convergência de suas economias, de forma a reduzir a heterogeneidade entre eles.
Os critérios de convergência para formação da União Monetária Europeia se apoiaram em quatro pilares
principais:
 
Estabilidade de preços
Equilíbrio fiscal
Estabilidade das taxas de câmbio
Durabilidade da convergência
Parte desses critérios foi estabelecida no Tratado de Maastricht, em 1992. 
Alcançar a estabilidade da taxa de câmbio, no entanto, foi
um processo que começou poucos anos após o colapso de
Bretton Woods, ainda na década de 1970. Em 1979, foi
criado o European Monetary System (Sistema Monetário
Europeu), que durou por 20 anos, até a introdução do Euro,
como unidade de conta, em 1999.
O Sistema Monetário Europeu foi muito importante
para o processo de integração monetário. Ele foi o
canal por meio do qual os países fixaram suas taxas de
câmbio entre si. 
Krugman e Obstfeld (2015) o definem como “uma rede formal mutuamente indexada de taxas de câmbio”, pela
qual uma série de diretrizes foram estabelecidas para regular intervenções que atuaram para restringir a
flutuação das moedas participantes dentro de margens específicas.
Para fixar as diferentes moedas, o Sistema Monetário Europeu criou uma moeda que servia apenas como
unidade de conta, que ficou conhecida como Unidade de Moeda Europeia.
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Curiosidade
O valor da Unidade de Moeda Europeia era representado pela média das moedas nacionais dos países
integrantes do sistema, ponderada pelo tamanho da economia de cada país e de sua participação no
comércio regional – ou seja, era uma cesta das moedas europeias, à época. 
A Unidade de Moeda Europeia veio a se tornar o Euro, em 1999, a uma paridade de um para um. Durante o
período de integração monetária, por meio do Sistema Monetário Europeu, os países fixaram suas moedas
nacionais à Unidade de Moeda Europeia.
Inicialmente, ficou definido que seria permitida uma flutuação de 2,25%, para mais ou para menos, em relação
à paridade estabelecida. Foi criado, também, o Fundo de Cooperação Monetária Europeu, cujo objetivo era
disponibilizar recursos para os países-membros, caso fosse necessário estabilizar taxas de câmbio sob
estresse de ataques especulativos.
Os anos de 1980 foram marcados por forte divergência de preços, o que ocasionava frequentes
realinhamentos na paridade estabelecida. Ao longo dessa década, o diferencial de inflação entre os países-
membros ainda era alto, o que alterava preços relativos e pressionava a paridade que havia sido definida
anteriormente.
Conforme já mencionado, para que um regime de câmbio fixo não demande ajustes nos preços relativos, não
podem ocorrer persistentes diferenças nos seus níveis de inflação.
Por vezes, alguns controles de capital foram impostos para limitar o impacto de ataques especulativos. A
partir de 1987, esses controles foram sendo reduzidos gradualmente e, por mais de cinco anos, o Sistema
Monetário Europeu se manteve estável, sem grandes choques que demandassem novos realinhamentos.
Esse período de estabilidade, no entanto,
acabou em 1992. Após a reunificação da
Alemanha, o país experimentou um forte
período de crescimento econômico, o que
provocou uma aceleração da inflação. O 
Bundesbank (banco central alemão) era
extremamente avesso à alta inflação e
enfrentou a questão com uma alta significativa
da taxa de juros.
Tendo em vista o tamanho da economia alemã,
o marco alemão era a moeda de maior peso na
Europa. Sendo assim, os demais países
precisavam harmonizar suas taxas de juros para manter suas taxas de câmbio fixas à Unidade de Moeda
Europeia.
Alguns dos demais países, no entanto, não estavam com suas economias superaquecidas, e a alta de juros
provocou recessão.
Marco alemão.
A reunificação alemã se revelou como um choque assimétrico para o qual o Sistema Monetário Europeu, sob
taxas de câmbio fixas, ainda não tinha mecanismos de ajuste. Uma série de ataques especulativos pressionou
o sistema. Esses episódios fizeram com que o Reino Unido abandonasse o Sistema Monetário Europeu e
desistisse de integrar a União Monetária.
