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Conteudista: Prof. Dr. Carlos da Fonseca Nadais
Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto
 
Objetivos da Unidade:
Introduzir aos conceitos de Moral, Direito e Justiça;
Compreender como esses conceitos se interrelacionam;
Permitir que os alunos identifiquem a evolução dos conceitos de Justiça.
˨ Material Teórico
˨ Material Complementar
˨ Referências
Moral, Direito e Justiça: Semelhanças e Diferenças
Direito, Moral e Justiça
Antes de adentrarmos o estudo da Ética, cabe analisarmos mais detidamente os conceitos de Direito, Moral e Justiça.
Conceito de Direito
A palavra direito advém do termo em latim “directus” e “directum”, que significa direto, reto, assim, nesse sentido, direito corresponde à
determinada trajetória de comportamento sem “desvios” (MONTORO, 1978, p. 23).
O ser humano necessita viver em sociedade, a vida isolada dos demais é uma situação anormal, entretanto a vida social não prescinde de regras
determinadas de conduta. Tais regras são passadas nas diversas comunidades como, por exemplo, família, escola, empresas, organismos
sociais.
Figura 1 – Palavras relacionadas ao Direito
 
#ParaTodosVerem: Nuvem de palavras relacionadas ao Direito, como Direitos Humanos, Família, Direitos Sociais,
Infância e Educação. Fim da descrição.
O Direito, nesses casos, estabelece regras de condutas a serem seguidas e exigidas por todos os demais (controle social), contemplando algumas
características: bilateralidade; exterioridade; coercibilidade (REALE, 2004, p. 46-59; SIQUEIRA JUNIOR, 2003, p. 134-138).
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˨ Material Teórico
Bilateralidade: em uma relação jurídica, as normas jurídicas impõem, ao mesmo tempo, deveres a uns e direitos a outros. Por
exemplo, os empregados têm deveres que podem ser exigidos pelo empregador (direitos do empregador), e, este, por sua vez,
tem deveres com seus empregados que podem ser requeridos (direitos dos empregados). Nesse mesmo sentido, esse
raciocínio é válido para os fornecedores de produtos e serviços e seus consumidores; os cidadãos e o Poder Público etc;
Concepções da palavra “direito”
O vocábulo Direito, em nossa língua pátria, tem diversos sentidos:
Conceito de Moral
A palavra “moral” advém do termo latim “mores” que representa “relativo aos costumes ou valores”, portanto, nesse sentido, é um conjunto de
valores e comportamentos, que aceitos e exercidos, tenhamos uma vida virtuosa.
A moral identifica-se, fundamentalmente, com a noção de bem; que, por sua vez, pode ser compreendido como tudo aquilo que promove a plena
realização e o pleno desenvolvimento de uma pessoa (NADER, 2012, p. 36-39). 
É partindo da ideia matriz de bem que se deduzem princípios e se constituem as normas morais que vão orientar as consciências humanas em
suas atitudes em determinada sociedade em determinado período. Resta claro que a moral está intimamente ligada à cultura de determinado
lugar em determinada época.
Exterioridade: os indivíduos ao nascer tornam-se membros da sociedade, que, por sua vez, já possui seus regramentos
(externo ao indivíduo), cabendo a ele aprender tais regras e respeitá-las. Assim podemos acrescentar também que é
heterônoma. As regras jurídicas são inatas;
Coercibilidade:  esta é uma das principais características do Direito. Se as normas jurídicas criam deveres e direitos recíprocos,
há necessidade de que as partes cumpram suas obrigações. Quando uma das partes de uma relação jurídica não cumpre
espontaneamente tais obrigações ou opõe resistência de cumpri-las, a coação é o instrumento para dar efetividade. Ressalta-
se que a coação tem que ser exercida dentro dos limites legais. Por exemplo, ato coativo daquele que fizer justiça pelas próprias
mãos para satisfazer sua pretensão, não se adequada à coação legítima.
direito como “norma” ou “conjunto de normas”. Por exemplo, o Direito não permite o furto;
direito como “faculdade” ou “poder”. Por exemplo, o credor tem direito de cobrar a dívida do devedor;
direito como “Justiça”. Por exemplo, não é direito que as crianças não tenham alimentação e educação ou, ainda, não é direito
o que José está fazendo com sua esposa Maria;
direito como “Ciência”. Por exemplo, João e Mário estão cursando Direito.
