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POTENCIAL CONTRIBUTO DOS MUSEUS DE ARTE PARA A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA 
 
(Simpósio) 
 
 
 
Resumo 
 
A escrita desta comunicação implicou algumas leituras e reflexões sobre a importância dos museus de arte 
para a educação artística. Sem ceder à tentação de “sacralização” e/ou “escolarização” do museu, mas assumindo que 
se trata de uma das mais importantes instâncias educativas da sociedade, é feita uma análise sobre o papel educativo 
dos museus de arte. O museu é aqui entendido como um espaço cultural que viabiliza, fomenta, incentiva a troca, a 
aprendizagem, a (re)construção do conhecimento de uma forma dinâmica e múltipla, oferecendo propostas ricas em 
experiências visuais, estéticas e de criação artística. 
Analisa-se também a contribuição dos museus para a educação artística e para a aprendizagem da arte, pois 
considera-se que há poucas coisas tão enriquecedoras como ver pessoalmente objectos reais, não diminuídos pela 
reprodução ou interpretação. De facto, tudo o que se aprende com o uso de objectos autênticos é absorvido mais 
facilmente, com maior entusiasmo e é lembrado por muito tempo, gerando uma sede por saber mais. Para além disso, 
aborda-se a questão das visitas educativas e das visitas de estudo aos museus de arte, enquanto actividades que podem 
facilitar a aquisição de conhecimento através de um clima de aprendizagem mais informal. 
 
 
Palavras-chave 
 
Museus de arte; educação artística; e visitas educativas. 
 
 
 
 
 
POTENTIAL CONTRIBUTION OF ART MUSEUMS TO ART EDUCATION 
 
(Symposium) 
 
 
Abstract 
 
This slide presentation paper was written after reading extensively and reflecting on the importance of art 
museums for art education. Without falling into the temptation of looking at the museum as an “untouchable shrine” 
and/or solely an “educational institution”, it is undoubtedly one of the most important learning facilities of society, 
and as such the intention is to analyse the educational role of art museums. The museum is hereby understood to 
mean a cultural facility that enables, encourages, and stimulates exchange, learning and re(construction) of 
knowledge in a dynamic and multi-faceted way, as well as constituting a catalyst for visual, aesthetic and artistic 
creation. 
Also analysed are the contribution of museums to art education and art learning in museums, given that there 
are few things as potentially enriching as going to see for oneself original objects, undiminished by reproduction or 
interpretation. Indeed, everything that is learned with the use of real objects is absorbed more easily and with greater 
enthusiasm, is remembered longer and generates a thirst to know more. Furthermore, the issue of educational tours 
and school visits to art museums is tackled, as activities that can facilitate knowledge acquisition by providing a more 
relaxed learning climate. 
 
 
Key Words 
 
Art museums; art education; and educational tours. 
 
 
 
 
 
