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CONTRADIÇÕES DAS POLÍTICAS AGRÁRIAS NO BRASIL 1965-1979 - Transforma o padrão de agropecuária - Produção rural com base no trabalho livre dura até 1965 - Modernização agrícola no Brasil não foi espontânea não aconteceu naturalmente - Foi uma política feita pelo governo implementada, bancada e financiada pelo estado - Crédito rural subsidiário fornecido para aqueles mais ricos - Padrão tecnológico aumentou muito aumentou economia aumenta um pouco produtividade principalmente aumenta pobreza - Modernização conservadora - Tese do senso comum: o atraso e a pobreza no meio rural brasileiro decorrem da resistência que os pequenos produtores apresentam à adoção de inovações tecnológicas - Essa tese reduz tudo a aspectos tecnológicos - De onde vem essa resistência = resistência a inovação, não gosta - Tal argumento faz sentido no início e final do processo de modernização - Pobres não tinham acesso ao crédito - Investimento do estado no mais rico aumenta abismo social - Justificar porque o investimento foi pro rico e não por pobre - De acordo com a tese sobre a precaridade das condições de vida no campo deduz-se que: ◦ constitui responsabilidade dos próprios produtores ◦ é uma questão de escolha, de opção ◦ reduz o problema a dimensão tecnológica - Ideologia que criou o processo de modernização conservadora = PRODUTIVISMO - Reduz toda a problemática à produção - Todos os problemas do campo são reduzidos ao aumento da produtividade ◦ exclui a luta de classes, o embate politico ◦ ignora-se a histórica legislação agrária ◦ consubstancia-se num processo ahistórico ◦ demonstra uma visão de mundo ingênua ◦ não percebe além das aparências - Fatalismo do círculo vicioso da pobreza Incapacidade do trabalho1 Deficiência nas condições de vista Baixa produção Baixa renda 1 Incapacidade é física e não mental = ainda não tinha modernizado quando o ciclo foi montado, não tinha possibilidade de trabalho que não fosse braçal - Errado pobreza não é cíclica - Raiz do problema está sempre na baixa produção - Renda e produção nem sempre está relacionado [depende do mercado que atua] - Rico não está dentro do ciclo porque tem acesso à tecnologia - Em contraposição, os grandes fazendeiros são reconhecidos como: ◦ progressistas, inovadores ◦ sequazes e multiplicadores da modernização ◦ líder do campo ◦ alvos da assistência técnica e do credito rural - Segundo Weber (1997): ◦ O racionalismo depende da “capacidade e disposição dos homens em adotar certos tipos de condutas racionais” consegue identificar tudo que vai mudar a produção e mudar ◦ E que a negligência em tal aspecto “ocorre em toda forma de empresa capitalista em que as circunstâncias não exijam precisão absoluta” - Portanto, a divulgada irracionalidade atribuída aos pequenos agricultores pode, com base na asserção acima, ser encontrada, sem distinção, em qualquer estrato da produção - Weber = pequeno produtor irracional - Tese = pobre porque quer - Junta os dois = por que produtor é irracional porque não usa tecnologia - E então, qual a explicação para as desigualdades sociais no campo? - Ela pode ser encontrada nos: ◦ Fatos econômicos, políticos e sociais que marcaram a formação histórica brasileira ◦ Na legislação agrária do país ◦ Nas inúmeras contradições que até hoje prevalecem no cenário rural do Brasil - Formação sócio-econômica do Brasil ◦ Terra inicialmente foi distribuída para os “novos falidos” – amigos do rei [grandes] ◦ Pessoas que não tinham acesso à terra tinham que se sujeitar ao trabalho ao grande produtor - A terra era o meio essencial de produção: ◦ Representava honra, prestígio ◦ Distribuída segundo vontade do monarca à uma casa de privilegiados ◦ Em grandes módulos ◦ E trabalhada por escravos (plantation) - Havia um sistema secundário de produção ◦ Ocupado por ex-escravos, mestiços, índios, via de regra, chamados de vadios ◦ Abastecia colônia [escravos e senhores] de alimentos ◦ Era marginal e oprimido ◦ A posse da terra era ilegal a concessão de uma sesmaria tinha precedência legal sobre os direitos desses posseiros ◦ Não tem dinheiro para comprar escravo ou contratar trabalhador livre, quem trabalha é a família [produção familiar] - Brasil colônia pequena produção: abastecimento interno / grande produção: exportação PÓS COLONIALISMO (SÉCULO 19) - Proibição do tráfico de escravos [Inglaterra obriga a criar essa lei] ◦ Inglaterra passou a vigiar o mar, bombardeava navios, perdia cargas de escravos valiosos e caros ◦ Inglaterra queria mercado, mas não escravo [donos de escravos iam deixar de comprar escravo e comprar outras tecnologias/produtos ingleses] REFORMA LIBERAL DO SÉCULO 19 - Estímulo a imigração estrangeria ◦ Europa e Japão – embranquecer o país - Promulgação da lei de terras ◦ Imigrante que chega não pode ter a terra ◦ Lei de terras estipula a compra de terra como única forma de aquisição ◦ Expropriação (tirar) dos posseiros - Libertos escravos, estabelecem-se o “cativeiro da terra” ◦ Até a abolição só escravo era vendido e comprado ◦ Com o fim a escravidão a terra vira escravo ◦ Antes mantia as pessoas aprisionadas pela escravidão, agora mantém pela necessidade da terra OUTRA REFORMA LIBERAL - Instituição da guarda nacional como emergência