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Flaviane Rodrigues Ferreira
Redação de conclusão de curso
Curso de Libras
Há alguns anos as instituições de Educação Infantil deixaram de ser concebidas apenas como um local no qual os pais deixavam as crianças para que fossem cuidadas enquanto realizavam seus trabalhos (Oliveira, 1993). A imprescindível articulação do cuidado e da educação está presente na proposta de política pública apresentada nos parâmetros curriculares nacionais para a Educação Infantil que atestam a mudança da perspectiva exclusiva do cuidado para a compreensão de que cuidado e educação são atributos da Educação Infantil (Brasil, 2009). Além deste, a Educação Infantil passa por um novo desafio, ao considerar a orientação de que toda criança deve ser matriculada na rede regular de ensino: 1Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.2 Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. ReVEL, v. 10, n. 19, 2012 ISSN 1678-8931 59 receber crianças com deficiências e fazer as modificações, adaptações e alterações necessárias para oferecer um ensino de qualidade tornando efetiva a inclusão escolar (Mendes, 2006; 2010)
Assim sendo nosso problema de pesquisa delimita-se da seguinte forma: quais as principais mudanças que ocorreram na educação de crianças com surdez desde os primórdios até a atualidade? 
 Falaremos agora um breve Resumo da História da Educação das crianças Surdas no Brasil e no mundo refletiremos um pouco a partir da história da educação dos surdos sintetizada a seguir: As concepções educacionais estão baseadas nas idéias que tomam a sociedade, pois como lembra Cortella, a educação não é neutra estando sempre a serviço de um grupo normalmente, a elite. Na educação das crianças surdas os fatos não ocorrem de diferente forma.
 Na antiguidade, a educação dos surdos variava de acordo com a concepção que se tinha deles. Nessa época para os gregos e romanos o surdo não era considerado humano, pois a fala era resultado do pensamento, contudo quem não falava também não pensava, e desta forma não tinham direito a escolarização. É só na idade moderna que surgem os primeiros trabalhos relacionados à educação da criança surda.
No Brasil a educação dos surdos tem inicio no segundo Império com a chegada do educador Francês Hernest Huet, também surdo, no entanto num país onde a maioria das pessoas era analfabeta e a educação dos surdos não teria grande ênfase.
Em 1916 o código Civil Brasileiro apresenta uma primeira preocupação com os surdos. “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I- Os menores de 16 (dezesseis) anos; 
II- Os loucos de todos os gêneros.
III- Os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade;
IV- Os ausentes declarados tais por ato do juiz. (Código Cível Brasileiro, 1916, lei nº3. 071)
 Se pensarmos nesta lei nos dias atuais percebemos falas bastante ultrapassadas, esta lei ainda não vê o surdo como cidadão que tem plenas condições de exercer essa cidadania de forma crítica, se receber formação a esse fim, mas condiz com o que acreditava-se na época.
 Em 1988 a Constituição Federal que tem como eixo norteador a cidadania, deixa claro em seu artigo 208, inciso III, que o dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
 Percebe-se pelo termo “preferencialmente’’ que a lei coloca a inclusão apenas como uma proposta, sendo que preferência não é garantia de acesso.
 Apenas em 1994 cria-se uma lei par falar especialmente das necessidades especiais, a Declaração de Salamanca que diz que todas as escolas devem acomodar todas as crianças, independente de suas condições. 
 De acordo com a Declaração: (...) a expressão necessidades educacionais especiais refere-se a todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam a deficiências ou dificuldades escolares. (...) Neste conceito, terão que se incluir crianças com deficiências ou superdotados, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, etnias ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavoráveis ou marginais. (1994, p. 15)
 A partir dessa declaração a educação especial começa a dar lugar para a educação inclusiva. Podemos perceber a situação da educação dos surdos a partir da entrevista com a professora Simone relatada mais adiante.
 Abordaremos sobre alguns métodos pedagógicos utilizados na educação dos surdos: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo. “Se não tivéssemos voz nem língua, mas apesar disso desejássemos manifestar coisas uns para os outros, não deveríamos, como as pessoas que hoje são surdas*, nos empenharmos em indicar o significado pelas mãos, cabeça e outras partes do corpo?" (Sócrates, no Crálito de Platão). Retirado do site http://www.andreiafonseca.com/surdezinfor/frases.htm
 Vivemos em uma sociedade, que desde o início dos séculos, dá muita importância à audição e a fala. Por esse motivo as pessoas portadoras de deficiência auditiva (surdez) sofreram vários preconceitos e limitações tratando-se do processo educacional. Com o passar dos anos essas pessoas foram conquistando espaços e adquirindo direitos ainda que de forma limitada.
 No campo da educação também passou a ocorrer certas mudanças, pois ao deixar de serem considerados imbecis e ocupando lugares de seres pensantes fizeram-se necessários métodos para que a comunicação entre eles e a sociedade fosse viável.
A principio como não possuíam o desenvolvimento da fala procuravam comunicar-se através de gestos, porém pesquisas apontam que no século XVIII iniciou-se o processo de oralização dos surdos devido aos avanços tecnológicos existente onde se encontrava a possibilidade do ensino da fala.
 O Oralismo defendia que o método eficaz de se ensinar um surdo era através da língua falada, ou seja, eles teriam que fazer uso da fala e não por gestos. Acreditava-se que a surdez seria amenizada ao passo que aprendessem a falar.