O Reino Unido, inclusive, nunca aderiu ao Euro. Os demais países, ainda empenhados com o projeto, buscaram
uma solução: foi decidido ampliar as bandas de flutuação, de 2,25% para 15%, para mais ou para menos, em
relação à paridade estabelecida.
A nova banda de flutuação foi mantidaaté a introdução oficial do Euro, em 1999. Durante esses anos, o
sistema se mostrou estável e sem necessidade de ajustes na paridade. O papel-moeda do Euro entrou em
circulação em 2002, em 12 países. Atualmente, 19 países compõem a Zona do Euro.
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O argumento para uma união monetária
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O processo de integração monetária da Zona do Euro
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Uma união monetária apresenta vantagens e desvantagens inerentes ao seu funcionamento. A decisão de
aderir a uma união monetária deveria ser uma análise de custo-benefício. As condições que permitem que os
benefícios de uma união monetária superem seus custos são:
A
Controles sobre os fluxos de capital e independência da política monetária.
B
Desvalorizações cambiais controladas e estabilidade das taxas de inflação.
C
Simetria de choques e mecanismos de ajuste alternativos.
D
Integração comercial e rigidez do mercado de trabalho.
E
Convergência das taxas de juros e independência da política fiscal.
A alternativa C está correta.
Os benefícios líquidos de uma união monetária são maximizados quanto mais simétricos forem os choques
que afetam as sub-regiões que a compõem, bem como quando estão presentes mecanismos de ajuste
alternativos que possam substituir o ajuste que seria proporcionado pela flutuação cambial.
Questão 2
O processo de integração monetária na Europa foi consequência da dinâmica interna do continente, mas
também da conjuntura internacional e da forma como o sistema monetário internacional se organizou após o
colapso de Bretton Woods. A União Monetária Europeia foi criada com o intuito de:
A
Restaurar o padrão ouro, tendo em vista que os EUA não tinham interesse de liderar esse processo.
B
Promover uma moeda forte global, a fim de substituir o dólar como reserva de valor internacional.
C
Devolver aos bancos centrais dos países europeus a autonomia monetária que havia sido perdida durante os
anos de vigência do sistema de Bretton Woods.
D
Estabelecer taxas de câmbio fixas entre os países europeus e, simultaneamente, taxas de câmbio flutuantes
em relação ao resto do mundo.
E
Facilitar a imposição coordenada, a nível regional, de controles sobre os fluxos de capital.
A alternativa D está correta.
A moeda única foi a solução encontrada pelos países europeus para contornar o Trilema de Mundell-
Fleming, uma vez que, regionalmente, existia uma preferência por taxas de câmbio fixas. A moeda única
gerava, em âmbito regional, taxas de câmbio fixas, livre circulação de capital e perda de autonomia da
política monetária.
Já no âmbito internacional, a moeda teria taxas de câmbio flutuantes, livre circulação de capital e
autonomia da política monetária nas mãos do Banco Central Europeu.
3. A ascensão do renminbi
Passo a passo da internacionalização do renminbi
Preâmbulo: Internacionalização vs. conversibilidade de uma moeda
Entende-se por conversibilidade o acesso pleno a uma determinada divisa, sem qualquer tipo de restrição por
parte do governo emissor, de forma que ela possa ser utilizada livremente para a aquisição de bens, serviços
e, eventualmente, até de outra moeda.
Há estreita ligação com o conceito de moeda central — unidade de conta, meio de troca e reserva
de valor em escala global, que mantenha essas propriedades dentro e fora das fronteiras do país
emissor.
Por definição, a moeda de um país só é conversível se sua conta capital é livre. Grandes moedas como o dólar
norte-americano, o euro, a libra esterlina e o iene são conversíveis. 
Dólar norte-americano.
Euro.
Libra esterlina.
Iene.
