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Direito ProCessuaL PeNaL 
Medidas Cautelares Não Prisionais e Liberdade Provisória 
Thiago Pacheco
MEDIDAS CAUMEDIDAS CAUTELARES NÃO PRISIONAIS E TELARES NÃO PRISIONAIS E 
LIBERDADE PROVISÓRIALIBERDADE PROVISÓRIA
1 . iNtroDuÇÃo ao teMa1 . iNtroDuÇÃo ao teMa
As medidas cautelares diversas da prisão e liberdade provisória compõe um importante 
e recorrente tema nos concursos, por serem objetos de ampla aplicação prática em várias 
carreiras jurídicas.
Por isso, você precisa conhecer em detalhes os principais aspectos do tema, e ainda 
dominar aqueles pontos mais explorados pelas bancas de concursos.
A liberdade, como um direito fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, 
deve ser preservada ao máximo, devendo a prisão do cidadão ser sempre a última ratio, ou 
seja, a última opção viável dentre o rol de escolhas disponíveis no caso concreto.
Por outro lado, não se pode deixar de observar a necessária aplicação de medidas, ainda 
que alternativas, que tenham o poder de, efetivamente, evitar danos maiores durante a 
investigação ou até mesmo na condução do processo penal.
Neste sentido, as medidas cautelares surgem como instrumentos que possibilitam 
ao magistrado a escolha por providências mais ajustadas (observando-se cada situação 
concretamente enfrentada) de modo a evitar a própria mácula do processo penal, bem 
como mitigar os riscos de danos ao patrimônio e às pessoas.
Nessa aula/PDF, vamos aprofundar, especificamente, no estudo das medidas cautelares 
diversas da prisão, inclusive a liberdade provisória, como alternativas à prisão, mediante 
requisitos e hipóteses legais, de modo que você compreenda a sua razão de existir, a forma, 
quando e como devem ser aplicadas.
Vamos explorar as alterações promovidas no Código de Processo Penal pela Lei n. 
12.403/2011, e analisaremos à fundo as modalidades de liberdade provisória, com e sem 
fiança, sob a ótica do entendimento dos tribunais e em concomitância quanto à forma 
como esse tema é cobrado pelas bancas nos concursos das principais carreiras jurídicas.
Ao final, como é de praxe, traremos muitas questões para auxiliar na fixação do conteúdo 
e te proporcionar o contato com a forma pela qual a matéria é cobrada nas provas.
Então, vamos nessa?
Concentração a partir de agora!
2 . MeDiDas CauteLares De NatureZa PessoaL 2 . MeDiDas CauteLares De NatureZa PessoaL 
PreVistas No CPPPreVistas No CPP
As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas no art. 319, do Código de 
Processo Penal (CPP), e foram inseridas nesse diploma normativo pela Lei n. 12.403/2011, 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para PAULO SILAS SERAFIM GRIGIO - , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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que ampliou de maneira significativa o rol previsto em lei, com a finalidade de proporcionar 
aos magistrados, alternativas que substituam a prisão com menor dano para a pessoa 
humana, mas com similar garantia da eficácia do processo (BRASILEIRO, 2016).
Assim, o Código de Processo Penal passou a prever 09 (nove) medidas cautelares diversas 
da prisão, conforme podemos observar na leitura do artigo 319 do referido diploma 
normativo:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar 
e justificar atividades; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar 
o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
III – proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas 
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei n. 12.403, 
de 2011).
IV – proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária 
para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
V – recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou 
acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
VI – suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira 
quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela 
Lei n. 12.403, de 2011).
VII – internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave 
ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código 
Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, 
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
(Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
IX – monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 2º (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 3º (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo 
ser cumulada com outras medidas cautelares. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
Importante lembrar que, tendo em vista a sua natureza cautelar, essas medidas não 
possuem efeito automático em mera decorrência da prática de infração penal. A sua 
aplicação deverá sempre ser condicionada aos seguintes requisitos:
• Fumus comissi delicti (indício da autoria e materialidade do crime);
• Pelo menos uma das hipóteses previstas no art. 312 do CPP, que autorizam a prisão 
preventiva.
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Em sua análise cognitiva sobre cada caso, quando o magistrado entender serem cabíveis 
tanto a prisão preventiva quanto uma das medidas cautelares do CPP, de modo a alcançar a 
mesma finalidade, deve optar sempre pela medida menos gravosa, em garantia da liberdade 
do agente.
Em exceção a essa regra, quando a liberdade do agente colocar em risco o próprio 
processo investigativo ou judicial, ou a segurança da sociedade, de modo que as medidas 
cautelares não sejam capazes de evitar, a solução deve ser a prisão cautelar.
2 .1 . roL Das MeDiDas CauteLares DiVersas Da PrisÃo2 .1 . roL Das MeDiDas CauteLares DiVersas Da PrisÃo
Conforme entendimento doutrinário prevalente, o rol do art. 319, do CPP é taxativo, uma 
vez que no Processo Penal, quanto às medidas cautelares, inexiste poder geral de cautela, 
não sendo admissíveis a aplicação de medidas cautelares atípicas. Afinal, considerando-se 
que se cuidam de restrição ao direito de liberdade do cidadão, toda interpretação de norma 
a esse respeito, deve ser de interpretação restritiva.
Sobre o assunto, o STF assentou entendimento de que, diante do postulado da 
constitucionalidade estrita quanto ao processo penal, não há poder geral de cautela dos 
juízes nos casos que tramitem sob essa esfera (Info. 906 e 904). Portanto, entende o rol 
do art. 319, do CPP como taxativo.
O STJ também proferiu entendimento no mesmo sentido, ao afirmar que ao Juiz é 
obstado o emprego de cautelares inominadas que atinjam a liberdade de ir e vir do indivíduo 
(Info. 677).
Conforme previsto no §1º, do art. 319, do CPP, as medidas cautelaresADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/
MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 
(Info 939).
Poder Judiciário pode impor aos parlamentares as medidas cautelares do art. 319 
do CPP, no entanto, a respectiva Casa legislativa pode rejeitá-las (caso Aécio Neves):
JURISPRUDÊNCIA 
O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade 
própria, as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de 
prisão em flagrante delito por crime inafiançável, por constituírem medidas individuais 
e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional 
gravidade.
No caso de Deputados Federais e Senadores, a competência para impor tais medidas 
cautelares é do STF (art. 102, I, “b” da CF/88).
Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medida cautelar imposta pelo STF 
impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador exerça o 
seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo 
de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva 
Casa delibere se a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida.
Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas 
cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, 
direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, 
neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que 
havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 
53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 
5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 11/10/2017 (Info 881).
É cabível RESE contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. As 
hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581 do CPP são:
• exaustivas (taxativas);
• admitem interpretação extensiva;
• não admitem interpretação analógica.
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aa decisãodecisão dodo juizjuiz queque revogarevoga aa medidamedida cautelarcautelar diversadiversa dada prisãoprisão dede comparecimentocomparecimento 
periódicoperiódico emem juízojuízo (art .(art . 319319,, i,i, dodo CPP)CPP) podepode serser impugnadaimpugnada porpor meiomeio dede rese?rese?
SIM, com base na interpretação extensiva do art. 581, V do CPP.
JURISPRUDÊNCIA 
O inciso V expressamente permite RESE contra a decisão do juiz que revogar prisão 
preventiva. Esta decisão é similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão. 
Logo, permite-se a interpretação extensiva neste caso. Em suma: é cabível recurso 
em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. STJ. 
6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 
(Info 596).
3 . LiBerDaDe ProVisÓria3 . LiBerDaDe ProVisÓria
A liberdade provisória tem seu fundamento na Constituição Federal de 1988, 
notadamente em seu art. 5º, inciso LXVI:
Art. 5º, LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança.
Pautada no princípio da presunção da inocência, a liberdade provisória é direito subjetivo 
do cidadão perante o Estado, devendo ser entendida como medida de contracautela. Afinal, 
em regra, determinado acusado deve ser colocado em liberdade sempre que a lei autorizar.
A prisão configura-se como medida excepcional.
Com o advento da Lei n. 12.403/2011, que alterou o Código de Processo Penal, a liberdade 
provisória passou a ser também adotada como providência cautelar autônoma, prevista 
nos artigos 321 e seguintes, combinada com uma ou mais medidas cautelares diversas da 
prisão, previstas no art. 319.
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá 
conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
Portanto, podemos afirmar que a aplicação da liberdade provisória pode se dar de 2 
(duas) formas:
• Poderá o juiz condicionar a liberdade do acusado ao cumprimento de uma das medidas 
elencadas no art. 319 do CPP, sob pena de decretar prisão preventiva, seja a prisão 
preventiva originária (art. 311 do CPP), ou a prisão preventiva como sanção processual, 
com fundamento na insuficiência da medida menos gravosa, se for o caso.
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• Poderá o juiz substituir a prisão em flagrante, a preventiva ou a temporária, por uma 
das medidas cautelares diversas da prisão – art. 319 do CPP – a fim de evitar a última 
ratio, que é a prisão, mas desde que essa medida seja igualmente eficaz e idônea para 
alcançar os mesmos fins, mas de maneira menos prejudicial ao acusado.
3 .1 . LiBerDaDe ProVisÓria X reLaXaMeNto Da PrisÃo X reVoGaÇÃo 3 .1 . LiBerDaDe ProVisÓria X reLaXaMeNto Da PrisÃo X reVoGaÇÃo 
Da PrisÃo CauteLarDa PrisÃo CauteLar
Antes de aprofundarmos na matéria atinente à liberdade provisória, necessário tecer 
distinção entre os institutos que levam à liberdade do acusado, diferenciando-os de acordo 
com a classificação e as características da prisão realizada.
RELAXAMENTO DA 
PRISÃO
REVOGAÇÃO DA PRISÃO LIBERDADE PROVISÓRIA
Previsão legal Art. 5º, LXV, CF/88 Art. 282, §5º c/c 316, CPP
Art. 5º, LXVI, CF/88
Art. 321 e seguintes, 
do CPP
Quando 
acontece
Quando a prisão 
realizada é eivada de 
ilegalidade
Quando a prisão é legal, 
mas desnecessária, por não 
subsistirem os motivos que 
a legitimaram. Aplica-se 
á prisão preventiva e à 
temporária*.
