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COMUNIDADE 
DA CONSTRUÇÃO 
DE BELO HORIZONTE 
2010-2011 4º CICLO
GUIA AvALIAÇÃO E INTERpRETAÇÃO 
DE ENSAIOS DE SISTEMAS DE 
REvESTIMENTO DE ARGAMASSA
GRUpO DE TRABALHO EM REvESTIMENTO 
de ArgAmAssA- gTrA
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Coordenação geral: 
Associação Brasileira de Cimento 
Portland – ABCP-mg 
Geraldo Lincoln Raydan 
Gerente Regional
patrícia Tozzini Ribeiro
Representante – Coordenadora da Comunidade 
da Construção de Belo Horizonte
estudo de caso e conteúdo
profª. Drª. Helena Carasek 
Núcleo de Tecnologia das Argamassas 
e Revestimentos EEC - UFG 
dados do estudo
prof. Dr. Antonio Neves de Carvalho Junior
Coordenador do Grupo de Trabaho 
em Revestimento de Argamassa
Obra
edifício mirante do sol
Resp. Paloma Francelly Gonçalves
Laboratório
Lenc Laboratório de Eng. e Cons. Ltda
Organização
patrícia Tozzini Ribeiro 
Márcia Amaral 
Projeto gráfico e editorial: 
A2B Comunicação
edição
Márcia Amaral 
Projeto gráfico
Laura Barreto
Belo Horizonte 
Agosto/2011
FiChA téCniCA
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intRODUÇÃO 
O presente trabalho é resultado das ações desenvolvidas pelo Gru-
po de trabalho em Revestimento de Argamassa – GtRA no 4º Ciclo 
da Comunidade da Construção de Belo Horizonte.
Por definição dos participantes do GtRA foi realizado o curso “Ava-
liação e interpretação de Ensaios de Sistemas de Revestimento de 
Argamassa”. Como ação prática complementar, foram realizados em 
obra os testes de arrancamento em painéis montados exclusivamen-
te para o curso. Ambas as ações foram coordenadas pela Profª hele-
na Carasek que, posteriormente, analisou os resultados dos ensaios e 
os apresentou como forma de relatório. Esta publicação apresenta o 
conteúdo do relatório organizado pela coordenadora.
especificação do trabalho prático: foram submetidos a ensaio de 
resistência de aderência à tração 12 quadros de painéis teste na 
obra. Foram utilizadas 12 pastilhas circulares de aço, com diâmetro 
de 50 mm coladas em cada quadro.
metodologia adotada: foi adotada a especificação prevista pela 
nBR-13749 – Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgâ-
nicas. Os ensaios foram realizados conforme a NBR 13528 – Revesti-
mento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação 
de resistência de aderência à tração.
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A Comunidade da Construção é um projeto desenvolvido pela Asso-
ciação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em parceria com entida-
des do setor de edificações, que busca a integração da cadeia produti-
va para aumento da competitividade dos sistemas construtivos à base 
de cimento. Lançada, em 2002, a Comunidade da Construção surgiu 
como um programa voltado para melhorias em desempenho técnico 
e econômico, em benefício das construtoras. 
A Comunidade da Construção atua hoje em 13 cidades e reúne cons-
trutoras que representam boa parte do mercado imobiliário brasileiro 
e suas ações proporcionam melhoria em processos construtivos, sob 
um modelo que preza a busca de resultados concretos e o comparti-
lhamento de experiências.
Criado em maio de 2002, o Polo Belo horizonte congrega importantes 
empresas e entidades mineiras. Em nove anos de existência, aproxima-
damente 100 empresas fizeram parte da Comunidade de Bh, dentre 
elas construtoras, entidades associativas, projetistas e mais de 400 pro-
fissionais foram envolvidos nos trabalhos dos quatro ciclos realizados.
Os temas tratados nos ciclos de trabalhos foram escolhidos pelo 
mercado, de acordo com suas necessidades. Assim, as ações pro-
movem maior interação dos participantes possibilitando a troca de 
experiências e a parceria dentro do grupo. O resultado é mais co-
nhecimento e desenvolvimento para profissionais e para o mercado 
de edificações mineiro.
