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O TRABALHO DA GESTÃO PEDAGOGICA FRENTE A INDISCIPLINA 
QUE PERMEIA A ATUALIDADE NO PROCESSO ESCOLAR 
 
 Leila Maria Ferreira da Silva 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa visa a compreensão de como a educação nos dias de hoje está 
em uma busca constante de conceitos, a fim de desmistificar as dificuldades a serem 
sanadas na aprendizagem dos indivíduos. O comportamento é um problema bastante 
visível, pois o cotidiano escolar mostra-se bastante propenso a indisciplina. Desta 
forma o gestor escolar como profissional de intervenção educativa tem um papel de 
aluir essa problemática dentro do novo conceito educacional ocasionado pelo 
comportamento indisciplinado no cotidiano escolar. Objetivou-se de forma geral 
analisar o comportamento indisciplinado norteado dentro do processo de ensino; 
objetivou-se ainda de forma especifica compreender os motivos do comportamento 
indisciplinado, identificar conceitos e causas da indisciplina nas áreas do 
conhecimento bem como descrever estratégias utilizadas pelos educadores para 
minimizar a indisciplina no espaço escolar. A pesquisa partiu de uma abordagem 
bibliográfica embasando-se teoricamente em autores que explanam a temática clara 
e objetivamente. Espera-se a partir desse contexto contribuir para uma reflexão 
acerca da temática e a importância de se trabalhar a indisciplina tratando-a como 
desafio na prática pedagógica no espaço atual. 
 
Palavras-chave: Educação. Gestão. Indisciplina. 
 
ABSTRACT 
 
This research aims to understand how education nowadays is in a constant search for 
concepts, in order to demystify the difficulties to be met in the learning of individuals. 
Behavior is a very visible problem, because the daily school is quite prone to 
indiscipline. Thus, the school manager as an educational intervention professional has 
a role to allude to this problem within the new educational concept caused by 
undisciplined behavior in the school routine. The objective was generally to analyze 
the undisciplined behavior based within the teaching process; The objective was also 
to specifically understand the reasons for undisciplined behavior, identify concepts and 
causes of indiscipline in the areas of knowledge, as well as describe strategies used 
by educators to minimize indiscipline in the school space. The research started from 
a bibliographic approach based theoretically on authors who explain the theme clearly 
and objectively. It is expected from this context to contribute to a reflection on the 
theme and the importance of working on indiscipline by treating it as a challenge in 
pedagogical practice in the current space. 
Key words: Education. Management. Indiscipline. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Vivemos em uma sociedade envolvida pelo egocentrismo o que mais se vê são 
crianças indisciplinadas que não respeitam nem as pessoas, tão pouco as regras que 
lhe são apresentadas. O conceito de indisciplina traz diferentes sentidos que nos 
levam a refletir a fim de criar ideais para contribuir na diminuição dos problemas 
acarretados pela indisciplina escolar. 
Coloca-se nesse sentido que a indisciplina ocorre, geralmente, em todos os 
níveis de aprendizagem, desde a educação infantil até as universidades de hoje tem 
se mostrado uma grande dificuldade a ser trabalhada, surge aqui a problemática a ser 
desenvolvida, pois quando se fala em comportamento para os estudantes remete-se 
a ações que devem ser executadas socialmente pelos mesmos, contudo esse 
comportamento está mostrando-se uma verdadeira indisciplina de forma tão 
exponencial que dificulta o trabalho seja ele do gestor pedagógico, professor ou da 
sociedade em geral. 
Objetivou-se de forma geral analisar o comportamento indisciplinado norteado 
dentro do processo de ensino; objetivou-se ainda de forma especifica compreender 
os motivos do comportamento indisciplinado, identificar conceitos e causas da 
indisciplina nas áreas do conhecimento bem como descrever estratégias utilizadas 
pelos educadores e gestores para minimizar a indisciplina no espaço escolar. 
Tendo como base principal de busca de informação a problemática: como o 
gestor escolar pode atuar no desenvolvimento e compreensão da indisciplina escolar? 
Todos os textos trabalho envolvem e remetem a essa busca sendo respondida essa 
pergunta durante o corpo do trabalho de pesquisa. 
 Refletir sobre indisciplina escolar é retratar um fenômeno amplo e que não 
encontramos subsídios únicos. Esta questão vem se tornando um desafio para todos 
que estão envolvidos no processo educacional, desde a base do sistema de ensino. 
Todavia tem vindo a assumir grandes extensões e uma gama de irresoluções sobre 
quais medidas a serem tomadas para sanar este problema. Nesse contexto propõe-
se um olhar a partir do prisma educacional. 
Foi realizada em todo desenvolvimento da pesquisa uma análise com aparato 
bibliográfico embasada em teóricos que aprofundaram a temática a fim de 
desmistificar as causa e fontes de tal indisciplina até a compreensão plausível sobre 
a mesma, ou seja, o trabalho teve o aprofundamento de teóricos como Aquino (1996), 
Parrat Dayan (2008), entre outros. 
 
