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RESUMO: Crime doloso: Crime com intenção. O agente quer ou assume o resultado. A definição de crime doloso está prevista no artigo 18, inciso I do Código Penal, que considera como dolosa a conduta criminosa na qual o agente quis ou assumiu o resultado. Dolo eventual: Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, admite e aceita o risco de produzi-lo. Ele não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê o resultado e mesmo assim age. Crime Culposo: Crime praticado sem intenção. O agente não quer nem assume o resultado. Culpa inconsciente: Na culpa inconsciente, também denominada culpa ex ignorantia, o resultado, embora previsível, não é previsto pelo agente. É o caso da negligência, imperícia e imprudência, em que não houve a previsão do resultado por descuido, desatenção ou desinteresse do agente. Culpa consciente: O agente prevê o resultado mas erroneamente acredita que este não vá ocorrer. Autoria colateral: A autoria colateral se mostra presente quando duas ou mais pessoas querem matar a mesma vítima e realizam ato executório ao mesmo tempo (enquanto ela ainda está viva), sem que uma saiba da intenção da outra, sendo que o resultado morte decorre da ação de apenas uma delas. Um responderá por crime consumado, enquanto o outro responderá por tentativa. Exceção: Quando não há como saber quem efetivamente matou a vítima, os dois respondem por tentativa. Autoria mediata: Esta é a denominação que se dá às hipóteses em que o agente serve-se de pessoa sem discernimento para executar para ele o homicídio. O executor é mero instrumento para atuar sem vontade própria ou sem consciência do que está fazendo e, por isso, só o autor mediato responde pelo delito. É o que ocorre, por exemplo, quando o sujeito induz um deficiente mental ou menor de tenra idade a matar alguém, ou quando coage outra pessoa a cometer para ele o crime (coação moral irresistível). Concurso formal: Ocorre o concurso formal quando o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Concurso formal impróprio: Quando o agente quer ou está ciente dos dois resultados. - conduta única com múltiplos resultados intencionais. Ex: jogar uma bomba. Concurso formal próprio: Quando o agente quer matar um e acaba matando dois. 1 Crime impossível: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Para o reconhecimento do crime impossível é necessário que o meio seja inteiramente ineficaz para a obtenção do resultado. Não exclui a existência da tentativa a utilização de meio relativamente inidôneo, quando há um perigo, ainda que mínimo, para o bem jurídico que o agente pretende atingir. Crime continuado: O crime continuado, ou delictum continuatum, dá-se quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante duas ou mais condutas, os quais, pelas condições de tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser tidos uns como continuação dos outros. Exemplo: uma empregada doméstica, visando subtrair o faqueiro de sua patroa, decide furtar uma peça por dia, até ter em sua casa o jogo completo Crimes contra a vida Os crimes contra a vida são divididos em dois grandes grupos: → Crimes de dano: São os crimes clássicos contra vida, como por exemplo homicídio, auxílio ao suícidio, e demais crimes previstos em lei. Todos esses possuem competência do tribunal do júri. Desses, apenas o homicídio apresenta a modalidade culposa, hipótese em que a competência passa a ser do juiz singular. → Crimes de perigo: São os casos de crime de periclitação da vida e saúde. Quando o perigo puder atingir um número indeterminado de pessoas, estamos diante dos crimes contra a incolumidade pública. HOMICÍDIO - ART. 121 Pode ser doloso ou culposo. Homicídio doloso: Se subdivide em três modalidades: simples, privilegiado e qualificado. ❖ Homicídio doloso simples - Art. 121, caput: Considera-se homicídio simples todo aquele homicídio que não é nem privilegiado nem qualificado. 2 ➤ Conceito: Consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa. A vítima deixa de existir por conduta praticada pelo agente, este pode realizar o ato homicida pessoalmente, ou atiçando um animal bravio contra a vítima, ou até mesmo valendo-se de pessoa inimputável, como no caso de convencer uma criança a jogar veneno no copo da vítima. ➤ Meios de execução: A conduta típica “matar” admite qualquer meio de execução (disparos de arma de fogo, facadas, atropelamento, emprego de fogo, asfixia etc.). Alguns desses meios de execução, tornam o crime qualificado. Exemplo: fogo, explosivo, veneno, asfixia etc. É possível que o homicídio seja praticado por omissão. ➤ Sujeito ativo: Qualquer pessoa, admitindo coautoria e participação. Haverá coautoria quando duas pessoas realizarem os atos executórios que culminem na morte da vítima, como quando efetuarem disparos de armas de fogo