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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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vistas que desafiam recurso em sentido estrito, por importarem 
maior grau de liberdade ao agente, o que denotaria o manejo de tal 
instrumento. Por outro lado, há quem entenda que tal decisão seja 
irrecorrível por ausência de previsão legal expressa. Não há qual-
quer entendimento consolidado sobre o tema.
De toda maneira, há se observar que o recurso em sentido es-
trito somente será cabível caso se indefira o requerimento de pre-
ventiva (caso o requerimento seja deferido não há previsão recur-
sal), ou caso se revogue a medida (caso a medida seja mantida não 
há previsão recursal).
 Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar 
O art. 317, da Lei Processual, inovou (graças à Lei nº 12.403/11) 
ao disciplinar que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do 
indiciado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com au-
torização judicial. Trata-se de medida humanitária a ser tomada 
em situações especiais, desde que se comprove a real existência 
da excepcionalidade (parágrafo único, do art. 318, do Código de 
Processo Penal).
 
CAPÍTULO III
DA PRISÃO PREVENTIVA
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofí-
cio, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da 
autoridade policial. 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como ga-
rantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência 
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, 
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de 
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso 
de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força 
de outras medidas cautelares (art. 282, § 4°). (Redação dada pela 
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser mo-
tivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta 
de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da 
medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
 Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a 
decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra 
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com de-
ficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de ur-
gência; 
IV - (Revogado).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver 
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não for-
necer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser 
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo 
se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Redação 
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com 
a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como de-
corrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou 
recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada 
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente 
praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput 
do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Có-
digo Penal.
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão 
preventiva será sempre motivada e fundamentada. (Redação dada 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de 
qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a exis-
tência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplica-
ção da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, 
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato 
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão de-
cidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar 
o motivo concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019)
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer ou-
tra decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo 
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar 
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, re-
vogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do pro-
cesso, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como 
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o ór-
gão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a 
cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, 
sob pena de tornar a prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
Medidas cautelares diversas da prisão
 Antes do advento da Lei nº 12.403/11, as únicas opções cabí-
veis na seara processual eram o aprisionamento cautelar do acu-
sado ou a concessão de liberdade provisória, em dois extremos 
antagonicamente opostos que desconsideravam hipóteses em que 
nem a liberdade e nem o aprisionamento cautelar eram as medidas 
mais adequadas. Em razão disso, após o advento da “Nova Lei de 
Prisões”, inúmeras opções são conferidas no vácuo deixado entre o 
claustro e a liberdade, opções estas conhecidas por “medidas cau-
telares diversas da prisão”.
Os requisitos para fixação das medidas cautelares estão previs-
tas no art. 282 do CPP, sendo estes:
- Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação 
ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações penais; 
- Adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias 
do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Medidas cautelares diversas da prisão em espécie
Elas estão no art. 319, do CPP, e são inovação trazida pela Lei 
nº 12.403/2011 São elas:
A) Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi-
ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades (inciso I);
B) Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares 
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado 
ou acusado permanecer distante destes locais para evitar o risco de 
novas infrações (inciso II);
C) Proibição de manter contato com pessoa determinada 
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, dela o indiciado 
ou acusado deva permanecer distante (inciso III);
D) Proibição de ausentar-se da Comarca, quando a permanên-
cia seja conveniente ou necessária para a investigação/instrução 
(inciso IV);
E) Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de 
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho 
fixos (inciso V);
F) Suspensãodo exercício de função pública ou de atividade de 
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de 
sua utilização para a prática de infrações penais (inciso VI);
G) Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes 
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con-
cluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de reite-
ração (inciso VII);
H) Fiança, nas infrações penais que a admitem, para assegurar 
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução de seu 
andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial 
(inciso VIII);
I) Monitoração eletrônica (inciso IX). Tal medida já havia sido 
trazida para o âmbito da execução penal, pela Lei nº 12.258/10, e, 
agora, também o foi para o prisma processual.
 
O art. 310, II, CPP, fornece um “norte” para a aplicação de me-
didas cautelares diversas da prisão. De acordo com tal dispositivo, 
o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá converter 
esta prisão em preventiva, se presentes os requisitos do art. 312, 
CPP, e se revelarem inadequadas as medidas cautelares diversas 
da prisão.
