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RELAÇÕES DE VIZINHANÇA Gerais: é o complexo de direitos e obrigações que se estabelece entre os titulares de imóveis vizinhos. Vizinho, no caso, não significa, necessariamente, contíguo, logo, tais normas podem atingir um raio bastante grande, mas sempre são restrições recíprocas ao direito de propriedade baseadas nos poderes desta sobre imóveis, e em relação a isso, estão sujeita à figura do abandono, ou seja, não acompanha a pessoa. As relações de vizinhança são obrigações propter rem (obrigações da própria coisa), e, portanto, sempre decorrentes de norma legal, nunca podendo nascer da vontade das partes – pelo menos não com essa força erga omnes. Tem sete institutos importantes: uso anormal da propriedade; árvores limítrofes; passagem forçada de trânsito e de cabos e tubulações; uso do imóvel vizinho; Águas e direito de aqueduto; Limites e direito de tapagem; Direito de construir. 1. Uso Anormal da Propriedade Regra dos 3 “s”: sossego, saúde, segurança. Critérios: a) plano diretor (urbano) ou natureza do uso do imóvel (ambos, mas mais especialmente para os rurais), b) limites ordinários de tolerância da vizinhança. É ato lícito que gera dano – ação cominatória (actio damni infecti). Ato ilícito que gera dano – 186, 188 II, c/c 927 – é responsabilidade civil pura. O ato lícito que gera dano tem tutela especial, já ato ilícito, que demanda violação de direito e prejuízo (ação ou omissão, nexo de causalidade, dano e culpa), é vinculado à tutela genérica. Sanções: se o interesse é individual, será imposto ao causador do dano uma obrigação, geralmente de não fazer, mas podendo ser de fazer também. Se o interesse é coletivo, será imposto ao causador do dano uma obrigação de fazer (minimizar os danos, tentar “apagar” – tutela de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos) e uma indenização pelos danos causados, eventualmente cumulada com outra de não fazer. 1.1 Teoria da pré-ocupação: É uma matéria de defesa alegada pelo causador do dano, retirando o nexo de causalidade sob o argumento de que a atividade danosa pré-existia à relação de vizinhança. Em desuso completo, salvo no que se refere a imóveis rurais, onde ainda preserva um mínimo de força. 2. Árvores Limítrofes São aquelas que se estabelecem entre, pelo menos, dois imóveis. Têm especial relevância as seguintes regras: a) a árvore que está posta entre dois imóveis limítrofes é um condomínio especial, chamado condomínio pro diviso, e obrigatório; b) sendo de um imóvel, as raízes e ramos que ultrapassam a linha divisória podem ser cortadas e devolvidas para o proprietário da árvore, sem necessidade de autorização ou indenização; c) os frutos caídos dos ramos passam a pertencer ao titular do imóvel sobre o qual caíram. É a única exceção do Código Civil ao princípio de que o acessório segue o principal. Observação: Os frutos, enquanto estão agregados à árvore, pertencem ao titular da árvore. 3. Passagem Forçada Regra básica: a passagem se fará pelo lugar que menos prejudicar o imóvel vizinho. 3.1 Espécies De trânsito : É uma prerrogativa do titular de um imóvel encravado (imóvel chamado de “próprio incluso”) para obter saída para a via pública, nascente ou porto, com os seguintes requisitos: - sem acesso à via pública, nascente ou porto; - encravamento sem culpa do proprietário; - indenização. De cabos e tubulações : mais simples e flexível, pode o titular de um imóvel fazer passar cabos e tubulações para utilização de redes de esgoto, água, luz, telefone, tv a cabo, internet (a ideia inicial era respectiva a serviços de utilidade pública, ou necessidades vitais, mas hoje abrange qualquer necessidade), por onde melhor se adaptem, sobre os imóveis vizinhos. Também exige indenização ao proprietário prejudicado. OBS: Pode-se obter a saída necessária nessas hipóteses por meio de passagem forçada ou de servidões. As servidões e a passagem forçada diferem quanto à origem, quanto à natureza jurídica e quanto à forma. Essas diferenças serão estudadas quando do capítulo específico sobre servidões, no segundo semestre. 4. Águas O direito das águas em relação aos vizinhos (arts. 1288 a 1292), ocorre quando existem imóveis em planos diferentes, ou seja, um em plano topograficamente superior a outro, o que fará com que a água escorra (fluxo) deste superior para o inferior, podendo gerar conflitos. A questão é tratada, ainda, com base na razão pela qual a água vem do imóvel superior, se por força natural (fontes, chuva etc.) ou artificial (poços, aquedutos etc.), tratada pelo Código como fluxo natural e fluxo artificial. Regras: IMÓVEL SUPERIOR: se fluxo natural, o imóvel superior pode utilizar-se das águas que necessite, deixando o resto escorrer para o inferior, sem poluição e sem agravar a situação do imóvel inferior (deixar escorrer naturalmente); se fluxo artificial, o imóvel superior pode utilizar-se das águas que necessite, e impedir o resto de escorrer para o imóvel inferior – se deixar escorrer, deverá indenizar o imóvel inferior; IMÓVEL INFERIOR: se fluxo natural, o imóvel inferior deve receber as águas que naturalmente escorrem do superior (não pode barrar ou impedir), podendo delas utilizar-se sem indenização; se fluxo artificial vindo do imóvel superior, o imóvel inferior pode barrar ou impedir, exigindo indenização por danos eventualmente ocorridos, ou receber as águas, mediante indenização do superior. Se utilizar-se das águas que assim recebe, este uso deverá ser compensado na indenização a que teria direito por receber essas águas. 4.1. Aqueduto: previsto nos arts. 1293 a 1296, é o simples direito de canalizar as águas de que se necessita, trazendo-as do ponto de coleta, por meio de passagem forçada sobre outros imóveis. Tem dois pontos ainda importantes: o primeiro, na mesma questão antes posta, acerca da passagem forçada, ou seja, as necessidades que permitem o aqueduto, antes limitadas em utilização para indústria ou agricultura/pecuária, hoje estão abertas; o segundo, que não era possível a passagem quando atravessasse terrenos construídos ou com lavoura, sendo que hoje basta que o interessado no aqueduto recomponha ou indenize os imóveis prejudicados. 5. Limites entre os imóveis e direito de tapagem O proprietário tem o DEVER de conhecer o objeto de sua propriedade, e conservá-lo com todos os meios possível. Quando se trata de imóveis, é dever dele conhecer as suas estremas, ou seja, seus limites, onde eles começam e onde terminam, e direito consequente, de construir nelas muros, cercas, valas, tapumes etc. (de tapar, tapagem). As regras dessas relações de vizinhança dizem respeito ao fato de que onde termina um imóvel começa outro, logo, quando as estremas de particulares se juntam, o ato de delimitar, demarcar, cercar, murar etc., vai aproveitar aos DOIS imóveis. Dessa forma, as despesas para tais atos e obras devem ser repartidas entre os proprietários, podendo o interesse direto ser manifestado apenas por um (1297). Atenção: não é qualquer forma de tapagem que pode ser exigida do vizinho, mas somente as ordinárias. Quando os limites forem confusos, o que ocorre em razão dos instrumentos arcaicos com que foram feitas as demarcações no passado, a solução da questão se dá de acordo com o art. 1298 (posse, senão divisão, senão adjudicação com indenização). 5.1 TUTELA: Para estabelecer os limites, havendo lide, ação demarcatória (CPC, arts. 946, 950/966). Para simplesmente exigir o pagamento das despesas de tapagem em limites já estabelecidos, ação de cobrança. 6. Uso do imóvel vizinho O proprietário ou possuidor tem o DEVER de tolerar que o vizinho entre no imóvel para os efeitos previstos no art. 1313, desdeque haja prévio aviso, SALVO se o vizinho, no caso de objetos ou animais, os devolver. O Código não regula horários, dias, ou o tempo, valendo o bom senso entre as partes, mas, se houver qualquer tipo de dano, deverá haver reparação ou mesmo compensação. 7. Do direito de construir O proprietário pode construir o que quiser no seu imóvel, desde que obedeça aos regulamentos administrativos, como o código de posturas municipal, e, especialmente, o plano diretor, e bem assim, os direitos dos vizinhos. Além do óbvio, como, p.ex., o impedimento de ofensas religiosas, morais, de costumes etc., temos ainda o seguinte: - não despejar goteiras sobre o terreno/teto do vizinho (1300) – por isso não se pode construir a menos de 20cm sem a colocação de calhas (Código das Águas, Decreto 24.643/1934) - não abrir janelas a menos de um metro e meio do terreno vizinho, de modo que entre uma janela e outra deve haver três metros (1,5 m de recuo de cada lado, art. 1301), se direta, ou então, 75cm, se perpendicular (1,5m entre uma e outra, perpendicular)1 – sem janelas, pode construir até parede-meia; - na zona rural não existe parede-meia, sendo a distância mínima de três metros entre um imóvel e outro (1303). - não se pode encostar na parede divisória fornos muito grandes para não incomodar o vizinho (1308 e parágrafo único). - não se pode construir fossa junto de poço de água (1309). - não se pode executar obras arriscadas (1311) Sanção para o vizinho que violar estas regras: 1.312. Por outro lado, o vizinho pode: - exercer o direito de travejar ou madeirar (1304), ou seja, em casas alinhadas pode-se construir apoiando na parede divisória do vizinho, pagando a devida indenização. - pode colocar armário até o meio da parede divisória, se já não tiver armário do outro lado (1306). Finalmente, a diferença entre muro (obra de vedação) e parede (obra de vedação e sustentação). FIM Porém, há perguntas não respondidas ............................. 