Figura 2 – Palavras relacionadas à Moral
 
#ParaTodosVerem: Nuvem de palavras relacionadas à Moral, como Ética, Justiça, Honra, Juízo e Razão. Fim da descrição.
A moral também tem função de controle social, mas contempla características diametralmente opostas às do Direito: unilateralidade;
interioridade; incoercibilidade.
As normas morais contemplam uma sanção puramente interior. A violação de uma norma moral tem como consequência desagradável o
sentimento de culpa, angústia e, na linguagem ética, o “remorso” (BOBBIO, 2008, p. 155).
Convém destacar a diferença entre imoral e amoral. Denominamos amoral a ausência de senso moral, ou seja, não contempla ou desconhece
aspectos morais. Por exemplo, os índios brasileiros encontrados pelos portugueses no descobrimento do Brasil. Denominamos imoral aquilo
que afronta a moral. Por exemplo, o incesto, relacionamento sexual entre familiares que, no Brasil, não se trata de crime (contra a lei), mas
entende-se imoral (contra a moral).
Distinções entre a Moral e o Direito
Os campos da Moral e do Direito entrelaçam-se e interpenetram-se em diversas situações, tanto que não é incomum normas morais
converterem-se em normas jurídicas. Por exemplo, o dever dos pais de cuidar dos filhos (dever moral e jurídico), por outro lado, não há norma
jurídica que determine o dever dos pais em ter afeto pelos filhos (dever moral).
Tabela 1 – Moral x Direito
Unilateralidade: as regras morais não implicam relações entre duas ou mais pessoas, sendo ditadas pela própria consciência
do indivíduo. Temos, então, que o Direito impõe deveres e confere direitos, mas a Moral impõe somente deveres;
Interioridade: as regras morais não são inatas, elas são construídas no decorrer da vida, pelas experiências sofridas por cada
indivíduo. Assim podemos acrescentar também que é autônoma;
Incoercibilidade: as regras morais não coagem, pois há não como obrigar alguém a comportamentos morais
(comportamentos não descritos como obrigatórios nas normas jurídicas), devendo serem cumpridas de modo espontâneo.
Moral Direito
Incoercível Coercível
Unilateral Bilateral
Autônoma Heterônoma 
Interior Exterior 
A Teoria dos Círculos e o Mínimo Ético
Teoria dos Círculos
Nessa teoria, os campos das normas jurídicas e das normas morais são representados por círculos e, dependendo da posição desses círculos,
temos enfoques diferentes pela relação entres esses dois universos.
Figura 3 – Teoria dos círculos concêntricos 
 
#ParaTodosVerem: Temos dois círculos concêntricos. Um círculo maior com um círculo menor dentre dele. No círculo
maior temos a palavra “Moral” e no círculo menor temos a palavra “Direito”. Fim da descrição.
Teoria dos círculos concêntricos: por essa teoria, o ordenamento jurídico estaria totalmente contido no campo da Moral,
sendo que ambos os círculos têm mesmo centro (concêntricos);
Teoria dos círculos secantes: por essa teoria, o ordenamento jurídico, o campo Moral tem uma porção de competência comum
e porções independentes para cada campo, pois há assuntos de competência exclusiva da Moral, bem como outros de
competência exclusiva do Direito, como também há assuntos;
Figura 4 – Teoria dos círculos secantes 
 
#ParaTodosVerem: Temos dois círculos lado a lado, que se juntam parcialmente. Portanto, uma parte do círculo
esquerdo também pertence ao círculo direito. No círculo esquerdo, temos a palavra “Moral”, e, no círculo direito, temos
a palavra “Direito”. Fim da descrição.