2 
POTENCIAL CONTRIBUTO DOS MUSEUS DE ARTE PARA 
A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA 
 
 
Introdução 
 
A educação realiza-se numa grande multiplicidade de contextos informais, tais 
como o museu, a casa, a rua, o supermercado, a quinta, entre outros, os quais permitem 
um alcance quase ilimitado de aprendizagem prática e aumento de capacidades, e 
desenvolvem uma grande variedade de valores. Ao longo dos anos, reconhecendo a 
necessidade de aumentar as oportunidades de aprendizagem, as escolas têm vindo a 
apoiar as visitas de estudo, o trabalho de campo e toda a espécie de actividades 
extracurriculares. Este facto facilitou a aprendizagem, derrubando barreiras, ao ponto de 
actualmente todo o meio envolvente ser considerado um recurso de aprendizagem. Como parte 
integrante deste meio envolvente, os museus têm claramente um papel fundamental a 
desempenhar na abertura das aprendizagens escolares a uma maior variedade de estímulos e de 
enriquecimento da experiência educativa dos alunos. 
Do mesmo modo que é largamente reconhecido que a aprendizagem não pode continuar 
confinada aos livros, a educação não deve estar restrita ao que é transmitido dentro das quatro 
paredes da sala de aula. A sociedade em geral e os professores em particular reconhecem o valor 
dos museus como um recurso educativo. Como Hooper-Greenhill (1994, p.141) refere, “os 
museus são lugares sem muitos dos constrangimentos que caracterizam outros lugares de 
aprendizagem”. Os museus podem constituir uma etapa onde projectos dinâmicos e 
imaginativos possam ser empreendidos e temas comuns possam ser explorados de forma 
diferente, utilizando métodos não implementáveis na sala de aula. 
Os museus são um sistema educativo paralelo às escolas que fornecem experiências de 
aprendizagem da vida real. Como tal, a aprendizagem no museu de arte deve ser parte integrante 
de todos os programas de arte na escola e não deve ser tratada como uma simples actividade 
paralela ou um recurso adicional para a aula de arte. Os museus de arte são particularmente 
importantes para a educação artística, porque a observação de arte é a fonte mais importante da 
inspiração artística. Embora os alunos e os professores possam obter uma ideia razoavelmente 
exacta de muitas formas de arte através de reproduções, nada pode substituir a observação 
directa. Contudo, é importante que os professores de arte percebam que o impacto do museu de 
3 
arte na aprendizagem dos alunos depende, basicamente, da forma como este é integrado no 
programa de arte da escola. 
 
 
O Papel Educativo dos Museus de Arte 
 
O museu é um meio de aprendizagem único, proporcionando um espaço desconhecido 
onde os objectos e as ideias podem ser explorados e as disciplinas livremente relacionadas. Ao 
identificarem-se com algo e concentrarem-se na sua singularidade, os museus podem 
desempenhar um estimulante e vital papel na educação. No entanto, a complexidade de integrar 
os dois campos, o dos museus e o da educação, e depois ensinar um tema eficazmente requer 
uma planificação que sirva de guia durante este processo multifacetado. 
Tanto o ambiente do museu como os currículos escolares devem ser tidos em 
consideração aquando da selecção e escolha das metodologias educativas mais eficazes, pois é 
somente através de um planeamento cuidadoso entre museus e escolas que emerge o sucesso do 
ensino de um tema no contexto de um museu. A literatura revela que muitos museus de arte 
projectam programas educativos para as escolas sem a participação destas. Contudo, também 
documenta como os museus de arte, apesar de não auscultarem as escolas, tendem a elaborar os 
seus programas educativos para se ajustarem aos currículos e às necessidades destas. 