1 Isto se chama de vedação ao DEVASSAMENTO da propriedade alheia. 1. CONDOMÍNIO COM POSSE CON DOMÍNIO (CO-PROPRIEDADE) Reforçar os conceitos de POSSE e PROPRIEDADE, esta última cujo sinônimo, domínio, usado de forma preferencial no CC/16, deu origem a designação desta forma especial de propriedade (co-propriedade = com domínio). CONCEITO: É uma espécie de propriedade em que dois ou mais indivíduos são titulares em comum de um bem, exercendo cada qual posse e propriedade sobre fração ou parte da coisa. Exclusividade: o princípio da exclusividade – em que se verifica que dois ou mais titulares não podem ter o mesmo direito real (das coisas) sobre a mesma coisa – incidente sobre os direitos das coisas (posse inclusive), não é conspurcado pelo condomínio (assim como também não o é pela composse), visto que a propriedade de cada condômino exclui a do outro. Não significa, contudo, que os atos inerentes aos poderes da propriedade sejam excluídos, mas sim que somente poderão ser exercidos por cada condômino em relação a sua fração ideal, ainda que indivisa, e sempre de forma a não excluir este exercício por parte dos demais condôminos. O condomínio trabalha com uma ficção, visto que os condôminos são titulares da mesma coisa em abstrato. O condomínio é instável, ou seja, nasce para ser extinto, visto que ninguém é obrigado a remanescer em condomínio. 1.1. Classificação 1.1.1. Condomínio tradicional Regido pelo Código Civil. O condomínio tradicional é bipartido. Pode ser ordinário ou especial: a) Ordinário (CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO) Chamado de condomínio pro indiviso: todos os condôminos exercem posse e propriedade sobre o bem em sua integralidade. b) Especial (CONDOMÍNIO NECESSÁRIO) Chamado de condomínio pro diviso: todos os condôminos exercem posse e propriedade sobre parte certa da coisa. É o condomínio de muros, cercas, valas etc. – tem natureza jurídica de relação de vizinhança; somente haverá o condomínio se o muro etc. integrar o imóvel dos dois titulares. 1.1.2. Condomínio por unidades autônomas (EDILÍCIO – EM AULA SEPARADA) Tal modalidade de condomínio não era prevista pelo Código Civil de 1916, porém, hoje está estabelecido nos artigos 1.331 a 1.358. A Lei n. 4.591/64 é recepcionada naquilo que obviamente não contraria o novo Código Civil. Divide-se em duas espécies: condomínio de apartamentos: regido pelo Código Civil e pela Lei n. 4.591/64; condomínio de casas e terrenos (condomínio “privê”): regido pelo Código Civil, pelas Leis n. 4.591/64 e 6.766/79. 1.2. Estrutura Jurídica 1.2.1. Propriedade O jus utendi é limitado ao exercício do outro condômino; o jus fruendi é proporcional à qualidade ou quantidade das cotas; o jus disponendi é ilimitado; no jus serviendi todos os condôminos são titulares da ação reivindicatória e da nunciação de obra nova. A coisa comum não pode ser modificada sem a expressa anuência de todos os condôminos. Observação: condomínio germânico é aquele indissolúvel (ex.: regime de comunhão de bens entre marido e mulher: enquanto permanece o casamento não se dissolve o condomínio). Observação: condomínio romano é aquele que pode ser dissolvido quando as partes desejarem. 1.2.2. Posse Todos os condôminos são titulares do jus possidendi. O exercício da posse é pessoal, dependendo de expressa anuência de todos. A tutela possessória é ampla, podendo ser proposta contra terceiros ou mesmo contra outro condômino. Se o bem for divisível por natureza, pode gerar usucapião. 1.2.3. Responsabilidade REGRA GERAL (CC, art. 1315): a responsabilidade ocorre em relação às despesas e dívidas do bem, que serão proporcionais às cotas assumidas pelos condôminos. EXCEÇÃO (CC, art. 1318) Se a despesa for assumida por um dos condôminos em benefício do condomínio, haverá sub-rogação e direito de regresso em face dos demais condôminos proporcionalmente às cotas de cada um. O condômino que causar dano será responsável por ele. A responsabilidade civil é personalíssima, não se estendendo aos demais condôminos. 1.3. Extinção Deve-se observar a natureza do bem: Bem divisível: é aquele que pode ser fracionado sem perder suas qualidades. Há sempre uma presunção de divisibilidade quando houver dúvida. Bem indivisível: pode ser indivisível pela sua natureza, física ou economicamente: um diamante, um cavalo. Pode ser indivisível por determinação legal, por exemplo: fração mínima de parcelamento. Pode ainda ser indivisível por vontade das partes, por exemplo: doação com cláusula de indivisibilidade, que tem duração máxima de cinco anos. Se o bem for divisível, cada condômino pode alienar sua cota parte, independentemente do direito de preferência, que somente deverá ser observado quando o bem for indivisível (preempção). Preempção, ou direito de preferência, é a prerrogativa que o condômino tem, em relação ao estranho, de, em igualdade de condições, adquirir a coisa comum. A preempção pode ser legal ou convencional. 1.3.1. Preempção legal Quando um condômino desejar alienar a cota parte que possui em um bem indivisível, deverá notificar o outro condômino para exercer o direito de preferência. Essa notificação é formal e obrigatória. No caso de haver dois ou mais condôminos exercendo o direito de preferência, a lei confere alguns critérios de desempate: 1. Terá preferência o condômino que tenha feito benfeitorias na coisa. 2. Caso não haja benfeitorias, preferirá quem tiver o maior número de cotas. 3. No caso de não haver benfeitorias e as cotas serem iguais, preferirá aquele que primeiro depositar o valor em juízo. 4. Se nenhum dos condôminosdepositar o valor em juízo, deverá ser feito um sorteio. Se o bem for alienado sem que se outorgue o direito de preferência aos demais condôminos, estes poderão ingressar com uma ação anulatória no prazo de seis meses da data da ciência da venda, com o objetivo de anular o contrato e exercer o direito de preferência. A preempção legal atinge também a relação de locação. O proprietário de um bem somente poderá aliená-lo se notificar o locatário para que exerça seu direito de preferência na aquisição da coisa. No caso de sublocação, prefere o sublocador ao locatário. Havendo vários locatários, o primeiro critério de desempate é a data do contrato (o contrato mais antigo terá preferência); caso seja um único contrato de locação, terá preferência o locatário mais velho; por último, se não houver como utilizar os dois primeiros critérios, deve-se fazer um sorteio. O locatário também terá direito à ação anulatória no prazo de seis meses, caso o bem seja alienado sem sua notificação, para o exercício do seu direito de preferência. 1.3.2. Preempção convencional É uma cláusula especial no contrato de compra e venda, na qual o comprador outorga ao vendedor a possibilidade de readquirir a coisa, na hipótese de venda, em igualdade de condições com terceiros. Quando o comprador quiser vender o bem, deverá notificar o vendedor para exercer seu direito de preferência em 30 dias (para bens imóveis) ou em 3 dias (para bens móveis). Essa prerrogativa não se transmite aos herdeiros, é personalíssima. Se o bem for vendido sem que o antigo vendedor exerça o direito de preferência, o prejudicado não terá direito à ação anulatória, somente à indenização por perdas e danos. Observação: na preempção, o vendedor tem uma faculdade de comprar o bem no caso de o comprador vendê-lo. Difere da retrovenda, que não constitui nova alienação, mas sim pacto adjeto, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado em certo prazo (artigo 505 do Código Civil) CONDOMÍNIO EDILÍCIO 1. CONCEITO: Propriedade imobiliária especial que se caracteriza pela coexistência indissociável, no mesmo imóvel, de compartimentos de propriedade individual com áreas de propriedade em comum de tantos quantos forem os proprietários das unidades de propriedade individual. 