Isso somente demonstra que, seguindo tendência iniciada na 
execução penal, de aprisionamento corporal via pena privativa de 
liberdade somente quando estritamente necessário, também as-
sim passa a acontecer no ambiente processual, o que retira da pri-
são preventiva grande poder de atuação ao se prevê-la, apenas, em 
último caso. Assim, atualmente, primeiro o juiz verifica se é caso de 
liberdade provisória pura e simples; depois, se é caso de liberdade 
provisória com medida cautelar diversa da prisão; depois, se é caso 
de liberdade provisória mais a cumulação de medidas cautelares di-
versas da prisão; e, apenas por último, se é caso de aprisionamento 
processual.
Assim, toda e qualquer decisão exarada pela autoridade judi-
cial quanto ao tema “prisões processuais” deve ser fundamentada. 
Ao juiz compete decretar prisão preventiva fundamentadamente; 
ao juiz compete conceder liberdade provisória fundamentadamen-
te; ao juiz compete decretar medida cautelar diversa da prisão 
fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida caute-
lar diversa da prisão em outra medida cautelar diversa da prisão 
fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida cautelar 
diversa da prisão em prisão processual fundamentadamente.
Neste diapasão, outra questão que merece ser analisada diz 
respeito à possibilidade de cumulação de medidas cautelares di-
versas da prisão.
Ora, pode ser que, num determinado caso concreto, apenas 
uma medida cautelar não surta efeito, e, ainda assim, não seja o 
caso de se impor prisão processual ao acusado. Nesta hipótese, é 
perfeitamente passível de se decretar mais de uma medida cautelar 
diversa da prisão. É o caso da proibição de acesso a determinados 
lugares (art. 319, II) e a determinação de comparecimento periódi-
co em juízo (art. 319, I), como exemplo, ou da suspensão do exer-
cício da função pública (art. 319, VI) e da proibição de ausentar-se 
da Comarca (art. 319, IV), como outro exemplo, ou da monitora-
ção eletrônica (art. 319, IX) e da fiança (art. 319, VIII), como último 
exemplo. Tudo depende, insiste-se, da necessidade da medida, e da 
devida fundamentação feita pela autoridade policial.
CAPÍTULO IV
DA PRISÃO DOMICILIAR
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indi-
ciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se 
com autorização judicial. 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domi-
ciliar quando o agente for: 
I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 
(seis) anos de idade ou com deficiência; 
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incomple-
tos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do 
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei 
nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idô-
nea dos requisitos estabelecidos neste artigo. 
CAPÍTULO V
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi-
ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares 
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado 
ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de 
novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada 
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado 
ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanên-
cia seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 
 V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de 
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho 
fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade 
de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de 
sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes 
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con-
cluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) 
e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o 
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an-
damento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
§ 1º ao §3º (Revogados).
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas 
cautelares. 
 Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada 
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do ter-
ritório nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar 
o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. 
 Liberdade provisória, com ou sem fiança 
Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão 
preventiva ou de medida(s) cautelar(es) diversa(s) da prisão, o juiz 
deverá conceder ao acusado liberdade provisória. Trata-se de ga-
rantia assegurada constitucionalmente, no art. 5º, LXVI, da Cons-
tituição Federal, segundo o qual ninguém será levado à prisão ou 
nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou 
sem fiança.
