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MIRNA CLEMENTE EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO E PERFIL LIPÍDICO DE INDÍVIDUOS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA INTENSA Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Educação Física, Área de Concentração Fisiologia do Exercício, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes CURITIBA 2006 AGRADECIMENTOS Ao clima de harmonia entre as pessoas envolvidas na coleta de dados desta dissertação Ao Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes, orientador deste trabalho, pela imensa dedicação, profissionalismo e amizade. A minha família, mãe, irmão, irmã, sobrinhos, cunhados e padrasto pelo incentivo constante, força e carinho. A minha grande amiga Tine, pois, sem sua paciência, amizade e companheirismo, com certeza este trabalho não se realizaria. A minha amiga Carla Ariello que me ajudou nas análises do estudo piloto que possibilitou o sucesso desta dissertação. Aos meus amigos Bi, Ju, Má, Fabiano, Janine, Soraya, Ernane, Faby, Athos, Carol, Paulinho, Klaire e Sheila pelo incentivo. A equipe do Aquacenter Batel e amigos pelo estudo piloto, Fernandinho, Mariah, Rose, Mailor, Sandra, Newton, Mônica, Talitha, Maridélia, Laura, Valéria, Evandro, Lia, Mauricio, Tise e Marco. A Elaine patrocinadora das cápsulas de óleo de peixe da Apotheke Cosmética e Farmácia Ltda. Aos Fabianos, Paula e os outros companheiros das disciplinas do Mestrado, pela colaboração neste projeto. Aos colegas do laboratório, em especial a Vanessa, Lolli, Sandro, Fabíola, Cris e Carine. Aos Professores do mestrado André, Maria Gisele, Ruth, Simone, Iverson, Raul e ao secretário Daniel. A empresa Montana que possibilitou a realização das coletas utilizadas nesta dissertação. SUMÁRIO LISTA DE TABELAS...................................................................................................v LISTA DE GRÁFICOS................................................................................................vi LISTA DE QUADROS................................................................................................vii LISTA DE FIGURAS.................................................................................................viii LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................ix RESUMO.....................................................................................................................xi ABSTRACT................................................................................................................xii 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................1 1.1 ÁCIDOS GRAXOS ........................................................................ ................... 1 1.2 SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA .................................................8 1.3 ÁCIDOS GRAXOS, SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA................15 2 OBJETIVOS..........................................................................................................16 2.1 OBJETIVO GERAL ..........................................................................................16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................16 3 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................17 3.1 DESENHO EXPERIMENTAL ..........................................................................17 3.2 POPULAÇÃO/ AMOSTRA..............................................................................18 3.3 QUESTIONÁRIO .............................................................................................18 3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS SÉRICOS E IMUNITÁRIOS.............20 3.4.1 REAGENTES E ENZIMAS ....................................................................................20 3.4.2 Coleta e separação das células sangüíneas ..............................................20 3.4.3 Cultivo dos linfócitos...................................................................................21 3.4.4 Análise de Marcadores de Superfície.........................................................21 3.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS PARA NEUTRÓFILOS................................22 3.5.2 Mensuração do ânion superóxido ..............................................................22 3.5.3 Volume lisossomal......................................................................................23 3.6 ANÁLISES SÉRICAS..................................................................................................................... 