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Redes urbanas e metropolização
Você vai conhecer a abordagem e a discussão do fenômeno da metropolização e seus desdobramentos,
incluindo a construção e a ampliação das redes urbanas.
Prof. Leandro Almeida
1. Itens iniciais
Propósito
É fundamental analisar o modo como metrópoles, regiões metropolitanas e outros aglomerados urbanos têm
sido construídos e influenciados pelo processo de metropolização ao longo do tempo, e refletir sobre o modo
como as redes urbanas estão sendo transformadas por fenômenos como a globalização e a financeirização da
economia.
Objetivos
Identificar as origens do processo de urbanização e sua lógica espaço-temporal até a construção de 
uma sociedade urbana.
Reconhecer as características e singularidades das redes urbanas da América Latina e do Brasil.
Comparar o processo de metropolização no mundo e no Brasil, identificando as especificidades dos 
diferentes tipos de aglomerados urbanos.
Calcular os efeitos promovidos pelos fenômenos e tendências contemporâneas sobre o espaço urbano.
Introdução
No momento em que você lê este texto, é provável que esteja em algum centro urbano. Aliás, é pouco
provável que você não integre o grupo de aproximadamente 85% dos habitantes do Brasil que vivem em áreas
urbanas. Por isso, o assunto redes urbanas e metropolização inegavelmente aborda uma série de elementos e
questões que provavelmente estão presentes no seu cotidiano.
Contudo, o que você talvez não tenha percebido é que a sua vida e a localidade em que você vive são
atravessadas por uma quantidade enorme de fenômenos urbanos distintos, sendo que muitos deles envolvem
diferentes escalas geográficas.
No mundo contemporâneo, as cidades assumem um papel cada vez mais central no desenvolvimento
econômico, social e cultural. A crescente urbanização tem levado ao surgimento de redes urbanas complexas
e ao fenômeno da metropolização, que desempenham um papel crucial na organização e interconexão das
cidades. Por isso, é necessário não apenas saber do que se tratam os conceitos de rede urbana e
metropolização, mas também compreender como ambos estão associados e como se manifestam nas
dinâmicas urbanas atuais.
Assim, será possível entender de que modo o fenômeno urbano impacta diretamente a vida de quem mora nas
cidades, além de refletir sobre a necessidade de um planejamento urbano mais integrado, a gestão adequada
dos recursos naturais, a promoção da equidade social e o enfrentamento das desigualdades territoriais.
Vamos nessa!
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1. A formação da sociedade urbana
As origens e a lógica da urbanização
Explore neste vídeo a origem histórica do processo de urbanização e sobre a lógica e os elementos que
influenciam a organização do espaço urbano.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
A urbanização pode ser entendida como um processo histórico, social e espacial que ocorre em diferentes
estágios e etapas. Segundo Maria Encarnação Beltrão Sposito (2012), as origens da urbanização remontam às
primeiras formas de organização social e à transição do modo de vida nômade para o sedentário. Afinal, foi
apenas com o desenvolvimento da agricultura que as comunidades começaram a se estabelecer
permanentemente em determinados espaços. Isso permitiu o surgimento dos primeiros assentamentos
humanos – que, por sua vez, evoluíram ao longo do tempo, acompanhando as transformações tecnológicas,
econômicas e sociais.
Você pode imaginar que o processo de urbanização é um fenômeno antigo. Porém, não é bem assim. É fato
que existem cidades há muito tempo na história humana. Até 1750, porém, a população mundial que vivia em
áreas urbanas não chegava a 3% do total de habitantes do planeta. Ou seja, a urbanização só ganha volume e
escala a partir do fim do século XVIII, em virtude do desenvolvimento das indústrias. A partir daí, cada vez
mais países passaram a experimentar o aumento rápido da concentração populacional em áreas urbanas.
Logo, é possível afirmar que a urbanização é um fenômeno recente impulsionado por diversos fatores, como:
 
Desenvolvimento econômico
Migrações
Transformações no modo de produção
Políticas governamentais
Avanços tecnológicos
Esses elementos influenciam a organização do espaço urbano e a forma como as cidades se desenvolvem ao
longo do tempo, o que explica que as características das cidades de cada sociedade e de cada período
histórico não sejam exatamente as mesmas.
Outra tendência histórica atrelada ao fenômeno urbano envolve a especialização funcional das cidades. À
medida que a urbanização avança, as cidades assumem diferentes funções e se especializam em setores
específicos da economia, como comércio, indústria, serviços e cultura. Essa especialização gera uma divisão
territorial do trabalho, contribuindo para a formação de redes urbanas interligadas e hierarquizadas entre
diferentes tipos de aglomerados urbanos. 
Além disso, a urbanização está intimamente ligada às transformações sociais e culturais. Por um lado, sabe-se
que as cidades são espaços de encontro e interação entre pessoas de diferentes origens, promovendo a
diversidade cultural, o surgimento de novas formas de sociabilidade e a troca de conhecimentos. No entanto,
a urbanização também pode gerar desigualdades socioespaciais, segregação e marginalização social, à
medida que determinados grupos têm acesso privilegiado a recursos e oportunidades melhores. 
Da cidade à sociedade urbana
Acompanhe neste vídeo as nuances e distinções existentes entre os conceitos fundamentais de cidade e
urbanidade.
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Revolução Urbana, Henri Lefebvre, 2019.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Cidades não são apenas conjuntos de edifícios e infraestruturas. São espaços vivos que refletem as relações
sociais, políticas e econômicas presentes em determinada época. Sendo assim, percebe-se que a cidade
moderna é dominada por uma lógica capitalista, na qual o espaço urbano é moldado pela busca incessante de
lucro e pela transformação do espaço em mercadoria.
Essa é a argumentação apresentada pelo
sociólogo Henri Lefebvre, autor do clássico livro
Revolução Urbana (2019). Segundo ele, as
cidades são fragmentadas em diferentes
partes, cada uma com a sua função específica:
áreas residenciais, comerciais, industriais, entre
outras. Essa divisão funcional contribui para a 
segregação socioespacial e para a criação de
espaços segregados de acordo com a classe
social, raça ou origem étnica.
 
