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GEOGRAFIA AULA 1 Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida. Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida. Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida. AULA 2 AULA 3 O foco das propostas de sequências didáticas será os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, da ONU para 2030, relacionado com os com os eixos/unidades temáticas da BNCC. Apesar do sequenciamento didático proposto, cada uma das ações (aula) pode ser trabalhada individualmente pelo professor, o que confere autonomia de cátedra e intervenções adequadas aos múltiplos contextos de atuação. As atividades serão apresentadas em grau crescente de complexidade (mais básicas para mais complexas), buscando seguir o modelo adotado pelo ENEM/SAEB (TRI). O objetivo das questões (3 por ação/aula) é aferir a compreensão sobre os objetos de conhecimentos que serão trabalhados em cada aula. Adicionalmente, serão utilizados trechos de propostas já produzidas, como o Caderno Pedagógico, o Monte a sua prova e o Saber Sempre +, para contextualizar as ações didáticas e avaliativas que serão incorporadas em cada sequência de aulas. . PROPOSTA DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO MÉDIO Público-alvo: professores do Ensino Médio. Problematização: as pautas em torno do ODS da ONU para 2030 fornecem insumos para trabalhar as dificuldades apontadas no Ensino Médio e permitem ancorar os conceitos que serão trabalhados. Objetivo geral: apoiar o professor em sala de aula com recursos que permitam trabalhar os pontos de dificuldades apontados no ENEM, com temas que geram engajamento e participação dos estudantes. Descrição ODS 8 – TRABALHO DECENTE E CRESCIMENTO ECONÔMICO HISTÓRIA INTRODUÇÃO Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos Temática: Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma tentativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de “[...] acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade” (ONU Brasil. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 12 ago. 2024). Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas, criados a partir de um plano de ação que tem três bases: as pessoas, o planeta e a prosperidade. Conforme afirma Jaciara Gomes, no Caderno Pedagógico nº 5 (2023, p. 32): “Garantir que todas as pessoas possam desenvolver as suas potencialidades, sustentavelmente, em dignidade e em igualdade se constitui em um desafio ambicioso”, desafio esse que a escola enfrentará contribuindo para uma educação emancipatória. A ONU lança os ODS justamente no período que coincide com a intensa globalização da economia e as mudanças climáticas. Essas mudanças causam impactos ambientais que colocam em xeque a posição do indivíduo como centro do universo, uma vez que ameaçam a própria sobrevivência da espécie humana, além de várias espécies animais e vegetais. Neste período de urgência climática, pululam as contradições do processo de globalização, já que vivemos em um mundo “hiperconectado” em vários sentidos, mas extremamente desigual para grande parte da população mundial. O ODS 8, Trabalho decente e crescimento econômico, indica metas que “[..] entendem o trabalho como origem do valor em nossas economias e do sustento ODS 10 – REDUÇÃO DAS DESIGULADADES Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles https://brasil.un.org/pt-br/sdgs HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais. (EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros). (EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais. (EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de documentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identificados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia. e da dignidade de todos”, segundo Niva Silva (Caderno Pedagógico nº 5, 2023, p. 69). Já a ODS 10, Redução das desigualdades, enfoca a redução das desigualdades no interior dos países e entre os países como um desafio que inclui especialmente a questão das migrações. A Geografia – que, em linhas gerais, é marcada pela reflexão sobre a relação do indivíduo com o meio – propõe ao leitor pensar sobre o território, a partir do desmonte de estruturas que fragilizam mulheres, negros, indígenas e pobres. Desse modo, por meio da escola, o componente curricular pode contribuir para a criação de narrativas de outros mundos possíveis, mais inclusivos e solidários. DESENVOLVIMENTO Primeiramente, pergunte aos estudantes o que eles entendem por “empreendedorismo”. Em seguida, abra o portal https://www.wordclouds.com/ e, compartilhando o QRCode, monte com a turma uma nuvem de palavras sobre o tema – solicite que os estudantes escrevam a palavra que vem à sua mente quando o assunto é “empreender”. Caso não seja possível acessar a internet, o quadro também pode ser usado para realização da atividade, de maneira analógica (nesse caso, vá registrando as palavras que forem sendo faladas pela turma). Formada a nuvem de palavras, reflitam conjuntamente sobre os termos mais recorrentes e suas implicações (por exemplo: casos de empreendedores de sucesso, influenciadores digitais, ganhos financeiros etc.). AULA 1 Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida, com foco em Empreendedorismo e desigualdades sociais Solicite que os estudantes leiam o seguinte trecho do texto A mídia em função dos negócios locais, do livro Novo Ensino Médio (2020), de autoria de Tércio Rigolin, Luiz Silveira e Bruno Prado, disponível no portal e-docente. A leitura pode ser viabilizada por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução das páginas do texto em slides exibidos via projetor para toda a turma. A MÍDIA EM FUNÇÃO DOS NEGÓCIOS LOCAIS Qual é a importância da comunicação em diferentes mídias para os micro e pequenos negócios do lugar em que vivo? Nos últimos anos, o uso da palavra empreendedorismo se espalhou e ela passou a fazer parte do vocabulário de milhões de pessoas no Brasil. Mas, afinal, o