Figura 5 – Teoria dos círculos independentes  
 
#ParaTodosVerem: Dois círculos lado a lado, que não têm contato um com o outro. No círculo esquerdo, temos a palavra
“Moral”, e, no círculo direito, temos a palavra “Direito”. Fim da descrição. 
Teoria dos círculos independentes: por essa teoria os campos da Moral e do Direito são excludentes. O Direito tem
como
elemento essencial somente a norma jurídica, independente de conteúdos morais;
Conceito de Justiça
Vencido o estudo do Direito e da Moral, faremos uma abordagem seletiva da evolução do conceito de Justiça, portanto não se trata de apresentar a
posição de todos os pensadores, tampouco esgotar o tema, mas de municiar o aluno com ferramentas imprescindíveis para tratarmos do tema
central do curso: a Ética. 
A palavra justiça advém do termo em latim “iustitia” em referência à deusa romana Iustitia, que, por sua vez, correspondia, na mitologia grega, à
deusa Diké. Apesar de as duas simbolizarem a imparcialidade e equilíbrio nas decisões, suas representações no mundo terrestre têm diferenças
significativas. 
A deusa Diké era filha de Zeus (filho de Chronos/Tempo e Reia/Mãe dos deuses) e Themis (filha de Urano/Céu e Gaia/Terra), sendo
representada por uma mulher portando na mão direita uma espada desembainhada (representando a “força”) e na mão esquerda uma balança
com dois pratos (representando a “igualdade”) e descalça com olhos abertos. No andar do tempo, acrescentaram à deusa os olhos vendados. 
Teoria do “mínimo ético”: por essa teoria, o Direito tem um conteúdo moral mínimo, indispensável ao equilíbrio das forças
sociais (NADER, 2016, p. 32).
Figura 6 – Deusa Diké
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma estátua de mulher em pé com o braço esquerdo levantado, segurando uma balança de dois
pratos na mão esquerda; e com braço direito, à meia altura, segurando com a mão direita uma espada com a ponta para
cima. Fim da descrição.
A deusa Iustitia era filha de Júpiter e Dione (equivalentes respectivamente a Zeus e Themis), sendo representada por uma mulher com olhos
vendados (representando a “imparcialidade”), não fazendo distinção entre os litigantes, e segurando com as duas mãos (representando a
“firmeza”) uma balança perfeitamente equilibrada. Nessa representação não há a presença da espada, como na versão grega. Noutra versão a
deusa segura com a mão esquerda a balança e na mão direita uma espada com a ponta apoiada no chão, em posição de descanso, pronta para uso,
se for preciso. 
Figura 7 – Deusa Iustitia
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma estátua de mulher de olhos vendados e com o braço esquerdo levantado e uma balança de dois
pratos na mão esquerda; e com braço direito abaixado, segurando uma espada com a ponta para baixo, encostando no
solo. Fim da descrição. 
Evolução do Conceito de Justiça
Conforme o passar do tempo e com as modificações na sociedade, tivemos diversas classificações de Justiça. 
Na Idade Antiga, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), em sua obra “Ética a Nicômaco”, tratando sobre Justiça, Moral e Ética, no Livro V da obra, o
filósofo trata especificamente da questão da Justiça, como uma virtude do meio-termo, da prudência, ou seja, uma justiça que afasta os excessos.
Ele divide a Justiça em duas esferas: a justiça universal (justiça geral ou justiça total) e a justiça particular.
Figura 8 – Aristóteles
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma foto de uma estátua representando Aristóteles, um senhor com barba, cabelos bem aparados,
feição séria, olhando frente. Fim da descrição.
Para Ulpiano (150-233), citado nas “Institutas” do “Corpus Civilis” do imperador Justiniano, justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada
um o que é seu (“justitia est constans et perpetua voluntas jus suum cuique tribuendi”).
Justiça universal: é aquela feita pela estrita observância às normas ou à legislação vigente,
objetivando o bem geral, o bem-estar de todos;
Justiça particular: é aquela que visa à igualdade entre o sujeito que pratica o ato e aquele que sofre a ação (causa e efeito) e
apresenta duas nuanças: justiça distributiva e justiça corretiva.