Quando há prisão em legal, 
mas desnecessária. Após 
a Lei n. 12.403/11, passou 
a ser cabível em face de 
qualquer prisão.**
Natureza 
jurídica
Medida de urgência 
baseada no poder de 
polícia da autoridade 
judiciária.
Medida de urgência baseada 
no poder de polícia da 
autoridade judiciária.
Medida de contracautela e 
medida cautelar autônoma, 
que pode ser aplicada 
combinada com medidas 
cautelares diversas da 
prisão (art. 321, CPP)
Consequências
Restituição da liberdade 
plena. Se presentes o 
fumus comissi delicti e 
o periculum libertatis, é 
possível a imposição de 
medidas cautelares.
Restituição da liberdade 
plena. Mas se presentes 
o fumus comissi delicti e 
o periculum libertatis, é 
possível a imposição de 
medidas cautelares diversas 
da prisão.
Restituição da liberdade 
plena com vinculação.
Exemplo
Prisão em flagrante 
ilegal, ou sem ter 
ocorrido o delito
Prisão preventiva decretada 
a fim de garantir a instrução 
criminal, já tendo sido 
realizados todos os atos 
instrutórios.
Prisão em flagrante, mas 
em relação a situação que 
não cumpre os requisitos 
de prisão provisória.
*só podem ser revogadas a prisão temporária e a preventiva, visto que somente podem ser decretadas pela 
autoridade judiciária. A competência para revogar recai originalmente sobre o órgão jurisdicional que a decretou.
** a liberdade provisória pode ser concedida tanto pela autoridadepolicial, quanto pela judiciária.
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3 .2 . LiBerDaDe ProVisÓria seM FiaNÇa3 .2 . LiBerDaDe ProVisÓria seM FiaNÇa
A liberdade provisória se dá, basicamente, de duas formas:
• com o pagamento de fiança; ou
• sem o pagamento de fiança.
A liberdade provisória, SEM O PAGAMENTO DE FIANÇA ocorrerá (ou poderia ocorrer) nas 
seguintes situações:
3 .2 .1 . QuaNDo o rÉu se LiVrar soLto
A expressão antes prevista na redação do antigo art. 309, do CPP: “livrar-se solto”, indicava 
a modalidade de prisão que não tinha elementos fáticos e circunstanciais suficientes para 
manter o acusado preso, ou seja, após a lavratura do auto de prisão em flagrante, a própria 
autoridade policial poderia determinar a soltura do acusado, se identificadas uma das 
hipóteses previstas nos incisos do art. 321, do CPP (também revogados pela Lei n. 12.403/11:
Art. 321. Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto, independentemente 
de fiança:
I – no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena 
privativa de liberdade;
II – quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente 
cominada, não exceder a três meses.
Verificadas as hipóteses acima, seria obrigatória a concessão de liberdade provisória 
sem vinculação (sem fixação de qualquer outra obrigação) e sem fiança.
Com o advento da Lei n. 12.403/2011, os incisos do art. 321, do CPP foram expressamente 
revogados e essas hipóteses de concessão de liberdade provisória deixaram de existir.
3 .2 .2 . QuaNDo VeriFiCaDa uMa Das HiPÓteses De Causa eXCLuDeNte De iLiCituDe
Com o advento da Lei n. 13.964/2019 – conhecida como Pacote anticrime – o art. 310, 
§1º, do CPP, passou a prever a possibilidade de concessão de liberdade provisória quando 
o juiz verificar a ocorrência de uma das causas de exclusão de ilicitude:
Art. 310, § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato 
em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei 
n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao 
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os 
atos processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei n. 13.964, 
de 2019)
Código Penal
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
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I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso 
doloso ou culposo.
Nesses casos, a concessão da liberdade provisória será concedida pela autoridade 
judiciária, sendo cabível em relação a crimes afiançáveis e também inafiançáveis. Além 
disso, não se exige certeza da existência das excludentes de ilicitude, mas apenas indícios.
Observe-se que a condição da concessão da liberdade provisória ficará vinculada à 
assinatura pelo acusado, de termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob 
pena de revogação.
Parte da doutrina realiza interpretação extensiva a fim de admitir a aplicação dessa hipótese 
de concessão de liberdade provisória também nos casos de exclusão de culpabilidade e 
punibilidade, em que pese o art. 310, § único ser silente quanto a esses casos.
3 .2 .3 . QuaNDo auseNtes os reQuisitos Que autoriZaM a DeCretaÇÃo Da PrisÃo 
PreVeNtiVa
Após a reforma do Código de Processo Penal, com o advento da Lei n. 12.403/2011, o 
art. 321 passou a prever que não existindo o periculum libertatis, é permitida a liberdade 
provisória, inclusive sem fiança:
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá 
conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 
319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
Essa hipótese de concessão de liberdade provisória poderá ser decretada de ofício ou 
mediante provocação do juiz, com prévia oitiva do representante do Ministério Público.
A liberdade provisória poderá ser concedida cumulativamente com outras medidas 
cautelares diversas da prisão – art. 319, do CPP, quando tais medidas sejam suficientes 
para produzir o mesmo resultado que a prisão preventiva.
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3 .2 .4 . QuaNDo o rÉu NÃo PuDer arCar CoM o VaLor Da FiaNÇa Por MotiVo De 
PoBreZa
De acordo com a redação do art. 350, caput, do CPP (após reforma da Lei n. 12.403/2011) 
nos casos em que couber fiança, mas o magistrando, ao analisar a situação econômica 
do acusado e verificar a sua incapacidade para o pagamento do valor cominado, poderá 
conceder-lhe liberdade provisória sem fiança, mas sujeitando-o a outras medidas cautelares, 
se for o caso, e à observância dos artigos 327 e 328, do CPP:
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, 
todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. 
Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, 
sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de 
sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
Portanto, cuida-se de liberdade provisória com vinculação e, caso o beneficiário 
descumpra as obrigações fixadas, sem motivo justo, deverá ser aplicado o previsto no art. 
282, §4º, do CPP:
Art. 282, § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante 
requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos 
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
Essa hipótese de concessão de liberdade provisória (por pobreza do acusado) só será 
aplicada se a incapacidade financeira do réu for impeditivo para o pagamento da fiança. Se 
a sua pobreza apenas dificultar o pagamento, o juiz ou delegado de polícia deverá (direito 
subjetivo do agente) reduzir o valor da fiança em até 2/3, conforme previsão do art. 325, 
§1º, inciso II, do CPP:
Art. 325, § 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: (Redação 
dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
III – aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
Em razão da Covid-19, o STJ determinou a soltura de todos os presos que tiveram 
a liberdadeprovisória condicionada ao pagamento de fiança:
JURISPRUDÊNCIA 
Em razão da pandemia de covid-19, concede-se a ordem para a soltura de todos os 
presos a quem foi deferida liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança 
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e que ainda se encontram submetidos à privação cautelar em razão do não pagamento 
do valor. Não se mostra proporcional, neste período de pandemia, a manutenção dos 
réus na prisão, tão somente em razão do não pagamento da fiança, visto que os casos 
– notoriamente de menor gravidade – não revelam a excepcionalidade imprescindível 
para o decreto preventivo. STJ. 3ª Seção. HC 568693-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 14/10/2020 (Info 681).
Concessão de liberdade provisória sem fiança a flagranteado assistido pela 
Defensoria Pública:
JURISPRUDÊNCIA 
O indivíduo foi preso em flagrante. O magistrado concedeu liberdade provisória com 
a fixação de 2 salários-mínimos de fiança. Como não foi paga a fiança, o indivíduo 
permaneceu preso. A Defensoria Pública impetrou habeas corpus e o STF deferiu a 
liberdade provisória em favor do paciente com dispensa do pagamento de fiança. Os 
Ministros afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedição do 
alvará de soltura ao recolhimento da fiança. Segundo entendeu o STF, o réu não tinha 
condições financeiras de arcar com o valor da fiança, o que se poderia presumir pelo 
fato de ser assistido pela Defensoria Pública, o que pressuporia sua hipossuficiência. 
Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e não tendo o preso 
condições de pagar a fiança, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão 
cautelar. STF. 1ª Turma. HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/9/2015 
(Info 800).
Afigura-se irrazoável manter o réu preso cautelarmente apenas em razão do não 
pagamento de fiança, mormente porque já reconhecida a possibilidade de concessão 
da liberdade provisória. Paciente assistido pela Defensoria Pública, portanto 
presumidamente pobre, sem condições de custear o pagamento. (STJ. 6ª Turma. HC 
582.581, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/02/2021).
3 .2 .5 . QuaNDo a iNFraÇÃo For De MeNor PoteNCiaL oFeNsiVo e o aGeNte 
CoMPareCer iMeDiataMeNte ao JeCriM ou se CoMProMeter ao CoMPareCiMeNto
Tal hipótese de concessão de liberdade provisória tem previsão no art. 69, parágrafo 
único, da Lei n. 9.099/1995:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado 
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se 
as requisições dos exames periciais necessários.
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Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente 
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá 
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá 
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência 
com a vítima. (Redação dada pela Lei n. 10.455, de 13.5.2002)
Cuida-se, portanto, de hipótese de concessão de liberdade provisória com vinculação, 
visto que o acusado terá o dever de comparecer ao Juizado Especial Criminal. Porém, se 
não comparecer, poderá prestar fiança (quando couber).
Nos crimes acerca de violência doméstica ou familiar contra a mulher – Lei Maria da Penha 
n. 11.340/06 – não se aplica o disposto na Lei n. 9.099/95, devendo ser lavrado auto de 
prisão em flagrante delito e determinada a prisão do acusado.
