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CADERNO DE RESUMOS 
 
 
 
Caderno de Resumos (recurso eletrônico) do II Encontro Encontro de Filosofia da Bahia, 22 de setembro 
de 2015. Juliana Aggio (org), Malcom Rodrigues (org), Paulo Bertoni (org), Roberto Rosa (org.). 
Salvador – BA, UFBA. 
1 CD ROOM 
ISSN: 2358-5862 N.1 V.1 ANO 2015 
 
Salvador, setembro de 2015 
 
2 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
 
Reitor 
João Carlos Salles Pires da Silva 
Vice-Reitor 
Paulo César Miguez de Oliveira 
Pró-Reitora de Extensão 
Fabiana Dultra Britto 
Diretora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas 
Maria Hilda Baqueiro Paraíso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Coordenação Geral 
Prof.ª. Drª. Juliana Aggio (UFBA) 
 
Comissão Organizadora 
Prof. Dr. Alex Leite (UNEB) 
Prof.ª. Drª. Giovana Temple (UFRB) 
Prof. Dr. Malcom Rodrigues (UEFS) 
Prof. Dr. Paulo Bertoni (UESB) 
Prof. Dr. Rafael Azize (UFBA) 
Prof. Dr. Roberto Sávio Rosa (UESC) 
 
Comissão Científica 
Prof. Dr. Alex Leite (UNEB) 
Prof. Dr. Giovana Temple (UFRB) 
Prof. Dr. Jarlee Salviano (UFBA) 
Prof. Dr. João Carlos Salles (UFBA) 
Profa. Dra Juliana Aggio (UFBA) 
Prof. Dr. Malcom Rodrigues (UEFS) 
Prof. Dr. Marco Aurélio Oliveira (UFBA) 
Prof. Dr. Paulo Bertoni (UESB) 
Prof. Dr. Rafael Azize (UFBA) 
Prof. Dr. Roberto Sávio Rosa (UESC) 
 
Coordenação geral da comissão Discente 
Vívian Val Monteiro 
4 
 
 
II ENCONTRO DE FILOSOFIA DA BAHIA 
 
Realização 
Universidade Federal da Bahia 
Universidade Estadual de Feira de Santana 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
Universidade Estadual de Santa Cruz 
Universidade do Estado da Bahia 
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 
 
Apoio 
PROEXT/UFBA – Pró-Reitoria de Extensão da UFBA 
FFCH/UFBA – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 
 
Patrocínio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
Apresentação ................................................................................................................................ 6 
Programação completa do II EFIBA ............................................................................................... 7 
Índice dos autores.........................................................................................................................9 
Resumos ...................................................................................................................................... 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Apresentação 
 
O Encontro de Filosofia da Bahia (EFIBA), evento concebido e realizado 
conjuntamente pelas seis Universidades públicas da Bahia que possuem curso de 
filosofia, tem por intuito promover a excelência e o rigor das atividades filosóficas 
locais, proporcionando maior visibilidade nacional e internacional à produção filosófica 
baiana, bem como consolidando o estado da Bahia enquanto um dos polos de pesquisa 
filosófica do nosso país. A realização do evento não é apenas uma oportunidade de 
estimular e reunir a pesquisa filosófica produzida na Bahia, mas também de disseminar 
os seus resultados para fora do estado e do país. A Bahia abriga seis Universidades 
públicas que possuem curso de filosofia, e são essas seis Universidades que, 
conjuntamente, organizam os EFIBAs: Universidade Federal da Bahia (UFBA), 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Estadual do 
Sudoeste da Bahia (UESB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), 
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Estadual de Feira de Santana 
(UEFS). O I EFIBA foi realizado no ano passado, em Feira de Santana, na UEFS. O II 
EFIBA chega à Universidade Federal da Bahia desta vez e com o entusiasmo próprio à 
bela cidade de Salvador. Contaremos com a participação de estudantes, professores e 
pesquisadores de diversas regiões do país e do mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Programação completa do II EFIBA 
 
DIA 22/09/2015 – TERÇA-FEIRA 
HORÁRIO LOCAL ATIVIDADE 
9h-12h PAF V, campus de Ondina 
(UFBA) 
Recepção e Credenciamento 
14h Auditório 1 do PAF V Solenidade de abertura com o Reitor da UFBA 
João Carlos Salles 
14h-17h Auditório 1 do PAF V Conferências de Abertura 
A amizade em Aristóteles 
Carlo Natali, da Universidade de Veneza e 
Aristóteles e a retórica das emoções: 
 teoria e modo de aplicação 
Cristina Viano, do CNRS – Paris. 
18h-21h Auditório 1 do PAF V Mesa redonda Diálogos entre os filósofos antigos 
Fernando Puente (UFMG), Marisa Lopes (Ufscar) 
e Christiani Menezes e Silva (UESC) 
 
DIA 23/09/2015 – QUARTA-FEIRA 
HORÁRIO LOCAL ATIVIDADE 
8h30-9h30 Auditório 1 do PAF V Notas sobre caráter e competência 
João Carlos Salles (UFBA) 
9h30-10h30 Auditório 1 do PAF V Mesa redonda A importância do PET e do PIBID 
na filosofia 
10h30-12h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
14h-15h Auditório 1 do PAF V Vida e morte em Foucault 
Giovana Temple (UFRB) 
15h-17h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
18h-21h Auditório 1 do PAF V Mesa redonda A recepção dos antigos na 
filosofia medieval José Estevão (USP), Fátima 
Évora (Unicamp) e Marco Aurélio Oliveira (UFBA) 
 
DIA 24/09/2015 – QUINTA-FEIRA 
HORÁRIO LOCAL ATIVIDADE 
8h30-9h30 Auditório 1 do PAF V Um comentário sobre as paixões em Descartes 
Paulo Bertoni (UESB) 
9h30-12h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
14h-15h Auditório 1 do PAF V Spinoza, um epicurista? 
Alex Leite (UNEB) 
15h-17h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
17h30-18h Auditório 1 do PAF V Lançamento do livro Descartes e a Morte de 
Deus, de Joceval Bitencourt 
18h-21h Auditório 1 do PAF V Mesa redonda A retomada moderna dos antigos 
Maria das Graças de Souza (USP), Emanuel 
Fragoso (UECE) e Joceval Bitencourt (UNEB) 
8 
 
 
DIA 25/09/2015 – SEXTA-FEIRA 
HORÁRIO LOCAL ATIVIDADE 
8h30-9h30 Auditório 1 do PAF V Trágico e tragédia em Adonias Filho 
Sávio Rosa (UESC) 
9h30-12h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
14h-15h Auditório 1 do PAF V Aspectos wittgensteinianos da experiência 
estética 
Rafael Azize (UFBA) 
15h-17h30 Auditórios do PAF I e do PAF V Sessões de Comunicação 
18h-21h Auditório 1 do PAF V Mesa redonda A resposta contemporânea aos 
antigos problemas filosóficos 
Franklin Leopoldo e Silva (USP), Richard Simanke 
(UFJF) e Malcom Rodrigues (UEFS) 
21h Auditório 1 do PAF V Solenidade de Encerramento com a 
apresentação do violonista Felipe Rebouças 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Índice de autores 
 
 
Adriana Tabosa (p. 134) 
Aislan Alves Bezerra (p. 154) 
Alan Brandão Morais (p. 63) 
Alan Sampaio (p. 97) 
Aline Valéria Ramos de Almeida (p. 60) 
Amanda Ataide Santos (p. 153) 
Ana Beatriz de Lima Correia (p. 156) 
Ana Lucia Santos (p. 158) 
Ana Margarete Barbosa de Freitas (p. 157) 
Ana Rita Santos Tabosa (p. 121) 
Anderson Rodrigues (p. 42) 
André Roberto Tonussi Arnaut (p. 34) 
Angela Lima Calou (p. 90) 
Ângelo Márcio Macedo Gonçalves (p. 136) 
Antônio Ismael da Silva Lima (p. 46) 
Antonio Janunzi Neto (p. 31) 
Apaoan Machado (p. 126) 
Aroldo Mira Pereira (p. 67) 
Aylton Fernando Andrade Brito (p. 81) 
Brenda Oliveira do Espirito Santo (p. 55) 
Brendha Maria Malheiro Grangeiro (p. 25) 
Bruno Silva dos Santos (p. 65) 
Caio Leone de Almeida MouraFilho (p. 93) 
Carla Vanessa Brito de Oliveira (p. 22) 
Carlos Eduardo Gomes (p. 16) 
Carlos Emanuel Melo (p. 105) 
10 
 
Charleston Silva Souza (p. 167) 
Clara Rocha Mascena (p. 101) 
Cláudia Moraes Teixeira (p. 70) 
Claudiano Avelino dos Santos (p. 148) 
Claudio de Sousa Rocha (p. 165) 
Cleide Servilha Couto (p. 163) 
Cleiton Souza (p. 114) 
Crislane Barreto Santana (p. 41) 
Cristian Arão Silva de Jesus (p. 131) 
Cristina Moreira Jalil (p. 76) 
Daiane Soares dos Santos (p. 89) 
David Velanes de Araújo (p. 119) 
Dayane Tosta Costa (p. 137) 
Débora Souza de Almeida (p. 159) 
Deivide Garcia da Silva Oliveira (p. 133) 
Diego Guimarães (p. 96) 
Dioclézio Faustino (p. 164) 
Edcleide Silva (p. 47) 
Eliene Silva (p. 113) 
Elsa Marisa Dal Lago (p. 132) 
Elton Moreira Quadros (p. 160) 
Elza Silva dos Santos (p. 62) 
Enrique Bruno Lima Martins (p. 173) 
Erica Lopes de Oliveira (p. 115) 
Estanislau Fausto Dantas Santana (p. 103) 
Evandro Salvador Miranda (p. 141) 
Evanildo Couto dos Santos (p. 169) 
Felipe R. L. Santos (p. 155) 
Fernanda de Jesus Almeida (p. 98) 
11 
 
Flávio de Oliveira Silva (p. 45) 
Francisco de Assis Silva (p. 106) 
Gabriel da Silva Silveira (p. 83) 
Genival Carvalho Batista (p. 52) 
Germano Aparecido Dansiger Neto (p. 57) 
Giorgio Borghi (p. 59) 
Gustavo Rafael Bianchi A. Ferreira (p. 117) 
Hilton Leal da Cruz (p. 118) 
Igor Lucas Adorno Santos (p. 149) 
Jaquissom Aguiar Guimarães (p. 88) 
Janiel de Oliveira Santos (p. 92) 
Jean Marcelo dos Santos Faraoh (p. 128) 
Jefferson Martins Viel (p. 104) 
Jezer Hezrom Lima de Oliveira (p. 87) 
Jilvania de Jesus Barbosa & Caroline Ribeiro (p. 116) 
João Lourenço Borges Neto (p. 123) 
Jociel Nunes Vieira (p. 85) 
Jorge Luis da Silva Santos (p. 174) 
José Américo Soares Neto (p. 171) 
José Lourenço Araújo Leite (p. 144) 
José Marcos Menezes Santos (p. 127) 
José Martins de Lima Neto (p. 78) 
José Portugal Santos Ramos (p. 79) 
Josemary da Guarda Souza (p.146) 
Josiel Pereira Santos (p. 122) 
Juliomar Marques Silva (p. 58) 
Karla Cristhina Soares Sousa (p. 43) 
Laiane Almeida Teles (p. 151) 
Laio Sampaio Bispo (p. 124) 
12 
 
Laiz Dantas (p. 91) 
Leidiane Coimbra Castro (p. 24) 
Leíner Emanuella de Carvalho Hoki (p. 143) 
Leliana Vieira Silva (p. 18) 
Leonardo Araújo Oliveira (p. 26) 
Leonardo Silva (p. 166) 
Letícia Olano Morgantti Salustiano Botelho (p. 71) 
Liamar Francisco (p. 49) 
Ligea Clara De Carvalho Hoki (p. 51) 
Lisandro Bacelar Silva, Uarison Barreto, Marco Antonio Ribeiro (p. 30) 
Livia Karla Lima Leite (p. 28) 
Lucas Nascimento (p. 32) 
Luciene Braga Ramos Borges (p. 40) 
Luis Alberto Santos (p. 44) 
Luis Vitor da Silva Abreu (p. 68) 
Luiz Eduardo Gonçalves Oliveira Freitas (p. 84) 
Luiza Simões Pacheco (p. 102) 
Luize Santos de Queiroz (p. 147) 
Maiara Rúbia Miguel (p. 145) 
Manoel Neto (p. 21) 
Manoel Pereira Lima Junior (p. 35) 
Manuela de Araujo Barreiros Santos (p. 130) 
Maria Aucimara Ribeiro Santos (p. 38) 
Maria Cândida Neres Batista (p. 125) 
Mariana Andrade Santos (p. 15) 
Mariana Moreira da Silva (p. 168) 
Mariluce dos Santos (p. 27) 
Mônica Souza de Oliveira (p. 109) 
Moreno Baêta Neves Barbé (p. 69) 
13 
 
Morganna Vellozo Palhares (p. 129) 
Murilo Garcia de Matos Amaral (p. 161) 
Mykael Morais Viana (p. 135) 
Nailton Fernandes (p. 75) 
Najla Peixoto dos Santos (p. 20) 
Natan Luiz Neri de Sousa (p. 138) 
Nélio Gilberto dos Santos (p. 120) 
Newton Pereira Amusquivar Junior (p. 53) 
Orlando Pinho Guerra Filho (p. 77) 
Pablo Enrique Abraham Zunino (p. 110) 
Paulo Giovani Lins (p. 152) 
Paulo Sérgio Oliveira Santana (p. 37) 
Pedro Miguel Sousa Santos (p. 175) 
Rafael Azevedo (p. 150) 
Ramires Fonseca Silva (p. 107) 
Raquel Anjos (p. 73) 
Reinaldo Batista dos Santos Filho (p. 111) 
Reinaldo Sales Oliveira (p. 48) 
Rodrigo Ornelas França (p. 142) 
Rodrigo Seixas Pereira Barbosa (p. 54) 
Ronaldo Moreira de Souza (p. 61) 
Ronildo Alves Brito (p. 172) 
Rosa Ilana Santos & Girlene Andrade de Assis (p. 86) 
Rosaly Ramos de Morais (p. 162) 
Roseane Welter (p. 50) 
Samuel Leite (p. 95) 
Saulo Matias Dourado (p. 39) 
Simone Freitas Santos (p. 19) 
Simone Siqueira Pereira (p. 23) 
14 
 
Solange Alves Sobreira (p. 64) 
Tatiana Souza Correia (p. 170) 
Tatiane Boechat Zunino (p. 33) 
Tiago Araujo (p. 36) 
Tiago de Jesus Sousa (p. 72) 
Thaís Souza (p. 100) 
Thiago Felipe Lima da Mata (p. 108) 
Uilson de Almeida Bittencourt (p. 56) 
Valério Cássio Silva de Oliveira Junior (p. 74) 
Vilma dos Santos Borges (p. 82) 
Vitor Duarte Ferreira (p. 80) 
Vivian Silva Santos (p. 94) 
Vívian Val (p. 17) 
Viviane Rocha (p. 140) 
Webert Ribeiro Oliviera (p. 99) 
Wellington Amâncio da Silva (p. 29) 
Ybine Dias Correia (p. 139) 
Yves São Paulo (p.112) 
 
 
 
15 
 
Resumos 
 
A ARTE DA PINTURA DE SI: AS CORES DO EU NA ESCRITA FILOSÓFICA 
 
Mariana Andrade Santos (UFG) 
 
 
A metáfora da pintura de si mesmo aparece tanto nos Ensaios de Montaigne como nas 
Confissões de Rousseau. As encenações do eu no texto filosófico se revelam através de 
uma comparação da escrita com a arte do pintor retratista. A escritura do eu se realiza 
através da forma de um autorretrato: no lugar das tintas, palavras e no papel de pintores, 
filósofos. Essa espécie de pintura filosófica do eu é a tarefa que o eu enunciador do 
discurso filosófico coloca diante de si. A arte de pintar a si mesmo é realizada através de 
um exercício de escrita capaz de criar um espaço que permita a revelação do eu. A obra 
forma um espaço externo para tornar visível uma interioridade: um local onde o eu é 
capaz de se mostrar através do movimento do exercício da escrita. O presente trabalho 
propõe, desse modo, investigar as fronteiras e limiares entre filosofia e literatura através 
dos rastros deixados pelo exercício da forma e de enunciação do eu filosófico. Para tal, 
no nosso primeiro excurso, pautaremos as nossas análises no eu indivíduo de Montaigne 
e no autobiográfico rousseauniano. No segundo excurso, investigaremos a defesa 
contemporânea da forma ensaística na filosofia: o lugar ocupado pelo eu enquanto 
narrador do ensaio e a consequente reabilitação do elemento subjetivo descartado pelo 
discurso científico. As reflexões críticas de Adorno em O ensaio como forma serão 
retomadas com o intuito de mostrar a elaboração da filosofia entendida como um 
exercício linguístico de expressão. 
 
 
Palavras-Chaves: Escrita Filosófica, Eu Filosófico, Escrita Ensaística 
 
16 
 
A ÁSKESIS, UMA GENEALOGIA DO SUJEITO ENTRE NIETZSCHE E 
FOUCAULT 
 
Carlos Eduardo Gomes (UFBA) 
 
 
Debate iniciado por Nietzsche sobre o ideal ascético como uma renúncia de si, na 
Genealogia da Moral, é uma crítica ao vínculo de como o sujeito na história do 
pensamento e da existência foi construído através da ideia de verdade, a vontade moral 
de verdade e a ascese filosófica se tornam imanentes na metafísica, na prática religiosa e 
ciência moderna, em favor de uma moral repressora da vida. Por outro lado, a filosofia 
de Foucault, com sua “arqueogenealogia”na redescoberta do conceito ético do cuidado 
de si da filosofia antiga, lançou outra interpretação da áskesis (ascese), a prática de si, 
desvelando a necessidade de transformação do sujeito frente ao domínio discursivo dos 
saberes científicos presentes na cultura contemporânea. A afirmação da vida na filosofia 
de Nietzsche e de Foucault traçam outra perspectiva para a filosofia como modo de 
vida; constituem projetos filosóficos diferentes e não se pode tomar linearmente um 
projeto pelo outro, como se fossem a mesma investigação da genealogia da moral, pois 
a partir da prática e do conceito de áskesis se pode encontrar deslocamentos e 
divergências na filosofia de Nietzsche, da ascese como uma renúncia da vida e do 
corpo; a áskesis em Foucault como possibilidade de liberdade e autonomia para o 
sujeito. Porém, há pontos de contato entre Nietzsche, inspirador de espíritos livres, e 
Foucault, com sujeito do cuidado de si, pois ambos promoveram análise filosófica da 
suspeita sobre a relação entre o sujeito e produção da verdade. Questionando o 
significado e o sentido da áskesis na relação sujeito e verdade, Nietzsche e Foucault 
abriram caminhos para estudos da filosofia como modo de vida, em favor da 
autopoiesis de si, pelo exercício filosófico de criação livre de si, uma ética e estética do 
homem como obra de arte de si no trágico da existência. 
 
 
Palavras-Chaves: Ética, Áskesis, Sujeito 
 
 
17 
 
A ASSIMILAÇÃO E O APRENDIZADO POÉTICO EM ARISTÓTELES 
 
Vívian Val (UFBA) 
 
 
Com base na Poética, pode-se dizer que Aristóteles estabelece duas vias para qualificar 
a arte, tanto se pode falar que a obra de arte é boa baseando-se na análise das ações 
(πρᾶξις) retratadas nas fábulas (μῦθος), como com base na estrutura das ações que 
perfazem a fábula. A estrutura das ações é a própria fábula que, segundo o filósofo, é a 
essência dos objetos de arte. No que diz respeito à estrutura, dois são os critérios para a 
boa composição, (i) a construção dos acontecimentos segundo a probabilidade (εἰκὸς) e 
a necessidade (ἀναγκαῖον), elementos que proporcionarão à fábula uma unidade (ἓν), e 
(ii) uma dimensão (μέγεθος) tal que permita ao espectador perceber o objeto artístico 
em sua totalidade (ὅλον). Realizados esses dois critérios – da unidade e da extensão –, o 
resultado será não apenas uma boa obra de arte, mas também a memorização da fábula 
por parte do espectador. A esse processo de o espectador perceber, compreender, e 
memorizar o objeto artístico chamo assimilação poética. Diante disso, pretendo verificar 
de que modo a assimilação da fábula se relaciona com o aprendizado, um dos efeitos 
que será proporcionado pela boa arte, pois, embora mencione que as espécies poéticas 
possuem a capacidade de presentear o espectador com um aprendizado, o filósofo não 
deixa claro se existem condições necessárias para que o aprendizado decorra, e se sim, 
quais seriam. 
 
Palavras-Chaves: Aristóteles, Aprendizagem, Assimilação poética 
 
18 
 
 
A CONCEPÇÃO DE NIETZSCHE SOBRE A EDUCAÇÃO E SUAS POSSÍVEIS 
CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
 
Leliana Vieira Silva (UESB) 
 
 
O principal objetivo desse artigo é analisar a concepção da educação em Nietzsche e 
suas possíveis contribuições para compreender a educação brasileira. Nesse sentido 
justifica-se essa análise por considerar que o que permite a superação do homem animal 
ao super-homem é a educação. A ponte estendida entre a besta e o super-homem é a 
educação enquanto compreendida no interior, na tensão e na dinâmica da vontade de 
poder, que é a afirmação do sentido da existência e da afirmação da vontade enquanto 
poder de transformar a si mesmo. Dessa forma, a educação pode ser entendida como um 
percurso que possibilita ao homem concretizar a si mesmo enquanto se mantém fiel ao 
sentido da terra. Educar é possibilitar a afirmação da vontade de poder contra toda 
forma de dominação quer seja ela moral, religiosa, política. A atitude crítica de 
Nietzsche perante as instituições e aos valores estabelecidos é favorável aos jovens que 
querem superar as concepções estabelecidas socialmente, enquanto adestradores e 
ajustadores ao sistema, criando jovens com concepções subservientes e indiferentes às 
questões vitais da existência. A principal justificativa é procurar compreender como 
Nietzsche concebe a educação e qual é a importância na afirmação da vontade de poder 
que torna o homem senhor de si e não membro do rebanho, e como elas podem ser 
confrontadas com os desafios da educação brasileira na atualidade. 
 
 
Palavras-Chaves: Nietzsche, Educação, Poder 
 
 
19 
 
A CONCEPÇÃO VULGAR DE HISTÓRIA: O CONCEITO DE HISTORIOGRAFIA 
EM SER E TEMPO. 
 
Simone Freitas Santos (UEFS) 
 
 
A presente pesquisa visa compreender a crítica feita pelo filósofo contemporâneo 
Martin Heidegger a filosofia à “história” e o papel fundamental do Dasein como gestor 
da sua história e tempo. Contrapondo, assim, com a concepção de “historia” já 
estabelecida ao homem pela tradição filosófica. E demonstrar através da obra Ser e 
Tempo o que propriamente Martin Heidegger pretende ao tratar desta concepção vulgar 
e se há uma problemática “ontológico-existencial da historicidade”. Inicialmente, 
trataremos do conceito de historiografia para dialogar com o conceito vulgar de história, 
indicando, portanto, um homem histórico que “ek-siste”. Logo, pretendemos alcançar o 
entendimento acerca da crítica à filosofia da história pelo filósofo. Gostaríamos de 
ressaltar que esta comunicação é parte de uma pesquisa que se encontra em andamento, 
e que pretende buscar pensar a relação entre Dasein e sua historicidade a apropriação da 
tradição cultural popular que está posta ao ser humano no decorrer da história. 
 
 
Palavras-Chaves: História, Historiografia, Dasein 
 
20 
 
A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA FILOSOFIA ÉTICA DE 
EMMANUEL LÉVINAS 
 
Najla Peixoto dos Santos (UFRB) 
 
 
Pretende-se, com este trabalho, realizar um estudo de análise na perspectiva do filósofo 
Lévinas apresentando a relação ética intersubjetiva, com o intuito de alcançar possíveis 
respostas para a proposta aqui a ser discutida, a constituição da subjetividade. Em sua 
filosofia, Lévinas afirma que ao estabelecer uma relação interpessoal, o outro deve ser 
compreendido na sua exterioridade, percebendo-o não numa relação de totalidade, na 
qual prevalece o imperialismo do eu, mas numa abertura à sua complexidade e 
diferença. Assim, veremos que a relação do Eu consigo mesmo, que na tradição 
filosófica era primordial, perde espaço pra a intersubjetividade na filosofia levinasiana, 
e esta adquire maior relevância tendo o outro como fator principal. Este se relava na 
relação face-a-face, convocando à responsabilidade da ética da alteridade.Deste modo, 
o filósofo, ao propor uma ressignificação da relação intersubjetiva, desloca o eu, que até 
então ocupava lugar de destaque nessa relação e aponta para uma direção na qual o 
papel principal é ocupado pelo outro da relação, aquele que evoca para a 
interpessoalidade e nos exige um posicionamento, um revelar-se de si diante de um 
outro eu. O desafio aqui é compreender como Lévinas, ao colocar o outro na 
centralidade de sua filosofia ética, explica o lugar deste na constituição da subjetividade. 
 
 
Palavras-Chaves: Subjetividade, Ética, Lévinas 
 
21 
 
 
A CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA NO SER SOCIAL EM KARL MARX DOS 
MANUSCRITOS ECONÔMICO-FILOSÓFICOS 
 
Manoel Neto (UFRB) 
 
 
A presente produção visa promover reflexões filosóficas em torno do conceito da 
consciência no ser social em Karl Marx nos Manuscritos econômico-filosóficos de 
1844. A partir deste referencial, o texto buscará fundamentar a problemática da 
construção da consciência por meio da relação material, social e histórica. Em Marx, a 
caracterização do ser se define em torno da mutabilidade, para isso será relacionado a 
compreensão do ser social com o devir do ser em Heráclito. Pois, pela sua atividade 
prática intencional dos indivíduos revela pelo trabalho a modificação da natureza e da 
realidade, tornando estes objetos cognoscíveis. Diante disso, Marx (2009), percebe que 
a relação material e a socialização dos indivíduos são produzidas como elementos 
históricos, em que a objetividade humana está diretamente entrelaçada à conexão pela 
sociabilidade entre os indivíduos. Assim, a linguagem torna-se o modo real e prático 
para confirmação e compreensão no outro e, da sua forma de pensar mediante a 
realidade. Este pressuposto demonstra que a linguagem, como reflexo do real e da 
interação, concederá pelas vivências práticas, sentido e significação à vida, bem como, a 
construção do conhecimento e validação dos elementos do mundo. Deste modo, 
pretende-se discutir que a construção da consciência parte necessariamente por relações 
com o outro e pelo mundo prático, tendo em vista que os indivíduos, mediante 
compreensão da realidade, poderão desvelar caminhos emancipatórios e educativos para 
constituir a tomada de consciência, o que propiciará tanto a mudança de si, quanto das 
circunstâncias sociais em ações coletivas por meio da práxis. 
 
 
Palavras-Chaves: Realidade, Consciência, Ser Social 
 
22 
 
 
A CRÍTICA DE HEGEL AO SUBJETIVISMO KANTIANO 
 
Carla Vanessa Brito de Oliveira (UFBA) 
 
 
O objetivo da comunicação é a apresentação da crítica hegeliana ao chamado 
subjetivismo kantiano, especialmente no campo epistemológico. De acordo com Hegel, 
Kant, ao erigir seu projeto de crítica à razão, incorre em dogmatismo subjetivo ao 
limitar a atividade da razão teórica às determinações finitas do entendimento. Este [o 
entendimento], na medida em que realiza a síntese das percepções, possível pela 
espontaneidade do sujeito puro, constrói um tipo de conhecimento empírico que é 
representativo e, assim, mediado subjetivamente. Ademais, segundo Hegel, os conceitos 
em Kant não possuiriam realidade ontológica, contrariando a própria identidade lógica 
entre ser e pensar, fundante da discursividade do real. Kant partiria da radical separação 
entre sujeito e objeto, de modo a sustentar dualismos a exemplo de fenômeno e coisa 
em si. Nessa medida, reconhecendo que a unidade sintética do conhecimento está 
circunscrita a uma mediação subjetiva autossuficiente e vazia de conteúdo, Hegel 
compreende que a objetividade do entendimento em Kant se efetiva enquanto 
subjetivismo abstrato e formal. Compreendendo a crítica hegeliana ao subjetivismo 
kantiano com lócus no interior da discussão acerca do conhecimento, a apresentação da 
crítica em questão se realizará enquanto explicitação do caráter reflexivo da experiência 
do saber em Hegel, de modo que a crítica ao subjetivismo kantiano se justifique através 
da crítica do modelo epistemológico transcendental procedimental a partir de um 
modelo epistemológico reflexivo imanente. 
 
 
Palavras-Chaves: Epistemologia Moderna, Criticismo Kantiano, Crítica Hegeliana 
 
23 
 
A DESCONSTRUÇÃO DO SABER FILOSÓFICO E SUAS IMPLICAÇÕES NA 
FORMAÇÃO DO PROFESSOR. 
 
Simone Siqueira Pereira (UFF) 
 
 
A Filosofia nasce em um contexto grego no qual predominava a vivência do mito, as 
experiências vividas pelo ser humano que busca explicar de forma racional a vida. Na 
área da formação do educador, o isolamento das disciplinas se torna um elemento 
fragmentador na construção do conhecimento, por serem múltiplos os campos de saber 
que investigam a realidade social. A Filosofia desempenha papel imprescindível na 
formação do educador nos cursos de graduação do nosso país. Na medida em que surge 
um problema, que é o ponto de partida para a atitude filosófica, surge a filosofia, pois 
ela nos remete a um momento de reflexão filosófica com fundamento em seu sentido 
global, no qual é possível ter uma postura dialética, pensando criticamente para 
compreender as partes que constituem a realidade. A Filosofia tenta superar a 
fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não 
sucumba à alienação do saber parcelado. A Filosofia tem uma função de 
interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e do agir. A 
necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo do 
conhecimento justifica-se pela compreensão da importância da interação e 
transformação recíprocas entre as diferentes áreas do saber. O isolamento das 
disciplinas hoje é o principal elemento fragmentador do saber, pois se houvesse em 
nosso sistema a interdisciplinaridade nas disciplinas o saber seria construído de forma 
aprazível pelos alunos. As aulas se tornariam mais estimulantes, haveria diminuição da 
evasão em determinadas aulas, haveria um conhecimento maior de cada disciplina. O 
saber seria construído por todos através do questionamento do “problema”, seria 
possível haver uma reflexão filosófica, levando ao conhecimento. O papel da Filosofia é 
justamente trazer essas discussões (reflexões) para a prática docente, levando a buscar 
as implicações na formação do professor nas mais diferentes áreas do saber. 
 
 
Palavras-Chaves: Formação-Saber-Interdisciplinaridade, Diálogo-Fragmentação-
Saber, Professor-Formação-Conhecimento 
 
 
24 
 
A DISPONIBILIDADE DO SUJEITO COMO UM PROBLEMA ÉTICO 
 
Leidiane Coimbra Castro (UFBA) 
 
 
Em A questão da técnica, Heidegger afirma que na contemporaneidade uma nova 
categoria é instaurada e a partir dela podemos responder às perguntas: o que é o homem, 
o mundo, o ser... esta é a "disponibilidade". Pertencendo à estacategoria a interpretação 
do modo de ser na nossa época acontece como "disponível". Este trabalho pretende um 
aprofundamento deste termo, estabelecendo uma relação entre Heidegger e Heisenberg, 
para então pensá-lo em uma perspectiva ética. A pergunta acerca de um sentido ético, 
portanto, se faz sobre um fundo ontológico, uma vez que é tomando a perspectiva do 
desvelamento do ser como disponível que constitui a técnica que fundamos nossa 
questão. Entendemos que a dificuldade de se colocar este problema a partir de 
Heidegger acontece, sobretudo, pela dificuldade de evidenciarmos o tema da ética em 
sua filosofia. No entanto, admitimos a possibilidade de problematizá-la a partir da 
estrutura do Dasein que, como ser-aí, ser-com, tem seus modos de ser possibilitados 
pela sua relação com o mundo e com os outros e, em última instância, como afirma 
Joana Hodge, em Heidegger e a ética, que se preocupa com o Ser. 
 
 
Palavras-Chaves: Ética, Técnica, Disponível 
 
 
25 
 
A EDUCAÇÃO PARA AUTONOMIA EM KANT 
 
Brendha Maria Malheiro Grangeiro (UFCA) 
 
 
Neste trabalho procuro analisar a proposta de Kant para a educação, que busca 
desenvolver predisposições naturais do homem e torná-lo capaz de um convívio social. 
Para Imannuel Kant, o homem é a única criatura que precisa ser educada. A educação 
nesse contexto pode ser entendida como o cuidado desde a infância, no qual se faz 
necessário que o indivíduo cumpra etapas, tais como o cuidado, a disciplina, cultura e 
prudência, já que enquanto crianças as ações são baseadas nos desejos. A educação terá 
o papel de aproximar a humanidade da moralidade, desenvolvendo a racionalidade. 
Encontro aqui a necessidade de investigar o processo de formação moral desses 
indivíduos, já que na formação autônoma precisamos de homens com ações livres, 
então como conceber essa liberdade e moralidade na formação do indivíduo? Essa 
educação é essencialmente moral? Como se daria essa educação moral? Como o homem 
adquire consciência moral? O caminho proposto por Kant possui dois objetivos 
principais. Uma formação voltada para o indivíduo, priorizando a formação moral. 
Assume também o papel da educação através das gerações. A moralidade é atingida no 
fim do processo. 
 
 
Palavras-Chaves: Kant, Educação, Autonomia 
 
 
26 
 
A EMERGÊNCIA DO NEGATIVO EM ASSIM FALOU ZARATUSTRA 
 
Leonardo Araújo Oliveira (UNESP) 
 
 
Em algumas passagens de sua autobiografia intelectual, Nietzsche parece ressaltar a 
preponderância da afirmação em sua obra Assim falou Zaratustra. Por exemplo, quando 
destaca o conceito de eterno retorno como a chave principal da obra e estabelece tal 
pensamento como o ápice de um estado afirmativo alcançável; ou quando diz que Além 
do bem e do mal daria início à parte negativa de sua filosofia, tendo encerrado a etapa 
afirmativa. Ora, Zaratustra é o livro imediatamente antecedente, ali onde se teria 
concluído a afirmação, de modo que a negação fosse deixada para textos futuros. 
Apesar dessas considerações, procuraremos demonstrar, com a presente comunicação, 
que essa obra não está isenta do movimento da negação. Em vários momentos ela 
apresenta elementos positivos, como a criação e o dizer “sim”, inseparáveis de suas 
faces negativas, como a destruição e o dizer “não”. Embora suas intenções fortemente 
afirmativas sejam inegáveis, isso não se dá sem uma tensão, sem pontos críticos em que 
se enredam afirmação e negação. Será exposto um mapeamento das aparições do 
negativo e uma discussão a partir delas, com o objetivo de pensar sua relação com o 
aspecto positivo e com a ideia de crítica na filosofia de Nietzsche. 
 