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APRESEntAÇÃO
Este documento visa apresentar diretrizes para a 
realização e a avaliação dos ensaios de determina-
ção da resistência de aderência à tração, segundo a 
ABnt nBR 13528: 2010, como etapa final do curso 
de “AVALiAÇÃO E intERPREtAÇÃO DE RESULtADOS 
DE EnSAiOS DE SiStEMAS DE REVEStiMEntO DE 
ARGAMASSA”, ministrado no âmbito da Comunida-
de da Construção de Belo horizonte. Assim, o do-
cumento ficou dividido em duas partes principais. 
A primeira parte expõem algumas recomendações 
quanto à realização do ensaio e à anotação dos re-
sultados, discutindo aspectos que não estão con-
templados na referida norma. A parte 2 apresenta 
as diretrizes para a análise dos resultados obtidos 
no ensaio. Por fim são apresentadas as considera-
ções finais sobre o tema discutido.
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A ABnt nBR 13528: 2010 – “Re-
vestimento de paredes de arga-
massas inorgânicas: Determina-
ção da resistência de aderência à 
tração” apresenta metodologia 
bem definida, quando comparada 
com a versão anterior da norma 
(de 1996), que permitia algumas 
variações as quais podem ter alta 
interferência nos resultados de en-
saio. Mesmo assim, os resultados 
obtidos nos testes realizados com 
todos os cuidados da nova versão 
ainda tem mostrado alta variabili-
dade, medida na prática por meio 
do coeficiente de variação – CV 
(parâmetro estatístico básico).
Cabe lembrar que uma relativa-
mente alta variabilidade é intrín-
seca à propriedade. isso decorre 
do fato de que a resistência de 
aderência é influenciada por di-
versos fatores altamente variáveis, 
tais como os materiais da base, 
as características da argamassa, 
condições climáticas, energia de 
aplicação, etc. no caso, por exem-
plo, da influência do substrato, se 
pensarmos em blocos cerâmicos, 
esse material por si só apresenta 
elevada variação em um mesmo 
lote, devido à queima heterogê-
nea; isto implica em alta variabili-
dade da sua capacidade de sucção 
de água, característica essa que 
influencia diretamente a aderên-
cia (CARASEK, 1996). Além disso, é 
importante ressaltar que, no enfo-
que de ciência dos materiais, está 
RECOMEnDAÇÕES SOBRE 
A REALiZAÇÃO DO EnSAiO 
E AnOtAÇÃO DOS RESULtADOS1
se falando de materiais cerâmicos 
frágeis, os quais se caracterizam 
por apresentar alta dispersão de 
resultados de ruptura. Nesses ca-
sos, a resistência à fratura é ex-
tremamente dependente da pro-
babilidade da existência de um 
defeito que seja capaz de iniciar 
uma fissura. Ou seja, um CV rela-
tivamente alto é esperado para os 
resultados quando se avalia esta 
propriedade. (CARASEK, 2010)
Salienta-se que, em geral, resul-
tados de ensaios de resistência 
de aderência à tração apresen-
tam alta dispersão, resultando 
em coeficientes de variação da 
ordem de 10% a 35%, mas che-
gam muitas vezes a 50%-60%.1
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Para garantir uma adequada 
análise dos resultados é mui-
to importante que os dados de 
ensaios sejam registrados com 
detalhe e precisão e que per-
mitam conferência posterior, no 
escritório. Assim, é muito impor-
tante anotar corretamente os 
resultados em planilhas e deixar 
registrado através de fotos os ti-
pos de ruptura. Na Tabela 1 (ao 
final deste documento) é apre-
sentado um modelo de planilha 
para anotação dos dados, que 
inclui algumas colunas a mais 
do que a planilha proposta pela 
norma. Uma dessas colunas é 
para a anotação da espessura do 
revestimento ou altura em que 
rompeu o CP (distância desde a 
superfície da pastilha até a su-
perfície de ruptura, ilustrada na 
Figura 1), que ajuda na identifica-
ção do tipo de ruptura e também 
a análise das possíveis causas de 
manifestações patológicas. Para 
a verificação e análise do tipo de 
ruptura fazer uma documenta-
ção por meio de fotos também 
é essencial. As fotos devem ser 
do tipo “espelho”, mostrando o 
corpo de prova extraído, além do 
outro lado, local da parede onde 
ele foi extraído, como ilustrado 
na Figura 2. Além das fotos de 
cada corpo de prova extraído, 
também é interessante apresen-
tar uma foto do painel de teste 
com todos os corpos deprova 
ensaiados numerados (Figura 3).
neste sentido, alguns cuidados adicionais, além dos 
já alertados na norma, devem ser observados:
• OPerAçãO de COrTe: o corte é uma operação que pode 
contribuir na dispersão dos resultados uma vez na sua re-
alização podem ser induzidas tensões (por torção) previa-
mente ao arrancamento. A etapa de corte com a serra de 
copo para delimitação do corpo de prova gera muita poeira. 