1.1 FRAÇÕES IDEAIS: são as parcelas de propriedade das áreas comuns respectivas a cada unidade de propriedade exclusiva e devem ser expressas em percentual para facilitar a aplicação nos poderes e deveres dos condôminos. CC, Art. 1331. § 3º A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio. A forma de calcular as frações ideais é o custo da construção de cada unidade imobiliária em relação ao todo. 2. LEGISLAÇÃO: Atualmente, a Lei 4591/1964 e o CC, arts. 1331 em diante, regem a matéria. O CC não revogou a lei, porque não expressamente o declarou, tampouco regulamentou toda a matéria nela contida (LINDB, art. 2.º, §§ 1.º e 2.º), mas apenas criou situações novas, e regulamentou novamente algumas, logo, permanecem coexistindo as duas, com a ressalva de que, se houver conflito, o CC impera, por ser lei posterior. Curiosidade histórica: o DL 5481/1928 foi a primeira legislação a falar de condomínio edilício. Depois alterado pelo DL 5234/43, teve o título de “lei do condomínio horizontal”. 3. NATUREZA JURÍDICA Atualmente não mais se discute exatamente sobre a natureza jurídica do condomínio, mas sim a sua existência como realidade inquestionável, com direitos e deveres na ordem jurídica, e legitimidade ativa e passiva, nos termos do art. 12, IX, do CPC. 4. INSTITUIÇÃO e CONSTITUIÇÃO 4.1 ATO DE INSTITUIÇÃO: é o nascimento do condomínio edilício (1332), que é feito por escritura pública, devidamente registrada na matrícula do terreno, e que tem origem por 3 formas: a) destinação do(s) proprietário(s): mais de uma pessoa (física ou jurídica) constrói e depois vende, doa etc. b) incorporação: é o empreendimento/atividade que consiste em construir um edifício que abrigará condomínio edilício, geralmente com a venda ainda na planta (por antecipação) das unidades imobiliárias que o formarão. c) testamento: é a destinação do(s) proprietário(s) também, apenas que causa mortis. 4.2 ATO DE CONSTITUIÇÃO: é a convenção do condomínio, cuja natureza contratual era reconhecida, e como de adesão. Atualmente, porém, sua natureza estatutária e institucional é a ideia mais seguida, considerando que são os proprietários que podem subscrever uma convenção de condomínio (2/3 no mínimo, 1333), porém, não são apenas eles que deverão obedece-la, mas igualmente os possuidores, visitantes etc., e mesmo aqueles proprietários dissidentes (já que, se quorum de 2/3, pode haver recusa dos demais, que ainda assim estarão adstritos às suas normas). A convenção é um documento escrito, não necessariamente registrado, é a regulamentação da vida no micro mundo do CE. Contém, entre outras disposições (1.334), o regimento interno, que são as regras mais comezinhas do modus vivendi CC, art. 1334. I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; II - sua forma de administração; III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações; IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V - o regimento interno. § 1o A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular. CONDOMÍNIO EDILÍCIO II 1. DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS 1.1 DIREITOS Os direitos estão no 1335 e os deveres são obedecer à convenção e ao regimento interno, além do 1336. Art. 1.335. São direitos do condômino: I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades; II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores; III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite. POR PARTES, a) em relação às unidades de propriedade exclusiva (apartamentos, salas comerciais ETC): é como em qualquer outro bem, excetuando-se as garagens e outras partes da unidade, no que se refere ao direito de disposição e fruição. O PROBLEMA DAS GARAGENS: as garagens, dentro do condomínio edilício, podem ser três coisas diferentes. Ou são acessórios diretos da unidade imobiliária, ou são imóveis únicos (com matrícula própria) ou são áreas de uso comum definidas em composse pro diviso ou pro indiviso. Estas questões geravam situação bastante conflituosa dentro do condomínio edilício, porém, atualmente (desde 2012), prevê o § 1º do art. 1331: “§ 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio”. À parte de discussões sobre o direito de propriedade, esta solução legal tem como objetivo PROTEGER o condomínio, e tem sido aceita como limitação perfeitamente válida do direito de propriedade. Ainda, no caso de venda das garagens ou de outras partes das unidades de propriedade exclusiva, quando acessórios (quartos, salas etc.), para outros condôminos, ou mesmo uma subdivisão de compartimentos depropriedade exclusiva, há necessidade de alteração de todo o ato de instituição do condomínio edilício (art. 1332), o que demanda autorização de 100% dos condôminos. Importante mencionar que não é possível vender, de forma alguma, a garagem que é definida como área de uso comum (CC, 1339, § 1º). b) em relação às partes comuns: a) o direito de usar as partes comuns é “livre”, desde que se não exclua os demais condôminos; b) a reivindicação é igualmente livre, independente das frações ideais; c) a disposição não existe, salvo no que se refere às frações ideais, que vão em conjunto com as partes de propriedade exclusiva; d) a fruição é livre, salvo no que se refere às garagens, quando estas forem área comum (CC, art.; 1331, § 1º). c) assembleias: São as reuniões dos condôminos para deliberação de assuntos pertinentes ao condomínio. c.1) DOIS TIPOS: ordinárias e extraordinárias. As ordinárias são obrigatoriamente realizadas uma vez por ano, “...a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o regimento interno...” (CC, 1.350) As extraordinárias podem ser convocadas sempre que é necessário deliberar sobre qualquer assunto. c.2) CONVOCAÇÃO: quem tem obrigação de convocar assembleias é o síndico, porém, ¼ dos condôminos também tem esse poder, sempre preservada a via judicial no caso de necessidade não atendida pelo síndico ou por ¼ dos condôminos (CC, 1.350, § 2º). c.3) FORMA DE CONVOCAÇÃO: qualquer forma plausível é válida, desde que esteja expressa no ato de constituição (a CONVENÇÃO), conforme expressa o art. 1.334, III, do Código Civil. c.4) QUORUM: é a quantidade de votos necessária para a deliberação específica. c.5) QUORUM ESPECIAL: é quantidade determinada em lei ou na convenção do condomínio, sem a qual não se delibera sobre o assunto específico. Atenção, quando há quórum determinado em lei, a convenção não poderá altera-lo. c.6) QUORUM GERAL: quando não existe quórum especial, a assembleia deliberará em primeira convocação “..., por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais” (1352), ou, em segunda convocação “... a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial” (1353). c.7) CONTAGEM DO QUORUM: (CC, 1.352, parágrafo único) “Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio”. c.8) NULIDADE DA ASSEMBLEIA: (CC, art. 1.354) A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião. 1.2 DEVERES Simples leitura do art. 1.336 do Código Civil elucida a matéria, com as observações seguintes: O inciso I tem sanção específica no § 1º deste mesmo artigo. Os demais incisos, no § 2º. Todos estes deveres, no entanto, entre outros, descumpridos, podem ser objeto das sanções previstas no art. 1.337 do CC e seu parágrafo. OBS 1: Dívidas antigas de condomínio são de responsabilidade do atual dono, é obrigação real do 1345, que vincula a coisa, e não a pessoa do devedor. OBS 2: “As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve” (Art. 1.340). OBS 3: O inciso IV do art. 1.336 é regra do uso anormal da propriedade para o condomínio edilício, e tem como finalidade evitar que, por exemplo, a regra dos limites ordinários de tolerância da vizinhança seja ampliada para a vizinhança da edificação, restringindo-a ao micromundo do próprio condomínio. 2. ADMINISTRAÇÃO – SÍNDICO O síndico, essa figura tão controversa (odiado por muitos, amado por poucos), é quem administra e representa o condomínio edilício passiva ou ativamente. Pode ser ou não condômino. Tem mandato de até dois anos, suscetível de prorrogações infinitas (difícil passar o cargo), atentando-se, porém, aos §§ do art. 1.348: “§ 1o Poderá a assembléia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderes de representação”. “§ 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da convenção”. Existe ainda a possibilidade de se criar o conselho FISCAL “..., composto de três membros, eleitos pela assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico” (Art. 1.356). Dos deveres do síndico previstos no art. 1.348, a doutrina destaca a obrigação de realizar o seguro da edificação (inciso IX). 3. EXTINÇÃO a) perecimento = destruição da edificação (involuntária) b) demolição (voluntária). OBS: nesses casos, remanesce o condomínio, mas na forma tradicional voluntária, eis que as frações ideais sobre o terreno se conservam. c) desapropriação d) consolidação de todas as unidades exclusivas sob um único dono. Observe-se que aqui é o contrário do condomínio geral (TRADICIONAL), pois para vender é necessário o consentimento de todos, enquanto no condomínio geral basta um querer vender para se impor aos demais (CC, art. 1320). 