 
Palavras-Chaves: Negação, Zaratustra, Nietzsche. 
 
 
27 
 
A ESCRITA MONTAIGNIANA DO DEVIR 
 
Mateus Masiero (UNICAMP) 
 
 
O objetivo desta comunicação será propor uma leitura dos Ensaios de Michel de 
Montaigne por um viés estético, norteado pelo estudo da inovação formal que se 
percebe em tal obra e sua relação direta com alguns dos principais aspectos do 
pensamento do autor. O estilo fragmentado e labiríntico que Montaigne apresenta, 
acompanhado de variados recursos retóricos de que lança mão, propicia mais a confusão 
e o estranhamento de seus leitores, levados que são pela novidade de tal projeto, do que 
a compreensão imediata do mesmo. Novidade essa que não é ignorada pelo autor, em 
absoluto: perfeitamente consciente do caráter inovador de sua escrita, o filósofo francês 
parece atribuir especial significado à feição desconcertante que lhe caracteriza, sendo 
ela uma consequência direta das demais ideias propostas por ele. Desse modo, 
pretendemos mostrar que a inovação estética dos Ensaios, longe de ser gratuita, está 
atrelada a concepções mais abrangentes do autor, sobretudo à noção de que a natureza é 
puro movimento, constante devir. Diante de tal constatação, torna-se impossível 
descrever o “ser” das coisas (inclusive de si mesmo), restando-lhe apenas a descrição da 
passagem a que tudo e todos estão submetidos. Assim, nossa intenção é explicitar a 
concepção montaigniana de natureza como constante devir, e mostrar que ela embasa, 
de certa forma, a inovação estética da obra. 
 
 
Palavras-Chaves: Ensaios de Montaigne, Devir, Estética 
 
 
28 
 
A ESTRUTURA DA LINGUAGEM NAS INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS DE 
WITTGENSTEIN A PARTIR DA NOÇÃO DE “JOGOS” 
 
Livia Karla Lima Leite (UEFS) 
 
 
Parte-se do pressuposto que para Wittgenstein a linguagem se relaciona com o mundo e 
que a estrutura interna da linguagem é caracterizada pela proposição em sua 
possibilidade de representar ou não o que ocorre no mundo. Conceber a linguagem 
através desta estrutura interna a punha em uma necessidade lógica e privada, na qual o 
mundo constituía a totalidade dos fatos. A preocupação inicial de Wittgenstein estava 
em localizar os “pensamentos” e sua “representação” expressos na proposição e a 
compreensão de uma “essência” da linguagem aberta ao seu “uso” ganhou notoriedade 
na filosofia de Wittgenstein a partir do conceito de “jogos de linguagem” , algo que, de 
certo modo, transpõe os limites que estavam postos, ainda, na estrutura formal da 
linguagem. Assim, não era possível presumir alguma relação da realidade com o 
mundo, considerando a semântica e a “forma de vida” humana. Vale salientar que, ao 
falar de “essência” de linguagem em Wittgenstein não se pressupõe que o mesmo 
apresente ou discuta esta “essência” e, sim, que esta é uma tentativa de abrir uma 
discussão sobre o “valor semântico” da linguagem introduzido pela noção de “jogos”, 
antes situado unicamente na linguagem formal. 
 
 
Palavras-Chaves: Wittgenstein, Jogos de linguagem, Investigações Filosóficas29 
 
A FIGURA DO INDIGENTE-CORPO DISCURSIVO EM SUA CONTRA-
HEGEMONIA 
 
Wellington Amâncio da Silva (UNEB) 
 
 
Este artigo investiga o conceito de corpo dócil em Foucault (2011) e a partir dele, de 
uma perspectiva oposta, esboça os conceitos de corpo indisciplinável e de corpo 
discursivo a partir da figura do indigente – imagem não elaborada, portanto contingente. 
Utilizamos os procedimentos genealógicos propostos por Foucault no intuito de 
clarificar algumas práticas extradiscursivas como exercício de poder sobre o corpo e, 
por outro lado, demonstrar como determinados corpos escapam dessas formas de poder 
regulador ou não suscitam interesse de controle, como, por exemplo, o corpo-discurso 
indisciplinável e de presença indesejável do indigente. Defendemos que a corporeidade 
do indigente é um contradiscurso em si mesmo que funciona não por resistir ao discurso 
instituído, mas por apresentar um discurso incomum, anormal, próprio, para além do 
corpo discursivo do cínico, pois o faz sem o saber, sem utilizar-se da linguagem formal 
como resistência discursiva, mas do próprio corpo caótico como “outro discurso”, 
alteridade desvelada e presença da indiferença. Não tomamos a figura do indigente, 
portanto, de uma perspectiva econômica, mas existencial e discursiva no âmbito de uma 
genealogia do controle sobre o corpo 
 
 
Palavras-Chaves: Corpo indócil, Corpo indisciplinável, Corpo discursivo 
 
 
30 
 
A FILOSOFIA DA CIÊNCIA E A FILOSOFIA DA QUÍMICA: UMA PERSPECTIVA 
CONTEMPORÂNEA 
 
Lisandro Bacelar Silva (UNEB) 
Uarison Barreto 
Marco Antonio Pinto Ribeiro 
 
 
Amparados em filósofos da química como Adúriz-Bravo (2014), Ribeiro (2014), Scerri 
(2006), Schummer (2006), Van Brakel (2006), Bensaude – Vicent (2005; 2008), 
Hoffmann (2007) e utilizando uma abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 2003; 
BACHELARD, 2004) do tipo estado da arte, este trabalho, tem por objetivo identificar 
e caracterizar o atual estado da relação entre a filosofia da ciência e a filosofia da 
química. Inicialmente, apontamos as razões da negligência da filosofia da química pela 
filosofia da ciência. Entendemos, assim como Ribeiro (2014), que a filosofia da ciência 
privilegia os esquemas filosóficos essencialmente físico-matemáticos em detrimento de 
outros modelos, como o químico (VAN BRAKEL, 2000; HOFFMANN, 2007). Em 
seguida, argumentamos que algumas dimensões da filosofia da química, notadamente o 
complexo estilo de pensamento químico, devem ser apropriadas pela filosofia da 
ciência. Nesse intuito, a dimensão multicontextual (RIBEIRO, 2014; SCHUMMER, 
2006) assumida pela química contemporânea, pode (e deve) ser um objeto de destaque 
na reflexão epistemológica da ciência, a qual parece valorizar demasiadamente o 
contexto da justificativa dentre outros tão relevantes como os de descoberta, aplicação e 
educação. Salientamos, ainda, que o fazer químico, no seio de um realismo operativo 
(BENSAUDE-VINCENT, 2008), de uma prática que pouco se destina a desvelar um 
real subjacente a macrofenômenos ou testar hipóteses teóricas (CALDIN, 1961), ao 
conceber a teoria como narrativa experimental (HOFFMANN, 1993, 2007), é um 
campo rico para atentas explorações da filosofia da ciência. Finalmente, refletimos 
como as problematizações acerca da especificidade da práxis química contemporânea e 
da própria relação entre a filosofia da química e a filosofia da ciência podem promover 
contribuições para a educação química, especificamente, para a formação de professores 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia da ciência, Filosofia da química, Especificidade do 
pensamento químico 
 
 
 
31 
 
A FILOSOFIA DA MENTE E A NOÇÃO DE INTELECTO EM TOMÁS DE 
AQUINO 
 
Antonio Janunzi Neto (UEFS) 
 
 
De maneira geral, pode-se pensar a temática do conhecimento como o grande tópico 
inaugural da filosofia moderna, entretanto, não se pode compreender tal afirmação 
como se, em momento anterior à inauguração da modernidade, não houvesse teóricos 
especulando sobre questões cognitivas. Ao longo do vasto período histórico, no qual a 
filosofia medieval se desenvolveu, uma das principais linhas de investigação 
impulsionadoras de inúmeros desenvolvimentos argumentativos foi precisamente a 
questão do conhecimento humano, em duas grandes vertentes, a saber, sua natureza e 
modos de operação. Já no século xx, a partir dos desenvolvimentos da conhecida virada 
linguística e origem da filosofia analítica, a temática do conhecimento ganhou força sob 
um feixe de questões conhecido como filosofia da mente. A partir das críticas de Gilbert 
Ryle ao dualismo cartesiano, ganhou fôlego nesse período a tentativa de se considerar 
qualquer dualismo do tipo mente-corpo como um erro de categoria filosófica. Assim 
sendo, como considerar tal crítica à luz dos desenvolvimentos medievais sobre a relação 
entre intelecto e matéria? Isto é, a crítica que os teóricos da filosofia da mente fizeram 
ao dualismo de Descartes também se aplicaria aos medievais? As referidas questões 
serão tratadas considerando-se a abordagem de Tomás de Aquino sobre a natureza do 
intelecto em suas principais obras, suas sumas e questões disputadas. 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia da mente, Intelecto, Tomás de Aquino 
 
 
32 
 
A FILOSOFIA DO ATO E O SUJEITO ARGUMENTANTE 
 
Lucas Nascimento (UFBA) 
 
 
Todo ato é realizado por um sujeito agente, cuja ação é responsiva e inscrita em práticas 
sócio-históricas, sem contudo aí se esgotar, pois o sujeito possui um excedente de visão 
que o capacita a assumir um compromisso ético. Neste sentido, há na constituição do 
ato/atividade um conteúdo, um processo, um produto e um agente. Deste, diz-se que ele 
é ativo e relacional, porque é um eu para-si, ao mesmo tempo em que é um eu para-o-
outro, estando, porquanto, a identidade no plano relacional responsável/responsivo, em 
que o ato do sujeito é a junção de processo e conteúdo, ou seja, do repetível e do 
irrepetível. Prenhes dessas noções basilares postuladas por Mikhail Bakhtin ([1920-24] 
2010), em Para uma filosofia do ato, objetivamos, primeiramente, estabelecer um 
diálogo, em termos de coerência, complementaridade e aproximações, entre as noções 
bakhtinianas de ato e de sujeito com a noção de discurso como ato do orador, resgatada 
da tradição aristotélica por PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA ([1958] 2005) em 
sua Nova Retórica. Em seguida, imbuídos da compreensão de que argumentar é uma 
forma de agir sobre o outro com a intenção de intensificar a adesão acerca de uma 
questão, discutimos, por sua vez, a noção de ato argumentativo e de sujeito 
argumentante. O que nos leva a colocar em questão o fato de que a argumentação se 
distingue da demonstração, sobretudo, porque a interação entreo orador e o seu 
discurso é constitutiva da apreciação do sentido dos enunciados. 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia do ato, Retórica, Sujeito 
 
 
33 
 
A FILOSOFIA EM SI MESMA E EM SEU CARÁTER INSTRUMENTAL 
 
Tatiane Boechat Zunino (UEFS) 
 
 
Este texto apresenta o tema da Filosofia e seu ensino, procurando pensá-lo através da 
questão sobre a linguagem. Inicialmente, procuramos trazer à vista o modo como nos 
relacionamos com este conceito cotidianamente em sala de aula, tanto os professores 
quanto os estudantes de filosofia. Nossa indagação se põe no caminho de retomada do 
sentido do termo Filosofia, ressaltando o momento grego na sua origem e a necessidade 
de uma atualização conceitual de seu legado. Em seguida, procuramos pensar em um 
modo de ensinar filosofia que se volte para a relação que ela guarda com o homem 
através da ligação constitutiva que temos com a criação de conceitos. Para tanto, nos 
serviremos do pensamento de Martin Heidegger, especificamente na preleção de 1929, 
Introdução à Filosofia. Assim, a proposta deste trabalho é assinalar a conexão entre o 
estado de disposição à filosofia própria do homem com o que hoje ela se tornou, isto é, 
uma ferramenta utilizada para despertar no outro um caráter crítico e questionador. 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia, Linguagem, Ensino 
 
 
34 
 
A FILOSOFIA ORIENTADA A OBJETOS E A REALIDADE DE LIVROS 
FICTÍCIOS 
 
André Roberto Tonussi Arnaut (IFAL) 
 
 
Busca-se, com esse trabalho, abordar a ontologia orientada a objetos de autores como 
Graham Harman e, em especial, Reza Negarestani, a partir da noção de realidade de 
livros fictícios como o Necronomicon (Lovecraft), O rei de amarelo (R. W. Chambers) 
e À beira da loucura (do filme homônimo de John Carpenter). Para essa ontologia, se o 
objeto não deve ser overmined em relações, ele não deve ser pensado a partir de uma 
ontologia plana ou labiríntica, de strata e poros, da morte como não dissociada da 
aniquilação criativa do devir. A ontologia de strata é substituída assim em Negarestani 
por uma ontologia do deserto, em que cada partícula de poeira é xenopartícula, 
radicalmente estranha à canalização labiríntica do devir nos strata. Portanto, as 
narrativas do deserto não devem ser pensadas como strata, como sólidos, como meios 
para o devir, mas como lubrificadas por líquidos inauditos (sem um retorno a uma 
ontologia hidráulica e do devir heraclitiano). O Necronomicon e O rei de amarelo, 
abrindo-se ao hidden writing a partir de sua descrição e exposição fragmentárias, 
abrem-se assim a narrativas não labirínticas, mas à deriva em líquidos no sentido acima: 
abomináveis, sem refúgio possível em uma afirmação dionisíaca do devir. Ao 
escaparem do devir, tais narrativas escapam também à lógica da precedência do autor 
sobre a obra. Inversão do tempo, mas não totalizante: não uma nova tese sobre o tempo, 
mas uma perfuração, contágio, infecção na metafísica da autoria. Assim, seu caráter 
fragmentário é sua realidade medonha mesma: o abominável O rei de amarelo é a 
coletânea de contos O rei de amarelo de R. W. Chambers, assim como a versão para o 
cinema de À beira da loucura é o filme mesmo de John Carpenter. 
 
 
Palavras-Chaves: Ontologia orientada a objetos, Reza Negarestani, H.P. Lovecraft 
 
 
35 
 
A FUNDAMENTAÇÃO TRANSCENDENTAL DA ÉTICA DO DISCURSO DE 
HABERMAS 
 
Manoel Pereira Lima Junior (SED-BA) 
 
 
A ética do discurso de Habermas está filiada à tradição do pensamento moral kantiano. 
Habermas tenta resgatar o fracassado projeto kantiano de uma fundamentação 
metafísica dos costumes, só que, ao invés de tentar uma fundamentação última para as 
questões práticas, ele fala em uma fundamentação fraca – não menos problemática que a 
fundamentação de Kant. Entretanto, tal fundamentação, de modo algum, poderia ser 
sustentada por fundamentos empíricos, uma vez que fundamentar a ética empiricamente 
exigiria operar a partir do princípio de indução, passando de casos particulares para 
princípios e regras gerais sem, contudo, mostrar como se dá o “pulo do gato”. Se algum 
tipo de fundamentação for possível, ela terá de ser transcendental. Neste texto, 
pretendemos refletir acerca da possibilidade de uma fundamentação transcendental da 
ética do discurso de Habermas a partir do que ele chamou de elementos pragmáticos 
transcendentais da linguagem, que devem ser supostos em qualquer discurso que vise o 
entendimento. 
 
 
Palavras-Chaves: Ética do discurso, Fundamentação, Transcendental. 
 
 
36 
 
A IDEIA UNGERIANA DE DEMOCRACIA E O CONTEXTO DA FILOSOFIA 
POLÍTICA CONTEMPORÂNEA 
 
Tiago Araujo (IFBA) 
 
 
Nesta comunicação, abordaremos as contribuições de Roberto Mangabeira Unger no 
campo da filosofia política recente, tomando-o como um interlocutor direto de filósofos 
como John Rawls, Michael Sandel, Jürgen Habermas, Axel Honneth e Richard Rorty. 
Na primeira parte, asseriremos que as ideias de democracia que alimentam os debates da 
filosofia política entre estes autores são formuladas em um jargão acadêmico 
autorreferente voltado essencialmente a questões como igualdade de oportunidade, 
comunicação não distorcida, reconhecimento e solidariedade, sendo fatalmente 
desligado do tema sobre a imaginação institucional, isto é, a sobre a reconstrução das 
estruturas sociais. Em seguida, enquadraremos as ideias daqueles filósofos na crítica de 
Unger à cultura acadêmica do Atlântico Norte e esmiuçaremos o conteúdo do 
pensamento político ungeriano, cujo cerne reside em devolver o tópico das estruturas, 
tal como abordado pelas teorias sociais novecentistas, ao âmbito do debate sobre 
democracia. Por fim, indicaremos como a ampliação semântica da ideia de democracia, 
doravante assumida como um projeto no qual as sociedades adotam uma 
autocompreensão baseada em transformações sem crises, favorece um entendimento 
renovado da política, suscitando alternativas promissoras para a prosperidade social. 
 
 
Palavras-Chaves: Democracia, Unger, Política 
 
 
37 
 
A INTERPRETAÇÃO DA IDEIA INADEQUADA EM SPINOZA 
 
Paulo Sérgio Oliveira Santana (UNEB) 
 
 
Para Spinoza, o status ou condição de padecimento da mente está diretamente 
correlacionada à passividade do corpo afetado nas operações de natureza psicofísica. 
Essa disposição mental (padecimento) é oriunda dos diversos efeitos ocasionados pelos 
atritos entre os corpos/mentes imprimindo-lhes marcas. Spinoza classificou esse estágio 
como: imaginação (imaginatio),o primeiro dos três modos de percepção do intelecto 
(imaginação, razão e intuição intelectual). A imaginação opera por meio de ideias 
inadequadas que são subprodutos de imagens (mutiladas e truncadas) fabricadas na 
consciência a partir das experiências sensoriais, conjugado ao processo de apreensão ou 
interpretação da realidade existente fora do pensamento — podendo produzir 
ignorância, medo e superstição. Todavia, esse processo não possui um teor exclusivo de 
negatividade, é o primeiro gênero do conhecimento. Contudo, a análise consoante 
acerca do tema (padecimento) tem como alicerce, os trechos que engloba o Prefácio; 
Definições; Postulados e a Proposição 1, Parte III, págs. 01, 02, 03 e 04 de sua obra 
Ética. 
 
 
Palavras-Chaves: Padecimento, Imagem, Corpo 
 
 
38 
 
 
A LIBERDADE EM JEAN-JACQUES ROUSSEAU 
 
Maria Aucimara Ribeiro Santos (UFRB) 
 
 
Este trabalho tem como objeto de estudo o tema da liberdade nas obras O contrato 
Social e O discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, 
do pensador Jean-Jacques Rousseau. Serão abordadas as descrições em que o autor 
compreende a liberdade natural – ou seja, o homem considerado em relação a si e aos 
seus semelhantes. O trabalho aborda também a liberdade enquanto bem supremo do 
homem, a partir da análise da hipótese utilizada por Rousseau segundo a qual o homem 
nasce livre e por toda a parte encontra-se a ferros. Averiguar-se-á a distinção do homem 
como deveria ser no seu estado de natureza original, do homem que se transformou no 
processo civilizatório, a evolução social teria corrompido a natureza humana. Rousseau 
retrata esta passagem entre a condição natural do homem, para sua condição social se 
propondo a investigar por que, e como, se dá esta passagem da liberdade natural para o 
condicionamento social. Portanto, o autor sugere um pacto social na medida em que os 
homens renunciem seu estado natural em prol do estado convencional. O objetivo 
principal desta pesquisa será, então, mostrar como as reformulações teóricas abordadas 
pelo pensador são relevantes para fazermos uma análise sobre o conceito de liberdade. 
Para o autor, a liberdade é o ponto crucial da vida política e do meio social, a liberdade 
tem uma relativa significância na vida dos indivíduos, na concepção rousseauniana, e 
também se faz presente na maioria de suas obras. 
 
 
Palavras-Chaves: Estado de natureza, Sociedade civil, Liberdade 
 
 
39 
 
A LIBERDADE ENQUANTO ALEGRIA: MÍSTICA E EXISTENCIALISMO 
 
Saulo Matias Dourado (UFBA) 
 
 
Na contemporaneidade, entre filósofos da existência, há uma disposição em identificar 
liberdade e angústia. Entende-se por liberdade um princípio de indeterminação, a 
possibilidade de ser em uma total abertura, sem o constrangimento de uma natureza 
específica ou de uma finalidade, por escolha e responsabilidade. Entende-se por 
angústia o estado de compreensão de si em meio ao nada, sem que haja, a priori, um 
modo de ser melhor do que outro, ou indício real do que deva ser escolhido. O nada e a 
ausência de determinação são os fundamentos da liberdade, com os quais o homem vê 
abrir o ser de si mesmo para o outro, numa correlação. Na amplidão, o homem se 
angustia, pois não há o que possa apelar para diminuir o peso de sua ação e escolha em 
existir. Assim, a angústia passa a ser condição da liberdade. Notamos que, na tradição 
de pensamento, há exemplos contrários. Mestre Eckhart, místico medieval, teve o seu 
pensamento definido por Reiner Schumann como uma “alegria errante”. Por vias teístas, 
Eckhart chega à noção de Nada e de liberdade original. O homem, em seu princípio, tem 
a centelha divina: livre de todo ser, pois todo ser lhe é posterior. O que o homem faz no 
ser é frutificar a centelha e fertilizar as criaturas ao torná-las tão livres quanto ele 
própria: deixar o ser ser. Esta vida para a frutificação e este viver sem porquê, para Deus 
enquanto deidade, esquecido de si enquanto substância e tomado do puro 
desprendimento, Eckhart chamou de alegria. A liberdade radical também poderia ter, 
desse modo, uma disposição alegre. 
 
 
Palavras-Chaves: Alegria, Liberdade, Existencialismo 
 
 
40 
 
A LIBERDADE, DO EXISTENCIALISMO AO HUMANISMO 
 
Luciene Braga Ramos Borges (UEFS) 
 
 
O existencialismo, assim como Sartre apresenta em O Existencialismo é um 
Humanismo, afirma que “a existência precede a essência”, o que implica dizer que o 
homem ao ser concebido não traz consigo uma definição, ou seja, o homem é aquilo que 
ele faz de si ao longo de um processo que, segundo Sartre, pode ser entendido como 
“engajamento”, uma “série de empreendimentos, a soma, organização, o conjunto de 
relações que constituem essas empreitadas”. Esse é, diz Sartre, o primeiro princípio do 
existencialismo. O texto O Existencialismo é um Humanismo é resultado de uma 
conferência, realizada em 1945, que tinha como objetivo principal defender o 
existencialismo das críticas que lhe estavam sendo dirigidas. Sartre, em um 
documentário intitulado Sartre por lui même, produzido por Pierre-André Boutang e 
Guy Seligmann (Instituto Nacional do Audiovisual de Paris), afirma sobre a mesma: 
“Conferência na qual experimentei ideias ainda frescas depois da guerra, ideias sobre o 
lado moral do existencialismo, sobre seu caráter humanista [...] muita gente pensou que 
compreenderia lendo O Existencialismo é um Humanismo e entenderam errado”. 
Objetivamos, com esta apresentação, explanar, de maneira introdutória, sobre o modo 
como Sartre aborda a questão do existencialismo, interligado a um humanismo e à ação 
humana subjetiva, tendo como referência a conferência citada. Salientamos que a 
pesquisa, aqui iniciada, faz parte de um projeto de Bolsa de Iniciação Científica 
vinculado à FAPESB, cujo título é “Freud e Sartre: da determinação pulsional à 
responsabilidade”. 
 
 
Palavras-Chaves: Existencialismo, Humanismo, Sartre 
 
 
41 
 
A LINGUAGEM COMO ELEMENTO EXISTENCIAL CONSTITUTIVO DA 
COMPREENSÃO SEGUNDO MARTIN HEIDEGGER 
 
Crislane Barreto Santana (UEFS) 
 
 
Este texto tem como proposta investigar a noção de compreensão (Verstehen) em 
Martin Heidegger exposta na obra Ser e Tempo, tendo como fio condutor sua relação 
constitutiva com a linguagem. Em um primeiro momento, trataremos do Dasein como 
compreensão de ser, ou seja, como o ente que compreende os entes em seu ser, na lida 
cotidiana. De acordo com o filósofo, a compreensão, assim como os outros existenciais, 
constituem a abertura para o ser dos entes, para o sentido. Assim, enquanto 
compreensão, o Dasein é um ente que se encontra necessariamente lançado ao mundo, 
encontra-se em todo modo de comportar-se em relaçãoao ente. Em um segundo 
momento, trataremos do modo de ser da linguagem, ao passo que ela assume a forma 
existencial da compreensão e se relaciona com tudo que se apresenta no mundo. 
Portanto, investigaremos a forma como a linguagem se constitui existencialmente a 
partir da lida cotidiana com os entes. 
 
 
Palavras-Chaves: Linguagem, Compreensão, Dasein. 
 
 
42 
 
 
A LÓGICA DE MERCADO E O TRABALHO COMO FORMA DE EXPLORAÇÃO 
MODERNA 
 
Anderson Rodrigues (FAPESB) 
 
 
Karl Marx (1842-1881), no volume I da sua obra O Capital, ao analisar a fundo a 
estrutura interna da sociedade, nos revela sua natureza abstrata, o funcionamento da 
lógica de mercado e suas contradições inerentes. A análise é extensa e se divide por 
partes, assim, nosso objetivo será restringido a compreender a primeira parte da obra 
mencionada: trata-se do valor comum a todas as mercadorias, de ser fruto do trabalho 
humano abstrato. Para tanto, partiremos da análise do processo de troca entre as 
mercadorias, a chegarmos ao seu duplo caráter, que se manifesta de modo antagônico 
entre seu valor de uso e valor de troca. O primeiro diz sobre a forma material das 
mercadorias, que são concretudes, produtos do trabalho humano. O segundo se revela 
enquanto sendo imaterial, a substância da coisa, oposto ao valor de uso e comum a 
todos os objetos do trabalho - trata-se do valor social, agregado a mercadoria durante a 
produção, no qual se mede e quantifica a sua grandeza e magnitude pelo tempo, pela 
quantidade de horas levada durante o processo de produção. Deste modo, ao ter 
decomposto a relação de troca entre os produtos, chegaremos ao ponto que nos interessa 
ser elucidado: o trabalho humano abstrato se caracteriza por ser a doação do suor do 
operário, da sua força, a autoridade de outrem, daquele que detém os meios de 
produção; ou seja, o trabalho, ao modo das sociedades capitalistas, se faz pela 
exploração do proletariado, pois, o patrão só pode obter lucro (excedente) através do 
uso da força de outros homens, pagando uma mísera fagulha do acumulo do seu capital, 
ficando com a parte não distribuída do seu excedente. 
 
 
Palavras-Chaves: Valor de uso,Valor de troca,Trabalho humano abstrato 
 
 
43 
 
A MATERIALIDADE DOS CORPOS EM BUTLER 
 
Karla Cristhina Soares Sousa (UFBA) 
 
 
A teoria feminista por muito tempo aceitou como certo os sistemas binários dados pelos 
conceitos de gênero/cultura e sexo/natureza, sendo o gênero uma interpretação do sexo 
ou uma construção cultural, e o sexo considerado como determinado por uma natureza 
biológica cujo corpo era um instrumento passivo de uma lei cultural fixa. Em Butler, a 
teoria feminista torna-se autocrítica, realizando uma genealogia das categorias da 
identidade, ela questiona conceitos fundantes para a teoria, como o de sujeito, gênero, 
sexo e materialidade dos corpos. Em lugar da ideia tradicional de construção do gênero, 
Butler sugere um processo de materialização reiterada de normas regulatórias que são 
fornecidas pela hegemonia sexual. Para Butler, a performatividade é central para 
compreensão do gênero. Contudo, o presente trabalho tem como principal objetivo 
investigar a noção de materialidade do corpo e sua relação com a performatividade de 
gênero na teoria de Judith Butler, evidenciando a importância desta para 
problematização da ação política feminista e seus aparatos conceituais. 
 
 
Palavras-Chaves: Materialidade, Gênero, Sexo 
 
 
44 
 
A MELANCOLIA DE MARTHA 
 
Luis Alberto Santos (UFBA) 
 
 
Incompreensão ou Mal entendido (Le malentendu) é uma peça em três atos do autor e 
pensador francês Albert Camus, lançada em 1944, na qual os relacionamentos possuem 
o dom de revelar o melhor e/ou o pior do ser humano. Jan, um jovem cuja vida bem 
sucedida, rica e no amor, decide renovar os laços com sua família, que tinha deixado há 
alguns anos. Então, com sua esposa Maria, ele retorna à sua cidade natal e mais 
especificamente à pensão dirigida por sua mãe e irmã. Não sabendo como revelar sua 
verdadeira identidade, Jan fica no abrigo, à espera do momento oportuno para o seu 
retorno depois de mais de vinte anos de distância decide ir para casa e dar sua fortuna 
para as duas mulheres abandonadas. Não será uma tarefa fácil, pois elas não vão se 
lembrar dele. Mas um destino cruel o aguarda e por meio de uma tragédia clássica, o 
destino dos personagens encontra-se, pois, em uma tensão constante com seus afetos. 
Sua mãe e sua irmã Martha têm o hábito de matar os viajantes que ficam no albergue 
para roubar, para obter os recursos necessários para escapar esses mouros tristes e 
encontrar terras ensolaradas. Jan, o anonimato, sofrer o mesmo destino na loja para o 
resto de viajantes. 
 
 
Palavras-Chaves: Absurdo, Melancolia, Morte 
 
 
45 
 
A METAFÍSICA COMO POLO DE ENCONTRO ENTRE HEIDEGGER E CARNAP 
 
Flávio de Oliveira Silva (UNEB) 
 
 
No encontro de Davos de 1929 na Suiça, entre Heidegger e Cassirer, Carnap presenciou 
a conferência de Heidegger de título O que é metafísica, na qual o filósofo defendia uma 
interpretação anti-lógica e anti-neokantiana para o sentido de metafísica, presente na 
Crítica da Razão Pura de Kant. Após esse encontro, Carnap voltou a Viena, estudou 
atentamente o tratado Ser e Tempo e no ano seguinte escreveu um esboço do artigo A 
superação da metafísica pela análise lógica da linguagem, com versão definitiva 
publicada em 1932. Desde então, a superação metafísica se tornou um termo recorrente 
para expressar a crítica à metafísica. Pretende-se explicitar pontos convergentes entre 
Heidegger e Carnap sobre a concepção de metafísica e apontar como divergência entre 
ambos a pretensão almejada com a superação da metafísica. Tem-se em vista como 
ponto de divergência na discussão, o posicionamento de cada um acerca do império da 
lógica e das ciências exatas. 
 
 
Palavras-Chaves: Metafísica, Heidegger, Carnap 
 
 
46 
 
A MÚSICA COMO POTENCIALIZADORA DO SOFRIMENTO: O CONCEITO DE 
`SOFRÊNCIA` EM PABLO DO ARROCHA 
 
Antônio Ismael da Silva Lima (UFCA) 
 
 
Esta pesquisa tem por objetivo pensar a música no sentido oposto ao que é apresentado 
por filósofos como Arthur Schopenhauer, autor que trabalho em minha monografia, 
para quem a música é o lenitivo que possibilitaria amenizar, mesmo que 
momentaneamente, toda dor e sofrimento que nos toma. Nossa proposta é caminhar por 
uma via contrária, suscitada por um questionamentono X Encontro de Pesquisa na 
Graduação em Filosofia da UNESP, realizado em maio deste ano: poderia a música 
potencializar o sofrimento? Para a nossa investigação, tomaremos a República de Platão 
e As Duas Fontes da Moral e da Religião de Bergson como fontes iniciais. Na primeira, 
Sócrates aponta a música como capaz de potencializar tanto as paixões alegres, 
corajosas, fortalecedoras, quanto as paixões tristes, melancólicas, amolecedoras. Isso se 
dá – e nisto (quase) todos os filósofos concordam – porque a música toca o que há de 
mais íntimo do indivíduo, atingindo mais profundamente a sua alma. Seguindo esta 
mesma linha, nosso filósofo francês acredita que a música pode suscitar em nós as mais 
variadas emoções. Tanto a tristeza profunda quanto a alegria plena podem ser evocadas 
na música e despertadas por ela. Bergson dirá que uma música melancólica pode nos 
conduzir à melancolia, como também outra, mais alegre, é capaz de despertar em nós o 
sentimento de que todo dia é carnaval. Para ajudar-nos a pensar a música como 
potencializadora do sofrimento, faremos uso da produção musical de Pablo do Arrocha, 
também conhecido como o rei da sofrência, marcada por certa valorização da dor, uma 
afirmação do sofrimento. Em Pablo, “ir até o fundo do poço da sofrência seria libertar-
se da necessidade de entender e afirmar apenas a beleza da vida”. 
 
 
Palavras-Chaves: Música, Sofrimento, Sofrência 
 
 
47 
 
A NATUREZA E O FILOSOFAR NO CAMPO 
 
Edcleide Silva (UFAL) 
 
 
A construção do conhecimento prático é algo que faz parte da natureza humana, assim 
como a execução do conhecimento. É com base neste pensar que trabalharemos vida no 
campo, visando valorizar o conhecimento e a investigação sobre o simples, mas um 
simples com raízes ricas de reflexões, problemáticas, e multiplicidade do saber. O 
filosofar no campo é dado em parte pela observação da Natureza, e em outra parte pela 
pratica de quem vive, luta, produz, ensina, e aprende. Tendo por meio o trabalho 
agrícola. Será de grande importância a investigação sobre a sensibilidade das 
experiências do processo do pensamento das mudanças em observações pelos (as) 
camponeses (as). A sensibilidade será porta central do processo filosófico, pois como 
qualquer ser humano dotado de razão, o homem e a mulher do campo conhecem e 
buscam o conhecimento, os investigando por meio da Natureza, buscando sempre a 
superação de seus limites como parte de uma existência maior, e que o coloca no 
mundo, é uma busca de entendimento de espaço e tempo, colocando em xeque a vida 
em defesa da vida. O trabalho do camponês é fonte de uma obra poética grega que 
carrega o início de um pensamento filosófico voltado para uma classe trabalhadora, que 
é O trabalho e os dias, do poeta Hesíodo, onde será narrado a forma simples e virtuosa 
de quem trabalha e usa de seus conhecimentos “primitivos” para se manter e manter a 
vida. Uma obra na qual o homem é dignificado por seu trabalho, por sua vida, por seu 
contato com o campo e com a produção alimentar. Na qual o conhecimento é parte do 
homem, e o homem parte do mundo, na relação natureza e trabalho. "A cabeça que não 
pensa o corpo padece". 
 