No entanto, Lefebvre propõe uma visão mais
ampla da cidade, indo além dos aspectos
físicos e materiais. Em sua análise, a cidade é
concebida como um lugar onde diferentes
grupos e classes sociais interagem, criando relações complexas e dinâmicas.
Nesse sentido, a cidade não é apenas um cenário, mas um palco onde se desenrolam conflitos, lutas e
resistências. Ou seja, a cidade não apenas é o produto da ação humana; ela também influencia diretamente a
ação dos indivíduos.
A cidade é o espaço onde a sociedade urbana se desenvolve e se manifesta, evidenciando a
diversidade, a heterogeneidade e a multiplicidade de vozes e perspectivas ali presentes.
Lefebvre propõe uma revolução urbana, uma transformação radical do modo como a cidade é produzida e
vivida. Essa revolução urbana deve buscar a participação ativa dos cidadãos na construção e gestão da
cidade, superando a lógica capitalista de mercantilização do espaço urbano. O sociólogo defende a
necessidade de uma democratização do espaço, de uma cidade que atenda às necessidades de todos e
promova a justiça social e a equidade.
A urbanização extensiva e a urbanização concentrada
Descubra neste vídeo as diferenças entre urbanização extensiva e urbanização concentrada, examinando
conceitos essenciais que são fundamentais para a compreensão destes dois processos urbanos distintos.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Como sabemos, urbanização é um processo complexo que ocorre em diferentes épocas, formas e
intensidades ao redor do mundo. Para compreenderessa dinâmica, é válido utilizar os conceitos de
urbanização extensiva e urbanização concentrada. Criadas pelo sociólogo Henri Lefebvre, essas categorias
representam diferentes modelos de desenvolvimento urbano – com implicações distintas para as cidades e
seus habitantes.
Vejamos quais as diferenças entre a urbanização extensiva e a urbanização concentrada.
Urbanização extensiva
É um padrão de crescimento urbano que se baseia na expansão territorial
contínua das áreas urbanas. Nesse modelo, a cidade se expande em uma
escala ampla e dispersa, consumindo grandes áreas de terras periféricas.
Esse processo é impulsionado, principalmente, pelo mercado imobiliário e
pela especulação fundiária, resultando em um crescimento urbano
desordenado e com baixa densidade populacional.
Lefebvre critica a urbanização extensiva, argumentando que ela contribui
para a fragmentação do espaço urbano, a segregação socioespacial e a
perda de identidade das áreas centrais, que, muitas vezes, são
negligenciadas em detrimento da expansão periférica.
Urbanização concentrada
É um padrão de desenvolvimento de áreas urbanas densas e compactas.
Nesse modelo, o crescimento é direcionado para o interior da cidade,
com a intensificação do uso do solo e a valorização dos espaços centrais.
A urbanização concentrada é vista por Lefebvre como uma alternativa
mais sustentável e socialmente justa, pois evita deslocamentos
excessivamente longos e o consumo desnecessário de áreas virgens.
Logo, esse modo de ocupação espacial da cidade melhoraria a
mobilidade urbana e a interação social. Além disso, essa lógica valoriza a
renovação urbana e a requalificação dos espaços já existentes, evitando
a expansão desordenada.
É importante ressaltar que tanto a urbanização extensiva quanto a urbanização concentrada possuem
vantagens e desvantagens. Primeiro, vamos às vantagens!
Agora, conheça as desvantagens!
Vantagens da urbanização extensiva 
Oferecer espaços mais acessíveis e
áreas verdes.
Atender à demanda por habitação em
curto prazo.
Vantagens da urbanização concentrada 
Otimização do uso do solo.
Acesso a serviços e equipamentos
urbanos próximos.
Redução das desigualdades sociais
– ao menos em tese.
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Espaços da urbanização: o urbano a partir da teoria
crítica, Neil Brenner, 2018.
A revolução urbana
Conheça no vídeo a história das revoluções urbanas, analisando e comparando diversos processos ocorridos
ao redor do mundo.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Já falamos sobre algumas das principais ideias de Henri Lefebvre sobre o espaço urbano, incluindo a sua
proposta de uma “revolução urbana”. Os textos de Lefebvre são objeto de análise até hoje, motivo pelo qual
muitos autores ligados à geografia urbana produzam artigos a partir das ideias do sociólogo francês.
Um deles é o americano Neil Brenner, que apresenta uma análise crítica do conceito de revolução urbana e
propõe uma abordagem mais ampla e complexa para compreender as transformações urbanas
contemporâneas.
Em seu capítulo Revolução Urbana?, Brenner
questiona a noção tradicional de revolução
urbana como um momento específico de
ruptura radical e transformação completa do
ambiente urbano. Ele argumenta que essa
perspectiva limitada não consegue capturar a
complexidade e a diversidade das mudanças
urbanas em curso.
 