3.2.6. NOS CASOS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO EM QUE O AGENTE PRESTAR SOCORRO
A Lei n. 9.503/1997, Código de Trânsito Brasileiro, prevê em seu art. 301, a seguinte 
hipótese de liberdade provisória obrigatória e sem vinculação, desde que haja a prestação 
de socorro integral à vítima:
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de sinistros de trânsito que resultem em vítima, não 
se imporá a prisão em flagrante nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro 
àquela. (Redação dada pela Lei n. 14.599, de 2023)
3.2.7. NOS CASOS DE USO DE ENTORPECENTES – LEI N. 11.343/2006
O usuário de drogas não será preso em qualquer hipótese, mesmo que não cumpra o 
compromisso de comparecer ao Juizado Especial Criminal, conforme prevê o art. 48, da Lei 
de Drogas n. 11.343/2006, sendo essa uma hipótese de concessão de liberdade provisória 
obrigatória e sem vinculação:
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo 
disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo 
Penal e da Lei de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso 
com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos 
arts. 60 e seguintes da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados 
Especiais Criminais.
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, 
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta 
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deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e 
providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão 
tomadas de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção 
do agente. (Vide ADIN 3807)
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o agente será submetido 
a exame de corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender 
conveniente, e em seguida liberado.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei n. 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados 
Especiais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista 
no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
Contra decisão que concede liberdade provisória sem fiança caberá recurso em sentido 
estrito (art. 581, V, do CPP). Contudo, da decisão que indefere essa modalidade de liberdade 
provisória, não cabe recurso, mas a doutrina entender ser cabível HC.
3 .3 . LiBerDaDe ProVisÓria CoM FiaNÇa3 .3 . LiBerDaDe ProVisÓria CoM FiaNÇa
A fiança é uma garantia real, consistente no pagamento em dinheiro ou na entrega de 
valores ao Estado, para assegurar o direito de permanecer em liberdade, no transcurso de 
um processo criminal.
De acordo com o Código de Processo Penal, a fiança pode ser conceituada como uma 
caução real destinada a garantir o cumprimento das obrigações processuais do réu, com 
dupla finalidade:
• Assegurar a liberdade provisória do acusado, durante o inquérito ou o processo 
criminal, desde que preenchidas determinadas condições;
• Possibilitar o pagamento das custas processuais(quando houver), da indenização 
do dano causado pelo crime (se existente), da prestação pecuniária e da multa (se 
forem aplicadas) se o réu for condenado, conforme art. 336, do CPP:
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da 
indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação 
dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição depois da sentença 
condenatória (art. 110 do Código Penal). (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
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3 .3 .1 . ForMas De PrestaÇÃo Da FiaNÇa
Consoante o art. 330, do CPP, a fiança poderá ser prestada por depósito ou por hipoteca, 
desde que inscrita em primeiro lugar.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos 
ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca 
inscrita em primeiro lugar.
§ 1º A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita imediatamente 
por perito nomeado pela autoridade.
§ 2º Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado 
pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
O depósito pode ser em dinheiro, pedras, objetos os metais preciosos, e títulos da dívida 
federal, estadual ou municipal. Já os bens dados em hipoteca são aqueles definidos no art. 
1.473, do Código Civil.
Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:
I – os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;
II – o domínio direto;
III – o domínio útil;
IV – as estradas de ferro;
V – os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;
VI – os navios;
VII – as aeronaves.
VIII – o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007)
IX – o direito real de uso; (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007)
X – a propriedade superficiária; (Redação dada pela Lei n. 14.620, de 2023)
XI – os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e a respectiva cessão e 
promessa de cessão. (Incluído pela Lei n. 14.620, de 2023)
§ 1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. (Renumerado 
do parágrafo único pela Lei n. 11.481, de 2007)
§ 2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput deste artigo 
ficam limitados à duração da concessão ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos 
por período determinado. (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007)
Pode-se dizer que, após a Lei n. 12.403/2011, a liberdade provisória com fiança deixa 
de ser apenas uma medida de contracautela e passa a funcionar também como medida 
cautelar autônoma, a ser determinada pelo juiz nas infrações que admitem a fiança.
A finalidade dessa hipótese de liberdade provisória tem a função de assegurar o 
comparecimento do acusado aos atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento 
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ou em caso de resistência injustificada da ordem judicial, além da finalidade de garantir o 
pagamento das custas, multa e indenização do crime.
Ademais, em tese, teria o acusado interesse em cumprir as obrigações, pois somente 
assim terá a devolução da fiança como caução, em caso de condenação.
3 .3 .2 . NatureZa JurÍDiCa Da LiBerDaDe ProVisÓria CoM FiaNÇa
A liberdade provisória com fiança é direito subjetivo constitucional do acusado, a 
fim de que, mediante caução e cumprimento de certas obrigações, possa permanecer em 
liberdade até a sentença irrecorrível.
O fundamento para tal medida encontra amparo na Constituição Federal, no seu 
art. 5º, LXVI:
Art. 5º, LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela será mantido quando a lei admitir a liberdade 
provisória com ou sem fiança”.
Demais disso, configura-se constrangimento ilegal à liberdade de locomoção quando 
for negado direito ao pagamento de fiança nos casos em que a lei permitir.
De acordo com o art. 334, do CPP, a fiança poderá ser concedida em qualquer momento, 
enquanto não houver o trânsito em julgado de sentença condenatória.
Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença 
condenatória. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
A concessão da fiança poderá ser realizada independentemente de prévia oitiva do 
Ministério Público, que terá vista do processo em seguida, podendo interpor recurso em 
sentido estrito, quando discordar da decisão.
3 .3 .3 . CoNCessÃo Da FiaNÇa PeLa autoriDaDe PoLiCiaL
Após o advento da Lei n. 12.403/2011, a autoridade policial passou a ter a atribuição 
para conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não 
ultrapasse 4 (quatro) anos.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei n. 
12.403, de 2011).
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Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta 
e oito) horas.
Ademais, caso a autoridade policial não a conceda ou demore, o preso, ou alguém em 
representação a ele, poderá apresentar requerimento a juiz competente, que o analisará 
em 48 (quarenta e oito horas), sob pena de impetração de habeas corpus.
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém 
por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá 
em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Nos casos de prisão em flagrante, a autoridade policial com atribuição para arbitrar a 
fiança é aquela que presidir a lavratura do auto, mesmo que o processo tramite em outra 
comarca posteriormente.
Em casos de prisão por mandado, pelo juiz que o expediu, ou pela autoridade judiciária ou 
policial a quem tiver sido requisitada a prisão.
Em processos de competência originária dos tribunais, a competência será do Relator.
Nos casos em que for cabível a fiança, mas a autoridade a denegar, poderá responder 
por abuso de autoridade, porque manterá o acusado preso desnecessariamente, de acordo 
com a Lei n. 13.869/2019 – Lei de abuso de autoridade.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as 
hipóteses legais:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, 
deixar de:
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade 
provisória, quando manifestamente cabível;
III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus,quando manifestamente cabível.
Se denegada a fiança indevidamente, será gerado constrangimento ilegal à liberdade de 
locomoção, passível de habeas corpus.
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3 .3 .4 . VaLor Da FiaNÇa
O art. 325, do CPP, com redação conferida pela Lei n. 12.403/2011, estabeleceu parâmetros 
mínimos e máximos do valor da fiança a serem observados pela autoridade que a conceder:
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites: 
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
a) (revogada); (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
b) (revogada); (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
c) (revogada). (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa 
de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; (Incluído pela Lei n. 12.403, 
de 2011).
II – de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de 
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: (Redação dada 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
III – aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
Importante observar ainda que, ao fixar a fiança, a autoridade deverá observar a 
situação econômica do acusado, para que possa reduzir ou aumentar seu valor.
Demais disso, o art. 326, do CPP, prevê os critérios a serem observados pela autoridade 
quando da fixação do valor da fiança, sempre dentro da análise do caso concreto:
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza 
da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias 
indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, 
até final julgamento.
A redução e o aumento do valor da fiança poderão ser realizados tanto pelo juiz, quanto 
pela autoridade policial, uma vez que o art. 325, §1º do CPP, deixou de prever especificidade 
a esse respeito, no que diz aos poderes da autoridade policial para tanto. Contudo, vale 
lembrar que a autoridade policial somente poderá fixar fiança nos casos de infrações cuja 
pena privativa de liberdade máxima não ultrapasse a 4 (quatro) anos.
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3 .3 .5 . Das HiPÓteses Que VeDaM a FiaNÇa
Os artigos 323 e 324, do CPP preveem os crimes inafiançáveis, gerando uma séria 
contradição no sistema processual brasileiro, uma vez que, em regra, os crimes inafiançáveis 
admitem liberdade provisória sem fiança, por força do previsto no art. 321, do CPP.
Assim, nesses casos, pode ser admitida a liberdade provisória, ainda que sem fiança, 
passível de cumulação com outras medidas cautelares diversas da prisão, previstas no art. 
319, do CPP.
Observe-se o disposto no art. 323, do CPP, cujas hipóteses de vedação de fiança guardam 
relação direta com o previsto no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV, da CF/88:
Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos 
definidos como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional 
e o Estado Democrático; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
IV – revogado;
V – revogado;
Na mesma esteira, o art. 324, do CPP traz previsão expressa aos demais casos nos quais 
não será concedida a fiança:
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, 
sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; 
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – em caso de prisão civil ou militar; (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
III – revogado
IV – quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). 
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Quanto a esse dispositivo, vale destacar que o art. 341, do CPP traz a definição de 
quando será considerada quebrada a fiança, um dos motivos para que ela deixe de ser 
concedida novamente no mesmo processo:
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Redação dada pela Lei n. 12.403, 
de 2011).
I – regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; (Incluído 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
II – deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; (Incluído pela Lei n. 
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III – descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; (Incluído pela Lei n. 
12.403, de 2011).
IV – resistir injustificadamente a ordem judicial; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
V – praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
Ainda quanto ao quebramento da fiança, vale dizer que, se realizado injustificadamente, 
importará na perda da metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de 
outras medidas cautelares, ou a decretação da prisão preventiva. Antes de decretar o 
quebramento, o magistrado poderá intimar a parte para se justificar, consoante o previsto 
no art. 282, §3º, do CPP:
Art. 282, § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, 
ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se 
manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças 
necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão 
ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que 
justifiquem essa medida excepcional. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
Também não será concedida a fiança àqueles que, sem justo motivo, tiverem infringido 
qualquer das obrigações previstas nos artigos 327 e 328, do CPP:
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, 
todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. 
Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, 
sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de 
sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
Quanto ao previsto nos artigos327 e 328, afirme-se que se cuidam de condições da 
concessão da liberdade provisória mediante fiança, que deverão ser estritamente observadas 
pelo acusado.
Por fim, nos casos em que presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão 
preventiva (art. 312 e 313, do CPP) e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas 
cautelares diversas da prisão, o magistrado deverá converter a prisão em flagrante, em 
preventiva.
3 .3 .6 . DeMais Casos Nos Quais NÃo se aDMite FiaNÇa
Contravenções penais previstas nos artigos 45 a 49 e 58, do Decreto-Lei n. 6.259/1944, 
que dispõe sobre os serviços de loteria (incluindo o jogo do bicho e apostas de corridas de 
cavalo fora do hipódromo.
Código de Trânsito Brasileiro – Lei n. 9.503/97 – art. 301:
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Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de sinistros de trânsito que resultem em vítima, 
não se imporá a prisão em flagrante nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro 
àquela. (Redação dada pela Lei n. 14.599, de 2023)
Lei dos Juizados Especiais – Lei 9.099/1995 – nos casos de infrações penais com pena 
privativa de liberdade menor que 2 (dois) anos e todas as demais contravenções penais, 
sob a competência do Juizado Especial Criminal, mediante as circunstâncias previstas no 
art. 69 da norma:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado 
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se 
as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado 
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, 
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida 
de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006 – veda a prisão em flagrante para os casos de infração 
penal de uso de entorpecentes em qualquer situação.
Art. 48, § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em 
flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, 
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado 
e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão tomadas 
de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
Em relação aos crimes hediondos e equiparados, previstos na Lei n. 8.072/1990, há vedação 
expressa nesta lei, bem como na Constituição Federal de 1988 – art. 5º, inciso XLIII – a 
respeito do não cabimento de fiança.
Contudo, em relação ao cabimento da liberdade provisória, com o advento da Lei n. 
11.464/2007, foi revogada a proibição da sua concessão, como desdobramento natural do 
entendimento que vinha sendo adotado pelos Tribunais Superiores. Dessa forma, passou-
se a permitir, legalmente, a concessão de liberdade provisória sem fiança.
Por outro lado, vale destacar que isso não significa que todos os crimes previstos na 
Lei n. 8.072/1990 serão passíveis de liberdade provisória. Deverá o magistrado, em cada 
caso, avaliar, de forma fundamentada, a imprescindibilidade da prisão cautelar do acusado, 
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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e avaliar a possibilidade de conceder a liberdade provisória cumulativamente com outras 
medidas cautelares diversas da prisão, de modo que a sua gravidade e restrição de direitos 
seja compatível com a gravidade do crime, em atenção ao princípio da isonomia.
3 .3 .7 . FiaNÇa DeFiNitiVa
Conforme o previsto no art. 330 do CPP, a fiança será sempre definitiva, podendo ser 
reforçada nas hipóteses do art. 340, do CPP.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos 
ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca 
inscrita em primeiro lugar.
§ 1º A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita imediatamente 
por perito nomeado pela autoridade.
§ 2º Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado 
pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
I – quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
II – quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, 
ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
III – quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na conformidade 
deste artigo, não for reforçada.
Será fornecida em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da 
dívida pública federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
Caso necessária a sua execução, deverá ser promovida pelo Ministério Público, no 
juízo cível.
Ressalte-se que, na liberdade provisória com fiança, o Órgão Ministerial somente será 
ouvido após a concessão da fiança, quando poderá pugnar pelo seu reforço ou oferecer 
recurso em sentido estrito contra a concessão.
3 .3 .8 . PerDa Da FiaNÇa
Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, caso o condenado frustrar a 
efetivação da punição, esquivando-se da apresentação à prisão, fugindo para não ser 
encontrado e preso, será perdida a fiança na sua totalidade.
Deduzidos os valores atinentes às custas, indenização do dano, prestação pecuniária e 
multa, o que restar será destinado ao erário federal.
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não 
se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
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Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos a que o 
acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada 
pela Lei n. 12.403, de 2011).
Da decisão que decreta a perda da fiança (privativa do magistrado) cabe RESE, dotado de 
efeito suspensivo quanto à destinação do valor remanescente (art. 581, VII, CPP). Porém, 
se a decisão de perdimento for decretada pelo juízo da execução, ou seja, após o trânsito 
em julgado da sentença condenatória, será cabível o agravo em execução (art. 197, Lei de 
Execução Penal).
3 .3 .9 . CassaÇÃo Da FiaNÇa
A fiança será cassada em qualquer fase do processo, nas seguintes hipóteses:
• Quando concedida por equívoco – exemplo: autoridade policial concede fiança em 
relação a delito com pena máxima superior a 4 (quatro) anos. Nesses casos, a autoridade 
judiciária deve determinar a cassação da fiançade ofício ou por provocação.
• Quando ocorrer uma inovação na tipificação do delito, de modo que se reconheça 
uma infração inafiançável.
• Se houver aditamento da denúncia, acarretando a inviabilidade de concessão da fiança, 
por meio de reconhecimento de qualificadora ou concurso de crimes inafiançáveis.
Com relação à fiança cassada pode-se também dizer que foi julgada inidônea ou sem 
efeito. Assim, o valor da caução será devolvido a quem a prestou, cabendo ao magistrado 
avaliar o cabimento de alguma medida cautelar diversa da prisão, ou a imposição da prisão 
preventiva.
A decisão da cassação da fiança comporta RESE, sem efeito suspensivo. Se for provido, 
a fiança será restaurada.
Contudo, se a decisão que cassar a fiança se der em sede de sentença condenatória 
recorrível, o recurso cabível será o de apelação.
3 .3 .10 . reForÇo Da FiaNÇa
O art. 340, do CPP prevê as hipóteses de reforço da fiança, nos seguintes termos:
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
I – quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
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II – quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, 
ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
III – quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na conformidade 
deste artigo, não for reforçada.
Importante destacar que se a fiança for declarada sem efeito, o réu poderá ser preso, 
desde que presentes os pressupostos autorizadores (art. 312 e 313 do CPP), mas não de 
forma automáticas. Cada caso caberá análise pelo magistrado a respeito da aplicação de 
medida cautelar diversa da prisão.
Como dito anteriormente, em situação de pobreza, o acusado poderá ser dispensado 
do reforço, ou será considerada suficiente a fiança prestada.
Da decisão que julga sem efeito a fiança, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito 
suspensivo (art. 581, V, CPP). Mas se essa decisão se der em sede de sentença condenatória 
recorrível, o recurso cabível será a apelação, que absorve aquele recurso (art. 593, §4º, CPP).
3 .3 .11 . restituiÇÃo Da FiaNÇa
Vale ainda destacar que, de acordo com o art. 377, do CPP, se a fiança for declarada 
sem efeito, ou transitar em julgado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada 
extinta a ação penal, será restituída ao condenado.
Art. 377. Transitando em julgado a sentença condenatória, serão executadas somente as 
interdições nela aplicadas ou que derivarem da imposição da pena principal.
O valor da fiança deverá ser atualizado, e os únicos descontos permitidos são os previstos 
no art. 336, do CPP:
• custas;
• indenização do dano;
• prestação pecuniária; e
• multa.
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da 
indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação 
dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição depois da sentença 
condenatória (art. 110 do Código Penal). (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
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Da mesma forma, se o acusado for condenado e se apresentar para cumprir a pena 
fixada, ou quando for declarada extinta a punibilidade, o valor da fiança lhe será devolvido, 
descontados os valores descritos no art. 336, do CPP.
Contudo, se a extinção da punibilidade se der em virtude de prescrição da pretensão 
executória, não haverá restituição.
As fianças quebradas ou perdidas, serão destinadas ao Fundo Penitenciário Nacional – 
FUNPEN e serão utilizados na manutenção e aprimoramento dos serviços penitenciários.
4 . LiBerDaDe ProVisÓria CoM ViNCuLaÇÃo4 . LiBerDaDe ProVisÓria CoM ViNCuLaÇÃo
Conforme já exposto nesta aula/PDF, a concepção de liberdade provisória poderá trazer 
consigo a fixação de deveres processuais para que se mantenha. Além disso, ela pode ser 
concedida com ou sem fiança.
Neste sentido, sempre que houver alguma obrigação vinculada à concessão e manutenção 
da liberdade provisória, será classificada como “liberdade provisória com vinculação.
EXEMPLOS:
Concessão de liberdade provisória em crime afiançável, mas o acusado não tem condições de 
arcar com o seu pagamento. Nos termos do art. 350, do CPP, poderão ser fixadas obrigações 
vinculadas à liberdade provisória do acusado, como condição para o seu deferimento.
Liberdade provisória com fiança – ainda que paga a fiança, o acusado deverá observar o disposto 
no art. 324, inciso I, e artigos 327 328, do CPP, a fim de não a quebrar e, por consequência, 
perdê-la.
Liberdade provisória cumulada com medidas cautelares diversas da prisão – a sua observância 
e cumprimento é essencial para a manutenção da liberdade provisória.
A concessão da liberdade provisória sem vinculação era aquela adotada na antiga redação 
do art. 321, quando era concedida a liberdade (definitiva) sem fiança, em que o réu “se 
livrava solto”. Essa hipótese não existe mais, visto que a liberdade provisória, pelo seu caráter 
não definitivo, requer o cumprimento de alguma obrigação para que funcione como efeito 
coercitivo da sua manutenção, sob pena de revogação.
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RESUMORESUMO
Nessa aula, você deve fixar os seguintes pontos:
• Quais são as medidas cautelares de natureza pessoal e diversas da prisão que estão 
previstas no Código de Processo Penal e quando ocorre a sua aplicação.
• A possibilidade de aplicação das medidas cautelares diversas da prisão com base em 
legislação penal especial esparsa.
• As especificidades quanto à duração das medidas cautelares diversas da prisão e 
quais as sanções decorrem do seu descumprimento.
• Quais são, quais as hipóteses de aplicação das medidas previstas no art. 319, do CPP 
e quais as finalidades de cada uma delas.
• Em relação à fiança, você deve aprender que a partir da Lei n. 12.403/2011 ela passou 
a ser aplicada também como medida cautelar autônoma e tem finalidades específicas 
muito importantes.