 
Palavras-Chaves: Natureza, Conhecimento, Campo 
 
 
48 
 
A NOÇÃO DE DEUS NA PÓS-MODERNIDADE 
 
Reinaldo Sales Oliveira (UFRB) 
 
 
As concepções de Deus concebidas ao longo do tempo influenciam diretamente na 
formação do caráter do ser humano enquanto ser social. Temas éticos, metafísicos, 
políticos e de todas esferas na sociedade ocidental tem relação direta ou indireta em um 
deus, ou, na crença em nenhum deus. Daí, todo o pensamento humano, seja ele 
individual ou coletivo, perpassam por uma raiz não necessariamente religiosa, mas, de 
uma noção de divindade. As concepções de Deus concebidas ao longo do tempo 
influenciam diretamente na formação do caráter do ser humano enquanto ser social. 
Temas éticos, metafísicos, políticos e de todas esferas na sociedade ocidental sempre 
tiveram e continuam a ter relação direta ou indireta na crença em um deus, ou, na crença 
em nenhum deus. Daí, todo o pensamento humano, seja ele individual ou coletivo, 
perpassam por uma raiz não necessariamente religiosa, mas, de uma noção de 
divindade. Na pós-modernidade, que ainda é indefinida para alguns, se faz necessária de 
caracterização para uma possível compreensão e, também não se sabe se por tendência, 
por um novo ditame geral ou talvez se por necessidade, pensar os saberes, o ser 
humano, o universo e o que mais for possível junto à idéia da existência (ou 
inexistência) de algum deus, ou em algum tipo de crença sobrenatural é uma hipótese 
relevante. Compreender a noção de Deus na pós-modernidade é compreender quais 
rumos está tomando a humanidade. Parece estranho à filosofia, uma espécie de 
previsão, mas não deixa de ser filosófico pensar para onde se está indo sabendo de onde 
se veio. 
 
 
Palavras-Chaves: Deus, Pós-modernidade, Homem 
 
 
49 
 
A PASSAGEM DO MUNDO DO SILÊNCIO AO MUNDO CULTURAL EM 
MERLEAU-PONTY. 
 
Liamar Francisco (IFBA) 
 
 
O filósofo francês Merleau-Ponty trata da questão da passagem do mundo do silêncio 
para o mundo cultural na Fenomenologia da percepção (1945), primeiramente, 
descrevendo como o corpo próprio situado no mundo, através da experiência 
perceptível, apreende a realidade. Para ele, existe uma comunicação entre o corpo e as 
coisas, isto é, uma expressão que se realiza, inicialmente, no campo do pré-reflexivo, da 
natureza, do mundo sensível. A comunicação estabelecida entre o corpo e o mundo é a 
da experiência originária da percepção e ocorre antes de qualquer pensamento. A 
passagem do mundo do silêncio para o mundo cultural é o momento que se instaura a 
expressividade dos gestos corporais e verbais e o surgimento da linguagem enquanto 
fala falada. Para que o mundo cultural aconteça é necessária a existência de um cogito, 
que chamou de Cogito tácito, silencioso e que se situa no pré-reflexivo. O Cogito tácito 
é o próprio corpo enquanto meio pelo qual o sujeito se percebe na dimensão espacial, na 
relação com o mundo e que, através da dimensão temporal, transcende. Mas para que 
haja significação conceitual, base em que está assentado o mundo cultural, é preciso que 
os corpos possam relacionar-se entre si, em uma mediação entre as subjetividades. 
Cabe a expressão exercer o papel de mediador para que a fala existencial se concretize 
em fala conceitual. O cogito permite o conhecimento de si, é o que lhe distingue do 
outro e das coisas. E a relação entre os corpos se dá, conforme Merleau-Ponty, por um 
processo de sinergia, uma capacidade que os corpos têm de intercambiar significações 
entre si por uma operação de espelhamento, uns com os outros. Merleau-Ponty diz que 
mundo cultural é o mundo falado, simbólico e instrumental, mas não é uma oposição ao 
mundo natural e silencioso e, sim, um dos seus desdobramentos.Palavras-Chaves: Cogito tácito, Linguagem, Expressividade 
 
 
50 
 
A PESSOA MORAL NO PENSAMENTO DE LIMA VAZ 
 
Roseane Welter (FCF) 
 
 
A centralidade da filosofia de Henrique Cláudio de Lima Vaz é o homem. Pensar o 
homem significa compreendê-lo na sua essência, dotado de razão e capaz de auto-
significar-se e significar o contexto (ethos) no qual esta inserido. Nesse sentido, Lima 
Vaz intenta pensar o sujeito enquanto sujeito ético, o que implica uma coerência não só 
nas ações, mas, sobretudo ser ético na vida, o que requer uma postura de vida pautada 
na ética, ou seja, viver eticamente tanto no nível individual como no nível social, 
considerando que o mesmo não vive isolado mas esta inserido em uma comunidade 
ética. Em seu itinerário ético-filosófico apresenta uma ontologia do agir humano 
consolidado nas dimensões do agir ético e da vida ética e sua reflexão culmina na 
afirmação da pessoa moral. Esta comunicação pretende apresentar a definição de pessoa 
moral percorrendo o pensamento do filósofo brasileiro. Primeiramente, apresenta-se a 
categoria de pessoa que exprime a identidade da pessoa, pontuando sua singularidade 
enquanto possuidor do logos, até alcançar sua auto-realização nas múltiplas faces da 
ipseidade. Em seguida pontua-se a pessoa moral a partir do desdobramento conceptual 
do Eu sou, do sujeito como sujeito ético, que expressa à essência do ser humano como 
um ser moral expresso a partir das suas ações e da sua vida. 
 
 
Palavras-Chaves: Pessoa,Moral,Ética. 
 
 
51 
 
A POSIÇÃO SOCRÁTICA FRENTE AO CONHECIMENTO NAS MEMORÁVEIS 
DE XENOFONTE 
 
Ligea Clara De Carvalho Hoki (UFMG) 
 
A presente pesquisa tem como intuito melhor compreender a personagem Sócrates 
descrita por Xenofonte em sua obra Memoráveis. Deste modo, buscaremos determinar, 
no texto de Xenofonte, o que Sócrates acreditava conhecer, quais formas de 
investigações ele aconselhava aos que buscavam o conhecimento, quais eram, para ele, 
os limites dos saberes humanos e o que os homens devem saber para serem virtuosos. 
Pretendemos, além disso, fazer uma relação entre aquilo que Sócrates dizia ser certo e 
como ele agia, julgando por suas atitudes e ações, isto é sua “teoria” e “prática”. Pois, 
ao destacarmos suas crenças e conhecimentos podemos vislumbrar com mais clareza as 
características determinantes da personagem Sócrates, melhor compreendendo seu 
modo de pensar intrinsicamente ligado ao de agir, de acordo ou em desacordo com a 
tradição vigente em seu tempo. Afastando-nos da mais usual interpretação platônica, de 
modo a ampliar e diversificar o conhecimento em torno da temática de Sócrates, dando 
enfoque na interpretação de Xenofonte. 
 
 
Palavras-chaves: Sócrates,Xenofonte,Sócrates Xenofonte Epistemologia 
 
 
52 
 
A POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DE CARÁTER EM ARISÓTELES 
 
Genival Carvalho Batista (UFBA) 
 
 
Esta apresentação tem como objeto investigar a possibilidade de mudança do caráter em 
Aristóteles. Conduziremos a nossa apresentação a partir de uma análise do caso 
concernente ao intemperante. Deste modo, procura-se entender se um agente com o 
caráter já formado, que adquiriu disposições em agir em um sentido e não de outro 
modo, estaria impossibilitado de agir de outro modo. Ou seja, o intemperante é 
incurável ou não? Se não, quais razões apresentou o filósofo para tanto? E, tais razões 
se sustentam? A questão problemática consiste na interpretação da prevalência da ação 
sobre a disposição, no caso do intemperante, por ter sua razão já corrompida pelo 
excesso de prazer, não poderia mais mudar de disposição, sendo, portanto, um incurável 
(EN III 7, 1114a21). Assim, tal apresentação fará uma abordagem, sobretudo, no caso 
do intemperante sendo um caso submetido a uma espécie de determinismo psicológico, 
significa dizer que tal agente adquiriu uma disposição pela prática reiterada da ação, de 
modo que já não pode mais agir diferentemente de sua disposição. Por fim, 
verificaremos se tal caso referido seria uma exceção à tese da prevalência da ação sobre 
a disposição, visto que ele não seria mais capaz de mudar sua disposição. Portanto, esta 
apresentação procurará comprovar ou não a impossibilidade de mudança de caráter no 
caso do intemperante. 
 
 
Palavras-Chaves: Mudança, Caráter, Intemperante 
 
 
53 
 
A PRESENÇA DE HERÁCLITO NA FILOSOFIA MADURA DE NIETZSCHE 
 
Newton Pereira Amusquivar Junior (UNICAMP) 
 
 
A apresentação tem como objetivo principal investigar a influência de Heráclito no 
pensamento maduro de Nietzsche. Para isso, buscamos três aspectos de convergência 
entre Nietzsche e Heráclito. O primeiro aspecto é a formação de uma filosofia 
dionisíaca em Nietzsche que é visto em Heráclito na medida em que ele nega o ser e 
afirma o vir a ser em sua inocência, ou seja, sem imputação moral. O segundo aspecto é 
de πόλεμος;, entendido como um combate entre as multiplicidades, pelo qual podemos 
notar convergência desse conceito heraclitiano com a noção nietzschiana de vontade de 
poder, tendo em vista que este conceito é tomado como uma luta constante sem um 
equilíbrio. O terceiro conceito é o de fogo (πῦρ) de Heráclito, tomado como princípio 
cosmológico, o fogo está relacionado com a conflagração cósmica, ou seja, com a tese 
de que o mundo se destruirá pelo fogo retornando ao grande ano, nesse sentido 
buscamos realizar uma relação com a doutrina nietzschiana do eterno retorno do 
mesmo, o qual afirma o ciclo absoluto e a repetição de todas as coisas. 
 
 
Palavras-Chaves: Vontade de poder, Eterno retorno do mesmo, Devir 
 
 
54 
 
A PROBLEMATOLOGIA DE MICHEL MEYER 
 
Rodrigo Seixas Pereira Barbosa (UFMG) 
 
 
Aristóteles, apesar de não ter sido o grande criador da arte retórica, foi, sem dúvida, o 
sistematizador da tekhné tal como a conhecemos até os dias de hoje. Suas definições de 
provas retóricas (ethos, pathos e logos), materializadas em sua obra Retórica, 
entretanto, vêm sendo aprimoradas e reconfiguradas ao longo do tempo. Atento às 
novas demandas da contemporaneidade, o filósofo belga Michel Meyer aplica uma nova 
leitura dessas três provas a partir do que ele nomeia de Problematologia (MEYER, 
2008). Ao mesmo tempo teoria e metodologia, a Problematologia percebe o 
funcionamento retórico mediante o questionamento, a interrogatividade, os problemas e 
as diferenças entre os interlocutores de um processo comunicativo, entendendo que, senão houvesse problema algum, a argumentação não seria necessária. Segundo Angenot 
(2008), enxergar os problemas filosóficos contemporâneos não mais através do acordo, 
mas sim pelo desacordo, não apenas inverte a lógica de análise como também ajuda a 
enxergar a retórica em sua verdadeira face. Por essa razão, a Problematologia se aplica 
com eficácia à análise de problemas comunicativos contemporâneos, de conflitos 
ideológicos, de distâncias sociais. Ethos, pathos e logos passam, assim, a ser entendidos 
por uma nova ótica que conjuga elementos diversos de outras escolas filosóficas da 
argumentação bem como da linguística. Destarte, a Problematologia retórica apresenta-
se como ferramenta capaz de desvelar os liames da argumentação retórica, bem como de 
evidenciar o funcionamento das engrenagens de uma argumentação. Esse trabalho 
procurará apresentar a teoria da Problematologia retórica em seu funcionamento, 
buscando traçar comparações à abordagem clássica aristotélica mediante análises de 
problemas contemporâneos. 
 
 
Palavras-Chaves: Problematologia, Retórica, Michel Meyer 
 
 
55 
 
A QUESTÃO DOS UNIVERSAIS NA IDADE MÉDIA 
 
Brenda Oliveira do Espirito Santo (UEFS) 
 
 
A problemática em que a questão dos universais recai teve suas primeiras explicações 
com Aristóteles e Platão, filósofos que nos deixaram grandes contribuições para atual 
compreensão no que se refere. No entanto, a questão foi retomada por filósofos 
medievais tais como Boécio, Abelardo, Tomás de Aquino, Ockham, entre outros. É 
importante ressaltar, o Tratado da Trindade de Boécio, q. 5. A. 3. que assim como as 
demais obras medievais, trouxe importante contribuição para as possíveis discussões 
que até hoje nos acompanham. Para que venhamos compreender a questão do estatuto 
do universal e o possível paradoxo que está remete, utilizemos, pois a definição 
Aristotélica a respeito da natureza do universal: aquilo que é apto a ser dito de muitos 
ou estar em muitos. Ao partilhar desta concepção, entendemos que o universal parece 
possibilitar a compreensão da relação entre aquilo que é dito de comum entre muitos 
indivíduos de uma mesma espécie, tal como as propriedades de humanidade ou 
animalidade. Dito isto, a questão é encaminhada a um possível paradoxo que devemos 
considerar. Se o universal é somente um modo pelo qual considera-se o que há de 
comum a muitos singulares, isto implicará num problema para a sua fundamentação na 
realidade (sua referência), pois neste caso, o universal seria somente um modo mental 
de classificação das coisas. Por outro lado, se o universal é algo que realmente existe 
nos singulares, temos que justificar como é possível a este, totalmente individualizado 
pela matéria como seu princípio de individuação, poder ter, em sua constituição, um 
princípio não singular, ou seja, comum a muitos. A partir destas considerações, 
tentaremos apresentar brevemente a interpretação medieval no que se refere a 
problemática, levando em consideração as contribuições que nos foram deixada, tendo 
em vista o realismo moderado de Tomás de Aquino. 
 
 
Palavras-Chaves: Tomás de Aquino, Idade Média,Universal 
 
 
56 
 
A RETÓRICA PLATÔNICA NO TEXTO GÓRGIAS 
 
Uilson de Almeida Bittencourt (UFRB) 
 
 
Na Grécia antiga, a argumentação voltada à vida prática e política foi muito combatida 
por Platão em seus diálogos. Entretanto, a atitude dos sofistas de ensinar retórica aos 
aspirantes políticos tinha uma importância deveras essencial para uma pólis na qual a 
argumentação funcionava como meio necessário ao exercício da democracia. Platão 
ataca a argumentação retórica dos sofistas como sendo algo de natureza apelativa. Do 
mesmo modo como a culinária seria uma adulação ao paladar, a retórica seria uma 
lambidela no espírito. Platão fez severas críticas aos sofistas do seu tempo, utilizando, 
de certo modo, o mesmo padrão de racionalidade argumentativa – comprometida com 
as paixões – que ele criticava em seus adversários. No centro desses ataques está a 
noção de democracia como um regime político no qual a razão se encontra numa 
disputa desvantajosa com as paixões. Numa passagem do Górgias, seu personagem 
Sócrates admoesta Cálicles (que também não simpatizava com a isonomia democrática) 
por se voltar sempre à vontade do povo e não sustentar uma opinião universal, agindo 
assim como caudatário do espírito democrático-adulador. Apesar dos ataques 
implacáveis aos subterfúgios retóricos (e erísticos), Platão utiliza no seu Górgias os 
mesmos expedientes de contrafação retórica contra seus antagonistas. 
 
 
Palavras-Chaves: Argumentação,Filosofia,Retórica 
 
 
57 
 
A SIMETRIA ENTRE A ALMA E A CIDADE EM PLATÃO 
 
Germano Aparecido Dansiger Neto (UFBA) 
 
 
Ao investigar "A simetria entre a alma e a cidade em Platão" é preciso expor em linhas 
claras o que se quer dizer com a palavra "simetria" que se apresenta implicitamente nas 
discussões registradas pelo autor. O termo mais próximo que poderíamos empregar para 
definir, basicamente, o que é "simetria" entendida no contexto grego, quer dizer, seria 
medida (métron) comum ou compartilhada (sym). Portanto, dizer que há uma symmetria 
entre a alma dos cidadãos (psyché-polítiké) e a cidade (pólis) significa dizer que há uma 
medida comum, entre a alma e a cidade, ou seja, a cidade funciona como um espelho 
cujo reflexo são os efeitos das escolhas dos seus cidadãos. As dificuldades contidas na 
tradução das palavras psyché e politikós, bem como a symmetria entre elas, torna ainda 
mais complexo o entendimento deste fenômeno, sendo necessário delinear com precisão 
à luz dos seus significados. É sob este olhar que se localiza o foco desta investigação. 
 
 
Palavras-Chaves: Psyché, Pólis, Platão 
 
 
58 
 
A SUSPENSÃO CÉTICA DO JUÍZO SOBRE O CRITÉRIO DA VERDADE 
 
Juliomar Marques Silva (UBA) 
 
 
A principal discussão entre céticos e dogmáticos é em torno da questão do critério da 
verdade. Seria possível haver um critério da verdade, capaz de nos fazer decidir entre o 
verdadeiro e o falso, capaz também de nos revelar aquilo que é real e aquilo que não o é. 
Muitos filósofos dogmáticos, como Xeníades e Xenófanes, negam a existência de tal 
critério. Outros, no entanto, afirmam a existência de um critério de obtenção do 
conhecimento e da verdade, como é o caso dos Estoicos, Epicuristas, Aristotélicos etc. 
Os céticos, porém, nem afirmam nem negam a existência de um critério da verdade, 
mas suspendem o juízo. Para Sexto Empírico, em particular nas Hipotipóses 
pirronianas, a própria falta de unidade e de acordo entre os filósofos demonstra a 
impossibilidade de falarmos de umcritério da verdade. O critério da verdade deve ser 
único e imutável, mas os filósofos nos apresentam opiniões diversas e conflitantes. 
Desta forma, não podemos decidir qual, dentre todas essas opiniões, é a correta em dizer 
o que é o critério da verdade e, por isso, os céticos optam por suspender o juízo acerca 
da existência ou não desse critério. Nesta comunicação irei apresentar alguns exemplos 
para o critério da verdade, pois há filósofos que afirmam e outros que negam a sua 
existência. Ao mesmo tempo apresento também a argumentação cética, que diz que não 
podemos nem afirmar nem negar um critério da verdade, mas que devemos suspender o 
juízo sobre esta questão. 
 
 
Palavras-Chaves: Ceticismo antigo, Suspensão de juízo, Critério da verdade 
 
 
59 
 
A TEORIA DO CONHECIMENTO DE XENÓFANES 
 
Giorgio Borghi (UCSAL) 
 
 
Com base nos fragmentos de Xenófanes de Colofão, esta comunicação pretende analisar 
o pensamento deste pré-socrático como a primeira tematização de teoria do 
conhecimento na filosofia ocidental. A crítica ao antropomorfismo da mitologia por ele 
desenvolvida se torna um aviso aos navegantes da nova racionalidade filosófico-
científica, para que evitem a pretensão de uma posse totalizante e antropomorficamente 
redutiva da verdade. Nesta perspectiva, é preciso avaliar o sentido epistemológico da 
afirmação de Xenófanes de que “a opinião reina em tudo” e a sua peculiaridade em 
relação a uma visão relativista, como aquela dos sofistas. Esta análise revela que a teoria 
do conhecimento da verdade muda profundamente dependendo da concepção que se 
tem do transcendente, que, essencialmente, se apresenta de três formas diferentes: 
religiosa, ateia ou mística. A visão de tipo religioso e ateu é um tipo de visão 
essencialmente dogmático, que pressupõe encontrar nos deuses (mitologia) ou nos 
homens (sofística) a medida última e inquestionável da verdade de todas as coisas. A 
posição de Xenófanes representa a alternativa que podemos chamar de mística, que 
provavelmente inspirou a ideia de ser de Parmênides e abre o caminho de uma teoria do 
conhecimento que acolhe e respeita o mistério deste Ser. Por fim, o nosso pensador 
originário, antecipando uma temática socrático-platônica, destaca a importância deste 
tipo de conhecimento para a polis. 
 
 
Palavras-Chaves: Antropomorfismo, Conhecimento, Verdade 
 
 
60 
 
AÇÃO E CONHECIMENTO NO FENÔMENO DA ACRASIA 
 
Aline Valéria Ramos de Almeida (UFBA) 
 
 
Agir contra aquilo que sabe ser o melhor é o que Aristóteles define, em termos gerais, 
como acrasia, e a partir desta definição o objetivo desta comunicação é demonstrar 
como o incontinente pode conhecer e ainda assim agir contrário ao seu conhecimento. 
Aristóteles, na tentativa de refutar o ponto de vista socrático, no qual a acrasia não seria 
possível uma vez que ninguém conhecendo poderia agir contrário àquilo que conhece, e 
se isso acontece não seria decorrente de fenômeno algum senão da ignorância, se propôs 
a demonstrar no capítulo 3 do livro VII da Ética Nicomaqueia, que há, sim, um sentido 
em que é possível conhecer a regra moral, de saber o que deve ser feito e ainda assim 
agir com descontrole, de modo a tornar o seu conhecimento inoperante diante de 
apetites fortes, que seja possível a acrasia. Entretanto, a dificuldade recai sobre a 
questão da crença fundamental de que os homens sempre desejam seu próprio bem-estar 
ou felicidade (eudaimonia), e que parece impossível supor que alguém, conhecendo, 
pudesse de forma deliberada prejudicar a si mesmo. Porém, a possibilidade de existir 
algo como a falta de autocontrole é preservada desde que o indivíduo conheça a regra 
moral, delibere em vista de um fim que obedece a reta razão, mas age contrariando um 
tipo de conhecimento, por estar sob a ação de apetites fortes e excessivos que impedem 
o seu julgamento, de modo a torná-lo um incontinente. 
 
 
Palavras-Chaves: Acrasia, Conhecimento, Apetite 
 
 
61 
 
ACERCA DA IRONIA SOCRÁTICA 
 
Ronaldo Moreira de Souza (UFG) 
 
 
É conhecida a enigmática profissão de fé de Sócrates: “Sei apenas uma coisa, é que eu 
não sei nada” (Apologia, 21d). Tal profissão de fé que revela, como queria, os limites de 
seu saber, expressa também um traço de sua caricatura construída por Alcebíades. No 
dialogo Banquete de Platão vemos Sócrates ser comparado aos Silenos, cuja aparência 
feia, quase monstruosa serve, na verdade, de máscara para esconder algo que não quer 
revelar. Sócrates, como vemos em outros diálogos, dificilmente defende uma tese 
própria; ao contrário, como diz Alcebíades, seus discursos são “inteiramente ridículos à 
primeira vez: tais são os nomes e frases de que por fora se revestem eles, como de uma 
pele de sátiro insolente! Pois ele fala de bestas de carga, de ferreiros, de sapateiros, de 
correeiros, e sempre parece com as mesmas palavras dizer as mesmas coisas...” (221 d-
e). De maneira ardilosa, sempre autodepreciando-se – como diz Cicero – Sócrates 
concedia mais do que era necessário aos seus interlocutores para depois refutá-los; 
assim pensando uma coisa e dizendo outra, ele tinha prazer em usar habitualmente essa 
dissimulação a que os gregos chamam de “ironia”. Nesse texto pretendemos examinar 
duas faces dessa caricatura de Sócrates; por um lado, a de que a ironia e dissimulação 
com que Sócrates se comporta diante de seus discípulos são artifícios pedagógicos que 
visa levar seus interlocutores a obter um conhecimento de si capaz de transformar sua 
relação para consigo mesmo. Por outro lado – seguindo - Kierkegaard – a ironia 
expressa na profissão “Sei que nada sei” refere-se a um saber transmissível pela via da 
linguagem, sendo essa uma das profundas razões de Sócrates se esquivar sempre de uma 
comunicação direta com seus interlocutores. 
 
 
Palavras-Chaves: Sócrates, Ironia, Conhecimento 
 
 
62 
 
AFETIVIDADE EM ROUSEAU 
 
Elza Silva dos Santos (UFRB) 
 
 
Pretendemos nessa comunicação apresentar as ideias do filósofo suíço-francês Jean-
Jaques Rousseau no que tange à educação, buscando ver nas entrelinhas como aparece a 
afetividade nos textos que tratam da educação, principalmente nos escritos do Emilio e 
Projeto para educação do senhor de Sainte-Marie. Almejamos apresentar como 
Rousseau pensa a educação com base na relação estabelecida entre o educador e o 
educando, sem perder de vista o papel da afetividade. Rousseau na obra Projeto para 
educação do senhor de Sainte-Marie se posiciona de forma contrária ao método dos 
maus-tratos com palmadas. Nesse texto o filósofo propõe para a educação de um jovem 
formar-lheo coração, o juízo, e o espírito seguindo essa ordem respectivamente. É 
preciso ter em mente que neste texto é apresentado uma proposta de educação especifica 
para uma criança determinada. E que o educador ou mestre como ele prefere utilizar, 
desenvolve um papel importantíssimo no desenvolvimento do educando e esse papel, 
podemos observar, necessita de um relacionamento que tenha como pressuposto uma 
aproximação afetiva, por assim dizer, é preciso que o jovem que está sendo educado 
reconheça no educador uma autoridade, assim como a reconhecida no seu pai. Da 
mesma forma, o mestre e o educando devem estabelecer um relacionamento de 
reciprocidade afetiva. 
 
 
Palavras-Chaves: Afetividade, Rousseau, Educação 
 
 
63 
 
ALIENAÇÃO E FETICHISMO 
 
Alan Brandão Morais (UFBA) 
 
 
Seguindo as sugestões de investigação conceitual dos textos de Karl Marx aberto pelo 
professor Celso Frederico no livro O Jovem Marx – As Origens da Ontologia do Ser 
Social, pretendemos com esta comunicação elaborar uma pequena contribuição para o 
processo de recomposição conceitual das obras deste autor. A influência hegeliana e 
feuerbachiana da obra de Marx vem adquirindo novas faces na medida em que os 
comentadores contemporâneos dedicam-se a investigar as continuidades conceituais da 
sua formação filosófica de juventude na obra de maturidade, estabelecendo teses 
interessantes sobre a apropriação dialética feita por Marx de conceitos destes dois 
pensadores. Para cumprir este objetivo, nos concentraremos aqui nas origens do 
conceito de fetichismo da mercadoria n’ O Capital – Livro I de Marx, a partir de uma 
investigação profunda dos conceitos de alienação em Feuerbach no sentido de 
estabelecer um campo conceitual que nos permita definir a analogias, proximidades ou 
delimitar as distinções entre estes dois conceitos que guardam grandes semelhanças 
ocultas 
 
 
Palavras-Chaves: Religião, Inversão, Mercadoria 
 
 
64 
 
AMIZADE & JUSTIÇA À LUZ DA FILOSOFIA ARISTOTÉLICA 
 
Solange Alves Sobreira (CEAD-UFPI) 
 
 
A justiça na filosofia de Aristóteles possui um papel fundamental. O filósofo chega a 
usar um trecho de um poema para descrevê-la: “nem a estrela vespertina nem a matutina 
é tão maravilhosa”. Tamanho elogio é justificado porque a justiça, para Aristóteles, é 
quem produz e preserva a tão almejada felicidade. Tida como a maior das virtudes 
porque estende o ‘eu’ ao ‘outro’, na filosofia aristotélica encontramos uma concepção 
de justiça que vai desde as relações particulares no interior da comunidade (justiça 
particular) até aos assuntos da cidade como toda (justiça geral ou absoluta). Na Ética a 
Nicômaco, Aristóteles menciona que a mais pura expressão de justiça é uma forma de 
amizade. Além disso, encontramos outra passagem na obra citada apontando que a 
amizade não necessita de justiça, ao passo que a justiça necessita da amizade. Mas em 
que medida a justiça se relaciona com a amizade? A amizade possui um espaço 
significativo na filosofia aristotélica, integrando o que ele denomina ‘filosofia das 
coisas humanas’. Muito além de um simples vínculo afetivo, o estagirita coloca a 
amizade como elemento indispensável também para o alcance de uma vida feliz. 
Partindo disso e com base no Livro V da Ética a Nicômaco (o qual trata da justiça) e 
dos Livros VIII e IX da mesma obra (que tratam da amizade), esse trabalho versará 
sobre a ponte existente entre a justiça e amizade sob a ótica de Aristóteles bem como a 
importância dessa ponte para chegar à realização do “projeto” eudaimônico aristotélico. 
 
 
Palavras-Chaves: Amizade, Justiça, Aristóteles 
 
 
65 
 
ARTE E SOFRIMENTO NA FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER 
 
Bruno Silva dos Santos (UFBA) 
 
 
O pessimismo do filósofo Arthur Schopenhauer (1788 – 1860) tem uma de suas 
expressões no livro 3 de sua principal obra O Mundo como vontade e como 
representação (1818). O que chama atenção é que essa exposição de seu pessimismo 
apareça pela primeira vez de modo totalmente incisivo neste livro que aborda a sua 
estética. Para o autor, a arte é, por definição, um modo de conhecimento. Entretanto, 
para além do âmbito objetivo de conhecimento a arte possui outro aspecto: a 
contemplação artística proporciona também ao sujeito que frui a arte uma mudança 
subjetiva que, paradoxalmente, elimina a própria subjetividade empírica desse sujeito, 
despindo-se com isso de sua individualidade, e com ela, de todo o seu sofrimento 
cotidiano causado pelo império insaciável da vontade sobre si e dos desejos que há 
nesse sujeito. O sujeito, livrando-se de sua individualidade, livra-se também de todo os 
seus interesses, o que causa contrastes na filosofia schopenhaueriana tendo em vista que 
o mesmo anuncia uma espécie de satisfação pela contemplação. Neste ponto é que 
chegamos ao impasse que guiará a comunicação para o aprofundamento das seguintes 
questões e de seus desdobramentos: de que modo a contemplação artística pode ser 
totalmente desinteressada se há nela um alívio, mesmo que momentâneo, do sofrimento 
do sujeito que contempla? Ou, como é possível que o conhecimento que advêm da 
contemplação artística nos traga um alívio ou satisfação, sendo que ao fruir a arte nos 
aproximamos desta mesma Vontade que é a fonte originária essencial de todo o 
sofrimento que ocorre nas suas manifestações que são os seres vivos? Essas questões- 
sendo que a primeira também já foi colocada como objeção por Nietzsche, - levará a 
investigação de dois tipos de sofrimento que Schopenhauer apresenta na sua estética e 
de como se relacionam com a arte. 
 
 
Palavras-Chaves: Pessimismo, Estética, Sofrimento 
 
 
66 
 
AS DUAS ACEPÇÕES DO ENTE SEGUNDO TOMÁS DE AQUINO 
 
Mariluce dos Santos (UFBA)
1
 
 
 
Este trabalho tem como objetivo, analisar a explicação dada por Tomás de Aquino 
referente à questão das duas acepções do ente, no De ente e essência. Visa 
principalmente, investigar a solução dada por Tomás de Aquino ao problema dos 
universais. Em destaque, a explicação para a noção de essência absolutamente 
considerada. Que significa o conteúdo de um conceito e a intenção de universalidade; e 
refere-se diretamente à existência mental de um conceito. A investigação terá como 
ponto de partida, a afirmação feita por Tomás de Aquino, no primeiro capítulo de De 
Ente. No qual, Tomás com base no quarto livro da Metafísica Aristotélica, afirma que o 
ente é tomado em duas acepções: a primeira apresenta a noção das dez categorias, e a 
segunda, refere-se à verdade das proposições. A idéia central é investigar qual a 
relevância do significado da essência absolutamente considerada segundo Tomásde 
Aquino. E quais as possíveis relações deste conceito, com o processo do conhecimento 
humano. 
 
 
Palavras-Chaves: Universais, Conhecimento, Essência 
 
 
1
 Orientador: Marco Aurélio Oliveira da Silva 
67 
 
AS PAIXÕES E A RACIONALIDADE RETÓRICA 
 
Aroldo Mira Pereira (UFBA) 
 
 
Neste trabalho procuramos compreender qual o lugar que o páthos, articulado com o 
éthos e o lógos, ocupa na arquitetônica aristotélica da racionalidade discursiva. Para 
tanto, investigamos algumas das diferentes concepções de racionalidade concebidas por 
Aristóteles, especialmente a racionalidade dialética que nos serviu de contraponto para a 
investigação da racionalidade retórica. O próprio Aristóteles inicia sua obra afirmando 
ser a retórica a outra face (antistrophos) da dialética. Mas foi acompanhando a análise 
de Michel Meyer que concluímos que o páthos, as paixões, as emoções assumem o 
papel imprescindível nos atos persuasivos na medida em que favorecem a possibilidade 
de relações alteras. Pela alteridade, estabelecemos os espaços públicos, comuns para 
coexistência dos diferentes. Pela alteridade, encontramos o consenso nos embates 
discursivos. As paixões, portanto, pelo meio-termo e pela persuasão, evidenciam a 
alteridade como critério de inclusão de si e do outro no mesmo conjunto político. 
Enquanto todos, com suas diferenças e semelhanças, estão na cidade, a cidade também 
está em cada um. 
 
 
Palavras-Chaves: Paixões, Racionalidade, Retórica 
 
68 
 
AS RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO NOS APARELHOS INSTITUCIONAIS NO 
LIVRO “MICROFÍSICA DO PODER” DE MICHEL FOUCAULT 
 
Luis Vitor da Silva Abreu (UFCA) 
 
 
Nunca se ouviu tantos discursos de liberdade quanto no século XX. No presente, 
vivemos reflexos da “era dos extremos”. Compreender o poder sobre os homens virou 
sinônimo de alusões como: “a culpa é do Estado” ou “a culpa é do sistema”. Discursos 
repetitivos não têm espaço diante da hipotética social. Com a ajuda da filosofia 
buscaremos compreender de forma clara com que conceito de “poder” estamos lidando 
e como ele se manifesta dentro da sociedade. Recorreremos ao filósofo francês Michel 
Foucault, que desacredita na existência de um “poder” em específico, mas sim numa 
relação de poderes, logo, o mesmo nos faz refletir sobre o que ele chama de 
“microfísica do poder”, sistema pela qual cada homem exerce uma forma de dominação 
sobre o outro de maneira recíproca e contínua, podendo haver ligações diretas e 
indiretas com aparelhos institucionais, como escolas, hospitais e presídios, todos com 
um método em comum; a disciplina, sempre proveniente do objetivo de tornar os 
homens dóceis; e em casos das clínicas psiquiátricas, isolar o “normal” (apto a seguir 
normas) do “anormal”. Antes dos estudos de Foucault a genealogia dessas instituições 
nunca tinha sido inquirida tão a fundo. Com essa proposta, tenho como objetivo 
compreender as relações de poder nos aparelhos institucionais citado na obra 
Microfísica do Poder de Michel Foucault e entender o contexto social contemporâneo, 
fugindo dos discursos coloquiais e tomando consciência de que todos nós fazemos parte 
do esqueleto social de poder, ou seja, somos diretamente veículos de dominação. 
 