Há quem acredite que todas as actividades que os museus de arte empreendem têm um 
objectivo educativo: a colecção de objectos (pinturas, esculturas, etc.), o planeamento e a 
produção de exposições, e a realização de eventos especiais e sessões educativas. Outros 
entendem a educação no museu apenas como programas educativos e eventos para adultos e 
crianças. 
Para Hooper-Greenhill (1994) o ensino nos museus de arte baseia-se sempre nas suas 
colecções. Concentra-se nas formas de exploração dessas colecções e na busca de ligações 
relevantes e imediatas com uma variedade de públicos. Entre as estratégias mais comuns 
implementadas pelos museus de arte estão os ateliers e todos os tipos de aprendizagem activa. 
Segundo a autora, têm como objectivo oferecer ao público uma experiência que não é possível 
encontrar-se noutro lugar e, em geral, permitem o contacto directo com as colecções através do 
manuseamento, observação atenta, desenho ou discussão. 
Para planear efectivamente a aprendizagem num museu de arte é necessário um 
conhecimento das qualidades únicas do ambiente do museu. Este ambiente deve ser explorado 
pormenorizadamente antes que o aluno se sinta confortável e receptivo à informação que se lhe 
apresenta. O principal recurso para aprender num museude arte é o “objecto autêntico”. A 
4 
preservação de objectos autênticos na forma de pinturas, esculturas, instalações, vídeos, entre 
outros, é o objectivo principal do museu de arte. É, por isso, essencial que o objecto esteja no 
centro da experiência educativa do museu. 
Segundo Campos (2001), Hicks (1986) e Hooper-Greenhill (1991), entre outros, os 
museus de arte devem complementar a formação escolar. Lima (1982, p.117), por exemplo, 
menciona a importância dos museus de arte na “cultura visual”, uma vez que vivemos na 
chamada “civilização da imagem”. Como este autor refere, apesar de os currículos escolares 
acentuarem a linguagem verbal e os sistemas simbólicos lineares, as gerações mais jovens estão 
muito mais familiarizadas com as metáforas visuais, fundamentalmente através da televisão. No 
entanto, o facto de a escola não oferecer praticamente nenhuma cultura visual não significa que 
as pessoas a não tenham. Daí que, o museu de arte tem para dar um contributo especialmente 
relevante na era visual em que hoje vivemos. 
Muhlberger (1985, p.102) refere que os museus de arte negligenciam as suas próprias 
necessidades e a missão de ensinar arte propriamente dita nos programas destinados às escolas. 
Este autor argumenta que “os museus de arte tiram o máximo proveito das situações quando 
propõem aulas que se enquadram nos objectivos educativos de um professor, do que 
propriamente nos do museu”. Por sua vez, Zeller (1987) sugere que a educação nos museus de 
arte deve ser um tema central nos programas de arte das escolas, não devendo ser tratada como 
um enriquecimento, um acréscimo, ou mero recurso para o programa de arte na sala de aula. Por 
outras palavras, a educação nos museus deve ser mais que uma extensão do ensino tradicional e 
é necessário colocar o museu e os seus conteúdos no centro da experiência educativa. 
Finalmente, embora alguns estudos demonstrem que os professores solicitam 
regularmente aos museus de arte que relacionem os seus programas educativos com os 
currículos escolares (Berry, 1998; e Henry, 1995/1996; entre outros), é igualmente verdade que 
os museus de arte têm os seus próprios atributos e potencialidades para fornecer programas 
educativos de qualidade, que vão para além dos currículos escolares. Daí que, devam ser tidos 
em conta os programas educativos no âmbito da colaboração entre museus de arte e escolas, de 
modo a que cada uma das instituições beneficie e progrida. 
 