contra ela. O caso será de participação quando a pessoa não realizar ato executório do homicídio, mas, de alguma outra forma, colaborar para o delito, como, por exemplo, incentivando verbalmente outra pessoa a cometer o crime ou emprestando-lhe a arma de fogo para que o faça. ➤ Sujeito passivo: Pode ser qualquer ser humano. Após o nascimento toda e qualquer pessoa pode ser vítima do crime de homicídio. ➤ Consumação: Consuma-se no momento da morte decorrente da conduta dolosa do agente. Considera-se morta a pessoa no momento da cessação da atividade encefálica. ⤷ Tentativa: A tentativa de homicídio é plenamente possível e, aliás, muito comum. Para o seu reconhecimento, são exigidos três fatores: Que exista prova inequívoca de que o agente queria matar a vítima, que tenha havido início de execução do homicídio e que o resultado morte não tenha ocorrido por circunstâncias alheias à vontade do agente. ➤ Desistência voluntária: No crime de homicídio, a desistência voluntária configura-se quando o agente dá início à sua execução, mas não consegue, de imediato, a morte da vítima, contudo, tendo ainda condições de prosseguir no ataque e concretizar a morte, resolve, voluntariamente, não o fazer. É o que ocorre, por exemplo, quando o homicida possui seis cápsulas em seu revólver e, após efetuar um primeiro disparo e perceber que não atingiu a vítima de forma fatal, resolve não apertar o gatilho novamente, embora pudesse tranquilamente fazê-lo por estar a vítima à sua mercê. Em tais casos, apesar de ter havido dolo de matar por parte do agente no instante em que efetuou o primeiro disparo e até mesmo uma circunstância alheia à sua vontade que impediu o 3 resultado — o erro de pontaria —, o legislador entendeu que o agente não poderia ser responsabilizado por tentativa de homicídio porque a circunstância impeditiva do resultado, e alheia à sua vontade, deveria se mostrar presente durante todo o contexto fático, e não apenas em face da primeira ação. Para que haja o reconhecimento da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha percebido que não alvejou a vítima de modo fatal. Por isso, se ele deixou de disparar novos projéteis por pensar que a vítima já estava morta, responde por tentativa de homicídio. ➤ Arrependimento eficaz: No arrependimento eficaz o sujeito já tinha realizado todos os atos executórios ao seu alcance, que, como decorrência causal, já seriam suficientes para ocasionar a morte, porém, se arrepende e pratica novo ato para salvar a vida da vítima. Nesse caso, o agente só responde pelos atos já cometidos. ➤ Elemento subjetivo: É o dolo direto ou eventual. No dolo direto existe vontade livre e consciente de eliminara vida humana alheia. É também admissível o dolo eventual quando o agente, com sua conduta, assume o risco de provocar a morte. ❖ Homicídio doloso privilegiado - Art. 121, § 1º: As hipóteses de privilégio têm natureza jurídica de causa de diminuição de pena, pois, quando presentes, fazem com que a pena seja reduzida de um sexto a um terço. Aplica-se em casos de: ➤ Relevante valor social: Essa hipótese está ligada à motivação do agente, que supõe que, ao matar a vítima, estará beneficiando a coletividade. O exemplo clássico é o do homicídio do traidor da nação. ➤ Relevante valor moral: Diz respeito a sentimentos pessoais do agente aprovados pela moral média, como piedade, compaixão etc. Exemplos: Eutanásia. ➤ Crime praticado sob o domínio de violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima: Para o reconhecimento do benefício, não basta a violenta emoção, sendo necessário que o agente fique sob o domínio desta. Exige-se uma fortíssima alteração no ânimo do agente, isto é, que fique irado, revoltado, perturbado em decorrência do ato provocativo. Trata-se de situação em que o sujeito fica tão intensamente alterado que acaba fazendo uma bobagem, que provavelmente não faria se estivesse calmo. Além disso, há a necessidade da injusta provocação da vítima, fazendo-o, por exemplo, por meio de xingamentos, de brincadeiras de mau gosto, riscando seu carro, jogando lixo ou pichando 4 sua casa etc. Ademais, o ato deve executório deve ocorrer LOGO EM SEGUIDA à injusta provocação, conforme determina lei. IMPORTANTE: Todas as figuras de privilégio são de caráter subjetivo, porque ligadas à motivação do agente (relevante valor social ou moral) ou à motivação somada à violenta emoção. Assim, nos termos do art. 30 do Código Penal, não se comunicam a coautores e partícipes do homicídio. Ex.: O pai encontra o estuprador da filha e começa a desferir golpes para matá-lo. Nesse momento, um amigo chega ao local e, sem saber que se trata do estuprador, ajuda-o a matar o malfeitor. O pai responde por homicídio privilegiado, o amigo não. ❖ Homicídio doloso qualificado - Art. 121, § 2º: O crime de homicídio possui ao todo vinte e três qualificadoras. Em todos esses casos, a pena passa a ser de 12 a 30 anos de reclusão. ➤ Classificação das qualificadoras: 1. Quanto aos motivos: ➤ Paga ou promessa de recompensa: Uma pessoa contrata outra para executar a vítima mediante pagamento em dinheiro ou qualquer outra vantagem econômica, como a entrega de bens, promoção no emprego etc. A paga é prévia em relação ao homicídio, enquanto a promessa de recompensa é para entrega posterior, como no caso em que o contratante é filho da vítima e promete dividir o dinheiro da herança com a pessoa contratada para matar o pai. Ainda não há uma concordância doutrinária se a qualificadora se aplica ao mandante do crime. 