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6ª aula- DEONTOLOGIA E ÉTICA ÉTICA PROFISSIONAL Inicialmente, necessário se faz definir a palavra DEONTOLOGIA: Do grego deontos (dever) e logos (tratado), a ciência dos deveres, no âmbito de cada profissão. Deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do direito, e ainda de seus fundamentos éticos e legais. Para o jurista José Roberto Nalini, “Ética se faz mediante condutas reiteradas de uma dada sociedade, baseada nos costumes sociais e no caráter das pessoas, ou seja, é considerada como algo já inserido nos costumes dos cidadãos, mediante um hábito bondoso, empírico e virtuoso, que é passada de geração para geração, evoluindo juntamente com a sociedade. A ética, diferentemente da moral, possui uma natureza mais ampla onde abrange o próprio entendimento de “ciência da práxis”, assim como disciplinava filosoficamente Platão e Aristóteles. Portanto, a ética não possui natureza coercitiva, na verdade, sua função é de formalizar e prever os valores, costumes e princípios construídos por uma dada sociedade como o ser e o dever ser, fazendo com que esses valores sejam perpetuados e adequados ao meio social presente, dando ênfase às normas morais.” DEONTOLOGIA O termo foi introduzido pelo filósofo e jurista Jeremy Bentham, o qual propôs tratar a ética como fundamento do dever e das normas. A Ética profissional apresenta papel de destaque dentro da ética aplicada traduzindo como ramo próprio aos mandamentos das relações laborais ora instituídas. A deontologia significa “Teoria do Dever”, o campo das profissões, a necessidade de constituir códigos de condutas com fundamentos éticos e morais, apontando o cumprimento das atribuições a respeito dessas profissões e a sua importância em determinadas classes profissionais: a Deontologia Jurídica, Médica, Farmacêutica, Contábeis e outras tantas. A Deontologia deve ser entendida como um regramento, um instituto, com princípios e regras de condutas e deveres, com um contexto deontológico próprio, limitando ou seu agir e exercício da profissão Os Códigos de Ética foram criados com a finalidade primordial de se ter uma prestação de serviço plena e confiável no que diz respeito às suas relações pessoais e sociais, sendo inviável sua concretização caso não houvesse a presença marcante da ética e da moral, fundamentais para tal finalidade. “A ética aplicada, sem dúvida, surge de uma derivação da ética geral, ao que se dedicou toda a primeira parte desta obra. Por sua vez, a ética profissional se destaca de dentro da ética aplicada como um ramo específico relacionado aos mandamentos basilares das relações laborais.” (Bittar, Eduardo C.B., 15ª edição, Saraiva, fls. 403) “Deve-se, no entanto, advertir que a ética profissional, na verdade, quando regulamentada, deixa de ter seu conteúdo de espontaneidade, que é o que caracteriza a ética. A ética profissional passa a ser, desde sua regulamentação, um conjunto de prescrições de conduta. Deixam, portanto, de ser normas puramente éticas, para ser normas jurídicas de direito administrativo, das quais, pelo descumprimento de seus mandamentos, decorrem sanções administrativas (advertência, suspensão, perda do cargo...). Nesse contexto, as infrações éticas acabam se equiparando, ou sendo tratadas igualmente, às demais infrações funcionais.” (Bittar, Eduardo C.B., 15ª edição, Saraiva, fls. 407/408) A DEONTOLOGIA JURÍDICA- O professor Luiz Lima Langaro (2008, p. 152), conceitua a deontologia jurídica: "Podemos, então, dizer que, etimologicamente, o conceito de deontologia é a "ciência dos deveres" ou simplesmente "tratado de deveres". Consequentemente, Deontologia Jurídica é a disciplina que trata dos deveres e dos direitos dos agentes que lidam com o Direito, isto é, dos advogados, dos juízes e dos promotores de justiça, e de seus fundamentos éticos e legais." Assevera, assim, Nalini (2009, p. 135), com as palavras de Manuel Santaella López (1992): "... a deontologia jurídica há de compreender e sistematizar, inspirada em uma ética profissional, o status dos distintos profissionais e seus deveres específicos que dimanam das disposições legais e das regulações deontológicas, aplicadas à luz dos critérios e valores previamente decantados pela ética profissional. Por isso, há que distinguir os princípios deontológicos de caráter universal (probidade, desinteresse, decoro) e os que resultam vinculados a cada profissão jurídica em particular: a independência e imparcialidade do juiz, a liberdade no exercício profissional da advocacia, a promoção da justiça e a legalidade cujo desenvolvimento corresponde ao Ministério Público etc." Princípio