Em vez disso, Brenner sugere que a revolução
urbana deve ser entendida como um processo
contínuo e multifacetado, caracterizado por
uma série de transformações graduais e
interconectadas. Destacando que as
transformações urbanas não podem ser
analisadas isoladamente, mas devem ser
compreendidas em um contexto mais amplo de
mudanças socioeconômicas, políticas e culturais.
Desvantagens da urbanização extensiva 
Aumento dos custos de infraestrutura
Degradação ambiental
Segregação espacial
Desvantagens da urbanização
concentrada 
Alta densidade populacional
Falta de espaços verdes
Aumento dos preços imobiliários
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O autor argumenta que o neoliberalismo desempenha um papel fundamental na reconfiguração das cidades
contemporâneas, promovendo a desregulamentação, a privatização e a mercantilização do espaço urbano.
Brenner enfatiza a importância das escalas geográficas para entender as dinâmicas urbanas,
destacando a interconexão entre o local, o regional, o nacional e o global. Porque as transformações
urbanas são moldadas por forças e fluxos que operam – e interagem entre si – nessas diferentes
escalas. Isso implica reconhecer a existência de múltiplos centros de poder e a interdependência
entre diferentes cidades e regiões.
Outro ponto-chave do argumento de Brenner é a crítica à ideia de que as mudanças urbanas estão ocorrendo
de maneira homogênea em todo o mundo. Ele argumenta que existem diferenças significativas nas trajetórias
de desenvolvimento urbano e nas respostas políticas e sociais adotadas em diferentes contextos nacionais e
regionais. Portanto, é necessário evitar generalizações simplistas e considerar a diversidade de experiências
urbanas ao analisar as transformações em curso.
Por fim, Brenner defende a necessidade de uma abordagem mais abrangente e crítica para estudar as
transformações urbanas contemporâneas. Ele argumenta que é fundamental considerar as relações de poder,
as desigualdades sociais e as lutas políticas que moldam o espaço urbano. 
A desigualdade social presente no cenário da cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
Além disso, ele destaca a importância de engajar-se na prática política e no ativismo urbano como formas de
resistência e transformação social. Com isso, o autor nos desafia a repensar e reimaginar as cidades
contemporâneas em busca de alternativas mais justas, igualitárias e sustentáveis, mas que sejam adequadas
a cada uma das diferentes realidades.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Para identificar processos de formação urbana, é necessário que teóricos sustentem essa visão. De acordo
com Henri Lefebvre, qual é uma das principais críticas a serem feitas em relação à urbanização extensiva?
A
A valorização das formas de urbanização que priorizam a concentração espacial.
B
A ênfase na conservação das características rurais e naturais dos territórios.
C
A desconsideração das dinâmicas sociais e culturais na configuração das cidades.
D
A centralização exclusiva das áreas urbanas, desconsiderando as periferias.
E
A falta de planejamento e controle na expansão urbana.
A alternativa E está correta.
A abordagem do processo de formação e organização das cidades modernas passa por autores que visam
compreender a própria função dinâmica das cidades. Lefebvre critica a urbanização extensiva, que se
caracteriza pelo crescimento desordenado e sem planejamento das áreas urbanas. O autor defende a
necessidade de uma abordagem mais consciente e planejada da urbanização, levando em consideração as
dinâmicas sociais, culturais e espaciais.
Questão 2
De acordo com Neil Brenner, qual é uma das principais críticas a serem feitas em relação às análises
convencionais das cidades?
A
A ênfase exclusiva nas dinâmicas locais, ignorando as influências globais.
B
A valorização da hierarquia urbana, desconsiderando as dinâmicas horizontais.
C
A visão estática das cidades, ignorando as transformações e complexidades contemporâneas.
D
A centralidade das áreas centrais, desconsiderando as periferias urbanas.
E
A importância da participação cidadã, desconsiderando a atuação do Estado.
A alternativa C está correta.
Neil Brenner critica as análises convencionais das cidades que têm uma perspectiva estática, focando
apenas em estruturas fixas e ignorando as mudanças e complexidades presentes nas cidades
contemporâneas. Para o autor, é essencial considerar as transformações em curso e as relações entre o
local, o regional e o global.
2. Redes urbanas e a hierarquia das cidades
A formação e a lógica das redes urbanas
Confira neste vídeo como podem ser caracterizadas as redes urbanas e analise um estudo de caso sobre
algumascidades africanas.
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Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
A formação de redes urbanas remonta a tempos antigos, quando cidades surgiram como pontos de comércio,
trocas culturais e administração política. No entanto, elas ganharam maior importância somente a partir do fim
do século XVIII e ao longo do XIX, impulsionadas pelo crescimento industrial e pela melhoria dos sistemas de
transporte e comunicação.
Ao longo dos séculos XX e XXI, com o avanço da globalização e o desenvolvimento das tecnologias de
informação e comunicação, as redes urbanas passaram a se expandir em escala global, conectando cidades
ao redor do mundo. As cidades globais emergiram como nós centrais dessas redes, exercendo influência
econômica e política em nível mundial.
Uma das características marcantes das redes urbanas é a hierarquia urbana, que se refere ao fato de que as
cidades de uma rede possuem diferentes funções e níveis de importância. Agora vamos analisar como as
cidades são classificadas dentro dessa hierarquia urbana. Vamos lá!
Cidades globais
Cidades como Nova York, Tóquio e São Paulo ocupam o topo da
hierarquia, concentrando atividades econômicas de alto valor agregado,
serviços especializados e influência política.
Cidades médias
Cidades como Melbourne, Medellín e Curitiba ocupam o meio da
hierarquia, são metrópoles com menos influência que desempenham
papéis regionais e são centros de comércio e serviços para áreas
circundantes.
Cidades menores
Cidades como Bruges, Cartagena e Valparaíso ocupam a base da
hierarquia e desempenham funções locais, fornecendo serviços básicos
e atendendo às necessidades da população local.
Outra característica importante das redes urbanas é que elas estimulam a consolidação de uma divisão
funcional do trabalho entre as cidades. Cada cidade na rede desempenha um papel específico, com base em
suas vantagens comparativas e setores econômicos dominantes.
Exemplo
Algumas cidades podem ser especializadas em setores industriais, enquanto outras se destacam como
centros financeiros, turísticos ou educacionais. Essa divisão funcional do trabalho promove a
complementaridade e a cooperação entre as cidades, gerando interdependência econômica e fluxos de
recursos e conhecimento. 
As redes urbanas também são influenciadas diretamente pela qualidade dos sistemas de transporte e
comunicação. Cidades bem conectadas por infraestrutura de transporte eficiente, como estradas, ferrovias e
aeroportos, têm maior facilidade para atrair investimentos, empresas e pessoas.
Além disso, as tecnologias de informação e comunicação têm desempenhado um papel fundamental na
expansão das redes urbanas, permitindo a troca rápida de informações, o desenvolvimento de atividades
remotas e a conexão em tempo real entre diferentes cidades.
Redes, cidades e transformações na América Latina
Acompanhe no vídeo o processo de transformação que as cidades da América Latina estão passando,
tornando-se centros de investimento, mas também enfrentando desafios sociais crescentes.
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Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
A América Latina começou a vivenciar o fenômeno da urbanização de maneira tardia, pois o processo de
industrialização nos países dessa região não se deu simultaneamente aos países centrais que lideraram as
revoluções industriais.
Atualmente é inegável que a maioria dos países latino-americanos são fortemente urbanizados,
marcados pela presença de metrópoles e importantes redes urbanas. 
Segundo Carlos Mattos (2015), as metrópoles latino-americanas estão passando por um processo de
transformação sublinhado pela globalização, urbanização acelerada e mudanças socioeconômicas. Marcadas
por suas desigualdades socioespaciais, várias dessas cidades se tornaram importantes centros de poder,
atraindo investimentos, migrantes e serviços avançados, o que intensificou os fluxos de pessoas, mercadorias
e informações.
Desigualdades socioespaciais na metrópole latino-americana Bogotá, capital da
Colômbia.
Como se pode imaginar, essa transformação não ocorre de forma isolada, mas dentro de uma rede de cidades
e “nós” interconectados.
De fato, as metrópoles latino-americanas estão inseridas em uma rede global de cidades, na qual ocorre a
difusão de capitais, influência política e tomada de decisões. No entanto, é necessário considerar também as
redes regionais e nacionais, que desempenham um papel significativo nas dinâmicas urbanas e nas relações
entre as metrópoles e outras cidades.
Há que se destacar também a presença das redes informais e sociais, formadas por laços de solidariedade,
parentesco, vizinhança e atividades econômicas informais, que desempenham um papel fundamental na
sobrevivência e na resiliência das comunidades urbanas.
As redes urbanas e o Brasil
As redes urbanas no Brasil são complexas e dinâmicas, refletindo as dimensões continentais e as
peculiaridades socioeconômicas do país. Com cidades de diferentes tamanhos e funções, a hierarquia urbana
brasileira apresenta uma estrutura caracterizada por grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília, que exercem influência em nível nacional e global; metrópoles de abrangência regional; e uma
variedade de cidades médias e pequenas que desempenham funções regionais e locais.
A hierarquia urbana no Brasil é marcada por uma clara concentração de poder e atividades
econômicas nas grandes metrópoles, que possuem uma infraestrutura avançada, atraem
investimentos nacionais e internacionais, e oferecem uma gama de serviços especializados. No
entanto, a desigualdade regional persiste, com muitas cidades médias e pequenas lutando para se
desenvolver e enfrentando desafios socioeconômicos.
A divisão funcional do trabalho nas redes urbanas brasileiras reflete as diferentes especializações econômicas
e vantagens comparativas das cidades. Enquanto algumas metrópoles se destacam em setores como
finanças, indústria e turismo, outras cidades têm uma forte presença na agricultura, na extração mineral ou no
comércio regional.
Essa divisão funcional do trabalho cria uma complementaridade entre as cidades, gerando interdependência
econômica e trocas de recursos e conhecimentos.
São Bernardo do Campo (SP), um dos principais polos automobilísticos do Brasil.
Estudantes sendo transportados até a escola na
carroceria de uma caminhonete em Bacuri (MA).
Sorriso (MT), reconhecida como a capital do agronegócio do Brasil.
A infraestrutura de transporte e comunicação desempenha um papel crucial na conectividade e na eficiência
das redes urbanas brasileiras. Embora o país tenha feito avanços significativos em termos de construção de
rodovias, ferrovias e aeroportos, ainda existem desafios em relação à qualidade, manutenção e integração
desses sistemas.
Logo, a falta de investimentos adequados em infraestrutura de transporte pode limitar a mobilidade e
dificultar a integração das cidades na rede urbana.
Apesar dos avanços nas redes urbanas brasileiras, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados. 
A desigualdade regional persiste, com a
concentração de poder econômico e político
nas grandes metrópoles, agravando as
disparidades socioeconômicas entre as regiões.
Além disso, a falta de planejamento adequado e
políticas de desenvolvimento regional eficazes
tem contribuído para a falta de infraestrutura, a
precariedade dos serviços básicos e a exclusão
social em muitas cidades.
No entanto, há perspectivas para o
desenvolvimento e a sustentabilidade das
redes urbanas brasileiras. A descentralização
econômica e a promoção do desenvolvimento
de cidades médias e pequenas podem
contribuir para a redução das desigualdades regionais e fortalecer a coesão territorial.
Investimentos em infraestrutura de transporte, especialmente em modais como ferrovias e hidrovias, podem