5 ➤ Motivo torpe: É a motivação vil, repugnante, imoral. Exemplos: Canibalismo, vampirismo, rituais macabros, motivação econômica, intenção de ocupar o cargo da vítima… IMPORTANTE: A vingança só se enquadra em motivo torpe em casos que ela tenha se originado de um antecedente torpe. Ex: O traficante que mata o usuário de droga que atrasou o pagamento de uma compra. ➤ Motivo fútil: É o motivo pequeno, insignificante, ou seja, deve ser reconhecido quando houver total falta de proporção entre o ato homicida e sua causa. Ex: O agente mata a vítima sem motivo algum. OBSERVAÇÃO: O motivo de um homicídio NÃO pode ser concomitantemente fútil e torpe. 2. Quanto ao meio de execução: Se o homicídio é cometido com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Ex: Tortura seguida de morte. 3. Quanto ao modo de execução: ➤ Traição: Para o reconhecimento da qualificadora da traição, é necessário que se demonstre que havia uma prévia relação de confiança entre as partes e que o agente tenha se valido de alguma facilidade disso decorrente para matar a vítima em um gesto por esta inesperado. Por isso, matar a esposa no quarto do casal, valendo-se do sono desta, configura traição ou apunhalar um amigo pelas costas. ➤ Emboscada: O agente aguarda escondido a chegada ou a passagem da vítima por determinado local para alvejá-la de surpresa. É também conhecida como tocaia. ➤ Dissimulação: Quando o agente emprega algum expediente fraudulento para ludibriar a vítima, possibilitando a execução do crime. É preciso que o agente engane a vítima, e, cometa o homicídio em um gesto não esperado por esta. A dissimulação, portanto, configura-se quando há uma farsa ou uma encenação, uma mentira verbal ou o uso de disfarce para se aproximar da vítima. ➤ Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. 6 4. Decorrente da conexão do homicídio com outro crime: Nesse caso, o homicídio só é realizado em razão de outro crime. O agente mata a vítima com a finalidade de, com isso, viabilizar a prática de outro crime, ou assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de um delito anterior. 5. Feminicídio: Existe a qualificadora feminicídio quando o crime é cometido “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”. Cuida-se, não basta que a vítima seja mulher, é necessário, de acordo com o texto legal, que o delito seja motivado pela condição de sexo feminino. Conforme prevê o Código Penal “ há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I — violência doméstica e familiar; II — menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. ➤ Conceitua-se violência doméstica ou familiar como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. Em suma, para que se tipifique a violência doméstica ou familiar caracterizadora do feminicídio, é inarredável que a agressão tenha como fator determinante o gênero feminino, não bastando que a vítima seja a esposa, a companheira etc. Em conclusão, se o marido mata a esposa porque ela não quis manter relação sexual ou porque não acatou suas ordens, ou, ainda, porque pediu o divórcio, configura-se o feminicídio. No entanto, se ele mata a esposa visando receber o seguro de vida por ela contratado, não se tipifica tal delito, e sim homicídio qualificado pelo motivo torpe. O crime de feminicídio pode também ser praticado contra a filha, a irmã, a mãe etc., e não apenas quando o delito é cometido contra esposa ou companheira. O feminicídio também pode ser cometido contra ex-mulher ou ex-companheira, ou namorada ou ex-namorada. ➤ No inciso II, a razão da tipificação do feminicídio é o menosprezo ou discriminação à condição de mulher como motivo do crime. Nesses casos, a vítima pode ser até mesmo uma mulher desconhecida do agente. Incorre nessa infração penal, por exemplo, quem mata mulher por entender que elas não devem trabalhar como motoristas ou que não devem estudar em universidades etc. Causas de aumento de pena do feminicídio: § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 7 III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 6. Emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito. 7. Homicídio contra policiais ou integrantesdas Forças Armadas ou seus