2. INDISCIPLINA NA ESCOLA: CONCEITO HISTÓRICO 
 
O conceito da indisciplina traz diferentes sentidos que nos levam a refletir como 
contribuir para diminuir os problemas de indisciplina em sala de aula, práticas de 
desrespeito e maus comportamentos dos alunos indisciplinados. A indisciplina é uma 
simples palavra, mas que tem um grau de problemática bem elevado, o que se 
considera hoje como indisciplina nada mais é que erro cometidos durante o processo 
educacional e um indivíduo, dessa forma faz-se necessário procurar meios para 
subsidiar essa problemática revertendo esse quadro que vemos constantemente na 
educação. Parrat assim conceitua a disciplina: 
 
Em geral o conceito de disciplina é definido em relação ao conceito de 
disciplina, que na linguagem correta significa regra de conduta comum a uma 
coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. 
Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não se 
obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina está relacionado com a 
existência de regra (PARRAT-DAYAN. 2008, p. 18) 
 
 
Na ideia de Silva (2004), a palavra indisciplina é habitualmente utilizada para 
definir todo e qualquer comportamento que seja contrário às regras, às normas, às 
leis estabelecidas por uma instituição, contudo as visões utilizadas para trabalhar 
essas dificuldades podem e devem buscar a participação de todos os envolvidos não 
apenas do professor ou psicopedagogo atuante. Segundo Wallon: 
 
A disciplina pode ser entendida diferentemente segundo a tarefa do mestre, 
é considerada como de puro ensino ou de educação e segundo o aluno, é 
considerado como simples inteligência a guarnecer de conhecimentos ou 
como um ser a formar para a vida (WALLON 1979, p.367). 
 
A indisciplina é um tema que provém de múltiplas interpretações. Um aluno ou 
professor indisciplinado é em principio alguém que não se comporta de acordo com 
as normas acordadas no contexto escolar. Estes desvios são, todavia, denominados 
de forma diferente conforme se trate de alunos ou professores. Como nos diz Silva: 
 
A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas tanto 
pelos professores quanto pelos alunos para que o aprendizado escolar tenha 
êxito. Portanto, é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo 
docente e os alunos em uma sala de aula e, consequentemente, na escola 
(SILVA 1986, p.117). 
 
Podemos entender com isso que a problemática da indisciplina tem sido um 
problema desafiador para os educadores nas escolas, pois além da mesma influenciar 
no comportamento dos alunos e no andamento das aulas, ela prejudica o processo 
de ensino e aprendizagem e pode também,ser interpretada como uma resposta ao 
autoritarismo do professor. 
A escola tem mostrado um gradativo ponto de vista perverso ao propiciar a 
exclusão social de muitos que nela ingressam (COLLARES; MOYSÉS, 1996; MOLL, 
2005; PATTO, 1991). Nos processos de ensino e aprendizagem, aparece 
representado por dois fenômenos distintos, mas semelhantes no que se refere às 
concepções que os circundam: o fracasso escolar e a indisciplina. 
A fase inicial da escolaridade que se refere ao processo de entrada na escola 
tem se mostrado um momento de intensa seletividade, ou seja, cada vez mais se 
observa um maior número de crianças que, devido às dificuldades acentuadas de 
aprendizagem ou problemas de comportamento que dificultam ainda mais sua 
formação critico-social. 
Vasconcelos (2004) argumenta através de seus estudos que, os alunos têm 
necessidade de expressar-se, sentir-se como sujeito no meio em que vive e nesse 
sentido, o professor deve mediar a comunicação e a relação interpessoal, de modo a 
garantir o respeito às regras, às diferenças, favorecendo experiências e aprendizados, 
e permanecer atento quanto à sua prática pedagógica, por isso, 
 
Ter respeito com os alunos é uma das necessidades da postura de um 
professor consciente. Deve também exigir respeito dos alunos para com os 
colegas e para consigo. O professor não pode exigir que o aluno goste dele 
ou dos colegas, mas o respeito ele pode exigir. No caso de ser desrespeitado, 
restabelecer os limites (não entrar no círculo vicioso do desrespeito) 
(VASCONCELOS, 2004, p. 93). 
 