 
Contribuição dos Museus para a Educação Artística 
 
Os museus e as galerias são locais óbvios de interesse e têm tesouros belos e 
diversificados para os professores e os alunos poderem explorar. Sempre que possível, os 
professores de arte devem criar condições para que os alunos tenham contacto directo com eles, 
5 
porque as reproduções em papel, celulóide ou televisão, não obstante valiosas, não substituem a 
importância de tocar e ver os originais. Como é referido por vários autores (Johnson, 1990; 
Muhlberger, 1985; Walsh-Piper, 1994; e Zeller, 1983; entre outros), os museus de arte são um 
dos poucos tipos de instituições com potencial para compensar uma educação artística 
insuficiente. 
Segundo Goodman (1985), os museus são especialmente importantes para a educação 
artística, porque a observação de obras de arte autênticas ajuda a desenvolver a sensibilidade 
visual e o conhecimento. Além disso, os antropólogos demonstraram claramente que a 
observação de obras de arte é a fonte mais importante da inspiração artística. A criatividade não 
existe dentro de um vácuo. Ela flui de uma confluência das capacidades de representação, 
interpretação e análise, assim como de encontros intuitivos de mundos verdadeiros e 
imaginários, incluindo o mundo da arte. 
Embora os alunos possam obter uma ideia razoavelmente exacta sobre muitas obras de 
arte através das reproduções, nada pode substituir a observação das peças propriamente ditas. 
Como Gaitskell (1995, p.335) faz notar, “quantas vezes sentimos que conhecemos uma obra de 
arte através do estudo das reproduções, para depois ficarmos simplesmente fascinados com a 
visão do original”. Por isso, é extremamente desejável que as crianças tenham a oportunidade de 
regularmente poderem observar os originais, independentemente de estarem ou não 
familiarizados com as reproduções. As cores, as pinceladas, as texturas e, às vezes, a escala do 
trabalho, nunca são apropriadamente transmitidas por uma reprodução. As fontes mais óbvias 
para observar os originais são as galerias e os museus, os artistas locais e os coleccionadores. 
Stone (1996, p.91) descreve como os professores, querendo combinar a aprendizagem 
crítica, contextual e estética, pedem constantemente aos alunos para que observem, avaliem e 
critiquem as obras de arte de tempos e lugares diferentes, tal como se empenhem na actividade 
criativa, “possibilitando-lhes encontrar as suas próprias respostas à experiência humana”. Em 
todas essas actividades o aluno está activamente envolvido no trabalho de investigação, 
desenvolvendo as suas próprias capacidades. Estas actividades de aprendizagem são facilmente 
implementadas no ambiente do museu, o qual tem a vantagem acrescida de ter objectos 
autênticos para observar, registar e analisar. 
Segundo Brigham (1986), Muhlberger (1985) e Zeller (1985), entre outros, os professores 
estão a ficar cada vez mais empenhados no ensino da estética, da crítica e história da arte para 
criar um currículo equilibrado. O museu de arte é o lugar ideal para fornecer o tipo de 
experiências de que estes professores necessitam. 
Há bons argumentos na literatura para propor que as visitas aos museus devam ser uma 
parte integrante de todos os programas de arte da escola, não devendo ser tratadas como uma 
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actividade paralela, ou simplesmente como um recurso para o ensino na sala de aula. Como 
Zeller (1987, p.50) refere, o objectivo da arte na educação geral não é treinar artistas e 
desenhadores profissionais, mas sim formar cidadãos visualmente instruídos, esteticamente 
sensíveis, conscientes da sua herança artística no sentido mais lato da palavra, capazes de 
formularem juízos estéticos distintos, e capazes de darem expressão visual individual a ideias e 
sensações. Por isso, “os museus e outras instituições culturais devem constituir o âmago de 
qualquer programa educativo”. 
O trabalho prático nas escolas pode ajudar as crianças a apreciarem as obras de arte, tendo 
a vantagem de alargar os seus horizontes quanto ao que elas poderiam alcançar ao nível da 
expressão artística. O estímulo de expressões pessoais de outros ajuda os alunos a encontrarem 
os seus próprios meios de expressão e a aprenderem algo valioso sobre a sua personalidade. 
Além disso, ver a forma como outros artistas exploraram os mesmos temas ajuda os alunos no 
seu trabalho prático. 
Sintetizando, o fundamento educativo para levar as crianças aos museus de arte, segundo 
Sheila (1985, p.15), é que estes enriquecem as experiências de aprendizagem, em termos visuais 
e intelectuais. Independentemente do conteúdo a ser introduzido no currículo para fazer face às 
exigências da vida futura, a escola continua a oferecer muita experiência em segunda mão sobre 
a realização humana. Por mais diverso que seja o material usado na sala de aula como forma de 
recurso educativo, existem poucas coisas tão potencialmente enriquecedoras como ir 
pessoalmente ver objectos verdadeiros, não diminuídos pela reprodução ou interpretação. 
 