2. DIREITOS DE AUTOR 2.1. Natureza Jurídica e Conceito de Direito de Autor O conceito está na Lei 9610/19981, no art. 7º. Será melhor visto e definido adiante, mas lá consta o seguinte: “São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: (segue rol exemplificativo)”. Podemos dizer então que qualquer expressão de criatividade artística, científica e literária, desde que inédita e representada (fixada) em algum lugar, é protegida como direito de autor. Quanto à natureza jurídica, resumindo centenas de anos de história, podemos considerar que os direitos de autor, no início de sua atenção pelos estudiosos do direito, era considerado meramente como “produto do meio”, ou seja, ao Autor era dado apenas o reconhecimento pelo seu talento, de exprimir em letras, canções, livros, poesias, pinturas etc., o que via e vivia. Nada lhe era dado, nem o reconhecimento da autoria e criatividade, nem qualquer valor pecuniário respectivo. Todavia, neste cenário, e certo que mesmo os mais talentosos precisam das necessidades vitais básicas, as artes, ciências etc. sofreram um tempo nebuloso, já que os autores passaram a dedicar-se a outras atividades para conseguir sustento, o que somente foi suprido quando se outorgou “caráter patrimonial” ao talento, permitindo então aos autores viverem da produção de suas obras artísticas, científicas e literárias. Um breve esboço das teorias a respeito (não citei as obras porque seria muito empenho, considerando que podem ser vistas na doutrina): Teoria Negativista: há autores que chegam a negar a própria natureza jurídica do Direito Autoral, ante o caráter social das ideias. MANZINI afirma que o pensamento pertence a todos, sendo uma propriedade social e, por isso, a inspiração da alma humana não pode ser objeto de monopólio. DEBOOR chega a afirmar que as obras do espírito pertencem ao povo. A obra protegida deveria pertencer à humanidade ou, na pior das hipóteses, ao Estado. Produto do Meio: outros autores, questionados por MALAPLATE, afirmam que a obra artística ou científica é mero produto do meio em que surgiu. Privilégio: de acordo com COLIN, CAPITANT, MEDEIROS (é nóis) e ALBUQUERQUE, o Direito de Autor seria um simples privilégio ou um monopólio de exploração, outorgado a autores para incrementar as artes, ciências e letras. Temosoutros autores que verificam uma natureza jurídica desse direito: 1 Vou fazer referência a esta lei doravante simplesmente como LDA – Lei dos Direitos Autorais. Direito da Personalidade: TOBIAS BARRETO e OTTO VON GIERKE, entre outros, entendem que o Direito de Autor é um direito da personalidade, sendo um elemento da própria personalidade cujo objeto é a obra intelectual, tida como parte integrante da esfera da própria personalidade. Propriedade Intelectual: IHERING, KOHLER, DERNBURG, entre outros, consideram o Direito de Autor como modalidade especial de propriedade, ou seja, uma propriedade incorpórea, imaterial ou intelectual. O próprio CASELLI entende que o Direito de Autor faz parte da grande categoria dos direitos patrimoniais, situando-se na subclasse de direitos reais, dentro do domínio ou propriedade. Afirma que o Direito de Autor é um direito de propriedade, regulando-se a matéria pelas regras da propriedade sobre coisas materiais, não dispondo a lei de maneira diversa. É uma relação jurídica de natureza pessoal-patrimonial. É pessoal no sentido de a personalidade do autor formar um elemento constante do seu regulamento jurídico e porque, sob certos aspectos, seu objeto constitui uma exteriorização da personalidade do autor, de modo a manter, constantemente, sua inerência ativa ao criador da obra. Representa, por outro lado, uma relação de direito patrimonial, porquanto a obra do engenho é, concomitantemente, tratada pela lei como um bem econômico. É, portanto, o direito de autor um poder de senhoria de um bem intelectual que contém poderes de ordem pessoal e patrimonial. Qualifica-se como um direito pessoal- patrimonial. Atualmente os direitos de autor são considerados como PROPRIEDADE da pessoa que os criou, e propriedade MÓVEL (LDA, art. 3º), a qual, no entanto, contém adaptações dos poderes de usar, fruir, dispor e reivindicar, que são especiais e únicas. A Constituição Federal de 1988, no capítulo dos Direitos e Garantias Individuais assegura, no artigo 5º, inciso XXII, o direito de propriedade. No inciso IX, garante a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou de licença. No inciso XIII, garante o livre exercício de qualquer trabalho. No inciso XXIX, garante o privilégio temporário para a utilização, por parte dos autores, de seus inventos industriais. No inciso XXVII, determina: “aos autores de obras literárias, artísticas e científicas pertence o direito exclusivo de utilizá-las. Esse direito é transmissível por herança, pelo tempo que a lei fixar”. Por fim, no inciso XXVIII, “b”, estabelece o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras criadas. 2.2. Conteúdo dos Direitos Autorais Como visto, a LDA, em seu artigo 7º, conceitua a obra intelectual protegida – “as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; (...) V - as composições musicais, tenham ou não letra; (...) XII - os programas de computador”. Como o rol é exemplificativo, entendo que a obra para ser protegida está vinculada a dois critérios. O primeiro critério é conceitual mesmo, sendo que ela precisa ter os seguintes requisitos: a) SER CRIADA POR UMA PESSOA: não se protegem obras criadas por animais, ou por computadores. Elas têm que ser criações do espírito humano. b) SER INÉDITA: ou seja, não pode ser cópia de outra obra. Existem obras que são derivadas, mas mesmo estas “...constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária;”, conforme expressa o art. 5º, inciso VIII, g da LDA. c) ESTAR FIXADA: cuidado! As obras não precisam de registro para ser protegidas (LDA, art. 18), mas precisam estar fixadas, ou seja, expressas em algum lugar onde se possa comprova-las. Não incluo nestes requisitos a ideia de valor econômico nem de utilidade, porque considero abstratas no caso. Vejam, valor econômico de um direito do autor somente atrairia o aspecto financeiro, e eles têm um conteúdo duplo, de caráter moral e patrimonial (arts. 22 e 24 da LDA), conforme adiante veremos. O direito moral é sempre preservado porque é direito de personalidade do autor. O valor econômico pode variar muito, hoje ínfimo, amanhã vultuoso, porque tratamos de algo intangível. Utilidade da mesma forma. Hoje não agrada, amanhã é cult, e assim por diante. O outro critério, é não estar relacionada no art. 8º da LDA, que tem rol taxativo, conforme abaixo: 2.2.1. Objeto não protegido O artigo 8º da LDA informa que não são objetos de proteção como direitos autorais: as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais; esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios; os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções; os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais; as informações de uso comum, tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas; os nomes e títulos isolados; o aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras. 2.2.2. Titularidade Como é criação do espírito humano, o titular de direitos de autor é SEMPRE a pessoa física criadora da obra. Ele pode, no entanto, ceder seus direitos patrimoniais, prévia ou posteriormente, para outras pessoas, inclusive jurídicas. O artigo 12 da Lei dos Direitos Autorais determina que “para identificar-se como autor, poderá o criador da obra intelectual usar de seu nome civil, completo ou abreviado, até de suas iniciais, de pseudônimo ou de qualquer sinal convencional”. 2.2.4. Prazo de proteção Quando a obra realizada em co-autoria for indivisível, o prazo de 70 anos de proteção aos direitos patrimoniais será contado da morte do último dos co-autores sobreviventes. Os direitos do co-autor, que falecer sem sucessores, serão acrescidos aos sobreviventes. 2.2.5. Registro da obra NÃO PRECISA REGISTRO, apenas fixação. Todavia, continua em vigor o artigo 17 da Lei n. 5.988/73 sobre o registro das obras intelectuais, e, uma vez QUERENDO, o autor, pode registrar suas obras onde melhor se adaptem, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da UFRJ, no Instituto Nacional do Cinema, ou no CREA. Caso a obra comporte registro em mais de um desses órgãos, deverá ser registrada naquele com que tiver maior afinidade (§ 1º). Caso não se enquadre em nenhuma dessas entidades, o registro deverá ser feito no Conselho Nacional de Direito Autoral (§ 2º). A falta do registro não acarreta qualquer privação dos direitos conferidos ao autor. 