melhorar a conectividade entre as cidades e estimular o desenvolvimento econômico. Além disso, a promoção
de cidades inteligentes, com o uso de tecnologias inovadoras, pode melhorar a qualidade de vida e a
eficiência dosserviços públicos.
A história da urbanização brasileira
Confira neste vídeo os processos e contradições que moldaram a história das urbanizações brasileiras ao
longo dos anos.
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Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
A hierarquia urbana no Brasil
As cidades brasileiras podem ser classificadas em diferentes níveis de importância, de acordo com sua
capacidade de polarizar outras localidades. Um dos estudos mais recentes nesse sentido foi feito em 2018,
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Chamada de REGIC (Regiões de Influência das
Cidades), essa pesquisa propõe uma classificação da hierarquia urbana no Brasil, que leva em consideração
critérios como população, atividades econômicas, infraestrutura e influência regional.
Segundo o IBGE, o REGIC define a hierarquia dos centros urbanos brasileiros e delimita as regiões
de influência a eles associados.
A partir dos dados do REGIC, pode-se delimitar as dinâmicas entre as redes de cidades e arranjos
populacionais – pelas centralidades exercidas por bens, serviços, equipamentos, entre outros aspectos.
Assim, os núcleos urbanos foram divididos de acordo com abrangência da rede urbana, população e
relacionamentos – isto é, a quantidade de vezes que, no questionário da pesquisa, determinada cidade foi
citada como principal destino de deslocamentos interurbanos.
Portanto, as cidades foram divididas hierarquicamente em cinco tipos de centros: metrópoles, capitais
regionais, centros sub-regionais, centros de zona e centros locais. Veja os detalhes a seguir.
Metrópoles
O grupo das metrópoles é composto pelos 15 principais centros urbanos do país e subdivididos em 3
categorias. Vamos conhecê-las!
Grande metrópole nacional
Status desfrutado apenas pelo arranjo populacional de São Paulo, o
principal centro urbano no país.
Metrópole nacional
Patamar em que se situam os arranjos populacionais do Rio de Janeiro e
Brasília. Juntamente com São Paulo, essas cidades constituem o foco
dos deslocamentos para os centros urbanos do país.
Metrópole
Os 12 arranjos populacionais neste nível são Manaus, Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre,
Florianópolis, Campinas e Vitória (sendo que esses três últimos são
novos em relação ao REGIC de 2007). São caracterizados pelo porte e
projeção nacional.
Capitais regionais
O nível imediatamente abaixo das metrópoles é o das capitais regionais, formado por 97 centro urbanos,
subdivididos em 3 grupos:
Capitais regionais A
Neste grupo, encontram-se as cidades de João Pessoa (PB), Natal (RN) e
Aracaju (SE). São cidades que possuem população entre 800 mil e 1,4
milhão de habitantes e todas se relacionam diretamente com as cidades
classificadas como Metrópoles.
Capitais regionais B
São 24 cidades com população média de 530 mil habitantes e com
centralidade de referência no interior dos estados, como Caruaru (PE),
Feira de Santana (BA) e Uberlândia (MG).
Capitais regionais C
São 64 cidades com população entre 200 mil e 360 mil habitantes,
dentre as quais estão Campina Grande (PB) e Mossoró (RN).
Centros sub-regionais
Incluem 352 cidades caracterizadas por terem atividades de gestão menos complexas e possuírem áreas de
influência menos extensas que as das capitais regionais. Estão divididos em 2 categorias:
Centro Sub-Regional A
96 cidades, com população média de 120 mil habitantes.
Centro Sub-Regional B
256 cidades com população média de 70 mil habitantes, variando entre
55 mil e 85 mil habitantes.
Centros de zona
São 398 cidades de pequeno porte caracterizadas por “menores níveis de atividades de gestão, polarizando
um número inferior de cidades vizinhas em virtude da atração direta da população por comércio e serviços
baseada nas relações de proximidade”. Eles são subdivididos em 2 grupos:
Centro de Zona A
147 cidades, com população média de 40 mil habitantes.
Centro de Zona B
251 cidades com população média inferior a 25 mil habitantes, variando
entre 15 mil e 35 mil habitantes.
Centros locais
São as demais 4.037 cidades do país, representando 82,4% de todos os núcleos urbanos do Brasil. A
população média desses locais é de 12,5 mil habitantes, cuja influência é restrita ao próprio limite territorial, ou
seja, são cidades que não possuem influência em outras, apenas àquilo que estiver incluso no limite municipal
(como o núcleo urbano principal, distritos e vilas).
Brumado (BA), é um exemplo de uma cidade identificada como um centro local.
Essas diferenças ressaltam a importância de considerar múltiplos critérios ao analisar a hierarquia urbana. A
dimensão demográfica ainda é relevante, pois está relacionada à infraestrutura, serviços públicos e aspectos
sociais das cidades.
No entanto, incorporar a dimensão econômica permite uma compreensão mais abrangente do papel das
cidades na economia nacional, considerando fatores como a geração de empregos, a diversificação industrial
e a especialização econômica.
Entendendo as hierarquias urbanas no Brasil
Confira no vídeo o conceito de hierarquização urbana e veja como esse fenômeno se manifesta de forma
única no contexto brasileiro. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
A concepção de metrópoles é um exercício que, de forma comparada, amplia visões e possibilidades. De
acordo com as ideias de Carlos Mattos, como podemos compreender as metrópoles latino-americanas?
A
Como entidades isoladas e desconectadas de outras cidades e regiões.
B
Como espaços homogêneos, sem considerar suas diversidades e particularidades.
C
Como centros de poder exclusivos, sem influências externas.
D
Como partes de uma rede interconectada de cidades e regiões.
E
Como espaços urbanos desprovidos de desigualdades socioespaciais.
A alternativa D está correta.
Mattos destaca que as metrópoles latino-americanas estão inseridas em uma rede global de cidades, bem
como em redes regionais e nacionais. Essa perspectiva reconhece a importância das relações entre
diferentes centros urbanos e a influência das dinâmicas regionais na configuração das metrópoles latino-
americanas.
Questão 2
A associação entre conceitos e compreensões do fenômeno vivido é um traço fundamental. Nesse sentido, a
hierarquia urbana refere-se à
A
formação de bairros distintos em uma cidade.
B
concentração de serviços públicos nas áreas centrais das cidades.
C
organização das cidades em diferentes níveis de importância e tamanho.
D
segregação espacial entre diferentes grupos sociais nas cidades.
E
descentralização das atividades econômicas para áreas rurais.
A alternativa C está correta.
A hierarquia urbana diz respeito à organização das cidades em diferentes níveis, levando em consideração
fatores como população, atividades econômicas, infraestrutura, serviços, entre outros. Essa hierarquia
classifica as cidades em diferentes categorias, como metrópoles, cidades médias, cidades pequenas, vilas
etc.
3. A metropolização, os aglomerados urbanos e os fenômenos espaciais
Aglomerados urbanos e suas especificidades
Confira no vídeo o conceito de aglomerado urbano e suas complexidades que moldam as cidades ao redor do
mundo.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
O processo de urbanização dá origem a diferentes aglomerados urbanos, que variam entre si de acordo com o
tamanho, influência, complexidade e posição na hierarquia de cidades. A análise das peculiaridades de cada
um deles é fundamental para compreender a complexidade das cidades contemporâneas e sua influência na
dinâmica socioeconômica global. 
Por isso, faremos aqui uma breve diferenciação entre as características das metrópoles, cidades globais,
megalópoles e megacidades. 
Metrópoles
São aglomerados urbanos caracterizados por sua importância regional ou nacional. Em geral, possuem pelo
menos um milhão de habitantes – ainda que existam exceções – e concentram atividades políticas,
econômicas e culturais de grande relevância,exercendo influência sobre cidades menores e regiões
circundantes. São centros de poder e decisões, atraindo investimentos, serviços especializados e
infraestrutura avançada. 
Sydney, Austrália, é um exemplo de uma cidade identificada como uma metrópole.
Alguns exemplos de metrópoles no mundo incluem São Paulo, Nova York e Tóquio, cujos processos de
expansão envolveram o processo de metropolização, em que ao longo do tempo ocorre o aumento da
população, da extensão territorial e da influência de algumas cidades, o que as transforma em metrópoles. 
Cidades globais
São metrópoles cuja escala de influência e polarização seja mundial. Em suma, são centros urbanos que
desempenham um papel crucial na economia global. Elas são conectadas a redes financeiras, comerciais e
culturais internacionais, influenciando decisões econômicas e políticas em escala global. 
Istambul, Turquia, é um exemplo de uma cidade identificada como uma cidade
global.
Cidades como Londres, Nova York e Paris são consideradas cidades globais devido à sua relevância nos
negócios internacionais, às sedes de empresas multinacionais e aos fluxos de capital e informações.
Megalópoles
São aglomerados urbanos compostos por 2, 3 ou múltiplas metrópoles que se conectam e formam uma 
extensa mancha urbana contínua, geralmente linear. Essas regiões metropolitanas interligadas compartilham
fluxos econômicos, sociais e culturais, criando uma rede complexa de interações.
Um exemplo notável de megalópole está na região costeira nordeste dos Estados Unidos. Conhecida como 
Boswash, esse grande núcleo de metrópoles engloba cidades como Nova York, Boston, Filadélfia e
Washington D.C. Foi lá que esse tipo de estrutura urbana foi identificado e analisado pela primeira vez, o que
permitiu criar parâmetros comparativos e identificar fenômenos semelhantes em outros lugares do país e do
mundo.
Trem bala que faz conexão por toda megalópole de Tóquio-Osaka.
Imagem de satélite da megalópole Rio-São Paulo à noite.
De modo geral, as megalópoles são eixos urbanos muito extensos e dinâmicos observados
predominantemente em países centrais, uma vez que nesses países o processo de urbanização
costumeiramente ocorreu de maneira menos centralizada, dando origem a uma quantidade maior de
metrópoles de porte médio que, geograficamente próximas, puderam aos poucos se integrar através da
conurbação.
Megacidades
São aglomerados urbanos com uma população excepcionalmente grande, com mais de dez milhões de
habitantes. Elas são caracterizadas pela alta densidade populacional, infraestrutura complexa e desafios
socioeconômicos significativos. 
Apesar de a maior megacidade do mundo ser Tóquio, cuja área metropolitana possui mais de 35 milhões de
habitantes, a maioria das megacidades atuais se localiza em países periféricos e emergentes, como é o caso
das megacidades de Mumbai e Cidade do México. 
Cidade do México, México, é um exemplo de uma cidade identificada como uma
megacidade.
Isso ocorre em virtude de o processo de urbanização em países desse perfil ter ocorrido de maneira mais
recente e desordenada, além de ter sido geograficamente concentrado em um menor número de cidades, que
rapidamente passaram por uma explosão demográfica.
Com isso, habitualmente as megacidades enfrentam questões relacionadas ao crescimento descontrolado,
desigualdade social, pressão sobre recursos naturais e problemas de mobilidade urbana.
Metropolização no mundo
Descubra neste vídeo como a metropolização é uma potência nas histórias do mundo e um importante
conceito para compreendermos a dinâmica de redes.
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A metropolização é um fenômeno que tem ocorrido de maneira expressiva em todo o mundo, tanto nos países
centrais quanto nos periféricos. Esse processo é caracterizado pelo crescimento e concentração de
população, atividades econômicas, infraestrutura e serviços nas áreas urbanas de maior porte, em detrimento
das regiões rurais e de menor escala urbana.
Nos países centrais, a metropolização iniciou-se de forma mais precoce e apresenta características
específicas. Durante a Revolução Industrial, por exemplo, as cidades europeias e norte-americanas passaram
por um rápido processo de urbanização, impulsionado pela industrialização e pela migração do campo para as
áreas urbanas em busca de trabalho. Grandes centros como Londres, Paris, Nova York e Chicago se tornaram
símbolos da metropolização.