 
Palavras-Chaves: Poder, Dominação, Disciplina 
 
69 
 
AS TECNOLOGIAS DE SABER-PODER ENTRE AS PRÁTICAS SEXUAIS E A 
SEXUALIDADE: CAPITALISMO, SÉCULOS XVIII-XIX. 
 
Moreno Baêta Neves Barbé (UFAL) 
 
 
Em A História da Sexualidade: Vontade de Saber (2006), Michel Foucault aborda a 
temática da história das práticas sexuais e as relações de poder que se desdobram entre 
os séculos XVIII e XIX. De acordo com o filósofo francês, a sexualidade foi um dos 
territórios de maior investimento e estriamento da subjetividade e do corpo na história 
das sociedades ocidentais. Onde compreendeu que a própria sexualidade, ao ser 
agenciada por práticas e discursos distintos (como a exame da carne e do pecado 
ocorrida nas práticas confessionais, a avaliação do sexo em uma perspectiva fisiológica, 
as construções dos interditos verbais sobre o sexo enquanto temática escusa, etc.), 
tornou-se um dispositivo de poder capaz não apenas de modelar as condutas, os valores 
e as experiências íntimas que os seremos humanos realizam através de sua sexualidade e 
do sexo, mas, fundamentalmente, a sexualidade é evidenciada através da história 
enquanto um conjunto heterogêneo de ações e de discursos que buscam determinar o 
campo de possibilidades do saber e da prática sobre o sexo. A partir desse contexto, a 
presente comunicação, tem como meta problematizar o debate proposto por Foucault 
(2006), a respeito dos saberes e dos dispositivos de poder que agenciaram a sexualidade 
e práticas do sexo. 
 
 
Palavras-Chaves: Sexualidade, Arqueologia do Saber, Genealogia do Poder 
 
70 
 
AS VIRTUDES SEGUNDO TOMÁS DE AQUINO 
 
Cláudia Moraes Teixeira (UFF) 
 
 
Na obra As Virtudes Morais, Tomás de Aquino responde as perguntas afirmando: as 
virtudes são hábitos morais bons pelos quais quanto mais praticamos mais 
aperfeiçoamos qualidade da alma. A virtude é um hábito bom. Há também as virtudes 
cardeais ordenadas nas paixões humanas, são elas: a temperança, a fortaleza, a justiça e 
a prudência. A primeira é cultivada na potência apetitiva (potência da alma do corpo 
que lida com os objetos) o equilíbrio das vontades finitas nas coisas infinitas. Isto é, esta 
virtude faz o equilíbrio entre o excesso e a escassez. A segunda é moderada pelo apetite 
sensitivo irascível nos tornando forte. Isto é, quando desejamos alcançar uma coisa 
difícil precisamos nesta busca ter a consciência de resistir e evitar o mal e superar as 
coisas difíceis de serem evitadas que levam o homem ao desespero. A terceira dispõe a 
ordenar. Ou seja, estabelece limites ao homem quanto ao seu comportamento, o faz ser 
harmonioso nas relações com o outro, respeitando e corrigindo atos de conduta, 
tornando-se reto. A quarta trata da virtude racional por essência e se dispõe a 
aperfeiçoar a razão (esta virtude incita a sabedoria, a sindérese ‘hábito que incita o bem’ 
e ao belo enquanto relacionado com o bem). Isto é, o homem prudente sabe discernir o 
verdadeiro bem e relacionar com as outras virtudes. As virtudes vistas acima fazem 
parte da vida do homem e suas fases: temperança (criança), fortaleza (adolescente), 
justiça (jovem) e prudência (adulto). Elas ajudam a regular os atos, ordenar as paixões 
humanas e favorecer o bem a si e ao próximo. E para ser feliz o homem precisa cultivar 
e praticá-las em conjunto, não basta ter uma das virtudes, assim como não basta tê-las 
como teoria. 
 
 
Palavras-Chaves: Virtude - sabedoria - irascível, excesso - escassez - alma, equilíbrio -consciência - razão 
 
71 
 
BENJAMIN E BRECHT: TEATRO ÉPICO E DEBATE ACERCA DO 
ENGAJAMENTO 
 
Letícia Olano Morgantti Salustiano Botelho (USP) 
 
 
Esta comunicação pretende levantar algumas problematizações envolvendo o diálogo 
entre Walter Benjamin e Bertolt Brecht, durante a década de 1930, acerca da relação 
entre engajamento político e inovações formais no teatro épico de Brecht. O diálogo 
entre os autores ocorre em um contexto de problematização da relação dos movimentos 
artísticos modernos com a tradição, em que diversos fenômenos artísticos buscam novas 
possibilidades formais juntamente com um ataque à arte enquanto instituição na 
sociedade burguesa: algo realizado pelo dramaturgo com suas experimentações formais 
articuladas pelo efeito de “distanciamento” ou “estranhamento”, inserido em seu projeto 
de “refuncionalização” social do teatro, visando dotá-lo de uma função de crítica social 
e engajamento político. Neste contexto, Benjamin valoriza, no teatro épico de Brecht, o 
uso dos procedimentos de interrupção da narrativa e da ação pelas técnicas de 
montagem, visando gerar um efeito de choque perceptivo no espectador, e o trabalho 
experimental com os elementos gestuais. Buscaremos confrontar a interpretação 
benjaminiana do teatro épico como um “teatro gestual” com a perspectiva do próprio 
dramaturgo, na qual tal primazia da esfera gestual concedida por Benjamin parece entrar 
em tensão com a importância do elemento da fábula ou da parábola política. Este parece 
ser um cerne em torno do qual irão girar as tensões de suas interpretações sobre as 
potencialidades de crítica social e atuação política deste teatro. 
 
 
Palavras-Chaves: Arte, Política, Engajamento 
 
72 
 
CÉZANNE E A SUPERAÇÃO DA EXPRESSÃO PICTURAL CLÁSSICA 
 
Tiago de Jesus Sousa (UFAM) 
 
 
Nosso trabalho pretende mostrar a diferenciação proposta por Maurice Merleau-Ponty 
entre a pintura clássica, aquela de herança renascentista, e a pintura moderna, em 
especial o pós-impressionismo francês na figura de Paul Cézanne. Entendemos que as 
descrições feitas pelo filósofo conduzem nossa compreensão a decifrar dois modos 
distintos de expressão, e num deles a própria expressão ontológica do visível. Tentamos 
mostrar aqui que a pintura clássica, por se tratar de uma tentativa racional de copiar a 
realidade, se traduz exclusivamente como representação, isso se dá pela relação objetiva 
do pintar como expressão segunda do mundo, ou seja, o pintor se compreende capaz de 
apreender o mundo, tomá-lo para si integralmente e fixá-lo no quadro em todos os seus 
detalhes. Entretanto, a pintura moderna mesmo sendo uma arte difícil, restritiva e por 
vezes repulsiva se compararmos, por exemplo, um Cézanne a um Michelangelo, não 
oferece o dogmatismo da pintura clássica, nem tão pouco deixa de propor um caráter de 
incompletude e ambiguidade, resultado de um mundo que não é acabado nem unívoco e 
por isso não pode ser reduzido ao pensamento que tenho dele. A pintura de Cézanne 
remete à ontologia do visível justamente porque não pretende reproduzir o mundo, mas 
criar um mundo próprio, um mundo que pulsa na tela, que se movimenta e que reconduz 
o homem a uma visão originária, que espanta e perturba o homem, um mundo sem 
significações teoréticas que funda o ser e a verdade. Sua pintura coloca o homem 
defronte o próprio mundo e o faz pulsar com ele, e essa é a sua expressão de presença e 
uma das novidades de sua pintura. 
 
 
Palavras-Chaves: Pintura, Presença, Cézanne 
 
73 
 
COMO PENSAR A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO? 
 
Raquel Anjos (PMLF) 
 
 
O presente trabalho pretende analisar a questão contemporânea referente aos usos das 
novas tecnologias de informação e comunicação em um contexto que valoriza o 
acumulo de dados e informações, deixando em segundo plano a capacidade humana de 
reflexão crítica-filosófica ante as questões da atualidade. Tal reflexão parte da 
perspectiva apresentada ainda na década de setenta pelo pensador baiano Anísio 
Teixeira que analisou os usos das tecnologias e suas possíveis consequências no nosso 
modo de viver e de refletir. Para Anísio tivemos mais progressos de tecnologia do que 
de conhecimento teórico de fato, portanto, esses avanços vêm fazendo crescer não a 
quantidade de conhecimentos, mas sim a quantidade de informações. Assim, reflete 
sobre o outro lado das novas tecnologias, e nos propõe questionamentos como: pode o 
uso das novas tecnologias estar limitando a capacidade de reflexão na 
contemporaneidade? E quando se fala no ensino do filosofar na educação básica, como 
podemos refletir criticamente em meio ao caos informativo? Para desenvolver essa 
reflexão pretende-se tomar como base o pensamento de Anísio Teixeira em seu livro 
Cultura e Tecnologia, no qual, ao mesmo tempo em que realça seus aspectos positivos 
como possibilidade de difusão e democratização do conhecimento, apresenta 
questionamentos sobre como as novas tecnologias podem limitar a capacidade crítica do 
pensamento humano. 
 
 
Palavras-Chaves: Reflexão, Tecnologia, Informação 
 
74 
 
CONSCIÊNCIA PRÉ-REFLEXIVA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA DA 
CONSCIÊNCIA DE SARTE 
 
Valério Cássio Silva de Oliveira Junior (UFBA) 
 
 
Esse trabalho visa compreender os aspectos básicos da teoria da consciência do filósofo 
francês J-P. Sartre à luz dos desenvolvimentos de tal teoria no intervalo entre as obras A 
transcendência do Ego (1937) e sua obra central, O Ser e O Nada (1943). Aqui daremos 
atenção para a sua crítica à tese de que a unidade da consciência depende da presença do 
Eu. Como é Sabido, Em A Transcendência do Ego Sartre desenvolve a tese de que o Eu 
não é um conteúdo da consciência e garantia necessária da sua unidade e 
individualidade. Para Sartre, a consciência tem um caráter intencional e é esta 
característica que garante a sua unidade, não o Eu. Desta forma Sartre estabelece uma 
oposição a uma tradição de pensamento que inclui autores como Kant e Hussel. 
Considerando o crescente interesse e revalorização da obra filosófica de Sartre por parte 
de diversos centros acadêmicos, pretendemos, compreender a noção de consciência pré-
reflexiva sartreana e suas implicações e, ainda, entender os caminhos e os usos possíveis 
da filosofia de Sartre para a filosofia da mente, em específico no problema do 
autoconhecimento. 
 
 
Palavras-Chaves: Sartre, Consciência pré-reflexiva, Ipseidade 
 
75 
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O INDEMONSTRÁVEL, O 
DEMONSTRÁVEL E O QUE É CIENTIFICAMENTE CONHECIDO NOS 
ANALÍTICOS POSTERIORESNailton Fernandes (UFAL) 
 
 
Dentro do que Aristóteles chama de virtudes intelectuais (dianoéticas), isto é, aquelas 
virtudes que podem ser ensinadas, o conhecimento científico se mostra como um tipo de 
disposição intelectiva que se serve de um hábito demonstrativo. Definindo a 
demonstração como instrumento que possibilita o conhecimento de causas universais e 
necessárias, por via de princípios que lhe são “próprios” e dignos de “fé”, o filósofo 
mostra que o discurso científico (silogismo epistêmico) se gera de certa forma, do que é 
indemonstrável ao que é demonstrável. Nesse sentido, objetivamos fazer algumas 
considerações sobre os silogismos científicos no interior dos analíticos posteriores, que 
é fortemente marcado pelo conhecimento matemático que conhece seu objeto 
necessariamente ou “sempre”. Por fim, encerraremos nossa comunicação fazendo 
algumas considerações envolvendo o que Aristóteles considera como sendo 
"conhecimento" em relação à proposta de seu mestre no Mênon, no qual o mesmo 
considera ser o conhecimento proveniente de “um certo estado de reconhecimento” ou 
em outras palavras anamnesis. 
 
 
Palavras-Chaves: Conhecimento científico, Demonstração, Princípios 
 
76 
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE NORMATIVIDADE E ESCOLHA DE SENTIDO EM 
SARTRE 
 
Cristina Moreira Jalil (UFBA) 
 
 
A realidade humana é apresentada por Sartre como liberdade e indeterminação, o que 
implica em dizer que não podemos contar com definições ou determinações a priori, 
mas que, na medida em que existimos – e não temos uma natureza ou essência dada de 
antemão –, devemos fazer-nos. Em outras palavras, precisamos, ao longo da existência, 
nos inventar, criar e escolher. Tomando como ponto de partida essa concepção da 
condição de liberdade humana, questionamos como é possível a essa existência livre 
movimentar-se em um mundo repleto de regras e orientações. Assim, nesta 
comunicação, nos propomos a refletir sobre a compreensão sartreana do modo como 
nos relacionamos com valores e demais referências de teor normativo. Para tanto, 
iremos nos fundamentar na obra O Ser e o Nada e na conferência O existencialismo é 
um humanismo, nas quais Sartre expõe em algumas passagens essa questão, afirmando 
que nenhuma regra, imperativo ou moral poderia determinar de modo causal nossas 
ações. Segundo ele, cabe a nós sermos legisladores de nós mesmos, escolhendo, a cada 
vez, o peso, o poder, o lugar e o significado das normas e valores que nos vêm ao 
encontro. Escolha esta que não se refere a uma decisão deliberada, mas antes, a um 
engajamento através das ações. Conforme agimos, nos engajamos em uma determinada 
visão de mundo e, assim, escolhemos os sentidos através dos quais o mundo aparece 
para nós. Em tempos como o nosso, em que voltam a ganhar força e espaço movimentos 
e discursos moralizantes, que visam fixar valores, normas e verdades de forma universal 
e absoluta, torna-se relevante a retomada de pensadores que, como Sartre, buscaram 
afirmar e resgatar nossa condição de liberdade e o caráter de agente da nossa própria 
história – tanto coletiva, quanto individual. 
 
Palavras-chaves: Sartre, Normatividade, Sentido 
 
77 
 
CONTINGÊNCIA, REDESCRIÇÃO E IDENTIDADE. 
 
Orlando Pinho Guerra Filho (UFBA) 
 
 
Uma questão será usada para balizar o percurso que iremos seguir para apresentar, pelo 
menos de maneira parcial, como Rorty trata a noção de identidade dentro de sua 
filosofia. Criamos nossa identidade ou a descobrimos? Essa pergunta nos parece 
importante e possibilita, considerando o pensamento de Rorty, encará-la com base na 
articulação de argumentos sobre diversos tópicos tratados por Rorty, a saber, 
contingência, redescrição, ironia e autocriação. A ideia de contingência do Eu, 
elaborada no livro Contingência, ironia e solidariedade, através da interpretação de 
Freud, como uma aplicação da noção de “redescrição” na identidade pessoal, na qual 
supõe que o Eu pode reinventar a si mesmo conforme o próprio querer e a partir da 
criação de novas narrativas sobre sua própria identidade pode ser um caminho de 
resposta para a questão. A proposta é realizar uma revisão e problematização da noção 
de identidade em Rorty com o intuito de explicitar pressupostos envolvidos na 
elaboração desta noção em sua filosofia. 
 
 
Palavras-Chaves: Contingência, Redescrição, Identidade 
 
78 
 
CORPOREIDADE E ARTE NO PENSAMENTO DE MERLEAU-PONTY 
 
José Martins de Lima Neto (UNEB) 
 
 
Desde os seus primórdios é característica fundamental da Filosofia o desprezo pelo 
corpo em relação à atividade reflexiva da consciência. É notável que essa história tenha 
começado numa cultura que tinha uma atenção preponderante ao corpo e que este 
desprezo também se estenda para arte, sendo tratada como atividade inferior. A partir do 
final do século XIX, observamos reflexões filosóficas que tencionam com esta 
perspectiva. Encontramos em Merleau-Ponty um dos exemplos significativos da 
reabilitação da dimensão corporal na constituição existencial humana, em oposição ao 
privilegio dado à dimensão racional. O objetivo da nossa comunicação é destacar 
aspectos relevantes do pensamento de Merleau-Ponty em direção a esse processo de 
reabilitação do corpo, caracterizado pelo projeto de restituição da primazia do nosso 
contato com o mundo através da percepção, demonstrando ainda o papel decisivo da 
expressão artística neste percurso, com destaque especial para a pintura. O estudo da 
natureza de nossa percepção e esse destaque à pintura culminou numa ontologia do 
visível. 
 
 
Palavras-Chaves: Merleau-Ponty, Corpo, Arte 
 
79 
 
CURSO CONIMBRICENSE DA COMPANHIA DE JESUS (1592-1606) 
 
José Portugal Santos Ramos (UEFS) 
 
 
O título uniforme latino que trazem os livros da série que trataremos é Commentarii 
Collegii Conimbricensis Societatis Iesu, com uma especificação ulterior dos 
comentários, isto é, das partes respectivas da obra de Aristóteles, a Física, o Tratado do 
Céu, os Pequenos Tratados sobre a Natureza, a Ética, Da Geração e Corrupção, Da 
Alma, o Organon e Dos Meteoros. Assinalo ademais que, por meio da influência da 
Lógica Dialética legada pelos filósofos renascentistas, destacando-se manifestamente as 
contribuições de Pedro Fonseca, os Conimbricenses descrevem o ideal do “método” e 
consequente o de “ordem”, aplicando a todo o corpo da Filosofia. Ora, desde Aristóteles 
nada há de mais perfeito do que a ideia de “ordem”. Disso procede a continuidade e 
progressão de Aristóteles na Fisiologia e, é em propósito desta, e sempre de partes 
determinadas que os Conimbricenses teorizam, a mútua integração de todas as partes 
que umas às outras se recebem, a convergência das mesmaspara apenas um todo como 
se formaram a estrutura lógica de um único corpus filosófico. A partir disso o Curso 
Conimbricense surge na História da filosofia como flor de renovação, nos fins do século 
XVI – num mundo em mudança e que se descobre como sujeito de observação - 
elaborando num sistematizado corpus philosophicum todo o saber antigo, ordenado 
segundo a arquitetura aristotélica. 
 
 
Palavras-Chaves: Lógica, Método, Ciência 
 
80 
 
DA CAUSA DA IMAGINAÇÃO (PHANTASIA) EM ARISTÓTELES 
 
Vitor Duarte Ferreira (UEFS) 
 
 
O presente trabalho tem como objeto o estudo da causa da imaginação (phantasia) no 
livro III do De anima de Aristóteles, de modo a delimitar o conceito de phantasia. Na 
referida obra, Aristóteles demonstra que a causa da imaginação é outra faculdade, 
presente em todos os animais, a saber, a sensação (aisthêsis). Em De Anima III.3 
(427b14-16), Aristóteles afirma que as faculdades da imaginação e da sensação são 
distintas, embora a imaginação não ocorra sem sensação. Esta “ocorrência” diz respeito 
ao movimento imaginativo que deriva necessariamente do movimento sensitivo, 
produzido pela afecção (pathos) dos objetos sensíveis. Esta afecção produz certa 
alteração psicofísica no homem, cujo resultado imediato pode ser a produção de uma 
imagem (phantasma) na alma oriunda do movimento imaginativo. Pretende-se mostrar 
nesta comunicação que, embora a imaginação dependa inicialmente da sensação para 
produzir os seus objetos - as imagens -, ela guarda em si certa independência em seu 
modo de operar a posteriori. O que significa que a sua dependência diz respeito apenas 
ao seu movimento inicial, ao material sensível que constituirá a imagem. A imaginação 
parece envolver certo grau de “interioridade”, já que se podem visualizar imagens 
mesmo de olhos fechados, o que marca a sua diferença em relação à sensação, que 
necessita da presença de um objeto sensível externo e cujo ato é passivo em relação aos 
mesmos. Desta forma, pode-se imaginar mesmo sem se estar percebendo em ato. 
Assim, a phantasia pode operar sem a sensação, embora se dê a partir de dados 
sensíveis. Dadas as devidas distinções e causa da imaginação, a presente apresentação 
visa explicitar o seu conceito, segundo a apresentação dada por Aristóteles em sua obra 
De Anima. 
 
 
Palavras-Chaves: Imaginação (phantasia), Causa, Sensação (aisthêsis) 
 
81 
 
DETERMINAÇÃO E LIBERDADE NO OCASIONALISMO DE MALEBRANCHE 
 
Aylton Fernando Andrade Brito (UESC) 
 
 
O presente trabalho tem por objetivo discutir a problemática questão da conciliação do 
ocasionalismo malebranchiano, que defende a existência de uma única causa real dos 
fenômenos do mundo, e a liberdade humana. Ora, no sistema metafísico de 
Malebranche há uma peculiar noção de liberdade que se fundamenta numa vontade 
geral (volonté générale) que se manifesta na ação divina, a qual, muito embora seja em 
si mesma uma determinação, contém em si mesma a possibilidade do exercício da 
liberdade. Assim, segundo Malebranche, se manifesta através de determinações naturais 
e que não excluem a liberdade; na verdade, estas determinações são seus pressupostos. 
Esta volonté générale, enquanto determinação divina, parte de dois pontos: a) de uma 
vontade que é a capacidade que o homem tem de amar diferentes bens e b) o movimento 
natural em direção ao bem indeterminado e em geral. Em suma, a volonté générale é, 
no escopo malebranchiano, uma determinação que traz em si mesmo esta possibilidade 
da ação livre. 
 
 
Palavras-Chaves: Ocasionalismo, Determinação, Liberdade 
 
82 
 
DEUS: UMA SÍNTESE DO BOM, BELO E VERDADEIRO NA CONCEPÇÃO 
AGOSTINIANA 
 
Vilma dos Santos Borges (UESB) 
 
 
Para Agostinho, Deus é plenamente bom, belo e verdadeiro. Esta afirmação é apoiada 
no seu livro A Trindade que visa a compreensão de tal mistério. A Trindade se 
manifesta no amor e está envolvida, na perspectiva cristã, pelo mistério da fé e da razão. 
Por isso, o caminho para compreender o mistério Trinitário passa por uma dialética que 
consiste em “entender para crer e crer para entender”. Na concepção agostiniana, o bom, 
o belo e o verdadeiro, sintetizados no amor, está compreendido em Deus, único ser que 
possui em si a plenitude do belo, do bem e do verdadeiro. Por isso, segundo Agostinho, 
se faz necessário compreender que a relação de Deus com o homem acontece na ordem 
da fé fundamentada no que não vemos. Essa realidade é desvendada quando o homem 
reconhece-se como imagem e semelhança do Belo, Bom e Verdadeiro, formando assim 
a síntese que é o próprio Deus no homem, na concepção agostiniana, isso significa que 
compreender efetivamente o humano passa por uma compreensão efetiva do divino. 
Apresentar essa perspectiva de Deus Trindade que possibilita compreender o que é o 
homem em Agostinho constituí o cerne deste trabalho. 
 
 
Palavras-Chaves: Trindade, Agostinho, Antropologia Filosófica 
 
83 
 
DEUS: UMA VISÃO CARTESIANA DE PERFEIÇÃO 
 
Gabriel da Silva Silveira (UEFS) 
 
 
O presente texto é uma explanação da terceira das meditações do livro Meditationes de 
Prima Philosophia do filósofo Descartes. Nessa meditação, Descartes traz a ideia de 
pensamento como algo que está no indivíduo e que somente o próprio pensamento 
poderia lhe dar a veracidade de todas as coisas que o indivíduo percebe, já que, para 
Descartes, as percepções através dos sentidos são enganadoras. Descartes passa a 
considerar a aritmética e a geometria como sendo as únicas coisas indubitáveis, exatas. 
Contudo, o mesmo alega que, se posteriormente julgou que essas coisas pudessem ser 
postas em dúvida, foi por conta de algum Deus, que lhe teria concedido uma natureza 
que lhe enganasse, até mesmo acerca das coisas as quais considerava indubitáveis. 
Descartes coloca, por conseguinte, a existência de Deus em dúvida, mas diz que a 
opinião que o faz errar/duvidar é metafísica. Contudo, ele “aceita” a existência de Deus 
e a atribui a uma natureza perfeita e como a única coisa que não poderia provir dele 
(Descartes enquanto homem). Para Descartes, ele era uma natureza imperfeita e para 
que ele existisse necessariamente deveria haver uma natureza perfeita (Deus) que o 
criasse. Para ele, a ideia de Deus não poderia estar na natureza imperfeita, porque era da 
natureza do perfeito não ser entendido pelo imperfeito. Descartes exclui ainda, a ideia 
de que Deus o estivesse enganando, já que toda fraude e todo engano provém de um 
defeito e isso não poderia ser atribuído a uma natureza perfeita. 
 
 
Palavras-Chaves: Deus, Descartes, Perfeição 
 
 
84 
 
DEVASSIDÃO E INCONTINÊNCIA: AS IMPLICAÇÕES DO EXEMPLO DO 
KINAIDOS NO GÓRGIAS DEPLATÃO 
 
Luiz Eduardo Gonçalves Oliveira Freitas (USP) 
 
 
Em determinado momento da discussão com Cálicles na parte final do Górgias, 
Sócrates faz uso de um exemplo para tentar embaraçar seu adversário e, com isso, 
desmontar a sua posição hedonista. Como, para Cálicles, a vida mais feliz é aquela em 
que se satisfaz todos os prazeres, Sócrates evoca o estilo de vida do kinaidos - traduzida, 
em edições em português como “devasso” e até mesmo “veado” - e sugere que 
deveríamos considerá-lo feliz, caso a identificação entre bem e prazer fosse aceita. A 
incompreensão do termo, no entanto, pode causar certo constrangimento para os leitores 
atuais do diálogo. Ainda que o exemplo seja rapidamente abandonado, o artifício 
argumentativo de Sócrates se mostra decisivo para o modo como a discussão final do 
diálogo vai se desenrolar, de forma aparentemente injustificada. Na presente 
comunicação, pretendo elucidar, através da análise da comparação do uso do termo com 
outros textos gregos e dos estudos sobre a prática da homossexualidade na cultura 
grega, a conotação mais profunda do exemplo do kinaidos e suas implicações no 
Górgias e na ética platônica. 
 
 
Palavras-Chaves: Platão, Górgias, Hedonismo 
85 
 
DO DEBATE ENTRE KUHN E DAVIDSON À TRIANGULAÇÃO SEMIÓTICA DO 
CONHECIMENTO 
 
Jociel Nunes Vieira (UFRB) 
 
 
Com base no debate entre Thomas Kuhn e Donald Davidson sobre a comensurabilidade 
ou incomensurabilidade do conhecimento, podemos colocar essa problemática para ser 
analisada sob a perspectiva da semiótica peirceana, ciência cuja função é a de qualificar 
e descrever todos os tipos de signos logicamente possíveis em todas as formas de 
linguagem, verbal e não verbal. Para o criador desta teoria filosófica, o cientista e lógico 
americano Charles Sanders Peirce, as faculdades do entendimento podem ser divididas 
em três níveis, denominados de: 1) Primeiridade (momento do conhecimento em que o 
intérprete somente percebe o signo fenomênico, mas ainda não se relaciona com ele); 2) 
Secundidade (é quando o intérprete se relaciona com o signo, dando a ele um 
significado, num processo de mediação ou ação-reação); 3) Terceiridade (é a 
interpretação realizada dos signos numa relação mente-mundo, a qual possibilita uma 
compreensão sobre o objeto fenomênico em análise). O método semiótico culminará na 
teoria da triangulação de conhecimento, proposta de Davidson, a qual se utilizada de 
uma outra tríade semiótica para construção do conhecimento. 
 
 
Palavras-Chaves: Semiótica, Triângulação, Conhecimento 
 
86 
 
DOSTOIÉVSKI, SARTRE E O NIILISMO 
 
Rosa Ilana Santos (UFRB) 
Girlene Andrade de Assis 
 
 
Este artigo tem o objetivo de apresentar a noção niilista dostoiévskiana, a partir de sua 
obra Crime e Castigo, bem como o niilismo na obra A náusea, de Jean-Paul Sartre. O 
niilismo tal como Dostoiévski nos mostra é representado pelo personagem Raskólnikov. 
A princípio, o personagem, motivado por uma ideia, tenta dar sentido a sua existência, 
partindo do pensamento de que há duas classes de homens: os extraordinários e os 
ordinários. Os extraordinários são os que alcançaram a glória e mesmo que tenham 
cometido crimes foram absolvidos pela história, e é nesta classe que Raskólnikov 
almejava estar, numa tentativa de tornar-se um super-homem, livre para agir de acordo 
com suas próprias convicções e sem nenhuma interferência moral. Ao assassinar uma 
velha agiota, que seria o símbolo do capitalismo vigente, o personagem tem em vista 
tornar-se esse ser elevado, sobretudo, reconhecido, assim como Napoleão o foi. 
Entretanto, o niilismo aparece quando Raskólnikov se frustra, já que o sentimento de 
culpa o revela como um ser ordinário, medíocre, igual à maioria dos humanos, levando 
o personagem a mergulhar em uma profunda angústia. Rendendo-se a sua consciência, a 
personagem confessa seu crime, e a partir da percepção de suas limitações ele reconhece 
Deus através do amor de Sônia. Em A Náusea, o niilismo é descrito através do 
personagem Roquentin, quando este se dá conta do vazio de sua existência, quando a 
angústia e a melancolia lhe gera náusea do mundo, contudo, este niilismo tal como 
Sartre nos mostra, nos parece positivo ao contrário do então defendido por Dostoiévski 
e, para tanto, pretendemos investigar. 
 
 
Palavras-Chaves: Niilismo, Angústia, Existência 
 
87 
 
DUALISMO CARTESIANO E A NOÇÃO DE TRIALISMO PROPOSTA POR JOHN 
COTTINGHAM 
 
Jezer Hezrom Lima de Oliveira (UEFS) 
 
 
René Descartes concebe em seu sistema filosófico duas substâncias distintas, res 
cogitans e res extensa, reconhece o atributo e as faculdades de cada uma delas, e 
percebe que duas faculdades particulares do pensamento (cogito), a sensação e a 
imaginação, não são imputáveis somente a substância pensante mas que surgem da 
relação com a substância extensa. Tal conceito do dualismo cartesiano gera muitos 
problemas quando partimos para a questão da interação entre as substâncias, e um 
desses problemas, o que vai ser considerado aqui, são essas faculdades que surgem da 
relação entre substâncias. Partindo desse problema metafísico, o comentador inglês 
Jonh Cottingham argumenta que para uma melhor compreensão da filosofia cartesiana 
devemos admitir a possibilidade de uma terceira substância, ou, pelo menos, ele tenta 
abrir essa possibilidade de interpretação. Partindo do impasse criado por esse 
comentador cartesiano, o objetivo desse texto é expor a argumentação de Cottingham, 
partindo de uma visão internalista à filosofia cartesiana, e esclarecer a viabilidade da 
proposta do comentador. 
 
 
Palavras-Chaves: Dualismo, Descartes, Cottingham 
 
88 
 
ESTÉTICA: PARA UMA (RE)LEITURA DA EDUCAÇÃO PELA ARTE 
 
Jaquissom Aguiar Guimarães (UESB) 
 
 
Esta comunicação tem como objetivo estabelecer uma reflexão e uma relação da 
disciplina de Estética e da arte com o ensino-aprendizado. A pretensão de fazer uma 
conexão do educar-aprendiz com o artista, inspirado, sobretudo do período romântico, 
pois esse período supera o dever, se libertando das regras impostas, da religiosidade, da 
técnica, para se transfigurar como um saber sensível, autêntico e racional, que vai ao 
encontro da mais profunda subjetividade. O movimento da arte romântica se assemelha 
com o educar-aprendiz na medida em que é convidado a adentrar no campo ético e 
educacional, levando o homem ao próprio reconhecimento através do contemplamento, 
a paixão e a sensibilidade. Schiller se posicionacomo artista, para abordar a importância 
da cultura estética, de um saber sensível, que permite ao indivíduo a exercer as 
habilidades racionais e políticas centradas apenas no campo da conceitualidade racional. 
Esta reflexão se desenvolve pelas conceituações das relações antagônicas entre 
individualidade e subjetividade, de identidade e adequação, educação padronizada e 
educação criativa e artística dialogando com Ortega y Gasset, Steven Pinker, Luc Ferry, 
entre outros. 
 
 
Palavras-Chaves: Artista, Educação, Subjetividade 
 
89 
 
EXISTIR: A VERTIGEM DIANTE DO ABISMO 
 
Daiane Soares dos Santos (UFRB) 
 
 
O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard adota uma postura crítica diante do 
racionalismo hegeliano que pretende explicar a existência reduzindo-a a puros conceitos 
racionais. Afirma ainda que esse pensamento retira o caráter concreto da existência 
humana. A conceituação racional não abrange o devir, a individualidade, a contradição 
paradoxal do aqui e do agora da realidade existencial. Na perspectiva do filósofo 
nórdico a existência e a realidade aparecem no devir, em fluxo constante de 
experiências nossa existência está fadada ao jogo existencial de sermos e não sermos. É 
concretamente existindo, corroído pela inquietação e pela angústia, que o sentido da 
existência é apreendido. Existir em si mesmo é defrontar-se com ambiguidades, não há 
existência sem conflito, contradição, indeterminação. Podemos dizer que a razão de ser 
do existir se revela no sofrimento. Se não há com o que lutar é porque é chegada a hora 
em que a existência é ceifada. Não nascemos conscientes da nossa existência, esta vem 
à tona como num instalo, vivemos tranquilamente sem qualquer abalo ou perturbação, 
as coisas acontecendo sucessivamente todos os dias de maneira mecânica: ao amanhecer 
levantamos, fazemos nossas refeições, exercemos nossas atividades diárias, estudamos, 
trabalhamos, ao anoitecer voltamos para casa, dormimos, até que de repente 
despertamos para uma consciência de existir que só ocorre quando somos corroídos pela 
angústia. Nessa perspectiva pretendemos, tendo por base a obra O conceito de angustia, 
refletir sobre a existência humana enquanto constitutiva de sofrimento evidenciado por 
sensações como a angústia. 
 