que significa empreender? Esse termo vem sendo utilizado para designar tanto algumas capacidades específicas, como as de inovação, superação ou flexibilidade, quanto certas estratégias para a criaçãoe a ampliação de negócios. Às vezes, refere-se a todo tipo de empreendimento, https://www.wordclouds.com/ BRASIL: MOTIVAÇÕES DOS EMPREENDEDORES INICIAIS Motivação Taxa (em %) Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA) (em %) Estimativa (em unidades) Oportunidade 11 61,8 15.107.684 Necessidade 6,7 37,5 9.176 664 mesmo os de subsistência. Em outros momentos, refere-se somente às empresas com altos índices de crescimento. Seja qual for o significado, o termo faz, de forma geral, um apelo direto à insatisfação de muitas pessoas com as condições de vida e trabalho e a realidade social e econômica. Por isso, é importante compreender qual é a relação do empreendedorismo com as oportunidades de negócios e com a ideia de inovação, além de sua importância para a economia local. Afinal, muitas vezes, o surgimento de novos negócios é responsável por gerar empregos e renda para uma comunidade. Neste projeto, você poderá entender como o uso de estratégias de mídia podem contribuir para a divulgação dos micro e pequenos negócios existentes na localidade em que você vive, tendo em vista a importância de tais negócios para a economia – seja ela local, regional, seja ela nacional. [...]. Segundo pesquisas realizadas pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – parceria do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) –, em 2018, o Brasil encontrava-se em uma posição privilegiada em relação ao empreendedorismo. O Relatório executivo 2018 sobre o empreendedorismo no país, elaborado pela instituição, estimou que, no período analisado, existiam aproximadamente 52 milhões de pessoas planejando atividades empreendedoras ou já envolvidas com elas [...]. Ou seja, a cada cinco brasileiros, dois podiam ser considerados empreendedores. [...]. Empreendedores são, segundo o relatório, “[...] as pessoas que criaram ou estão criando qualquer tipo de empreendimento, mesmo aqueles mais simples, gerados pela necessidade de subsistência”. No contexto da pesquisa, necessidade e oportunidade estariam, portanto, entre as principais motivações para abrir um negócio ou empreender, como mostra a tabela a seguir. Fonte: Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil. Relatório executivo 2018. p. 12. Disponível em: https://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Relat%C3%B3rio-Executivo-Brasil-2018-v3-web.pdf. Acesso em: 07 jan. 2020. https://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Relat%C3%B3rio-Executivo-Brasil-2018-v3-web.pdf Após a leitura, oriente os estudantes a refletirem novamente sobre as palavras que formaram a nuvem de palavras elaborada anteriormente, agora relacionando-as aos novos tópicos trazidos pelos autores, para que haja a ampliação do conceito de “empreendedorismo”. Solicite que os estudantes leiam o seguinte trecho de Empreendedorismo nas comunidades, de autoria de Niva Silva, disponível no Caderno Pedagógico nº 5. Novamente, a leitura pode ser viabilizada por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução das páginas do texto em slides exibidos via projetor para toda a turma. Empreendedorismo Na definição clássica de Schumpeter (1985), empreender é provocar mudanças em um mercado, setor ou território a partir da inovação, seja pela introdução de um novo produto, seja pela melhoria de um processo. Essa visão remete à figura do empresário que utiliza seu capital para assumir riscos, inovar e, assim, expandir seus negócios e influência. Mas não é essa a figura do empreendedor no mercado em que nossos estudantes estão prestes a entrar. De acordo com pesquisa do Sebrae (2022), no Brasil de hoje, quase metade dos “empreendedores” têm uma renda mensal de até um salário mínimo e 90% deles não possuem funcionários. Esse, sim, é o retrato do empreendedor periférico, aquele que reconhecemos em nossos estudantes, ex-estudantes e suas famílias. Esse é o empreendedorismo da maioria das comunidades de nossas escolas. A mãe que cozinha para fora, o pai que monta uma vendinha na porta de casa, a tia que revende cosméticos, a menina que vende brigadeiros na hora do intervalo, o irmão que pedala horas pela cidade fazendo entregas. Empreender, para nossas comunidades, muitas vezes não é uma oportunidade, mas a única opção em um cenário de desemprego; é o que chamamos de “empreendedorismo por necessidade”. Os pequenos comércios de periferia são exemplos vivos da resiliência e inventividade do brasileiro, além de demonstração do poder de consumo das comunidades. Por intermédio do trabalho árduo dessas pessoas, famílias encontram seu sustento e fazem circular a economia local. Mas esse mesmo impulso por empreender é usado como mecanismo de atração para o trabalho informal. Em um processo que vem sendo chamado de “trabalho intermitente”, “autogerenciamento subordinado” ou, simplesmente, “uberização”, empresas de inovação tecnológica se posicionam como plataformas, conectando o público consumidor ao prestador de serviço, eximindo-se de responsabilidades trabalhistas e desviando os riscos do negócio para o trabalhador. A análise de Ludmila Abilio (2019) explica que Em seguida, solicite que os estudantes se reúnam em grupos com a mesma quantidade de participantes e, conjuntamente, respondam, por escrito, à seguinte questão: O que motiva uma pessoa a empreender no Brasil? É importante que cada grupo escolha um de seus integrantes como relator, que deverá elaborar a resposta com a ajuda dos demais membros. Esse fenômeno recente, porém veloz, cresce alimentado por grandes investidores e corre nas estradas abertas pelas políticas liberais, espalhando-se rapidamente para todas as categorias de prestação de serviço e criando uma nova classe de trabalhadores a que chamamos de precariado, devido às suas precárias condições de trabalho e vida. [...] o