2.3. Direitos Morais do Autor Além do aspecto econômico do direito autoral, existe também o aspecto moral do direito do autor. O artigo 22 da Lei dos Direitos Autorais afirma que o autor é titular de direitos morais e patrimoniais sobre a obra intelectual que criou. Além de recair sobre a retribuição material da obra intelectual, o Direito Autoral recai também sobre o conteúdo ideal do trabalho, o que está muito acima de interesses pecuniários, e que consiste na prerrogativa de fazer com que a obra seja intocável mesmo depois de alienada, de exigir que ela venha sempre acompanhada do nome do autor e de melhorá-la quando lhe for conveniente. O próprio SILVIO RODRIGUES afirma que o direito moral do autor é uma prerrogativa de caráter pessoal, sendo um direito personalíssimo do autor. Tal direito é inalienável e perpétuo, enquanto o direito patrimonial é temporário e transmissível. São direitos morais do autor: reivindicar a autoria da obra (não há prazo); ter o nome, pseudônimo ou qualquer sinal para caracterizar o titular como autor; conservar a obra inédita; assegurar a integridade da obra (coibir modificações ou ataques morais); modificar a obra, antes e depois de ser utilizada; retirar a obra de circulação ou suspender a sua utilização, já autorizada, quando afrontar a reputação e a imagem; ter acesso a exemplar único e raro da obra que se encontre legitimamente com terceiros. Não tem direito de autor o titular cuja obra foi retirada de circulação em virtude de sentença judicial, por ser tida como imoral, pornográfica, obscena, racista, de incitação à violência etc. Os sucessores têm, dentre os citados direitos morais do autor, os quatro primeiros, apenas. Os direitos morais do autor são inalienáveis, irrenunciáveis e perpétuos (artigo 27 da LDA). O Estado deve defender a integridade e a autoria da obra caída no domínio público (artigo 24, § 2.º). O direito de modificar a obra é personalíssimo do autor, que pode repudiar qualquer alteração não consentida. Nem mesmo os herdeiros podem modificar a obra, e muito menos o editor. Esse, de acordo com o artigo 66 da Lei dos Direitos Autorais, não pode nem fazer abreviações, adições ou modificações na obra, sem permissão do autor. 2.4. Direitos Patrimoniais do Autor São tudo que resulta em proveito econômico ao autor. São incomunicáveis, exceto os rendimentos resultantes de sua exploração, e salvo se ao contrário dispuser o pacto antenupcial (artigo 39 da Lei dos Direitos Autorais). Segundo o artigo 29, a utilização da obra depende de expressa autorização do autor, para os fins de: reprodução parcial ou integral; edição; adaptação, arranjo musical ou quaisquer transformações; tradução para qualquer idioma; inclusão de fonograma ou produção audiovisual; distribuição, quando não implícita em contrato; distribuição generalizada, via satélite, por exemplo, ou por outro meio equivalente; utilização da obra literária ou outra qualquer, por representação, recitação, declamação, ou por qualquer outro meio pelo qual a mesma seja exposta; inclusão da obra armazenada por computador, microfilmagem ou qualquer outra; qualquer modalidade de utilização que venha a ser inventada. É necessária a autorização do autor para reproduzir qualquer obra que não esteja em domínio público, para comentá-la ou “melhorá-la” (artigo 30 da Lei dos Direitos Autorais). É imprescindível a prévia licença do autor para que haja direito de transposição como, por exemplo, para que de um romance se extraia peça teatral, para que se reduza a verso obra em prosa. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reprodução da obra originária e nem implicarem em descrédito (artigo 47 da Lei dos Direitos Autorais). Qualquer derivação do direito de autor deve ser contratada POR ESCRITO (LDA, art. 50), e sempre de forma ONEROSA, presumindo-se sempre que a vontade do autor, quando cede gratuitamente, foi viciada, se posteriormente contestar essa vontade. É uma espécie de in dubio pro autor. 2.5. Duração dos Direitos Autorais Os direitos patrimoniais do autor estão sujeitos, para o seu exercício, a uma limitação do tempo. A duração do direito autoral é o tempo de vida do autor da obra intelectual. Com o seu falecimento, seus herdeiros e sucessores terão o direito de reproduzir sua obra, durante 70 anos, a contar de 1º de janeiro do ano subsequente ao de sua morte, obedecida a ordem sucessória da lei civil (Lei n. 9.610/98, artigo 41). Após esse termo legal, a obra cai no domínio público, passando a fazer parte do patrimônio da coletividade. Uma vez vencido o tempo de proteção legal ao seu autor, sucessor ou cessionário, caindo a obra em domínio público, torna-se possível o seu aproveitamento econômico por qualquer pessoa. Compete ao Estado a defesa da integridade e da autoria da obra caída em domínio público (artigo 24, § 2.º). Quando a obra intelectual realizada em colaboração for indivisível, o prazo de proteção, ditado pelo artigo 41, será contado da morte do último dos colaboradores sobreviventes (artigo 42). Também será de 70 anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras anônimas ou pseudônimas, contados a partir de 1.º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da primeira publicação (artigo 43). Se o autor, todavia, antes do decurso desse prazo, se der a conhecer, aplicar-se-á o disposto no parágrafo único do artigo 41 da LDA. Atenção! Será de 70 anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas, a contar de 1.º de janeiro do ano subsequente ao de sua divulgação (artigo 44). Além das obras em relação às quais transcorreu o prazo de proteção dos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio comum: as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores; as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais (artigo 45). Não serão de domínio público da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas (artigo 6º LDA). Não há com essa limitação nenhuma violação ao direto de propriedade, eis que se entende, ainda, que as obras são, de certa forma, produto do meio TAMBÉM, e não só da criatividade do autor. O legislador pretendeu apenas disseminar a arte e a cultura, permitindo amplamente a reprodução ou execução dessas obras a preço inferior. O domínio público permitirá, ao mesmo tempo, a divulgação da cultura e o barateamento da obra pela livre exploração. Mas sempre restará preservada a criação da obra, já que o direito moral de ter seu nome ligado é PERPÉTUO do autor. 2.6 Violação aos direitos de autor Chama-se CONTRAFAÇÃO a violação aos direitos de autor. Na esfera penal, os arts. 184 a 186 do Código Penal estabelecem penas (abaixo). Na esfera civil, são os arts. 186 e 927 (ato ilícito e indenizações) que protegem o fato. A defesa dos interesses do autor compreende a apreensão de materiais e cópias, sem qualquer indenização ao contrafator, e indenização que compreende todo e qualquer lucro que este teve com o ato. Se não puder se estimar o valor do lucro, ele será arbitrado em 3.000 (TRÊS MIL) vezes o valor da obra (LDA, arts. 102 e 103). Todavia, há que se analisar os arts. 46 a 48 da LDA, onde se encontram as chamadas LIMITAÇÕES AO DIREITO DE AUTOR, elencando situações em que não haverá contrafação, mesmo com reproduções de obras. 2.7 Direitos conexos Mera transcrição do art 89 elucida a questão: “As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão”. Com a ressalva necessária do parágrafo único: “A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas”. ANEXO I CÓDIGO PENAL Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. § 1 o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2 o Na mesma pena do § 1 o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação dodireito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente. § 3 o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 4 o O disposto nos §§ 1 o , 2 o e 3 o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. Usurpação de nome ou pseudônimo alheio Art. 186. Procede-se mediante: I - queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; II - ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1 o e 2 o do art. 184; III - ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público; IV - ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3 o do art. 184. 3. DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS Direitos reais sobre coisa alheia é aquele constituído sobre propriedade de outra pessoa (propriedade alheia), onde o proprietário transfere a terceiro fração ou prerrogativas de poder que lhe são inerentes, ou seja, os titulares dos direitos reais sobre coisa alheia (superficiário, usufrutuário, credor hipotecário etc.) recebem parcela dos poderes que tem o proprietário. O artigo 1.225 do Código Civil traz um rol taxativo dos direitos reais, apresentando aqueles sobre coisa alheia a partir do inciso II. O rol é taxativo, tendo em vista a reserva legal, pois não é possível que qualquer ato que não lei federal possa criar direitos erga omnes (CF, art. 22, I). 