Fábricas durante o período da segunda revolução industrial, Ludwigshafen, Prússia,
atual Alemanha, 1881.
Nos grandes centros, a metropolização ocorreu em paralelo ao desenvolvimento econômico, com a
concentração de atividades industriais, comerciais e financeiras nas cidades. Além disso, a infraestrutura
urbana foi ampliada e aperfeiçoada para atender às demandas da população crescente, com a construção de
sistemas de transporte eficientes, redes de comunicação, saneamento básico e equipamentos públicos. Isso
resultou em um maior desenvolvimento social, com a formação de uma classe média urbana e a melhoria da
qualidade de vida em geral.
Por outro lado, nos países periféricos, a metropolização ocorreu de forma mais tardia e com características
próprias. Em muitos casos, esse processo foi impulsionado pela industrialização tardia, quando os países
periféricos buscaram se industrializar para alcançar o desenvolvimento econômico. 
São Paulo é um exemplo de cidade que passou por um
processo de industrialização tardia.
A industrialização tardia foi marcada por uma forte
dependência, em relação aos países centrais, que se
tornaram os principais fornecedores de tecnologia,
investimentos e mercados consumidores.
Essa metropolização nos países periféricos frequentemente
resultou em um crescimento desordenado das cidades, com
a formação de grandes periferias urbanas marcadas pela
precariedade das condições de moradia, infraestrutura
insuficiente e carência de serviços básicos.
A falta de planejamento urbano adequado contribuiu para a 
segregação socioespacial, com a concentração de
populações marginalizadas em áreas precárias, enquanto os
centros urbanos concentram os serviços e as
oportunidades econômicas.
O processo de metropolização nos países periféricos não é homogêneo, havendo diferenças entre
os diversos contextos regionais. Porém, de modo geral, podemos perceber o aprofundamento de
desigualdades regionais, com a concentração de atividades econômicas e investimentos nas
capitais e nas principais cidades, enquanto as áreas rurais e os pequenos centros urbanos ficam à
margem do desenvolvimento.
O processo de crescimento e concentração da metropolização pode acentuar ainda mais as disparidades
sociais e econômicas existentes, dificultando o acesso a emprego, educação, saúde e outros serviços
essenciais para a população.
Não menos importante é enfatizar que a metropolização, seja nos países centrais ou nos periféricos, promove
– e é influenciada por – diversos outros processos urbanos, que frequentemente ocorrem de maneira
simultânea e desigual. Dentre eles, destacam-se a conurbação, a gentrificação e a verticalização. Vamos
conhecer agora cada um desses processos.
Conurbação
Caracteriza-se pela fusão física e funcional de várias cidades e áreas
metropolitanas em uma única entidade urbana contínua. Ainda que possa
ocorrer em áreas não metropolitanas, a conurbação frequentemente
acontece como um reflexo direto da metropolização.
À medida que a metropolização avança, a expansão das áreas urbanas
resulta na formação de aglomerações urbanas cada vez maiores, nas
quais os limites entre os municípios se tornam menos distintos.
Esse processo gera uma série de desafios, como a integração dos
sistemas de infraestrutura e transporte, o planejamento urbano
coordenado e a gestão compartilhada dos recursos.
Gentrificação
Caracteriza-se pelo ao processo de transformação de áreas urbanas
antes degradadas ou de baixo valor econômico em bairros mais
valorizados e voltados para a classe média e alta.
A gentrificaçãoocorre, muitas vezes, em áreas centrais das cidades,
impulsionada pelo interesse de investidores imobiliários e pela demanda
crescente por espaços urbanos revitalizados.
Esse processo pode levar a uma mudança no perfil social dos ocupantes
e frequentadores do espaço gentrificado, graças à expulsão de
moradores de baixa renda e à descaracterização de comunidades
tradicionais, gerando impactos sociais e culturais significativos.
Verticalização
Caracteriza-se pela construção de edifícios cada vez mais altos e
densos. Afinal, à medida que a demanda por espaço urbano aumenta nas
áreas metropolitanas, a verticalização se torna uma solução para
aproveitar o espaço disponível de forma eficiente.
Essa tendência resulta em um núcleo urbano dominado por arranha-céus
e em uma maior concentração populacional nas regiões centrais. No
entanto, a verticalização também pode gerar desigualdades espaciais,
pois, muitas vezes, agrava a especulação imobiliária, excluindo grupos de
baixa renda e perpetuando a segregação socioespacial.
Metropolização no Brasil
Acompanhe no vídeo o processo de metropolização no Brasil, analisando fatores como industrialização,
migração, expansão desordenada, crescimento populacional e econômico.
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A metropolização no Brasil é um fenômeno cujo auge ocorreu em um contexto de desenvolvimento industrial e
urbano do país. Durante o século XX, o Brasil passou por um processo acelerado de industrialização,
impulsionado pela substituição de importações e pela política de desenvolvimento nacional.
Esse processo teve um papel significativo na configuração das grandes metrópoles brasileiras, como São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Bairro da Luz em São Paulo no início do século XX.
Centro do Rio de Janeiro no início do século XX.
Centro de Belo Horizonte no início do século XX
A metropolização no Brasil está intimamente associada à industrialização, pois as grandes cidades se
tornaram polos atrativos para a instalação de indústrias e concentração de mão de obra.
No período dos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, por exemplo, foram implementadas
políticas que estimularam a industrialização em larga escala, resultando na concentração de atividades
econômicas nas áreas urbanas da região Sudeste.
Construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), durante o governo de
Getúlio Vargas, 1941.
Construção da futura capital do Brasil, Brasília, durante o governo de Juscelino
Kubitschek, 1959.
Esse processo foi agravado durante o regime militar, que promoveu um modelo de desenvolvimento baseado
na exploração intensiva de recursos naturais e na concentração de poder econômico e político nas mãos de
grandes grupos empresariais. Como resultado, as grandes cidades se tornaram centros de desenvolvimento
econômico, com a concentração de indústrias, comércio, serviços e instituições financeiras.
Para alguns grupos sociais, isso gerou um maior acesso a empregos formais e a oportunidades de ascensão
social. As metrópoles também se tornaram polos de inovação, cultura e trocas culturais, atraindo talentos e
empreendedores.
No processo de metropolização no Brasil, o rápido crescimento urbano não foi acompanhado pelo
desenvolvimento adequado da infraestrutura urbana, levando a um cenário de precariedade dos
serviços básicos, como saneamento, transporte público, saúde e educação. 
A expansão desordenada das cidades brasileiras resultou em favelização e ocupação irregular do solo, com o
surgimento de periferias marcadas pela falta de infraestrutura e pela vulnerabilidade social.
A concentração de atividades econômicas e oportunidades nas metrópoles gerou desigualdades regionais,
com regiões periféricas e rurais ficando à margem do desenvolvimento. Essa desigualdade é agravada pela
falta de políticas públicas efetivas de descentralização e desenvolvimento regional, o que contribui para o
aprofundamento das disparidades socioeconômicas no país.
Além disso, a falta de planejamento urbano adequado e a especulação imobiliária também criaram e
agravaram uma série de problemas ambientais, como a degradação dos recursos naturais, a destruição de
ecossistemas e a poluição do ar e das águas.
A poluição por plástico, material que já foi símbolo de progresso industrial, é hoje
uma questão global, séria e urgente.
A metropolização no Brasil teve um impacto significativo na população, pois a concentração de atividades
econômicas e oportunidades nas grandes cidades atraiu um fluxo constante de migrantes de outras regiões
do país, buscando melhores condições de vida e empregos nas áreas urbanas mais desenvolvidas.
O fenômeno metropolitano também impactou a transição demográfica no país. Afinal, com o crescimento
acelerado das cidades e o aumento da urbanização, a médio prazo, ocorreu uma redução gradual das taxas
de fecundidade e mortalidade, levando a mudanças na estrutura etária da população.
O acesso a serviços de saúde e a disseminação de informações sobre planejamento familiar nas
metrópoles contribuíram para a diminuição do número de filhos por mulher e para o aumento da
expectativa de vida. Com a redução da taxa de natalidade, houve um aumento proporcional da
população em idade ativa, o que gerou um bônus demográfico capaz de impulsionar o crescimento
econômico e o desenvolvimento humano nacional.
O novo cenário metropolitano também trouxe desafios, como a necessidade de garantir emprego e
oportunidades para essa população adulta em crescimento.
Em relação aos processos migratórios, a metropolização brasileira estimulou a migração interna de diversas
regiões para as grandes cidades. Muitas pessoas do campo e de cidades menores buscaram as metrópoles
como uma alternativa para escapar da pobreza, obter melhores empregos e condições de vida. 
Migrantes nordestinos chegando em São Paulo, 1938.
Contudo, os migrantes internos enfrentaram desafios como a adaptação a uma nova realidade urbana, o
acesso a moradia adequada e a inserção no mercado de trabalho. A falta de políticas públicas efetivas de
habitação popular e infraestrutura nas áreas metropolitanas, muitas vezes, resultou em ocupações irregulares
e formação de favelas, gerando problemas sociais e de exclusão.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Quando comparamos as cidades, é possível entender suas formas e locais. Nesse sentido, as cidades globais
são caracterizadas por
A
baixa conectividade internacional e influência limitada no cenário mundial.
B
predominância de atividades agrícolas e baixa diversidade de serviços.
C
fragmentação territorial e presença de diversas formas de urbanização.
D
concentração de atividades econômicas e influência global.
E
baixa densidade populacional e infraestrutura precária.
A alternativa D está correta.
As cidades globais são centros urbanos de grande importância econômica, política e cultural, que exercem
influência em âmbito mundial. Elas se destacam pela concentração de atividades econômicas de alto valor
agregado, como finanças, serviços avançados e indústrias criativas. Além disso, as cidades globais são
conectadas internacionalmente e possuem uma infraestrutura e serviços de alta qualidade para atender à
demanda global.
Questão 2
A metropolização é um processo que ocorre em diferentes países ao redor do mundo. Uma característica
comum nesse processo é
A
a descentralização de atividades econômicas para áreas rurais.
B
a redução da população urbana em busca de melhores condições de vida.
C
o desenvolvimento de áreas metropolitanas de pequeno porte.
D
a ausência de desigualdades socioeconômicas nas áreas metropolitanas.
E
a concentração de pessoas, atividades e infraestruturas em grandes centros urbanos.
A alternativa E está correta.
A metropolização é um processo que envolve a concentração de população, atividades econômicas,
serviços e infraestruturas em grandes centros urbanos, que se tornam os principais motores do
desenvolvimento econômico e social. Essa concentração é uma característicamarcante da metropolização
no mundo.
Flexibilidade de escolha propiciada pelo trabalho
remoto.
4. Fenômenos e tendências urbanas contemporâneas
Desmetropolização e a pós-metrópole
Assista ao vídeo e entenda como essas transformações urbanas estão moldando o futuro das cidades.
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O fenômeno da desmetropolização é caracterizado pela redução do ritmo de crescimento econômico e
populacional das metrópoles em relação a outras cidades ou regiões. Em contraposição à metropolização, que
se refere à concentração de atividades econômicas e população nas grandes cidades, a desmetropolização
representa um processo de desconcentração e redistribuição dessas atividades. 
Um dos principais impulsionadores do
fenômeno da desmetropolização é o avanço
das tecnologias de informação e comunicação,
que permitiram o desenvolvimento e a
viabilidade global do trabalho remoto e, dessa
forma, também permitiram a descentralização
das atividades econômicas.
 
