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Ética e Moral - Prof. Arnaldo N.

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Ética e Moral
Ética vem do grego éthos. Moral vem do latim mos.
Ambos se referem aos “costumes”, “hábitos”, “formas de agir”. São duas palavras para a mesma ideia, porém tem sido feita uma distinção:
As normas morais são criadas pela sociedade para orientar as pessoas sobre o que é correto, justo e bom. A moral compreende todas as normas da conduta humana. As normas morais diferem das normas jurídicas (leis).
A ética é uma disciplina filosófica. É o debruçar-se sobre a moral para, a partir de uma reflexão crítica, indagar-se sobre as ideias e as atitudes morais. Explica a origem e o fundamento das diversas orientações morais.
 Origem e significação do termo 
Significado original do termo ETHOS na língua grega usual: morada ou abrigo de animais (significado ainda presente no termo etologia).
Transposição para o universo humano: ETHOS como o modo pelo qual o homem organiza a sua habitação, tanto no que se refere à particularidade da sua casa quanto no que se refere ao seu grupo e ao mundo como lugar que o homem habita. 
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Relação entre ethos e costumes ou hábitos: o conjunto de hábitos que constituem a vida humana é a forma pela qual o homem habita seu mundo. O mundo humano é eticamente constituído, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo.
Ethos possui, pois, dois aspectos inseparáveis: a dimensão da vida individual regida por costumes e hábitos privados; e a dimensão da vida coletiva - a POLÍTICA - constituída pelos costumes e hábitos que regem a vida da comunidade. 
 
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Tanto na vida privada quanto na vida política o ETHOS diz respeito à dimensão prática da vida: a maneira de compreender e organizar a conduta. Distingue-se de outros aspectos importantes da vida que são a atividade teórica - a ciência - e a arte. 
	Essa separação indica que a origem grega da Ética está comprometida com a delimitação específica da realidade humana e com a posição singular do homem no conjunto dos seres. A tomada de consciência do ETHOS é a apreensão por parte do homem de sua diferença como ser moral. 
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Juízos de realidade ou de fato - são aqueles que dizem que algo é ou existe e que dizemos o que as coisas são, como são e por que são. Quando partimos do fato de que a caneta e a moça existem.
Juízos de valor – são avaliações preferidas pela moral, nas artes, na política, na religião. Quando lhe atribuímos uma qualidade que mobiliza nossa atração ou repulsa. Dessa perspectiva, os juízos morais de valor não normativos, isto é, enunciam normas que dizem como devem ser os bons sentimentos. São normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, comportamentos. 
Valor
Valor é a importância de algo. Há coisas que têm mais valor do que outras.
O conjunto dos valores de uma sociedade são os padrões sociais nela aceitos como importantes em maior ou menor grau.
São os valores que orientam os cidadãos e contribuem para uma vida social mais tranquila e o respeito ao outro.
Honestidade, fraternidade, igualdade, solidariedade, respeito, são exemplos de valores fundamentais que trazem consigo a ideia de que existe o outro.
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Embora os valores pertençam aos indivíduos, existem valores que devem ser compartilhados por todos. Compartilhar valores e lutar por valores justos é essencial para a sociedade. 
Juízo de valor
Juízo é um julgamento. Podemos fazer julgamentos a respeito do que são as coisas e como elas são: esses são os juízos de fato.
Juízo de valor é um julgamento no qual não dizemos apenas “o que” e “como” uma coisa é. Falamos de sua qualidade, do seu valor. O ser humano é capaz de perceber o valor das coisas e das ações, saber se são boas ou não.
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Converse com os estudantes sobre situações do cotidiano para entender o que é juízo de fato e juízo de valor. Uma forma simples para entender é fazer uma analogia com objetos. Por exemplo: Se quebramos um copo de vidro (aqueles tipo ‘copo de requeijão’), até ficamos chateados. Limpamos a sujeira e pronto. Agora quando quebramos aquele copo de cristal que a avó da sua mãe ganhou, deu para sua mãe, que deu para você no dia mais especial da sua vida, certamente você ficará muito mais chateado, porque tem um valor emocional naquele objeto.
Outro exemplo, quando você lê no jornal uma notícia, você pode fazer dois tipos de julgamento: um juízo de fato, a respeito da notícia, se foi clara, se transmitiu bem uma situação, e outro, que é um juízo de valor, a respeito do valor da ação que virou notícia. Ela foi correta, boa, justa? 
O juízo de valor evoca a consciência moral. A consciência moral é um juiz que emite juízos de valor a respeito das ações.
A pessoa tem liberdade para escolher como agir, para interpretar situações, valores e normas, de acordo com a sua consciência moral e ética.