Arraigando essas questões relacionadas à indisciplina, Rosemberg (1986, P. 
50) menciona que há necessidade de se perceber que “a criança indisciplinada está 
tentando dizer alguma coisa para a professora. É preciso saber ouvir e compreender 
a mensagem que se esconde por trás do comportamento manifesto como indisciplina”. 
O termo “indisciplina” referido neste contexto representa comportamentos em 
sala de aula que, conforme relatam muitos professores, perturbam e afetam de forma 
prejudicial o ambiente de aprendizagem. De acordo com a literatura da área 
(LOBATO, 2006; OLIVEIRA, M., 2002; PAPPA, 2004), os comportamentos que mais 
são apontados pelos professores como indisciplinados incluem condutas e atitudes 
como agressão física (brigas e empurrões) e agressão verbal (xingamentos, ofensas 
e ameaças) entre os alunos. 
Nessa compreensão podemos dizer que no Brasil, embora a indisciplina seja 
objeto de crescente preocupação, o assunto ainda é superficialmente debatido. 
Concordando com Rego (1996), a maior parte das análises, além de mostrar a falta 
de clareza ou consenso em relação ao termo indisciplina, expressa um discurso 
impregnado de dogmas e mitos do senso comum. 
Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com 
dificuldades de aprendizagem a indisciplina tem se mostrado bastante alarmante, 
dessa forma a escola visa intervir nesse quadro em busca de melhores relações entre 
professor e aluno. Pain nos diz neste ponto que: 
 
Cabe diferenciar dos problemas de aprendizagem aquelas perturbações que 
se produzem exclusivamente no marco da instituição escolar. Os problemas 
escolares se manifestam na resistência às normas disciplinares, na má 
integração no grupo de pares, na desqualificação do professor, na inibição 
mental ou expressiva, etc., e geralmente aparecem como formações reativas 
diante de uma enlutada e mal elaborada transição do grupo familiar ao grupo 
social. Em tais casos a orientação se inclina por um tratamento 
psicoterapêutico grupal com apoio pedagógico a fim de evitar o iminente 
fracasso escolar. (PAIN 1985, p.13). 
 
Neste ponto percebe-se que o desenvolvimento do trabalho de intervenção da 
gestão frente as fragilidades comportamentais dos indivíduos dentro do espaço 
escolar são bastante adversas e complexas, pois tendem a tomar vertentes distintas 
a cada novo olhar, ou seja, sendo cada um individualmente único mesmo que 
possuam semelhanças nas ações comportamentais impertinentes, a resolução não 
validam para todos de forma igualitária, contudo a orientação ministrada tende a 
relevar e criar subsídios para que essa indisciplina possa ser sanada. 
A ação mediadora da educação, visa analisar a indisciplina, e constituir a uma 
opção valida no intuito de minimizar, ou seja, é função de todos os envolvidos no 
processo escolar encontrarem uma visão diretiva, que foque na análise das inúmeras 
formas de conhecimento e ação de cada sujeito, tornando-a correta ou corroborado 
para uma construção psicossocial de formação educacional alterando o termo 
indisciplina e m algo de maior potencial que é a participação e integração escolar. 
O problema de disciplina nas escolas ganhou contornos e dimensões para além 
de simples conceitos, sendo necessário um olhar sistêmico que dê conta de explorar 
sua origem multicausal. Alves reafirma a complexidade da indisciplina escolar e a 
necessidade de repensá-la: 
 
[...] a indisciplina, que é complexa por essência, influi e é influenciada pelas 
partes e aspectos que a definem e a constituem, sendo assim, é urgente 
repensá-la a partir de uma visão de totalidade, que a torne envolvida com as 
partes e os recortes, mas sempre se considerando as partes e um todo uno, 
múltiplo e complexo, ao mesmo tempo, bem como a rede de relações 
existentes em uma sala de aula. (ALVES, 2002, p. 155). 
 