São, tradicionalmente, três as espécies de liberdade provisória, 
a saber, a obrigatória, a permitida, e a vedada:
A) Liberdade provisória obrigatória. O entendimento preva-
lente na doutrina, atualmente, é o de que a liberdade provisória 
concedida ao acusado que “se livra solto” foi revogada pela Lei nº 
12.403/11, já que, após tal conjunto normativo, não mais é a liber-
dade provisória mera medida de contracautela à imposição de pri-
são preventiva, podendo ser o caso atualmente, portanto, de liber-
dade provisória juntamente ou não com medida cautelar diversa 
da prisão. Mesmo porque, o art. 321, CPP, que previa esta hipótese 
em que o acusado “se livrava solto” foi revogado, tendo sido subs-
tituído por redação absolutamente diferente da anterior. Assim, 
conforme entendimento doutrinário prevalente, a “liberdade pro-
visória obrigatória” foi suprimida pelo advento da Lei nº 12.403/11;
B) Liberdade provisória permitida. Se não for o caso da conver-
são da prisão em flagrante em preventiva por estarem presentes 
os requisitos de tal prisão processual (art. 310, II, CPP), ou, se não 
houver hipótese que enseje a determinação de prisão preventiva 
por si só (art. 321, CPP), ou se o juiz verificar que o indivíduo prati-
cou o fato em excludente de ilicitude/culpabilidade (art. 310, pará-
grafo único, CPP), é permitido à autoridade judicial a concessãode 
liberdade provisória, cumulada ou não com as medidas cautelares 
diversas da prisão;
C) Liberdade provisória vedada. O entendimento prevalente 
da doutrina e da jurisprudência, mesmo antes da Lei nº 12.403/11, 
é o de que a liberdade provisória não pode ser vedada, admita 
ou não o delito fiança, e, ainda, independentemente do que diz 
o diploma legal. Isto ficou ainda mais clarividente com a “Nova 
Lei de Prisões”, de maneira que, atualmente, é possível liberdade 
provisória com fiança, liberdade provisória sem fiança, liberdade 
provisória com a cumulação de medida cautelar, liberdade provi-
sória sem a cumulação de medida cautelar, liberdade provisória 
mediante o cumprimento de obrigações, e liberdade provisória 
sem o cumprimento de obrigações.
Recurso em sede de liberdade provisória 
Consoante o art. 581, V, do Código de Processo Penal, a deci-
são que conceder liberdade provisória desafia recurso em sentido 
estrito. Já a decisão que negar tal instituto é irrecorrível, podendo 
ser combatida pela via do habeas corpus, que não é recurso, mas 
meio autônomo de impugnação.
Fiança 
A fiança é instituto que teve seu âmbito de aplicação reforçado 
e ampliado pela Lei nº 12.403/11, seja através de sua permissão 
para delitos que antes não a permitiam, seja através de sua exis-
tência como medida cautelar diversa da prisão, seja como condicio-
nante ou não da concessão de liberdade provisória.
Em regra, a fiança é requerida à autoridade judicial, que deci-
dirá em quarenta e oito horas (art. 322, parágrafo único, do Código 
de Processo Penal).
A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos ca-
sos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja 
superior a quatro anos (art. 322, caput, CPP).
De acordo com os arts. 323 e 324, do Código de Processo Pe-
nal, não será concedida fiança:
A) Nos crimes de racismo (art. 323, inciso I). Segue-se, aqui, o 
art. 5º, XLII, da Constituição Federal;
B) Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
gas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos (art. 
323, inciso II). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIII, da Constituição Fede-
ral;
C) Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou milita-
res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 323, 
inciso III). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIV, da Constituição Federal;
D) Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança an-
teriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer 
das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do Código de 
Processo Penal (art. 324, inciso I);
E) Em caso de prisão civil ou militar (art. 324, inciso II);
F) Quando presentes os motivos que autorizam a decretação 
da prisão preventiva (art. 312) (art. 324, inciso III);
G) Art. 3º, da Lei nº 9.613/98 (“Lei de Lavagem de Capitais”). 
Tal dispositivo preceitua que os crimes previstos na “Lei de Lava-
gem de Capitais” são insuscetíveis de fiança;
H) Art. 31, da Lei nº 7.492/86 (“Lei de Crimes contra o Sistema 
Financeiro”). Tal dispositivo afirma que os crimes previstos nesta 
lei, e apenados com reclusão, não serão passíveis de fiança se pre-
sentes os motivos ensejadores da prisão preventiva.
 
Valor da fiança 
Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em con-
sideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna 
e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua 
periculosidade, bem como a importância provável das custas do 
processo, até final julgamento (art. 326, CPP).
Neste diapasão, de acordo com o art. 325, da Lei Processual 
Penal, o valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder 
nos seguintes limites:
A) De um a cem salários mínimos, quando se tratar de infração 
cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior 
a quatro anos (inciso I);
B) De dez a duzentos salários mínimos, quando o máximo da 
pena privativa de liberdade cominada for superior a quatro anos 
(inciso II).