 
Aprender Arte nos Museus 
 
Os museus têm potencial para desempenhar um papel fundamental na aprendizagem, pois 
podem apresentar o mundo real numa multiplicidade de formas que despertam a curiosidade, 
exigem exploração sensual, colocam perguntas e estimulam o pensamento. Estas instituições 
podem fornecer o conhecimento efectivo e conceptual que as crianças procuram, numa 
linguagem que elas possam usar, nomeadamente a linguagem do“ver” e do “sentir”. Os museus 
permitem-lhes estabelecer relações inteiramente novas com objectos que lhes são familiares no 
seu quotidiano. 
Segundo Stone (1996), os museus de arte oferecem uma importante fonte de educação 
estética à comunidade que pode ser vital para a arte na escola. Contudo, o impacto que um 
museu tem na aprendizagem dos alunos depende de muitas coisas, como por exemplo, da forma 
como é integrado no programa de artes da escola. 
7 
Um aspecto importante para o uso de objectos autênticos no processo de aprendizagem é 
o seu potencial de motivação. Pois, as coisas podem ser aprendidas com ou sem objectos, mas 
as ideias apreendidas com o uso de objectos autênticos são absorvidas mais facilmente e com 
maior entusiasmo, são lembradas por mais tempo e geram uma sede por saber mais. 
Xanthoudaki (1997, p.29) acredita que os benefícios da aprendizagem através de objectos 
de arte expostos em museus e galerias vêm da sua capacidade para: (i) fornecer uma experiência 
estética que estimula o interesse pela aprendizagem e um envolvimento mais profundo com a 
arte; (ii) funcionar como agentes do conhecimento e transmitir o significado e a informação ao 
espectador; (iii) fornecer a interacção entre a experiência prévia do espectador e a informação 
transmitida pela obra de arte; e (iv) influenciar contextos pessoais, sociais e físicos durante a 
experiência no museu. Este autor afirma também que os programas educativos dos museus que 
são construídos tendo em vista a participação das crianças e a expressão das suas interpretações 
individuais, com obras de arte autênticas, têm maior probabilidade de estimular a aprendizagem 
da arte do que os programas construídos em função da procura de respostas correctas/falsas, a 
conjuntos de perguntas pré-definidas. 
Os professores usam, muitas vezes, reproduções de obras de arte autênticas, apesar de 
alguns materiais serem difíceis de apreciar nas reproduções. O original tem qualidades que não 
são encontradas numa reprodução e que movem o observador esteticamente ou instruem-no 
historicamente de um modo que nenhuma reprodução consegue. 
Na opinião de Stone (1996), os professores de arte devem desempenhar um papel central 
na promoção da aprendizagem nos museus de arte. Contudo, isto é um desafio, porque há 
muitos novos estímulos, várias estratégias de ensino/aprendizagem e mais do que uma forma 
correcta de estudar as obras de arte. Segundo este autor, os professores de arte estão numa 
posição privilegiada para influir e apoiar o modo como os museus auxiliam as escolas. No 
entanto, muitos deles desperdiçam esta oportunidade. 
Entre as muitas actividades artísticas que podem ser empreendidas nos museus, o desenho 
é indubitavelmente um dos melhores modos de atrair o olhar e o pensamento. O desenho 
necessita de selecção e análise dos elementos formais, o que desenvolve a compreensão artística 
e enriquece a imaginação. 
 
 
Visitas Educativas aos Museus de Arte 
 
A visita educativa é uma das várias estratégias de aprendizagem que podem realizar-se 
num museu de arte, assim como ateliers, seminários e conferências viradas para a transmissão 
8 
do conhecimento. Cada tipo de actividade tem uma determinada função e um objectivo. 
Contudo, as visitas educativas são um modo ideal de “abrir” o museu ao público e 
desempenham um papel fundamental na função educativa do museu. 
Segundo Cabral (1988, p.24), uma visita ao museu de arte faz todo o sentido apenas pela 
“experiência de ver pinturas, conhecer artistas ou o espaço físico, sem qualquer planeamento 
prévio ou orientação”. Embora toda a informação adquirida durante esta espécie da visita seja 
benéfica, não será assimilada e absorvida se não for suficientemente estruturada e se não houver 
um objectivo educativo claro. Cumming (1995, p.7) refere que ver quadros assemelha-se a uma 
viagem – quanto melhor for a preparação mais gratificante será a viagem. Por outras palavras, 
“é melhor viajar com um guia que nos ajude a entender as coisas que nos circundam e que, de 
outro modo, poderiam passar despercebidas.” 
As visitas educativas devem ter objectivos bem definidos e devem ser preparadas por uma 
pessoa que conheça pessoalmente a colecção e tenha boa capacidade de comunicação. Quando 
as crianças se envolvem directamente com um objecto sobre o qual elas já ouviram falar ou 
viram reproduzido, elas adquirem um grande prazer de comparar a imagem que tinham desse 
objecto com a realidade. Quando a criança já sabe a “história" do objecto, esforça-se por 
estabelecer relações com ele. Desde que a visita não seja demasiado longa, a criança abandonará 
o museu com vontade de voltar. 
Na opinião de Costa (1996), o êxito das visitas educativas depende, em grande parte, da 
pessoa que as organizar e de quem a orienta, o educador do museu ou o professor da turma. O 
educador do museu tem a vantagem de conhecer melhor a colecção e, por isso, pode dar 
explicações mais completas sobre as obras expostas. O professor está mais consciente das 
dificuldades educativas dos alunos e, por isso, pode adaptar a visita ao seu nível de 
conhecimento. No entanto, o educador do museu não se deve limitar a reproduzir apenas o 
material pré-fabricado. Deve ser alguém que está totalmente interessado nas pessoas que está a 
orientar, tentando despertar o seu interesse, curiosidade, dúvidas, e estimular a sua capacidade 
para ver, entender, relacionar e interpretar. 
Um dos formatos mais comuns é a visita centrada num tema específico escolhido pelo 
grupo que está de visita ao museu. A introdução de um tópico no começo da visita é quase 
sempre essencial à obtenção de bons resultados, pois isso desperta o interesse do grupo. O ideal 
seria o grupo de visitantes tomar a iniciativa, ficando o educador do museu apenas atento aos 
comentários, ajudando e dando informações apropriadas e adaptadas aos interesses e à idade dos 
visitantes. 
Por último, o líder da visita educativa ao museu deve escolher, muito cuidadosamente, as 
obras de arte que vão ser estudadas. Uma visita não deve ser baseada numa selecção casual de 
9 
obras de arte, sem nenhum critério específico. É uma actividade que necessita de uma 
preparação cuidadosa. Para isso, é importante que os museus tenham antecipadamente 
informações sobre os visitantes: as idades, a escola/zona e uma eventual deficiência física ou 
mental, entre outros aspectos. A aprendizagem espontânea é algo que não ocorre apenas porque 
um jovem entra num museu de arte e se depara com uma ou várias obras de arte expostas. 
 