Cohen (1988) elenca três grandes características que tornam desejável a emissão de uma moeda central.
Primeira característica
Em primeiro lugar, é uma importante demonstração de força, tanto econômica quanto política: a
centralidade do dólar norte-americano como moeda global reflete a posição hegemônica dos EUA.
Segunda característica
Em segundo lugar, a emissão de uma moeda central confere muitos graus de liberdade à condução da
política econômica.
Um país emissor de moeda central não possui, virtualmente, risco algum de incorrer em crise de
balanço de pagamentos, ganha enorme liberdade em sua política monetária, é capaz de obter
relevantes ganhos com senhoriagem e enfrenta menores custos para a transação internacional de
bens e serviços, posto que suas cotações já estão denominadas na moeda local.
Terceira característica
Por fim, a emissão de uma moeda central tem forte componente estratégico. Economias dolarizadas
delegam sua política monetária a um país estrangeiro, perdendo parte de sua independência
econômica e política.
Como ressaltado por Aziz (2013), usualmente, postula-se que a conversibilidade (ou seja, conta de capital
livre) é um pré-requisito à internacionalização de uma moeda.
Não há, no entanto, necessária precedência temporal: uma moeda pode tornar-se mais internacional,
ampliando seu alcance como unidade de conta e meio de troca, sem constituir-se, ao menos no curto prazo,
como reserva de valor.
Da mesma forma, não há restrição para que se tenha uma moeda internacional – mesmo que seu alcance seja
regional – que não seja uma moeda central.
Com crescente poderio econômico e ampliação de seu papel estratégico no cenário internacional, a
ampliação de uma “área renminbi” seria, para os chineses, uma consequência natural.
Na estratégia chinesa, a internacionalização do renminbi criaria condições para uma eventual abertura da
conta capital no futuro, invertendo a ordem usualmente imaginada pelos analistas ocidentais.
Há, nesse sentido, certa diferença em relação ao racional usual, onde tornar uma moeda conversível (como
dólar norte-americano ou euro) representa um fim em si; a estratégia chinesa parece ser muito mais de
ampliação da área de uso de sua moeda, tornando-a internacional, do que promovê-la como reserva de valor
global.
Internacionalização vs. conversibilidade: resumo
Os conceitos de internacionalização e conversibilidade são usualmente confundidos, ainda que não sejam
equivalentes. Não há relação teórica ou empírica estabelecida para a precedência temporal da
conversibilidade frente à internacionalização de uma moeda. Veja mais no vídeo a seguir: 
Conteúdo interativo
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Processo de internacionalização do renminbi
A ascensão chinesa ocorrida nas últimas três décadas levou à criação, em seu entorno, de uma densa e
intrincada rede de relações econômicas e comerciais. Por questões geográficas, produtivas e, em muitos
aspectos, culturais, tal rede constituiu-se principalmente no Sudeste Asiático. 
A pujança chinesa levou à emergência, nas palavras de Paulino (2018), de uma “área renminbi”, na qual a
moeda chinesa funciona como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor – ao menos regionalmente,
características necessárias a uma moeda global. 
Com o adensamento das cadeias de valor lideradas pela China e o progressivo fortalecimento relativo da
economia chinesa, é de se esperar que que a “área renminbi” se amplie. Isso é particularmente claro em
relação aos países “a montante” nas cadeias de valor chinesas, ou seja, que participam destas como
fornecedores de insumos produtivos. 
Renminbi.
O processo de internacionalização do renminbi se acelera a partir do início deste século e ganha grande
impulso após a Crise Financeira de 2008/2009. É possível dizer que esse impulso se divide em dois grandes
vetores:
 
Referente a fluxos oficiais (governamentais)
Referente aos fluxos privados
No caso chinês, tais fluxos se misturam e se complementam.
Sob a ótica dos fluxos governamentais, há duas iniciativas dignas de nota. A mais antiga é a celebração de
acordos de swap de moedas entre o Banco Central Chinês (PBoC) e diversos bancos centrais, especialmenteapós a eclosão da Crise Financeira Global.