3.1. Direitos Reais Limitados de Uso e Fruição É aquele em que o titular transfere a terceiro o direito de usar ou o direito de usar e fruir, remanescendo com o direito de dispor da coisa. Estão dentro desse direito real limitado de fruição (seu titular é indicado entre parênteses): Superfície (superficiário) – CC, art. 1.369 ss; Servidão (dono do imóvel dominante) – CC, art. 1.378 ss; Usufruto (usufrutuário) – CC, art. 1.390 ss; Uso, Concessão do Direito Real de Uso e Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia(usuários) – CC, art. 1.412 ss; Habitação (usuário ou habitante) – CC, art. 1.414 ss. 3.2. Direito Real De Aquisição É aquele gerado no compromisso de compra e venda, contrato preliminar específico que obriga as partes à confecção de um contrato definitivo, alçado pelo Código Civil à categoria de DIREITO REAL DE AQUISIÇÃO, ou seja, o promitente comprador tem prerrogativa de direito real na adjudicação compulsória do bem. Direito Real do Promitente Comprador de Imóvel (promitente comprador de imóvel) – CC, art. 1.417 e 1.418. 3.3. Direitos Reais Limitados de Garantia Limitação na qual o proprietário transfere a terceiro a prerrogativa da execução (benefício de excussão) sobre um bem certo, dado em garantia numa outra relação principal. Estão dentro dos direitos reais de garantia: Hipoteca (credor hipotecário) – CC, art. 1.431 ss. Penhor (credor pignoratício) – CC, art. 1.473 ss. Anticrese (credor anticrético) – CC, art. 1.506 ss. SUPERFÍCIE: 1. GENERALIDADES: - Estatuto das cidades (lei 10.257/2001), marcou o reingresso do instituto no nosso ordenamento jurídico, extinto que se achava desde o advento da Lei 1.257/1864. - Com algumas diferenças que serão abordadas na sequência, o CC praticamente repetiu o referido Estatuto. - Todavia, o Código Civil não revogou em nada o Estatuto das Cidades, sendo este uma lei complementar diretamente voltada ao desenvolvimento das cidades e dos planos urbanísticos e de política urbana, como regulamentação dos arts. 182 e 183 da CF – VIDE ART. 1.º e seu parágrafo. LEI 10257/2001. Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. - Assim, esclarecendo a questão: quando tratarmos de questões essencialmente urbanas, ligadas ao desenvolvimento das cidades e qualquer fato ou fundamento que recaia na incidência dos arts. 182 e 183 da CF, aplicar-se-á o Estatuto. quando não, o CC. 2. CONCEITO: O ESTATUTO prevê no § 1º do art. 21 consistir o direito de superfície na faculdade de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística. O CÓDIGO CIVIL preferiu defini-lo como o direito real de construir ou de plantar em terreno alheio, excluindo dessa utilização, salvo quando inerente ao objeto da concessão, o uso do subsolo e o espaço aéreo (este último por extensão lógica do art. 1.229 do CC). Qual seria então o conceito ideal? Certamente um que pudesse condensar as duas esferas de aplicação do instituto: "é o direito real autônomo, temporário ou perpétuo, de fazer e manter construção ou plantação sobre ou sob terreno alheio; é a propriedade - separada do solo – dessa construção ou plantação, bem como é a propriedade decorrente da aquisição (do direito) feita ao dono do solo de construção ou plantação nele já existente" Sobrelevação é a superfície concedida para AUMENTO de construção ou plantação já existente, limitando a propriedade superficiária apenas a esse aumento. Cisão é superfície concedida sobre imóvel já plantado ou edificado, realizando um “corte jurídico” (cisão) da plantação ou construção, “separando-a” do solo. 3. ELEMENTOS: 3.1. Objeto: Somente bens imóveis, em qualquer hipótese. SOBRELEVAÇÃO e CISÃO 3.2. Partes: Proprietário, fundieiro ou concedente, é, dentro da superfície, o titular do direito de propriedade; Superficiário, é o titular do direito de superfície. 4. CARACTERÍSTICAS: 4.1. Gratuito ou oneroso (CC, art. 1.370 / Estatuto, art. 21, § 2.º) 4.1.1. Ambulatoriedade: o superficiário responde por todos os encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (CC, 1.371 / Estatuto, 21, § 3.º), embora em um ou outro caso (no Estatuto há previsão expressa, ex vi legis), poderá ser estipulado em contrário, já que se trata de direito patrimonial perfeitamente disponível. 4.1.2. “Laudêmio”: pelo CC, p.ún. do 1.372, não haverá pagamento pela transferência em nenhuma hipótese. No Estatuto, § 4.º do art. 21, fica sob estipulação das partes. 4.2. Temporário = tempo determinado (CC, 1.369) /determinado ou indeterminado (Estatuto, art. 21), mas nunca perpétuo. 4.3. Alienável (cessível, penhorável, hipotecável, etc.) vai à sucessão (CC, 1372/ Estatuto, 21, §§ 4.º e 5.º). 4.3.1. Preferência: o direito de superfície gera preferência na aquisição da propriedade, e também do proprietário na aquisição da superfície (CC, art. 1.373e ESTATUTO, art. 22). 5. MODOS DE CONSTITUIÇÃO 5.1.Por contrato: Em razão de sua natureza de direito real, a constituição do direito de superfície por contrato, demanda forma solene, representada pela escritura pública para que produza os efeitos jurídicos pertinentes. Essa circunstância não foi esquecida pelo legislador que, ao tratar do tema no mencionado artigo legal, estabeleceu que a concessão do direito se realizaria mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis (art.21) conforme igualmente previsto no CC em seu art.1.368. 5.2. Por testamento: Se é possível a contratação inter vivos, porque não o seria a constituição da superfície causa mortis, embora não haja dispositivo expresso nesse sentido. 5.3. Por usucapião: In abstrato, perfeitamente possível, nos mesmos moldes e prazos do usucapião da propriedade IMÓVEL. Se o bem é passível de alienação isolada, é passível de aquisição, pode ser, em abstrato, objeto de usucapião. Registro o exemplo:" ...pode perfeitamente um indivíduo exercer actos de posse sobre uma casa que está construída, e exercê-los com um animus, não de pleno proprietário, mas de superficiário porque, p.ex., lhe foi vendida por acto nulo a casa separada do solo." Ademais, não se há de olvidar que o proprietário pode, por ato nulo, porquanto não observada a formalidade legal, instituir direito de superfície, seja verbalmente, seja por escrito particular. Ao fim de determinado tempo, é lícito ao possuidor adquirir o direito pelo meio referido. DIREITO COMPARADO: Essa circunstância não é estranha ao direito comparado, eis que prevista no art.900 do Código Civil Alemão, cuja ocorrência se dá quando o direito de superfície tenha estado indevidamente inscrito durante 30 anos e o titular do direito haja possuído o imóvel durante esse tempo, a título de direito de superfície. 6. EXTINÇÃO: Como direito real que é, extingue-se com renúncia, abandono, desapropriação, consolidação, perecimento do objeto, morte do superficiário sem sucessores, descumprimento de obrigações contratuais (Estatuto, 23, II), advento do termo (lógico) e destinação diversa do superficiário (CC, art. 1.374 / Estatuto, 24, § 1.º) Destas convém apenas assinalar o seguinte: na desapropriação (CC, art. 1.376): cada qual das partes, proprietário e superficiário será indenizado do que lhe pertencer. 6.2. Efeito da extinção (CC, art. 1.375 / Estatuto, 24): extinta a concessão, ao proprietário passará a pertencer tudo quanto no imóvel houver, salvo disposição contratual em contrário. Cuidado: a “disposição em contrário” apenas se refere a eventual indenização devida ao superficiário, sendo que a propriedade das acessões e benfeitorias será do proprietário do imóvel de qualquer forma. ANEXO Seção VII Do direito de superfície Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis. § 1o O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística. § 2o A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa. § 3o O superficiário responderá integralmente pelos encargos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, arcando, ainda, proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos sobre a área objeto da concessão do direito de superfície, salvo disposição em contrário do contrato respectivo. § 4o O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, obedecidos os termos do contrato respectivo. § 5o Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-se a seus herdeiros. Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de superfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente, terão direito de preferência, em igualdade de condições à oferta de terceiros. Art. 23. Extingue-se o direito de superfície: I – pelo advento do termo; II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário. Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato. § 1o Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito de superfície se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para a qual for concedida. § 2o A extinção do direito de superfície será averbada no cartório de registro de imóveis. SERVIDÃO 1. Conceito: Servidão é o direito real constituído sobre um IMÓVEL (chamado serviente), em favor de outro prédio (chamado dominante), desde que pertencente a dono diverso, que se constitui pela criação de uma utilidade, comodidade, facilidade (etc) ao prédio dominante, gravando (onerando) o prédio serviente. 2. Características da servidão: - é uma relação entre 2 prédios (IMÓVEIS): obrigatoriamente deverão haver dois imóveis distintos, e vizinhos, eis que sem isso não haverá a relação dominante - serviente); - estes prédios devem pertencer a donos distintos: se forem do mesmo dono, entende-se como um todo único, passível de todo o exercício de direitos inerentes a propriedade, e portanto, não há constituição de servidão) – neminen res sua servit; - a servidão serve a coisa, não o dono do prédio: adere, como direito real, ao bem, todavia, por óbvio, quem exerce o direito decorrente da servidão é o homem (o proprietário), já que hominum est causa omne jus constitutum e servitus in faciendo consistere nequit (um não fazer, suportar, deixar fazer etc., logo, sempre, como regra, uma obrigação negativa a ser cumprida pelo proprietário do imóvel serviente). a servidão deve ser comprovada por quem a alega; - não se presume (art. 1.227 e 1.378): é sempre interpretada stricti juris, nos limites da utilidade concedida ou necessária, não permitindo outra utilização; seu exercício deve sempre ser o menos oneroso para o prédio serviente. - é direito real, acessório, permanente, indivisível e inalienável: real, porque consta do numerus clausus do art. 1.225, além de ser oponível erga omnes, e estar vinculada totalmente ao prédio acessório, porque acompanha o imóvel, quando este for vendido, ou melhor, quando transferido o direito de propriedade, o acessório servidão o segue pelo princípio da ambulatoriedade, permanente (e não propriamente perpétua, como querem alguns), já que durará enquanto houver a necessidade. Salvo outras hipóteses de extinção, que serão vistas, este é o maior fundamento da existência, e conseqüentemente inexistência, de uma servidão (servir, ademais, é o fundamento). indivisível, não deriva, ainda que haja divisão dos imóveis, dominante ou serviente, a servidão continuará íntegra, no mesmo lugar onde estava – pro parte dominii servitutem adquiri non posse. Além disso, também conforme art. 1.386, não há possibilidade de se criar automaticamente “subservidões” – servitus servitutis esse no potest. inalienável, não pode ser vendido, porque somente existe para que sirva aquele prédio dominante. Se ocorresse eventual venda, haveria então um extinção de uma servidão, econstituição de uma nova servidão para outro prédio, mas não se concebe a aquisição derivada de uma servidão, salvo por acessoriedade do direito de propriedade, transferido por derivação. 3. Classificação Servidão aparente ou não aparente: aparente é aquela que se apresenta por meio de atos exteriores, atos materiais (servidão de água). A não aparente é aquela em que não existem atos exteriores (exemplo: servidão de iluminação). Servidão contínua ou não contínua: a contínua existe quando o seu exercício for de ato material ininterrupto (servidão altius non tollendi, servidão de aqueduto). A descontínua é aquela em que a prática dos atos sofre interrupção (exemplo: servidão de passagem). Servidão urbana e rústica: a urbana envolve atividade de natureza urbana. A rural é aquela em que a atividade desenvolvida é de natureza rural. Observação: o que determina a natureza da servidão é a natureza da atividade e não a sua localização, conforme reiterada jurisprudência. Servidões positivas e negativas: Positivas são as servidões que se caracterizam pelo exercício de alguma atividade por parte do prédio dominante, como, pe.x. a de passagem, a de tirar água, a de travejar na parede do outro, etc. Uma ação do prédio dominante, uma inação (não fazer - tolerar) do serviente. Negativas são aquelas servidões que se constituem por conta de uma omissão necessária do prédio serviente, sem contudo ação do prédio dominante, que ainda assim, e tão-somente por isso, se beneficia. 4. Constituição da servidão A servidão poderá decorrer da vontade das partes ou de uma sentença judicial, ou da lei. Atenção: haverá servidão somente após o registro no CRI (CC, 1227; 1.378) - Servidão decorrente de vontade das partes (contrato) ou da vontade de terceiro (testamento, doação ou destinação do proprietário (o senhor de dois imóveis constitui algo semelhante a uma servidão entre eles. Quando alienar um dos imóveis, esta destinação anterior pode se transformar em servidão)). Pode ainda decorrer de um contrato ou de um ato unilateral, que pode ser gratuito ou oneroso - Servidão decorrente de sentença judicial: pode-se estabelecer uma servidão numa ação de usucapião ou em uma ação confessória (ação constitutiva de servidão) ou da ocorrência de ação de divisão (CPC, arts. 979, 980). - Usucapião de servidões: Está no art. 1.379, no caput, o ordinário, no parágrafo único o extraordinário. Res habilis, titulus (no ordinário), fides, possessio, animus domini, tempus, e apenas de servidões APARENTES, ou que sejam “tornadas aparentes”, digo, que se possa definir com exatidão. ATENÇÃO PARA A QUESTÃO DO TEMPO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. O art. 1238, para a propriedade, estabelece prazo de 15 anos. Não pode, portanto, o mero acessório exigir mais do que o principal. Assim, limita-se o tempo de usucapião extraordinária de servidão (doutrinária e jurisprudencialmente) em 15 anos também. O artigo 1.213 do Código Civil dispõe que somente uma servidão aparente e contínua poderá ter proteção possessória e, via de regra, gerar ação de usucapião (já que está no capítulo de efeitos da posse, e a prescrição aquisitiva é sem dúvida um dos mais evidentes efeitos da posse). A Súmula n. 4151 do Supremo Tribunal Federal, entretanto, dispõe que há uma exceção a essa regra, tratando-se da servidão de passagem, que é uma servidão aparente e descontínua, mas, com proteção possessória. 5. Direitos e deveres dos titulares O titular do imóvel dominante tem a obrigação da manutenção da coisa – essa manutenção implica exercício restrito ao que foi estabelecido – e tem o direito de usar e fruir. O titular do imóvel serviente tem a obrigação de sujeição – uma obrigação negativa, não fazer – e tem o direito de exigir indenização quando não houver manutenção da coisa ou quando o uso for indevido. Também tem o direito de usar e fruir da área da servidão, desde que não perturbe de qualquer forma o uso por parte do titular do d.r.s.c.alheia 6. Extinção da servidão a) Consolidação: Se houver um titular para todos os imóveis, extingue-se a servidão (CC, art. 1.389, I – neminen res sua servit). b) Contrato (ou distrato): As partes podem convencionar a extinção da servidão por meio de um contrato. c) Renúncia: Pode-se extinguir a servidão por um ato unilateral (renúncia à servidão) (CC, 111 Súmula 415. STF. Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória. Pedro Highlight Pedro Sticky Note ânimo de dominante; art. 1.388, I – ATENÇÃO: o titular pode renunciar, ou seja, o dono atual do imóvel dominante). d) Resgate: é o contrário da renúncia (CC, art. 1.388, III). No resgate é por iniciativa do dono atual do imóvel serviente. Depende sempre do consentimento do dominante, que é o titular do direito real. Assim, assemelha-se à extinção por contrato (distrato). e) Perecimento: da servidão: a cessação da utilidade ou comodidade para o prédio dominante, que é a razão maior da servidão (CC, art. 1.388, II). do objeto: o perecimento do objeto sobre o qual recai faz desaparecer a propriedade (CC, art. 1.275, IV). Logo, desaparecendo a propriedade – ou melhor, o BEM, extingue- se como acessório, também o direito de servidão. f) Desapropriação: A servidão também poderá ser extinta pela desapropriação (CC, art. 1.387). g) Decadência: O não uso por 10 anos consecutivos extingue a servidão (CC, art. 1.389, III). h) Abandono: como qualquer outro direito real, também extingue a servidão. USUFRUTO 1. Conceito É o direito real limitado pelo qual o proprietário da coisa transfere a terceiro o direito de usar e fruir de forma temporária, remanescendo o titular com prerrogativa real sobre a coisa. OBS: O antigo CC trazia em seu art. 713 a definição de USUFRUTO como sendo “o direito real de fruir as utilidades de uma coisa enquanto temporariamente destacado da propriedade”. 