Se o revestimento estiver úmido pode ocorrer formação de 
uma espécie de pasta dentro da cavidade de corte que leva 
a travar a serra de copo, dando um tranco, que solicita pre-
viamente o revestimento a ser testado. Outro aspecto que 
deve ser observado é a ergonomia do operador no instante 
do corte. Ele deve estar bem posicionado em frente à parede 
e a furadeira deve estar perfeitamente na horizontal.
• UMIDADE DO REvESTIMENTO2: um aspecto que in-
fluencia fortemente os resultados é a umidade do reves-
timento no momento do ensaio. Se o revestimento es-
tiver úmido na hora do ensaio o resultado de aderência 
será bem menor do que se o mesmo revestimento esti-
ver seco. é por esta razão que a norma indica que seja 
determinada a umidade do revestimento de argamassa, 
por meio de 3 determinações, visando, dessa forma, que 
se conheça essa condição. Assim, deve-se tomar muito 
cuidado com o corte com água (permitido na norma) e 
também com a realização de ensaios após uma chuva em 
revestimentos expostos, pois os valores poderão ser bem 
mais baixos do que no revestimento seco. Por outro lado, 
se um mesmo pano de revestimento apresenta condições 
heterogêneas de umidade, então os resultados de resis-
tência de aderência apresentarão alta dispersão.
• LOCAL SOBRE O qUAL O REvESTIMENTO ESTá ApLI-
CAdO nA ALvenAriA (junTA de AssenTAmenTO 
Ou BLOCO)3: Várias pesquisas têm mostrado que os 
resultados de resistência de aderência para um mes-
mo revestimento ensaiado na região da junta de as-
sentamento da alvenaria é superior ao ensaiado sobre 
o bloco (seja cerâmico ou de concreto). Assim, quando 
se ensaia alvenaria esta é mais uma razão de dispersão 
dos resultados; na realidade porque está se ensaiando 
sobre substratos distintos (com diferentes porosidade, 
rugosidade e sucção de água). neste sentido, torna-se 
importante que este aspecto seja bem avaliado durante 
o ensaio e anotado de forma precisa. Para tanto é pro-
posta uma alteração na planilha da norma, com inclusão 
de colunas específicas para a anotação dos percentuais 
de rupturas sobre as juntas verticais e/ou horizontais, 
como mostrado na tabela 1, ao final deste documento. 
A resistência de aderência 
à tração tende a diminuir 
linearmente à medida que 
se aumenta a umidade 
absorvida pelo revestimen-
to. Mais detalhes sobre a 
influência da umidade na 
aderência podem ser vistos 
em Carasek et al. (2008).
 Os valores de Rader nas 
juntas de assentamento 
(horizontais) geralmente 
resultam de 10% a 60-
80% superiores que os 
valores testados nos blocos. 
Quando existe chapisco, ou 
quando os blocos são de 
concreto ocorre uma redu-
ção deste efeito, mas ele 
não é anulado. nas juntas 
verticais (encabeçamento da 
alvenaria) este efeito pode 
ser menor, pois a argamassa 
dessa região fica menos 
compactada do que na junta 
horizontal. Por outro lado, 
em algumas situações, a 
alvenaria não é encabeçada, 
não existindo argamassa na 
junta vertical; nesse caso, o 
valor de resistência de ade-
rência pode ser menor do 
que o obtido sobre o bloco, 
porque o revestimento está 
aplicado sobre um vazio. Os 
trabalhos de Scartezini; Ca-
rasek (1999), Pereira (2000), 
Scartezini (2002), Angelim; 
Angelim; Carasek (2003), 
Costa; Duarte; Carasek 
(2006) discutem a influência 
da junta em detalhe.