24 3.6.1 Determinação sérica...................................................................................24 4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................25 5 RESULTADOS......................................................................................................26 6 DISCUSSÃO.........................................................................................................37 7 CONCLUSÃO .......................................................................................................42 REFERÊNCIAS.........................................................................................................43 ANEXOS....................................................................................................................52 LISTA DE TABELAS TABELA 1. PARÂMETROS IMUNITÁRIOS...............................................................13 LISTA DE GRÁFICOS GRAFICO 1. COMPOSIÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS...............................................6 LISTA DE QUADROS QUADRO 1. SÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS ..................................3 QUADRO 2. FORMAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS.........................................5 QUADRO 3. RESUMO DO PROTOCOLO EXPERIMENTAL.......................... .........17 QUADRO 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS INDIVÍDUOS...............................26 QUADRO 5. MÉDIA, EPM E N – PROLIFERAÇÃO DE LINFÓCITOS ....................27 QUADRO 6. MÉDIA, EPM E N - POPULAÇÃO CD4+..............................................28 QUADRO 7. MÉDIA, EPM E N - POPULAÇÃO CD8+..............................................29 QUADRO 8. MÉDIA, EPM E N - ÂNION SUPERÓXIDO ........................... ...............30 QUADRO 9. MÉDIA, EPM E N - VOLUME LISOSSOMAL ......................................31 QUADRO 10. MÉDIA, EPM E N - COLESTEROL ....................................................32 QUADRO 11. MÉDIA, EPM E N - COLESTEROL HDL ............................................33 QUADRO 12. MÉDIA, EPM E N - TRIACILGLICEROL............................................34 QUADRO 13. MÉDIA, EPM E N - GLICOSE............................................................35 QUADRO 14. MÉDIA, EPM E N - LACTATO...........................................................36 LISTADE FIGURAS FIGURA 1. CADEIA CARBÔNICA DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS DAS FAMÍLIAS (N-3 E N-6)............................................................................................2 FIGURA 2. PORCENTAGEM DE CALORIAS .............................................................7 FIGURA 3. RELAÇÃO DA QUANTIDADE E INTENSIDADE DO EXERCÍCIO E INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR.......................................11 FIGURA 4. PROLIFERAÇÃO DOS LINFÓCITOS SANGUÍNEOS.............................27 FIGURA 5. DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO LINFOCITÁRIA CD4+ ...................28 FIGURA 6. DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO LINFOCITÁRIA CD8+. ..................29 FIGURA 7. PRODUÇÃO DE ÂNION SUPERÓXIDO. ................................................30 FIGURA 8. VOLUME LISOSSOMAL. ........................................................................31 FIGURA 9. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL............................32 FIGURA 10. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL HDL. ................33 FIGURA 11. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE TRIACILGLICEROLEMIA. ........34 FIGURA 12. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GLICOSE. .................................35 FIGURA 13. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE LACTATO. ................................36 LISTA DE ABREVIATURAS AG - ÁCIDOS GRAXOS CD4+ – LINFÓCITO T AUXILIAR CD8+ – LINFÓCITO T CITOTÓXICO CELAFISCS – LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL CON A – CONCAVALINA A CO – CICLOXIGENASE CPM - CONTAGEM POR MINUTO DMSO – DIMETIL SULFÓXIDO EPA - ÁCIDO EICOSAPENTAENÓICO EPM – MÉDIA DO ERRO PADRÃO FITC – FLUORÊSCENCIA ISOTIOCINÉTICA H2O2 – PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO IgA - IMUNOGLOBULINA A IgD - IMUNOGLOBULINA D IgE - IMUNOGLOBULINA E IgG - IMUNOGLOBULINA G IgM - IMUNOGLOBULINA M IL – INTERLEUCINAS INF - INTERFERON IPAQ - QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA ITRS - INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR LO – LIPOXIGENASE METS - UNIDADE DE MEDIDA DE GASTO ENERGÉTICO min – MINUTOS ml – MILILITROS NBT – NITROBLUE TETRAZOLUIM N-3 - ÔMEGA-3 ou ÁCIDO LINOLÊNICO N-6 - ÔMEGA-6 ou ÁCIDO LINOLÉICO NK - CÉLULAS NATURAL KILLER O2 – ÂNION SUPERÓXIDO OPEN WINDOW – JANELA IMUNOLÓGICA PBS – SOLUÇÃO TAMPÃO DE FOSTATO PUFA - ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS rtm - ROTAÇÃO POR MINUTO T0 - INDIVÍDUOS TREINADOS NÃO SUPLEMENTADOS T60 - INDIVÍDUOS TREINADOS NÃO SUPLEMENTADOS POR 60 DIAS TS0 - INDIVÍDUOS TREINADOS SUPLEMENTADOS TS60 - INDIVÍDUOS TREINADOS SUPLEMENTADOS POR 60 DIAS 20:4N-6 - ÁCIDO ARAQUIDÔNICO vs - VERSUS RESUMO Ácidos graxos são importantes constituintes das células exercendo funções estruturais, energética, sinalizadora, entre outras. Entre suas várias funções, para os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) n-6 foi demonstrado terem efeito estimulatório sobre o sistema imunitário e para os PUFA n-3 imunossupressor. Atividade física é estímulo que também modifica a resposta imunitária. Esta quando praticada com intensidade leve à moderada, tem ação estimulatória enquanto que à de longa duração e intensa, tem efeito imunossupressor. Na realidade, atletas de elite que praticam esportes de longa duração e alta intensidade são acometidos mais frequentemente de infecções, em particular às do trato respiratório superior (ITRS). Uma vez que PUFA n-3 tem a habilidade de modular a resposta imunitária e que a atividade física intensa leva a maiores taxas de infecção, nós aventamos a hipótese de que a suplementação com óleo de peixe modularia a resposta imunológica. Esse estudo teve como objetivo investigar o efeito da suplementação com ômega 3 sobre parâmetros da proliferação dos linfócitos T, os marcadores de superfície CD4+ e CD8+, produção de ânion superóxido e volume lissossomal dos neutrófilos, em indivíduos humanos submetidos a atividade física intensa. Foram recrutados para este estudo indivíduos praticantes de atividade física os quais foram divididos em não suplementados e suplementados com 2 g de óleo de peixe por dia. No primeiro dia de experimento foi retirado amostra de sangue dos indivíduos não suplementados (TRE) e iniciou-se a suplementação no outro grupo (TREN-3). Após 60 dias, outra amostra de sangue destes mesmos indivíduos foi retirada (TRED e TREN-3D). Estas amostras de sangue foram centrifugadas e dos linfócitos investigou-se a população CD4+, CD8+ e a proliferação celular. Dos neutrófilos investigou-se o volume lisossomal e produção de ânion superóxido. Houve diminuição da população linfocitária CD8+ (p<0,005) e aumento na proliferação linfocitária, da população linfocitária CD4+, na produção do ânion superóxido e no volume lisossomal no grupo (TREN-3D), quando comparados com os dos grupos (TRE N-3) e (TRED). Nossos resultados sugerem que indivíduos treinados e suplementados com óleo de peixe tiveram aumento da resposta linfocitária CD4+ e, da neutrófila na produção de ânion superóxido e volume lisossomal. Isto no permite aventar a possibilidade do uso de óleo de peixe, nesta dose, como modulador da resposta imunológica inibitória que acompanha atletas de elite. ABSTRACT Fatty acids are important components of many cells playing a key role for structure, energetic functions, signal transduction among others. In addition n-6 polyunsaturated fatty acid (PUFA) has been demonstrated to have stimulatory effects on immunitary system and n-3 PUFA has immunosuppressive effect. Physical activity is a stimulus which also modifies immune system response. Low-moderate exercise training enhances immunosurveillance while intense exercise training leads to immunosuppression. Indeed, elite athletes who practice intense training are more susceptible to infections, in particular those from upper respiratory tract (URTI). Sinde n-3 fatty acid can modulate the immune system response and intense physical activity leads to infections, we postulate that n fish oil supplementation might modulate the immune response. This study aimed to investigate the effect of fish oil supplementation on lymphocyte proliferation, T cell surface markers CD4+ e CD8+ cells, production of anion superoxide and lysosome volume by neutrophils from individuals submitted to intensive physical activity. Individual submitted to intensive physical activity were recruited into our study and set up as trained no