Com isso, empresas e profissionais têm mais
flexibilidade para escolher locais de trabalho
além das grandes metrópoles, levando à
dispersão das atividades econômicas.
A desmetropolização também é influenciada
por questões socioeconômicas e ambientais. As
grandes cidades frequentemente enfrentam
problemas como:
 
Congestionamentos
Altos custos de moradia
Poluição
Qualidade de vida comprometida
Para evitar esses problemas, pessoas e empresas têm buscado alternativas fora das metrópoles,
principalmente em busca de menores custos de produção.
Esse fenômeno tem impactos significativos na economia e na indústria. Por um lado, a desmetropolização
impulsiona o desenvolvimento econômico de cidades de menor porte – especialmente as cidades médias –,
incentivando a diversificação das atividades econômicas e o surgimento de polos regionais de crescimento.
Empresas e investidores têm buscado essas cidades como locais para estabelecer operações, impulsionando
o desenvolvimento local e gerando empregos.
No entanto, o fenômeno pode levar à perda de investimentos, empregos e serviços que antes estavam
concentrados nas regiões metropolitanas. Além disso, a descentralização das atividades econômicas nem
sempre é equitativa, e algumas cidades podem se beneficiar mais do que outras, levando a novas formas de
concentração e desigualdade regional.
• 
• 
• 
• 
Edward Soja.
A desmetropolização não significa o desaparecimento das metrópoles, mas sim o surgimento de um
novo tipo de urbanização. 
Na desmetropolização, as metrópoles continuam a desempenhar os papéis mais importantes em setores
estratégicos e como centros de inovação, cultura e serviços especializados, além de permanecerem como os
locais de sede das maiores empresas do mundo, a partir das quais são tomadas decisões que impactam áreas
urbanas e rurais de todo o planeta.
Contudo, é necessário destacar também que o conceito de desmetropolização é bastante criticado por
algumas correntes de analistas a respeito do espaço urbano, que preferem descrever as transformações
contemporâneas por meio de outros conceitos. Um desses autores é Edward Soja, que em seu artigo Para
Além da Postmetropole (2016) propõe uma visão ampliada da cidade, indo além da noção tradicional de
metrópole e explorando as novas formas de urbanização que surgem nas sociedades pós-industriais. 
Soja argumenta que as cidades contemporâneas estão passando por uma transformação profunda, na qual os
padrões de urbanização tradicionais são desafiados e novas formas de organização espacial emergem. Ele
chama essa nova fase de pós-metrópole, enfatizando que as cidades já não podem ser entendidas apenas
como centros urbanos isolados, mas devem ser analisadas em relação às suas conexões regionais, nacionais
e globais. 
Uma das principais contribuições de Soja é a
ideia de que a urbanização está se espalhando
além dos limites físicos das metrópoles
tradicionais, envolvendo áreas suburbanas,
rurais e mesmo regiões inteiras. Ele argumenta
que a urbanização não é mais restrita aos
espaços densamente povoados do centro da
cidade, mas se estende por vastas áreas
geográficas, formando paisagens urbanizadas e
complexas.
 