Sob este mecanismo, o PBoC oferece liquidez em renminbi, por um determinado período e a taxas
relativamente baixas, recebendo como colateral o acesso à moeda do país contraparte.
Curiosidade
Entre 2009 e 2020, aproximadamente 40 bancos centrais celebraram acordos de swap cambial com o
PBoC, implicando em um aumento da liquidez em renminbi no mundo. 
Para além das trocas de moedas entre bancos centrais, outras iniciativas do Estado têm aumentado a oferta
da divisa chinesa no mundo.
Em específico, destacam-se os empréstimos diretamente denominados em renminbi, sejam eles bilaterais ou
por meio de estruturas multilaterais não derivadas do Acordo de Bretton Woods, tal como o:
 
Banco Mundial 
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 
Fundo Monetário Internacional (FMI)
Os empréstimos são concedidos pelo Estado chinês, por empresas paraestatais chinesas e/ou por bancos de
fomento. Mesmo concedidos por um ente privado chinês, possuem garantias estatais. Além disso, são feitos a
taxas relativamente elevadas e prazos curtos, não raro sendo parcialmente colateralizados em commodities.
Há clara correlação entre essas operações e a promoção de instituições financeiras multilaterais “ex-Bretton
Woods”.
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Como ressalta Gåsemyr (2018), o relacionamento chinês com instituições de crédito multilaterais é tanto
proativo quanto estratégico, criando instituições e aumentando sua influência em bancos já estabelecidos.
No primeiro caso, destacam-se o Banco Asiático de
Investimento em Infraestrutura (AIIB) – baseado em Beijing e
criado em 2015 – e o Novo Banco de Desenvolvimento
(NDB) – uma associação entre os cinco países dos BRICS
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), baseado em
Shanghai e criado em 2014.
Para além dessas novas instituições, houve aumento da
participação em instituições multilaterais já estabelecidas:
1985
AfDB
A China tornou-se membro do Banco de Desenvolvimento Africano (AfDB).
1986
ADB
A China tornou-se membro do Banco de Desenvolvimento da Ásia (ADB).
2009
BID
A China tornou-se membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Sob a ótica dos fluxos privados, é possível nortear o debate de internacionalização em torno de três grandes
vetores:
ampliar as possibilidades de saídas de renminbi da China;
ampliar a circulação de renminbi fora da China; e
flexibilizar as regras para a circulação de renminbi por meio da fronteira, com entradas ou saídas de
acordo com o interesse dos agentes.
A internacionalização ganha importante impulso após a Crise Financeira de 2008/2009, refletindo uma visão
defensiva das autoridades chinesas – menor exposição ao dólar norte-americano – e uma janela de
oportunidade para oferecer o renminbi no mundo. No entanto, as condições iniciais necessárias ao
florescimento de um mercado internacional de renminbi são anteriores, remontando a mudanças institucionais
de meados dos anos 2000. 
O uso recorrente do renminbi fora das fronteiras chinesas exige que bancos estrangeiros sejam capazes de
aceitá-lo e utilizá-lo em diversas operações financeiras. 
1. 
2. 
3. 
O primeiro passo ocorreu em 2004, quando bancos de Hong Kong passaram a oferecer contas de depósito,
câmbio, remessas e linhas de crédito (inclusive cartões de crédito e débito) em renminbi.
Para além desse passo inicial, a imensa maioria dos autores define que o processo de internacionalização
começa em 2007, com a criação do mercado de títulos dim sum – instrumentos denominados em renminbi e
emitidos em jurisdição estrangeira (Hong Kong).
Outro passo importante na internacionalização ocorreu em 2008, quando o governo passou a autorizar a
operação e o pagamento de fluxos comerciais entre a China e diversos países asiáticos diretamente em 
renminbi. De acordo com PBoC (2020), aproximadamente 38% dos fluxos comerciais e financeiros de 2019
foram denominados em renminbi.