empreendedorismo assume na atualidade usos diversos que se referem de forma obscurecedora aos processos de informalização do trabalho e transferência de riscos para o trabalhador, o qual segue subordinado como trabalhador, mas passa a ser apresentado como empreendedor. Fundamentalmente, trata-se de um embaralhamento entre a figura do trabalhador e a do empresário. [...] O empreendedorismo torna-se genericamente sinônimo de assumir riscos da própria atividade. Opera aí um importante deslocamento do desemprego enquanto questão social para uma atribuição ao indivíduo da responsabilização por sua sobrevivência em um contexto de incerteza e precariedade[1]. [1] ABILIO, Ludmila Costhek. Uberização: do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Revista Psicoperspectivas, Valparaíso, v. 18, n. 3, nov. 2019. Disponível em: https://www.scielo.cl/pdf/psicop/v18n3/0718 -6924-psicop-18-03- 41.pdf. Acesso em: 16 jun. 2023. Concluída a elaboração das respostas por todos os grupos, exiba os seguintes vídeos: Você sabe o que é empreendedorismo social? (0’53’’), do Resetpodcast. Disponível em: https://www.youtube.com/shorts/DSyIrcWetcU O que é AFROEMPREENDEDORISMO? Entenda a importância de APOIAR o empreendedorismo preto (2’51’’), do Tamo Junto. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=poKLEGzWAyA Negócio é a nossa praia | Conheça o ambulante Nei Mate | Conteúdo de marca (2’49’’), do jornal O Globo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Q01IzYQLH-M https://www.scielo.cl/pdf/psicop/v18n3/0718%20-6924-psicop-18-03-41.pdf https://www.scielo.cl/pdf/psicop/v18n3/0718%20-6924-psicop-18-03-41.pdf https://www.youtube.com/shorts/DSyIrcWetcU https://www.youtube.com/watch?v=poKLEGzWAyA https://www.youtube.com/watch?v=Q01IzYQLH-M Em seguida, solicite aos estudantes que voltem a compor os grupos anteriores e façam um relatório sobre: Novamente, o relator de cada grupo redige o texto, mas os demais integrantes devem ajudá-lo. Depois disso, organize os estudantes em uma roda de conversa e abra o debate para acolher os temas que surgiram com as respostas dos grupos e que estão relacionados aos textos anteriores e aos vídeos, como, por exemplo:“desemprego”, “uberização”, “oportunidade”, “necessidade”, “motivação”, “criatividade”, entre outros. O que aprenderam na aula? O que mais chamou a atenção do grupo? O que mudou com relação à ideia que tinham no início da aula sobre “empreendedorismo”? AFERIÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM Questão 1 Importantes transformações produtivas e na forma de organização do trabalho têm ocorrido nas últimas décadas em todo o mundo e também no Brasil. Assim, Acordos e tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, tratam da questão do trabalho escravo e proíbem a escravidão por dívida, razão pela qual esse tipo de trabalho forçado não é registrado no país desde 1888. A. Em todo o mundo vêm sendo observadas mudanças em relação ao assalariamento e ao desemprego, como a precarização das relações de trabalho para desoneração da produção, e o crescimento da informalidade. (Alternativa correta). B. Considerando a oferta de trabalho no Brasil, observa-se uma mudança de tendência, com a diminuição de oferta de emprego no setor primário e terciário, e efetivo aumento da oferta de emprego no setor secundário da economia. C. Em todo o mundo, vêm sendo observadas mudanças em relação ao assalariamento e ao desemprego, como a precarização das relações de trabalho para desoneração da produção e o crescimento da informalidade. [Alternativa correta] D. Nosso país se destaca em avanços trabalhistas, o que tem gerado, inclusive, ganhos de produção, fazendo com que nos destaquemos na exportação de gêneros agrícolas. E. Uma característica marcante das relações de trabalho na etapa atual do modo de produção é a maior organização sindical, o que se traduz em uma infinidade de benefícios para empregados e empregadores. As questões abaixo foram obtidas através do recurso Monte Sua prova. Escolha as que mais se adequam à sua realidade de debate e vivência ao longo das aulas e aplique-as com seus estudantes. Oportunamente, faça correção coletiva e utilize o momento da correção para explorar novas oportunidades de aprendizagem. Questão 2 A partir desse cenário de crise, analise as afirmações a seguir sobre as mudanças na dinâmica do mercado de trabalho. I - A perda da capacidade de consumo das famílias brasileiras e o aumento da inadimplência são fatores que, somados, deverão ampliar o desemprego nos setores de comércio e serviços. II - A forte e rápida queda dos empregos formais tende a ser acompanhada pela expansão do trabalho informal e por conta própria, como medidas emergenciais para enfrentar a crise do mercado de trabalho. III - A diminuição dos rendimentos médios da economia e a proteção do salário pela legislação trabalhista concorrem para a demissão de trabalhadores de maior remuneração, repostos por novos de menor salário. Milhares de pessoas fazem fila para vaga de emprego no Vale do Anhangabaú (São Paulo), em novembro de 2015. val, em fevereiro e março, a projeção é de perda líquida de 2,2 milhões de vagas no ano. Enquanto em 2015 as demissões ocorreram na construção civil e na indústria de transformação, em 2016 serão os setores de comércio e serviços os mais atingidos (...). Somados, são setores que empregam mais de 70% da força de trabalho. Adaptado de BARREIRA, Tiago Cabral, Boletim Macro IBRE, FGV, fev. 2016, p. 9. A velocidade de destruição de empregos formais registrada em 2015 (menos 1,64 milhão de vagas) se destaca das crises anteriores. Em 2016, o forte movimento de demissão nos empregos formais deve prosseguir. Para janeiro, projeta-se a destruição de 170 mil vagas. Embora seja esperada leve retomada sazonal de contratações após o Carna- Questão 3 Um dos fatores que tem impulsionado o avanço do trabalho informal no Brasil é A. O aumento da mão de obra qualificada. B. O crescimento do número de jovens no mercado. C. A