O autor também discute o conceito de região
estendida", que se refere às áreas que estão
conectadas de maneira intensa e abrangente,
formando uma rede de centros urbanos
interconectados. Essa abordagem reconhece a
importância das relações entre diferentes cidades e regiões, bem como a influência das dinâmicas regionais
na configuração urbana.
Além disso, Soja destaca a importância dos espaços de fronteira e de encontro na compreensão das cidades
pós-metropolitanas. Ele argumenta que esses espaços, muitas vezes negligenciados nas análises tradicionais,
são locais de interação e de produção de novas formas de cultura e identidade urbana.
Outro aspecto central do argumento de Soja é a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e participativa
na produção do espaço urbano. Ele defende a importância do planejamento urbano democrático, que envolva
os cidadãos em processos de tomada de decisão e valorize a diversidade social, cultural e espacial. 
Cidade-região e megarregião
Conheça no vídeo os conceitos de cidade-região e megarregião, utilizando exemplos para esclarecer como
essas ideias se aplicam e exercem influência sobre o desenvolvimento urbano.
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Como sabemos, a compreensão das cidades e da urbanização tem evoluído ao longo do tempo. Afinal, à
medida que as cidades se transformam, novos processos e fenômenos começam a ser observados. Assim, os
conceitos previamente criados deixam de ser suficientes para explicar a nova realidade.
Ou seja, a construção de conceitos novos é uma necessidade em meio à busca por acompanhar as
transformações e dinâmicas complexas que ocorrem nos espaços urbanos contemporâneos. Nesse sentido,
dois conceitos têm ganhado destaque. Vamos entendê-los!
Cidade-região
Reconhece a importância das interdependências econômicas, sociais e
políticas entre a cidade central e as áreas periféricas, estabelecendo uma
visão mais abrangente da urbanização, que extrapole a análise tradicional
focada apenas nos fenômenos ocorridos na mancha urbana central.
De acordo com Scott Allen (2001), este conceito permite compreender as
interações e as relações entre a cidade e sua região circundante. Assim,
a cidade-região é entendida como uma unidade geográfica e funcional
que abrange uma área urbana central e sua área de influência.
Megarregião
Refere-se a espaços territoriais que englobam várias cidades e áreas
metropolitanas próximas, caracterizadas por fluxos intensos de pessoas,
mercadorias, informações e recursos.
Segundo Sandra Lencioni (2012), este conceito permite abordar as
transformações urbanas em uma escala mais ampla e interligada. Afinal,
as megarregiões representariam um nível mais alto de integração urbana,
sendo influenciadas por fatores econômicos, culturais e políticos que
transcendem os limites municipais e as divisas estaduais.
Embora os conceitos de cidade-região e megarregião compartilhem algumas semelhanças, também
apresentam diferenças significativas. Enquanto a cidade-região enfatiza a relação entre a cidade central e sua
área de influência mais imediata, a megarregião abrange uma escala geográfica maior e envolve múltiplas
cidades e áreas metropolitanas interconectadas.
Nesse sentido, cabe aqui apresentar o debate a respeito do uso do conceito de megarregião para classificar o
mais importante e dinâmico eixo urbano do Brasil: o que conecta as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Ao
longo dos anos, surgiram debates e argumentos divergentes sobre como classificar essa extensa área urbana.
Alguns o consideram uma megalópole, enfatizando sua continuidade urbana, densidade populacional e
concentração de atividades econômicas e culturais. Os defensores dessa perspectiva apontam para a
integração física e funcional das duas cidades e a interdependência entre elas.A proximidade geográfica,
aliada à densidade populacional e à intensidade dos fluxos de pessoas, bens e informações, criaria uma
sinergia e uma escala urbana que se assemelha a de uma megalópole. Além disso, a infraestrutura de
transporte e a forte interação entre os centros urbanos, especialmente no setor econômico, reforçam essa
visão.
Cidade-região 
Concentra-se nas interdependências
dentro de uma área mais delimitada. 
Megarregião 
Considera as conexões e os fluxos em
uma escala regional mais ampla. 
Mapa do trajeto previsto no projeto de um trem bala para conectar todo o eixo Rio
de Janeiro – São Paulo.
Por outro lado, alguns especialistas defendem que o eixo Rio de Janeiro – São Paulo deve ser entendido como
uma megarregião. Essa perspectiva destaca a existência de múltiplos centros urbanos e áreas metropolitanas
ao longo do eixo, como Campinas e Santos. Interligadas por fluxos de pessoas, mercadorias e informações,
essas cidades formam uma rede complexa e interdependente. Essa abordagem reconhece a importância dos
fluxos regionais e a conexão de diferentes núcleos urbanos, com características econômicas e culturais
próprias.
Portanto, pode-se dizer que que a visão do eixo Rio – São Paulo como uma megalópole destaca a densidade,
a continuidade e a escala urbana, enquanto a abordagem de megarregião realça a diversidade de centros
urbanos e as redes de interdependência. 
A financeirização das cidades e a crise urbana
Assista ao vídeo e entenda sobre financeirização das cidades e a crise urbana, dois importantes conceitos
que estão alterando a organização das cidades ao redor do mundo.
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A financeirização é um fenômeno global que tem impactado significativamente o desenvolvimento e a
organização das cidades e metrópoles ao redor do mundo. Esse processo envolve a crescente influência do
setor financeiro nas dinâmicas econômicas e espaciais, transformando a forma como as cidades são
estruturadas e funcionam.
Tal processo tem sido impulsionado pelo crescimento do setor financeiro global, com a expansão de
instituições financeiras, como bancos, seguradoras e fundos de investimento, e a ampliação das atividades
financeiras nas cidades. Afinal, as cidades têm se tornado centros financeiros internacionais, atraindo
investimentos, transações comerciais e a concentração de poder econômico.
Exemplo
Nova York, Londres e Hong Kong se tornaram hubs financeiros globais, ou seja, desempenham papeis
centrais e significativos nos negócios e serviços financeiros em nível global. 
A financeirização tem influenciado diretamente a estrutura espacial das cidades e metrópoles. A busca por
lucros financeiros tem levado ao desenvolvimento de arranha-céus corporativos e de espaços urbanos
voltados para as atividades financeiras, como centros comerciais e distritos financeiros.
Ermínia Maricato.
Ana Fani Carlos.
Esses espaços se tornam pontos focais de acumulação de capital, com o surgimento de enclaves financeiros
que se destacam em meio às áreas urbanas. Isso resulta em uma segregação espacial, com áreas financeiras
altamente valorizadas e áreas periféricas com menor acesso a recursos e serviços.
À medida que as atividades financeiras ganham destaque, os preços imobiliários tendem a aumentar
nas áreas centrais, expulsando comunidades de baixa renda e causando gentrificação. Além disso, o
crescimento do setor financeiro, muitas vezes, está desconectado das necessidades e da economia
local, concentrando os benefícios em poucos atores e ampliando as desigualdades
socioeconômicas.
Não menos importante é o impacto da financeirização sobre o planejamento urbano. As decisões relacionadas
ao desenvolvimento urbano cada vez mais passam a ser influenciadas por lógicas financeiras, como a
maximização do lucro e a atratividade para investidores estrangeiros. Isso costuma resultar em políticas e
projetos que privilegiam a valorização financeira em detrimento das necessidades e demandas locais, como o
aumento do número de empreendimentos imobiliários de luxo em detrimento de projetos de moradia social.
Desse modo, pode-se apontar a financeirização como mais um elemento que integra a chamada crise urbana
da atualidade. Ermínia Maricato e Ana Fani Carlos são algumas das autoras que têm contribuído para a
compreensão desses problemas, destacando a dimensão espacial da crise urbana e suas repercussões nas
escalas local, regional e global.
Na escala local, a crise urbana se manifesta através das desigualdades socioespaciais e da fragmentação
urbana. 
Ermínia Maricato (2015) aponta para a expansão
descontrolada das cidades, com a ocupação de áreas
periféricas carentes de infraestrutura e serviços básicos.
Essas áreas segregadas concentram populações de baixa
renda, enfrentando condições precárias de habitação,
saneamento e acesso a serviços públicos. A especulação
imobiliária e a gentrificação também exacerbam as
desigualdades, expulsando moradores tradicionais para as
periferias.
Na escala regional, a crise urbana se relaciona à
metropolização e à concentração de poder nas grandes
cidades.
Ana Fani Carlos (2015) destaca o papel das
metrópoles como centros de poder econômico
e político, que atraem recursos e investimentos
em detrimento das demais cidades e regiões.
Esse processo resulta na concentração de
atividades econômicas, empregos e
infraestrutura nas metrópoles, enquanto áreas
não metropolitanas sofrem com a falta de
investimentos e desenvolvimento desigual.
Na escala global, a crise urbana está conectada
à dinâmica dos fluxos financeiros internacionais
e à proliferação dos impactos ambientais.
Maricato destaca a financeirização das cidades,
com a influência do capital financeiro global na produção do espaço urbano. Isso pode resultar na valorização
excessiva do solo, expulsando comunidades locais e privilegiando interesses financeiros em detrimento das
necessidades locais.
Além disso, os desafios ambientais, como as mudanças climáticas e a degradação ambiental, também afetam
as cidades em nível global, exigindo a implementação de políticas de sustentabilidade urbana.
Resumindo, as complexidades das redes urbanas, hierarquia urbana, metropolização e financeirização nas
cidades estão interligadas. Ao examinar esses conceitos, fica evidente que as cidades contemporâneas são
entidades dinâmicas e em constante transformação, moldadas por uma série de fatores econômicos, sociais e
políticos. 
Verificando o aprendizado
Questão 1
Dominar conceitos é um exercício fundamental; por isso, vamos avaliar como você está nesse aspecto. A
desmetropolização refere-se a(o)
A
processo de transformação de cidades pequenas em metrópoles.
B
redução do ritmo de crescimento urbano das metrópoles tradicionais.
C
migração de populações rurais para as áreas metropolitanas.
D
crescimento populacional acelerado nas áreas rurais.
E
processo de conurbação entre cidades próximas.
A alternativa B está correta.
A desmetropolização é caracterizada pela redução do ritmo de crescimento das metrópoles em que, muitas
vezes, ocorre uma redistribuição das atividades econômicas, como indústrias e serviços, das áreas
metropolitanas para outras cidades. Esse processo ocorre devido a diversos fatores, como políticas de
desenvolvimento regional, busca por menores custos de produção e melhor qualidade de vida em cidades
menores.
Questão 2
A introdução de novos conceitos dá tons diversos e ricos para nossa compreensão. Um dos conceitos
apresentados é a financeirização das metrópoles, que se refere a um processo em que
A
o setor financeiro torna-se dominante na economia, influenciando a dinâmica urbana.
B
as atividades industriais são substituídas por serviços financeiros nas metrópoles.
C
a população das metrópoles se endivida cada vez mais, gerando instabilidade econômica.
D
as áreas periféricas das metrópoles se tornam foco de investimentos financeiros.
E
o mercado imobiliário das metrópoles se desvaloriza devido à crise financeira.
A alternativaA está correta.
A financeirização das metrópoles é um fenômeno em que o setor financeiro ganha cada vez mais influência
e poder na economia urbana. Esse processo envolve a intensificação das atividades financeiras, como
bancos, seguradoras, fundos de investimento, entre outros, que passam a dominar e orientar a dinâmica
econômica das metrópoles.
5. Conclusão
Considerações finais
As redes urbanas desempenham um papel fundamental na conectividade e interdependência entre os centros
urbanos, permitindo a troca de pessoas, mercadorias, informações e ideias. Elas formam uma teia intricada de
relações, desde as conexões locais até as escalas globais. A hierarquia urbana, por sua vez, é uma expressão
dessa interconexão, estabelecendo a relação entre cidades de diferentes tamanhos e funções, cada uma
contribuindo para a formação de um sistema urbano mais amplo.
Além disso, os processos de metropolização e desmetropolização têm sido marcantes nas últimas décadas.
As cidades têm experimentado um crescimento acelerado, porém heterogêneo, resultando na concentração
de população, atividades econômicas e infraestrutura nas áreas urbanas de maior porte. Esse fenômeno traz
consigo desafios e oportunidades, como a necessidade de planejamento urbano eficiente, gestão adequada
dos recursos e busca pela equidade social.
Por fim, a financeirização emergiu como uma força poderosa nas cidades contemporâneas. Os fluxos de
capital globalizado têm influenciado diretamente a configuração das cidades, impulsionando o
desenvolvimento de setores financeiros e imobiliários, bem como transformando o próprio ambiente urbano
em um ativo financeiro. Essa lógica financeira tem impactos profundos nas dinâmicas sociais e espaciais,
muitas vezes gerando desigualdades e exclusões.
Então, é fundamental reconhecer os desafios que acompanham essas transformações e buscar abordagens
mais inclusivas e sustentáveis para o planejamento urbano. É necessário promover uma distribuição mais
equitativa dos recursos e oportunidades, fortalecer a participação cidadã e considerar os impactos sociais e
ambientais em todas as decisões relacionadas ao desenvolvimento urbano.
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Confira as indicações que separamos especialmente para você!
 