De certa forma, a indisciplina escolar é um fato que ultrapassou o nível 
esporádico, tornando-se, infelizmente, rotineiro e acontece por inúmeras razões, 
dentre elas, as desigualdades sociais, a ausência de valores, causas familiares que 
são carregadas até o espaço escolar. Na visão de Xavier, há um desacerto no perfil 
das escolas atuais: 
 
O que se percebe é que as escolas hoje, pelo menos as comprometidas com 
propostas mais democráticas/progressistas, não se vêem como produtoras 
de sujeitos disciplinados/ordeiros, como nas propostas tradicionais, mas 
também não assumem a construção de sujeitos autônomos, 
autodisciplinados, do projeto moderno, como supostamente seria o 
defensável. (XAVIER, 2003, p. 14). 
 
Nesse sentido, uma vez que a escola se coloca alheia à discussão de um 
problema que ocorre dentro de seu contexto sob o olhar de uma gestão democrática 
e comprometida, a palavra de ordem passa a ser o encaminhamento do aluno a 
diversas instâncias. Sobre essa questão, a literatura da área, especialmente das 
décadas de 1980 e 1990, é bem vasta em estudos que apontam a facilidade e 
simplicidade com que os alunos diferentes e ou indisciplinados eram encaminhados 
pelos professores para as classes especiais de deficientes mentais. Oliveira explana 
que: 
 
[...] apesar da intensidade do processo de disciplinarização sobre os corpos 
na escola, pode-se perceber que existem momentos em que os sujeitos 
procuram encontrar um meio-termo entre a eficácia total do controle sobre 
seus corpos e as atitudes de transgressão de liberdade, que não contemplam 
totalmente esta eficácia. (OLIVEIRA, 2002, p. 13). 
 
 
A autora aponta ainda algumas condutas de indisciplina relacionadas à sala de 
aula e à escola, como a “[...] a falta de limites, a desobediência às normas, o não saber 
ouvir, o desrespeito ao horário, a bagunça, a rebeldia, os assobios, as gritarias, 
brincadeiras, conversas, andar pela sala e agir de má fé”. (OLIVEIRA, 2002, p. 117). 
Questionar a desobediência, a zombaria, o vandalismo, os insultos, os gestos 
ofensivos e a discussão com professores, é uma demonstração de que a falta de 
estratégias dialéticas de sala de aula ainda é muito grande, ou seja, existe aí uma falta 
de preparação pedagógica para lidar com tais problemas, é neste âmbito que o 
trabalho externo a sala de aula mediado pela coordenação pedagógica junto a todos 
para encontrar uma solução que seja proveitosa para o andamento do processo de 
ensino aprendizagem se faz necessário. 
 
3. O GESTOR NO PROCESSODE INTERVENÇÃO À INDICIPLINA 
 
O trabalho pedagógico não é algo que acontece espontaneamente, nem é 
adquirido por prazer, de forma natural e espontânea. A colocação de determinada 
ordem é fundamental para que o processo educativo realmente se efetive ou seja 
coloca-se aqui a necessidade de uma gestão como base. Citando Aquino (1999, p. 
134) em toda instituição social há um contrato implícito que entrelaça as relações, 
onde cada um ocupa um lugar determinado. Nessa perspectiva não se pode dizer que 
alguém detenha o poder ou que alguém esteja isento dele. Vivem‐se relações de 
poder, e, pensando na escola, tanto alunos quanto professores exercem poder no 
cotidiano escolar. É exercido poder quando tomam atitudes, quando tomam decisões, 
quando resistem etc. 
 
O poder está em toda parte; não porque englobe tudo e sim porque provém 
de todos os lugares. (...) o poder não é uma instituição e nem uma estrutura, 
não é uma certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a 
uma situação estratégica complexa numa sociedade determinada ( 
FOUCAULT, 2013, p.102‐103). 
 