supplemented and supplemented with 2g of oil fish per day. On the first day of the experiment blood samples were withdrawal from no supplemented (TRED) and initiate the supplementation in the other group (TREN-3). After 60 days others blood samples from these same population were withdrawal (TRED e TREN-3D). Blood were centrifuged and from lymphocytes we investigated the proliferation and T cell CD4+ e CD8+. From neutrophils the lysossome volume and production of anion superoxide. There was a significance decrease in the CD8+ T lymphocyte population. (p<0.005) and an increase in the rate of lymphocyte proliferation, CD4+ T lymphocytes population, production of anion superocxide and lysossome volume in the TREN-3D group when compared to (TREN-3) and (TRED). Our results suggest that individuals submitted intensive physical activity supplemented with oil fish improved CD4+ T lymphocytes and from neutrophils the production of anion superocxide and lysossome volume. Thus, we hipothesize that fish oil intake , in this dose, might modulate the inhibitory immune response that accompany elite athletes. 1 INTRODUÇÃO 1.1 ÁCIDOS GRAXOS A ingestão de gordura, atualmente, tem causado preocupação, pois seu excesso está associado ao desenvolvimento de uma série de doenças tais como a obesidade, câncer e doenças coronarianas (POWEL,1994). Apesar dos danos causados pelo seu excesso, necessitamos da gordura em nossa dieta, pois esta tem função estrutural importante. Após a década de 80 foi relatada a importância dos ácidos graxos ômega–3 (n-3) na dieta para o funcionamento de diversos órgãos e sistemas, basicamente pela sua conversão em eicosanóides, as prostaglandinas, os leucotrienos, as tromboxanas e as lipoxinas (CURI, 2002). Durante as duas últimas décadas, foi demonstrado que a quantidade e o tipo de gordura consumida na dieta podem influenciar profundamente as respostas biológicas (WESLEY, 1998). Em muitos países europeus a ingestão da gordura representa de 40% a 45% da energia total da dieta (SHILLS, 2002). Nos Estados Unidos da América varia entre 30% e 40% das calorias totais (SHILLS, 2002). Nas populações asiática e africana, o consumo de gordura proporciona de 15% a 25% da energia total da dieta (SHILLS, 2002). O que chamamos de gordura alimentar é classificada como lipídeos. Os lipídeos são insolúveis em água, mas solúveis em certos solventes orgânicos como álcool ou éter (WILLIANS, 2002). As gorduras são classificadas como simples (triacilgliceróis e cêras), compostas (fosfolipídeos, glicolipídeos e lipoproteínas) e derivadas (ácidos graxos, esteróides e hidrocarbonetos). Se tomarmos o tamanho da molécula como referência, os ácidos graxos com dois a quatro átomos de carbono são denominados de cadeia curta, os de seis a dez átomos e acima de doze átomos de carbono são denominados de cadeia média e longa, respectivamente (CURI, 2002). As gorduras, ainda, podem ser classificadas pelo número de duplas ligações entre os átomos de carbono. As que apresentam uma dupla ligação são denominadas gorduras monoinsaturadas e aquelas que apresentam duas duplas ligações ou mais são denominadas de poliinsaturadas e as que não apresentam insaturação gorduras saturadas (CALDER, 1998). Os ácidos graxos insaturados são divididos em quatro grandes famílias denominadas n-9, n-7, n-6 e n-3. Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa da família ômega-6 ou n-6, derivados do ácido graxo essencial linoléico (Quadro 1), têm a primeira dupla ligação entre o sexto e o sétimo átomo de carbono, a partir do terminal metila, portanto, a denominação n-6. Da mesma forma, os da família n-3 derivados do ácido graxo essencial alfa-linolênico (Quadro 1), têm sua primeira dupla ligação entre o terceiro e quarto átomo de carbono a partir do terminal metila, portanto, a denominação n-3 (Figura 1). FIGURA 1. CADEIA CARBÔNICA DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS DAS FAMÍLIAS (N-3 E N-6) Cada família origina-se de um ácido graxo percursor específico (Quadro 1), o qual é convertido em outros ácidos graxos da mesma série através de sucessivas reações enzimáticas, onde ocorrem adição de novos átomos de carbono e insaturações na cadeia original (WESLEY, 1998). QUADRO 1. SÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS As duas famílias de ácidos graxos essenciais, n-3 e n-6 são produzidas pelas plantas ou fitoplânctons. Os fitoplânctons também têm dessaturases e alongases que são requeridas para transformação em ácidos graxos de cadeia longa. Os n-3 