fundamental da deontologia forense: consciência do profissional do Direito que ele possui uma grande responsabilidade, aplicando a lei no caso concreto, da forma mais correta e efetiva, sendo, ainda primordial, que o profissional atue com zelo aos princípios e valores sociais devendo impor comportamentos voltados para as mudanças e avanços que a sociedade lhe propõe, sempre atuando em respeito à ciência, com consciência perante seus colegas e jurisdicionados, aliado, a todo esse contexto, os princípios da dignidade, decoro profissional, amplo coleguismo, correção profissional, fidelidade, confiança entre outras tantas exigências. "O homem pelo Direito, adquire uma inserção no processo social e adquire uma consciência aguda da transformação da comunidade. Não é ele apenas o técnico do Direito, quando tem vocação deontológica. O Direito não se exaure como função técnica, porque se completa deontologicamente. E essa auto-consciência reflexa não é uma imposição profissional, e sim algo além do pragmatismo jurídico, um privilégio de quem tem algo a dar à humanidade."(professor Silvio de Macedo, 1982) A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA PROFISSIONAL NO EXERCÍCIO DOS OPERADORES DO DIREITO- JUIZ Ao juiz, magistrado, sem dúvida alguma, função primordial do poder judiciário, deve sempre pautar sua conduta com base na deontologia jurídica, pois a ele cabe o julgamento de processos onde, sem dúvida alguma, estarão em jogo interesse de um particular, com urgências e necessidades, envolvendo, muitas das vezes, casos de vida ou morte, atos urgentes, inadiáveis, etc... Deve agir com equidade e equidistante, mas norteando suas decisões com base na deontologia, decidindo da melhor forma de interesse para as partes envolvidas, não deixando sem resposta aquele que se socorre do Judiciário. PROMOTOR PÚBLICO O Promotor de Justiça, importante atuação, com probidade, uma vez que este desempenha a função primordial de fiscalização na execução da lei, atuando primordialmente com lealdade, transparência conforme o que estabelece a Constituição Federal firmemente presente no ordenamento jurídico, em relação aos seus colegas de atividade jurídica, ou seja, os juízes, advogados, defensores públicos (assistência aos hipossuficientes carentes de recursos financeiros para contratar advogado particular). ADVOGADO O advogado é indispensável a administração da Justiça. A função social do advogado ocorre prestando concretamente o seu papel jurídico, de forma consciente, nas fontes, nas leis e nos princípios jurídicos existentes, buscando atender aos direitos fundamentais previstos na Carta Magna inerentes a todos os cidadãos. O professor Sílvio de Macedo (1982, p.164) ressalta: “Com essa consciência deontológica, o Jurista não respeita tabus, nem preconceitos. É uma força inteligente em ação, a serviço da transformação da sociedade.” ‘O artigo 133 reconhece que o exercício da advocacia é fundamental para a prestação jurisdicional, uma vez que cabe ao advogado postular em favor do cidadão, que desconhece o arcabouço jurídico, mas que busca no advogado o mediador que se manifestará em seu nome e lutará pelo reconhecimento de seus direitos em juízo.” (MARCOS DA COSTA, FEV. de 2013, Consultor Jurídico) Atuará, portanto, o advogado, de forma ética, buscando por todos os meios jurídicos possíveis assegurar os direitos do seu cliente, sendo presença indispensávelna angularização processual (Estado-juiz, advogado e parte). O Código de Ética e Disciplina da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em seu Capítulo I “Das Regras Deontológicas Fundamentais”, no seu artigo 2º dispõe: Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce. Parágrafo único. São deveres do advogado: I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III – velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;" SERVIDOR PÚBLICO CIVIL CÓDIGO DE ÉTICA Com a intenção de disciplinar os degraus da carreira pública, estabeleceu-se requisitos impostos pela ética profissional, sendo que tal ascensão por mérito nas carreiras públicas será sempre avaliada pela eficiência funcional, atos praticados de forma tempestiva, pela sua conduta priorizando a urbanidade com o público, zelo, produtividade e ética, evitando-se, assim, dificultar a escalada na carreira pública para aqueles que, de uma forma ou outra, cometem infrações perante a ética profissional. Essas diretrizes e normas estão contidas no Decreto 1.171, de 22.06.1994, que aprovou o CODIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL, com regras Deontológicas expressas no seu texto. ATENÇÃO – PESQUISA OBJETO DO SABER ÉTICO E O DIREITO DIREITO E MORAL