Essa relação de autoridade deve ser construída dia após dia, pois não há 
possibilidade de estabelecer um vínculo de confiança, senão por meio de atos. 
Atualmente, essa questão tem sido motivo de descrença, já que aqueles que deveriam 
mostrar seriedade e competência, quando ocupam posições nas instituições sociais, 
têm demonstrando que autoridade significa autoritarismo, e atendem aos interesses 
particulares e da classe economicamente dominante. 
Quando nos reportamos à escola, a posição de autoridade em sala de aula é 
inegável a do professor. Porém, essa posição se deve ao fato de que o educador 
possui mais tempo de iniciação em determinado campo de conhecimento o que não 
significa ser o professor o detentor perene desse conhecimento. No entanto, o 
professor “deve ‘saber mais’ a respeito daquilo a que se propõe ensinar do que seus 
alunos; isso porque a confiança destes é diretamente proporcional à segurança 
daquele...” Aquino (1999, p.139). 
O professor é um componente fundamental no processo ensino aprendizagem, 
mas estas relações são permeadas por outras situações, em que posições 
antagônicas sobre as dificuldades exigentes no ambiente escolar se confrontam, 
neste contexto apresentam-se discursos distintos: carência afetiva, influência da 
mídia, conforme afirma Vasconcelos. 
 
O professor que quer ser efetivamente professor tem de trabalhar com a 
realidade que tem em sala de aula; não adianta ficar se lamuriando, jogando 
a culpa aqui e acolá. São estes os alunos que tem e com eles tem que 
trabalhar; é esta a escola, é está o país. Este é o ponto de partida. Deve 
superar as explicações do novo senso comum pedagógico (de cunho 
pseudopsicológico ou pseudosociológico): “São problemas afetivos” “e 
problemas de família”, “é problema de carência” “é influência de televisão”, 
etc. É claro que tudo isso tem a ver com a (in) disciplina em sala de aula, o 
que demanda a atuação dos educadores de maneira organizada e articulada 
em todas as frentes. Mas de forma alguma deve servi de álibi para que o 
educador não assuma sua responsabilidade em sala de aula. 
Simultaneamente pode-se e deve-se trabalhar com os pais, com a formação 
mais geral do aluno, com as contradições da escola, com a influência da 
sociedade, etc., mas não podemos nos esquivar de um dos focos principais 
das lutas que é a sala de aula. O professor tem que ser sujeito da história 
pedagógica de sua classe e de sua escola; não pode ficar sonhando com 
alunos ideais[...] (VASCONCELOS 2004, p.84). 
 
O que se compreende com isso e que uma conversação franca, a posição de 
limites a organização e o autocontrole do decente concretizam as relações no 
ambiente escolar. Dessa forma o professor possui a autoridade, e não a usa de 
maneira abusiva, mas sim apresenta suas ideias, conhecimentos e experiências, 
sempre encorajando a participação, encarando como sujeitos conscientes e 
responsáveis pelas suas próprias ações e pela resolução do seu processo de 
aprendizagem. Nesse sentido corrobora-se a ideia de que: 
 
Pelo discurso dos professores e diretores, a sensação é de que estamos 
diante de um sistema educacional perfeito, desde que as crianças vivam uma 
vida artificial, sem nenhum tipo de problemas, enfim, crianças que 
provavelmente não precisariam da escola para aprender. Para a criança 
concreta, que vive neste mundo real, os professores parecem considerar 
muito difícil, senão impossível, ensinar (COLLARES; MOYSÉS,1996, p. 26). 
 
Nesse sentido a escola é considerada uma instituição social concreta, contudo 
se apresenta vítima de um público inadequado e indisciplinados que as tornam inaptas 
ou incapazes de interagir com o processo concreto de aprendizagem sistematizado. 
Santos (2001) alerta para o fato de que analisar o fenômeno da violência na escola 
requer considerar a relação professor-aluno, na qual o aluno está desfavorecido em 
uma relação de poder. Acrescenta o autor que a compreensão das relações dentro da 
escola e as práticas indisciplinadas estão passando pela reconstrução das complexas 
relações sociais e interpessoais que estão presentes no convívio professor e aluno 
geridos por uma gestão democrática centrada na solução dos problemas que surgem 
sem sobreposição ou atribuição aos demais. 
A gestão democrática é concretizada, principalmente, em sala de aula onde o 
Projeto Político Pedagógico se concretiza e é posto em ação, como menciona 
Ferreira: 
 
Fazendo-se em ação na sala de aula, por conter “gérmen” o espírito e 
conteúdo do projeto político pedagógico que expressa os compromissos e o 
norte da escola por meio da gestão de ensino, da gestão da classe, da gestão 
das relações, da gestão do processo de aquisição do conhecimento. 
(FERREIRA, 2006, p. 1348) 
 
