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DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL Tiago Rodrigues da Silva [footnoteRef:1] [1: Graduado em Gestão Financeira pela Universidade Paulista. E-mail: xxxxxxx@xxxxxxxx] Segurança Pública Resumo Este trabalho descreve o artigo científico que trata sobre os direitos humanos e segurança pública no Brasil. Tal abordagem advém da importância de compreender os vínculos entre direitos humanos e segurança pública, os quais contribuem para a construção de um sistema de segurança mais justo, inclusivo e respeitoso aos direitos de todos os cidadãos. Ademais, considera-se a área de forma relevante para promover a eficácia na proteção dos direitos humanos e no combate à criminalidade, já que ao compreender e abordar as causas estruturais da violência e da violação dos direitos humanos, que será possível construir um sistema de segurança mais justo, inclusivo e resiliente, capaz de promover o bem-estar e a dignidade. O objetivo geral deste estudo é identificar como os direitos humanos e a segurança pública pode impactar no Brasil, visando à formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas às necessidades da sociedade brasileira. Motivo este que se resolveu realizar o estudo sobre o referido tema, principalmente a problemática em questão. Para tanto, será conceituado e discutido Direitos Fundamentais; Direitos Humanos; e Segurança Pública. Este propósito será conseguido através de revisão bibliográfica e abordagem qualitativa. Este estudo é motivado pela curiosidade do autor em relação aos temas de direitos humanos e segurança pública no Brasil, refletindo um interesse genuíno e uma motivação intrínseca para investigar e compreender questões sociais pertinentes. A análise demonstrou a importância dos direitos fundamentais e da segurança pública no contexto do ordenamento jurídico brasileiro. A Constituição de 1988, ao consagrar os direitos individuais, sociais e coletivos como pilares fundamentais da sociedade, estabeleceu uma direção clara em prol da dignidade humana e do progresso social. Palavras-chave: Direitos Fundamentais. Direitos Humanos. Segurança Pública. 1 Introdução Na contemporaneidade, a interseção entre direitos humanos e segurança pública constitui um dos pilares fundamentais para a construção de uma sociedade democrática e justa, que emerge como um tema de relevância incontestável. No Brasil, essa relação ganha contornos especiais diante dos desafios, à medida que o país enfrenta altos índices de violência, no âmbito da criminalidade, violência e garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos. Neste artigo, propomos uma análise aprofundada dessa relação complexa e interação, buscando compreender suas dimensões, implicações e possíveis soluções para a promoção efetiva dos direitos humanos no contexto da segurança pública. Subjacente a essa visão, partindo de uma abordagem multidisciplinar, o presente estudo explora as dimensões teóricas e práticas que permeiam a interação entre direitos humanos e segurança pública no Brasil. Para tanto, lançaremos mão de fundamentos teóricos que abarca contribuições do direito, da criminologia e de outras áreas afins, a fim de proporcionar uma análise abrangente e embasada sobre o tema. Em decorrência disso, o estudo tem como tema direitos humanos e segurança pública no Brasil, considerando os marcos legais, as políticas públicas implementadas e os desafios enfrentados. Tomando como base a presente argumentação, o trabalho verifica o seguinte problema: como os direitos humanos e a segurança pública podem impactar no Brasil? Diante de tal inquietação, procurou-se neste estudo analisar a efetividade direitos humanos e segurança pública pode impactar no Brasil para que seja possível o desencadeamento de políticas públicas mais eficazes e direcionadas às necessidades da população. Nesse contexto, torna-se crucial compreender como a garantia dos direitos humanos se relaciona com a segurança pública, uma vez que ambos os aspectos são interdependentes e fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade justa e harmoniosa. Além disso, este estudo se justifica pela necessidade de propor alternativas e recomendações para que o Brasil possa desenvolver políticas públicas mais eficazes e direcionadas às necessidades da população. Ao compreender os vínculos entre direitos humanos e segurança pública, será possível identificar estratégias que contribuam para a construção de um sistema de segurança mais justo, inclusivo e respeitoso aos direitos de todos os cidadãos. Com efeito, é imprescindível reconhecer que a promoção e proteção dos direitos humanos não apenas constituem um imperativo moral, mas também são fundamentais