 Em geral, na estatística, 
um CV igual a 25% é con-
siderado como limite para 
se considerar uma amostra 
aceitável. no entanto, 
tendo em vista todos os 
aspectos que influenciam 
os resultados, tem-se acei-
tado, para resistência de 
aderência à tração valores 
bem mais elevados.
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1
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Figura 1 – Espessura do revestimento. 
Nesse caso do CP ilustrado devem ser 
feitas pelo menos 3 medidas ao redor 
do CP e calculada a média, uma vez que 
a ruptura ocorreu em altura irregular.
Figura 2 – Exemplo de fotografia do CP após ensaio (tipo espelho) que 
permite verificar com precisão o tipo de ruptura ocorrido e calcular os 
percentuais de cada tipo (Fonte: Anexo fotográfico do Relatório LEnC) 
Figura 3 – Exemplo de um painel de teste com identificação de todos os 
CPs ensaiados (Fonte: Anexo Fotográfico do Relatório LEnC).
Outro aspecto que é interessante 
de se anotar, quando possível, é 
a espessura média das juntas de 
assentamento (principalmente a 
horizontal) da parede em ensaio 
por meio de medidas próximas 
ao painel de teste. isto pode au-
xiliar no cálculo da porcentagem 
(mais próximo do real) da junta 
de assentamento com relação à 
superfície ensaiada.
ESpESSURA
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Para a análise e apresentação fi-
nal dos resultados de resistência 
de aderência, recomenda-se in-
cialmente a elaboração de uma 
tabela onde são colocadas apenas 
as informações necessárias para 
a interpretação. Um exemplo de 
planilha a ser empregada é mos-
trado na tabela 2, ao final deste 
documento. nesse caso, já não se 
apresenta mais os diâmetros do 
CP e a área calculada a partir do di-
âmetro médio, bem como a carga 
AnÁLiSE DOS RESULtADOS DO EnSAiO 
DE DEtERMinAÇÃO DA RESiStÊnCiA 
DE ADERÊnCiA À tRAÇÃO2
LOCAL ACABAMENTO rA (mPA)
intERnA
Pintura ou base para reboco > 0,20
Cerâmica ou laminado > 0,30
ExtERnA
Pintura ou base para reboco > 0,30
Cerâmica > 0,30
tabela 3 – Critérios de resistência de aderência à tração (Ra) para 
revestimentos de argamassa de paredes (emboço e camada única), 
segundo a nBR 13749 (ABnt, 1996).
de ruptura, pois estas informações 
servem apenas para o cálculo da 
tensão (resistência de aderência), 
que é o parâmetro em análise. 
inicialmente deve-se fazer a análise 
dos resultados conforme a norma 
vigente nBR 13749: 1996. no en-
tanto, essa norma especifica que 
quatro dos seis corpos de prova de-
vem ser iguais ou superiores a 0,30 
MPa para revestimentos de facha-
da (ou iguais ou superiores a 0,20 
MPa, para revestimentos internos), 
este número não é compatível 
com o definido no procedimento 
de ensaio de determinação da re-
sistência de aderência à tração re-
centemente revisado (nBR 13528: 
2010), que alterou o número míni-
mo de 6 CPs para 12 CPs. Desta for-
ma, também o número mínimo de 
resultados para atender a especifi-
cação deve ser dobrado, ou seja, 8 
CPs em um total de 12 CPs devem 
atender aos mínimos especificados 
(tabela 3, a seguir).
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Uma forma adicional de ana-
lisar os resultados é calcular 
as médias das resistências de 
aderência e também de cada 
percentual de tipo de ruptu-
ra. isto permite uma análise 
mais rápida do comportamen-
to médio dos corpos de prova 
em uma determinada situação 
(por exemplo, painel de teste), 
principalmente quando se de-
seja comparar várias situações 
distintas. Outros parâmetros 
estatísticos básicos que devem 
ser calculados são: o desvio pa-
drão da amostra e o coeficiente 
de variação (CV).
O CV, calculado a partir do desvio 
padrão e da média, é um parâme-
tro para analisar a percentagem 
de variação da amostra. Este pa-
râmetro é útil quando se deseja 
comparar a variabilidade de di-
versas amostras com médias di-
ferentes, por exemplo, de vários 
painéis de teste. 