 
Palavras-Chaves: Existência, Angústia, Kierkegaard 
 
90 
 
EXPERIÊNCIA E NARRAÇÃO EM WALTER BENJAMIN 
 
Angela Lima Calou (IFRN) 
 
 
O presente trabalho presta-se à exposição da crise da experiência na modernidade em 
sua associação com o declínio da narração segundo Walter Benjamin, tendo em vista 
apresentar o modo como este filósofo visualiza a estruturação da sensibilidade moderna. 
Refere-se, para tanto, aos seus ensaios da década de 1930: Experiência e pobreza, O 
narrador e Sobre alguns temas em Baudelaire. Evidenciaremos a tese benjaminiana a 
respeito da modernidade: o diagnóstico de um radical empobrecimento da experiência 
humana ante o esvaziamento das esferas coletivas de sentido. Este empobrecimento da 
experiência provoca alterações que se expressam historicamente na dimensão da 
palavra, de modo que o empobrecimento da experiência ocasione o empobrecimento da 
narração, paulatinamente deposta ante o surgimento do romance e da informação 
jornalística. A partir da relação entre a pobreza da experiência e o fim da arte de narrar, 
constata-se com Benjamin o signo da modernidade: a metamorfose das formas de 
percepção estética. Veremos que a sensibilidade coletiva, no mundo moderno, pauta-se 
em uma dinâmica do hiperestímulo que norteia as múltiplas esferas da vida, superpondo 
o choque ao vivido, a consciência à memória, em suma, a vivência do indivíduo isolado 
e fragmentado que habita as velozes paisagens citadinas à possibilidade de uma 
experiência em sentido forte. 
 
 
Palavras-Chaves: Modernidade, Experiência, Narração 
 
91 
 
FEMINISMO E TEORIA CRÍTICA: CRUZAMENTOS ENTRE QUESTÕES DE 
GÊNERO E MARXISMO 
 
Laiz Dantas (UFBA) 
 
 
Esse trabalho tem como objetivo elucidar a relação entre a Teoria Crítica e a questão de 
gênero. A Teoria Crítica surge diretamente influenciada por Marx e a sua proposta de 
indissociabilidade entre teoria e prática, expressa numa filosofia com intrínseca relação 
com a realidade social. A chamada “Escola de Frankfurt” pretende direcionar a crítica 
econômica iniciada por Marx para questões culturais. Nesse viés, Marcuse se 
preocupará em analisar os movimentos sociais, incluindo os movimentos feministas de 
sua época. Para o autor, a revolução deve ser entendida para além da mudança na 
estrutura material da sociedade, faz-se necessária, também, uma mudança nas relações 
humanas. Nesse sentido, a questão de gênero aparece como crucial em sua proposta, 
pois os valores do feminino são opostos aos valores da sociedade capitalista. A teoria 
crítica contemporânea recupera a atenção aos movimentos sociais a partir do exame da 
tensão entre questões de identidade e o modus operandi do capitalismo atual. Para 
Nancy Fraser, os movimentos sociais hoje se dividem entre dois caminhos principais: a 
busca pela redução das desigualdades e partilha justa das riquezas ou as reivindicações 
de igualdade e respeito às diferenças. A autora pretende diluir essa falsa dicotomia, de 
modo a considerar questões de identidade como parte da demanda do marxismo por 
justiça social. Nesse caminho, a Teoria Crítica reformula tanto a apropriação do 
marxismo e sua relação com os movimentos sociais, como o sentido de feminismo. 
Pretende-se estabelecer uma relação comparativa entre as abordagens da Teoria Crítica 
clássica, exposta por Marcuse em sua leitura dos movimentos feministas, e sua versão 
contemporânea, apresentada através da filosofia de Nancy Fraser. 
 
 
Palavras-Chaves: Teoria Crítica, Marxismo, Feminismo 
 
92 
 
FILOSOFIA DA MORAL EM DAVID HUME 
 
Janiel de Oliveira Santos (UEFS) 
 
 
O artigo tem o intuito de investigar em que se fundamenta a base da moralidade 
apresentada na obra Investigação Sobre o Entendimento Humano de David Hume. 
Hume explicita em sua obra que o produto da ação humana, influência direta dos nossos 
gostos e sentimentos, próprios da natureza humana em paralelo ao pensamento que o 
homem opta a razão ao invés da ação fortalecem a base da nossa moralidade, 
controvérsias como: verdade e falsidade, vicio e virtude, beleza e feiura são exemplos 
de como opera a razão humana e é certo que uma filosofia que visa a praticidade será 
sempre preferida e também por isso reduzem a natureza humana a uma conduta de 
comportamento que visa uma neutralidade cotidiana mais agradável e útil. Hume afirma 
que o filosofo ao sair dessa sombra utilitarista nada contribuia benefício ou prazer da 
sociedade, desse modo surge um problema a ser resolvido. Por que David Hume se 
posiciona dessa maneira ao tratar da ética? 
 
 
Palavras-Chaves: Moral, Sociedade, Razão 
 
93 
 
FILOSOFIA E ENSINO 
 
Caio Leone de Almeida Moura Filho (UEFS) 
 
 
Durante muitos anos não se discutiu mais as questões filosóficas no ensino médio, 
devido ao período em que a disciplina ficou fora do currículo escolar. Com isso, menos 
pessoas se formaram na área de filosofia já que o incentivo foi menor. Depois de muito 
tempo a filosofia voltou a fazer parte dos currículos do ensino médio. Desde seu 
regresso, os professores receberam a enorme tarefa de ensinar filosofia. Se depararam 
com grandes desafios, pois ora deveriam educar o aluno para ser cidadão, ora para 
discutir e relacionar os saberes filosóficos com as outras disciplinas e outras vezes 
aprender a filosofar para ensinar a filosofar, sendo que a maioria desses profissionais 
não são formados na área. Daí surge o primeiro problema: o que é filosofar para o 
professor e como ensinar os alunos a filosofar? Como ensinar os alunos uma atividade 
intelectual que é considerada, por si mesma, sem utilidade alguma? Não filosofamos 
para fazer alguma coisa, filosofamos pelo simples fato de filosofar e entendemos em 
nosso texto que filosofar é uma atividade intelectual ou um bem em si mesmo que não 
precisa servir para algo. Atualmente vivemos uma era tecnológica na qual tudo é muito 
rápido, prático e útil, e encontramos na filosofia um universo lento, teórico e inútil. 
Disso resulta um desinteresse geral pelo hábito da leitura, do pensamento e da reflexão. 
Desse modo, surgem outros obstáculos para o professor de filosofia no ensino médio, a 
saber, despertar o interesse dos alunos para a filosofia, para a leitura, para a reflexão e 
para filosofar. Todas as questões fazem parte de nosso objetivo para demonstrar a 
tamanha tarefa do que é ser um professor de filosofia no ensino médio. 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia, Educação, Ensino Médio 
 
94 
 
FILOSOFIA LATINO-AMERICANA? AGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA 
PROPOSTA DE DESCOLONIZAÇÃO DO SER E DO SABER 
 
Vivian Silva Santos (UNIFESP) 
 
 
A partir dos escritos de Augusto Salazar Bondy, acerca da existência de uma 
filosofia genuinamente latino-americana, é proposto que pensemos sobre a finalidade e 
proposições que envolvem essa problemática, a fim de investigar até que ponto a 
defesa dessa abordagem se mostra pertinente. Para, então, considerarmos a 
necessidade de uma vertente que parta do paradigma da colonização, com o intento de 
nos levar a compreender que a América Latina é um produto da ideologia moderna, 
percorrendo uma via de descolonização do ser e do saber, que é desenvolvida pelo 
pensador argentino Walter Mignolo, o qual nos fornece a pretensa fonte de um modo 
de pensar que é denominado descolonial e, não mais, latino-americano. Contudo, é 
sugerido que esse novo paradigma esteja inserido em questões geopolíticas 
fundamentais, as quais nos remete a conflitos de territórios do pensamento, posto 
que a descolonização e a colonização são as faces de uma mesma moeda, assim, 
o que define esses pares é o pertencimento a dois mundos (pensamento fronteiriço). 
 
 
Palavras-Chaves: Filosofia latino-americana, Pensamento descolonial, Ideologia 
 
95 
 
FILOSOFIA PARA CRIANÇAS: O PROJETO DE ENSINO DE MATHEW LIPMAN 
E DESENVOLVIDO POR WALTER KOHAN 
 
Samuel Leite (UEFS) 
 
 
O presente artigo propõe discutir a possibilidade do ensino de Filosofia com criança, 
pressupondo que a infância é um devir. Assim, desta perspectiva, a experiência do 
pensamento nela também se faz possível, já que o período infantil é um momento de 
intensa criação e constante questionamento sobre a realidade. Exploraremos 
inicialmente o programa de Filosofia para Crianças elaborado por Mathew Lipman e, 
ampliado no Brasil por Walter Kohan, como suporte teórico justificável de um ensino 
de Filosofia com crianças ou Filosofia na Escola. Em seguida, analisaremos uma 
experiência de intervenção desta metodologia com crianças indígenas da Aldeia 
Massacará, da etnia Kaimbé, no município de Euclides da Cunha – Bahia, realizada por 
estudantes da licenciatura de Filosofia da UEFS. Apesar da crítica feita ao uso do 
Ensino de Filosofia com Crianças, pretendemos demonstrar no presente trabalho que 
tanto o filósofo mais consagrado como uma criança possui o thaumázein (espanto) 
instaurador da atitude filosófica, ou seja, são capazes de propor uma experiência do 
pensamento filosófico e inventar respostas para elas. O uso de ensino de filosofia para 
crianças é importante na medida em que visa um “pensar bem”, ou seja, um uso cada 
vez mais refinado da razoabilidade. 
 
 
Palavras-Chaves: Crianças, Filosofia, Indígenas 
 
96 
 
FOUCAULT E A POSITIVIDADE DO PODER 
 
Diego Guimarães (UFBA) 
 
 
Em meados da década de 1970, Michel Foucault passou a ocupar-se com uma espécie 
de “analítica do poder”, ou seja, a análise das relações estratégicas entre poder e saber. 
Ou ainda, do modo como as relações de poder vinculam-se à produção de conhecimento 
científico. Podemos acompanhar o itinerário dessa análise a partir do primeiro volume 
da História da Sexualidade: a vontade de saber (1976), livro em que Foucault dá início 
às suas investigações acerca da noção de poder. Visto isso, o objetivo dessa 
comunicação é apresentar a concepção foucaultiana de poder e sua inter-relação com o 
tema do sexo, já que é considerando a história do discurso da sexualidade que Foucault 
se propõe a pensar o fenômeno do poder nas sociedades ocidentais. Assim, buscar-se-á 
de maneira central, determinar em que consiste a tese da positividade do poder 
diferenciando-a do que Foucault chamou de concepção jurídica ou repressiva, que 
tradicionalmente se encontra nas análises entre poder, saber e sexualidade, ao passo que 
evidenciaremos a perspectiva genealógica adotada por este autor. 
 
 
Palavras-Chaves: Foucault, Poder-Saber, Sexualidade 
 
97 
 
FOUCAULT E NIETZSCHE: GENEALOGIAS 
 
Alan Sampaio (UNEB) 
 
 
Nietzsche atravessa a obra de Foucault desde o início. De forma explícita, citado 
nominalmente, mais nas entrevistas, ensaios e comunicações, do que propriamente nos 
livros e cursos. A própria empresa filosófica de Foucault é nomeada por ele como uma 
“genealogia da moral”. No ensaio que lhe dedica,Nietzsche, a genealogia e a história, 
Foucault atribui a Nietzsche o amor ao documento, a ideia de ruptura (de raridade) e a 
de invenção (de não naturalidade), precisamente as qualidades que o historiador Paul 
Veyne lhe atribui no texto Foucault revoluciona a história, quer dizer, fundamentar os 
resultados de suas pesquisas sobre a moral em documentos mediante duas noções 
complementares: a de raridade e a de que não existem objetos naturais. Nietzsche e 
Foucault combatem o essencialismo dos filósofos, sua falta de sentido histórico, em 
cuja generalidade dos conceitos se apaga a raridade e artificialidade das coisas, e 
reconhecem nos paladinos da moral a parte maldita. Porém, cerca de um século separa 
suas obras, de modo que Foucault não pode ser simplesmente um continuador de 
Nietzsche. Se, por um lado, Foucault fornece no ensaio uma leitura ampla do trabalho 
de Nietzsche, revisitando uma série de parágrafos relativos à procedência e começos do 
demasiado humano, quer dizer, sobre a gênese e desenvolvimento do conhecimento, da 
consciência, da ciência, das artes, da religião, do culto religioso, dos costumes, da 
moral, do direito, da civilização, do Estado. Por outro lado, não há referência à pré-
história do homem, aos judeus e cristãos, tão presente na obra nietzschiana. Nisso, 
notamos a distância tomada por Foucault da antropologia filosófica, esta realizada por 
Nietzsche a contrapelo. O objetivo da comunicação é apontar as principais semelhanças 
e diferenças entre as duas genealogias da moral, a de Foucault e a de Nietzsche. 
 
 
Palavras-Chaves: Genealogia, Nietzsche, Foucault 
 
 
98 
 
FREUD E A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS: CONSIDERAÇÕES À LUZ DA 
FILOSOFIA DE MARTIN HEIDEGGER E DE PAUL RICOEUR 
 
Fernanda de Jesus Almeida (UEFS- CNPq) 
 
 
Com o presente trabalho pretendemos examinar se a teoria freudiana da interpretação 
dos sonhos se afina com as formulações das ciências da natureza, como advoga o 
filósofo Martin Heidegger, ou se, devido ao fato de preconizar a decifração de sentidos 
dos conteúdos oníricos, se afasta do naturalismo, como afirma Paul Ricoeur. Na obra 
Seminários de Zollikon Heidegger assegura que a psicanálise freudiana se encaixa no rol 
das ciências da natureza e que o conceito de inconsciente está a favor da explicabilidade 
do psiquismo, do estabelecimento de leis e causas que regem o seu funcionamento. Já 
Paul Ricoeur, na obra Da interpretação: um ensaio sobre Freud defende que, ao 
interpretar o sonho como uma formação inconsciente, a psicanálise não só revelou que o 
mesmo tem um sentido oculto, como demonstrou que esses sentidos são deslocados e 
distorcidos no processo de sua construção. Na perspectiva ricoeuriana, não se pode 
entender que decifração dos sentidos dos sonhos consiste em um procedimento 
puramente naturalista. Sendo assim, para Ricoeur, com a teoria acerca da formação dos 
sonhos, Freud amenizou a influência naturalista que marcou o início de suas pesquisas. 
Com esta comunicação visamos analisar se, ao interpretar os sonhos, Freud estaria 
fazendo o exercício de compreensão dos fenômenos típico das Ciências do Espírito ou 
se, como atesta Heidegger, estaria em busca de um tipo de explicabilidade cativo da 
Ciência da Natureza. Em suma, almejamos explanar sobre resultados parciais obtidos 
com o desenvolvimento do projeto de iniciação científica intitulado: “Freud e a teoria da 
interpretação dos sonhos: uma discussão à luz da filosofia de Martin Heidegger e de 
Paul Ricoeur”. Tal projeto conta com o apoio do CNPq. 
 
 
Palavras-Chaves: Freud, Heidegger, Ricoeur 
 
99 
 
GALILEU GALILEI: CONFLITOS ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO 
 
Webert Ribeiro Oliviera (UESC) 
 
 
A investigação da filosofia da natureza de Galileu Galilei é de fato dependente de uma 
análise conjuntural do mundo moderno, que a partir da perspectiva crítica torna possível 
a formação de um leitor ávido por novas verdades acerca do universo. As questões que 
constituíram uma relação conflituosa entre fé e ciências, no caso Galileu, realmente 
necessitam de um olhar crítico acerca dos procedimentos adotados pela Igreja Católica, 
no contexto de censura aos fundamentos experimentais do novo mundo. A filosofia da 
natureza de Galileu encontrou na Itália do século XVII, uma mudança geral do 
comportamento dos membros oficiais da Igreja e o ambiente de contrarreforma 
modificou a relação de amizade que havia entre Galileu e o próprio Papa Henrique VIII. 
O primeiro processo imposto ao filósofo da natureza em 1616, já era uma indicação dos 
rumos que o embate entre fé e ciências iria se tornar, a partir da censura a Galileu 
Galilei, pelo Index das obras proibidas, sendo o interstício entre 1616 a 1632, o 
aprofundamento geral das contendas com jesuítas como Scheiner e Orazio Grassi que 
levaram o Grão filósofo matemático a uma sentença cavilosa e a uma abjura humilhante 
na formação do novo universo. 
 
 
Palavras-Chaves: Ciência, Religião, Dogmatismo 
 
 
100 
 
GRANDEZA HISTÓRICA ENQUANTO MÉTODO DE ANÁLISE HISTÓRICO-
CULTURAL EM NIETZSCHE E BURCKHARDT 
 
Thaís Souza (UFG) 
 
 
Burckhardt nos apresenta em suas Reflexões sobre a história seu conceito de grandeza 
histórica, mostrando, no entanto, a impossibilidade de uma definição objetiva de tal 
noção. Os grandes da história são para ele aqueles indivíduos únicos que legam à 
posteridade obras e feitos insubstituíveis e em Nietzsche engendrar tal grande homem é 
a tarefa da cultura. A tal concepção se relaciona a noção de individualidade presente em 
A cultura do Renascimento na Itália, texto no qual Burckhardt nos apresenta suas 
análises partindo da apresentação das grandes personalidades do Renascimento e de 
seus feitos, tais como Dante, Petrarca e Boccaccio, assim como de Homero, Tucídides, 
Péricles, Sófocles, Eurípedes e tantos outros em sua obra História da cultura grega. 
Vemos um procedimento semelhante em Nietzsche em O nascimento da tragédia na 
apreciação de importantes personalidades da Antiguidade grega tais como Ésquilo, 
Sófocles, Eurípedes, Sócrates e Platão. Sua interpretação histórico-cultural advém da 
análise de tais individualidades e da influência exercida por cada um deles na cultura de 
seu tempo. Em sua Segunda extemporânea, quando do diagnóstico do excesso de 
sentido histórico, Nietzsche dialoga com distintos autores, poetas e historiadores tais 
como Schiller, Goethe, Ranke e Burckhardt, em uma tentativa de compreender os 
debates historiográficos de seu tempo. Desta feita, pretendemos nesta comunicação 
apresentar as relações entre Nietzsche e Burckhardt no que concerne à cultura, assim 
como o duplo papel das individualidades geniais na filosofia nietzschiana. 
Compreendemos serem elas em primeiro lugar os personagens que possibilitam sua 
análise cultural e interpretação dos processos históricos, assim como em Burckhardt, e 
em segundo, o lugar de convergência das noções de cultura e história, na medida em 
que seu engendramento é a tarefa última da cultura, e à história cabe a responsabilidade 
porum diálogo entre tais “elevados exemplares” que propicie também a sua sempre 
necessária geração. 
 
 
Palavras-Chaves: Cultura, História, Grandeza histórica 
 
101 
 
HANNAH ARENDT E A BANALIDADE DO MAL 
 
Clara Rocha Mascena (UESB) 
 
 
Em Eichmann em Jerusalém, uma das principais obras de Hannah Arendt, a filósofa 
judia-alemã põe-se a narrar e comentar o julgamento do criminoso nazista Adolf 
Eichmann. O réu, ex tenente-coronel da SS, foi responsável pela logística da “Solução 
Final”; o plano de extermínio dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Durante o 
julgamento, ao contrário do mal encarnado que esperava encontrar, Arendt relata ter se 
deparado com um sujeito incapaz de reflexão, que se comunicava por clichês, mas que 
não nutria ódio pelos judeus e que, claramente, não havia se filiado ao partido nazista 
por convicção. Dessa maneira, Eichmann não havia motivo aparente para cometer tais 
crimes. A autora explica esse era um tipo de maldade até então, desconhecida por ela, 
uma maldade que não apresentava fundamento raiz ou fundamento, era, portanto, um 
mal banal. E foi para tratar desse tipo específico de maldade, sem fundamento, que 
Arendt desenvolveu o conceito de banalidade do mal. Ao explicar tal conceito, Hannah 
Arendt trata ainda dos temas: julgamento, juízo e responsabilidade. Assuntos pelos 
quais pretendemos perpassar ao expor o conceito arendtiano de banalidade do mal. 
 
 
Palavras-Chaves: Banalidade do mal, Hannah Arendt, Eichmann em Jerusalém 
 
102 
 
HANNAH ARENDT E O ESPANTO FILOSÓFICO 
 
Luiza Simões Pacheco (UFBA) 
 
 
As primeiras referências que se tem a respeito de uma atitude de espanto num sentido 
filosófico aparecem em Platão e Aristóteles. No Teeteto de Platão, Sócrates, em diálogo 
com o jovem que dá nome à obra, afirma como o espantar-se, do verbo grego 
thaumázein, que também pode ser traduzido por admirar-se, assombrar-se, é o princípio 
da filosofia. Na Metafísica, Aristóteles aponta como não só em sua época, mas sempre, 
a filosofia tem como princípio o espantar-se. Alguns autores contemporâneos fazem 
menção a esta atitude central para a filosofia grega. Entre eles, destacaremos o trabalho 
de Hannah Arendt, especificamente em duas de suas obras. No livro A condição 
humana, de 1958, a autora faz uma breve referência ao thaumázein grego, indicando 
como essa atitude moveu toda a filosofia grega – Arendt distingue, ainda, o espanto da 
atitude que passa a orientar a filosofia a partir da modernidade, a dúvida cartesiana. Em 
outro texto, menos conhecido, O interesse pela política no pensamento europeu recente, 
uma conferência feita por Arendt em 1954, a autora faz importante menção a esta 
atitude grega. Para ela, uma autêntica filosofia política, no mundo contemporâneo, só 
poderá surgir a partir de um ato original do espanto – e não de reinterpretações ou 
releituras de tendências políticas. Nesse sentido, parece-nos que o espanto, para Arendt, 
é uma atitude oposta à irreflexão que atinge o homem contemporâneo. Para a autora, 
muitas das atrocidades cometidas no século XX decorrem da incapacidade que muitos 
homens têm de refletir, de pensar. O espanto seria desse modo, oposto à irreflexão e, 
portanto, também uma possibilidade de combatê-la. Porém, vale ressaltar: não se 
escolhe o momento de espantar-se; o espanto é uma espécie de paixão que toma o 
homem, e é justamente esse um dos desafios para a filosofia política contemporânea. 
 
 
Palavras-Chaves: Espanto, Contemporaneidade, Filosofia Política 
 
103 
 
HUSSERL E O ABSOLUTAMENTE SUBJETIVO 
 
Estanislau Fausto Dantas Santana (UFBA) 
 
 
Edmund Husserl é uma das figuras centrais da filosofia do século XX e, quiçá, do XXI. 
A fenomenologia husserliana tem como parcela central o da fundamentação de uma 
ciência de rigor, ou melhor, o da designação da mesma como uma ciência rigorosa. É 
fato que Edmund Husserl passou grande parte da sua obra tentando demonstrar que a 
problemática fenomenológica é, invariavelmente, a proposta de universalização da 
filosofia. Todavia, um conceito anterior é fulcral na análise da estrutura 
fenomenológica. Esse filosofema é, a saber, a base principal do conhecimento, o 
firmamento para todo ele. Pode-se dizer como mais exatidão, que ele é a ideia de um eu 
como uma estrutura que pode ser verificada em si. Um eu como axioma necessário para 
a condição fenomenológica do conhecimento. Para tanto, a proposta do filósofo é 
encontrar o rigor da “nova ciência” em uma subjetividade transcendental. Esta 
comunicação visa, justamente, tentar demonstrar a importância do conceito de eu na 
obra Husserl - e como eu é a parte fundante e sem a qual a filosofia husserliana torna-se 
inviável. 
 
 
Palavras-Chaves: Husserl, Subjetividade, Eu 
 
104 
 
IMPÉRIO: UM NOME COMUM PARA A GLOBALIZAÇÃO 
 
Jefferson Martins Viel (USP) 
 
 
No ano de 2000, Antonio Negri e Michael Hardt publicam nos Estados Unidos seu livro 
mais conhecido: Império. Estrondoso sucesso editorial, Império recebeu desde muito 
cedo a atenção de filósofos e teóricos na academia bem como da imprensa e de 
militantes políticos fora dela. A presente comunicação tem como objetivo versar sobre o 
conceito de Império forjado por Antonio Negri e por Michael Hardt no alvorecer do 
novo século. Além da tentativa de retomar as investigações e o debate de extração 
marxista no século XXI, ficaram assaz marcadas em sua recepção as leituras que 
enxergaram nesta obra a mais recente teoria sobre a globalização. Na presente 
comunicação, pretendemos argumentar que o fenômeno da globalização diz respeito 
menos a Império, obra que busca sobretudo evidenciar a nova forma de antagonismo 
político do mundo contemporâneo, que ao conceito homônimo de Hardt e Negri. Para 
tanto, procuraremos mostrar o uso que os autores fazem da noção de globalização em 
Império, apontando assim o que eles entendem por esta noção. Em seguida, 
destacaremos que Império deve ser compreendido como um conceito, não como um 
fenômeno ou uma metáfora. Antes de definirmos o conceito de Império, porém, 
apresentaremos a compreensão negriana de conceito em si mesmo, bem como o débito 
que ela porta em relação às investigações de Deleuze e Guattari em O que é a filosofia?. 
Finalmente, esperamos com as ponderações acima apontar em Império um nome 
comum para a globalização. 
 
 
Palavras-Chaves: Antonio Negri, Império, Globalização 
 
105 
 
MARX E A EXPANSÃO DO "MUNDO DO CAPITAL"Carlos Emanuel Melo (UFBA) 
 
 
A nossa comunicação tem por objetivo apresentar uma reflexão introdutória sobre os 
Cadernos Etnológicos de Karl Marx (1881-82). Nesse texto Marx discorre sobre a 
globalização capitalista e o choque entre as culturas que resistiam à colonização 
europeia. Realizando uma análise que relaciona o seu conhecimento de história e 
antropologia, Marx adentra nos debates da filosofia contemporânea abordando as obras 
de alguns etnológos evolucionistas (Morgan, Maine, Phear e Lubbock) para demonstrar 
que o capitalismo era um fenômeno particular que estava se expandido para as culturas 
"não-ocidentais", causando a destruição das condições de produção e vida que ainda 
resguardavam os vestígios da condição da comunidade humana primitiva e que poderia 
servir como modelo de sociedade contra o etnocentrismo do imperialismo ocidental. 
Assim Marx discute as diversas interpretações sobre as comunidades primitivas 
realizadas pelos etnólogos evolucionistas nos mais diversos temas, desde família, 
relações de gênero, propriedade, moral, Estado, até a possibilidade de reconstrução 
comunista. 
 
 
Palavras-Chaves: Comunidades, Primitivo, Família 
 
106 
 
MARX E O PAPEL DA LITERATURA EM O CAPITAL 
 
Francisco de Assis Silva (UFBA) 
 
 
A discussão sobre a economia política na obra de Marx é o auge das suas investigações 
científicas, no entanto, ao realizarmos um exame mais apurado dos seus escritos, desde 
a juventude até a maturidade, constatamos a constante presença da literatura. As 
referências literárias não se restringem a um apêndice na obra de Marx, elas compõem e 
estruturam grande parte do quadro de suas análises. Ao longo das exposições realizadas 
por Marx em seus escritos a literatura é ressaltada mesmo em O Capital, obra 
assumidamente científica, cujo “objetivo final desta obra é descobrir a lei econômica do 
movimento da sociedade moderna.” Nessa obra são feitas referências a autores como 
Sófocles, Homero, Shakespeare, Goethe, Dante, Cervantes e Balzac. Entretanto, se a 
intenção de Marx era fazer uma obra científica, por que usou referências literárias? Qual 
é a função da literatura no projeto de crítica da economia política? Estes são os 
problemas que nortearão a nossa investigação. 
 
 
Palavras-Chaves: Literatura, Economia, Crítica 
 
107 
 
MEDIAÇÕES DE UM PENSAMENTO RIZOMÁTICO: SONORIDADE 
FILOSÓFICA NO APRENDER 
 
Ramires Fonseca Silva (SED-BA) 
 
 
O trabalho consiste em abordar pontos divergentes entre o pensamento rizomático 
elaborado por Gilles Deleuze e Félix Guattari e práticas pedagógicas predominantes na 
escola contemporânea que têm como núcleo a uniformização. Deluze e Guattari 
concebem a noção de rizoma como conexões heterogêneas que mobilizam o 
pensamento, sendo capaz de criar multiplicidades intensas no território do plano de 
imanência. Este fluxo dinâmico não tem um centro deliberador, pelo contrário, são 
linhas espalhadas, descentralizadas, o pensamento teria assim, uma relação constituída 
na exterioridade. Desse modo, pretende-se esclarecer a negatividade da recepção do 
pensamento deleuziano a propostas educativas de reduzir o pensamento à unidade 
dentro de um invólucro hierarquizado e compartimentalizado. Por outro lado, apresentar 
a tentativa de superação desta noção através da imagem rizomática do saber na qual é 
valorizado o aprender singular e autônomo. Trata-se, pois, de realçar, não como o 
pensamento educativo de Deleuze viabiliza resoluções para o fenômeno da educação, 
mas como algumas categorias deleuzianas podem ser pensadas sob a perspectiva dos 
processos educativos. Emergindo daí possibilidades de um aprender vinculado a 
singularidades. Logo, o foco desta comunicação estará em identificar os nexos possíveis 
entre o pensar rizomático e o fenômeno educativo. 
 
 
Palavras-Chaves: Aprender, Educação, Rizoma 
 
 
108 
 
MISTICA E INTERIORIDADE NA FILOSOFIA DE PLOTINO 
 
Thiago Felipe Lima da Mata (UFBA) 
 
 
Na filosofia mística de Plotino é apresentada uma concepção de realidade de um mundo 
sensível deduzido de um inteligível composto por três hipóstases ou realidades pensadas 
pelo filosofo a partir da leitura de alguns diálogos de Platão especialmente do 
Parmênides. Para Plotino todas as coisas são explicadas por meio do Uno ou Deus, 
principio gerador e causa de tudo quanto há. Por ser causa de si mesmo o Uno é 
simples, não contendo nada nele que seja de outrem. Por dar origem às coisas, ele se faz 
presente em todas elas não sendo necessariamente nenhuma delas. O transbordamento 
(próodos) do Uno ocorreu por vontade própria conforme é descrito nas Eneádas de 
Plotino. Justamente por sua vontade e bondade, o Uno não se contentou consigo e 
originou algo diferente de si: o Intelecto ou Nous. O Intelecto por sua vez, voltando-se 
para o Uno gera a Alma ou Psiqué que engendra todas as diversas coisas sensíveis do 
mundo. Destarte é a ‘unidade’ do Uno presente nas coisas que faz com que todas elas 
estejam relacionadas e interligadas. Assim, na metafísica plotiniana, é possível ao 
homem tomar consciência de sua verdadeira natureza (origem divina) e ter uma união 
mística com o Principio gerador, isto é o Uno. Mais do que qualquer caracterização 
religiosa, a filosofia plotiniana ao recorrer a ‘mística’ pretende ser uma resposta à 
questão ontológica da arkhé do homem. Alude ainda ao modo de como este deve se 
relacionar com o Divino afirmando que a sua finalidade é por excelência a união mística 
com o Uno. Desta maneira, para que logre êxito na busca por esta união, é necessária 
uma conversão (epistrophé). O que pode ser possível, segundo Plotino, buscado na sua 
própria interioridade. 
 
 
Palavras-Chaves: Neoplatonismo, Mistica, Interioridade 
 
109 
 
NIETZSCHE E O CONHECIMENTO 
 
Mônica Souza de Oliveira (UFBA) 
 
 
O propósito central do trabalho consiste em analisar a reflexão nietzschiana a respeito 
do conhecimento. Trata-se, em geral, de examinar a crítica do pensador alemão à ideia 
de que há um conhecimento exclusivamente teórico que nos possibilite um acesso à 
verdade objetiva. A partir de tal ponderação, Nietzsche rejeita o caráter transcendente 
do conhecimento, revelando que o ato de conhecer não passa de uma perspectiva ou 
uma interpretação humana acerca dos fatos. Tal consideração nos conduzirá a refletir 
sobre o aspecto “humano, demasiadamente humano” em que o conhecimento estaria 
condicionado, cumprindo um papel de manutenção e conservação da existência. Sob tal 
pensamento, o filósofo aborda a irrelevância da validade de um juízo, o que importaria, 
de fato, seria sua função de ser útil para a espécie, atendendo interessespuramente 
fisiológicos. Diante dessa reflexão, a filosofia nietzschiana sobre o conhecimento não 
seria apenas percebida num contexto crítico-negativo, mas também em face de profunda 
positividade, afirmando a vida como última instância para a construção de todo e 
qualquer conhecimento. 
 
 
Palavras-Chaves: Nietzsche, Conhecimento, Perspectiva 
 
110 
 
O BUDISMO: FILOSOFIA DE VIDA OU RELIGIÃO? 
 
Pablo Enrique Abraham Zunino (UFRB) 
 
 
Esta comunicação parte de um questionamento acerca da natureza do budismo: trata-se 
de uma filosofia, isto é, um estudo teórico que visa ensinar-nos alguma coisa sobre a 
vida ou de uma religião, ou seja, uma prática da fé cujo objetivo é atingir a iluminação 
na vida presente? Com base na análise de Bergson sobre a religião dinâmica, publicada 
na obra As duas fontes da moral e da religião (1932), podemos afirmar que o Buda, ao 
constatar o sofrimento da vida humana, identificou no desejo a causa desse sofrimento, 
apontando como caminho para a libertação a extinção desse querer-viver. Mas a 
convicção última não seria um estado intelectual ao qual se chega por meio do 
raciocínio e do estudo, mas uma espécie de visão. Por isso se diz que, no budismo, 
procura-se atingir um estado de iluminação, em que a alma se encontra para além da 
felicidade e do sofrimento, para além da consciência. Através de uma série de práticas 
que exigem gratidão, disciplina e assiduidade, é possível atingir o nirvana, a supressão 
do desejo durante a vida e do Karma depois da morte. O budismo, naquilo que tem de 
exprimível em palavras, pode ser tratado como uma filosofia, mas o essencial é a 
revelação definitiva, transcendente à razão como à palavra. Não se trata, portanto, de 
uma visão teórica, mas de uma experiência mística em que o êxtase provém do esforço 
por coincidir com o impulso criador. Contudo, na avaliação bergsoniana, o budismo não 
é um misticismo completo, porque não acreditou na eficácia da ação humana. 
Pretendemos indagar, então, até que ponto se sustenta essa avaliação, quando 
confrontada com as vertentes budistas atuais – sobretudo, o budismo japonês, no qual a 
prática e a ação se sobrepõem a esse caráter contemplativo destacado na obra de 
Bergson. 
 