para a eficácia das políticas de segurança pública. Ademais, considera-se a área de forma relevante para promover a eficácia na proteção dos direitos humanos e no combate à criminalidade, já que ao compreender e abordar as causas estruturais da violência e da violação dos direitos humanos, será possível construir um sistema de segurança mais justo, inclusivo e resiliente, capaz de promover o bem-estar e a dignidade. Assim, o objetivo geral deste estudo é identificar como os direitos humanos e a segurança pública pode impactar no Brasil, visando à formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas às necessidades da sociedade brasileira. Motivo este que se resolveu realizar o estudo sobre o referido tema, principalmente a problemática em questão. Para tanto, será conceituado e discutido Direitos Fundamentais; Direitos Humanos; e Segurança Pública. Para atingir o que fora proposto, este estudo será conduzido por meio de revisão bibliográfica e abordagem qualitativa. Este estudo é motivado pela curiosidade do autor em relação aos temas de direitos humanos e segurança pública no Brasil, refletindo um interesse genuíno e uma motivação intrínseca para investigar e compreender questões sociais pertinentes. A análise crítica desses referenciais permitirá uma compreensão mais aprofundada das complexidades envolvidas na relação entre direitos humanos e segurança pública, bem como a avaliação da sua aplicabilidade no contexto brasileiro. Dessa forma, este estudo representa uma etapa acadêmica que reflete a oportunidade significativa de contribuir para o avanço do conhecimento em um campo de estudo crucial para a sociedade brasileira. Por fim, a estrutura do trabalho, segue o seguinte roteiro ― primeiramente ― traz-se o referencial teórico com fundamentação de concepções e ideias de autores como: Pérez Luño (1995), Dorneles (2006), Alexy (2008) e entre outros. Posteriormente ― a resolução do problema aqui proposto. Por conseguinte, será apresentada as considerações finais. 2 Direitos fundamentais A Constituição de 1988 conferiu aos princípios constitucionais fundamentais dos direitos individuais e sociais um papel central como pilares e diretrizes fundamentais de toda a ordem constitucional, constituindo o que se denomina de núcleo essencial da Constituição material. Destaca-se que esta foi a primeira vez em que o princípio da dignidade da pessoa humana foi oficialmente reconhecido na Constituição brasileira. Logo, ao analisar essa direção estabelecida pela sociedade brasileira, constata-se que o Estado existe para servir à pessoa humana, e não o contrário. A terminologia "direitos fundamentais" é frequentemente associada a outras expressões, como "direitos humanos", "direitos individuais" ou "liberdades fundamentais". É importante destacar que, embora a doutrina predominante argumente que a noção de "direitos humanos" abrange um espectro mais amplo do que a de "direitos fundamentais", permitindo uma abordagem de dimensão internacional, enquanto esta última se refere aos direitos efetivamente estabelecidos no texto constitucional do Estado. No contexto do direito constitucional brasileiro, a expressão "direitos e garantias fundamentais" representou uma inovação trazida pela Constituição de 1988. Enquanto, as Constituições anteriores se referiam a "direitos e garantias individuais". A mudança de terminologia reflete umaampliação do escopo, reconhecendo não apenas os direitos individuais, mas também os coletivos e sociais como elementos fundamentais do ordenamento jurídico. Destaca-se, a inclusão dos direitos sociais no próprio capítulo dos direitos fundamentais na Constituição de 1988, que claramente evidencia sua natureza fundamental, diferenciando-se das Constituições anteriores, onde esses direitos estavam dispostos no capítulo da ordem econômica e social. Essa reorganização os eleva a uma posição de maior eficácia, afastando a limitação que anteriormente os categorizava como meramente programáticos. Indiscutivelmente, os direitos fundamentais são aqueles direitos consagrados na Constituição nacional, refletindo os valores fundamentais pelos quais a sociedade brasileira optou para sua organização e progresso. No âmbito da interpretação dos direitos fundamentais, é relevante adotar a perspectiva de Pérez Luño (1995), que concebe os direitos humanos como um conjunto dinâmico de prerrogativas e instituições que, em cada contexto histórico, traduzem as necessidades da dignidade, liberdade e igualdade humanas. Tais demandas devem ser reconhecidas e garantidas pelos sistemas jurídicos tanto em âmbito nacional quanto internacional. De acordo com o autor, é crucial levar em conta os aspectos históricos ao avaliar a importância dos direitos em questão. Isso