Quanto menor o CV, menor a 
dispersão encontrada. é mui-
to importante que os CVs sejam 
os mais baixos possíveis, pois as 
manifestações patológicas não 
ocorrem na média e sim nos va-
lores extremos (mais baixos). Um 
aspecto que influencia bastante 
a variabilidade dos resultados é 
o tipo de aplicação da argamassa 
de revestimento; um decréscimo 
do CV geralmente é observado 
quando se troca a aplicação ma-
nual pelaaplicação mecanizada. 
Por esta razão, ressalta-se a im-
portância do emprego em obra 
de equipamentos de aplicação 
mecanizados para execução dos 
revestimentos de argamassas 
que garantem a redução da dis-
persão dos resultados, ou seja, 
uma maior homogeneidade nas 
características e propriedades 
dos revestimentos.
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Um aspecto tão importante 
quanto o valor de resistência de 
aderência obtido é a análise do 
tipo de ruptura. Quando a rup-
tura é do tipo coesiva, ocorrendo 
no interior da argamassa ou do 
substrato, os valores são menos 
preocupantes, a menos que se-
jam muito baixos. Por outro lado, 
quando a ruptura é do tipo ade-
siva, ou seja, ocorre nas interfa-
ces do sistema, os valores devem 
ser mais elevados, pois existe um 
maior potencial para a ocorrên-
cia de manifestações patológicas 
futuras. (CARASEK, 2010) A rup-
tura na interface argamassa/cola 
significa que a porção mais fraca 
é camada superficial do revesti-
mento de argamassa e quando 
os valores são baixos indica re-
sistência superficial inadequada, 
pulverulência, que também pode 
estar associado com patologia, 
principalmente o descolamento 
do acabamento decorativo (tinta 
ou placa cerâmica).
Quando se deseja analisar várias 
situações, visando, por exemplo, 
a escolha de um sistema, sugere-
se a elaboração de tabelas re-
sumo, que permitem visualizar 
e entender mais facilmente os 
resultados. A tabela 4, a seguir, 
exemplifica uma tabela resumo; 
nela pode-se observar o uso de 
cores para identificação das si-
tuações totalmente aprovadas 
(verdes), com bons resultados, no 
entanto, não atendendo rigoro-
samente a nBR 13749 para reves-
timentos de fachada (amarelas) e 
rejeitadas (vermelhas).
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tabela 4 – Resultados médios de resistência de aderência e análises globais por painel.
Painel Substrato
chapisco Emboço
Atende a 
norma?
(8 em 12 
CPs)
Média
(MPa)
C.V.
(%)
Ruptura 
adesiva?
M
ec
an
iz
ad
o 
A
rg
. i
nd
.
M
an
ua
l -
 o
br
a 
Se
m
Pr
oj
eç
ão
 i
Pr
oj
eç
ão
 ii
M
an
ua
l
1 Cerâmico x x fachada 0,43 32 não
2 Cerâmico x x fachada 0,43 32 não
3 Cerâmico x x interno 0,26 46 não
4 Cerâmico x x interno 0,28 34 não
5 Cerâmico x x interno 0,25 31 não
6 Cerâmico x x não 0,16 64 sim
7 Bl.Concreto x x fachada 0,43 33 não
8 Bl.Concreto x x fachada 0,49 20 sim
9 Bl.Concreto x x fachada 0,46 27 não
10 Bl.Concreto x x interno 0,27 41 sim
11 Bl.Concreto x x interno 0,27 38 não
12 Bl.Concreto x x não 0,19 41 sim
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Adicionalmente, a elaboração de gráficos pode con-
tribuir para a escolha dentre várias situações. As Fi-
guras 4 e 5 ilustram gráficos que podem ser feitos 
com este intuito, sendo que o primeiro classifica os 
sistemas em ordem crescente da resistência de ade-
rência média e indica as rupturas do tipo adesivas, 
enquanto que o segundo relaciona os valores de re-
sistência de aderência com coeficientes de variação.
Dentre os sistemas que atendem à norma, deve-se 
escolher o mais econômico e/ou prático para a obra, 
observando, no entanto, o tipo de ruptura. Deve-se 
optar por aquele que apresentou o menor percen-
tual de ruptura adesiva (interfaces). Outros aspec-
tos que devem ser observados em paralelo, na es-
colha de um sistema de revestimento, é a ausência 
de fissuração e a textura superficial adequada para 
o tipo de acabamento decorativo. Adicionalmente, 
podem ser feitos testes de permeabilidade à água 
pelo método do cachimbo, escolhendo os sistemas 
de menor valor de permeabilidade/absorção.