Percebe-se, então, que a gestão democrática vai além da questão 
administrativa e burocrática, expandindo-se a horizontes maiores onde a participação, 
o compromisso e o diálogo a respeito das dificuldades, objetivos e consequências das 
decisões tomadas permeiam o cotidiano escolar 
A concretização dos princípios da gestão democrática acontece quando se 
compreende que por meio da participação, do envolvimento e comprometimento com 
o Projeto Político Pedagógico estabelecido está-se exercendo o direito a cidadania, 
onde, no coletivo, as pessoas responsabilizam-se pelo que se faz, se fez e o que deve 
ser feito, superando os interesses individualistas e contribuindo para a formação do 
cidadão responsável e também para repensar as estruturas do poder autoritário que 
ainda podemos vislumbrar em nossa sociedade capitalista onde a escola foi colocada 
a mercê dos interesses de mercado. 
 Cabe salientar que, a relação educador-educando é de suma importância para 
que a indisciplina não ocorra, pois, uma simples atitude errônea do educador pode 
contribuir para que a indisciplina aconteça ou pelo fato de o educando não simpatizar 
com o educador. Os gestores das escolas, muitas vezes, não sabem que providências 
tomar, em relação aos diversos casos de indisciplina que atingem suas escolas. Estes 
se sentem incapazes, diante deste problema tão sério, que se instalou nas escolas, 
gerando consequências para a vida futura do educando. 
 
Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino- 
aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio 
comportamento: ele não aproveitará que se nada dos conteúdos ministrados 
durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer 
trabalho reprodutivo (OLIVEIRA, 2005, p. 21). 
 
 A indisciplina nas escolas é um fato. Além disso, representa um grande 
obstáculo ao processo de ensino e aprendizagem e é notável o prejuízo que esse 
comportamento causa à atuação docente. O educando indisciplinado não aceita 
ordens nem regras impostas pela sociedade, muito menos admite receber os limites 
que escolatenta colocar e, assim, desafiam seus educadores, algumas vezes, 
agredindo-os verbalmente ou fisicamente. 
Dentro de todas as observações realizadas compreendeu-se que a escola não 
pode ignorar que os conflitos e problemas sociais existem, e por isso devem ser 
flexíveis no seu enfrentamento. E é precisamente na escola que as crianças 
apresentam comportamentos que são diariamente observados, em alguns casos, 
proliferam os maus tratos físicos e psicológicos, nos quais as privações, a 
promiscuidade, a baixa escolarização, a pobreza andam de mãos dadas. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As ações que formam um acervo de atividades distintas para lidar com a criança 
indisciplinada podem e são uma ótima fonte de aptidões para desenvolver as 
habilidades de todas elas colaborando para um bom rendimento tanto das aulas como 
na sua participação social, nesse sentido todas as atividades propostas como forma 
de compreender a criança indisciplinada em toda a sua potencialidade. 
Refletir sobre esse papel da escola no contexto acima é bem difícil, contudo 
não impossível, desde que haja um compromisso e determinação em desenvolver um 
trabalho objetivando estabelecer ações pedagógicas que envolvam toda uma 
instituição na busca de soluções para resolver o problema da indisciplina na sala de 
aula, na escola e na vida. 
A indisciplina é algo que pode vir de várias vertentes diferentes por isso dizer 
um motivo específico para ela se torna quase impossível, podemos dizer apenas que 
a cada novo comportamento que a criança tem um novo motivo há em razão dele, 
pois sabemos que se a criança age é em razão de uma reação anterior que a causou. 
Dentro de todas as observações realizadas compreendeu-se que a escola não 
pode ignorar que os conflitos e problemas sociais existem, e por isso devem ser 
flexíveis no seu enfrentamento. E é precisamente na escola que as crianças 
apresentam comportamentos que são diariamente observados, em alguns casos, 
proliferam os maus tratos físicos e psicológicos, nos quais as privações, a 
promiscuidade, a baixa escolarização, a pobreza andam de mãos dadas. 
Neste campo, urge uma intervenção conjunta realmente eficaz, fornecendo à 
população educativa sob a perspectiva de uma gestão democrática e ativa, modelos 
de conduta adequados ao desenvolvimento afetivo, intelectual e moral de todos os 
implicados. Somos todos responsáveis pelas consequências educativas ou não das 
nossas ações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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