implica reconhecer que a compreensão e a aplicação dos direitos fundamentais estão intrinsecamente ligadas ao contexto social, político e cultural de cada época, o que exige uma abordagem flexível e sensível às transformações ao longo do tempo. Ao conferiram direitos à hierarquia de direitos fundamentais, o legislador o fizeram após ponderar a real importância desses direitos para a comunidade em um determinado contexto histórico. Por isso, é essencial realizar uma análise histórico-social dos direitos considerados fundamentais, dentro de uma perspectiva jurídico-constitucional. Nesse cenário, estudiosos como Alexy (2008) definem os direitos fundamentais como posições jurídicas tão relevantes para a comunidade no contexto constitucional, que não podem ser deixadas exclusivamente à mercê do legislador ordinário. Os direitos fundamentais desempenham o papel de normas que, ao incorporarem valores e decisões essenciais que definem sua natureza fundamental, atuam como critérios para o controle de constitucionalidade das leis e demais atos normativos do Estado, independentemente de qualquer interpretação subjetiva. A partir dessa imposição normativa, que exige o respeito objetivo à subjetividade desses direitos considerados fundamentais, emerge a clara noção de que o titular desses direitos tem o direito de buscar proteção judicial de seus interesses em relação ao Estado, que é o destinatário da obrigação de garantir esses direitos. A garantia concedida aos direitos fundamentais se evidencia através de sua inclusão no rol das "cláusulas pétreas" (ou garantias de perenidade) estabelecidas no artigo 60, parágrafo 4º, da Constituição brasileira, impedindo que o poder constituinte derivado venha a suprimir ou enfraquecer o cerne dos preceitos relacionados aos direitos fundamentais. Segundo o entendimento de Ingo W. Sarlet, os direitos fundamentais que todas aquelas posições jurídicas concernentes às pessoas, que, do ponto de vista do direito constitucional positivo, foram, por seu conteúdo e importância (fundamentalidade em sentido material), integradas ao texto da Constituição e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos (fundamentalidade formal), bem como as que, por seu conteúdo e significado, possam lhes ser equiparados, agregando-se à Constituição material, tendo ou não, assento na Constituição formal (Sarlet, 2008, p.89) O autor destaca que os direitos fundamentais não se restringem apenas aos explicitamente enumerados na Constituição, mas também abrangem aqueles reconhecidos como fundamentais devido à sua importância, mesmo que não estejam expressamente mencionados no texto constitucional. Isso implica que os direitos fundamentais não podem ser modificados ou suprimidos arbitrariamente pelos órgãos governamentais. Ainda, ressalta a amplitude e a relevância desses direitos no sistema jurídico, indo além da inclusão formal na Constituição para garantir uma proteção essencial às pessoas. Diante do exposto, os direitos fundamentais abrangem uma série de categorias. Incluem os direitos individuais, como liberdade, igualdade, propriedade, segurança e vida; os direitos sociais, como educação, trabalho, saúde, lazer e seguridade social; os direitos econômicos, que envolvem a proteção do emprego, meio ambiente e consumidor; e os direitos políticos, que visam salvaguardar a soberania popular. Destarte, os alicerces primordiais dos direitos e princípios estruturantes consistem nos elementos intrínsecos e indivisíveis que compõem sua essência, embasados nas definições constitucionais. Tais elementos são imutáveis e permanentes, não sujeitos a tratamento esporádico ou intermitente, ao contrário do que é comumente observado nas políticas públicas sociais. Assim, cabe ao legislador exercer a competência conferida pela Constituição originária, visando efetivar e concretizar os direitos fundamentais estabelecidos na Carta Magna brasileira. 3 Direitos humanos Ao longo da história, o movimento do Iluminismo (séculos XVII / XVIII) se destaca como um precursor essencial dos direitos humanos, evidenciando uma progressiva valorização do ser humano. Durante esse período, o antropocentrismo emergiu como um princípio central, enfatizando a supremacia da razão, a crítica à fé e o avanço científico, todos desafiando a predominância do teocentrismo e sua suposta universalidade. A Revolução Francesa, simbolizada pela emblemática queda da Bastilha em 24 de julho de 1789, representou um marco decisivo nesse processo. Em 26 de agosto de 1789, o Parlamento francês promulgou a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", que estabeleceu que a existência do Estado estava condicionada à presença de uma constituição escrita, delineando a separação de poderes