 
Visitas de Estudo aos Museus de Arte 
 
É largamente aceite pelos professores de arte, museologistas, e alguns investigadores 
(Falk e Dierking, 2000; e Hooper-Greenhill, 1991; entre outros) que as visitas de estudo a 
museus de arte são fundamentais à aprendizagem. De facto, Almeida (1989) refere que, seja 
qual for o currículo escolar, uma visita de estudo a um museu de arte promove o 
desenvolvimento do aluno, embora o conteúdo curricular seja composto por um conhecimento 
especializado. As actividades de aprendizagem centradas no aluno são experiências educativas 
válidas, que devem ser apreciadas mais pelas suas características intrínsecas do que pelo próprio 
conhecimento. Segundo este autor, as visitas de estudo devem ser vistas como actividades que 
podem facilitar a aquisição de conhecimento, através de um clima de aprendizagem mais 
informal, que estimule a motivação, tornando os alunos mais receptivos à aprendizagem. 
Embora uma visita de estudo a um museu de arte possa ser um recurso importante de 
aprendizagem, as crianças andam muitas vezes silenciosas por entre as esculturas, pinturas ou 
vitrinas de exposição. Este processo é pouco educativo. Na tentativa de ver tudo, muitas vezes 
não se vê nada, ou porque não há tempo, ou porque não estão disponíveis recursos para “sentir”. 
Ver um museu não é simplesmente visitá-lo. Do mesmo modo,alguém que não “sentiu" o 
museu não pode afirmar tê-lo visto. 
A literatura deixa bem claro que as visitas de estudo a museus de arte devem ser 
preparadas previamente na escola e que a falta de informação sobre as obras de arte expostas 
inibe a aquisição de conhecimento. Por exemplo, Gil e Lourenço (1999) sugerem que, para 
preparar os alunos para uma visita, os professores devem dar-lhes informações sobre o museu – 
história, localização, espólio, entre outras –, assim como uma breve descrição sobre a exposição 
que vão ver. Os alunos devem ter uma tarefa para cumprir, por exemplo, responder a um 
questionário, seguir um guião, fazer um pequeno relatório ou ver uma determinada exposição, 
mencionando onde e quando tem de estar concluída e como será avaliada. 
É impossível definir a estratégia ideal para uma visita de estudo a um museu de arte, 
porque são muitas as variáveis que têm de ser consideradas. Fundamentalmente, as actividades 
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seleccionadas para os alunos realizarem devem ser compatíveis com os objectivos definidos 
para a visita e com o currículo escolar. No entanto, as visitas de estudo devem estimular a 
recolha de informação, encorajar os alunos para tomarem parte activa, ser agradáveis e incluir 
momentos de relaxamento. 
As actividades que os alunos desenvolvem após uma visita de estudo a um museu de arte 
são tão importantes como as que são feitas antes ou durante a visita. Allard e Boucher (1991) 
vêem as visitas de estudo como peças de investigação e sugerem que, para se obterem 
benefícios delas, os alunos devem: organizar os dados recolhidos, responder às perguntas dadas 
antes da visita, tirarem as suas próprias conclusões, colocarem novas perguntas, formularem as 
conclusões da sua investigação, prepararem os resultados e comunicarem-nos. Mesmo com uma 
preparação prévia extensa, uma visita de estudo a um museu de arte pode não atingir todos os 
seus objectivos. Mas as actividades de aprendizagem devem sempre ser organizadas em três 
etapas: antes, durante e depois da visita, com a participação activa do museu. 
 