• Em relação à aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, você deve analisar 
o entendimento dos tribunais superiores sobre as questões polêmicas.
• Em relação à liberdade provisória, você deve saber quais são as hipóteses de aplicação, 
quem pode deferir e em quais circunstâncias.
• Quais as diferenças entre liberdade provisória, relaxamento da prisão e revogação 
da prisão cautelar.
• Quais as espécies de liberdade provisória e as possibilidades de sua aplicação nas 
situações descritas nas principais leis especiais analisadas neste material.
• Em relação à liberdade provisória com fiança, você deve aprofundar seus conhecimentos 
em relação à aplicação da medida, quem aplica e quais as suas finalidades.
• Você deve conhecer também quais os limites de da aplicação da fiança e as possibilidades 
da sua cumulatividade com outras medidas cautelares diversas da prisão.
• Quaissão as hipóteses de extinção da fiança e quais as suas consequências.
• Quais as hipóteses de reforço da fiança e suas consequências se não realizado.
• Como deve ser fixado o valor da fiança e quando poderá ser restituída.
• O que é liberdade provisória com e sem vinculação.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.diversas da prisão 
podem ser aplicadas não apenas aos procedimentos regulados pelo CPP, mas por todos 
os procedimentos criminais, como por exemplo, Lei Maria da Penha – Lei n. 11.340/06, e 
Código de Trânsito Brasileiro – Lei n. 9.503/97, dentre os demais.
Prazo de duração das medidas cautelares diversas da prisão. Conforme entendimento 
proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, não há disposição legal que restrinja o prazo das 
medidas cautelares diversas da prisão. Elas poderão perdurar enquanto ainda existentes 
os requisitos do art. 282, do Código de Processo Penal, de acordo com as circunstâncias 
de cada caso (Info. 741).
Sanções por descumprimento das medidas cautelares diversas da prisão. Quanto 
às consequências em caso de descumprimento das medidas cautelares diversas da prisão, 
o legislador se limitou a prever no art. 282, §4º, do CPP:
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Substituição da medida.
Imposição de outra medida em cumulação.
Em último caso, decretação de prisão preventiva.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante 
requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos 
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la 
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem 
razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por 
outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por 
outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes 
do caso concreto, de forma individualizada. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
2 .2 . MeDiDas C2 .2 . MeDiDas CauteLares DiVersas Da PrisÃo, eM esPÉCieauteLares DiVersas Da PrisÃo, eM esPÉCie
Passemos à análise de cada espécie de medida cautelar diversa da prisão de forma 
individualizada.
2 .2 .1 . CoMPareCiMeNto eM JuÍZo
O objetivo dessa medida é verificar que o acusado permanece à disposição do juízo para 
a prática de qualquer ato processual. Além disso, a medida facilita o monitoramento das 
atividades do acusado nas situações em que ele não tem vínculo com o local do crime e há 
riscos de não ser encontrado novamente.
Quando da aplicação dessa medida, o acusado deve comparecer pessoalmente à Secretaria 
do Juízo para fornecer, periodicamente, de acordo com prazo fixado pelo magistrado, 
informações sobre suas atividades, residência e trabalho, caso tenha.
Segundo Renato Brasileiro (2016), caso o acusado resida em outra comarca, o 
acompanhamento da medida deverá se dar por meio de carta precatória. Afinal, grande parte 
do “público do Direito Penal”, é composto por miseráveis, e assim, exigir do acusado pobre 
que arque com as despesas de longos deslocamentos, poderia inviabilizar o cumprimento 
da medida.
O juiz deve fixar a periodicidade do comparecimento de acordo com o caso concreto, 
visto a finalidade de não prejudicar o acusado em suas atividades laborais, visto que não 
há previsão legal quanto a esse ponto.
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A medida cautelar de comparecimento em juízo (art. 319, I, do CPP), não se confunde com o 
previsto no art. 310, parágrafo único, do CPP que dispõe sobre o requisito de comparecimento 
do acusado a todos os atos do processo, para fins de liberdade provisória sem fiança. Essa 
é uma medida de contracautela que substitui a prisão em flagrante, que será tratada em 
tópico posterior.
Contudo, nada impede que o magistrado também aplique ao acusado, a medida de 
comparecimento a todos os atos do processo (art. 310, parágrafo único, do CPP), em 
cumulatividade com a cautelar de comparecimento em juízo (cuja finalidade é apenas 
prestar informações da sua situação pessoal).
Art. 310, § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou 
o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do 
Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), – excludentes de ilicitude – 
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de 
comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Renumerado 
do parágrafo único pela Lei n. 13.964, de 2019)
2 .2 .2 . ProiBiÇÃo De aCesso ou FreQuÊNCia a DeterMiNaDos LuGares
Prevista no inciso II, do art. 319, do CPP, essa medida cautelar tem a finalidade de proibir 
o acesso ou a frequência do acusado a determinados lugares nos quais possa haver o risco 
de novas infrações, atreladas ao ilícito supostamente praticado por ele.
Assim, caberá ao magistrado especificar quais os lugares não poderão ser frequentados 
pelo acusado, sendo vedada a proibição genérica. Afinal, toda medida cautelar pressupõe 
a presença dos requisitos do periculum libertatis (indícios de autoria e participação) e 
fumus comissi delicti (prova da existência do crime), o que por si só demanda análise do 
caso concreto pelo juiz, a fim de fundamentar e contextualizar a medida por ele fixada.
Além da finalidade de evitar a reiteração da prática de infrações penais, essa medida 
também pode ser utilizada para preservar e proteger a prova, testemunhas ou vítimas, 
evitando que, com o contato, sejam proferidas ameaças, agressões, tentativas de suborno 
e demais atitude nesse sentido.
Sempre lembrar que a restrição da liberdade é a última ratio, então tudo que a limita deve 
ser especificado e fundamentado pelo juiz. A proibição de acesso e frequência também pode 
ser determinada por meio de medida de afastamento do lar, nos casos em que a vítima 
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residir em coabitação. Destaca-se ainda que essa medida só deve ser aplicada ao acusado, 
não sendo cabível para terceiros, como familiares e testemunhas.
Se o caso se amoldar às previsões da Lei Maria da Penha – Lei n. 11.340/2006 (situações 
de violência doméstica e familiar contra a mulher), a medida de afastamento do lar pode 
ainda ser determinada por autoridade policial, em circunstâncias específicas, conforme 
previsto no art. 12-C da referida lei, tendo em vista a urgência da medida.
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou 
psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o 
agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: 
(Redação dada pela Lei n. 14.188, de 2021)
I – pela autoridadejudicial; (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela 
Lei n. 13.827, de 2019)
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível 
no momento da denúncia. (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo 
de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da 
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela 
Lei n. 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de 
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
Vale destacar que esse dispositivo foi objeto de apreciação pelo STF, por meio de Ação 
Direta de Inconstitucionalidade n. 6138, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros 
(AMB) que questionou a constitucionalidade de delegação de poderes às autoridades policiais 
para determinar medida de afastamento do lar, sem haver processo e apreciação judicial.
No entanto, em 2022, o STF julgou a ação improcedente, por entender que a atuação 
supletiva e excepcional dos delegados de polícia e policiais a fim de afastar o agressor 
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, em casos de risco atual à vida e 
integridade da ofendida, é razoável e proporcional.
2 .2 .3 . ProiBiÇÃo De MaNter CoNtato CoM Pessoa DeterMiNaDa
Prevista no inciso III, do art. 319, do CPP, essa medida cautelar tem duas finalidades 
principais:
• Proteção de determinada pessoa, que se encontra em risco pelo comportamento 
do acusado. Assim, a vedação do contato, pelo menos em tese, evitaria a reiteração 
do ilícito.
• Impedir que o acusado possa influenciar ou intimidar o ofendido ou testemunha, 
prejudicando a investigação, ou o processo penal. De acordo com a gravidade e 
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circunstâncias do crime, e do comportamento do acusado, o magistrado pode fixar 
tal medida, a fim de proteger as pessoas e o trâmite eficaz do processo penal.
O magistrado fixará a medida com base nas circunstâncias do caso e não somente na 
palavra da vítima ou testemunha, uma vez que sempre devem ser observados os requisitos 
periculum libertatis e fumus comissi delicti.
É ainda possível que o magistrado fixe uma distância mínima a ser mantida entre o 
acusado e determinada pessoa, ou de sua residência ou trabalho, aplicando-se por analogia 
o previsto na Lei Maria da Penha, art. 22, III, a:
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta 
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes 
medidas protetivas de urgência, entre outras:
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor;
Vale destacar que o dispositivo legal não previu quais as formas de contato com pessoa 
determinada estão proibidas. Assim, a doutrina entende que a medida cautelar em voga 
também pode ser aplicada para evitar o contato do acusado com determinada pessoa por 
meios eletrônicos, redes sociais, ou qualquer outra forma de comunicação.
A fim de garantir eficácia da medida, é importante que a vítima ou a pessoa com 
quem o acusado esteja impedido de manter contato, seja informada sobre a fixação da 
medida cautelar. Salutar também que essa pessoa seja advertida para que, em casos de 
descumprimento da medida pelo acusado, ela poderá comunicar o fato à autoridade policial, 
à autoridade judiciária ou ao Ministério Público.
Nesses casos, há a aplicação, por analogia, do art. 201, §§ 2º e 3º, do CPP:
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias 
da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por 
termo as suas declarações. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado 
da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a 
mantenham ou modifiquem. (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 3º As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-
se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
Por fim, vale ressaltar que, para que reste caracterizado o descumprimento da medida, 
deve ser comprovado que o acusado o fez conscientemente. Do contrário, não há que se 
falar em violação.
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2.2.4. PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA OU DO PAÍS
Essa medida cautelar, prevista no inciso IV, do art. 319, do CPP, tem como finalidade 
principal manter o investigado ou acusado em um limite territorial conveniente à investigação 
ou instrução. Na mesma esteira, pode vedar também a sua saída do País, pois, quando se 
proíbe a saída do território nacional, também se evitará a saída da comarca.