 
Palavras-Chaves: Budismo, Filosofia, Religião 
 
111 
 
O CARÁTER INSTRUMENTAL DA VIOLÊNCIA E O PODER EM HANNAH 
ARENDT 
 
Reinaldo Batista dos Santos Filho (UFRB) 
 
 
Esse Trabalho se propõe a compreender o conceito de Violência no pensamento de 
Hannah Arendt a partir do ensaio Sobre a violência (1969). Há de se ter como enfoque a 
inequivocável distinção, feita por esta pensadora, entre poder e violência, e de que 
maneira a violência se constitui como sendo de caráter instrumental – uma vez que por 
instrumental entende-se todo armamento bélico em potencial para fazer a guerra – 
enquanto que o poder pressupõe ação em grupo. O implemento de armas é a condição 
necessária para a constituição da violência. O progresso ilimitado, defendido pelos 
hommes de lettres do século XIX, apresenta-se no século XX como o desenvolvimento 
do que já temos em algo melhor, maior, etc. E, segundo essa concepção, a história é 
considerada como um processo cronológico contínuo, em que o progresso é ademais 
inevitável. Porém, as imprevisíveis consequências do desenvolvimento bélico – como a 
destruição dos que se engajam no aperfeiçoamento de armas – coincidem com o 
progresso da ciência e estão em muitos casos levando ao desastre. Temos por objetivo 
responder, a partir dos elementos conceituais arendtianos, as seguintes questões: a) 
pode-se associar o desenvolvimento tecnológico com o “progresso” da humanidade? b) 
haveria alguma relação entre o tão sonhado “progresso tecnológico” e a constituição da 
violência? c) haveria alguma maneira de interromper o processo cronológico contínuo 
da história? Levando-se em conta a instrumentalização bélica e o progresso técnico do 
século XX, buscar-se-á, por intermédio desta investigação, um diálogo entre a obra da 
pensadora semita e a realidade política da atualidade. 
 
 
Palavras-Chaves: Violência, Poder, Tecnologia 
 
112 
 
O CINEMA E O TEMPO PRIMORDIAL 
 
Yves São Paulo (UEFS) 
 
 
O cinema parece ser constituído, antes de qualquer coisa, pelo movimento. Foi por meio 
da ação cinética de seu dispositivo que a arte foi nomeada. É verdade que o movimento 
é o que primeiro nos salta os olhos ao visualizarmos um filme, mas façamos uma 
brincadeira: imaginemo-nos numa sala de cinema. As luzes são apagadas, os créditos 
têm começo. De repente – encerrados os créditos iniciais – nenhuma imagem surge em 
tela. Tudo o que encaramos é a escuridão naquela janela. Sabemos que o filme se 
desenrola não pelo movimento, mas pelo tempo. Sinto a passagem do tempo e por isso 
sou capaz de afirmar de que o filme continua. É o caso de O cavalo de Turim de Béla 
Tarr, em que as imagens desaparecem da tela para ofertar-nos somente a audição das 
ações que já vimos os personagens desempenharem no restante do filme. Daí 
concluímos que a forma temporal no cinema é primordial, ou seja, anterior às suas 
demais formas – espaço e movimento. Mais que isso: é por meio da forma temporal que 
todo o resto do filme é desenvolvido. Para podermos desenvolver esta argumentação 
faremos um breve passeio pela filosofia e teoria de cinema para encontrar alguns 
pensadores que venham a dialogar com nosso pensamento diretamente. 
 
 
Palavras-Chaves: Cinema, Tempo, Ontologia 
 
113 
 
O CONCEITO DE AMOR EM SANTO AGOSTINHO 
 
Eliene Silva (UFRB) 
 
 
Os significados que o termo amor apresenta na linguagem comum são múltiplos, 
díspares e contrastantes; igualmente múltiplos díspares e contrastantes são os que se 
apresentam na tradição filosófica. Em meio a essas variadas definições encontramos a 
dada pelo filósofo medieval Santo Agostinho. Agostinho desenvolve sua teoria moral 
centrada nas normas do amor ordenado, que se encontra baseado no princípio cristão da 
divina ordem, e cujo papel essencial é desenvolvido pela vontade humana, a qual 
conhecendo a reta ordem através da razão, irá escolher, por um ato livre, viver ou não 
segundo tal ordem. Objetiva- se com este trabalho compreender como Santo Agostinho 
concebe o caráter antropológico do amor, uma vez que, segundo o Bispo de Hipona, o 
amor habita o ser humano, englobando a totalidade da pessoa, seus sentimentos, 
pensamentos e consequentemente a sua relação com os outros, constituindo valores que 
o faz aperfeiçoar sua existência e sua convivência social, sendo bom, justo e amável. 
 
 
Palavras-Chaves: Santo Agostinho, Amor, Ordem moral 
 
114 
 
O CONCEITO DEAURA NA FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIM 
 
Cleiton Souza (UFBA) 
 
 
O presente texto tem por objetivo principal, realizar uma análise referente ao conceito 
de aura na filosofia de Walter Benjamim. A aura nunca revela a sua natureza, mas traz 
consigo características imprescindíveis como o distanciamento e a proximidade, a 
autenticidade e unicidade, destacando-se sua condição de exemplar único enquanto obra 
de arte, que oferece um pertencimento necessário, promovendo um vínculo capaz de 
transfigurar a realidade. O conceito de aura passou por algumas transformações, mas o 
repouso nas obras de arte permaneceu sendo seu atributo principal, mesmo depois de 
passar do campo religioso para o estético. As características centrais da aura 
permaneceram não sendo superadas, porém, terminaram por adaptar-se às mudanças 
técnicas, adaptação essa que ocorreu em torno da industrialização, ponto muito 
importante para a produção cultural no século XX. Benjamim vai destacar a 
impossibilidade da restruturação da experiência aurática apontando um enfraquecimento 
para a recepção dessa mesma experiência, ao passo que aumentava a dinâmica nas 
cidades, aumentava também a distância do sujeito com o objeto artístico, tudo isso 
porque a percepção dos indivíduos estava modificada. 
 
 
Palavras-Chaves: Aura, Distanciamento, Percepção 
 
115 
 
O CONCEITO DE LIBERDADE NA ÉTICA DE SPINOZA 
 
Erica Lopes de Oliveira (UESB) 
 
 
A presente comunicação visa tratar acerca do conceito de liberdade a partir do filósofo 
holandês Baruch de Spinoza. Este foi temido por muitos, devido aos seus pensamentos 
considerados heréticos na época, tanto que foi excomungado de sua comunidade 
judaica. Em 1675 concluiu a sua obra Ética, que só foi publicado após sua morte, ele 
descreve seu sistema filosófico, expondo através do método geométrico, os ideais éticos 
a serem seguidos pelo homem para que este seja virtuoso em suas ações, bem como a 
exposição acerca da natureza humana e dos afetos. Segundo Spinoza, o homem possui 
dois atributos que só pode ser concebido de Deus, um ser que ele apreende não levando 
em conta a religião, mas a razão. Estes dois atributos advindos de Deus são: o 
pensamento e a extensão, o primeiro compreende a mente e o segundo compreende o 
corpo. Spinoza vai tratar a respeito da união do corpo e da mente na qual o tema dos 
afetos são discutidos, principalmente na Terceira Parte da Ética, a qual intitula-se A 
origem e a natureza dos afetos. Portanto a ideia básica da presente comunicação é 
compreender o conceito de liberdade e sua relação com os afetos, na medida em que o 
filósofo vincula a liberdade à autopreservação da existência, defende a ideia de que o 
homem consegue determinar seus desejos, quando tem controle sobre seus afetos. 
 
 
Palavras-Chaves: Liberdade, Afetos, Corpo 
 
116 
 
O CONCEITO FREUDIANO DE PULSÃO E A IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA 
DA PSICANÁLISE: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DA FILOSOFIA DE MARTIN 
HEIDEGGER 
 
Jilvania de Jesus Barbosa (UEFS- FAPESB) 
Caroline Ribeiro (UEFS) 
 
 
A obra que Heidegger se dedica a uma análise do legado freudiano intitula-se 
Seminários de Zollikon. Nesta obra Heidegger afirma que a psicanálise de Freud opera 
de acordo com os procedimentos da ciência natural. Para o filósofo alemão, Freud, ao 
conceber o psiquismo como um aparelho mobilizado por um jogo de forças pulsionais e 
presumir que a pulsão é uma força motriz no interior desta máquina psíquica, teria 
destinando ao homem um modo de tratamento similar ao que cabe aos demais entes 
naturais. Ao questionar o entendimento dos fenômenos humanos a partir de uma 
semântica fisicalista, Heidegger aponta que o homem deve ser pensado enquanto Dasein 
(ser aí), enquanto ente que não é passível de objetificação. Para o filósofo da floresta 
negra o conceito freudiano de pulsão padece de uma objetividade não-humana e confere 
à psicanálise uma identidade epistêmica afinada com a das ciências naturais. Se, por um 
lado, Heidegger assevera que a pulsão é um conceito construído a partir do molde das 
ciências da natureza, Freud, por outro lado, se refere à teoria das pulsões como sua 
mitologia e à pulsão como uma entidade mítica. Ora, se Freud diz que a teoria das 
pulsões é uma mitologia, por que Heidegger atrela-a a algo científico-natural? Apoiado 
em quais argumentos Heidegger coloca o conceito de pulsão como algo que está a favor 
de uma objetificação estrangeira aos modos de ser do Dasein? Com esta comunicação 
pretendemos levar a cabo tais questionamentos e problematizar se a psicanálise de 
Freud se alinha às ciências da natureza, como advoga Heidegger. Em suma: pleiteamos, 
com esta comunicação, explanar os resultados obtidos com a conclusão de nossa 
pesquisa intitulada: “O conceito freudiano de pulsão: uma análise heideggeriana”. Tal 
pesquisa contou com o financiamento da FAPESB. 
 
 
Palavras-Chaves: Freud, Heidegger, Pulsão 
 
 
117 
 
O CONHECIMENTO DOS COMPLEXOS E DOS SEUS ELEMENTOS NO 
TEETETO DE PLATÃO 
 
Gustavo Rafael Bianchi A. Ferreira (UNICAMP) 
 
 
Meu objetivo geral é analisar a discussão do final do Teeteto de Platão a respeito da 
definição de conhecimento como opinião ou crença verdadeira acompanhada de logos 
ou “descrição” (201c-210d). Ao discutir a definição, o personagem Sócrates apresenta 
uma teoria segundo a qual há coisas complexas e coisas elementares simples (que 
compõem as complexas), sendo que as complexas tem logos e podem ser conhecidas, 
mas as simples não tem logos e, portanto, não podem ser conhecidas (201d-202c). 
Minha análise aborda a refutação dessa teoria empreendida por Sócrates, 
especificamente o argumento teórico que ele apresenta em 202d-205e contra a tese de 
que os complexos são conhecíveis enquanto os elementos não são. O argumento tem a 
forma de um dilema cujas alternativas são: ou o complexo é idêntico a todos os seus 
elementos, ou ele é uma forma singular gerada a partir da união dos seus elementos. A 
conclusão de Sócrates é que, em ambas as alternativas, a distinção entre complexos e 
elementos em termos de cognoscibilidade não pode ser sustentada. Além de expor o 
argumento em detalhes, meu objetivo específico é mostrar que ele parece ser incorreto, 
e que seu problema é o emprego da premissa de que tudo o que tem partes é idêntico a 
todas as suas partes. 
 
 
 Palavras-Chaves: Platão, Conhecimento, Relação Parte-Todo 
 
118 
 
O DEBATE ENTRE RORTY E DAVIDSON E UMA POSSÍVEL SUPERAÇÃO DAS 
DIVERGÊNCIAS ENTRE OS DOIS 
 
Hilton Leal da Cruz (IFBA) 
 
 
Um dos aspectos mais controversos da filosofia de Richard Rorty é o modo como ela 
incorpora de modo seletivo as ideias de outros autores. Esse aspecto, que o próprio 
Rorty denomina de “redescrição”, também representa uma das estratégias 
argumentativas mais utilizadas pelo filósofo e talvez a mais importante. Um dos autores 
cujas ideias foram objeto da “redescrição” rortyana foi o filósofo também norte 
Americano Donald Davidson. Minha comunicaçãovai apresentar alguns dos aspectos 
do debate entre Donald Davidson e Richard Rorty, tomando como ponto central as 
questões relativas à importância do conceito de verdade e a distinção entre o mental e o 
físico. Tais questões se tornam relevantes porque, embora Rorty subscreva com 
entusiasmo a maioria das doutrinas davidsonianas, a discordância sobre esses dois 
tópicos parece representar um obstáculo à tentativa rortyana de “alistar” Donald 
Davidson como um companheiro pragmatista que estaria, como ele mesmo, interessado 
em borrar a linha que separa a ciência da não-ciência. Minha comunicação vai explorar 
os pontos de divergência entre ambos os autores em relação a esses dois tópicos, bem 
como a tentativa de conciliação entre os dois, proposta por Bjorn Ramberg. No final 
ofereço um balanço do “ônus realista” que essa conciliação custaria para Rorty. 
 
 
 Palavras-Chaves: Pragmatismo, Anti-essencialismo, Redescrição 
 
119 
 
O ERRO COMO “MOTOR DO CONHECIMENTO” SEGUNDO O PENSAMENTO 
EPISTEMOLÓGICO DE GASTON BACHELARD 
 
David Velanes de Araújo (UFBA) 
 
 
Gaston Bachelard em duas de suas grandes obras, a saber, em Essai sur la 
Connaissance Approchée (1927) e em La Formation de l`esprit Scientifique (1938) 
aborda a questão do erro na dinâmica do pensamento científico de forma inovadora 
trazendo um novo sentido. Com efeito, o fracasso é a possibilidade para que o indivíduo 
reconheça suas limitações. Ele exige sempre um novo esforço, e lentamente chega-se, 
por uma difícil retificação aos centros imóveis que representam a objetividade 
conquistada. Assim, o conhecimento é apresentado como algo sempre aproximado 
frente às retificações. O erro, portanto, é abordado pelo pensamento bachelardiano como 
um elemento necessário para o campo científico, como o motor do conhecimento e, com 
ele, os obstáculos epistemológicos podem ser vencidos, pois toda verdade se deriva de 
erros retificados. Afirma G. Bachelard que o problema do erro se apresenta como mais 
importante que o problema da verdade, ou seja, só encontra-se uma solução possível 
para o problema da verdade quando se afasta erros cada vez mais refinados. É ai que 
surge um novo sentido dado ao erro que não deve ser visto como um mal em si, porque 
visto em ótica inversa, abre-se a perspectiva da noção de um erro positivo, normal e útil. 
Neste trabalho, temos o objetivo de discutir esta noção bachelardiana acerca do erro e 
apontar como o autor indica na linha da objetividade como uma “psicanálise do 
conhecimento” deve agir a favor do conhecimento, pois essa psicanálise especial 
consegue por no espírito a capacidade de suprimir erros cada vez mais sedutores. Ela 
permite o reconhecimento dos equívocos do conhecimento interior e leva às 
retificações. Portanto, queremos por em destaque que é o erro que conduz o sujeito ao 
conhecimento, enquanto toda certeza deve ser colocada como suspeita de um obstáculo 
epistemológico. 
 
 
 Palavras-Chaves: Erro, G. Bachelard, Conhecimento 
 
120 
 
O HOMEM COMO FIM SEGUNDO ARISTÓTELES EM FÍSICA II, 194A 33-35 
 
Nélio Gilberto dos Santos (US-PARIS IV) 
 
 
Uma passagem difícil da Física de Aristóteles é objeto de uma imprecisão que se tornou 
comum nas traduções apesar da correção feita desde 1991 num trabalho de D. Sedley. 
Trata-se da passagem do livro II, 194a 33-35, onde Aristóteles afirma que o homem é 
fim das realidades naturais. Uma afirmação que não é mais presente no corpus, a não 
ser na controversa afirmação de Política I, 8. A maioria dos estudiosos prefere então 
conduzir a uma interpretação alternativa do trecho da Física, como o faz E. Berti, graças 
a uma tradução bastante questionável. Nosso trabalho consistirá, primeiro, em notar o 
problema de tradução do texto grego, assim que suas diferentes traduções, e principais 
interpretações para, enfim, buscar um sentido plausível desta afirmação do homem 
como fim, que esteja em consonância com a doutrina teleológica do restante da obra de 
Aristóteles (que não permite a leitura antropocêntrica de D. Sedley). Pretendemos 
mostrar que nesse trecho da Física, pressupondo a preservação do Cosmos como critério 
teleológico determinante, o Estagirita avança a importante ideia do uso, χρῆσις, como 
finalidade, para as realidades naturais. 
 
 
 Palavras-Chaves: Aristóteles, Causa final, Teleologia 
 
121 
 
O IMAGINÁRIO NA LITERATURA DE HORROR DO SÉCULO XIX 
 
Ana Rita Santos Tabosa (UFBA) 
 
 
A chamada literatura gótica utilizava o universo sobrenatural como uma representação 
alegórica da realidade social característica desse período de transição. O horror 
funcionava como um resgate da magia e do sobrenatural, do irracionalismo em 
contraposição ao avanço da ciência e a crescente valorização da razão. Vampiros, 
lobisomens, mortos-vivos e fantasmas podem caracterizar variáveis essencialmente 
humanas e, por isso, cravadas no espírito de cada um. Os monstros e os fantasmas 
ganham o terreno do sobrenatural e alçam um lugar à parte na memória coletiva de um 
povo. Não se pode ignorar e nem subestimar o imaginário porque nele se alojam os 
recantos ocultos de um passado que exige idealizações temporais, fruto de buscas 
profundas e detalhadas e de remições. O imaginário se integra ao desejo e ambos 
constroem sonhos e fantasias que se vão acumulando por entre vivências próximas ou 
muito distantes. As clássicas histórias de horror dos romances góticos britânicos: 
Drácula, Frankenstein e O Médico e o Monstro são exemplos claros dessa síntese entre 
a crítica ao racionalismo e à supervalorização da ciência. Demonstram também uma 
angustiante busca pela verdadeira essência do ser humano. 
 
 
 Palavras-Chaves: Horror, Romantismo, Imaginário 
 
122 
 
O LUGAR DO MITO E A FILOSOFIA 
 
Josiel Pereira Santos (UEFS) 
 
 
Nesta comunicação trataremos da questão do mito, do seu lugar e da filosofia, para tanto 
tomaremos como base o pensamento, dentre outros, de: Gerd A. Bornheim, Mircea 
Eliade, Danilo Marcondes. Os pressupostos do mito são consentidos no senso comum, 
tal qual a religião e as questões dogmáticas, por serem concebidas pela fé dispensando 
indagações ou mesmo critica às “teses gerais”. É imanente à filosofia a critica 
fundamental realidade que não se permite no “lugar do mito”. Propomos num primeiro 
momento, uma compreensão indispensável do mito; a relação existente entre mito e 
religião; bem como, requisitos essenciais para o surgimento da filosofia. Comumente 
entende-se por mito fabulas, Alegorias, Lendas, entretanto, o conceito de mito aqui 
abordado não postula tais concepções, mas, trata-se de uma linguagem primitiva para 
explicar os fenômenos da natureza que tem, basicamente, como conteúdo a cosmogonia. 
A religião trata das coisas sagradas: dos lugares sagrados, das pessoas sagradas, dos 
gestos e dos ritos sagrados, os quais, pressupõe um ‘religare’ aos deuses ou aos entes 
sobrenaturais, e, é através do sagrado que o mito é vivido. 
 
 
 Palavras-Chaves: Mito, Religião, Filosofia 
 
123 
 
O MAR REVOLTOSO DAS CONTINGÊNCIAS 
 
João Lourenço Borges Neto (UFG) 
 
 
Agir predispõe se colocar em movimento. A cada movimento iniciado pela ação, cria-se 
um emaranhado de desdobramentos não mais pertencente ao iniciador. Estes podem, e 
provavelmente irão, influir, positiva ou negativamente, em sua vida como nas de demais 
pessoas. A cada nova ação, novos desdobramentos e novas consequências. A cada passo 
dado o mundo se descola, de modo que um novo movimento altera toda a ordem antes 
estabelecida. Parece-nos ser esta, portanto, uma leitura possível da música do 
compositor pernambucano Siba: todavez que um passo é dado, o mundo sai do lugar. 
Ora já seria assustador pensarmos o quanto estamos sujeitos à vulnerabilidade da 
fortuna estando a sós no mundo. Contudo, vivemos e nos relacionamos com diversos 
outros de nossa espécie. Estes, por sua vez, se relacionam com outros tantos. Assim, 
cada fio dessas relações constituirá o tapete de nossas relações interpessoais. E cada 
movimento novo iniciado, seja por nós ou por algum desses indivíduos, fará o mundo se 
mover. É nessa manta insegura, tecida por indivíduos e seus desejos conflitantes, que 
nos arriscamos a viver. Diante do que foi exposto até o momento, pretendo para este 
artigo pensar a ética e, por conseguinte, a ação a partir de um ponto de vista trágico, ou 
seja, exposta à vulnerabilidade da fortuna. Para tanto, nos apoiaremos nas concepções 
de Martha Nussbaum, no que tange a uma leitura ética da ação trágica, levando em 
conta suas considerações acerca das contingências internas e externas em que estamos 
sujeitados. Tentaremos, por fim, defender a hipótese de grandiosidade de uma vida 
exposta à fragilidade da fortuna, regada por todos os seus conflitos, perigos e suas 
incertezas. 
 
 
 Palavras-Chaves: Ação, Contingências, Tragédia 
 
124 
 
O MARXISMO PÓS-OPERAÍSTA DE ANTONIO NEGRI 
 
Laio Sampaio Bispo (UFBA) 
 
 
O operaísmo (corrente ligada aos estudos marxistas, em meados do século XX, na 
Itália) tem como um de seus principais representantes o filósofo Antonio Negri. O 
pensamento político do autor, embora com relativas mudanças nas últimas décadas, 
consiste, ainda, em uma extensão daquilo que outro fora corrente em seus estudos, a 
saber, a reinterpretação de conceitos e categorias marxistas. Isso corresponde, 
fundamentalmente, à uma releitura dos Grunsdrisse, de Karl Marx. Negri é, certamente, 
um dos autores que empreende, com maior rigor, uma releitura da obra marxiana. Nesse 
sentido, pretendemos, com esse trabalho, abordar a leitura do conceito de General 
Intellect (intelecto geral), em ambas as obras, por entendermos a importância desse 
conceito na filosofia política contemporânea e nos modos de interpretação de uma 
ontologia social que se dá, sobretudo no contexto em que estamos inseridos, a partir de 
uma reapropriação do intelecto geral pelas formas de produção imaterial do capitalismo 
cognitivo. Nesse sentido, mobilizaremos conceitos afins às obras de Marx e Negri para 
entendermos a função política, social e ontológica do general intellect. 
 
 
 PALAVRAS-CHAVEs: Antonio Negri, Marx, General Intellect 
 
125 
 
O MERCANTILISMO DA ARTE 
 
Maria Cândida Neres Batista (UFRB) 
 
 
A arte é essencialmente reprodutível, segundo Walter Benjamin. Contudo, muito 
embora a reprodução retire os elementos constitutivos da existência da arte (sua “aura”), 
a reprodução é incapaz de imitar o aqui e o agora de uma arte. Assim, partindo dos 
livros A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica de Walter Benjamin, e 
A Indústria Cultural de Theodor Adorno, desenvolveremos uma análise acerca das 
consequências da massificação da arte na sociedade atual e de como os meios de 
comunicação têm se apropriado da arte em função da obtenção de um poder que é ao 
mesmo tempo capital e político. Nesta perspectiva, o gosto vem sendo transformado 
com o objetivo de seguir um padrão capitalista, de modo que as influências se tornam 
muito mais importantes do que o próprio pensar. Este movimento, impulsionado pela 
indústria cultural, propaga valores cada vez mais alienados, deturpando a essência da 
arte, em função, unicamente, do lucro e do poder. 
 
 
 Palavras-Chaves: Arte, Reprodutibilidade, Alienação 
 
126 
 
O MÉTODO CARTESIANO 
 
Apaoan Machado (UFBA) 
 
 
O método cartesiano é um conjunto de regras que tem como finalidade a orientação ou 
aplicação correta da razão. Os benefícios alcançados pelo método são: um 
conhecimento verdadeiro e firme, evitando o erro, economia mental e aquisição de saber 
num aumento gradativo. Desse modo, pode ser entendido como uma estratégia para a 
obtenção de um saber imune à falsidade. O método, segundo seu próprio autor, 
compreende as vantagens de três ciências paradigmáticas, ao tempo que é isento de suas 
respectivas desvantagens. Os três procedimentos científicos citados por Descartes são: 
lógica (entendida como parte da filosofia), análise dos geômetras antigos e álgebra dos 
modernos. Posto isso, é objetivo desse trabalho apresentar um breve comentário sobre 
tais ciências paradigmáticas, ressaltando a crítica cartesiana às suas desvantagens, 
incompatíveis com o método do próprio Descartes. Para esse fim, tratar-se-á da censura 
ao modelo de ciência demonstrativa de Aristóteles, ao papel excessivo da imaginação na 
geometria clássica e à mera manipulação cega do simbolismo algébrico. 
 
 
 Palavras-Chaves: Método Cartesiano, Descoberta Científica, Simbolismo Algébrico 
 
127 
 
O NIILISMO E A CRISE DOS VALORES: A VIOLÊNCIA 
INSTITUCIONALIZADA NA CONCEPÇÃO NIETZSCHIANA 
 
José Marcos Menezes Santos (UESB) 
 
 
O presente artigo objetiva discutir a compreensão niilista na filosofia de Friedrich 
Nietzsche, e quais suas implicações para a existência “vida”. A ideia de valoração da 
moral é determinante para a concepção do niilismo. Para o filósofo o niilismo se põe em 
curso desde o platonismo antigo, por meio de um sistema de valor articulado pelo 
homem em suas relações sociais, que parte sempre de fora da natureza humana, por 
vezes enraizados na cultura torna-se o carrasco e o suplício da consciência existencial, 
elementos de sua degenerescência, que são princípios fundamentais para a violência 
institucionalizada, trazendo à tona o conflito interno, e a ruptura do animal com o super-
homem. Considerando a questão exposta por Nietzsche de que o homem é uma corda 
estendida entre o animal e o super-homem. O propósito desta comunicação é analisar e 
investigar como ocorre esta crise dos valores, e a violência institucionalizada, e o 
processo de aprofundamento ou elaboração de si mesmo que faz com que o homem 
deixe a condição de animal para transformar-se em senhor de si mesmo. Espero que a 
temática no presente texto possa ampliar as perspectivas para a compreensão do tema 
proposto na filosofia nietzschiana. 
 
 
 Palavras-Chaves: Niilismo, Valores, Homem 
 
128 
 
O PAPEL DO DIAGRAMA EM EUCLIDES E HILBERT 
 
Jean Marcelo dos Santos Faraoh (UFBA) 
 
 
De acordo com a concepção homogênea uma demonstração é uma sequência de passos 
tal que cada um deles é ou bem um axioma ou se segue de fórmulas anteriores na 
sequência por uma regra de inferência. No entanto, recentemente tem sido defendida a 
possibilidade de demonstrações heterogêneas que admitiriam a utilização legítima de 
recursos diagramáticos na demonstração. Na geometria, há dois autores que utilizam 
esses dois estilos de prova: David Hilbert, no livro Fundamentos da Geometria, 
Euclides, no livro Os Elementos. Na demonstração heterogênea, o diagrama pode 
justificar um passo da demonstração, diferentemente da demonstração homogênea, em 
que o diagrama apenas possui um papel psicotécnico, ou seja, apenas serve para ajudar 
na compreensão da demonstração. A explicação de alguns exemplos permitirá neste 
trabalho distinguir entre ambos os tipos de demonstrações. Na primeira seção, 
analisaremos a concepção homogênea de demonstração e na segunda seção, a 
concepção heterogênea. Finalizando, com certas considerações adicionais. 
 
 
 Palavras-Chaves: Euclides, Hilbert, Diagrama 
 
129 
 
O PAPEL DO PRINCÍPIO DE PRAZER E O TATO EM CONDILLAC 
 
Morganna Vellozo Palhares(UFBA) 
 
 
O presente trabalho tem como objetivo examinar o papel do princípio de prazer e dor na 
orientação das experiências e desenvolvimento das faculdades mentais a partir da obra 
O Tratado das Sensações, de Etienne de Condillac, além de buscar também elucidar os 
alcances e limites da determinação do princípio de prazer na racionalidade teórica. 
Lançando uso metafórico de um adão epistemológico, Condillac anima uma estátua de 
mármore e (tal criador escafandro) tece sua análise genética sensualista da apreensão 
empírica do mundo. Rendendo-nos à poética da obra e salientando que, para Condillac, 
é o tato o único sentido do qual ao homem não se pode depurar (em dissonância à 
crença ocidental na primazia da visão), faremos uma investigação mais atenta acerca do 
papel do princípio do prazer e das sensações táteis na construção da noção de alteridade. 
Qualificada pelo autor em dois graus distintos de percepção, a partir da diferenciação 
entre as sensações e ideias proporcionadas pelas experiências táteis, o desenvolvimento 
da consciência de si configura o norte de investigação do trabalho. 
 
 
 Palavras-Chaves: Princípio do prazer, Sensações táteis, Consciência de si 
 
130 
 
O PRINCÍPIO DO PRAZER NOS HOMENS E NOS ANIMAIS SEGUNDO 
CONDILLAC NA OBRA TRATADO DAS SENSAÇÕES 
 
Manuela de Araujo Barreiros Santos (UFBA) 
 
 
Em sua obra Tratado das Sensações, o abade de Condillac, Étienne Bonnot, mais 
comumente conhecido simplesmente por Condillac, objetiva mostrar e analisar como se 
formam e se originam no homem os mais diversos conhecimentos de que é capaz, assim 
como, com base em que as faculdades da alma ou as operações do entendimento são 
também formadas e como se originam. Para isto, o filósofo serve-se de uma alegoria 
constituída na figura de uma estátua de mármore que, estruturada assim como o homem, 
irá nos fazer refletir sobre como tais conhecimentos e faculdades se originam no homem 
que dispõe de todos os seus sentidos. Condillac limita a estátua primeiramente ao 
sentido do olfato porque acredita ser este o sentido que menos contribui para os 
conhecimentos do espírito humano. E assim, no decorrer de sua obra e de sua análise, 
acreditará ser o prazer e a dor os princípios das operações do entendimento na estátua, 
como também, aqueles que a levarão à todos os conhecimentos de que é capaz. 
Ademais, na primeira parte de sua obra, o autor afirma que através do exame da estátua 
limitada ao sentido do olfato é possível conhecer a classe dos seres cujos conhecimentos 
são os menos extensos. Portanto, seriam os animais também possíveis de sentirem 
prazer? Em caso afirmativo, quais semelhanças ou diferenças teriam os animais com os 
homens no que diz respeito ao principio do prazer? 
 
 
 Palavras-Chaves: Prazer,Sensação,Condillac 
 
131 
 
O PROBLEMA DA HIPOSTASIAÇÃO DO ESTADO NO PROJETO DE 
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL DO MARXISMO SOVIÉTICO 
 
Cristian Arão Silva de Jesus (UNIVASF) 
 
 
Esse trabalho tem como objetivo analisar, sob a ótica de Herbert Marcuse, a relação 
entre o centralismo democrático proposto por Lênin e a burocracia estatal. Em sua 
análise da experiência e da teoria soviética, o autor afirma que a ideia de um Partido 
centralizado aos moldes do leninismo cria uma burocracia da onde nasce uma classe 
separada que controla o povo. Desse modo, o Partido substitui o trabalhador como 
agente da mudança social. Nesse modelo, a sociedade que surge após a mudança segue 
a mesma lógica de distanciamento entre os cidadãos e os dirigentes, que nesse caso já se 
encontram em simbiose com o Estado. Sendo assim, se mantém a separação entre 
Estado e sociedade civil, colocando a população apartada do controle e das decisões 
políticas. Nesse cenário o Estado se encontra hipostasiado, pois ele não corresponde à 
vontade da sociedade civil, e sim a uma trama entre as burocracias que se criaram. 
 
 
 Palavras-Chaves: Estado, Marxismo soviético, Mudança social 
 
132 
 
O PROBLEMA DA INTENCIONALIDADE E SUA ESTRUTURA BÁSICA EM 
JOHN SEARLE 
 
Elsa Marisa Dal Lago (IFBA) 
 
 
Considerar a consciência como uma propriedade emergente é uma ideia atrativa para 
explicar sua existência e surgimento, porém não resolve, com os mesmos argumentos, 
outro problema tão complicado quanto o da sua existência, a saber: se a consciência é 
uma propriedade emergente, como explicar a sua incidência causal efetiva sobre a base 
ou no “substrato” que é a sua causa? Por outro lado, o emergentismo se mostraria 
insuficiente para explicar a subjetividade da consciência, um aspecto que permite a 
relação e representação com o resto do mundo. Os estados subjetivos incluem crenças e 
desejos, intenções e percepções, sentimentos, esperanças e, em geral, todas as formas 
diversificadas pelas quais a mente pode ser dirigida a, ou referir-se a objetos e estados 
de coisas no mundo e que se conhece com o nome genérico de intencionalidade. Nesse 
sentido, no que diz respeito a lidar com o mundo, a consciência está essencialmente 
ligada à intencionalidade. Por intencionalidade Searle entende a capacidade da mente a 
partir da qual os estados mentais se referem a, versam sobre ou correspondem a objetos 
e situações do mundo, à margem deles mesmos. Ou seja, se temos uma crença, é a 
crença de que algo seja o caso; se um desejo deve ser um desejo de fazer algo. O 
problema filosófico da intencionalidade surge a partir da necessidade de explicar como 
podem os pensamentos, integralmente “localizados” na mente, chegar até uma dimensão 
espaço-temporal fora de si mesmos. Ou, como pode um estado mental referir-se a, ou 
versar sobre algo além de si mesmo. Segundo Searle, na sua forma moderna, a 
intencionalidade coloca dois problemas: primeiro: como é possível a referencialidade ou 
direcionalidade; e segundo: como é que nosso cérebro ou nossa mente têm os conteúdos 
intencionais específicos que têm? 
 