familiares (art. 121, § 2º, VII): De acordo com o texto legal, o homicídio considera-se qualificado quando a vítima for: a) integrante das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) — art. 142 da Constituição Federal; b) integrante da polícia federal, da polícia rodoviária federal, da polícia ferroviária federal, da polícia civil ou da polícia militar ou corpo de bombeiros militares — art. 144 da Constituição Federal; c) integrante do sistema prisional; d) integrante da Força Nacional de Segurança Pública; e) cônjuge ou companheiro de qualquer das autoridades ou agentes mencionados nos tópicos anteriores em razão dessa condição; f) parente consanguíneo até terceiro grau de qualquer das autoridades ou agentes mencionados nos tópicos anteriores em razão dessa condição. É pressuposto da figura qualificada que a vítima esteja no exercício de suas funções no momento do delito, ou que esteja de folga, mas o crime seja praticado em razão delas. Quando a vítima é morta no exercício das funções, existe uma presunção de que o crime foi cometido em razão destas. No que tange aos crimes cometidos contra cônjuges, companheiros ou parentes, é necessário comprovar que a agressão ocorreu em razão dessa condição, tal como expressamente exige o dispositivo em estudo. __________________________________________________________________________ OBSERVAÇÃO: É absolutamente comum o reconhecimento de duas ou mais qualificadoras pelos jurados, como, por exemplo, quando, por motivo torpe, o agente coloca fogo na vítima que está dormindo (três qualificadoras). Acontece que, como se trata de um só crime, por haver uma única vítima, basta uma só qualificadora para que seja aplicada a pena do crime qualificado. Em suma, a pena em abstrato é a mesma — 12 a 30 anos — quer seja reconhecida uma ou mais qualificadoras. 8 HOMICÍDIO CULPOSO: No homicídio culposo, o agente não quer e não assume o risco de provocar a morte, mas a ela dá causa por imprudência, negligência ou imperícia. O crime culposo não se confunde com erro médico, a não ser que este seja grosseiro. 1. Imprudência: Prática de conduta arriscada ou perigosa que possui caráter comisso (agir/fazer). Exemplo: Agente brinca com um revólver carregado e acaba provocando um disparo acidental. 2. Negligência: Falta de precaução, imprevisão passiva, desleixo, inação. Agente não faz o que deveria ter feito. Exemplo: Não dar manutenção nos freios de um veículo e atropelar a vítima por falta de freio. 3. Imperícia: Falta de capacidade, preparo ou conhecimento. Exemplo: Um motorista habilitado, dirigindo normalmente um veículo, não consegue fazer uma curva por falta de habilidade na condução do automóvel, temos um caso de imperícia. ➤ Consumação: A consumação se dá no momento em que ocorre a morte da vítima, ou seja, com a cessação da atividade encefálica. Este é o aspecto mais importante do crime culposo, pois, ainda que o agente realize uma conduta manifestamente imprudente ou negligente, não haverá crime caso ele não atinja alguém e provoque sua morte. ➤ Sujeito ativo: Qualquer pessoa. ➤ Sujeito passivo: Qualquer ser humano. ➤ Tentativa: A tentativa não é possível porque não existe tentativa de crime culposo. Se o agir imprudente de alguém não atinge a vítima, o fato não constitui crime, e, se a atinge provocando apenas lesões corporais, o fato constitui lesão corporal culposa. ➤ Casos de aumento da pena: A pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências de seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante. (...) ➤ Hipótese de perdão judicial: A aplicação do perdão judicial decorre do sofrimento percebido pelo próprio agente em face de sua conduta culposa. Assim, se, em razão de sua imprudência, um pai causou a morte do próprio filho, mostra-se desnecessária a aplicação da pena de detenção como forma de punição, na medida em que a perda do 9 filho é “castigo” muito maior do que qualquer outro possível. O juiz, então, concede o perdão judicial que exclui a incidência da pena. ➤ Culpa inconsciente: Ocorre a culpa inconsciente quando o agente não prevê o resultado lesivo, embora fosse previsível. O sujeito cria ou incrementa um risco proibido relevante para o bem jurídico de forma imprudente, negligente ou imperita se, entretanto, prever a lesão ou o perigo concreto de lesão a esse bem jurídico. A culpa inconsciente caracteriza-se pela ausência absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado de sua ação. CRIME CULPOSO NO TRÂNSITO: O Art. 302 do CTB (legislação especial) é crime autônomo e não figura qualificadora como defende a doutrina. “Art. 302 - Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.” “Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em direção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo, não havendo falar em aplicação do princípio da consunção. —- SITE STJ” 10