contra as classes populares - Incapacidade do poder central em administrar um império grande, frágil e sem recursos ◦ População não tinha ideia de país ◦ Sem sentimento de pertencimento - Cedeu-se a autoridade a um chefe político do lugar, inclusive munido de milícia para não perder o poder - Grande propriedade já tinha milícia estado só legitimou - Grande proprietário vira coronel (coronelismo) - Poder judiciário tinha que respeitar esse chefe - Só poderia ter um chefe político na região [oligarquias – mantém a estrutura de governância de uma determinada região] incumbência de manter a ordem e exercer a repressão (privatização do poder) ◦ Estado privatiza poder ◦ Coronéis passam a ser a forma de manutenção do estado brasileiro - Surge a figura do coronel: mediador entre o poder central e a população do interior ◦ Decidia a eleição controlava os votos decidia a vida da população da região ◦ Ia até o estado e exigia os benefícios locais qualquer benefício vinha do coronel e era coronel que elegia governantes VENTOS REPUBLICANOS - Última reforma liberal do século 19 - República é mais uma manobra das elites para se manterem no poder - Transferência para os estados (oligarquias regionais) das terras devolutas da união [que não foram compradas] - Cede pra serem administrada pela oligarquia - Ganhar apoio dos coronéis - Política dos governadores compensação à oligarquia que não é a dominante - Oligarquia ligada ao governo estadual tinha pouco poder - Arranjo político na república velha - Presidente governador [tinha apoio de alguma oligarquia] coronéis [coronel valia pelo número de voto que tinha exigia do estado o que achava importante (na maioria das vezes beneficiava a si próprio)] coronéis definem o rumo politico TEMPOS DE REALISMO – PRINCÍPIOS DO SÉCULO 20 - O número de pequenas propriedades se multiplica sobre as terras esgotadas pela cana e pelo café - Grande produtor não vai querer ficar na terra já usada e pouco produtiva – abandona fazenda - Pequena propriedade surge dentro da grande - Uma grande fazenda vira várias pequenas mas surge uma fazenda maior ainda – concentração ainda aumenta - Colonização – século XIX (1850) [abolição e lei de terras] – 1930 – 1965-79 [MC] - O poder público se esforça para garantir bons preços ao ouro negro - Convênio de Taubaté - Estado estabelece um preço pro café e compratodo o café ◦ Comprava sempre num valor acima – aumentava produção [superprodução] ◦ Ano após ano teve que investir mais dinheiro - Estado deveria comprar num preço abaixo de mercado – diminuir produção - A pobreza no campo é denunciada - 1ª pessoa a denunciar = Monteiro Lobato responsabilizou o caboclo por sua condição: resultante de preguiça, do fatalismo, do nomadismo, da ignorância, da rotina, da passividade [pobre porque quer] - O estado novo deu sua contribuição - Articulou para que os novos estabelecimentos industriais fizessem “o aprovisionamento, a preços baixos, dos gêneros necessários à alimentação” ◦ Indústria surge a partir da elite latifundiária ◦ Indústrias são instaladas perto de pequenas propriedades - Para comprar matéria prima barata - Explorar pequeno produtor comprar alimentos pros trabalhadores urbanos barato ◦ Benefício ao produtor de café continuou - Negou estender a legislação trabalhista aos trabalhadores rurais ◦ Trabalhador ia sair do meio rural e ir pro urbano muita mão de obra salário baixo - Promoveu a “marcha para oeste” e implantou viveiros de trabalhadores e disciplinados e produtivos - Módulo de terra = pequeno - Ainda tinha que pagar impostos - Depois cede a terá em grandes módulos para grandes empresas brasileiras - Pequeno proprietário vai ter que trabalhar na grande propriedade ao seu redor FASE DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA - A parte mais vultosa do crédito rural subsidiado se encaminha para os produtos de exportação, em detrimento dos produtos de abastecimento interno ◦ Estado passa a investir na exportação [em dólar – economia cresce mais] ◦ Política concentradora, gerar riqueza, depois dividir - Dirige-se para os produtores e intermediários do centro-sul, em detrimento do resto do país - Dinheiro concentra-se nas mãos dos empresários, em detrimento dos pequenos agricultores ÊXODO RURAL SE CONCENTRA DE 65 A 79 - Grande produtor busca mais terra para ter + crédito - Compra terra de quem não tem crédito mas tem terra - Crédito dado ao grande produtor somente - Êxodo rural é diretamente relacionado a concentração da terra e não a mecanização por si - Êxodo acaba em 1980 OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA - Instituição da colonização ao longo das grandes rodovias (construídas e a construir) - Loteamento da última fronteira agrícola brasileira aos grandes empresários dos ramos industriais, bancários e comerciais (tamanho mínimo = 25 mil hectares) - Grandes indústrias, bancos e comércios adquirem terras - Isenção de impostos e implantação de serviços públicos de infra-estrutura (SUDAM) estado dá a terra e investe CONCLUSÕES - Elite = Apropriação e depois controle de terra [distribuição] Apropriação e depois controle do trabalho - Estado/elite = controla os incentivos para produção (capital) - Controle do produto
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