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12 homens e uma sentença - Resenha Marcela L. Moreti O filme americano “12 homens e uma sentença” do ano de 1957, do diretor Sidney Lumet conta a história de um júri, composto por 12 homens que estão prestes a decidir o destino de um jovem acusado de ter assassinado o próprio pai. Uma vez considerado culpado, o jovem seria levado à cadeira elétrica. O filme todo se passa em um único local, a sala onde os jurados conversam para decidir se o acusado é culpado ou inocente. Estava uma tarde muito quente e a falta de um ventilador (que estava quebrado) atrapalhava muito na contribuição dos jurados. Todos eles se dirigem uns aos outros apenas pelo número que lhes foi atribuído. Cada um deles carrega consigo um determinado estereótipo marcado, são homens bem diferentes entre si, há o tímido, o idoso, o preconceituoso, enfim, várias características que configuram, em geral, os homens da época. A maioria dos jurados está com pressa para ir embora e voltar para suas respectivas vidas, então logo vão dando sua sentença de ‘culpado’. Porém, um deles, o número 8, o único a votar pela inocência do réu, começa a questionar se realmente o réu é culpado, se essa verdade é inquestionável, se não há ali algo além do que lhes foi mostrado. Vale ressaltar que neste caso, o jurado número 8 não acreditava que o réu era inocente, no entanto também não tinha certeza de sua culpa. Seu intuito era o de fazer aqueles homens todos, tão diferentes entre si, refletirem sobre o que de fato estavam fazendo ali. Dessa forma, ele começa a levantar hipóteses fazendo com que os demais jurados fiquem furiosos por ter de continuar “perdendo tempo” naquele lugar. Para conseguir prender a atenção de seus colegas, o jurado número 8 começa a negociar quanto tempo é válido para que a discussão se dê e se guie para um fim em comum. Sendo assim, põe-se uma hora para discussão. Porém, os participantes discutem de acordo com o que refletem de si mesmos. Assim, percebendo-se uns aos outros, começam a discutir assuntos que atingem a si próprios com o intuito de chegar a uma conclusão. Porém dessa forma, começam a surgir conflitos pessoais entre os participantes. Aos poucos, um a um dos jurados começa a questionar-se a justiça está sendo feita, que forma de justiça é esta e que direito um grupo de pessoas tem em decidir sobre a vida ou a morte de uma outra pessoa. Por fim, os jurados acabam ficando horas discutindo sobre o destino do réu, muitos conflitos se dão pela exaustão e pelo grande envolvimento de todos eles no caso. O jurado número 8 faz emergir neles sentimentos e dúvidas em relação às suas próprias vidas. A precariedade da sala também auxilia na irritação dos jurados. São diversos fatores que levam, ao final, à decisão dos jurados. Muitas provas são colocadas em pauta, como a arma do crime, o álibi do réu e os testemunhos vistos. Todos eles sendo colocados à prova, a fim de persuadir ou apenas confundir os demais jurados. Tensões vão se acentuando durante o decorrer do filme e muitas questões são postas para os espectadores do filme. Questões que acabam não sendo respondidas pelo jurados, mas ao menos colocadas à cada indivíduo. A questão do direito à vida, do direito à escolha. Diversas questões que levam à decisão final dependem majoritariamente do discurso abordado principalmente pelo jurado número 8, mas também pelo caminho percorrido pelas diferentes posições tomadas pelo jurados. O que se mostra mais indeciso é o jurado 12 que acaba por tomar uma posição que varia de acordo com as provas e hipóteses levantas em discussão. Por fim, os jurados todos, depois de uma longa discussão tomam uma posição e decidem votar de forma que todos tenham o mesmo resultado e a posição seja única. Ao final do filme, é mostrada a indiferença de alguns dos jurados ao fim da missão e a grande satisfação de outros, que dão o caso como resolvido e sentem-se livres com a decisão entregue ao tribunal. Desta forma, entende-se do filme a diferença entre os indivíduos, mostra-se o quanto o discurso envolvido nas relações, o dito, o como é dito, interfere nas escolhas destes indivíduos. Coloca-se em questão o quanto vale a opinião do sujeito, o quanto vale o direito à vida, entre outras coisas.
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