Justiça distributiva: chega-se a uma distribuição ou repartição (igualdade de justiça) entre
trocas, cada qual recebendo segundo seus méritos;
Justiça corretiva: chega-se a uma proporção aritmética entre trocas claramente desiguais,
alcançando um ponto mediano, ou seja, buscando um equilíbrio (correção) entre “perdas e
ganhos”. O juiz, nesse caso, personaliza a própria justiça.
Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho (354-430), em sua obra “Cidade de Deus”, faz a separação entre a Cidade dos Homens e a Cidade de
Deus. Na Cidade dos Homens (in vitam), não ocorre a Justiça, pois as leis e julgamentos na Terra são injustos, pois os homens são falíveis e estão
sob o pecado. Assim, é na Cidade de Deus (post mortem) que se dá a Justiça, fundada nas leis e ditames divinos: dar a cada um o que merece.
Aquele que pratica o bem, merece o bem e aquele que pratica o mal, merece o mal, portanto o ser humano é julgado segundo suas escolhas em
vida (livre-arbítrio), ou seja, pelas suas ações na Terra, pela infringência ou não das leis de Deus. Assim a justiça adquire uma perspectiva cristã,
que tem como pressuposto a presença e a ação de Deus na ordem de todas as coisas.
Figura 9 – Agostinho de Hipona
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma foto de uma estátua representando Agostinho de Hipona, um senhor com barba e acessórios e
vestimentas típicos da igreja católica na época, feição séria, olhando para frente, no braço esquerdo segurando um cetro
dourado, e no braço direito levantando um objeto. Fim da descrição.
Na Idade Média, Tomás de Aquino (1225-1274) adota a teoria da justiça de Aristóteles, e apresenta três espécies de justiça: justiça legal, justiça
distributiva e justiça comutativa (AQUINO, 2012).
- AGOSTINHO, 2000
Filme 
Santo Agostinho: O Declínio do Império Romano
Santo Agostinho - o declínio do Império Romano - LANÇAMENTO
Justiça legal: embora trate de atos ligados ao bem particular, tais atos são ordenados visando ao bem comum;
Justiça distributiva: regula a relação que consiste na distribuição proporcional dos bens comuns;
Justiça comutativa: regula as relações mútuas entre as pessoas na esfera privada, trocas justas e equivalentes.
“Está escrito que Caim fundou uma cidade, como peregrino que era, não a fundou, porém, Abel. É que a cidade dos santos é a
do Alto, embora procrie cá cidadãos entre os quais ela vai peregrinando até que chegue o tempo do seu reino. Então ela
[Cidade do Alto] reunirá a todos, ressuscitados nos seus corpos, dando-lhes o reino prometido onde reinarão para sempre
com o seu Chefe, o Rei dos séculos.”
https://www.youtube.com/watch?v=nEgTEFESU9M
"Não cometam injustiça num julgamento; não favoreçam os pobres nem procurem agradar os grandes, mas julguem o seu próximo com justiça"
(Levítico, 19:15).
Na Idade Moderna, para Baruch Spinoza (1632-1677), a justiça é uma constante disposição para atribuir a cada um o que lhe cabe, de acordo com
o direito comum (Direito Civil):
- ESPINOSA, 2009, p. 23, grifo nosso
Vídeo 
Quem Somos Nós? 
Palestra de Clóvis de Barros Filho “Baruch Espinoza”.