reduzida participação do setor terciário no PIB. D. O aumento do número de imigrantes no país. E. A flexibilização das leis trabalhistas. (Alternativa correta) Está correto o que se afirma em: A. I, apenas. B. II, apenas. C. III, apenas. D. I e II, apenas. E. I, II e III. (Alternativa correta) DESENVOLVIMENTO Solicite que os estudantes leiam o seguinte texto do Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas (2016)[1], do Instituto Ethos, de autoria de Cida Bento. A leitura pode ser viabilizada por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução das páginas do texto em slides exibidos via projetor para toda a turma. AULA 2 Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida, com foco em desigualdades sociais, raciais e redução das desigualdades. Exclusão fragiliza responsabilidade social Por Cida Bento Profissionais que atuam no campo das políticas de diversidade em empresas têm destacado que a dimensão racial da diversidade é aquela que traz mais desafios para ser abordada e implementada. Exemplo típico é o caso das mulheres negras, que em todos os indicadores de mercado de trabalho brasileiro se encontram em pior situação: taxas de participação mais baixas, alta taxa de desemprego (chega a ser 100% superior em relação ao homem branco desempregado)[2] e informalidade (66,7% mais elevada)[3], bem como rendimentos inferiores (74,5% quando comparadas aos dos homens brancos) [4]. Nas posições de liderança empresarial, as edições anteriores deste Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas têm revelado um quadro dramático e persistente: mulheres negras ocupavam 2,1% do quadro gerencial e 0,5% do quadro executivo em 2010. [1]Disponível em: https://www.ethos.org.br/cedoc/perfil-social-racial-e-de-genero-das-500-maiores- empresas-do-brasil-e-suas-acoes-afirmativas/. Acesso em: 09 ago. 2024. [2] Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Organização de Mariana Mazzini Marcondes [et al.], do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3039/1/Livro-Dossi%c3%aa_mulheres_negras- retrato_das_condi%c3%a7%c3%b5es_de_vida_das_mulheres_negras_no_Brasil. Acesso em: 10 ago. 2024. [3] “O perfil dos trabalhadores e trabalhadoras na economia informal”, de Eugenia Troncoso Leone, do Escritório da OIT no Brasil, para a série Trabalho Decente no Brasil, documento de trabalho nº 3. Disponível em: https://www.ilo.org/pt-pt/publications/o-perfil-dos-trabalhadores-e-trabalhadoras-na-economia-informal. Acesso em: 10 ago. 2024 [4] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3039/1/Livro-Dossi%c3%aa_mulheres_negras-retrato_das_condi%c3%a7%c3%b5es_de_vida_das_mulheres_negras_no_Brasil https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3039/1/Livro-Dossi%c3%aa_mulheres_negras-retrato_das_condi%c3%a7%c3%b5es_de_vida_das_mulheres_negras_no_Brasil https://www.ilo.org/pt-pt/publications/o-perfil-dos-trabalhadores-e-trabalhadoras-na-economia-informal Pergunte aos estudantes se já ouviram falar na filósofa norte-americana Angela Davis. Apresente-a a eles, complementando o que já tiverem ouvido sobre ela, ou trazendo novas informações sobre sua vida e obra (para que você, professor(a), possa fundamentar essa apresentação, indicamos, para sua leitura prévia, a minibiografia dela, escrita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas, disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/angela-davis/ . Acesso em 18.08.2024). A seguir, escreva no quadro ou exiba em slides a conhecida frase de Angela Davis, dita em uma conferência em 2017, em Salvador – Bahia: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Em seguida, discuta com os estudantes a respeito da perspectiva da filósofa de que, por conta das desigualdades sociais, de gênero e raciais, as mulhe- Compartilhe algumas curiosidades sobre a Revolução4.0: Mulheres negras são parte substantiva do segmento a ser beneficiado pelos programas de gênero nas empresas e sua exclusão ou sub-representação fragiliza o discurso e os esforços no campo da sustentabilidade e responsabilidade social. Para mudarmos esse cenário, são necessárias algumas medidas fundamentais: a colocação do dado cor/raça nos cadastros, que é amparada por sólidos marcos legais, deve ser feita já nos processos de recrutamento e seleção, bem como nas oportunidades de treinamento, de ascensão e de mentoring, de maneira que seja possível identificar quais são os obstáculos presentes nessas diferentes etapas e ultrapassá-los. De outro lado, há que se desenvolver formas de acessar e atrair profissionais negras, bem como as milhares de jovens que concluem o curso superior, nas diferentes regiões do país, por meio dos diversos programas de ação afirmativa implementados nas universidades, desde o princípio desta década. Cabe destacar, finalmente, que iniciativas importantes e qualificadas no campo da igualdade racial vêm sendo protagonizadas por diferentes empresas. Essas iniciativas, embora isoladas e pontuais, podem ser mapeadas, detalhadas e disseminadas, como cases, com vistas a inspirar as empresas, auxiliando-as a avançar para um ambiente empresarial mais democrático, que respeite os direitos humanos e que aposte no desenvolvimento econômico e social do país. https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/angela-davis/ Exiba o vídeo Quebradeiras de Coco Babaçu (3’09’’), da Comissão Pastoral da Terra – CPT Nacional, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-ZABWoppr4k. Em seguida, ouça os estudantes quanto aos pontos que mais lhes chamaram a atenção e incentive-os a refletir sobre a relação das mulheres com a cultura, o território e a resistência criada coletivamente para enfrentar a pobreza e as desigualdades sociais, estabelecendo conexões com a frase da filósofa Angela Davis apresentada na etapa anterior. Apresente o seguinte relato sobre a condição atual das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, por meio da reprodução de slides exibidos via projetor para toda a turma: res negras ocupam a base da pirâmide social no capitalismo, e, portanto, seu movimento de deslocamento desse lugar geraria uma mudança na própria estrutura da sociedade e na pirâmide social do capitalismo como um todo. As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais. ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado). Solicite que os estudantes leiam trechos do texto Educação e periferia: avanços e desafios, de autoria de Jaciara Gomes, do Caderno Pedagógico nº 5. Novamente, a leitura pode ser viabilizada por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução das páginas do texto em slides exibidos via projetor para toda a turma. Se considerar necessário, disponibilize o texto completo da autora, que compõe o Capítulo 3 do Caderno Pedagógico nº 5. https://www.youtube.com/watch?v=-ZABWoppr4k Educação e periferia: avanços e desafios Educação antirracista É na relação entre educação e periferia que reside a prática de uma educação antirracista. Vimos que a desigualdade racial é extrema no Brasil. Isso se explica de modo simples (mas nada simplório) por ser o racismo uma construção histórica e ideológica, estruturante do país nos eixos da economia, da política e da justiça. Para compreendermos melhor o racismo, apresentamos, a seguir, a definição apresentada por Silvio Luiz de Almeida (2020, p. 32): [...]. A filósofa Djamila Ribeiro, em seu Pequeno manual antirracista, convida a todos, principalmente pessoas brancas, a se perceberem criticamente, acordando para os privilégios de certos grupos na sociedade. Desse modo, a estudiosa nos desafia a de fato agir na superação das desigualdades em um sistema que nega as mazelas que ele mesmo produz. A autora lista ações que podem aqui ser retomadas para pensarmos em uma educação antirracista. Para isso, discute nos capítulos da referida obra cada ação sugerida e modos de concretizá-las. Assim defende que, buscando sermos todos antirracistas, precisamos nos informar sobre o racismo, enxergar a negritude, reconhecer os privilégios da branquitude, perceber o racismo internalizado em nós, apoiar políticas educacionais afirmativas, transformar nosso ambiente de trabalho, ler autores negros, questionar a cultura que consumimos, conhecer nossos desejos e afetos e por fim combater a violência racial. Temos explicitada, nessa perspectiva, uma relação entre educação, culturas e realidade social, de modo que não podemos deixar de refletir sobre cidadania, políticas públicas na cidade e inclusão. Educação, culturas e realidade social] [...]. O escritor Silvio Luiz de Almeida afirma que as políticas educacionais refletem sobre as contradições do processo de descentralização de políticas públicas no Brasil. Almeida aponta o papel da construção de territorialidades políticas e culturais contra-hegemônicas em defesa da educação pública e da universalização de outras políticas sociais. O racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam[1]. [1] ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Jandaíra, 2020. Solicite que os estudantes formem 3 grupos e que cada um desses grupos escolha um relator para registrar as respostas. Os estudantes devem levar em consideração as reflexões e os questionamentos pertinentes promovidos pelos textos e pelo vídeo apresentados anteriormente. Em seguida, incentive-os a discutir as seguintes questões: Assim, as práticas sociais constroem de modo intrinsecamente contraditório sociabilidades tanto conformadas às normas do capital, como possibilidades de práticas pedagógicas e civilizatórias, para emancipação humana (ALMEIDA, 2020, apud DAVID et al., 2015). A experiência histórica mostra as contradições que ocorreram no tecido urbano com o deslocamento de milhares de pessoas do campo para a cidade. O rápido crescimento dos centros urbanos contribuiu na formação de novas relações de trabalho e no surgimento de rotinas que, por sua vez, forjaram práticas de segregação socioespacial. O território é construído distintamente a partir da relação entre sujeito e espaço, como bem conceituou o geógrafo Milton Santos: O território é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre as quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois, de logo, entender que se está falando em território usado, utilizado por uma dada população (2007, p. 96-97, grifo nosso) [2]. Nesse sentido, torna-se fundamental pensar a educação sustentável de modo holístico, ou seja, para além da questão ambiental, mas incorporando as (ir)reponsabilidades humanas, a pobreza, o respeito à diversidade, a erradicação da fome, como salienta Elisabete Maniglia (apud DAVID et al., 2015). Considerações finais [...]. Em meio à pandemia de Covid-19, o escritor Ailton Krenak (2020) nos provocou apensar sobre os muitos desafios para a vida no planeta. Contaminados pela ideia de progresso, reinventamos modos de nos violentar, formas de esgotamentos da vida. Assim, reflete sobre a não utilidade da vida, ensinamentos e práticas que os indígenas conhecem bem. Já os negros, podemos acrescentar, têm conseguido, muitas vezes, transgredir o sistema para manutenção da própria vida, regada a afeto. São essas vivências que a relação entre educação e periferia precisa enfrentar. [2] SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 14. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. [2] SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 14. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. Finalizada a atividade, em uma roda de conversa, os relatores devem expor uma síntese das reflexões elaboradas por cada grupo, com debate aberto à participação de todos. De que modo a educação antirracista pode contribuir para a superação das desigualdades sociais, raciais e de gênero? A filósofa Djamila Ribeiro lista várias ações que contribuem para a educação antirracista, como informar-se sobre o racismo, enxergar a negritude, reconhecer os privilégios da branquitude, perceber o racismo internalizado em nós, apoiar políticas educacionais afirmativas, transformar o ambiente de trabalho, ler autores negros, questionar a cultura que consumimos, conhecer nossos desejos e afetos e combater a violência racial. A partir de quais elementos é possível perceber a relação das mulheres quebradeiras de coco-babaçu com o seu território? Em que medida a interação entre ‘mulheres’ e ‘território’ se aproxima da definição de território de Milton Santos? Espera-se que os estudantes associem o território à sustentabilidade da vida e da comunidade das mulheres quebradeiras de babaçu. Que percebam que o território está relacionado à identidade, ao pertencimento, ao trabalho e às trocas materiais e imateriais dessas mulheres e da rede de solidariedade que criam a partir do trabalho. Reflita sobre a frase de Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Se possível, dê exemplos que a ilustrem. Os estudantes devem ser incentivados a refletir sobre como a mobilidade social da mulher negra é amplamente transformadora e caminha na direção da diminuição das desigualdades. RESPOSTA ESPERADA RESPOSTA ESPERADA RESPOSTA ESPERADA Questão 1 A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque: A. Legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. B. Divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. C. Reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura. D. Garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação. E. Impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país. (Alternativa correta). AFERIÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM As questões abaixo foram obtidas através do recurso Monte Sua prova. Escolha as que mais se adequam à sua realidade de debate e vivência ao longo das aulas e aplique-as com seus estudantes. Oportunamente, faça correção coletiva e utilize o momento da correção para explorar novas oportunidades de aprendizagem. A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). Questão 2 As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivem numa situação de http://www.planalto.gov.br/ A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da: A. Constante violência nos babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios. B. Falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. C. Escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos. D. Progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro. E. Dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas propriedades. (Alternativa correta). exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais. ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado). “A seguir, nos Censos de 1900 e 1920, as informações sobre cor ou raça não foram coletadas e, em 1910 e 1930, não foram realizadas operações censitárias no País(...). Os Censos 1950 e 1960 reincorporaram o grupo pardo à categorização de cor, como unidade de coleta e análise, sendo os primeiros levantamentos que orientaram explicitamente nas suas instruções de preenchimento a respeitar a resposta da pessoa recenseada, constituindo a primeira referência explícita ao princípio de autodeclaração. No Censo 1970, mais uma vez a variável foi excluída da pesquisa, sendo que a partir do Censo 1980 o quesito voltou a ser pesqui- Questão 3 De acordo com o texto e com as características de formação étnica da população brasileira, assinale a alternativa correta. A. A população brasileira, a despeito de sua composição étnica de origens variadas, apresenta histórica homogeneidade de características, tais como a cor da pele. Esse fato torna discutível a inclusão dos termos “pardos” e “indígenas”, restritos às características físicas e não culturais desses grupos. B. O recenseamento da população segundo a cor da pele é importante para o estabelecimento de políticas públicas de correção de desigualdades. Contudo, a heterogeneidade da população é um fato de difícil medição, a exemplo da histórica dificuldade da definição de alguns termos como “pardos” e “indígenas”. (Alternativa correta). C. A população brasileira é um exemplo de “democracia racial”, em que todos os grupos classificados pelo IBGE, segundo a cor da pele, apresentam equilíbrio nos dados de escolaridade, expectativa de vida e rendimentos. A retirada dos termos “pardos” e “indígenas” comprova essa tese. D, No Brasil, o principio da “autodeclaração” confere amplos poderes ao Estado para determinar a classificação da população de acordo com a cor da pele. Desse modo, os recenseadores aplicam a metodologia correta, cientificamente aceita e sem distorções, como historicamente podemos comprovar. E. A homogeneidade da população brasileira segundo a cor da pele pode ser modificada pela mudança dos critérios do IBGE para os diferentes recenseamentos. Desse modo, a afirmação de que o Brasil é heterogêneo, deriva muito mais das mudanças nos critérios de recenseamento do que propriamente das característicasda população. sado, desta vez no questionário da amostra. Em Em 1991, foi acrescentada a categoria indígena às já mencionadas, após um século de ausência desta identificação, passando a pergunta a ser denominada como de “raça ou cor” e, no Censo 2000, de “cor ou raça”. Em 2010, último censo realizado, repetiram-se as mesmas categorias de classificação da pergunta, que voltou ao questionário básico aplicado à totalidade da população, sendo que, pela primeira vez, as pessoas identificadas como indígenas foram indagadas a respeito de sua etnia e língua falada”. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/caracteristicas_raciais/ http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/caracteristicas_raciais/ DESENVOLVIMENTO Antes de apresentar os textos motivadores da Sequência Didática, promova uma sala de aula invertida[1], a partir da qual os estudantes individualmente terão a oportunidade de se familiarizar com o tema das migrações transnacionais, por meio de uma pesquisa na internet ou na biblioteca da escola. AULA 3 Trabalho com os eixos temáticos O sujeito e seu lugar no mundo, Mundo do trabalho e Natureza, ambientes e qualidade de vida, com foco em migrações. Como os migrantes são retratados?1. Quais as principais causas das migrações? São políticas, econômicas ou relacionadas a eventos climáticos? 