Em alguns casos, proibir a saída do país tem a finalidade de dificultar a fuga ou 
indisponibilidade presencial do acusado durante a investigação ou processo penal, sendo 
permitida a retenção do passaporte, com base no art. 320, do CPP:
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas 
de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar 
o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Destaque-se que essa medida pode ser utilizada não só para a conveniência da investigação 
e instrução processual, mas também para outras finalidades cautelares, inclusive em caráter 
cumulativo, a serem fixadas a critério do magistrado com o fim de mitigar outros riscos, 
desde que abarcadas pelo art. 282, I, do CPP:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
I – necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos 
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei n. 
12.403, de 2011).
II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do 
indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. (Incluído pela 
Lei n. 12.403, de 2011).
A fim de dar maior eficácia à medida, pode ser cumulada com outras cautelares, como 
por exemplo, o monitoramento eletrônico e a obrigatoriedade de comparecimento em juízo, 
a fim de se decretar a prisão preventiva somente como última alternativa.
2 .2 .5 . reCoLHiMeNto DoMiCiLiar No PerÍoDo NoturNo e Nos Dias De FoLGa
Em alguns casos, a privação absoluta da liberdade do acusado, é medida demasiadamente 
gravosa, sendo suficiente o mero recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de 
folga, para garantir a investigação ou instrução da ação penal, além de evitar novas infrações.Nessas situações, é utilizada a medida cautelar de recolhimento do acusado ao seu 
domicílio, no período noturno e durante suas folgas, quando tenha residência e trabalho 
fixos, conforme previsto no art. 319, V, do CPP.
Além das finalidades atinentes ao processo penal, essa medida também possibilita ao 
acusado manter-se trabalhando e próximo à sua família, o que tem um importante impacto 
quanto à manutenção da sua socialização na comunidade.
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Conforme entendimento doutrinário, há a possibilidade de aplicação dessa medida 
cautelar nos casos em que o acusado não tenha trabalho, mas mantém estudo regular.
Nesse sentido, destaque-se a previsão contida na Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210/84, 
quanto à possibilidade de remição da pena por tempo de trabalho ou estudo, nos casos 
de cumprimento de regime semiaberto (o agente somente deve se recolher à unidade 
penitenciária durante a noite):
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por 
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei n. 12.433, 
de 2011).
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (Redação dada pela Lei n. 
12.433, de 2011)
I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino fundamental, 
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional – divididas, 
no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei n. 12.433, de 2011)
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei n. 12.433, de 2011)
JURISPRUDÊNCIA:
O período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga deve ser reconhecido 
como período de detração da pena privativa de liberdade e da medida de segurança
1. O período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga, por comprometer 
o status libertatis do acusado deve ser reconhecido como período a ser detraído da 
pena privativa de liberdade e da medida de segurança, em homenagem aos princípios 
da proporcionalidade e do non bis in idem. 2. O monitoramento eletrônico associado, 
atribuição do Estado, não é condição indeclinável para a detração dos períodos de 
submissão a essas medidas cautelares, não se justificando distinção de tratamento ao 
investigado ao qual não é determinado e disponibilizado o aparelhamento. 3. A soma 
das horas de recolhimento domiciliar a que o réu foi submetido devem ser convertidas 
em dias para contagem da detração da pena. Se no cômputo total remanescer período 
menor que vinte e quatro horas, essa fração de dia deverá ser desprezada. STJ. 3ª 
Seção. REsp 1977135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/11/2022 (Recurso 
Repetitivo – tema 1155) (Info 758).
Cuidado, pois existem julgados do STF em sentido contrário, como por exemplo, este:
JURISPRUDÊNCIA
(...) a orientação jurisprudencial desta Suprema Corte é no sentido de que a detração 
da pena privativa de liberdade não abrange o cumprimento de medidas cautelares 
diversas da prisão por falta de previsão legal (STF. 1ª Turma. HC 205.740/SC AgR, Rel. 
Min. Rosa Weber, julgado em 22/04/2022).
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Vale ainda destacar que, a fim de conferir maior eficácia à essa medida cautelar, o juiz 
pode aplicar, em cumulatividade, a medida de monitoramento eletrônico, uma vez que a Lei 
de Execuções Penais, prevê essa possibilidade nos casos de concessão de prisão domiciliar:
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: 
(Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
I – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
II – autorizar a saída temporária no regime semiaberto; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
III – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
IV – determinar a prisão domiciliar; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
V – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
2 .2 .6 . susPeNsÃo Do eXerCÍCio De FuNÇÃo PÚBLiCa ou De atiViDaDe De NatureZa 
eCoNÔMiCa ou FiNaNCeira
A aplicação dessa medida cautelar se amolda aos crimes supostamente praticados por 
dois tipos de agentes:
Funcionário público que se utiliza da função pública por ele exercida para o fim de 
cometer crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Econômico-Financeira. 
(Ex.: peculato e corrupção passiva).
Conforme art. 327, do Código Penal, compreende-se como funcionário público:
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo 
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão 
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída 
pelo poder público. (Incluído pela Lei n. 6.799, de 1980)
Agentes que de alguma forma, no exercício da sua atividade econômica ou financeira, 
praticaram crimes contra a Ordem Econômico-Financeira (Ex.: lavagem de capitais, gestão 
temerária ou fraudulenta de instituição financeira). Esses delitos têm previsão nas seguintes 
leis, dentre outras que possam surgir:
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Lei n. 1.521/1954 Crimes contra a economia popular
Lei n. 7.134/1983 Crimes de aplicação ilegal de créditos, financiamentos e incentivos fiscais
Lei n. 7.492/1986 Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
Lei n. 8.070/1990 Código de Defesa do Consumidor
Lei n. 8.176/1991 Crimes contra a ordem econômica
Lei n. 9.279/1996 Crimes em matéria de propriedade industrial
Lei n. 9.613/1998 Crimes de lavagem de capitais
JURISPRUDÊNCIA:
Conforme entendimento proferido pelo STF, no julgamento do AI 636.883/2011, a 
suspensão do direito do exercício da atividade econômica ou financeira é compatível 
com os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, uma vez que essa não é absoluta 
e não pode ser invocada para afastar a regulamentação do mercado e as regras de 
proteção ao consumidor. Assim, goza de constitucionalidade.
É inconstitucional a previsão legal que determina o afastamento do servidor público 
pelo simples fato de ele ter sido indiciado pela prática de crime. É inconstitucional a 
determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em inquérito 
policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos 
e valores.
Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de 
Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/98):
(...)
Art. 17-D.Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem 
prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente 
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.
O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos 
autos que existe risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que 
o afastamento é medida eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e 
a própria Administração Pública. Tais circunstâncias precisam ser apreciadas pelo 
Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
Importante dizer que a aplicação da medida cautelar em voga, prevista no art. 319, VI, 
do CPP, deve ser aplicada estritamente nos casos do agente que tiver aproveitado da sua 
função pública ou atividade de natureza econômico ou financeira para a prática do delito. 
Ou seja, é essencial a demonstração do nexo entre a prática do delito e a função do agente.
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Ademais, como requisito de toda medida cautelar, a demonstração do periculum libertatis 
deve se pautar no risco do agente cometer novo delito, caso venha a se manter no exercício 
da função.
Nessa linha, pode ainda o magistrado determinar apenas a suspensão parcial das 
funções desempenhadas pelo agente, ou seja, somente aqueles que se relacionam com o 
delito que está sendo apurado.
Lado outro, essa medida também pode ser utilizada para evitar que o agente, se mantido 
na sua função, destrua ou modifique provas, intimide testemunhas ou vítimas, bem como 
para outras finalidades cautelares, desde que abarcadas pelo art. 282, I, do CPP.
Há discussão doutrinária se a aplicação da medida cautelar de suspensão da função 
pública poderia ser aplicada aos casos de agentes que exercem mandato eletivo, uma vez 
que o art. 319, VI, do CPP nada dispõe sobre essa especificidade.
Vejamos os entendimentos:
CORRENTE 
CONTRÁRIA
Considerando-se que o CPP não fixa prazo máximo para a medida, ela poderia 
ser utilizada como instrumento de cassação de fato do mandato eletivo.
CORRENTE 
FAVORÁVEL
A função pública abarca toda e qualquer atividade exercida junto à Administração 
Pública, inclusive mandatos eletivos. Inclusive, seria medida menos gravosa do 
que a prisão preventiva de agentes públicos, como já decidiu o STF e o STJ em 
alguns casos.
Em relação à suspensão da função pública nos casos de mandatos eletivos, há de se 
ressalvar os casos de imunidade à prisão preventiva, que seria extensível quanto à aplicação 
dessa medida cautelar.
oo agenteagente queque foifoi suspensosuspenso dodo exercícioexercício dada suasua funçãofunção devedeve receberreceber remuneração?remuneração?
O STF, no julgamento do RE 482.006/MG, em 13/12/2007, no qual se discutiu a 
constitucionalidade de preceito de lei estadual que fixava a redução de vencimentos de 
servidores públicos afastados de suas funções por responderem processo penal por suposta 
prática de crime funcional, decidiu que a redução ou suspensão de salários nesses casos 
viola os princípios da presunção de inocência, bem como da irredutibilidade de vencimentos.
Ademais, entendeu o Pleno do STF que tal medida se configuraria verdadeira antecipação 
de pena, sem a precedência do devido processo legal.
O acusado quando absolvido em primeiro grau, deve retornar ao exercício normal de suas 
funções, com o afastamento da medida cautelar, com base na interpretação analógica do 
art. 386, § único, II, do CPP:
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Art. 386, Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I – mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; (Redação dada 
pela Lei n. 11.690, de 2008)
Lado outro, se condenado em pena privativa de liberdade por prazo igual ou superior 
a 1 (um) ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com 
a Administração Pública, sofrerá como efeito da condenação a suspensão da sua função 
pública (somente após o trânsito em julgado), conforme art. 92, inciso I, alínea “a”, do 
Código Penal:
Art. 92. São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei n. 9.268, de 
1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído 
pela Lei n. 9.268, de 1º.4.1996)
2 .2 .7 . iNterNaÇÃo ProVisÓria
Conforme previsão contida no art. 319, VII, do CPP, a internação provisória do acusado 
somente ocorrerá nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, em 
situações nas quais os peritos concluam ser o agente inimputável ou semi-imputável, de 
acordo com o art. 26, do Código Penal, ou quando houver risco de reiteração do delito.