QUEM SOMOS NÓS? | Baruch Espinoza por Clóvis de Barros Filho
“Tal como o pecado e a obediência estritamente tomada, assim também a justiça e a injustiça não podem conceber-se senão
no estado. Com efeito, nada se dá na natureza que por direito possa dizer-se que é deste e não de outrem; pelo contrário, tudo
é de todos, ou seja, de quem tem poder para reivindicá-lo para si. No estado, porém, onde se determina pelo direito comum o
que é deste e o que é daquele, chama-se justo aquele em quem é constante a vontade de dar a cada um o seu, e injusto, pelo
contrário, aquele que se esforça por fazer seu o que é de outrem.”
https://www.youtube.com/watch?v=tjwgjIIDED8
Immanuel Kant (1724-1804) foi um dos maiores pensadores da era moderna, tratou de diversos temas e assuntos com grande profundidade:
lógica, estética, Direito, filosofia, política. A envergadura de Kant nos obriga a ser “econômicos”, por ora, sobre Justiça, haja vista que o tema foi
bastante explorado em suas obras. Conversaremos com mais profundidade quando tratarmos, como já dissemos, do tema central do nosso
curso: a ética.
Figura 10 – Immanuel Kant
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem:
Uma figura humana representando Immanuel Kant, um senhor magro de cor branca, sem barba,
cabelos um pouco longos, feição séria, olhando para frente. Fim da descrição.
Ao contrário dos pensadores que vimos, Kant não trata a justiça como uma virtude, mas com algo intrinsecamente ligado à liberdade e imanente
à própria organização da sociedade. É no reino do Direito que o indivíduo encontra a Justiça.
Kant toma a Justiça como o estado de concordância com diretrizes externas (leis naturais ou normas positivadas). Uma ação justa não afronta a
liberdade do próximo. O justo promove a liberdade do sujeito e, diametralmente oposto, o injusto é aquilo que obsta a liberdade de se concretizar
segundo leis universais.
Jeremy Benthan (1748-1832), em sua obra “Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação”, apresenta sua teoria de justiça utilitarista,
tendo como base a “maximização da felicidade” pelo aumento da felicidade do maior número de pessoas em detrimento do sacrifício da
felicidade do menor número de pessoas. Nesse sentido, o magistrado, diante de um caso concreto, deve aplicar a norma de tal maneira que
chegue a uma “maximização da Justiça” – produzindo o máximo de benefício com menor sofrimento possível. Percebam que o viés do
argumento é quantitativo e não qualitativo, e é aqui que se fundam as maiores críticas ao pensamento utilitarista, mas essa teoria continua em
grande uso.
- KANT, 2007, p. 59
Vídeo 
Justiça: Uma Lição sobre a Mentira – Kant  
Palestra do professor Michel Sandel da Universidade de Harvard.
Justice Uma lição sobre a mentira - kant
“O imperativo categórico é, portanto, só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo
tempo querer que ela se torne lei universal.”
https://www.youtube.com/watch?v=aDiew72txz4
Figura 11 – Immanuel Kant
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma figura humana representando Jeremy Benthan, um senhor com rosto mais cheio, sem barba,
cabelos um pouco longos e brancos, com o topo calvo, feição séria, olhando para lado esquerdo. Fim da descrição.
Na Idade Contemporânea, chegamos a John Rawls (1921-2002), professor de filosofia política em Harvard. Na sua obra “Uma Teoria da Justiça”,
aborda alegorias interessantes: a “posição inicial” (formação da sociedade) e o “véu da ignorância” (desconhecimento da situação passada,
presente e futura).  
Numa situação hipotética, os fundadores da sociedade (posição inicial) estão numa circunstância onde “ninguém conhece seu lugar na
sociedade, sua posição de classe ou status social; nem conhece sua fortuna na distribuição de ativos e habilidades naturais, sua inteligência e
força, e coisas do gênero” (RAWLS, 1997, p. 147, grifos nossos).
Os fundadores da sociedade poderão estabelecer princípios mais justos, pois não estariam sujeitos a qualquer pressão social ou circunstâncias
particulares permitindo um contrato social mais equilibrado, onde ninguém possa sair prejudicado ou ser beneficiado devido à sua fortuna
natural ou circunstâncias sociais. 
Percebe-se que, para Rawls, Justiça está intrinsicamente associada à Igualdade, à liberdade e à equidade, não necessariamente apoiada no
Direito, mas numa “força socializadora de uma vida sob instituições justas” (HABERMAS, 1997, p. 85). Trouxemos Habermas tratando da Teoria
da Justiça de Rawls, vamos em frente com o próprio Habermas. 