e garantindo direitos e liberdades individuais fundamentais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos representa um marco seminal na evolução dos direitos humanos. Resultado de uma colaboração ímpar entre representantes de diversas tradições jurídicas e culturais de todo o mundo, foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, através da Resolução nº 217ª (III) da referida Assembleia. Este documento histórico foi concebido como uma norma universal, com o objetivo de ser alcançado por todas as nações e povos do globo. Pela primeira vez na história, a Declaração Universal estabeleceu os princípios e direitos fundamentais a serem protegidos em prol da humanidade. Os direitos humanos apresentam uma série de características essenciais que reforçam sua relevância no âmbito global. Entre essas características, destacam-se a universalidade, indivisibilidade, interdependência, inter-relação, imprescritibilidade, individualidade, abrangência, inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade, historicidade, proibição de retrocesso, efetividade, limitação e inerência. Tais atributos asseguram a proteção e promoção dos direitos de todos os indivíduos, como evidenciam sua natureza intrínseca e vital para a dignidade humana e o progresso social. Após os horrores da Segunda Guerra Mundial, em 10 de dezembro de 1948, as Nações Unidas proclamaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos por meio da Resolução nº 217. Contudo, apesar desse marco histórico, a persistência da "guerra fria" continuou a justificar a violação dos direitos humanos em várias partes do mundo. Somente com o desmantelamento do comunismo no leste europeu e a queda do Muro de Berlim é que os direitos humanos passaram a ser reconhecidos como indispensáveis para o progresso das nações e a promoção da paz mundial. Durante o regime militar no Brasil, consolidado pelos Atos Institucionais, os governantes exerceramo poder de forma ostensiva e, por vezes, arbitrária, com o intuito de garantir a estabilidade governamental. Nesse contexto, é compreensível que os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana fossem frequentemente negligenciados. Naquela época, o país não podia ser devidamente considerado um Estado Democrático de Direito, uma vez que os militares governavam seguindo padrões muitas vezes autoritários e antidemocráticos (Facuminas, 2024). Após o fim do regime militar, o Brasil presenciou a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar uma nova Constituição em conformidade com os princípios democráticos. Essa Carta Magna foi promulgada em 5 de outubro de 1988. O novo texto constitucional consagrou de maneira explícita como princípios fundamentais a República Federativa, solidificando a união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, e estabelecendo o país como um Estado Democrático de Direito. Entre os seus fundamentos, destacam-se: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político. Ficou determinado ainda que os Poderes da União – Legislativo, Executivo e Judiciário – seriam independentes e atuariam de maneira harmoniosa entre si (Brasil, 1998). Na República Federativa do Brasil, ficou estabelecido como objetivo primordial a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, assegurando o desenvolvimento nacional e combatendo a pobreza, marginalização e desigualdades sociais e regionais. Além disso, busca-se promover o bem-estar de todos os cidadãos, sem distinção de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação (Brasil, 1998). Na Constituição Federal de 1998, especificamente no Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, o Artigo 5º e seus parágrafos foram redigidos com precisão jurídica, estabelecendo o princípio da igualdade perante a lei, sem qualquer distinção de natureza alguma. Este dispositivo constitucional assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, conforme minuciosamente disposto nos parágrafos subsequentes. Ademais, o parágrafo 4º encerra com a submissão do Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, condicionada à sua adesão. Do artigo 6º ao 15º, a Constituição consagra os direitos sociais em todas as esferas, refletindo a plenitude de um Estado Democrático de Direito (Brasil, 1998). Apesar de possuir uma estrutura rígida, a Constituição foi concebida com a previsão de Emendas Constitucionais, as quais poderiam ser necessárias para manter o texto constitucional atualizado. Desde então, até a presente data, a Constituição já passou por Emendas, a fim de adaptá-la às demandas reais da sociedade brasileira, bem como ao dinamismo do Direito, ao crescimento populacional e às novas necessidades emergentes. No entanto, é lamentável constatar que