 
 Palavras-Chaves: Consciência, Intencionalidade, John Searle 
 
133 
 
O PROBLEMA DA REALIDADE E A RELAÇÃO COM O PROBLEMA DO 
CONHECIMENTO NA PERSPECTIVA FEYERABENDIANA 
 
Deivide Garcia da Silva Oliveira (UFRB) 
 
 
Defenderemos que estudar o problema do conhecimento científico parece requerer uma 
atenção ao problema da realidade. Assim, pese o que objetivamos, há na relação 
conhecimento científico e realidade um problema metafísico inevitável o qual, para um 
anarquismo epistêmico, é necessário manter vivo. Noutra mão, é dito que a ciência pode 
separar-se da metafísica. Muito prontamente, alguém diria: “não complique as coisas; 
todos sabem que a realidade em si é inefável e, por isso, apenas usamos o termo sem 
qualquer pretensão contrária”. Um exemplo é: “quando dizemos ‘aquilo é uma mesa’; 
não há qualquer intenção de afirmar a realidade última da mesa”. Todavia, quais as 
consequências de colocar a palavra e o uso de “realidade” num molde aparentemente 
tão simples? De qualquer sorte, é rotina fazer tais afirmações como se não fossem mais 
discutíveis, retirando do problema do conhecimento sua inerência à metafísica. Assim, 
numa sociedade tecnocientífica como a nossa, dado a ciência ser uma ideologia 
predominante, discutir a realidade fora de seus marcos parece regressão, pois a realidade 
científica não é posta num sentido epistêmico multiculturalista, senão que universalista 
e com isso suas asserções ganham um status de autoevidência realística. Em 1981 
Feyerabend comentara sobre este tipo de interpretação (ou teoria geral do 
conhecimento) enquadrada por ele na classe positivista. Segundo a explanação do autor, 
não é incomum ouvir de filósofos contemporâneos à suposta inocente afirmação de que 
“a ciência,em última análise, destina-se a sistematizar os dados de nossa experiência” 
(p.17). Todavia, é preciso lembrar que o conhecimento, ao menos o humano, é bem 
mais complexo que isso e se vamos lidar com uma fórmula que cubra todos os campos 
do conhecimento, não são mínimas as chances de fracassarmos e de mecanizarmos algo 
não-mecanizável por ser multifacetado 
 
 
 Palavras-Chaves: Anarquismo, Conhecimento, Realidade 
 
134 
 
O PROBLEMA DO MÉRITO COMO CRITÉRIO PARA A RECIPROCIDADE 
PROPORCIONAL SEGUNDO ARISTÓTELES 
 
Adriana Tabosa (UEFS) 
 
 
Para Aristóteles, os bens não devem ser igualados, mas ter como objetivo o meio-termo. 
A noção de “reciprocidade proporcional” em Aristóteles, não corresponde ao caráter 
igualitário, mas sim ao teor diferenciado de elementos que promovem a unidade, coesão 
e harmonia do todo, condições indispensáveis para manter a coesão social e econômica 
da cidade. Essa “reciprocidade proporcional” é baseada numa concepção de igualdade 
qualitativa e proporcional do mérito, e não numa concepção quantitativa e aritmética da 
igualdade (Et. Nic. V, 8, 1132b32 ss). Entretanto, estabelecer um critério fundamentado 
no mérito para a reciprocidade proporcional será um dos maiores problemas 
identificados por Aristóteles, pois apesar de todos os participantes de uma comunidade 
política parecer concordar que o justo em termos de distribuição deve sê-lo conforme o 
mérito, não chegam a uma conclusão de qual espécie de mérito. A partir dessas 
considerações pretende-se desenvolver uma breve análise sobre o problema do mérito 
como critério para a reciprocidade proporcional segundo Aristóteles. 
 
 
 Palavras-Chaves: Aristóteles, Igualdade, Mérito 
 
135 
 
O PROBLEMA DOS CATÓLICOS PARA A SOBERANIA DO ESTADO EM 
LOCKE 
 
Mykael Morais Viana (UFS) 
 
 
O presente trabalho tem por objetivo expor os posicionamentos do filosofo inglês John 
Locke (1642-1704) com relação à participação dos Papistas, ou Católicos, no poder 
político. Locke buscou, através de suas obras, estabelecer diretrizes para a ação do 
Estado em sua relação com a Religião. Para ele, a tolerância religiosa é um elemento 
fundamental para a construção de uma boa sociedade e ela só poderá se estabelecer 
quando Estado e Religião forem esferas completamente distintas. Locke defende então 
que questões religiosas não devem ser legisladas pelo poder público. Porém, existem 
elementos na Religião que podem ser nocivos ao bom andamento da Sociedade. Um 
exemplo de elemento nocivo dentro da Religião é quando seus membros atribuem a si 
mesmos a soberania política fundamentada na infalibilidade de sua crença. Além disso, 
alguns religiosos afirmam que o líder da sua Religião tem poder político superior ao 
poder público. Para Locke, quando isso acontece, a soberania do Estado está em risco, 
pois os cidadãos recusam-se a submeter-se ao poder público, argumentando que a única 
autoridade possível é a religiosa. É por conta disso que Locke enxerga no Catolicismo a 
fonte de problemas para a organização política, já que ele acredita que os que seguem 
essa fé normalmente apresentam tal insubordinação e fanatismo. Apresentaremos aqui 
as principais razões de Locke para atacar o Papismo tendo como foco suas obras 
políticas, a saber: O Primeiro e Segundo tratados sobre o governo civil e a Carta acerca 
da Tolerância. 
 
 
 Palavras-Chaves: Locke, Estado, Papismo 
 
136 
 
O PROBLEMA EPISTEMOLÓGICO EM DAVID HUME 
 
Ângelo Márcio Macedo Gonçalves (UEFS) 
 
 
Hume estabelece uma teoria do conhecimento de refinada importância para a 
investigação filosófica moderna, principalmente com a instituição de uma teoria das 
ideias com caráter novo, acentuando uma profunda análise sobre as noções de 
contingência, de experiência e de necessidade, moldando, desse modo, os princípios 
filosóficos do conhecimento humano. Admitimos que na obra de Hume se configura um 
projeto epistemológico específico, e nesse projeto há um lugar altamente importante 
para as noções de contingência, experiência e necessidade. Portanto, a presente 
comunicação pretende entender qual o projeto epistemológico de Hume e como é posta 
uma possível tensão entre uma postura cética e naturalista. É reconstituir a articulação 
conceitual pela qual contingência, experiência e necessidade são fundamentais para um 
projeto de uma epistemologia cética ou naturalista. Dentro desse quadro, cabe aqui 
investigar se as posições céticas e naturalistas são radicalmente diferentes e 
incompatíveis. Diante da dificuldade da compreensão dessa proposta de Hume, nosso 
propósito é fazer uma delimitação, isto é, destacar as três noções com as respectivas 
tensões entre elas, mostrando com isso o formato do quadro conceitual no qual sua 
epistemologia vai ser problematizada. 
 
 
 Palavras-Chaves: Epistemologia, Hume, Lógica 
 
137 
 
O RISO EM NIETZSCHE E EM ESPINOSA 
 
Dayane Tosta Costa (UFG) 
 
 
Existe um mistério em torno da natureza do riso, Bergson (2007) aborda esse enigma 
como um “impertinente desafio lançado à especulação filosófica”. Apesar de ser um 
tema marginal, o riso sempre provocou o interesse de filósofos e pesquisadores que 
estiveram presos a essa problemática que sempre escapole para renascer depois 
tornando a investigação sempre acesa. O riso, portanto, é um assunto muito sério para 
ser deixado ao encargo dos comediantes. Ora vinculado às manifestações torpes, ora 
relacionado às valiosas imagens estéticas e éticas, o riso carrega em si uma 
ambiguidade. Espinosa aborda a questão da alegria como aumento da potência de agir; a 
filosofia do autor holandês é um exercício de afirmação da vida. Em virtude da potência 
do riso, esse tema ressurge na filosofia nietzschiana como condição fundamental para 
libertar o ser humano do peso da existência. Os leitores de A gaia ciência são advertidos 
logo no início do livro: “Vivo em minha própria casa, jamais imitei algo de alguém e 
sempre ri de todo mestre que nunca riu de si também” (2012). Para os propósitos desse 
texto será necessário elaborar um diálogo entre as concepções referentes ao riso e à 
alegria dos filósofos Espinosa e Nietzsche. 
 
 
 Palavras-Chaves: Riso, Nietzsche, Espinosa 
 
138 
 
O SER COMO PHYSIS EM MARTIN HEIDEGGER 
 
Natan Luiz Neri de Sousa (UEFS) 
 
 
O termo grego “physis” é definido por Heidegger como “o vigor dominante que brota e 
permanece”, essa definição nos revela uma leitura do modo como eclodiu a filosofia 
com os gregos. Na abordagem heideggeriana, percebe-se que os gregos não 
experimentaram a physis limitando-a aos fenômenos naturais, como aponta a tradução 
corrente do latim (Natura), mas pela força de uma experiência fundamental com o ser. 
Dentro desse contexto, o trabalho procura elucidar a busca de Heidegger pelo sentido do 
“acontecer” em sua palavra de origem, trazendo outro viço para o termo physis e 
concomitantemente para o termo ser. Procuramos nos pautar na experiência exposta 
através da busca originária do termo pelo filósofo e, assim sendo, não se tratará de uma 
abordagem puramente etimológica, mas de uma investigação que persegue o caminho 
fenomenológico empreendido por Heidegger. Portanto, a presente comunicação tem o 
intuito de elucidar e trazer reflexões acerca do ser como “physis” em seu sentido 
originário, colocando tal questão como ponto de partida da busca pelo sentido do ser. 
 
 
 Palavras-Chaves: Physis, Ser, Originário 
 
139 
 
O TEATRO COMO LINGUAGEM INDIRETA: NOTAS SOBRE A EXPRESSÃO 
ARTÍSTICA NO CAPÍTULO VI DA FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO DE 
MAURICE MERLEAU-PONTY 
 
Ybine Dias Correia (UFS)O corpo na filosofia de Maurice Merleau-Ponty (1908 – 1961) é uma potência de 
significação. Ele surge na obra do filósofo francês como expressão e evidenciação de 
um sentido no mundo, anteriormente invisível. Para o filósofo, a expressão artística traz 
um sentido nascente, um novo mundo, uma nova dimensão que, sem ela, jamais haveria 
de se manifestar. Com base nisso, pretendemos indicar que as características que fazem 
da literatura uma linguagem indireta, guardadas as devidas diferenças, são válidas para 
o teatro, visto que também o teatro é uma manifestação criativa. No teatro, o ator utiliza 
seu corpo para significar o que está representando, seu personagem. Ele é o que está 
significando, o signo o devora, o consuma. Ao utilizar os gestos – significações – 
cotidianos e convencionais, o ator os remaneja para transmitir o que direciona o texto 
dramatúrgico. Em nossa comunicação, pretendemos partir da leitura do cap. VI da 
fenomenologia da percepção (O Corpo como Expressão e a Fala) para mostrar uma 
extração dos elementos da teoria da expressão de Merleau-Ponty, na sua fase 
fenomenológica, que possibilitam olhar o teatro como expressão artística, baseada nos 
gestos do ator sendo, desta forma, suscetível de transmitir um sentido novo sobre o 
mundo, tornando-se um elemento constituidor e transformador da cultura. 
 
 
 Palavras-Chaves: Expressão, Teatro, Linguagem 
 
140 
 
OS ANORMAIS: PRODUÇÕES DO PODER DISCIPLINAR EM FOUCAULT 
 
Viviane Rocha (UFRB) 
 
 
Esse resumo é parte integrante de um trabalho que pretende analisar as produções do 
Poder Disciplinar em Foucault. Sua análise parte das duas primeiras aulas do curso Os 
Anormais. Inicialmente, o autor apresenta dois relatórios de exame psiquiátrico em 
matéria penal e desenvolve uma retrospectiva histórica acerca da estruturação das 
provas legais até o século XVIII. Para a partir de então demonstrar como o saber 
científico-médico se alia ao saber judiciário, ou seja, como através de um diagnóstico o 
perito pode definir a culpa do individuo, por meio de um discurso moral, de verdade, 
que tem o poder de vida e morte. Para realizar o exame psiquiátrico o perito constrói 
uma retrospecção da vida do réu, buscando características e elementos que o 
assemelhem ao seu crime, ou seja, a análise do sujeito já estabelece uma relação entre 
ele e o delito praticado. Para Foucault existem dois desdobramentos do exame médico-
científico; o primeiro quando o delito é qualificado por outros detalhes que não são o 
delito propriamente dito e o segundo reside no fato da lei não ter subsídios para a 
condenação de um indivíduo com distúrbios emocionais e baseia sua sentença no exame 
médico que ganha discurso de verdade e consequentemente uma definição de culpa. De 
tal modo, o discurso do exame tem efeito de poder para normalizar, padronizar, 
subjetivar, personificar e sujeitar. Portanto, Foucault denomina o exame médico-legal 
como grotesco e ubuesco, pois esta não é a finalidade do médico-psiquiatra. Ele se 
desqualifica na medida em que utiliza o exame de forma inadequada para produzir um 
discurso de verdade e poder, identificando os sujeitos não pertencentes à regra, que 
possuem desvio de conduta e não são apenas loucos, criminosos, indivíduos com falhas 
morais, mas anormais, ou seja, aqueles que não são apenas infratores, mas indivíduos 
que não se enquadram. 
 
 
 Palavras-Chaves: Foucault, Anormais, Poder 
 
141 
 
OS EFEITOS DO EXERCÍCIO DO PODER NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR 
CONTEMPORÂNEA 
 
Evandro Salvador Miranda (PMA) 
 
 
A metamorfose na maneira de dominação dos corpos, presentes no século XVIII, 
acompanham as mudanças econômicas no decorrer da história. O suplício em praça 
pública, utilizado como punição do corpo físico, no período clássico até meados do final 
do século XVII, transforma-se em um método silencioso e psicológico de punição da 
alma. Passa-se a tocar o mínimo no corpo físico, em compensação o sujeito agora é 
enclausurado e observado diariamente. Suas ações são julgadas como atitudes morais, e 
seu corpo, não mais tocado pela instituição opressora, é corrigido à posturas normativas 
pelo próprio sujeito. Estas instituições são denunciadas por Michel Foucault como 
hospitais psiquiátricos, presídios e também as escolas e modelos pedagógicos que, 
exercendo os mecanismos de poder como a vigilância e punição, geram sujeitos 
rotulados às tendências e padrões que constituem a sociedade contemporânea. 
Pensaremos então no ambiente escolar como local formador do sujeito que exercerá 
esse poder, e da mesma forma sucumbirá a ele. Os mecanismos desse poder efetuam-se 
perante mecanismos disciplinares de controle social, e os reflexos que este exercício 
reproduz nas relações entre pessoas, em principal na nossa pesquisa a imagem do 
professor e do aluno, determinam o nível de controle que nossa sociedade 
contemporânea encontra-se. 
 
 
 Palavras-Chaves: Filosofia e educação, Michel Foucault, Mecanismos de poder 
 
142 
 
OSWALD DE ANDRADE HERDEIRO DE HEGEL 
 
Rodrigo Ornelas França (UEFS) 
 
 
Ao analisarmos a obra de Hegel, podemos indicar duas estruturas teóricas que 
acompanham e fundamentam toda a sua filosofia: a Dialética e a Filosofia da História. É 
a partir dos desdobramentos e influências de ambas que percebemos o alcance de seu 
pensamento no ocidente, que compreende quase toda a contemporaneidade filosófica. 
Desse alcance não escapa o Brasil, onde Hegel também encontrará herdeiros, como é o 
caso de Oswald de Andrade. É Benedito Nunes quem sugere a divisão da obra de 
Oswald em três fases: 1) Antropófaga, 2) Marxista e 3) Filosófica. Entretanto, nas três 
fases é possível traçar a influência hegeliana sobre o autor. Na primeira, quando Oswald 
desenvolve sua ideia de antropofagia conceitual, é a antropofagia um processo de 
relação dialética, de ordem diferente da de Hegel, mas com fundamento similar – certa 
Aufhebung – na medida em que há preservação do outro na síntese antropófaga, com a 
diferença de que a síntese oswaldiana não representa um termo superior evolutiva-
universalmente dos outros que o compõem – tese e antítese. Em sua fase marxista, 
Oswald adere politica e teoricamente à filosofia da história de Marx, de estrutura 
também hegeliana. Mas na sua fase filosófica Oswald assimila dialeticamente ambas as 
fases anteriores numa elaboração filosófica sintética, sugerindo uma Filosofia da 
História própria, composta de estruturas sociais ameríndias (como tese), europeias 
(como antítese) e a utopia do bárbaro tecnicizado (como síntese), desenvolvida pelo 
autor. Desse modo, Oswald cumpre certo programa teórico que nos possibiliza 
caracterizá-lo filosoficamente como um herdeiro de Hegel. Este trabalho pretende expor 
e discutir o pensamento de Oswald de Andrade como um tipo de hegelianismo, 
observando as consequências e limites dessa relação, bem como do seu uso em filosofia. 
 
 
 Palavras-Chaves: Dialética, Hegelianismo, História 
 
143 
 
PARA PENSAR E VER WILLIAM KENTRIDGE: JACQUES DERRIDA 
 
Leíner Emanuella de Carvalho Hoki (UFMG) 
 
 
O objetivo geral desse trabalho é analisar parte da produção visual e teórica do artista 
sul-africano William Kentridge, a partir do pensamento desconstrutivo de Jacques 
Derrida. Mais propriamente, buscaremos nos ater à primeira das "Seis Lições de 
Desenho" intitulada "Elogio das Sombras", conferência proferida por W. Kentridge para 
o Charles Eliot Norton Professorship in Poetry da Universidade de Harvard, Cambridge, 
em 20 de março de 2012. Nessa série de palestras, o artista faz uma revisão de seus 30 
anos de trabalho no ateliê. Da primeira lição, portanto, serãoanalisados três núcleos de 
questões: a recusa ao logocentrismo e a afirmação da primazia da imagem; o cavalo de 
papéis recortados e as questões do suporte; e ainda, W. Kentridge desenhando as 
palavras, falando o que não está escrito. Com esse propósito, instrumentalizaremos o 
pensamento derridiano, em principal, sua crítica ao logocentrismo, a primazia dos 
"debaixos" da pintura e a preservação da materialidade da imagem. Nesse sentido, 
retomaremos a leitura desconstrutiva que Jacques Derrida faz de Husserl em "A voz e o 
fenômeno" (1967), na qual o autor frisa o apagamento e a neutralização das instâncias 
materiais da significação na teoria husserliana, através da exclusão do índice. 
Perpassando esses apontamentos, buscaremos então acompanhar o desenvolvimento de 
William Kentridge, no tocante de sua reflexão sobre seu trabalho em ateliê pelo prisma 
do pensamento de Jacques Derrida. 
 
 
 Palavras-Chaves: Jacques Derrida, Desconstrução, William Kentridge 
 
144 
 
PARADOXO ÉTICO DA AUSÊNCIA DE OUTREM EM ALBERT CAMUS 
 
José Lourenço Araújo Leite (UFBA) 
 
 
Paradoxo Ético da Ausência de Outrem em Albert Camus. Não querer se assemelhar a 
nada é, para Camus, igualmente, assemelhar-se às pedras. Identificar-se com o que há 
de mais insignificante na história da humanidade civilizada. O seu ponto de partida é a 
própria natureza repleta de todos os elementos que a integram e a fazem manter-se 
como o que ela é. Desse modo, o problema da moral humana não irá, segundo ele, estar 
submetido a algo de alheio ao mundo natural, nem extemporâneo a ele. A conduta 
humana adquire sentido a partir do que se vive sob a égide do Sol. O cotidiano, por 
conseguinte, catalisador dos efeitos dessa mesma natureza, adquire uma supremacia se, 
por analogia, pressupuserem-se causas internas aos atos morais. O teor metafísico de 
sua Ética do Absurdo é identificado a partir da brisa da existência que paira em meio 
aos paradoxos confrontados pelo homem contemporâneo, isto é, a Ética do Absurdo é o 
“estranho olhar” que permite ver o absurdo do mundo defronte do cotidiano. Ora, se a 
filosofia grega limitou o desejo através da razão, logogizando-o a uma forma em que os 
valores éticos pudessem ser instaurados, o tempo atual é, nada mais, salvo engano, um 
tempo em que se busca restaurar os desejos de forma pura, destituídos de todo e 
qualquer impureza gerada pela razão; num tipo de niilismo da racionalidade, própria da 
modernidade contemporânea. Desse modo, assim como Camus aponta os valores 
preexistentes na cultura grega, hoje, os fundamentos dos valores encontram-se no agir. 
 
 
 Palavras-Chaves: Outro, Ausência, Camus 
 
145 
 
PENSANDO A ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA CONTEMPORÂNEA: UMA 
ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O ATO DE IDEAÇÃO E A IDEIA DE HOMEM 
SEGUNDO MAX SCHELER 
 
Maiara Rúbia Miguel (PUC-CAMP) 
 
 
A pergunta sobre o que é o homem está contida na história da filosofia e existem 
diferentes tradições que tentaram sanar essa questão, pois é a admiração e a interrogação 
inquietante de um problema que move um filósofo que por meio de sua curiosidade e 
rigor sistemático – próprio da filosofia –, desenvolve um tratado filosófico e influencia 
toda uma geração de pensadores. O filósofo contemporâneo Max Scheler é um desses 
homens que inquieto com o que havia sido pensado sobre a antropologia filosófica, se 
propôs a investigar as tradições e desenvolveu um belíssimo trabalho, publicado pela 
primeira vez em 1928, intitulado “A posição do homem no cosmos”. Nesse tratado, 
pôde ser observado por Scheler que somente a filosofia não daria conta de responder a 
questão: o que é homem? Por isso, trabalhou no horizonte de que a disciplina deve ser 
desenvolvida com o auxílio das ciências naturais, e desse modo destacou a diferença 
entre o homem e os outros seres da vida anímica, e, além disso, sublinhou a diferença 
essencial entre os homens e outros seres a apontando o ato de ideação como 
característico. Sendo assim, essa comunicação tem como objetivo compreender o modo 
como ele encara essa diferença e desenvolve uma reflexão na tentativa de resolver tal 
problemática, bem como é articulada as ciências naturais com a filosofia. 
 
 
 Palavras-Chaves: Ato de ideação, Homem, Antropologia filosófica 
 
146 
 
PERCEPÇÃO E CINEMA EM MAURICE MERLEAU-PONTY 
 
Josemary da Guarda Souza (UFRB) 
 
 
O presente trabalho, recorte da monografia de mesmo título, pretende analisar de que 
modo o cinema está presente nos estudos de Maurice Merleau-Ponty e como, a partir da 
obra Fenomenologia da Percepção, é possível realizarmos os desdobramentos 
necessários para a compreensão do cinema como uma potência filosófica que nos faz 
imergir no mundo e nos outros. As noções de sensação, sentido e corpo, contidas na 
construção da percepção merleau-pontianas, aliadas aos estudos da psicologia Gestalt, 
mostram o cinema não como um modo de filosofar, tampouco como expressão de 
pensamentos humanos, mas antes e primordialmente como expressão de 
comportamentos do modo de estar no mundo. A partir especificamente da conferência 
proferida por Merleau-Ponty sobre cinema em 1945, O cinema e a nova psicologia, é 
possível traçar o percurso para a compreensão de como o filme percepciona-se e de que 
modo isto ocorre. A escolha de Dogville para tratar a noção de percepção em Merleau-
Ponty, justifica-se, em primeiro lugar, pela sua peculiaridade em relação ao cenário, 
com poucos recursos, casas sem paredes, apenas com riscos no chão. As casas sem 
estrutura física externa nos remetem a uma interioridade do outro, que no filme é 
evidenciada pela privacidade da vida doméstica que não é tão privada assim, uma vez 
que toda a vila conhece os dessabores vividos pela personagem Greice que, de certo 
modo, é o outro de todos os demais personagens da película. Além deste aspecto, em 
Dogville a função da visão, de extrema importância para a experiência perceptiva 
proposta pelo filósofo francês, é reforçada por esta simplicidade do cenário e permite a 
análise da relação vidente-visível de forma mais contundente. Deste modo, 
consideraremos o filme não só como reprodução de imagens, mas como o elemento que 
recria o arcabouço da nossa relação com mundo e com os outros. 
 
 
 Palavras-Chaves: Percepção, Cinema, Merleau-Ponty 
 
147 
 
PERCEPÇÃO E SIGNIFICAÇÃO ESTÉTICA NA MÚSICA 
 
Luize Santos de Queiroz (UFRB) 
 
 
É muito fácil concordar que o sentido musical é indissociavelmente perceptivo. O que 
se apresenta como música, ou seja, a aparência musical, bem como o seu sentido 
corporificado, não pode ser entendido de outro modo se não por um esforço de 
abstração. Neste sentido, tomando como base a fenomenologia de Maurice Merleau-
Ponty se faz possível tomar a arte, e em especial a música, ou o sentido musical, de 
forma consistente embora o mesmo pouco tenha se dedicado a exploração da mesma. 
Desse modo, ao tomar o que podemos compreender como uma abordagem 
fenomenológica da arte, que tende a resistir à abordagem comumente estabelecida pelos 
que se dedicam a explorar a música como objeto, que é a tendência de se elaborar 
estudos que procuram responder a perguntas como: o que é a música; ou o que ela 
simboliza, nos dedicaremos a descrever como ela é ouvida ou experimentada a partir de 
um processo corpóreo e perceptivo. Neste trabalho, será abordado como a significação 
estética da música, em suas nuanças melódicas espaço-temporais se apresenta e se 
configura, através do ato perceptivo. Em seguida, será feita uma análise de duas notas 
inéditas sobre a música publicada postumamente, do filósofo Merleau-Ponty. 
 
 
 Palavras-Chaves: Percepção,Significação, Música 
 
148 
 
PERSUASÃO E RETÓRICA 
 
Claudiano Avelino dos Santos (UNIFESP) 
 
 
No diálogo Górgias de Platão tem-se a impressão de que ele descarta a retórica da 
atividade filosófica. No entanto, um estudo mais demorado nos faz indagar se ele não 
descarta a retórica totalmente, mas valoriza muitos aspectos, especialmente a persuasão. 
O que Platão faz aí é, dentre outros, que a retórica não é proprietária da persuasão, pois 
ela também faz parte de outros saberes estabelecidos, e assim pode também fazer parte 
do saber em construção que se chama filosofia. De fato a persuasão pode ser utilizada 
para enganar, como faziam os sofistas e outros profissionais do logos em Atenas e em 
outras cidades gregas, mas no processo de ensino, de discernimento a respeito de 
qualquer tema, a persuasão é necessária e não pode ser descartada. Em seu diálogo com 
o personagem Górgias, Sócrates ajuda a delimitar a retórica, não sem criticar o modo 
como ela era aplicada na política de Atenas, mas salvaguarda o essencial dela, que é a 
persuasão. 
 
 
 Palavras-Chaves: Retórica, Persuasão, Diálogo Górgias de Platão 
 
149 
 
PETER GEACH E O "PONTO DE FREGE" 
 
Igor Lucas Adorno Santos (UFBA) 
 
 
Peter Geach, em Assertion (1965), apresenta o que chama de "Ponto de Frege", a 
alegação de que uma proposição pode ser compreendida e possui um valor de verdade 
mesmo que não tenha sido asserida, como recurso contra os filósofos de Oxford. Estes 
defendiam que o valor de verdade de "sentenças", ao invés de proposições (que 
recusavam) só poderia ser estabelecido com seu uso em um contexto apropriado. Geach 
argumenta, em linhas gerais, que se o valor-de-verdade de proposições só pode ser 
estabelecido se estas forem asseridas, frases complexas como Condicionais não 
possuiriam valor-de-verdade. Condicionais são funções-de-verdade, ou seja, o valor-de-
verdade da frase complexa depende do valor de verdade das frases simples que a 
compõem. Se suas frases simples não podem ser determinadas como verdadeiras ou 
falsas por não estarem sendo asseridas, a frase que compõem também não teria valor-
de-verdade. A posição de Geach tornou-se um forte obstáculo para posições Não-
Cognitivistas como as dos filósofos de Oxford e pretendemos, na presente comunicação, 
exibir tal cenário. 
 
 
 Palavras-Chaves: Asserção, Não-Cognitivismo, Peter Geach 
 
150 
 
PODER DISCIPLINAR E CORPO EM VIGIAR E PUNIR 
 
Rafael Azevedo (UEFS) 
 
 
O presente artigo pretende examinar a relação do poder disciplinar com o corpo em 
Vigiar e Punir. A fim de investigar a importância dessa relação, poder disciplinar e 
corpo, investigaremos como Michel Foucault distanciando-se da teoria clássica do 
poder, propõe uma análise do poder como microfísica, isto é, uma análise que não 
procura entender o poder como sendo imanente de um ponto de totalização e 
centralização, mas mediante a dispersão do poder nas mais diversas relações. Apesar 
disso, Foucault não pretende lançar uma nova teoria sobre o poder, mas pretende 
analisar a produção de sujeitos mediante o investimento político sobre os corpos. Esse 
investimento do poder disciplinar sobre o corpo e suas forças está voltado para uma 
economia de maximização de sua utilidade e docilidade. Deste modo, nem mesmo o 
Estado detém a primazia enquanto lugar do poder, mas o poder circula de diversas 
maneiras através de seus dispositivos e instituições com a acuidade e minucia 
necessárias para a normalização dos sujeitos. 
 
 
 Palavras-Chaves: Poder, Disciplina, Corpo 
 
151 
 
PODER E VIOLÊNCIA NO PENSAMENTO POLÍTICO DE HANNAH ARENDT 
 
Laiane Almeida Teles (UFRB) 
 
 
Este texto pretende analisar a reflexão empreendida por Hannah Arendt (1906-1975) 
acerca dos fenômenos do poder e da violência que se apresentam de forma 
sistematizada em seu ensaio Sobre a violência de 1968/69. A distinção entre poder e 
violência constitui-se, pois, em tema central do pensamento político arendtiano, que 
teve como motivação sua reflexão sobre os conflitos políticos da época. Trata-se de um 
texto escrito em um contexto de revoltas: rebelião estudantil, movimentações políticas 
da “nova esquerda”, confrontos raciais, guerra do Vietnã, entre outros. A sua pretensão 
era fazer uma reflexão filosófica sobre tais acontecimentos e a partir disso contestar a 
tese de que poder e violência são sinônimos e que o fundamento do poder seria a 
violência. Segundo Arendt, o poder é inerente a toda comunidade política e resulta da 
capacidade de agir conjuntamente. Por outro lado, a violência é instrumental e se funda 
na categoria meio-fim. Portanto, poder e violência são assuntos distintos: quando um se 
afirma absoluto, o outro desaparece. Analisando suas ideias, tentaremos pensar junto 
com a Arendt o sentido que esses dois termos têm. 
 
 
 Palavras-Chaves: Poder, Violência, Hannah Arendt 
 
152 
 
POR UMA FILOSOFIA PESSOANA 
 
Paulo Giovani Lins (UEFS) 
 
 
Criador de vários heterônimos e produtor de poesia e prosa singulares, Fernando Pessoa 
realizou profundas críticas à contemporaneidade e soube tecer um diagnostico 
contundente do nosso cotidiano. Dentro dessa efervescência intelectual, o poeta 
manteve contato com várias vertentes do pensamento. Entre elas a Filosofia. A presente 
comunicação parte da seguinte indagação: Será Pessoa criador de uma filosofia? 
Tentaremos entender em que medida pode a referência a filosofia na obra do poeta 
lusitano ser considerada uma reflexão original, ou seja, um pensamento filosófico 
próprio. Ou então uma reflexão do lúcido que desesperadamente procura despertar os 
sonâmbulos das ruas. Tarefa que não será fácil. Outro ponto que diz respeito ao assunto 
tratado, mas que terá aqui uma abordagem marginal, é a estreita relação entre a 
Literatura e a Filosofia, as eternas senhoras que juntas discutem a muito sobre os rumos 
do mundo. Para tal intento, utilizaremos como obra de base o Livro do Desassossego do 
poeta português. 
 
 
 Palavras-Chaves: Fernando Pessoa, Filosofia, Literatura 
 
153 
 
POSSÍVEL MUDANÇA NO PENSAMENTO CARTESIANO, ENTRE AS EDIÇÕES 
DE 1641 E 1647 DAS MEDITAÇÕES: UMA INTERPRETAÇÃO A LUZ DOS 
OLHOS DE MICHELLE BEYSSADE. 
 
Amanda Ataide Santos (UEFS) 
 
 
Michelle Beyssade, pesquisadora e comentadora de Descartes, aponta que a publicação 
francesa do texto original latino, Meditações Para a Filosofia Primeira, que em francês 
passa a se chamar, Meditações Metafísicas, não é uma tradução fiel ao texto original, 
Michelle apresenta passagens dos dois textos, onde ela acredita que Descartes 
aproveitou a publicação da edição francesa para fazer algumas alterações em seu texto, 
e até mesmo correções sob influência de uma possível mudança de pensamento. A 
pesquisadora defende em seu texto, A doutrina da liberdade de Descartes, diferenças 
entre os textos francês e latino da quarta meditação, a hipótese de uma possível “auto-
correção” feita pelo autor, na quarta meditação da publicação francesa de 1647. Nossa 
pesquisa pretende investigar as edições da obra de Descartes e principalmente as 
passagens apontadas por Michelle Beyssade, a fim de analisar o pensamento cartesiano 
e a possível mudança desse pensamento, que a pesquisadora aponta em seu texto. 
 
 Palavras-Chaves: Descartes, Michelle Beyssade, Mudança de Pensamento 
 
154 
 
PRESENTISMO, ETERNALISMO & AGOSTINHO DE HIPONA 
 
Aislan Alves Bezerra (UEFS) 
 
 
Nesta comunicação, a filosofia do tempo de Agostinho de Hipona (354-430 d.C) será 
apresentada e interpretada à luz da primária característica da análise investigativaagostiniana da percepção do tempo, a saber, o caráter dinâmico e estático do movimento 
do tempo sob o prisma filosófico do presente momentum (momento presente) no 
desenvolvimento original da investigação do livro XI da clássica obra “Confissões” 
(397-400 d.C). Analisaremos a partição do "presente momentum" em seu caráter 
estático e dinâmico, bem como sua intrínseca relação ao plano dimensional da 
eternidade, atemporal e Celestial, que, de acordo com Santo Agostinho, causa a marcha 
do passado, presente e futuro em nossas percepções temporais subjetivas e ilusórias 
(psicológicas) neste mundo material. Sobretudo, o objetivo de nosso trabalho é 
investigar o significado do presente momentum nos principais trechos do livro XI, e o 
estatuto ontológico (em detrimento do caráter estritamente psicológico) da percepção de 
movimento e repouso do presente momentum na teoria agostiniana. 
 