 
Conclusão 
 
O conceito de museu desenvolveu-se na Europa desde a Grécia Antiga, quando não 
passava de um simplesmente espaço para alojar objectos artísticos, até aos dias de hoje, em que 
é considerado um meio de aprendizagem único, onde os objectos e as ideias podem ser 
explorados e as disciplinas livremente relacionadas. É consensual que os museus podem 
desempenhar um papel vital na aprendizagem em geral, porque apresentam o mundo real de 
várias formas que despertam a curiosidade, exigem exploração sensual, colocam perguntas e 
estimulam o pensamento. O ensino nos museus de arte é baseado no espólio que cada instituição 
alberga e nas exposições que realiza. Os métodos centram-se nas formas de exploração desse 
espólio e dessas exposições, assim como na tentativa de encontrar ligações relevantes e 
imediatas com uma grande variedade de públicos. No caso dos museus de arte, os métodos 
envolvem uma combinação do olhar e/ou do tocar, criados através de palavras ou através de 
outras formas que constituem a experiência educativa. 
Os museus de arte contribuem para a educação artística porque permitem a observação de 
obras de arte autênticas. Vários autores, como Goodman (1985), Hooper-Greenhill (1987), Kirk 
(1987) e Silverman (1988), entre outros, afirmam que os alunos podem obter uma ideia 
razoavelmente exacta sobre muitas obras de arte através de reproduções, mas nada pode 
substituir a observação das obras originais. A observação da própria arte é a principal fonte da 
inspiração artística. Ajuda a desenvolver a sensibilidade visual e o conhecimento e é uma 
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experiência de aprendizagem enriquecedora, em termos visuais e intelectuais. Além disso, ver 
de que forma outros artistas manipularam objectos semelhantes, materiais e técnicas, pode 
realçar a própria expressão artística dos alunos. 
O museu de arte é também um local ideal para motivar os alunos a estudar a arte, porque 
os trabalhos de arte autênticos falam aos alunos de um modo diferente e visualmente mais 
sugestivo do que as palavras, tornando o processo de aprendizagem nos museus de arte menos 
árduo, mais agradável e genuinamente exploratório. No entanto, se os estudantes devem 
realmente ser motivados para aprender, devem também ter a oportunidade de criar e participar 
nas actividades de aprendizagem e não ser entregues a si próprios a observar em silêncio e a 
reflectir. 
Finalmente, os museus de arte são autênticos recursos de aprendizagem, cujo potencial 
educativo ainda não é totalmente aproveitado por museus ou por escolas. Por isso, seria 
desejável que ambas as instituições desenvolvessem actividades inter-educativas. Por exemplo, 
os educadores do museu e os professores devem planear as visitas educativas em conjunto para 
as tornar mais úteis para o currículo escolar. Do mesmo modo, os professores devem visitar 
previamente os museus para avaliar o potencial educativo dos recursos disponíveis e tirar 
partido do conhecimento dos educadores do museu. Estes, por sua vez, devem ser responsáveis 
pelo apoio a dar aos professores de modo que estes tirem o máximo proveito das visitas aos 
museus. 
 
 
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