ainda há diversos artigos na Carta Magna que carecem de regulamentação para que os direitos nela contidos sejam plenamente efetivados. Refletindo sobre os direitos humanos no Brasil, Dorneles (2006) enfatiza que ao discutir os direitos humanos, não se trata de considerar realidades isoladas ou compartimentadas. Não se presume que apenas os 'bons' ou os 'heróis da história' mereçam ter seus direitos protegidos. A defesa dos direitos humanos é uma luta integral, que requer uma compreensão abrangente da realidade na qual estamos inseridos. Nesse sentido, a defesa firme dos direitos humanos está intrinsecamente ligada a todas as formas de violações que ocorrem em nossa sociedade. Tais violações acontecem em todos os níveis e afetam a vida de todos os seres humanos, independentemente de sua posição social, cor, religião ou mesmo das ações que tenham cometido. Portanto, fica evidente que o Brasil é parte signatária de todos os tratados internacionais que versam sobre os Direitos Humanos e a proteção da dignidade da pessoa humana, uma vez que a defesa dos direitos humanos transcende fronteiras e é essencial para o progresso social e o respeito à dignidade humana. Por meio de instrumentos jurídicos e ações efetivas, é possível promover uma cultura de respeito aos direitos fundamentais, contribuindo para um mundo mais justo e igualitário. 4 Segurança pública O avanço social resulta em uma ampla extensão de direitos e expectativas de direitos em prol dos indivíduos, impulsionado principalmente pela crescente complexidade das interações humanas e sociais. No entanto, esse progresso tem sido acompanhado por um aumento correspondente de conflitos de interesses, os quais frequentemente se materializam de maneira a afetar não apenas o domínio pessoal do indivíduo, mas também o coletivo. Nesse sentido, o Estado, por meio de instituições e mecanismos específicos, intervém para mitigar essa notável instabilidade nas relações sociais. Logo, o propósito primordial é promover a harmonização e a equidade nas interações entre os membros da sociedade, além de garantir a salvaguarda dos direitos tanto individuais quanto coletivos. Conforme conceituado por Mello (2003), o princípio da segurança jurídica é reconhecido como um elemento fundamental do Direito, especialmente em um Estado democrático de Direito, sendo intrinsecamente integrado ao sistema constitucional como um todo. Nessa ótica, o direito à segurança jurídica não se limita apenas a uma das facetas de um direito geral à segurança, mas constitui um aspecto abrangente que engloba a segurança jurídica, a segurança pessoal e social. Ademais, compreende o direito à proteção normativa e material contra possíveis violações perpetradas tanto pelo poder público quanto por outros indivíduos que possam transgredir os direitos pessoais. No âmbito da segurança social, o princípio basilar incide na adesão e no acatamento às normas em vigor, tanto pelo Estado quanto pelos indivíduos. Em síntese, é imperativo reconhecer a importância de estabelecer um patamar mínimo de segurança material, respaldado pelos direitos fundamentais. Esses direitos visam mitigar o comprometimento da liberdade individual, garantindo, dessa forma, uma liberdade autêntica. A segurança emerge como um dos direitos fundamentais primordiais reconhecidos pela sociedade democrática brasileira como crucial para seu avanço. Ressalta-se a importância atribuída ao direito à segurança na sociedade que o legislador constituinte propositadamente o elevou a uma posição de destaque, como um direito fundamental singular a ser garantido tanto em sua dimensão individual quanto social. Essa prerrogativa é explicitamente estabelecida nos artigos 5º e 7º da Constituição Federal de 1988, delineando a importância incontestável no arcabouço jurídico nacional. O artigo 37 da Constituição Federal de 1988 estabelece que toda a administração pública deve adotar como diretriz o princípio da eficiência. Adicionalmente, o programa nacional vigente de segurança pública determina que todas as instituições policiais devem buscar atingir o máximo de eficiência em suas atividades. Diante da significativa importância conferida à implementação do princípio da eficiência no âmbito da atividade policial, justifica-se a relevância do presente estudo. Neto (2013) delineia que a Constituição de 1988 incorpora um capítulo distintivo, mais especificamente o artigo 144, no qual delineia o papel do Estado como detentor do "dever" e a população como detentora do "direito e responsabilidade" em relação à segurança pública, a qual deve ser preservada para garantir a ordem social e proteger a integridade física e o patrimônio. Além disso, a Constituição designa os entes responsáveis pela manutenção da