Por fim, dentre os sistemas aptos de acordo com 
os critérios anteriormente discutidos, escolher os 
que apresentarem os menores CVs, principalmen-
te quando se está testando processos executivos 
diferentes, além de verificar se os valores de resis-
tência de aderência não são muito altos (o ideal é 
que sejam iguais ou inferiores a 0,50 MPa), pois não 
interessa revestimentos muito rígidos, que geral-
mente apresentam altas resistências de aderência à 
tração, mas que podem fissurar e descolar quando 
aplicados em fachadas de edifícios multipavimen-
tos, com elevadas movimentações.
Assim, no exemplo em questão, seriam escolhidos 
os sistemas 1,2,7 ou 9, não sendo descartada a 
possibilidade de empregar o sistema 4, pois apesar 
dele não atender rigorosamente aos parâmetros da 
nBR 13749, ele mostrou desempenho adequado 
(Ra média = 0,28 MPa; CVé o controle rigoroso da 
execução (limpeza da base, reali-
zação de chapisco, aplicação me-
canizada da argamassa, cura úmi-
da do revestimento, etc.) visando 
a garantia da qualidade do reves-
timento e, com isso, redução da 
quantidade de testes posteriores 
para a avaliação da resistência de 
aderência nas fachadas.
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2002. Dissertação (Mestrado) –
Curso de Mestrado em Engenha-
ria Civil, Universidade Federal de 
Goiás. Goiânia, 2002.
19
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Cp
Diâmetro (mm) Área
(mm2)
Local de ensaio (%) Carga de 
Ruptura 
(N)
Tensão Ra
(Mpa)
Forma de Ruptura (%) prof. de 
ruptura
(mm)
Obs
d1 d2 dm Bloco
Junta
Subst
Sub/
chap
cha-
pisco
Chap/arg argamassa
Arg/
cola
Cola/
pastH v
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Observações: Local de ensaio na base – só empregado quando a 
base é alvenaria; h = junta horizontal de assentamento; V = junta 
vertical (encabeçamento)
Devem-se descartar os valores que representam defeitos de exe-
cução do ensaio, tais como: corpos de prova que apresentarem 
ruptura na interface cola/pastilha, corte que não atingir o subs-
trato, carga aplicada com excentricidade, erros de operação do 
equipamento, entre outros. Estes defeitos de ensaio devem ser 
anotados na coluna de observações.
Os itens acrescentados em relação à planilha da norma estão em vermelho.
tabela 1 – Modelo de planilha para anotação durante o ensaio.
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Cp
Local da base (%)
Alvenaria Tensão Ra
(Mpa)
Forma de Ruptura (%) prof. de 
ruptura
(mm)
Obs.
Bloco
Junta
Sub
Sub/
chap
chap
Chap/
rev
rev
Rev/
cola
Cola/
pastH v
1 85 15 0,53 50 50 0 0 0 0 0 31
2 100 > 0,54 0 0 0 0 100 0 0 23
3 100 > 0,55 0 0 0 0 90 10 0 15/1
4 60 20 20 0,44 40 0 0 0 60 0 0 29/17
5 100 > 0,57 0 0 0 0 90 10 0 16/1
6 60 30 10 0,30 10 0 90 0 0 0 0 29
7 100 0,31 0 100 0 0 0 0 0 27
8 100 > 0,62 0 0 0 0 0 95 5 1 superf
9 100 0,31 40 0 60 0 0 0 0 28
10 100 0,33 20 0 80 0 0 0 0 29
11 100 0,19 20 0 80 0 0 0 0 28
12 67 33 0,47 40 0 60 0 0 0 0 27
Média 89,3 8,2 2,5 0,43 18,3 12,5 30,8 0,0 28,3 9,6 0,4 30
Desvio padrão (Mpa) 0,14
Cv (%) 32% Umidade Média (%) 3,1
espessura média do revesti-
mento (mm)
28
tabela 2 - Exemplo de planilha para apresentação final dos resultados 
de ensaio de determinação da resistência de aderência à tração.
Observações: Local da base – só empregado quando a base é al-
venaria; h = junta horizontal de assentamento; V = junta vertical 
(encabeçamento)
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