Atenção
Cabe ressaltar, também, crescentes esforços para ampliar a denominação de preços de commodities em
renminbi, especialmente em insumos amplamente importados pela China. Percebe-se, portanto, avanços
relevantes na ampliação dos canais de saída de renminbi da China continental e no fortalecimento do
mercado offshore da moeda. 
Sob a ótica das entradas de capital estrangeiro na China, a estratégia oficial teve dois vetores.
O programa de Investidor Institucional Estrangeiro Qualificado (QFII), lançado em 2002, foi o ponto inicial de
acesso ao mercado doméstico, autorizando um grupo seleto de investidores institucionais a acessar ações
emitidas nas bolsas de Shanghai e Shenzhen, com limitadas cotas de investimento, obrigação de conversão à
moeda local e elevado grau de discricionariedade na concessão do acesso.
As cotas de investimento foram posteriormente ampliadas (2012), e, a partir de 2016, iniciou-se a
flexibilização do enquadramento, tanto de investidores quanto de ativos elegíveis. Ao final de 2019, o
programa QFII foi abolido.
Em paralelo, o governo lançou, em 2011, o programa Investidor Institucional Estrangeiro Qualificado em 
Renminbi (RQFII).
Tal como no QFII, estabelecia-se um valor
limitado de cotas de investimento no mercado
chinês, mas, ao contrário dele, não havia a
obrigação de conversão prévia à moeda local,
mais ativos eram elegíveis, e os critérios de
seleção dos investidores eram menos restritos.
Já em meados de 2014, as cotas foram
expandidas e agentes financeiros de múltiplas
jurisdições foram autorizados.
Ao final de 2019, o sistema de cotas foi
abolido.
Atenção
Ressalta-se que o QFII e o RQFII foram fundidos ao final de 2020, sendo substituídos por um sistema de
registro, sem necessidade de autorização prévia para influxo de capital. 
Discutida a entrada de capital, falta descrever o estado das autorizações de sua saída. O canal de interação
com os mercados externos foi criado em 2006, com o esquema de Investidor Institucional Doméstico
Qualificado (QDII). Nele, investidores locais poderiam acessar os mercados externos por meio de instituições
selecionadas, aprovadas pelos órgãos reguladores e submetidas a cotas e restrições nos ativos elegíveis.
Em conclusão, nota-se que o processo de internacionalização do renminbi é tanto incompleto quanto
assimétrico. Ainda que se tenha aumentado a oferta de renminbi offshore, ela continua relativamente restrita,
sendo dominada por fluxos oficiais da moeda (swaps cambiais e empréstimos diretos) e com relação mais
direta com fluxos comerciais do que com fluxos de investimento.
Além disso, é claramente mais simples que estrangeiros tenham acesso ao mercado interno do que locais
tenham acesso a investimentos no exterior. A moeda chinesa se torna cada vez mais internacional, mas
permanece não sendo conversível devido às restrições da conta capital chinesa.
Novos passos da internacionalização do renminbi
O debate realizado na seção anterior priorizou as estratégias de aumento da oferta de renminbi no mundo,
seja por canais governamentais (oficiais), swaps cambiais entre bancos centrais e empréstimos denominados
na moeda chinesa; seja por canais privados, especialmente aqueles que ampliaram o acesso, por investidores
estrangeiros, de ativos denominados em renminbi, tanto no mercado global quanto no local. 
Ampliar a possibilidade de oferta de uma moeda é condição necessária para permitir sua internacionalização.
Há, no entanto, que se preocupar também com a demanda: uma moeda só se expande para além das
fronteiras do país emissor se os agentes estrangeiros passam a desejá-la, em alguma medida, para pagar por
operações, balizar o preço de bens e serviços ou reservar valor. 
Em uma moeda global perfeitamente conversível, a existência de demanda é imediata — moedas
globais são unidades de conta em todo o mundo, têm seu valor reconhecido e são demandadas por
agentes tanto para a liquidação de operações no curto prazo quanto para poupança de longo prazo.