e n-6 não podem ser interconvertidos. Devido à natureza competitiva da dessaturação e da alongação dos ácidos graxos, cada classe de ácidos graxos pode interferir no metabolismo do outro. Esta competição apresenta implicações funcionais. Excesso de n-6 irá reduzir o metabolismo de n-3, levando a um déficit de seus metabólitos. Este é tema importante em relação às fórmulas para lactantes, que contêm excesso de n-6, sem respectivo balanceamento do n-3. Inversamente, da mesma forma, o excesso de n-3 pode levar ao prejuízo do metabolismo de n-6 (SHILLS, 2000). Ácidos graxos n-3 e n-6 quando metabolizados formam os eicosanóides (Quadro 2), os quais são importantes para diversas funções como também no crescimento celular. Diferentes tipos celulares produzem diferentes tipos de eicosanóides, com diferentes funções biológicas, gerando resposta a estímulos fisiológicos (adrenalina ou anticorpos/antígenos complexos) e também a estímulos não fisiológicos (machucaduras). Eicosanóides formados a partir do ácido eicosapentaenóico (EPA) são menos potentes que os formados a partir do ácido araquidônico (AA). Consequentemente, a dieta tem importante papel em determinar a mistura e a potência dos eicosanóides (CALDER, 2001). Prostaglandinas estão envolvidas na intensidade de modulação e duração da resposta inflamatória e imunitária. Prostaglandinas da série E2 têm efeito pró-inflamatório, induz a febre e eritrema, aumenta a permeabilidade vascular e promove vasodilatação. Prostaglandinas da série E3 (PG E3) são menos pró-inflamatórias que as prostaglandinas E2 (CALDER, 2001). Sardesai (1992) sugere que a síntese de PG E3 parece ter efeitos imunossupressivos menores que os derivados PG E2. QUADRO 2. FORMAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS A PARTIR DE ÁCIDOS GRAXOS N-3 E N-6 Adaptado de LANDS WEN, 1998. Cox: cicloxigenase e LOX: lipoxigenase GRAFICO 1. COMPOSIÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS NOS DIFERENTES ÓLEOS CONSUMIDOS NA DIETA 0 A 100 = PORCENTAGEM DE GORDURA AG saturado AG Monoinsaturado ômega-6 Õmega-3 LUTZ, M. BONILLA, S. CONCHA, J. et al. Efeitos dos óleos consumidos na dieta, colesterol e suplementação de vitamina antioxidante em ratos. Ann Nutr Metab, 42: 350-359, 1998. Os efeitos dos ácidos graxos no sistema imunitário tem sido objeto de estudo por muitos anos, mas este interesse tem se intensificado com o papel dos eicosanóides do ácido araquidônico na modulação inflamatória e imunitária (CURI, 2002). Estudos epidemiológicos relataram baixa prevalência de aterosclerose e doenças coronarianas entre esquimós da Groenlândia e algumas populações japonesas, cujas dietas são ricas em gorduras predominantes de poliinsaturadas, principalmente derivadas de peixes e animais marinhos (KROMANN, 1980). A baixa incidência de câncer de mama em mulheres esquimós e japonesas levou a especulação do efeito protetor do ácido graxo n-3, devido ao alto consumo de peixe nestas populações (SIMOPOULOUS, 2001). Em contrapartida, alguns autores sugerem que não existem evidências consistentes de que o consumo de peixe diminua os riscos de câncer (CALDER, 1998). Portanto mais estudos são necessários para clarificar este assunto. Em 1929, trabalho de Burr e Burr mostrou, 0 20 40 60 80 100 Óleo de coco Óleo de palma Óleo de caroço de algodão Óleo de amendoim Óleo de soja Óleo de oliva Óleo de milho Óleo de girassol Óleo de açafroa Óleo de canola Linhaça pela primeira vez, a importância nutricional de lipídeos específicos na dieta. Ratos recém desmamados, alimentados com dieta sem gorduras, apresentaram prejuízo do crescimento, pele escamosa, necrose da cauda e aumento da mortalidade, condições revertidas pelo consumo de ácido linoléico. Em trabalho posterior, os mesmos autores descreveram prejuízo da fertilidade na deficiência de n-3 e n-6 e atividade visual. A rápida mudança em nossa dieta, particularmente nos últimos 150 anos (Figura 2), é colocada como um dos importantes fatores promotores de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas tais como a aterosclerose, câncer e doenças auto-imune. Outros fatores como sedentarismo e hereditariedade também desempenham importante papel neste processo e não podem ser descartados. FIGURA 2. PORCENTAGEM DE CALORIAS INGERIDAS A PARTIR DE GORDURA PELA ESPÉCIE HUMANA, DA ÉPOCA PALEOLÍTICA ATÉ OS DIAS ATUAIS (SIMOPOULOS, 2001) Vários estudos sugerem que a excessiva quantidadede ácidos graxos n-6 e a redução da de n-3 na nossa dieta, leva a uma razão desproporcional de n-6/n-3, trazendo desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. Na dieta ocidental esta razão pode chegar até 30:1. Em países no qual a alimentação está associada com maior consumo de óleo de peixe (n-3), esta razão atinge 4:1 e tem sido associada há redução de 70% das mortes associadas aterosclerose (SIMOPOULOS, 2001). Assim, tem se tornado claro que a quantidade de gordura na dieta altera respostas celulares, mas devemos salientar que não reagem sozinhas, sendo também influenciadas por outros nutrientes (SHEPARD & SHEK, 1995). Suplemento com ácido graxo n-3 tem se tornado popular no tratamento de artrite reumatóide (KREMER, 1987). O óleo de peixe tem efeitos benéficos em alguns indivíduos que sofrem de psoríase quando este é associado com drogas terapêuticas (CURI, 2002). 1.2 SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA Muitos aspectos da função imunitária (incluindo proliferação de linfócitos, citotoxidade das células natural killer, secreção de IgA na mucosa salivar) pode estar deprimida temporariamente no exercício intenso (correr uma maratona), de longa duração ou ainda quando se treina em excesso (SHEPARD & SHEK, 1995). O sistema imunitário é um conjunto intrincado de células, órgãos e estruturas especializadas ou não, cuja missão é identificar e destruir invasores estranhos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) ou qualquer célula anormal, como as células cancerosas, antes que qualquer mal seja feito ao corpo. A imunidade é dividida em inata ou natural, que não se altera mediante exposição repetida a um dado agente infeccioso; imunidade adaptativa ou adquirida a qual se torna mais eficiente após cada encontro subsequente com o mesmo agressor. O sistema imunitário “memoriza” o agente infeccioso evitando desta forma, que este mesmo patógeno venha posteriormente, causar doenças. Podemos ainda subdividir a imunidade adaptativa em imunidade humoral a qual é mediada por anticorpos, moléculas responsáveis pelo reconhecimento e eliminação de invasores estranhos e; imunidade celular a qual é mediada pelos linfócitos T (SIQUEIRA & DANTAS, 2000). Os leucócitos ou glóbulos brancos são células do sistema imunitário, e têm como função a defesa celular e humoral do organismo. Eles são classificados em granulócitos (neutrófilos, eosinófilo e basófilo) e agranulócitos (linfócitos e monócitos) Os neutrófilos apresentam-se em caso de processo inflamatório de longa duração e em alta porcentagem no sangue circulante, constituindo a primeira linha de defesa celular contra a invasão bacteriana. Os eosinófilos estão aumentados em pacientes portadores de doenças alérgicas, e agem fagocitando as bactérias mais lentamente que os neutrófilos. Os basófilos também possuem um envolvimento nas reações alérgicas e inflamatórias. Os linfócitos são divididos em linfócitos B e T, e estão associados à resposta imunitária do organismo de maneira específica e as células natural killer (NK). Os linfócitos B (derivados da medula óssea) são responsáveis pela resposta imune do tipo humoral. Estes reconhecem o determinante antigênico da macromolécula estranha e diferenciam-se em plasmócitos que sintetizam anticorpos específicos. O reconhecimento de antígenos é realizado através de glicoproteínas localizadas na superfície celular, denominadas imunoglobulinas ou anticorpos. Os linfócitos B sintetizam e secretam moléculas de imunoglobulinas, principalmente IgM e IgD. Os linfócitos T (derivados do timo) por sua vez liberam citocinas que ativam os fagócitos e estes então destróem as células infectadas por vírus (BLOOM, 1992). Células NK correspondem a 15% do “pool” de linfócitos circulantes e tem como principal função reconhecer e matar células infectadas por vírus e células tumorais. É de extrema importância o aumento na atividade das células NK, pois elas exacerbam a capacidade citotóxica do sangue constituindo a primeira linha de defesa do corpo contra vários patógenos. Os monócitos se diferenciam em macrófagos cujas principais funções são a apresentação de antígenos para os linfócitos, síntese de moléculas importantes para a resposta inflamatória, imunitária e a fagocitose. Os monócitos se diferenciam em macrófagos cujas principais funções são a apresentação de antígenos para os linfócitos, síntese de moléculas importantes para a resposta inflamatória, imunitária e fagocitose (SIQUEIRA JR. & DANTAS, 2000). A atividade física habitual tem sido reconhecida como importante componente para a vida saudável. Em adultos, tem sido mostrado que a