Inimputáveis
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei 
n. 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era 
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Assim, essa medida tem a finalidade de proteger a sociedade da prática reiterada de 
atos ilícitos violentos e graves.
O art. 319, VII, do CPP não estipulou distinção se a situação de inimputabilidade ou 
semi-imputabilidade deve ser no momento da prática do delito ou superveniente à infração. 
Assim, a medida provisória de internação pode ser aplicada em ambas as situações.
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A medida cautelar provisória de internação não se confunde com a medida de segurança 
provisória, visto que se trata de instrumento de natureza cautelar com a finalidade de 
garantir a ordem pública e evitar novas infrações penais com violência e grave ameaça.
Requisitos da internação provisória. Além dos requisitos intrínsecos a todas as medidas 
cautelares, quais sejam, periculum libertatis e fumus comissi delicti, que no caso em voga, 
se caracteriza pela necessidade de se evitar a reiteração do delito, a medida cautelar 
de internação está condicionada à conclusão dos peritos a respeito da sanidade mental 
do acusado.
Dessa forma, antes da fixação da medida cautelar de internação provisória, em regra, é 
necessário prévio incidente de insanidade mental, que somente pode ser determinado pela 
autoridade judiciária, sendo vedada a sua determinaçãopela autoridade policial, conforme 
art. 149, do CPP:
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício 
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, 
irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da 
autoridade policial ao juiz competente.
§ 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o 
processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas 
pelo adiamento.
Contudo, conforme entendimento de Renato Brasileiro (2016), a existência prévia de 
laudo de exame de insanidade mental não pode ser condição imprescindível à fixação da 
internação provisória, uma vez que a realidade prática do Poder Judiciário brasileiro é de 
morosidade dos atos e a necessidade da fixação da medida é, na maioria das vezes, urgente.
Assim, ele entende que podem ser utilizadas outras provas do estado mental do acusado 
até que seja expedido laudo conclusivo quanto ao exame de insanidade mental, valendo-se 
o juiz, do seu poder geral de cautela.
Apesar do art. 319, VII, do CPP afirmar que a fixação da medida de internação provisória 
está condicionada à conclusão dos peritos (no plural) pela inimputabilidade (ou semi-
imputabilidade) do acusado, na verdade, essa redação deve ser lida combinada com o art. 
159, §1º, do CPP, que prevê, a necessidade de apenas 1 (um) perito do juízo. Serão necessárias 
2 (duas) pessoas idôneas, apenas em situações de falta de perito oficial:
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Medidas Cautelares Não Prisionais e Liberdade Provisória 
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Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador 
de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras 
de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 
2008)
Local de cumprimento da internação provisória. A medida deve ser cumprida em 
estabelecimento hospitalar adequado, qual seja, hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico, e na sua ausência, em outro local adequado, conforme art. 96, I, do Código 
Penal e art. 99, da Lei de Execução Penal:
Código Penal
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro 
estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
II – sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que 
tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Lei de Execução Penal
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 
88, desta Lei.
Em casos de falta de vagas em estabelecimento adequado à internação provisória, caso 
o acusado se encontre em extrema debilidade por doença grave, a internação provisória 
pode ser substituída por prisão domiciliar, cumulativa com tratamento ambulatorial.
Já nos casos de inexistência de vaga para internação provisória, mas nos quais o acusado 
apresenta perigo à sociedade pelo seu estado mental, o Superior Tribunal de Justiça entende 
que ele pode ser internado em ala hospitalar do estabelecimento prisional, a fim de receber 
tratamento necessário até que surja uma vaga em estabelecimento adequado.
JURISPRUDÊNCIA
Afinal, configura constrangimento ilegal a colocação de acusado inimputável em 
presídio comum, por ausência de vaga em hospital psiquiátrico. (STJ, 5ª Turma, RHC 
22.654/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 04/09/2008, DJe 22/09/2008).
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Destaque-se ainda que, conforme a Lei n. 10.216/01, que dispõe sobre os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais, deve ser garantida aos internados (seja por 
qual motivo for) a assistência integral, incluindo serviços médicos, de assistência social, 
psicológicos, ocupacionais, de lazer, ser tratado com humanidade, visando a sua recuperação 
pela inserção na sociedade.
Detração penal. Por ser medida que gera a restrição de liberdade, a internação provisória 
deve ser considerada para fins de detração penal em eventual fixação de pena privativa 
de liberdade (em caso de recuperação da sanidade mental), seja para aplicação de medida 
de segurança.
2 .2 .8 . FiaNÇa
A partir da Lei n. 12.403/2011, a fiança passou a ser aplicada também como medida 
cautelar autônoma, a ser fixada nas infrações que a admitem, para assegurar o 
comparecimento do acusado aos atos do processo e evitar a obstrução do seu andamento, 
em caso de resistência injustificada à ordem judicial, conforme art. 319, VIII, do CPP.
Importante destacar ainda que a fiança, como medida cautelar, poderá ser aplicada 
cumulativamente com outras medidas cautelares, desde que tenha compatibilidade lógica, 
e conforme art. 319, §4º, do CPP:
Art. 319, § 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, 
podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.
EXEMPLO
Não é compatível a fixação de fiança em cumulatividade com prisão preventiva, já que essa 
medida impõe restrição completa da liberdade do agente. Afinal, a opção pela fiança é medida 
que implica menor sacrifício à liberdade do acusado.
2 .2 .9 . MoNitoraÇÃo eLetrÔNiCa
Consiste no uso de dispositivo eletrônico afixado no corpo do acusado para que se 
saiba, à distância, a sua localização geográfica, de modo a viabilizar o controle judicial do 
seu deslocamento fora do cárcere.
Com o advento da Lei n. 12.403/2011, a utilização do monitoramento eletrônico passou 
a ser também uma medida cautelar autônoma e substitutiva da prisão, conforme art. 
319, IX, do CPP, e hoje é usada para evitar o ingresso do agente no sistema prisional e, por 
consequência, o seu contato com o cárcere.
As finalidades do uso do monitoramento eletrônico são diversas, podendo ser aplicada 
durante as investigações ou no curso do processo penal, em casos previstos em lei, 
mas sempre com o intuito de acompanhar a localização do acusado (medida cautelar 
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isoladamente aplicada), ou como instrumento de eficácia de outra medida cautelar aplicada 
cumulativamente (art. 282, §1º, CPP).
Afirme-se ainda que o monitoramento eletrônico visa o cumprimento de 3 (três) 
finalidades precípuas:
• Detenção: manter o acusado em local certo e determinado.Ex.: sua residência, no 
caso de prisão domiciliar;
• Restrição: garantia que o indivíduo não frequente lugares específicos ou se aproxime 
de determinadas pessoas, como testemunhas e vítimas;
• Vigilância: manter a vigilância contínua sobre o acusado, mas sem restringir a sua 
movimentação.
Em que pese a lei ser silente quanto à necessidade de consentimento do acusado para a 
utilização do monitoramento eletrônico, tendo em vista a particularidade de afixar um 
equipamento junto ao seu corpo, é salutar entender que, caso haja negativa da sua parte, 
não deve ser implantado. Nessas situações, o magistrado deverá avaliar outras medidas 
cabíveis, ou até mesmo a prisão.
Orientações ao acusado quanto à utilização do equipamento de monitoramento 
eletrônico. Segundo Renato Brasileiro, quanto às instruções a serem dadas ao acusado 
acerca da utilização do equipamento eletrônico, como medida cautelar, podem ser aplicadas 
as previsões contidas na Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210/1984, notadamente as 
contidas no art. 146-C:
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento 
eletrônico e dos seguintes deveres: (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
I – receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus 
contatos e cumprir suas orientações; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
II – abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de 
monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
III – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a 
critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa: (Incluído pela Lei n. 12.258, 
de 2010)
I – a regressão do regime; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
II – a revogação da autorização de saída temporária; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
III – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
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IV – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
V – (VETADO); (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
VI – a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela Lei n. 12.258, de 2010)
VII – advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar 
alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluído pela Lei n. 12.258, 
de 2010)
Ainda em relação a essas orientações, é recomendável que seja feita uma audiência com 
o acusado, seu defensor, juiz e representante do Ministério Público, a fim de ser cientificado 
dos seus deveres e das consequências do seu descumprimento.
A doutrina tem trazido algumas reflexões sobre a medida cautelar do monitoramento 
eletrônico sob a ótica dos benefícios auferidos com a sua utilização, seja desde a redução 
(ou a mitigação do aumento) da massa carcerária, seja por evitar a privação do acusado 
do seu direito de viver em sociedade, trabalhar, estudar, conviver com a sua família. Além 
disso, evita o contato do acusado com o sistema carcerário e com todas as mazelas que 
ele traz àqueles a ele submetidos.
2 .3 . MeDiDas CauteLares NÃo PrisioNais Na LeGisLaÇÃo esPeCiaL2 .3 . MeDiDas CauteLares NÃo PrisioNais Na LeGisLaÇÃo esPeCiaL
A partir de agora, abordaremos as medidas cautelares diferentes da prisão expostas 
fora do Código de Processo Penal.
2.3.1. DECRETO-LEI N. 201/1967 – CRIMES PRATICADOS POR PREFEITOS
Em casos de crimes de responsabilidade supostamente praticados por Prefeitos, o 
Decreto-Lei n. 201/1967, prevê a obrigatoriedade do órgão fracionário do Tribunal de 
Justiça, ao receber a denúncia, manifestar-se sobre a prisão preventiva do acusado (crimes 
do art. 1º, I e II) e sobre o afastamento do exercício do cargo durante a instrução criminal 
(demais incisos do art.1º), quando verificados os pressupostos do fumus comissi delicti e 
do periculum in mora sob risco de violação do princípio de presunção de inocência.