A situação é um pouco distinta no caso do renminbi – com conta capital porosa (não totalmente fechada,mas
não totalmente aberta) e assimetria nos fluxos (muito mais simples cruzar a fronteira “para o mercado” chinês
que “do mercado” chinês), ainda se enfrenta desconfiança quanto a sua disponibilidade no mercado
internacional. 
Há, no entanto, três caminhos promissores para promover a demanda por renminbi no mundo, ligados
diretamente a mudanças regulatórias e objetivos (geo)políticos dos governantes chineses. Não parece existir,
no momento, pretensão para tornar o renminbi uma moeda conversível, competindo com o dólar norte-
americano como reserva de valor global. 
Isso não significa, no entanto, que a moeda chinesa não tenha seu uso promovido para além das
fronteiras chinesas. 
Vamos ver os três caminhos:
Primeiro
Em primeiro lugar, há evidente aumento da liquidação de operações comerciais em renminbi, o que,
naturalmente, cria demanda pela moeda fora das fronteiras chinesas e dá maior profundidade ao seu
mercado.
Em termos dos fluxos comerciais chineses, a denominação direta em renminbi saiu de virtualmente
zero, no início da década de 2010, para aproximadamente 14% dos fluxos totais de bens em 2019. Nos
fluxos de serviços, a participação percentual é ainda mais elevada (24% das operações em 2019),
mesmo sendo operações de nicho e bem menos relevantes nos fluxos externos chineses.
Segundo
Em segundo lugar, há um consistente processo de criação de centros internacionais de compensação
em renminbi (RMB clearing hubs). A função desses centros é promover e ampliar a liquidez em moeda
chinesa fora das fronteiras do país, servindo especialmente a agentes que necessitem liquidar
operações com moeda física.
Como na China há a particularidade de uma moeda entregável (que pode ser usada como instrumento
de troca) fora da jurisdição local – o renminbi offshore (CNH), em Hong Kong -, os clearing hubs se
organizam em CNH.
Em termos práticos, em cada centro de compensação, é eleita uma instituição bancária
correspondente (tipicamente, uma subsidiária de um banco chinês), que tem como função
operacionalizar as operações em renminbi naquela jurisdição.
Caso ocorra um descasamento entre oferta e demanda, essa instituição pode acessar liquidez em 
renminbi diretamente junto ao Banco Central Chinês (PBoC). Qualquer agente (por exemplo, uma
corporação) pode requisitar ao seu banco usual que opere em CNH, e esta instituição acessa o centro
de compensação para ter acesso à moeda chinesa.
As implicações práticas são tremendas, especialmente para corporações que precisam de acesso
recorrente à moeda chinesa. O processo fica sensivelmente mais simples (sem necessidade de
múltiplos intermediários, especialmente em Hong Kong), mais rápido e, acima de tudo, mais barato –
evoluções muito bem-vindas para o aumento do uso global da moeda.
Terceiro
Por fim, há consistente aumento dos fluxos financeiros de renminbi para o mundo, diretamente
associados a investimentos chineses no exterior, inovações financeiras e empréstimos externos que
promovam a demanda pela moeda fora das fronteiras da China continental.
Outro canal que tem recebido atenção é o das inovações financeiras, ampliando as possibilidades de acesso à
moeda chinesa e, eventualmente, levando a uma ampliação de sua demanda global. Ativos chineses
denominados em renminbi passaram a ser parte de cestas globais de produtos financeiros.
Um motivo ainda mais relevante foi o importante avanço da digitalização da moeda chinesa, o que muitos
autores defendem ser um possível vetor de expansão da demanda global por renminbi.
Em específico, o governo chinês lançou em meados de 2020 a sua moeda virtual – o e-renminbi (E-RMB), com
transações baseadas na tecnologia de blockchain –, avançando em programas-piloto de interconexão e
conversão entre a moeda física e a moeda digital.
A criação de uma moeda digital apoiada por um Estado soberano, e que seja minimamente regulada, tem
grande potencial para acelerar a percepção do renminbi como uma moeda internacional.
Uma empresa chinesa.