Vale lembrar que, de acordo com o art. 330, do Código de Pro-
cesso Penal, a fiança será sempre definitiva, e consistirá em depósi-
to de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida 
pública (federal, estadual ou municipal), ou em hipoteca inscrita em 
primeiro lugar. A avaliação de imóvel ou de pedras/objetos/metais 
preciosos será feita por perito nomeado pela autoridade. Quando a 
fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será 
determinado pela sua cotação em Bolsa.
Dispensa/redução/aumento da fiança 
Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança 
poderá ser (primeiro parágrafo, do art. 325, CPP):
A) Dispensada, na forma do art. 350 deste Código (inciso I). 
Neste caso, o juiz analisa a capacidade econômica do acusado e, 
verificando ser esta baixa, concede-lhe a liberdade provisória e o 
sujeita às condições dos arts. 327 e 328, CPP. Vale lembrar que essa 
“prova de capacidade econômica” pode ser feita de qualquer ma-
neira, e, uma vez demonstrada, prevalece não ser mera discricio-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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nariedade do magistrado concedê-la, mas sim direito subjetivo do 
beneficiário;
B) Reduzida até o máximo de dois terços (inciso II);
C) Aumentada em até mil vezes (inciso III).
Destinação da Fiança
Assim que paga o valor arbitrado pela fiança o juiz irá tomar as 
seguintes providências:
A) Pagamento de custas;
B) Indenização do dano;
C) Pagamento de prestação pecuniária;
D) Pagamento de multa;
E) Remanescente será devolvido.
Objeto da Fiança
A) Depósito em dinheiro;
B) Pedras, objetos ou metais preciosos;
C) Títulos da dívida pública;
D) Hipoteca de imóvel.
Perda da fiança 
Se o acusado, condenado, não comparecer para o início do 
cumprimento da pena privativa de liberdade definitivamente im-
posta, independentemente do regime, a fiança será dada por per-
dida. Neste caso, consoante o art. 345, da Lei Processual, o seu va-
lor, deduzidas as custas e demais encargos a que o acusado estiver 
obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário.
Da decisão que julga perdida a fiança cabe recurso em sentido 
estrito (art. 581, VII, CPP).
Cassação da fiança 
A fiança a ser cassada, como regra, é aquela concedida equivo-
cadamente (ex.: foi concedida fiança ao réu mesmo tendo ele prati-
cado crime hediondo). Apenas o Poder Judiciário pode determinar 
a cassação, de ofício ou a requerimento da parte.
Ademais, caso haja inovação na tipificação delitiva, e o novo 
tipo vede fiança outrora concedida, também é caso de sua cassa-
ção.
Da decisão que julga cassada a fiança cabe recurso em sentido 
estrito (art. 581, V, CPP).
Reforço da fiança 
Trata-se de um implemento à fiança outrora prestada, seja 
porque o foi de maneira insuficiente, seja porque ocorreu nova ti-
pificação do delito fazendo-se mister a elevação de seu valor, seja 
porque ocorreu o perecimento de bens hipotecados, seja porque 
ocorreu a depreciação de pedras/metais/objetos preciosos. Se tal 
reforço não for realizado, a fiança será julgada sem efeito (fiança 
inidônea).
Da decisão que julga sem efeito a fiança cabe recurso em sen-
tido estrito (art. 581, V, CPP).
CAPÍTULO VI
DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação 
da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, 
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste 
Código. 
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança 
nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não 
seja superior a 4 (quatro) anos. 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao 
juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. 
 
Art. 323. Não será concedida fiança: 
I - nos crimes de racismo; 
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
gas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; 
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou milita-res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: 
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança ante-
riormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das 
obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; 
II - em caso de prisão civil ou militar; 
III - (Revogado).
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação 
da prisão preventiva (art. 312). 
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a 
conceder nos seguintes limites: 
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de 
infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for 
superior a 4 (quatro) anos; 
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o 
máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 
(quatro) anos. 
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a 
fiança poderá ser: 
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; 
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou 
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. 
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá 
em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de 
fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas 
de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas 
do processo, até final julgamento.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a 
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado 
para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. 
Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebra-
da.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebra-
mento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da 
autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias 
de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde 
será encontrado.