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder 
Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I – apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio;
Il – utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços 
públicos;
(HIPÓTESES DE PRISÃO PREVENTIVA NOS INCISOS I E II)
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III – desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas públicas;
IV – empregar subvenções, auxílios, empréstimos ou recursos de qualquer natureza, em desacordo 
com os planos ou programas a que se destinam;
V – ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou realizá-las em desacordo com as 
normas financeiras pertinentes;
VI – deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a Câmara de 
Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e condições estabelecidos;
VII – Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação de recursos, 
empréstimos subvenções ou auxílios internos ou externos, recebidos a qualquer título;
VIII – Contrair empréstimo, emitir apólices, ou obrigar o Município por títulos de crédito, sem 
autorização da Câmara, ou em desacordo com a lei;
IX – Conceder empréstimo, auxílios ou subvenções sem autorização da Câmara, ou em desacordo 
com a lei;
X – Alienar ou onerar bens imóveis, ou rendas municipais, sem autorização da Câmara, ou em 
desacordo com a lei;
XI – Adquirir bens, ou realizar serviços e obras, sem concorrência ou coleta de preços, nos casos 
exigidos em lei;
XII – Antecipar ou inverter a ordem de pagamento a credores do Município, sem vantagem para 
o erário;
XIII – Nomear, admitir ou designar servidor, contra expressa disposição de lei;
XIV – Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, 
sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente;
XV – Deixar de fornecer certidões de atos ou contratos municipais, dentro do prazo estabelecido 
em lei.
XVI – deixar de ordenar a redução do montante da dívida consolidada, nos prazos estabelecidos 
em lei, quando o montante ultrapassar o valor resultante da aplicação do limite máximo fixado 
pelo Senado Federal; (Incluído pela Lei 10.028, de 2000)
XVII – ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos 
pelo Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com 
inobservância de prescrição legal;
XVIII – deixar de promover ou de ordenar, na forma da lei, o cancelamento, a amortização ou a 
constituição de reserva para anular os efeitos de operação de crédito realizada com inobservância 
de limite, condição ou montante estabelecido em lei;
XIX – deixar de promover ou de ordenar a liquidação integral de operação de crédito por antecipação 
de receita orçamentária, inclusive os respectivos juros e demais encargos, até o encerramento 
do exercício financeiro;
XX – ordenar ou autorizar, em desacordo com a lei, a realização de operação de crédito com qualquer 
um dos demais entes da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta,ainda 
que na forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente;
XXI – captar recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato 
gerador ainda não tenha ocorrido;
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XXII – ordenar ou autorizar a destinação de recursos provenientes da emissão de títulos para 
finalidade diversa da prevista na lei que a autorizou;
XXIII – realizar ou receber transferência voluntária em desacordo com limite ou condição 
estabelecida em lei.
2.3.2. LEI N. 9.503/1997 – CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
O art. 294 do Código de Trânsito Brasileiro prevê a possibilidade de aplicação de medida 
cautelar de suspensão da permissão para dirigir veículo automotor, ou a proibição da 
sua obtenção.
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a 
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento 
do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em 
decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, 
ou a proibição de sua obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir 
o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Por óbvio, a aplicação dessa medida cautelar também está condicionada à aos requisitos 
do fumus comissi delicti e periculum in mora, que se relaciona à garantia da ordem pública, 
por meio da mitigação das oportunidades de reincidência do acusado em delitos da 
mesma espécie.
Há entendimento doutrinário no sentido de somente se aplicar essa medida cautelar nos 
casos em que o preceito secundário do delito praticado preveja tal suspensão ou proibição 
de se obter permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, como por exemplo nos 
artigos abaixo mencionados:
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação 
dada pela Lei n. 12.760, de 2012)
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
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Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico 
prazo de suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo 
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
2.3.3. LEI N. 11.340/2006 – LEI MARIA DA PENHA
Essa lei prevê um rol de medidas cautelares em seu art. 22, que excepcionado o inciso 
V (caráter patrimonial), todas as demais são de natureza cautelar pessoal, que visam a 
proteção da mulher contra os crimes de violência doméstica:
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta 
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes 
medidas protetivas de urgência, entre outras:
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, 
nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica 
da ofendida;
IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento 
multidisciplinar ou serviço similar;
V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela 
Lei n. 13.984, de 2020)
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em 
grupo de apoio. (Incluído pela Lei n. 13.984, de 2020)
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação 
em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a 
providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas 
no caput e incisos do art. 6º da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao 
respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e 
determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável 
pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação 
ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a 
qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 
5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
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JURISPRUDÊNCIA:
O requerido (autor da violência) não será citado para contestar o pedido de medidas 
cautelares dos incisos I, II e III do art. 22 da Lei Maria da Penha:
As medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do art.22 da Lei 
Maria da Penha têm natureza de cautelares penais, não cabendo falar em citação do 
requerido para apresentar contestação, tampouco a possibilidade de decretação da 
revelia, nos moldes da lei processual civil. STJ. 5ª Turma. REsp 2009402-GO, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/11/2022 (Info 756).
Cabimento de HC para questionar a legalidade de medida protetiva da Lei Maria 
da Penha:
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva 
de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica 
e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 1º/12/2015 (Info 574).
2.3.4. LEI N. 11.343/2006 – LEI DE DROGAS
Essalei prevê em seu art. 56, caso específico de medida cautelar a ser aplicada a 
funcionário público, no caso do cometimento das infrações previstas nos artigos 33, caput, 
§1º, 34 a 37.
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, 
ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for 
o caso, e requisitará os laudos periciais.
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º, 
e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do 
denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo.
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias 
seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para 
atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.
Obviamente, para a decretação da medida cautelar de afastamento, devem estar 
presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, sendo essencial que 
o funcionário público acusado tenha se valido da função para cometer os delitos, bem 
como a demonstração de que a sua manutenção no exercício da função apresenta risco 
de reiteração delituosa.
2.3.5. LEI N. 8.429/92 – LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
O art. 20, da Lei de Improbidade Administrativa, antes das alterações promovidas pela 
Lei n. 14.230/2021, passou a prever a possibilidade de afastamento do agente público do 
exercício do cargo, emprego ou função, quando necessário à instrução probatória.
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Mas após a Lei n. 14.230/2021, houve a ampliação das possibilidades da aplicação da 
medida cautelar de afastamento do cargo, também a fim de evitar a “iminente prática de 
novos ilícitos”, bem como previu limite de prazo de 90 (noventa) dias para o afastamento:
Antes da Lei n. 14.230/2021: Após a Lei n. 14.230/2021:
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos 
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em 
julgado da sentença condenatória.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos 
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em 
julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa 
competente poderá determinar o afastamento do 
agente público do exercício do cargo, emprego ou 
função, sem prejuízo da remuneração, quando a 
medida se fizer necessária à instrução processual.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá 
determinar o afastamento do agente público do 
exercício do cargo, do emprego ou da função, sem 
prejuízo da remuneração, quando a medida for 
necessária à instrução processual ou para evitar a 
iminente prática de novos ilícitos. (Incluído pela Lei 
n. 14.230, de 2021)
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será 
de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez 
por igual prazo, mediante decisão motivada. (Incluído 
pela Lei n. 14.230, de 2021)
2 .4 . 2 .4 . JurisPruDÊNCia Do stF e stJ soBre as MeDiDas CauteLares JurisPruDÊNCia Do stF e stJ soBre as MeDiDas CauteLares 
DiVersas Da PrisÃoDiVersas Da PrisÃo
Réu que, aproveitando-se de sua condição de médico, praticou crimes sexuais; prisão 
preventiva pode ser substituída por proibição do exercício da medicina e suspensão 
da inscrição médica:
JURISPRUDÊNCIA
Não se justifica a prisão preventiva se, considerando o modus operandi dos delitos, a 
imposição da cautelar de proibição do exercício da medicina e de suspensão da inscrição 
médica, e outras que o Juízo de origem entender necessárias, forem suficientes para 
prevenção da reiteração criminosa e preservação da ordem pública. STJ. 5ª Turma. HC 
699.362-PA, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Rel. Acd. 
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
Réu que praticou apenas a lavagem de dinheiro de uma organização criminosa 
voltada ao tráfico, mas já desfeita, pode ser beneficiado com medidas cautelares 
diversas da prisão:
JURISPRUDÊNCIA 
Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico de drogas 
se limitava à lavagem de dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas medidas cautelares 
diversas da prisão quando constatada impossibilidade da organização continuar a 
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atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo tráfico. STJ. 6ª 
Turma. HC 376.169-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 1/12/2016 (Info 594).
Se o MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, o juiz está autorizado 
a decretar a prisão?
sese oo MPMP pediupediu aa aplicaçãoaplicação dede medidamedida cautelarcautelar diversadiversa dada prisão,prisão, oo juizjuiz estáestá autorizadoautorizado aa 
decretardecretar aa prisãoprisão sobsob oo argumentoargumento dede queque sese tratatrata dede umauma espécieespécie dede medidamedida cautelar?cautelar?
5ª Turma: NÃO
JURISPRUDÊNCIA 
Se o requerimento do Ministério Público limita-se à aplicação de medidas cautelares ao 
preso em flagrante, é vedado ao juiz decretar a medida mais gravosa – prisão preventiva 
-, por configurar uma atuação de ofício. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 754506-MG, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2022 (Info 746).
6ª Turma: SIM
JURISPRUDÊNCIA 
A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em sentido diverso do requerido 
pelo Ministério Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser 
considerada como atuação ex officio.
STJ. 6ª Turma. RHC 145.225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/02/2022 
(Info 725).
O HC pode ser empregado para impugnar medidas cautelares e prisão preventiva:
JURISPRUDÊNCIA 
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza 
criminal diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é 
possível o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir. STF. 1ª 
Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 30/6/2020 (Info 984).
Assembleia Legislativa pode rejeitar a prisão preventiva e as medidas cautelares 
impostas pelo Poder Judiciário contra Deputados Estaduais:
JURISPRUDÊNCIA 
É constitucional resolução da Assembleia Legislativa que, com base na imunidade 
parlamentar formal (art. 53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88), revoga a prisão preventiva 
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e as medidas cautelares penais que haviam sido impostas pelo Poder Judiciário contra 
Deputado Estadual, determinando o pleno retorno do parlamentar ao seu mandato. O 
Poder Legislativo estadual tem a prerrogativa de sustar decisões judiciais de natureza 
criminal, precárias e efêmeras, cujo teor resulte em afastamento ou limitação da 
função parlamentar. STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN,

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