2. Objeto: Podem ser objeto de usufruto: móveis ou imóveis, todo um patrimônio ou parte dele (CC, art. 1390) títulos de crédito (CC, art. 1.395), neste, um usufruto sui generis, vez que o uso praticamente inexiste, e sim os frutos (juros) é que são colhidos pelo usufrutuário, que ao final devolve o montante; bens consumíveis (§ 1º do art. 1.392). Nesse caso, sendo bens móveis consumíveis, assemelha-se ao mútuo (CC, arts. 586 a 592) vez que o dispositivo legal manda que se devolvam ao final do usufruto em mesmo gênero, quantidade e qualidade, ou, ainda, não sendo possível, seu valor ao tempo da restituição. Florestas e recursos minerais, (CC, art. 1392, § 2º) são bens igualmente consumíveis, se o usufruto recai diretamente sobre eles, então vale a regra anterior, ou seja, é mútuo. Todavia, se em um imóvel dado em usufruto há florestas e recursos minerais, somente poderá o usufrutuário deles dispor conforme a destinação prevista em lei, além de, havendo, limitar-se ao previsto em contrato, que poderá até mesmo impedir sua exploração, já que não se tratam de frutos, mas sim de PRODUTOS. Por conta dessa característica, em não sendo expressamente permitido, tem-se que é proibido o uso de recursos minerais e florestas (etc.). Todavia, a idéia não é absoluta, vez que uma vez sendo a atividade principal do bem objeto do usufruto a exploração desses recursos, e não havendo vedação, é notório, de presunção forte, que o proprietário quis ceder ao usufrutuário tal exploração, pois do contrário perde o sentido o instituto. Por último, em sendo permitido, dever-se-á observar o disposto acerca de bens consumíveis, se outra coisa nãose dispuser em contrato (indenização suplementar etc.). 3. Natureza Jurídica e Princípios DIREITO REAL (CC, art. 1.225, inciso IV), direito real sobre coisa alheia, porque é “destacado da propriedade”, ou seja, quer dizer que não é o proprietário quem usufrui, na medida em que é a propriedade que reúne os direitos de uso e fruição, que, uma vez destacados sob a forma de direito real sobre coisa alheia, constituem o usufruto. INTUITU PERSONAE: o usufruto é constituído em favor de uma pessoa específica, salvo a previsão do art. 1411 do CC. PERSONALÍSSIMO, o usufruto é um direito real personalíssimo do usufrutuário. Assim, não vai a sucessão, e apenas deriva no caso do art. 1.411 do CC, com ressalvas, no sentido de que não pode prejudicar a legítima dos herdeiros necessários. DIVISÍVEL, ou seja, pode-se estabelecer um co-usufruto de usufrutuários (vários (+ de um) usufrutuários sobre um mesmo bem). GRATUITO ou ONEROSO, porque a lei não veda as duas formas, mas deve ser gratuito, tendo em vista seus fins, e, ademais, se pudesse se estipular remuneração ao nu-proprietário, teríamos a insustentável situação de que este perceberia frutos também, o que não é do instituto, onde um aufere frutos (usufrutuário), o outro tem a propriedade (nua-propriedade). TEMPORÁRIO, uma vez que se extinguee por termo fixado em sua constituição, ou com a morte do usufrutuário, ou com a dissolução da pessoa jurídica (ou ainda, nesta última hipótese, no prazo de trinta anos se até lá não se dissolver a p.j.). INALIENÁVEL, conforme prevê o art. 1.393. (Interessante mencionar que o art. 717 do CC/16 previa a possibilidade de venda do usufruto ao proprietário da coisa, o que não ocorre no NCC, 1.393. Logo, não há mais esta possibilidade). EMBORA, pelo mesmo art 1.393 do CC, seja CESSÍVEL, embora não seja alienável é cessível em seu exercício, quer por título gratuito ou oneroso, desde que o cessionário não seja o proprietário, porque aí haverá consolidação, ou, no mínimo (e põe mínimo nisso, um nada jurídico, ou escancarada fraude contra credores). Pode-se, todavia, locar, arrendar, etc., ou seja, colher os frutos civis da coisa. IMPENHORÁVEL, em decorrência da inalienabilidade e a cessibilidade, decorre que o direito do usufruto é impenhorável, porque inalienável. Mas o exercício efetivo é passível de penhora, vez que se pode penhorar os frutos, e assim, nomear-se um administrador para que dê a destinação de pagamento ao credor dos frutos havidos do bem (arts. 716 a 729 do CPC). Pago o credor, volta o usufrutuário a ter plenos direitos (os que o usufruto lhe dá, lógico) sobre o bem. Então assim não se fala em penhora do usufruto, vez que a venda (arrematação ou adjudicação) em hasta pública (alienação total forçada por ato de jus imperii) não é possível. APENAS o exercício, temporário, é que se pode penhorar. E se o usufrutuário morre (ou qualquer outra forma de extinção do usufruto?). Cessa, lógico, a constrição, vez que de forma outra estaríamos fazendo o proprietário pagar pela dívida do usufrutuário. O uso pode ser também objeto da penhora e consequente exercício por parte do credor? Se a fruição pode, logicamente o uso também poderá, do contrário estar- se-ia maculando o instituto, embora posições contrárias sejam encontradas na jurisprudência e na doutrina. 4. Espécies 4.1. Quanto à origem Por lei: - No direto de família (artigo 1.689, inciso I, do Código Civil), o pai é usufrutuário do bem do filho menor (o usufruto serve para proteger o filho, nascendo do poder familiar). - há o art. 1.652, I LEGAL, determinado em lei, que é, p.ex. o dos pais sobre os bens do filho menor (art. 1.689, I), do cônjuge no art. 1.611 do ACC, que virou direito de habitação no art. 1.831 do NCC, Há somente uma hipótese em que o pai não se torna usufrutuário do bem do filho: quando houver disposição penal em matéria de casamento (sanções de natureza civil e administrativa quando a pessoa se casa, infringindo impedimento impediente ou proibitivo). No direito de sucessão sob a ótica do Código Civil de 1916, o cônjuge ou companheiro sobrevivente era usufrutuário quando concorria com descendentes ou ascendentes do de cujus (artigo 1.611, § 3.º, do Código Civil de 1916 (atualmente 1831 do CC, prevendo o direito real de habitação) e artigo 2.º, incisos I e II, da Lei n. 8.971/94). Esse usufruto somente era concedido se o regime de casamento fosse diferente da comunhão universal de bens. Era o usufruto vidual, visto que somente o viúvo teria o direito, ou seja, havendo segundo casamento ou união estável, extinguir-se-ia o usufruto vidual. Se concorresse com descendentes, o sobrevivente teria usufruto de 25% dos bens; se concorresse com ascendentes, teria usufruto de 50% dos bens. O atual Código Civil coloca o cônjuge viúvo como herdeiro necessário e revogou o instituto do usufruto vidual para todas as sucessões que abrissem a partir do dia 12 de janeiro de 2003 por entender que o instituto é antieconômico. Por vontade das partes: estabelece-se por ato unilateral (testamento, doação, etc.) ou por ato bilateral (contrato). O usufruto por ato bilateral pode ser gratuito ou oneroso. Por Sucessão Testamentária, aqui se vê uma confusão doutrinária que não ocorre no NCC: a do fideicomisso e usufruto, especialmente em relação ao art. 1.952, e seu parágrafo único. Por Usucapião, sob qualquer forma, desde que presentes os requisitos normais do usufruto de aquisição de propriedade. Judicial: o mesmo previsto no art. 716 do CPC 4.2. Quanto ao objeto Universal: é aquele que recai sobre todos os bens ou sobre uma fração indeterminada deles. Singular ou Particular: é aquele que recai sobre um objeto certo e determinado. 4.3. Quanto à extensão Pleno: é aquele em que não há limitação quanto ao exercício. Limitado: é aquele em que o exercício deve obedecer a uma finalidade. 4.4. Quanto ao Tempo Temporário ou a termo: é aquele que tem um tempo certo. Vitalício: é aquele que vigora até a morte do usufrutuário ou, se for pessoa jurídica, por 30 anos (CC, art. 1410, III). O usufruto, conforme a classificação pelo Direito Romano, usada pelo Código Civil , é: Próprio: quando recai sobre bens infungíveis. Impróprio: quando recai sobre bens fungíveis ou consumíveis (chamado de “quase usufruto”), como o usufruto de gado. Ainda: O usufruto do índio, previsto no artigo 231, § 2.º, da Constituição Federal, é um usufruto que, em tese, é perpétuo, visto que a Carta Magna não dispôs limitações. Foge às regras da relação civil, tendo em vista que o nu-proprietário (Estado) não pode requerer o bem. 5. Direitos e Obrigações das Partes 5.1. Usufrutuário a) Direitos do usufrutuário Usar e fruir livremente da coisa, desde que não exista uma causa que limite essa fruição (CC, art. 1395). Direito em relação às benfeitorias que venha a fazer na coisa. b) Obrigações do usufrutuário A OBRIGAÇÃO-MOR DO USUFRUTUÁRIO É RESTITUIR A COISA (INFUNGÍVEL) OU DO MESMO GEN., QUAL., QUANT. (FUNGÍVEL), QUANDO FINDO O USUFRUTO. Desse dever-mor, surgem os seguintes: Inventariar a coisa (descrição pormenorizada da coisa), tendo em vista que deverá devolver a coisa no mesmo estado em que se encontrava. Conservar a coisa, ou seja, manter o estado em que se encontrava. Caucionar – é uma garantia que o usufrutuário vai apresentar em face da fruição –; essa caução pode ser dispensada. - IMPORTANTE: Se houver a exigência da caução e o usufrutuário não caucionar, ele perderá a tão-somente a administração da coisa (não dá margem à extinção do usufruto).
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