Por fim, tem ocorrido avanço das operações de empréstimos offshore diretamente denominados em renminbi.
Nesse aspecto, o desenvolvimento de mecanismos de oferta da moeda no mundo, criando bolsões de liquidez
em renminbi fora da China continental, tem sido essencial.
Swaps cambiais, constituição de instituições bancárias (multilaterais ou instituições de policy chinesas)
autorizadas a emprestar em renminbi e florescimento dos centros de liquidação e compensação permitem que
a demanda externa por moeda chinesa tenha condições de encontrar, ao menos, parte da oferta necessária.
Atenção
O florescimento dos empréstimos denominados em renminbi tem estreita ligação com o fortalecimento
global das instituições bancárias chinesas. 
De um lado, as instituições multilaterais sob forte ascendência chinesa, como AIIB e o NDB, têm em seus
estatutos autorizações expressas para a oferta de empréstimos denominados em renminbi, sob algumas
regras específicas.
De outro lado, e de forma mais estrutural, há declarado interesse das autoridades chinesas em promover o
que chamam de “financiamento do desenvolvimento com características chinesas”, um método de cooperação
Sul-Sul que segue princípios de benefício mútuo e no qual países em desenvolvimento diminuem suas
restrições de acesso a capital voltado a projetos estruturantes, ao passo em que a China consegue exportar
seu excesso de capacidade e expertise em inversões.
Por excelência, o sucesso dessa estratégia ocorre em
países periféricos restritos ao capital, recebendo recursos
chineses, não raro denominado diretamente em renminbi,
utilizando-os em projetos de infraestrutura, geralmente
construídos com grande participação de empresas (capital
e, em alguns casos, até mesmo trabalhadores) chinesas, e
pagando pelos empréstimos com os proventos gerados
pelas inversões.
Nesta altura, já parece claro que há estreita ligação com a
estratégia de cooperação Sul-Sul representada pela
Iniciativa Cinturão e Rota.
Isso é ainda mais patente ao lembrarmos que grande parte
dos países signatários da Iniciativa não possuem mercados
financeiros domésticos desenvolvidos e, portanto, enfrentam crônica dificuldade para dinamizar investimentos
privados em projetos de infraestrutura — cujo prazo de maturação é longo e o risco, elevado.
O “financiamento do desenvolvimento com características chinesas” utiliza pesadamente não só as
instituições multilaterais, como também os grandes bancos de fomento chinês – no que se destacam, em
absoluto, o China Development Bank (CDB) e o Export-Import Bank of China (CHEXIM).
Não se pode deixar de lado, também, o Fundo
da Rota da Seda (Silk Road Fund, SRF), que tem
recebido importantes aportes de capital do
governo chinês durante os últimos anos. 
Em todos os casos, não necessariamente todas
as inversões são feitas pelas instituições
financeiras chinesas, sendo relativamente
comum que sejam estabelecidas parcerias com
grupos financeiros locais, modelos híbridos
(combinando empréstimos e participação no
capital) e provisão de garantias.
De toda forma, aumenta-se a importância da moeda chinesa como meio de pagamento e liquidação de
operações, iniciativas centrais para a promoção de sua demanda e avanço da internacionalização do renminbi.
Em conclusão, a internacionalização de uma moeda passa pela ampliação de sua área de circulação
para além das fronteiras do país emissor. 
No caso específico do renminbi, e em paralelo às inúmeras iniciativas de promoção do uso na moeda, pela
demanda e pela oferta, a implementação da Iniciativa Cinturão e Rota parece ser o caminho natural para um
maior uso global da moeda chinesa.
Com o adensamento das operações de comércio, investimento e construção ligados a empresas chinesas, é
esperado que a Iniciativa implique, de forma tautológica, em maior demanda pelo renminbi offshore.
Ainda parece existir grande espaço para tanto, com a participação do renminbi nas cestas internacionais de
reservas cambiais atingindo somente 2,0% em meados de 2020 (COFER/IMF) – uma proporção pequena, ainda
que

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