É preciso aprender a refletir para decidir o que é certo e o que é errado.
Primeiro, precisamos definir os nossos valores (ex.: honestidade, coragem, generosidade, etc.).
Em seguida, usando nossa liberdade de ação, teremos de escolher se agiremos de acordo com esses valores. Seremos responsáveis por nossas escolhas.
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Para refletir é preciso tomar distância, de analisar o conjunto dos fatos e de usar argumentos para decidir o que é certo e o que é errado. Não é o caso apenas de saber o que é um valor como, por exemplo, ‘honestidade’, mas também de descobrir o seu valor para nossa consciência moral. Vamos defendê-la a qualquer preço?
Os juízos morais de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a liberdade, a felicidade. Os juízos morais normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer livremente para alcançarmos o bem e a felicidade.
Que são valores?
Os valores não são, mas valem. A axiologia (teoria dos valores) não se ocupa dos ser, mas das relações entre os seres e o sujeito que os aprecia.
Os valores são, num primeiro momento, herdados. Ao nascermos, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos, de tal modo que aprendemos desde cedo como nos comportarmos em relação a eles.
O agente moral só pode existir se preencher as seguintes condições:
Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si;
Ser dotado de vontade, isto é: - de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, paixões, sentimentos para que estejam em conformidade com as normas e os valores ou as virtudes reconhecidas pela consciência moral; - de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;
Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la, bem como às suas consequências, respondendo por elas;
Ser livre, isto é, capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. 
Moral
É o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. O sujeito moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras morais admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas.
A moral, ao mesmo tempo que é um conjunto de regras de como deve ser o comportamento dos indivíduos de um grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas. Isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma. A exterioridade da moral pressupõe portanto a necessidade de interioridade da adesão mais íntima.
Ninguém nasce moral, mas pela educação os indivíduos terão a chance de constituir sua personalidade moral. 
O ato moral provoca efeitos não só na pessoa que age, mas naqueles que a cercam e na própria sociedade como um todo. Portanto, para ser moral, um ato deve ser livre, consciente, intencional, mas também solidário. O ato moral supõe a solidariedade e a reciprocidade com aqueles com os quais nos comprometemos. 
Da moral
decorre a responsabilidade. Responsável é a pessoa consciente e livre que assume a autoria dos seu ato, reconhecendo-o como seu e respondendo pelas consequências dele.
A responsabilidade cria um dever: o comportamento moral, por ser consciente, livre e responsável, é obrigatório. Mas natureza da obrigatoriedade moral não está na exterioridade; é moral justamente porque o próprio sujeito impõe-se o cumprimento da norma. Pode parecer paradoxal, mas a obediência à lei livremente escolhida não é coerção: ao contrário, é liberdade. Como juiz interno, a consciência moral avalia a situação, consulta as normas estabelecidas, interioriza-as como suas ou não, toma decisões e julga sues próprios atos. 
O que caracteriza fundamentalmente o agir humano é a capacidade de antecipação ideal do resultado a ser alcançado. Por isso o ato moral é um ato voluntário, ou seja, um ato de vontade que decide realizar a fim proposto.
É importante não confundir desejo com vontade. O desejo não resulta de escolha, porque surge em nós com toda sua força e exigência de realização. Já a vontade consiste no poder de reflexão que antecede a realização ou não do desejo. 
Ética
É a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano tomada como ponto de partida.
Desde a década de 1970, surgiram teóricos da chamada ética aplicada, um ramo recente da reflexão filosófica da qual podemos destacar temas como bioética, ética ambiental e ética dos negócios. 
O que há de comum nesses três ramos da ética aplicada é o diálogo multidisciplinar, que não se restringe aos filósofos, mas se amplia na interlocução com os diversos profissionais de outras áreas.
A ética aplicada é, portanto, um ramo contemporâneo da filosofia que nos coloca diante do desafio da deliberação sobre problemas práticos, que exigem conscientização dos riscos que nos ameaçam e a justificação racional das medidas a serem assumidas. 
O legado dos gregos
Três grandes princípios da vida moral:
 por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa;
A virtude é uma excelência alcançada pelo caráter, tanto assim que a palavra grega que a designa é aretê, que quer dizer “excelência”. É a força interior do caráter que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre os instintos e impulsos racionais descontrolados, que existem na natureza de todo ser humano.
a conduta ética é aquela na qual a gente sabe o que está e o que não está em seu poder de realizar, referindo-se portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias nem pelos instintos, nem por um a vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação.
O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da sorte, mas obedece apenas à sua consciência – que conhece o bem e as virtudes – e á sua vontade racional – que conhece os meios adequados para chegar aos fins morais. A busca do bem e da felicidade são a essência da vida ética.
