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Nome: Matrícula: Polo: AP 1 ( X ) AP 2 ( ) AP 3 ( ) AP-E ( ) - 2024/1 DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CÓDIGO: EAD08136 Coordenação: Liliane Corrêa Neves Moura Tutoras: Nanci Egert Prova com consulta de material impresso: ( ) Sim ( x ) Não Neste gabarito estão algumas possibilidades de respostas e indicações de aspectos importantes que deveriam estar contidos nas respostas. Porém, as respostas são pessoais e assim foram avaliadas. Orientações - Esta Avaliação Presencial contempla as aulas de 1 a 4. Confira este caderno de questões e a pontuação atribuída a cada uma delas. - Leia com atenção cada enunciado e desenvolva suas respostas com clareza, coerência, dialogando com o conteúdo estudado (aspectos teórico-metodológicos da disciplina) e com posicionamento próprio e crítico acerca das questões lançadas nesta avaliação. - A prova deve ser respondida exclusivamente neste caderno de provas e escrita com caneta azul ou preta. Permitimos rasuras e o uso de corretor (ex.: liquid paper), desde que não prejudiquem a legibilidade do texto. 1ª Questão: (valor: 4,0) No Módulo 1 e 2 estudamos sobre a Literatura e o Leitor e neles assistimos a dois filmes que dialogam sobre como a Literatura altera a vida e a visão de mundo dos leitores. Leia esses 2 diálogos retirados do filme Balzac e a costureirinha chinesa e a tirinha. Em seguida, escreva um texto rememorando a sua própria formação como leitor/a. É importante que no texto você estabeleça relações e um diálogo crítico com os trechos do filme e a tirinha. Após ler o livro do Balzac, os amigos Luo e Ma conversam: -Terminei. Sua vez. -O que achou? -Incrível. -Sinto que… o mundo mudou. O céu, as estrelas, os sons, a luz, até o cheiro dos porcos. Tudo mudou. Úrsula Mirouet! ***************************** Em outro trecho o avô da costureirinha diz ao observar a mudança de comportamento da neta: -Temi por ela, que minhas mãos tremeram. Às vezes um livro, pode afetar sua vida inteira. ****************************** Nesta questão é importante que o estudante traga a sua formação como leitor em diálogo com os trechos do filme e a tirinha. Que no seu texto possa perceber a leitura como uma atividade que provoca a reflexão, que não é salvadora e nem redentora, mas provoca novas visões de mundo, o que amplia a capacidade humana de ver e perceber diferentes perspectivas. Na tirinha é importante destacar que o personagem não quer parar de ler porque a leitura é algo ruim, e sim que ela desestabilizou seus sentidos. Assim como no filme, em que os sentidos produzidos por aquele grupo de pessoas foram ampliados com a chegada da leitura e dos leitores; os que chegaram nas montanhas também foram alterados. A leitura provoca diálogos, a partir dela temos acesso a diferentes perspectivas. 2ª Questão: (valor: 3,0 ) Leia os textos abaixo com bastante atenção. O primeiro é de Guimarães Rosa e o segundo de Alfredo Bosi. Texto 1 FITA VERDE NO CABELO Guimarães Rosa (nova velha história) Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo. Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. Daí que indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela mesma, era quem se dizia: Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou. A aldeia e a casa esperando-a, acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente vê que não são. E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra, também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente. Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela toque, toque, toque, bateu: - Quem é? - Sou eu... - e Fita-Verde descansou a voz. - Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com fita verde do cabelo, que a mamãe me mandou. Vai, a avó, difícil disse: - Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe. Fita-Verde assim, fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: - Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo. Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou: - Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes! - É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta - a avó murmurou. - Vovozinha, mas que lábios, ai, tão arroxeados! - É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta... - a avó suspirou. - Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido? - É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... - a avó ainda gemeu. Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: - Vovozinha, eu tenho medo do Lobo! Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo. (ROSA, Guimarães - Fita Verde no Cabelo, Ed. José Olympio.) Texto 2 (...) A obra de Guimarães Rosa é um desafio à narração convencional porque seus processos mais constantes pertencem às esferas do poético e do mítico. Para compreendê- la em toda a sua riqueza é preciso repensar essas dimensões da cultura(...) tal como se articulam no mundo da linguagem. (BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Cultriz. 2 ed. 10ª impressão. São Paulo. MCMLXXIX, p. 487) Elabore um texto articulando o conto de Rosa e a análise de Bosi, citando, pelo menos, três exemplos. A intertextualidade é um elemento importante nesta análise. Nesta questão é importante que a reposta aborde a compreensão deste elemento da linguagem literária, pois ele conecta as obras literárias e torna possível uma sistemática, afirmando que uma obra artística não é criada sem conexões, mas ela entra na cultura através de suas conexões, como resposta à enunciados anteriores. Bosi aponta que Guimarães Rosa, em suas obras, demonstra o bom manejo com a língua para que esses elementos sejam percebidos pelo leitor, mas sem perder o tom poético que a Literatura tem. No conto “Fita Verde no Cabelo” a alusão ao conto clássico “Chapeuzinho Vermelho se dá pelos seguintes elementos: - O elemento na cabeça, fita que remete à chapéu; - A cor do elemento de cabeça; - A mãe que a envia com uma cesta à casa da avó; - O lobo que aqui não havia; - Os lenhadores; - A batida na porta e o diálogo com a avó; É possível destacar também a capacidade de Rosa de lidar com a língua destacando os aspectos que pertencem ao poético e ao mítico em trechos como: - “Havia uma aldeia em algum lugar, nemmaior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam”. - “Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo”. - “Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra, também vindo-lhe correndo, em pós”. - “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.” Apesar de fazer referência ao conto Chapeuzinho Vermelho, Rosa traz nova abordagem e novas reflexões no final. O leitor só pode acessar essas relações se tiver tido contato com o conto da Chapeuzinho, assim como aos aspectos referentes ao poético e ao mítico que Bosi aponta. Todas essas relações dialogam com a perspectiva da nossa disciplina “Literatura na Formação do Leitor”, onde buscamos compreender como a ampliação do acesso à Literatura contribui na capacidade de lidar com diferentes opiniões e assim como formamos relações entre os textos lidos. 3ª Questão: (valor: 4,0) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas a seguir e, em seguida, escolha uma opção falsa para ser alterada e reescreva-a de modo que se torne verdadeira. ( V) As formas de agrupamento das obras literárias a que chamamos Literatura Brasileira, que em geral têm um efeito didático, são orientadoras da visão que se vai formando sobre um conjunto geral de obras, de modo a deixar perceber certa organização articulada e coerente. (V) A postura literária do que foi produzido no Brasil em termos de poesia até o século XVIII, foi uma oscilação entre os ditames de acompanhar o que ocorria na realidade e a tendência a encantar-se com os modelos externos. ( V) Por mais que uma obra literária traga imagens precisas sobre quadros da realidade, deixando claros seus pontos de vista, ela sempre, e antes de tudo, é obra de arte literária, obra de imaginação e não tentativa de cópia do real. ( V)A singularidade de cada obra é que ela se pretende obra estética, e suas características são construções de linguagem. (F ) A rima e a métrica são elementos essenciais para o texto dramático. ( V) A sátira tem obrigatoriamente um valor social, por ser usada para criticar instituições políticas, morais, os hábitos e os costumes. ( F) O sentido denotativo ou figurado é aquele que extrapola o sentido primeiro, inicial da palavra num texto. A rima e a métrica são elementos essenciais para o texto poético (ou para a poesia). O sentido conotativo ou figurado é aquele que extrapola o sentido primeiro, inicial da palavra num texto.