Jürgen Habermas (1929–), em sua obra “Direito e Democracia”, aponta a um processo para construção de uma sociedade justa: um constante
exercício do poder comunicativo entre os indivíduos, garantindo a máxima participação dos interessados nas decisões, assegurando, portanto, a
legitimação de todo esse processo.  
O filósofo alemão constrói sua “Teoria da Ação Comunicativa”, em que os integrantes da sociedade participam democraticamente nas
discussões na formação do Direito, reforçando a legitimidade das normas e produzindo uma “Justiça Comunicativa”. 
Percebam que não há uma “solução pronta” ou “solução vertical”, mas uma construção coletiva. O processo sai da fase do discurso (argumento),
passa para a fase normativa (Direito) e se apresenta como um “princípio de democracia”. Percebe-se que para Habermas, Justiça está
intrinsicamente associada à comunicação, ao argumento e à construção coletiva. Na sociedade contemporânea, tão plural e complexa, esse
processo é trabalhoso, mas necessário.
Vídeo 
Princípios da Justiça em Rawls 
Palestra do professor Michel Sandel da Universidade de Harvard.
Rawls princípios de justiça
https://www.youtube.com/watch?v=lNQfnV7VbsY
Vídeo 
Moral e Direito em Habermas 
Palestra do professor Denilson Werle da Universidade Federal de Santa Catarina.
Moral e Direito em Habermas - prof. dr. Denilson Werle (UFSC)
https://www.youtube.com/watch?v=5H7p-AW_Bjo
Figura 12 – Sala de aula
Fonte: Getty Images 
 
#ParaTodosVerem: Uma figura representando uma sala de aula, com dezenas de pessoas prestando atenção a uma
pessoa que se encontra à frente de todos eles, sendo que uma pessoa da plateia está com a mão levantadas como sinal
para fazer perguntas. Fim da descrição. 
Poderíamos, ainda, tomar outros pensadores, mas em nosso percurso de estudo avançamos o suficiente para a nossa próxima etapa: o estudo da
ética.
Vídeo 
Justiça: A Coisa Certa a Fazer 
Palestra do professor Michel Sandel da Universidade de Harvard – Episódio 01: “O lado moral do
assassinato”.
Justice: What's The Right Thing To Do? Episode 01 "THE MORAL SIDE OF MURDER"
https://www.youtube.com/watch?v=kBdfcR-8hEY
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Livros  
Crítica da Razão Pura 
KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Os Sentidos da Justiça em Aristóteles 
COUTINHO, D. Os sentidos da Justiça em Aristóteles. Porto Alegre: EDUPUCRS, 2020. (e-book)
História da Filosofia: da Renascença à Pós-Modernidade 
HOTTOIS, G. Uma Introdução para Rememorar. In: História da Filosofia: da renascença à Pós-Modernidade. Trad. Maria Fernanda Oliveira.
Lisboa: Instituto Piaget, 2002, p. 13-25.
Introdução à Filosofia 
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Introdução à Moral. In: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1986, p. 302-314.
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˨ Material Complementar
AGOSTINHO, santo, bispo de Hipona. Cidade de Deus. Coimbra: Editora Coimbra, 2000. v. 2, Parte 2, cap. 1.
AQUINO, T. de. Suma teológica: Tratado de Justiça. São Paulo: Loyola, 2012. v. 6.
BOBBIO, N. Teoria da Norma Jurídica. Bauru, SP: Edipro, 2008.
ESPINOSA, B. de. Tratado político. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Trad. Flavio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 1.
(Biblioteca Tempo universitário, 101). Disponível em:
. Acesso em: 05/10/2022.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 2007.
MONTORO, A. F. Introdução à ciência do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1978.
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. 34. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
RAWLS, J. Uma teoria da Justiça. Trad. Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
REALE, M. Lições preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
SIQUEIRA JUNIOR, P. H. Lições de introdução ao estudo do Direito. 5. ed. rev. aum. atual. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.
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˨ Referências

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