Assista aos filmes:
 
A Cidade Cinza, de Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo, lançado em 2013 e disponível na Amazon Prime
Video, para entender a política de limpeza urbana adotada pela cidade de São Paulo em 2008, quando muros
grafitados foram pintados de cinza, apagando as intervenções artísticas.
 
Viajo porque preciso, retorno porque te amo, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, lançado em 2009 e
disponível na Netflix, para acompanhar a história de um geólogo que atravessa o sertão nordestino para
realizar uma pesquisa de campo e avaliar o possível percurso de um canal que será construído a partir do
desvio das águas do único rio caudaloso da região. Para muitos, o canal será uma possibilidade de futuro e
esperança. Para os que moram próximo ao novo canal significa desapropriação, partida, perda.
 
Leia as seguintes obras de Milton Santos:
 
Metrópole: a força dos fracos é seu tempo lento, publicado em 1993 e disponível no repositório on-line USP,
para aprofundar os estudos voltados à compreensão das novas dinâmicas da sociedade e do território, os
espaços da globalização e suas contradições no campo e na cidade.
 
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Espaço do Cidadão, publicado pela primeira vez em 1987 e disponível no repositório on-line USP, para refletir
junto ao autor como se organiza a rede de caminhos e a rede de cidades segundo as hierarquias.
 
O espaço dividido, publicado pela primeira vez em 1979 e disponível no repositório on-line USP, para entender
como ocorre o estudo dos dois circuitos de economia urbana do Terceiro Mundo e como distribuem
territorialmente os indivíduos, segundo suas classes sociais e seu poder aquisitivo.
Referências
BRENNER, N. Espaços da urbanização: o urbano a partir da teoria crítica. Rio de Janeiro: Observatório das
Metrópoles/Letra Capital, 2018.
 
CARLOS, A. A cidade como negócio. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
 
LEFEBVRE, H. Da cidade à sociedade urbana. In: LEFEBVRE, H. A Revolução Urbana. Belo Horizonte: Ed. da
UFMG, 2019.
 
LENCIONI, S. Concepções da metamorfose metropolitana. In: BÓGUS, L.; PASTERNAK, S.; MAGALHÃES, L.
Metropolização, governança e direito à cidade: dinâmicas, escalas e estratégias. São Paulo: EDUC PIPEq,
2020.
 
LENCIONI, S. Metropolização do espaço e a constituição de megarregiões. In: FERREIRA, A.; RUA, J.;
ENCARNAÇÃO, M. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 2012.
 
MARICATO, E. Para entender a crise urbana. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
 
MATTOS, C. Redes, nodos e cidades: transformação da metrópole latino-americana. In: RIBEIRO, L. C. (org.).
Entre a coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles/
Letra Capital, 2015.
 
SCOTT, A.; AGNEW, J.; SOJA, E.; STORPER, M. Cidades-regiões globais. Espaço & Debates, São Paulo, n. 41,
2001.
 
SOJA, E. W. Para além de Postmetropolis. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, v. 20, n. 1, 11 abr.
2016.
 
SPOSITO, M. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 2012.
	Redes urbanas e metropolização
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. A formação da sociedade urbana
	As origens e a lógica da urbanização
	Conteúdo interativo
	Da cidade à sociedade urbana
	Conteúdo interativo
	A urbanização extensiva e a urbanização concentrada
	Conteúdo interativo
	Urbanização extensiva
	Urbanização concentrada
	A revolução urbana
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Redes urbanas e a hierarquia das cidades
	A formação e a lógica das redes urbanas
	Conteúdo interativo
	Cidades globais
	Cidades médias
	Cidades menores
	Exemplo
	Redes, cidades e transformações na América Latina
	Conteúdo interativo
	As redes urbanas e o Brasil
	A história da urbanização brasileira
	Conteúdo interativo
	A hierarquia urbana no Brasil
	Metrópoles
	Grande metrópole nacional
	Metrópole nacional
	Metrópole
	Capitais regionais
	Capitais regionais A
	Capitais regionais B
	Capitais regionais C
	Centros sub-regionais
	Centro Sub-Regional A
	Centro Sub-Regional B
	Centros de zona
	Centro de Zona A
	Centro de Zona B
	Centros locais
	Entendendo as hierarquias urbanas no Brasil
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. A metropolização, os aglomerados urbanos e os fenômenos espaciais
	Aglomerados urbanos e suas especificidades
	Conteúdo interativo
	Metrópoles
	Cidades globais
	Megalópoles
	Megacidades
	Metropolização no mundo
	Conteúdo interativo
	Conurbação
	Gentrificação
	Verticalização
	Metropolização no Brasil
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Fenômenos e tendências urbanas contemporâneas
	Desmetropolização e a pós-metrópole
	Conteúdo interativo
	Cidade-região e megarregião
	Conteúdo interativo
	Cidade-região
	Megarregião
	A financeirização das cidades e a crise urbana
	Conteúdo interativo
	Exemplo
	Verificando o aprendizado
	5. Conclusão
	Considerações finais
	Explore +
	Referências

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