 Ao se realizar esse processo eles tornar-se-iam “iguais” a sociedade ouvinte. Sabe-se que esse método não teve muito êxito pela dificuldade encontrada para um surdo aprender a falar além de negar o direito que esse grupo de pessoas possuísse uma identidade própria ao tentar adaptar-se a sociedade ouvinte do modo que lhe era imposto. 
 Em consequência do oralismo as pessoas portadoras de deficiência auditiva sofreram uma perda significativa de suas habilidades inclusive no modo de se comunicar, já que não poderia utilizar gestos, sendo bastante perceptível esse déficit no ambiente escolar.
 Segundo estudos devido a esses fatos, na década de 60, o oralismo passa a ser questionado abrindo espaço a um novo tipo de comunicação entre os surdos: a comunicação total.
 A comunicação total consistia na utilização de todos os recursos para que os surdos pudessem se comunicar, ou seja, poderiam utilizar gestos e expressões deixando a fala de ser obrigatória para tal finalidade.
 A partir daí surge espaço para uma nova corrente: o Bilingüismo. No bilinguismo leva-se em consideração que o surdo vive em uma sociedade ouvinte/falante e que os Surdos possuem uma cultura onde é totalmente admissível a utilização da língua gestual assim propondo que esta seja a primeira língua a ser ensinada para as pessoas surdas sendo que muitos de seus parentes possuem fala e necessitam que haja uma comunicação entre ambos.
 Para êxito da língua gestual (sinais) é necessário que além do surdo sua família também aprenda essa língua. Assim um surdo pode ser bilíngüe tendo a língua dos sinais como primeira língua ou materna e a língua oral pertencente a sua família e a seu país de origem uma segunda opção possibilitando a comunicação através da escrita.
Assim ao reivindicarem por seus direitos obtiveram o reconhecimento da língua gestual ou de sinais que foi aliada a umacultura, identidade e comunidade característica própria desse grupo passando a serem ensinados dessa nova forma devido às limitações apresentadas em sua audição.
 Língua de sinais é a língua usada como meio de comunicação para surdos. Segundo pesquisas a língua de sinais é natural e surgiram a partir do convívio entre as pessoas. Elas podem ser usadas com abrangência atingindo a mesma intensidade, capacidade e expressividade das línguas orais (falada). 
 A língua de sinais possui conceitos concretos e abstratos, emocional ou racial não sendo apenas uma simples junção de gestos; possuem regras e estruturas por isso que é chamado de Línguas. Ela é diferente das línguas orais, porque utiliza um meio visual-espacial, ou seja, precisamos do olhar para que possamos entender a mensagem. Por ser feita através de movimentos e gestos é impossível alguém comunicar-se sem que veja a outra pessoa com quem está falando.
  A língua de sinais sofre transformações constantes que são introduzidas de acordo com as necessidades. Por possuírem estruturas gramaticais própria, não são universais e são representadas de acordo com adaptações desenvolvidas entre as pessoas. 
Mesmo em países com a mesma língua oral possui sinais diferentes. Temos o exemplo do Brasil e Portugal que possuem língua oral em comum, porém a língua de sinais é diferente, pois as expressões variam de acordo com a região sendo que somente no EUA e Canadá tanto a língua oral quanto a de sinais são iguais nestes dois países. 
 Libras é a linguagem usada pelas pessoas Surdas que vivem no Brasil e significa Língua Brasileira de Sinais. É uma língua de modalidade gestual - visual, porém não pode se chamar de gesto ou mímica devido não ter características que se resuma a essas definições.
 Para melhor confecção do sinal na língua Brasileira de Sinais temos que usar os cinco parâmetros que são: configuração das mãos (CM): formas como colocamos as mãos; ponto de articulação (PA): ponto de início para executar o sinal; movimento(M): movimento realizado, porém nem todos possuem, alguns são realizados sem movimentos, ou seja, parados; Orientação ou Direcionalidade (O/D) e Expressão facial e/ ou Corporal (EF/C): direção que realizará tal sinal.
 Cada seqüência e gesto formam um conjunto de significados na realização de uma conversa sendo que qualquer mudança realizada ou não percebida pode mudar o contexto da palavra ou até o assunto.
 Devemos estar atentos, pois a língua de sinal obedece à estrutura de LIBRAS e não do português assim sendo o verbo sempre será no infinitivo. Usar os cinco parâmetros é de extrema importância.
 Educação das crianças Surdas Atualmente após muitos anos de luta contra o preconceito contra surdos a educação ainda apresenta déficits em relação á esse grupo.
 O Ensino Médio e o Ensino Superior, nesse momento de transição, podem ser efetuados em Escolas e em Universidades de Ouvintes, desde que o Serviço de Intérpretes de LIBRAS esteja presente em todas as salas de aula que atendam a alunos Surdos, urna vez que, na situação atual, não existem profissionais que trabalhem em áreas específicas e que tenham domínio em LIBRAS, dificultando a proposta de Educação Bilíngüe em Escolas para Surdos nos níveis médios e Superior, como já existe em outros países.
 Diante do exposto concluímos que no passado os surdos de modo geral eram considerados incapazes, não tinham o direito de frequentar escolas, não tinham o direito nem ao menos de se casarem, eram excluídos da sociedade, ficavam com sua própria sobrevivência comprometida.
 Na antiguidade não havia escolas para surdos, hoje em dia aumentou o número de escolas para surdos em todo o mundo, garantindo o direito de todos à educação.
 No Brasil surgiram recursos e classes especiais para surdos, acesso às novas tecnologias, serviço de interprete e outros. Aos poucos os surdos conquistam seus direitos de cidadão, podemos dizer que houve grandes conquistas, mas há ainda um longo caminho a ser trilhado.

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