Três aspectos principais da ética dos antigos:
O racionalismo – a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele. A vida virtuosa é aquela em que a vontade se deixa guiar pela razão.
O naturalismo - a vida virtuosa é agir em conformidade com a natureza e com nossa natureza (nosso éthos), que é a parte do todo natural. Agir voluntariamente não é, portanto, agir contra a necessidade natural e sim agir em harmonia com ela, de tal maneira que o possível, desejado e realizado por nossa vontade realize nossa natureza individual e a coloque em harmonia com o todo da natureza.
A inseparabilidade entre ética e política – isto é, a inseparabilidade entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade, pois somente na existência compartilhada com outros encontramos liberdade, justiça e felicidade. 
A ética, portanto, era concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos apetites e desejos, para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade, e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica.
O cristianismo e o dever
Introduz duas diferenças primordiais na antiga concepção ética:
1 – A ideia de que a virtude se define por nossa relação com deus e não com a cidade (a pólis) nem com os outros. Nossa relação com os outros depende da qualidade de nossa relação com Deus, único mediador entre cada indivíduo e os demais. 
2 – A afirmação de que somos dotados de vontade livre (ou livre-arbítrio) e que, em decorrência da desobediência do primeiro homem aos mandamentos divinos, nossa vontade se perverteu e nossa liberdade dirige-se espontaneamente para o mal e o pecado, isto é, para a transgressão das leis divinas. 
A ideia de intenção
Juntamente com a ideia do dever, a moral cristã introduziu uma outra, também decisiva na constituição da moralidade ocidental: a ideia de intenção.
Até o cristianismo, a filosofia moral localizava a conduta ética nas ações e nas atitudes visíveis doa gente moral, ainda que tivesse como pressuposto algo que se realizava no interior do agente, em sua vontade racional ou consciente.
Com o cristianismo o dever não se refere apenas às ações visíveis, mas também aos desejos do coração, isto é, às intenções invisíveis, que passam a ser julgadas eticamente. 
Rousseau e a moral do coração
Se o dever parece ser uma imposição e uma obrigação externa, imposta por Deus aos humanos, é porque nossa bondade natural foi pervertida pela sociedade, quando esta criou a propriedade privada e os interesses privados, tornando-os egoístas, mentirosos e destrutivos. Foi ao dar nascimento às razão utilitária ou à razão dos interesses que a sociedade silenciou a bondade natural do coração humano.
Longe de ser uma imposição externa, o dever simplesmente é o que nos força a recordar nossa boa natureza originária, que ficaria para sempre escondida sob os interesses da razão se o dever não nos fizesse recuperá-la. Obedecendo ao dever estamos obedecendo a nós mesmos aos nossos sentimentos e nossas emoções, e não à razão, pois esta privilegiando a utilidade e os interesses individuais, é responsável pela sociedade egoísta e perversa. 
Kant e a moral da razão 
Opõe-se à moral do coração de Rousseau. Volta a afirmar o papel da razão na ética. Para kant, somos por natureza, egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos roubamos. É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais.
O dever, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à nossa vontade e à nossa consciência, é a expressão de nossa liberdade, isto é, da presença da lei moral em nós, manifestação mais alta da humanidade em nós. Obedecer ao dever é obedecer a si próprio como ser racional que dá a si mesmo a lei moral. 
O dever não nos é imposto e sim proposto pela razão à nossa vontade livre. Quando o querer e o dever coincidem, somos seres morais, pois a virtude é a força da vontade para cumprir o dever.
O dever não se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que definiriam a essência de cada virtude e diriam que atos deveriam ser praticados e evitados em cada circunstância de nossa vida. O dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral. Essa forma não é indicativa, mas imperativa.
O imperativo é o que não admite hipóteses, nem condições que o fariam valer em certas situações e não valer em outras, mas vale incondicionalmente e sem exceções para todas as circunstâncias de todas as ações morais. 
É um imperativo categórico. Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica, mas a lei maior interior. Desse nascem três máximas:
1-Age como se a máxima de tua
ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da natureza.
2- Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio.
3- Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais.
A primeira máxima afirma a universalidade da conduta ética, aquilo que todo e qualquer ser humano racional deve fazer como se fosse uma lei natural, isto é, inquestionável.
A segunda máxima afirma a dignidade dos seres humanos como pessoas e, portanto, a exigência de que sejam tratados como fim da ação e jamais como meio ou como instrumento para nossos interesses.
A terceira máxima afirma que a vontade que age por dever institui o reino humano de seres morais porque racionais e, portanto, dotados de uma vontade legisladora livre ou autônoma.

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