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um 
livro especial, com termos de abertura e de encerramento, numera-
do e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade, destinado 
especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado pelo es-
crivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança, e 
dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escri-
vão notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts. 327 
e 328, o que constará dos autos.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em 
depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos 
da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca 
inscrita em primeiro lugar.
§ 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
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preciosos será feita imediatamente por perito nomeado pela au-
toridade.
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida 
pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sen-
do nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à re-
partição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao deposi-
tário público, juntando-se aos autos os respectivos conhecimentos.
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se puder 
fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa abona-
da, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao valor 
o destino que Ihe assina este artigo, o que tudo constará do termo 
de fiança.
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para 
conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto, e, 
em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, ou 
a autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido requisitada a 
prisão.
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida inde-
pendentemente de audiência do Ministério Público, este terá vista 
do processo a fim de requerer o que julgar conveniente.
Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar 
em julgado a sentença condenatória. 
Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a con-
cessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, me-
diante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 
48 (quarenta e oito) horas. 
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao 
pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecu-
niária e da multa, se o réu for condenado. 
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso 
da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do Código 
Penal). 
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em jul-
gado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extin-
ta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído 
sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste 
Código. 
 Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie 
será cassada em qualquer fase do processo.
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a 
existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classifica-
ção do delito.
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos 
bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou 
pedras preciosas;
III - quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será reco-
lhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for re-
forçada.
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: 
 I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de com-
parecer, sem motivo justo; 
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento 
do processo; 
 III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente 
com a fiança; 
 IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; 
V - praticar nova infração penal dolosa. 
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se de-
clarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na 
perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a impo-
sição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação 
da prisão preventiva. 
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fian-
ça, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do 
cumprimento da pena definitivamente imposta. 
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas 
as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será 
recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. 
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções 
previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido 
ao fundo penitenciário, na forma da lei. 
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será 
entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os 
encargos a que o réu estiver obrigado.
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por 
meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo 
órgão do Ministério Público.
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais pre-
ciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a 
situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade pro-
visória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 
deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. 
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo jus-
to, qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o 
disposto no § 4o do art. 282 deste Código.
 
Prisão temporária 
A prisão temporária é uma das espécies de prisão cautelar, 
mais apropriada para a fase preliminar ao processo, tendo vindo 
como substitutiva da suspeita (e ilegal/inconstitucional) “prisãopara averiguações”. Embora não prevista no Código de Processo 
Penal, a Lei nº 7.960/89 a regulamenta.
Esta lei tem origem na Medida Provisória nº 111/89, razão pela 
qual parcela minoritária da doutrina afirma ser tal lei inconstitucio-
nal, por não ser dado a Medidas Provisórias regulamentar prisões. 
O Supremo Tribunal Federal, contudo (e é essa a posição absoluta-
mente prevalente), tem entendimento de que a Lei nº 7.960/89 é 
plenamente constitucional.
Caberá prisão temporária, de acordo com o primeiro artigo, da 
Lei nº 7.960/89:
A) Quando esta for imprescindível para as investigações do in-
quérito policial (inciso I);
B) Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer 
elementos necessários ao esclarecimento de sua atividade (inciso 
II);
C) Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer 
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do 
indiciado nos crimes de homicídio doloso (art. 121, caput e seu §2º, 
CP), sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§1º e 2º, 
CP), roubo (art. 157, caput, e seus §§1º, 2º e 3º, CP), extorsão (art. 
158, caput, e seus §§1º e 2º, CP), extorsão mediante sequestro (art. 
159, caput, e seus §§1º, 2º e 3º, CP), estupro e atentado violento 
ao pudor (art. 213, caput, CP), epidemia com resultado de morte 
(art. 267, §1º, CP), envenenamento de água potável ou substância 
alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, c.c. 
art. 285, CP), quadrilha ou bando (art. 288, CP), genocídio em qual-
quer de suas formas típicas (arts. 1º, 2º e 3º, da Lei nº 2.889/56), 
tráfico de drogas (art. 33, Lei nº 11.343/06), e crimes contra o siste-
ma financeiro (Lei nº 7.492/86) (inciso III).
Neste diapasão, uma pergunta que convém fazer é a seguinte:

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