segurança pública, incluindo a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, as polícias civis estaduais, as polícias militares e os corpos de bombeiros. A necessidade de considerar a segurança pública como um direito fundamental vai além de sua consagração na Constituição Federalcomo incumbência do Estado e responsabilidade compartilhada por todos os cidadãos. Isso se deve principalmente ao papel crucial desempenhado pelas políticas públicas nesse domínio, que representam o principal meio de assegurar os direitos jurídicos primordiais selecionados pela sociedade brasileira, notadamente a preservação da vida, da liberdade e da propriedade. O direito à segurança é fundamentalmente consagrado no arcabouço constitucional brasileiro, reconhecido tanto como um direito de cunho individual, conforme estabelecido no artigo 5º da Constituição Federal, quanto como um direito de natureza social, conforme delineado pelo artigo 7º da mesma Carta Política. Essa dupla inserção reflete a complexidade e a abrangência desse direito, que abarca tanto as necessidades individuais de proteção quanto as demandas coletivas por ordem e tranquilidade públicas. Nota-se, que embora sua garantia tenha implicações diretas para o indivíduo, a concepção de paz transcende o âmbito pessoal, estendendo-se à esfera coletiva como paz social. Essa correlação evidencia que a segurança não se restringe meramente à proteção de direitos individuais, mas também desempenha um papel crucial na promoção e manutenção da coesão e harmonia sociais. Desse modo, a compreensão do direito à segurança como uma faceta tanto individual quanto social é fundamental para uma análise abrangente e a implementação eficaz de políticas e medidas destinadas a garantir a proteção e o bem-estar de todos os cidadãos, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais justa, pacífica e resiliente. Diante desse cenário, a eficiência na implementação das políticas de segurança pública torna-se crucial, conforme estabelecido pelo artigo 37 da Constituição Federal. Tal eficiência visa garantir a proteção efetiva dos direitos individuais e coletivos, assegurando a ordem social e a integridade física e patrimonial dos cidadãos. Portanto, a compreensão do direito à segurança como um direito fundamental tanto individual quanto social é essencial para promover uma sociedade justa e pacífica, onde a proteção e o bem-estar de todos os cidadãos são garantidos por meio de políticas públicas eficazes e da efetivação dos princípios constitucionais. 5 Considerações finais Reafirma-se que o presente estudo proporcionou uma análise abrangente sobre a importância dos direitos fundamentais e da segurança pública no contexto do ordenamento jurídico brasileiro. A Constituição de 1988, ao consagrar os direitos individuais, sociais e coletivos como pilares fundamentais da sociedade, estabeleceu uma direção clara em prol da dignidade humana e do progresso social. A terminologia "direitos fundamentais" abarca uma gama de direitos que refletem os valores e princípios pelos quais a sociedade brasileira optou em sua organização e desenvolvimento. Os direitos humanos representam um marco universal na evolução dos direitos fundamentais, tendo sua importância reconhecida em nível global. A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabeleceu princípios e direitos fundamentais a serem protegidos em prol da humanidade, enfatizando a natureza intrínseca e vital para a dignidade humana e o progresso social. No que tange à segurança pública, sua importância como direito fundamental é incontestável, pois não se restringe à proteção de direitos individuais, mas desempenha um papel crucial na promoção e manutenção da coesão e harmonia sociais. A eficiência na implementação das políticas de segurança pública é crucial para garantir a proteção efetiva dos direitos individuais e coletivos, assegurando a ordem social e a integridade física e patrimonial dos cidadãos. Portanto, a compreensão do direito à segurança como um direito fundamental tanto individual quanto social é essencial para promover uma sociedade justa e pacífica, onde a proteção e o bem-estar de todos os cidadãos são garantidos por meio de políticas públicas eficazes e da efetivação dos princípios constitucionais. É imperativo que o Estado, em suas diversas esferas, cumpra seu papel na promoção e proteção desses direitos. Referências ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio Afonso da Silva da 5ª ed. alemã publicada pela Suhrkamp Verlag (2006). São Paulo: Malheiros, 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. DORNELES, João Ricardo. O Que São Direitos Humanos. São Paulo: Brasiliense. 2006. 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