2. O que há em comum no material coletado quando o assunto são as migrações? 3. Solicite que os estudantes formem 3 grupos, com a mesma quantidade de integrantes. Cada grupo deve escolher um relator, que será responsável por escrever o que foi observado, com a ajuda dos demais participantes, a partir do material coletado sobre as migrações transnacionais. Indicando a fonte, os alunos devem responder: Motive os estudantes a perceberem como os veículos de mídia e os livros abordam o assunto, a situação dos migrantes, as posições políticas dos países para os quais as pessoas se dirigem e dos quais emigram, as diferentes abordagens sobre o assunto, entre outros aspectos. [1] Para saber mais sobre essa metodologia ativa, indicamos a leitura do e-book “Sala de aula invertida: por onde começar”, de Carlos Roberto da Silveira Junior, publicado pelo Instituto Federal de Goiás. Disponível em: http://www.ifgoias.edu.br/attachments/article/19169/Sala%20de%20aula%20invertida_%20por%20 onde%20come%C3%A7ar%20(21-12-2020).pdf. Acesso em 18.08.2024. http://www.ifgoias.edu.br/attachments/article/19169/Sala%20de%20aula%20invertida_%20por%20onde%20come%C3%A7ar%20(21-12-2020).pdf http://www.ifgoias.edu.br/attachments/article/19169/Sala%20de%20aula%20invertida_%20por%20onde%20come%C3%A7ar%20(21-12-2020).pdf Solicite que os estudantes leiam o texto a seguir. A leitura pode ser viabilizada por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução das páginas do texto em slides exibidos via projetor para toda a turma. Depois de socializadas as respostas, em uma roda de conversa, os relatores apresentam um panorama do que foi encontrado por cada grupo. Reflitam conjuntamente sobre as temáticas mais recorrentes e suas consequências – por exemplo, podem surgir matérias sobre posições contrárias de países às migrações, as políticas de acolhimento a essas populações, as condições sociais das pessoas que migram, as identidades dos migrantes, se o foco das notícias é o país de origem ou o país que irá recebê-los, os casos de xenofobia, entre outras. Histórias e geografias sem fronteiras? Migrações, gênero e (in) tolerâncias entre Brasil, Portugal e Espanha Definindo fronteiras Movimentos migratórios são característicos das sociedades desde que estas existem e se configuram como tal. Com o distanciamento cada vez maior, na atualidade, entre países desenvolvidos e países cujas condições sociais e Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) são baixos, os processos migratórios são mais intensos. A via de mão dupla existe somente em algumas zonas e regiões extremamente reguladas e com aparatos legais e jurídicos que permitem um controle social e estatístico mais estável. O fenômeno migratório tem ganhado inclusive espaços cotidianos nos mass media e sido colocado como prioridade na agenda internacional de Direitos Humanos e Relações Internacionais. Sua historicidade mais recente pode ser confirmada pela intensificação de deslocamentos e circulação de pessoas ocorrida pós-II Guerra Mundial, seja resultante de guerras e conflitos entre povos, catástrofes naturais (“refugiados” ou “migrantes ambientais”) ou por motivos laborais. O sentido Sul-Norte também já não limita os estudos e as relações mais tensas, consolidando outros movimentos e tendências na mobilidade, alterando os perfis migratórios e abrindo uma “brecha” para investigações, agendas e ações. Apresente, em seguida, a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Enfatize os ODS 8, Trabalho decente e crescimento econômico, e ODS 10, Redução das Desigualdades – que tocam na questão da migração –, por meio da reprodução de algumas de suas metas em slides exibidos via projetor para toda a turma. Cada grupo deve apresentar sua proposta para a turma. Aproveite para realizar intervenções e perguntas para incentivar a discussão coletiva sobre as diferentes abordagens e perspectivas. Aliás, isso impulsiona novas abordagens não mais centradas exclusivamente nos aspectos laborais e “passam a representar uma rede muito mais complexa de circulação de pessoas, assente em fatores como a migração econômica, de consumo e de talento” (MATIAS, 2014, p. 10). [...]. Manuel Castells, em Observatório Global (2006), afirma que a globalização não pode ser restrita somente ao deslocamento de empresas e fluxos de capitais.Grandes fluxos migratórios a partir da pobreza, e sobretudo, da esperança de um futuro melhor para seus filhos suscitam o espírito empreendedor migratório e fazem com que a América Latina, África e Ásia se convertam, junto com o Leste Europeu, em fonte contínua de pessoas que buscam, nas zonas ricas da Europa e da América, as oportunidades de vida e de trabalho que não são oferecidas em seus países de origem. CAVALCANTI, V. R. S.; SILVA, A. C. Histórias e geografias sem fronteiras? Migrações, gênero e (in)tolerâncias entre Brasil, Portugal e Espanha. In: SANTOS, M. L., ANUNCIAÇÃO, C. S., CAVALCANTI, V., eds. Migrações e identidades: várias óticas e perspectivas [online]. Ilhéus, BA: EDITUS, 2017, pp. 15-48. Algumas metas do ODS 10 - Redução das Desigualdades 10.1 Até 2030, progressivamente alcançar e sustentar o crescimento da renda dos 40% da população mais pobre a uma taxa maior que a média nacional. 10.2 Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, sexo, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra. 10.3 Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultado, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas discriminatórias e promover legislação, políticas e ações adequadas a este respeito. Em seguida, apresente a letra da música Palavra acesa, de José Francisco das Chagas e Fernando Antonio Filizola, gravada pelo Quinteto Violado, por meio de cópias impressas distribuídas aos estudantes ou por meio da reprodução em slides exibidos via projetor para toda a turma. Se possível, também ouça a música com os estudantes. Indique como na letra da música podem ser observadas as necessidades básicas humanas junto com as necessidades de expressão e aborde o tema das migrações internas. Cada grupo deve apresentar sua proposta para a turma. Aproveite para realizar intervenções e perguntas para incentivar a discussão coletiva sobre as diferentes abordagens e perspectivas. 