 
 Palavras-Chaves: Subjetividade Ontológica, Teoria do Tempo, Presentismo 
 
155 
 
QUAL O VALOR DO CONHECIMENTO? 
 
Felipe R. L. Santos (UFBA) 
 
 
O chamado “problema do valor” é um problema que aparece originalmente no diálogo 
Menon, de Platão. A pergunta central deste problema é: Por que o conhecimento é mais 
valioso do que a mera crença verdadeira? Afinal, tanto o conhecimento como a mera 
crença verdadeira de certo modo garantem os mesmos resultados práticos. Tanto alguém 
que sabe o caminho para o aeroporto como alguém que apenas acredita verdadeiramente 
qual é o caminho – mas não sabe por não ter justificação/garantia/razões – serão bem 
sucedidos ao chegar ao aeroporto. Nesta comunicação pretendo investigar algumas 
soluções contemporâneas ao problema do valor, assim como as novas formulações deste 
problema, e pretendo demonstrar que estas soluções falham em solucionar 
adequadamente ao problema do valor. Em seguida, pretendo apresentar uma nova 
solução ao problema que não segue a mesma abordagem das soluções recentes e que 
tem como vantagem poder mostrar que o conhecimento possui uma característica 
universal e que esta característica explica a intuição de que o conhecimento possui um 
valor distinto e objetivo em comparação com outros estados epistêmicos como a crença 
verdadeira. 
 
 
 Palavras-Chaves: Conhecimento, Epistemologia, Problema do Valor 
 
156 
 
QUALIA: UMA INTRODUÇÃO 
 
Ana Beatriz de Lima Correia (UFC) 
 
 
A proposta deste texto é apresentar, dar uma noção geral do que é que entendemos por 
qualia e por que alguns filósofos apontam esse conceito como problemático. A ideia de 
qualia está presente principalmente nas discussões no âmbito da filosofia da mente. 
Compreendido basicamente como a qualidade da experiência, os qualia são 
propriedades subjetivas onde só é possível a partir de uma perspectiva de primeira 
pessoa obter essa qualidade da experiência. Apresentamos geralmente alguns exemplos 
de qualia como a sensação de, que é intrinsecamente associado a sensações físicas, a 
sensação de sentir uma dor, de experimentar uma cor, sentir um sabor. As qualia só 
podem ser conhecidas por meio da introspecção. Alguns filósofos rejeitam a noção de 
que eles são propriedades da experiência. Sobretudo, existem várias correntes que 
argumentam sobre a ideia de qualia, mas vou delimitar e esclarecer alguns pontos da 
perspectiva do dualismo de propriedade e do materialismo. 
 
 
 Palavras-Chaves: Qualia, Dualismo de propriedade, Materialismo 
 
157 
 
RAZÃO E AGÊNCIA EPISTÊMICA 
 
Ana Margarete Barbosa de Freitas (UFBA) 
 
 
Em geral, dizemos que seres humanos são agentes racionais, pois agem 
intencionalmente, tem razões, consciência reflexiva, são livres e responsáveis pelos seus 
próprios atos. Diferente dos outros animais – que também são conscientes, 
automoventes e possuidores de faculdades perceptivas, sensitivas e cognitivas –, os 
seres humanos apresentam autoconsciência. Desse modo, seres humanos são 
considerados agentes epistêmicos, isto é, seres com i) a capacidade de formar crenças de 
segunda-ordem, justificando e garantindo suas crenças através do escrutínio reflexivo; e 
ii) aptos a oferecer razões para as suas ações, pois eles teriam considerados seus estados 
de primeira-ordem e escolhido livremente o curso dos seus atos – nesse caso, seus atos 
não podem ser o resultado de impulsos, instintos, reflexos, etc. A literatura recente em 
filosofia tem trazido contribuições que contestam o valor da reflexão para a aquisição de 
conhecimentos sobre o mundo (justificação) e para a condução de ações (razões). 
Filósofos, como Hilary Kornblith, têm afirmado que nós não deveríamos ser tão 
entusiásticos sobre o valor da reflexão e que os filósofos que defendem uma perspectiva 
diferente desta pertencem a uma tradição que valoriza e compreende mal o papel da 
reflexão humana. De modo que a consciência reflexiva é fundamental para a 
compreensão da noção de agência epistêmica, o objetivo deste trabalho é analisar a 
confiabilidade da atividade reflexiva na satisfação dos objetivos epistêmico, defendendo 
uma perspectiva que sustenta uma noção fraca de agência epistêmica, exigindo um 
critério mais intersubjetivo que subjetivo para a sua definição. 
 
 
 Palavras-Chaves: Reflexão, Agência Epistêmica, Naturalismo 
 
158 
 
RELAÇÃO CONJUGAL NA ÉTICA ANTIGA A PARTIR DE MICHEL FOUCAULT 
 
Ana Lucia Santos (UEFS) 
 
 
No presente texto abordaremos a relação conjugal e suas disparidades na ética antiga, 
para tanto será necessário que analisemos o uso dos prazeres buscando compreender a 
relação homem/mulher. De início perceberemos que o que caracteriza a ética antiga é 
uma relação de si mesmo, é a possibilidade de um sujeito que é mestre de sua própria 
conduta, sujeito que sabe quando convém ou não praticar determinado ato. É essa 
prática de si, esse conhecimento de si que permite entender o porquê do uso dos 
prazeres ser considerado o mais violento entre os prazeres, o qual constitui um domínio 
privilegiado para a formação ética do sujeito. Uma forma de entender esse cuidado de 
si, é analisando o casamento e a relação conjugal. No aforismo do Contra Nera o prazer 
não é encontrado no casamento, só nas relações fora do casamento, sendo a finalidade 
do casamento reproduzir. Nesse aforismo homens e mulheres tem papeis diferentes, de 
um lado, as mulheres, enquanto esposas, tem a obrigação de ter como único parceiro o 
marido, tendo toda e qualquer atividade sexual no interior da relação conjugal. As 
mulheres encontravam-se sobre o poder do marido, dando-o herdeiros e cidadãos 
legítimos. Ao analisar a ética antiga, à primeira vista podemos observar a necessidade 
de uma separação entre os prazeres, as paixões e o casamento. No entanto, essa ideia de 
separação não resume o que era a ética antiga. Isso porque, podemos notar possíveis 
disparidades, no que diz respeito a esses princípios: por um lado os cidadãos eram 
conduzidos a viverem com a ideia de que o homem tinha a liberdade perante o uso dos 
prazeres, fora do casamento; por outro, alguns moralistas defendiam que os homens 
deveriam mudar seus hábitos após o casamento. 
 
 
 Palavras-Chaves: Relação Conjugal, Prazer, Ética Antiga 
 
159 
 
RESPONSABILIDADE MORAL SEGUNDO ARISTÓTELES 
 
Debora Souza de Almeida (UFBA) 
 
 
A presente comunicação tem o intuito de examinar o tema da responsabilidade moral 
presente na obra aristotélica Ética Nicomaqueia. Nesta obra percebemos que a noção de 
responsabilidade moral se sustenta no conceito da ação voluntaria que, por sua vez, tem 
como base a noção de “estar sob o poder” do agente. Cabe-nos então responder os 
seguintes questionamentos: quais são os critériospara se determinar uma ação como 
voluntaria? Será que eles são suficientes para se atribuir a responsabilidade moral 
àqueles que agem voluntariamente? Dessa maneira verificaremos se a ação voluntaria é 
uma condição necessária para se atribuir a responsabilidade da ação sobre um agente, e 
se a involuntária se estabelece como o único tipo de ação que isenta o agente da 
responsabilidade moral e em alguns casos, são dignas de perdão e piedade. Destacando 
os possíveis problemas que a noção de voluntariedade pode gerar ao ser estabelecida 
como a condição única e suficiente para responsabilização moral. Com isso tentaremos 
entender em que sentindo a noção de “estar sob o poder” do agente fundamenta o 
conceito de ação voluntaria, manifesta o controle do agente sobre seu agir e expressa a 
liberdade de agir. Para isso devemos examinar os pontos que além de revelar o autor da 
ação, apresenta o agente responsável e a justificativa dessa atribuição da 
responsabilidade, tornando possível as medidas de elogio e cesura ou punição e 
exortação como consequência da responsabilização, uma vez que para aplicação destas 
medidas é preciso ter como parâmetro as ações voluntarias. 
 
 
 Palavras-Chaves: Responsabilidade, Moral, Ação 
 
160 
 
RICOEUR E A QUESTÃO DA MEMÓRIA NO PENSAMENTO DE PLATÃO 
 
Elton Moreira Quadros (UESB) 
 
 
Apresentamos a perspectiva de Platão sobre a questão da memória, recorrendo à 
concepção interpretativa de Paul Ricoeur. Dois pontos são abordados de maneira mais 
explícita: a relação entre memória e conhecimento e a importância do tempo. Nesse 
sentido, a busca pela origem grega de uma concepção de memória, poderá nos fazer 
reinaugurar novas perspectivas para a compreensão atual da questão da memória. 
Ricoeur tem como primeira tarefa, ao proceder à investigação sobre a memória, 
enfrentar a distinção entre memória e imaginação. Por isso, realiza uma retomada dessa 
problemática e, como seria de esperar, estamos lançados em uma discussão crítica sobre 
o pensamento Platão que apresenta uma visão em que memória e imaginação podem 
confundir-se. O pensar sobre a memória passa por uma perspectiva muito mais ampla 
que põe em cheque o próprio sentido do humano, quer em seu olhar sobre o mundo, 
quer no voltar-se para si mesmo e para o outro. A memória não constitui somente uma 
técnica, mas, especialmente, um reconhecer-se e um posicionar-se sobre as questões da 
realidade mesma. A perspectiva platônica sobre a memória encontra muitas aporias, no 
entanto, para Ricoeur, a que proporciona mais dificuldades é a falta de um destaque à 
questão do tempo. Talvez por estar sempre posta em momentos que Platão discute o 
erro, o engano, a falsidade, a memória apresenta-se desde o início, no pensamento do 
autor do Teeteto, sob o véu da desconfiança, ou melhor, sobre “o cunho da suspeita”. 
 
 
 Palavras-Chaves: Memória, Platão, Ricoeur 
 
161 
 
RUSSELL SOBRE LEIBNIZ: A PREEMINÊNCIA DA FORMA DA PROPOSIÇÃO 
SUJEITO-PREDICADO E A QUESTÃO DA REDUTIBILIDADE DAS RELAÇÕES 
 
Murilo Garcia de Matos Amaral (UFBA) 
 
 
Neste evento, apresento a interpretação de Russell sobre Leibniz em Exposição Crítica 
da Filosofia de Leibniz quanto à questão da preeminência da forma da proposição 
sujeito-predicado e quanto à questão da redutibilidade das relações. O objetivo é 
mostrar de que maneira a interpretação de Russell sobre Leibniz é importante para o 
desenvolvimento de sua filosofia do atomismo lógico. Russell defende que o 
compromisso de Leibniz com a doutrina lógica que diz que “toda proposição verdadeira 
atribui um predicado a um sujeito” impõe a condição de que todas as relações são 
redutíveis a adjetivos. Por conseguinte, Russell defende que esta condição implica uma 
série de contradições e que, portanto, não podemos seguir confiando na ideia de que as 
proposições relacionais são redutíveis à forma sujeito-predicado. Veremos que, a partir 
da crítica à Leibniz, Russell atualiza seu posicionamento sobre a doutrina das relações 
internas e discute a questão do estatuto ontológico das relações, defendendo que 
relações são entidades reais, e não meramente mentais. 
 
 
 Palavras-Chaves: Russell, Atomismo lógico, Estatuto ontológico das relações 
 
162 
 
SARTRE E A LIBERDADE: UMA CRÍTICA DO DETERMINISMO FREUDIANO 
 
Rosaly Ramos de Morais (UEFS) 
 
 
Em uma análise acerca da noção de liberdade em Sartre, podemos direcionar a 
investigação à exposição intitulada por Sartre em O existencialismo é o humanismo, na 
qual o filósofo propõe a responsabilidade como fio condutor de nossas escolhas, 
explicitando o primeiro princípio do existencialismo: “o homem nada mais é do que 
aquilo que se faz de si mesmo”. Neste âmbito, o homem é o único responsável por seus 
atos e escolhas, postulando-se que a existência precede a essência. É nesta máxima que 
está inserida nossa total responsabilidade no que somos e ainda o que representamos 
enquanto humanidade. Neste contexto, Sartre vai tecer quatro vertentes concernentes ao 
homem, a saber; a angústia no que o homem é remetido a escolha, esta de ter que 
decidir de ter liberdade para tal sem ter sinais concretos do que é certo, ainda o 
desamparo e a má fé, estes são os elementos constituintes da liberdade; logo, nenhum 
ato ou decisão não pode ser considerado como um ato isolado, e mesmo este sendo 
concebido, como um ato de má fé, ainda assim não deixou de ser uma escolha e é neste 
contexto que a má fé reflete a angústia no homem de ter que escolher. Desta postura 
existencialista, Sartre vai questionar a psicanálise de Freud, criticando o que Freud 
concebe como o ser humano dotado de um inconsciente, ao passo que Sartre afirma que 
o que somos é o que decidimos enquanto reflexo da humanidade, sem que haja um 
inconsciente determinando as escolhas. Para Sartre, no instante que decido refletir 
acerca destas questões, eu empreendo uma consciência de meu ato, logo, minhas 
escolhas não são determinadas mediante um conhecimento a priori. 
 
 
 Palavras-Chaves: Liberdade, Responsabilidade, Determinismo 
 
163 
 
SOBRE A LIBERDADE NA FILOSOFIA MORAL DE KANT 
 
Cleide Servilha Couto (UFBA) 
 
 
Esta comunicação tem o objetivo de demonstrar como Kant define a liberdade, no 
âmbito moral. A ideia de liberdade para Kant está condicionada a mais dois conceitos, 
que são a necessidade e a vontade, ambas influenciam de maneira diferente a vida do 
homem, enquanto agente. A necessidade é responsável por suas ações na natureza, ou 
seja enquanto fenômeno e a vontade influencia o agente através da razão. Para Kant, a 
necessidade é a heteronomia da natureza, as regras que norteiam o mundo sensível, a 
experiência. Enquanto a liberdade é a autonomia da vontade, uma espécie de 
causalidade do ser racional. Pois, para Kant o homem é parte natureza, empírica e parte 
inteligência, inteligível. No entanto, o indivíduo age de maneira necessária por causa da 
natureza ou de forma livre seguindo apenas a sua essência livre? Para resolver esta 
questão é necessário esclarecer os conceitos de caráter empírico e inteligível, e é 
fundamental explicar o imperativo categórico e a sua possibilidade. 
 
 
 Palavras-Chaves: Liberdade, Necessidade, Vontade 
 
164 
 
SOBRE A NOÇÃO DE MORAL EM FOUCAULT 
 
Dioclézio Faustino (USP) 
 
 
Na célebre Introdução ao volume II da História da Sexualidade, Foucault diz que há, ao 
menos, três maneiras de se fazer uma história da moral e quem se dispuser a fazê-la 
deve, pois, levar em conta as três realidades que a palavra moral recobre; o que 
resultaria, por conseguinte, em: (i) uma história das moralidades, aquela que estudaem 
que medida as ações dos indivíduos ou grupos são conformes ou não às regras ou 
valores propostos por diferentes instâncias; (ii) uma história dos códigos, aquela que 
analisa propriamente os diferentes sistemas de regras e valores que estão em jogo em 
uma sociedade ou em determinado grupo; e, por fim, (iii) uma história da maneira pela 
qual os indivíduos são chamados a se constituir como sujeitos de conduta moral, neste 
caso, a análise histórica incidirá sobre a instauração e o desenvolvimento das “relações a 
si”. Foucault enfatiza que esta última modalidade é o que propriamente se poderá 
chamar de uma história da ética e da ascética, entendidas como história das formas da 
subjetivação moral e das práticas de si, e é, portanto, o que ele pretende fazer. Ora, 
sobre esse tema, há um notável artigo de Paul Veyne, Le dernier Foucault et sa morale, 
no qual ele assinala o caráter problemático de uma moral de estirpe foucaultiana, Veyne 
escreve que “Foucault tinha uma concepção da moral tão particular que o problema é: 
no interior de sua filosofia, uma moral de Foucault seria possível?”. Portanto, partindo 
do quadro de significações da palavra moral descrito na História da Sexualidade e do 
problema apontado por Paul Veyne, tratarei, nesta comunicação, de alguns elementos 
para a compreensão da noção de moral em Foucault. 
 
 
 Palavras-Chaves: Moral, Foucault, História 
 
165 
 
SPINOZA E A FÍSICA 
 
Claudio de Sousa Rocha (UFERSA) 
 
 
Por acreditar na relevância da filosofia de Spinoza para compreensão de fenômenos 
científicos/políticos/sociais contemporâneos, defendemos a tese da atualidade da 
filosofia spinozista, particularmente da sua metafisica. Neste sentido, esta comunicação 
aponta para uma aproximação entre filosofia e a física teórica, de forma que nosso 
objetivo é compreender a teoria das variáveis ocultas de David Bohm (1917-1992) com 
base na metafisica de Spinoza. De fato, defendemos a hipótese de que a metafisica de 
Spinoza é compatível com a interpretação determinística da física quântica elaborada 
por Bohm. Desta hipótese maior seguem-se outra: A teoria das variáveis ocultas de 
Bohm está em conformidade com a compreensão determinista de Spinoza sobre a 
realidade. Partiremos do pressuposto já defendido por Ponczek (2009) de que a postura 
epistemológica assumida pelo chamado “realismo spinozista” possibilita a compreensão 
pelo recurso da metafísica de certas questões cientificas. Dentre estas possibilidades de 
convergências, constatamos que são escassos estudos que apresentem leitura e 
interpretações spinozistas do novo modelo de realidade proposta por Bohm e sintetizada 
em sua obra A Totalidade e a Ordem Implicada. Então nossa questão de pesquisa é 
como identificar a convergência entre a ontologia spinozista e a teoria da ordem 
implicada expressa na totalidade do universo, mais precisamente na teoria das variáveis 
ocultas? 
 
 
 Palavras-Chaves: Spinoza, Metafisica, Fisíca 
 
166 
 
 NOTAS SOBRE O CONCEITO A-COM-TECER A PARTIR DO TEMA 
GESCHICHTLICHKEIT EM HEIDEGGER 
 
Leonardo Silva (UNEB) 
 
 
O presente artigo pretende ampliar a compreensão do conceito de a-com-tecer. Esse 
termo de base filosófica foi cunhado por Inês Carvalho e recebe uma nova grafia na tese 
em educação de Rosane Vieira. O estudo encontra aproximações desse termo com o 
pensamento proposto por Martin Heidegger, com recorte no texto Was ist das – die 
Philosophie? de 1955. O sentido dado pelo pensador da floresta negra ao tema da 
Geschichtlichkeit é o fio condutor. Presente na raiz da palavra através do radical 
Geschehen, o a-com-tecer se articula enquanto destinação do ser. Adentrando nos 
fundamentos ontológicos, percebe-se o terreno que o conhecimento é constituído. Com 
essa chave de leitura adentramos os fundamentos ontológicos, buscando ampliar a 
compreensão do ‘a-com-tecer’ e percebermos sua densidade filosófica. Se é possível 
formular uma argumentação, a dinâmica formativa está assentada na destinação do ser. 
O modo de compreensão do homem obedece a um destino, ou seja, é transmitido 
enquanto legado. Sendo assim, o a-com-tecer seria uma repetição no momento do 
presente do que supostamente é passado, a fim de exaurir seu conteúdo fundante. O 
modo de compreensão é comunicado enquanto legado não enunciativo. 
 
 
 Palavras-Chaves: A-Com-Tecer, Ontologia, Filosofia 
 
167 
 
TRANSCENDÊNCIA E LIBERDADE NO ENTORNO DE "SER E TEMPO", DE 
MARTIN HEIDEGGER 
 
Charleston Silva Souza (UEPA) 
 
 
Na literatura especializada, o tema da “metafísica do Dasein” aparece apenas 
recentemente, fundamentalmente através de uma seletiva e cuidadosa análise de 
François Jaran, “La métaphysique du Dasein: Heidegger et la possibilité de la 
métaphysique”. Para Jaran, o projeto que segue o tratado de 1927 tem por finalidade o 
esclarecimento das perspectivas abertas pelo mesmo (Ser e tempo), mostrando que uma 
recepção em termos antropológicos tende a sufocar aquilo que estava em jogo no 
projeto de uma ontologia fundamental. Ao seguir o caminho aberto pelas análises de 
Jaran, assim como de Fernando Rodrigues, “Heidegger e a metafísica do Dasein (1927-
1930): uma interpretação à luz dos conceitos de liberdade, vínculo e jogo da vida”, 
procura-se alargar o entendimento segundo o qual a metafísica do Dasein amplia e 
radicaliza análises do tratado ao retomar um tema apenas indicado em 1927, aquele que 
afirma um vínculo de base entre o Dasein e o ente na totalidade. Sendo assim, surgem 
duas temáticas no entorno de “Ser e tempo”: 1) o problema da recepção e 2) do 
alargamento, se se pode dizer, do projeto concernente à ontologia fundamental. Desta 
forma, pode-se dizer que já a partir de “Os problemas fundamentais da fenomenologia” 
Heidegger se ocupará, concomitantemente, de seus críticos e de seu próprio 
pensamento, desconstruindo a imagem de sua recepção por um lado e, por outro, 
construindo aquele projeto de alargamento em termos de uma transformação (metabolé) 
metontológica da ontologia fundamental. 
 
 
 Palavras-Chaves: Transcendência, Metafísica, Liberdade 
 
168 
 
TRATADO DOS ANIMAIS: INCOERÊNCIA, DIFERENTES PERSPECTIVAS OU 
APROFUNDAMENTO DA TESE INICIAL? UMA ANÁLISE DESSAS TRÊS 
ALTERNATIVAS 
 
Mariana Moreira da Silva (UFBA) 
 
 
O objetivo do presente trabalho é apontar três possíveis vias de interpretação para o 
texto condillaciano, a saber, o Tratado dos Animais (1755). Nesta obra, Condillac dá 
prosseguimento ao projeto iniciado no Ensaio sobre a Origem dos Conhecimentos 
Humanos (1746), qual seja: “... o estudo do espírito humano; não para descobrir sua 
natureza, senão para conhecer suas operações” (CONDILLAC, 1999, p. 14), o qual foi 
aprofundado no Tratado das Sensações (1754) no sentido de apenas se deter naquilo 
que pode ser observável empiricamente. Sendo assim, também no Tratado das 
Sensações o filósofo restringiu a sua análise ao âmbito do mental, uma vez que as 
sensações transformam-se – em última e primeira instância – em ideias e capacidades. 
Em conformidade com este mesmo pensamento, no Tratado dos Animais Condillac nos 
diz que não pretende tratar da natureza dos animais por reconhecer a esse respeito toda a 
sua ignorância. Desse modo, ele restringe mais uma vez o campo da sua investigação à 
observação das faculdades provenientes da sensação. Todavia, Condillac declara: “... se 
nós pudéssemos penetrar na natureza dessas duas substâncias (alma humana e alma 
animal), nós veríamos que elas diferem infinitamente. Nossa alma não é, portanto, da 
mesma natureza que a dos animais” (CONDILLAC, 2004, p. 182). Ora, como um 
filósofo empirista radical, como o denominaMonzani, pode tecer considerações acerca 
da natureza da alma dos seres vivos? A referida afirmação chave que norteará o presente 
trabalho não se resolve sem dificuldades. A partir dela trata-se de saber se Condillac é 
incoerente com a sua tese inicial, se ele a desdobra em diferentes perspectivas ou se 
apenas a explicita e a aprofunda. 
 
 
 Palavras-Chaves: Natureza, Faculdades, Sensação 
 
169 
 
UM DIÁLOGO ENTRE FOUCAULT E ARTUR BISPO DO ROSÁRIO: PENSANDO 
A LOUCURA E A AUSÊNCIA NA OBRA 
 
Evanildo Couto dos Santos (UFRB) 
 
 
A presente comunicação tem por finalidade, apresentar um diálogo entre o filósofo 
francês Michel Foucault (1926-1984), que nos convida a pensar as faces da loucura a 
partir do conceito de ausência da obra de Artur Bispo do Rosário (1909-1989), cuja vida 
fora marcada pelo trágico e o artístico em uma das maiores expressões de arte 
contemporânea, produzida por um sujeito classificado como louco no Brasil. Para 
Foucault, a loucura ocupou por muito tempo o espaço da indecisão entre a ação e a 
linguagem, completa ainda o autor que loucura é a linguagem excluída que pronuncia 
palavras sem significação. Diante disso, se faz possível pensar a experiência da loucura 
em Foucault como meio para analisarmos a passagem de Artur Bispo do Rosário por 
um manicômio e a sua experiência trágico-artística expressada através de bordados e 
criações de peças do cotidiano que lhe renderam comparações a artistas como Marcel 
Duchamp e Van Gogh. Com isso, o maior objetivo a ser exposto consiste em buscar 
compreender o conceito de ausência da obra em Foucault e de que modo tal reflexão 
imprimiu suas marcas na vida e na obra de Artur Bispo do Rosário. 
 
 
 Palavras-Chaves: Foucault, Ausência da obra, Loucura 
 
170 
 
UMA BREVE ANÁLISE DA NATUREZA DO PRAZER NO II TRATADO DO 
PRAZER 
 
Tatiana Souza Correia (UFBA) 
 
 
Na Ética Nicomaquéia há dois momentos que Aristóteles trata da natureza do prazer, no 
livro VII (capítulos 11-14) temos o I Tratado do prazer e no livro X (capítulos 1-5) 
temos o II Tratado do prazer. O objetivo deste texto é analisar o conceito de prazer 
apresentado no II Tratado do prazer, assim, pretende-se demonstrar que neste tratado 
Aristóteles apresenta uma definição do prazer mais precisa e independente das opiniões 
anti-hedonistas que julgam o prazer como o mal. Como Aristóteles já assegurou no I 
Tratado que o prazer é um bem, no II Tratado não vemos uma preocupação em refutar a 
concepção anti-hedonista. No livro X, parece que sua preocupação é evitar que o prazer 
seja afirmado como o Bem Supremo, visto que, tanto o prazer quanto a eudaimonia são 
atividades desimpedidas, por isso, neste tratado, o alvo de suas refutações é a opinião 
hedonista de Eudoxo de que o prazer é o bem. A definição do prazer no II Tratado é 
dada a partir da distinção entre movimento e atividade, pois, para Platão o prazer é um 
movimento e um vir a ser e, para Aristóteles, o prazer é uma atividade. No livro VII, ele 
já define o prazer como uma atividade, mas não estabelece que tipo de atividade seja o 
prazer. No livro X, ele define o prazer como uma atividade acompanhante de outra 
atividade, por isso, a definição do prazer vai muito além desta distinção entre 
movimento e atividade; pois, definir o prazer como uma atividade acompanhante de 
outra atividade permite classificar o prazer em espécies, tendo em conta, que cada 
atividade tem o seu prazer próprio. Assim é possível delimitar a qualidade do prazer de 
acordo com a qualidade de suas atividades correspondentes, visto que, há diferentes 
espécies de atividades e, portanto, diferentes espécies de prazer. 
 
 
 Palavras-Chaves: Prazer, Dor, Bem 
 
171 
 
UMA BREVE INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE ANGÚSTIA NA FILOSOFIA 
EXISTENCIALISTA DE SARTRE 
 
José Américo Soares Neto (UEFS) 
 
 
A presente comunicação tem o objetivo de examinar o conceito de angústia na filosofia 
existencialista de Jean-Paul Sartre (1945). A filosofia sartreana trata o homem situado 
no seu contexto existencial, sendo um ser que é liberdade de escolha, o homem sendo 
livre para escolher, ele se angustia, pois ele sabe que precisa escolher para si e para os 
outros e, quando ele se furta disso, acaba agindo de má-fé. Na filosofia de Sartre o 
homem será aquilo que ele decidiu ser ao seu modo de ser, é um sair em direção às 
decisões, é um poder ser, é existência, pois não há uma essência pronta e definida. A 
existência se caracteriza por um verdadeiro correr riscos, é incerteza, decisão, é estar se 
construindo a todo o momento, é uma reinvenção constante. O existencialismo se 
articula em contínuo exercício de análise da existência e das relações da existência 
humana com o mundo e das coisas e o mundo dos homens. A comunicação está 
respaldada na obra O existencialismo é um humanismo. 
 
 
 Palavras-Chaves: Sartre, Angústia, Homem 
 
172 
 
UMA REFLEXÃO ÉTICA ACERCA DO USO DE ANIMAIS EM 
EXPERIMENTAÇÕES CIENTÍFICAS 
 
Ronildo Alves Brito (UFCG) 
 
 
O século XX, além de ter sido marcado pelo uso de animais em práticas experimentais, 
também foi marcado pelo crescente debate sobre o bem-estar animal e as questões 
relacionadas à ética em sua utilização com finalidade didático-científica. Nosso texto 
objetiva-se em apresentar uma reflexão ética acerca dos direitos pertinentes aos animais, 
bem como esclarecer algumas concepções sobre a relação entre os seres humanos e os 
animais. Neste tipo de abordagem utilizaremos informações e avaliações presentes no 
debate filosófico relacionado ao assunto, especificamente, as considerações feitas pelo 
filósofo contemporâneo Peter Singer. Percebemos que as preocupações acerca do uso de 
animais em experimentações científicas têm se mostrado frequente nas discussões 
acadêmicas, políticas, sociais e científicas, no intuito de encontrar possíveis alternativas 
para os problemas emergentes. Portanto, afirmamos que se faz necessário pensar 
alternativas para substituir o uso de animais em experimentação científica, pois 
enquanto seres racionais que somos, precisamos exercer uma postura ética, seja na 
nossa relação com os demais membros de nossa espécie, seja na relação com membros 
de outras espécies. 
 
 
 Palavras-Chaves: Ética, Experimentação científica, Animal 
 
173 
 
UMA RELEITURA DA DUALIDADE DE HERÁCLITO A PARTIR DO DISCURSO 
DE ERIXÍMACO DO BANQUETE 
 
Enrique Bruno Lima Martins (UFCA) 
 
 
A obra de Platão, intitulada O Banquete, traz um encontro entre Agatão, Fedro, 
Aristodemo, Pausânia, Erixímaco e Socrates, o diálogo entre eles tinha como tema o 
Amor (Eros). A narrativa baseia-se em uma conversa entre Apolodoro que foi 
interrogado por Glauco a fim de inteirar-se a respeito dessa discussão. As falas 
apresentadas trazem o tema imposto ao debate de diversas formas. Erixímaco, 
personagem e um dos oradores, coloca o Eros como duplo. Ao mesmo tempo contesta o 
que havia sido colocado por Pausânia sobre a Afrodite Pandemia, desconstruindo a 
aparência de vulgar e banal que lhe tinha sido dada. Indo além, e ainda usando como 
exemplo as duas Afrodites e a argumentação de contrários, Erixímaco cita o fragmento 
de Heráclito em que o filósofo usa como exemplo o arco e a lira para colocar sua ideia 
de contrários harmônicos. Ele propõe uma nova interpretação sobre a passagem, 
fazendo uma releitura sobre o que foi dito por Heráclito. Nesta comunicação pretendo 
fazer uma análise dos pontos convergentes e divergentes das duas opiniões a respeito da 
harmonia dos contrários, já que foi daí que o contraponto foi levantado. 
 
 
 PALAVRAS-CHAVEs: Banquete, Dualidade, Releitura174 
 
UTILITARISMO 
 
Jorge Luis da Silva Santos (UFBA) 
 
 
As bases para a concepção da moral utilitarista se instituem a partir da noção de 
natureza humana do individuo. Dessa noção, nascem os alicerces do princípio de 
utilidade. Tal princípio estabelece a supremacia de dois “senhores soberanos” que 
regem a conduta humana: dor e prazer. A existência desses dois instrumentos tem seu 
fim na condução das nossas ações, mostrando-nos, pois, o que devemos fazer e o que de 
fato faremos. Ademais, de um lado, um padrão de certo e errado se nos apresenta com 
força renovada e constante; do outro, a natureza nos impõe as leis das causas e efeitos. 
Tudo isso servindo como elemento para nos conduzir na busca pelo maior prazer e 
menor dor. Esse é o princípio [maior prazer e menor dor – princípio de utilidade] que se 
funda como regra do Utilitarismo, contribuindo para a formação dos conceitos morais 
dos utilitaristas Jeremy Bentham e Stuart Mill. Deste modo, o fim desse trabalho visa 
apresentar noções do sistema teórico utilitarista, dando atenção às idéias dos referidos 
autores, sem eximir-se de investigar possíveis questionamentos presentes nesse sistema 
moral. 
 
 
 Palavras-Chaves: Utilitarismo, Prazer, Dor 
 
175 
 
VOLTAIRE E ROUSSEAU: APONTAMENTOS ACERCA DA RELIGIÃO 
NATURAL 
 
Pedro Miguel Sousa Santos (UFRB) 
 
 
A Modernidade traz à baila a questão da Religião natural, que parece permear boa parte 
de sua tradição filosófica, que anseia pela construção da autonomia do entendimento, na 
qual a filosofia possa ser construída com rigor, livre da tutela e das causas finais das 
religiões positivas. De Rousseau a Voltaire e vice-versa, a religião deverá se apresentar 
à análise crítica da razão que, de antemão, se apresentará como contrária a todo 
dogmatismo. Assumindo este contexto, a pesquisa demonstrará como as ideias de 
Voltaire e Rousseau influenciaram-se nos propósitos da religião natural. O recorte da 
comunicação advém da parte de Rousseau da Profession de foi du vicaire savoyard 
onde é tratada a abrangência da religião natural na vida dos homens e, sobretudo, na 
educação do Emílio. E, de Voltaire os verbetes do Dicionário filosófico Teísmo e 
Religião. Ambos os filósofos, deram suas contribuições ao Esclarecimento de seu 
século e à posteridade, porque junto ao anseio de toda filosofia iluminista de retirar da 
metafísica uma determinação pétrea, as suas filosofias debateram no que tange à 
religião: de uma maneira ou de outra se tentou em Rousseau converter todas as 
possíveis religiões reveladas à rubrica da religião natural; e em Voltaire, principalmente, 
converter os desmandos do cristianismo católico numa religião de tolerância e respeito. 
A lição de ambos, segundo Cassirer, é a noção de que “mais profundamente hostil que 
toda religião possa ser em relação às outras, nenhuma tem, contudo, o poder nem a 
vontade de romper completamente os vínculos que a unem à religião natural”. 
 
 
 Palavras-Chaves: Rousseau, Voltaire, Religião Natural

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