10.7 Facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável de pessoas, inclusive por meio da implementação de políticas de migração planejadas e bem geridas. Algumas Metas do ODS 8 - Trabalho decente e crescimento econômico 8.7 Tomar medidas imediatase eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recrutamento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas. 8.8 Proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores migrantes, em particular as mulheres migrantes, e pessoas em empregos precários. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivo 10. Redução das Desigualdades. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 30 jan. 2020. Palavra acesa Se o que nos consome fosse apenas fome Cantaria o pão Como o que sugere a fome Para quem come Como o que sugere a fala Para quem cala Como que sugere a tinta Para quem pinta Como que sugere a cama Para quem ama https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ Terminada a apresentação dos textos, e tendo sido sanadas as dúvidas que eventualmente surgiram, oriente os estudantes a voltarem a compor seus grupos de origem e solicite que elaborem uma reflexão sobre o tema das migrações, com base nos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação. Após a leitura dos relatores, abra a plenária para o debate. Palavra quando acesa, não queima em vão Deixa uma beleza posta em seu carvão E se não lhe atinge como uma espada Peço, não me condene, oh, minha amada Pois as palavras foram pra ti, amada Pra ti, amada Oh, pra ti, amada Palavra quando acesa, não queima em vão Deixa uma beleza posta em seu carvão E se não lhe atinge como uma espada Peço não me condene, oh, minha amada Pois as palavras foram pra ti, amada Pra ti, amada Oh, pra ti, amada Pra ti, amada Pra ti, amada Oh, pra ti, amada Questão 1 Conforme o texto, os imigrantes contribuem em qual aspecto nos países mencionados? A. Integração da cultura da nação. B. Ampliação da tolerância religiosa. C. Desenvolvimento de serviços manuais. D. Fomento de auxílios governamentais. E. Dinamização do mercado de trabalho. (Alternativa correta). AFERIÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM As questões abaixo foram obtidas através do recurso Monte Sua prova. Escolha as que mais se adequam à sua realidade de debate e vivência ao longo das aulas e aplique-as com seus estudantes. Oportunamente, faça correção coletiva e utilize o momento da correção para explorar novas oportunidades de aprendizagem. A migração tem sido objeto de um intenso debate político nos últimos anos. Ao analisar o impacto econômico da migração nos países anfitriões, é constatado que, de modo geral, a migração aumenta o crescimento econômico e a produtividade nesses países. Nas economias avançadas, os imigrantes aumentam a produção e a produtividade tanto no curto como no médio prazo. Um aumento de 1 ponto percentual no fluxo imigratório em relação ao total do emprego aumenta a produção em quase 1%. ENGLER, P. et al. A migração para economias avançadas pode acelerar o crescimento. Disponível em: www.imf.org. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado). Questão 2 Os movimentos migratórios existentes no Brasil, a partir de 2001, mostram que 41% dos habitantes do país não eram naturais do município de residência e cerca de 16% deles não eram procedentes da Unidade Federativa em que moravam. http://www.imf.org/ Questão 3 Considerando a realidade exposta, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, motivos que estimularam fluxos migratórios nesse período. A. A ausência de ciclos econômicos e de investimentos produtivos, públicos ou privados. B. A contínua e crescente desintegração dos espaços urbanos e rurais. C. A migração pendular, que provoca um estado de crise permanente de repulsão da população. D. A saída do campo para a cidade devido às precárias condições de trabalho lá existentes. E. O desenvolvimento dos sistemas de transportes, energia e comunicações. (Alternativa correta). TEXTO I Mais de 50 mil refugiados entraram no território húngaro apenas no primeiro semestre de 2015. Budapeste lançou os “trabalhos preparatórios” para a construção de um muro de quatro metros de altura e 175 km ao longo de sua fronteira com a Sérvia, informou o ministro húngaro das Relações Exteriores. “Uma resposta comum da União Europeia a este desafio da imigração é muito demorada, e a Hungria não pode esperar. Temos que agir”, justificou o ministro. Disponível em: www.portugues.rfi.fr. Acesso em: 19jun. 2015 (adaptado). TEXTO II O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) critica as manifestações de xenofobia adotadas pelo governo da Hungria. O país foi invadido por cartazes nos quais o chefe do executivo insta os imigrantes a respeitarem as leis e a não “roubarem” os empregos dos húngaros. Para o ACNUR, a medida é surpreendente, pois a xenofobia costuma ser instigada por pequenos grupos radicais e não pelo próprio governo do país. Disponível em: http://pt.euronews.com. Acesso em: 19 jun. 2015 (adaptado). http://www.portugues.rfi.fr/ http://pt.euronews.com/ O posicionamento governamental citado nos textos é criticado pelo ACNUR por ser considerado um caminho para o(a) A. Alteração do regime político. B. Fragilização da supremacia nacional. C. Expansão dos domínios geográficos. D. Cerceamento da liberdade de expressão. E. Fortalecimento das práticas de discriminação. (Alternativa correta). Núcleo deNúcleo de Produção deProdução de Conteúdo eConteúdo e FormaçãoFormação