inatividade física relaciona-se com doenças coronarianas, diabetes, alguns tipos de câncer, osteoporose e doenças pulmonares bem como também com doenças mentais (TWISK, 2000). A atividade física é divida em leve, moderada e intensa. Sessão de exercício físico leve a moderado proporciona reforço da função imunitária natural e de defesa do organismo que dura por várias horas durante a recuperação. Enquanto o exercício moderado fortalece o sistema imunitário, um período de exercício exaustivo exerce efeito oposto e enfraquece profundamente a primeira linha de defesa do corpo contra agentes infecciosos (NIEMAN, 2001). Nieman e Cannarella (1999) sugeriram que indivíduos que se exercitam moderadamente exibem baixa incidência de doenças do trato respiratório superior comparado com a população sedentária (Figura 4). Em contraste, atletas em treinamento intenso apresentavam aumento na incidência de infecção. Apesar deste estudo em corredores ser epidemiológico, ele aponta para a necessidade de mais pesquisas para confirmar a hipótese, bem como para outros tipos de atletas. FIGURA 3. RELAÇÃO DA QUANTIDADE E INTENSIDADE DO EXERCÍCIO E INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR Retirado de Wilmore, 2001 O mecanismo responsável pela alta incidência de doenças do trato respiratório superior entre atletas ainda não é bem conhecido, mas tem sido proposto: altas taxas de fluxo ventilatório alterando a superfície da mucosa; infiltração de células inflamatórias no interior da mucosa; supressão de uma ou mais funções do sistema imunitário; depleção de fatores necessários ao sistema imunitário e; estresse psicológico (MACKINNON, 1999). Estudos recentes confirmam que o treinamento intenso suprime a função imunitária, aumentando a suscetibilidade a infecções (NIEMAN, 1999). Além disso, o exercício intenso durante a doença pode diminuir a capacidade do organismo em reagir contra infecções e aumentar ainda mais o risco de complicações (PEDERSEN, 2000). Nem todos os atletas, entretanto, apresentam redução da função imunitária durante o treinamento. Estudos recentes, realizados com ginastas do sexo feminino jovens, demonstraram que apesar do treinamento de 22 horas semanais, a resposta imunitária dessas ginastas foi similar a do grupo controle de garotas não treinadas (ELIAKIN, et. al., 1997). Em 1918, foi relatado que a maioria dos casos de pneumonia, entre meninos nos internatos, ocorria em atletas e que as infecções respiratórias pareciam progredir para pneumonia após treinamento desportivo intenso (MACKINMON, 1994). Muitos componentes do sistema imunitário apresentam mudanças após o exercício intenso. Durante este “espaço de tempo” (open window) que acontece de 3 a 72 horas, ocorre alteração das funções imunitárias, dependendo do tipo, duração e intensidade do exercício. Neste período bactérias e vírus podem ganhar força, aumentando riscos de infecções (NIEMAN & PEDERSEN, 1999). De acordo com o conceito “espaço de tempo” o exercício moderado estimula a função imunitária durante e por um curto tempo após o exercício. Em contraste, exercício intenso causa estimulação inicial seguida de longasupressão. Nos indivíduos que realizam, regularmente, apenas exercício moderado, este “espaço de tempo“ para a infecção permanece fechado e observa-se a manutenção dos benefícios protetores do exercício regular. David Niemann, 2001 discutiu o “espaço de tempo” relacionando-o com o sistema imunitário seguido de treinamento intenso, observando a atividade das células NK e o risco de infecções. Na maioria dos casos, a resposta é relativamente transitória, durando somente poucas horas. Mas outros estudos demonstram que chega afetar de 24 até 48 horas após exercício intenso prolongado (NIEMANN, 2001). Em outro estudo com ciclistas e corredores, a razão CD4/CD8 diminui imediatamente após exercício, concluindo-se que essa diminuição está relacionada com aumento da suscetibilidade à infecções ( KEAST, D et. al., 1988). Existem evidências associadas ao exercício prolongado e intenso (maratona) com efeitos adversos no sistema imunitário. Esses efeitos incluem: diminuição da atividade citotóxica das células NK; baixa circulação dos números de linfócitos T após 3 ou 4 horas de exercício; diminuição da habilidade de proliferação dos linfócitos; diminuição da atividade dos neutrófilos; diminuição dos níveis imunoglobulinas na saliva e sangue; enfraquecimento da síntese de anticorpos e; diminuição da razão de células CD4±/CD8± (Tabela 1). TABELA 1. PARÂMETROS IMUNITÁRIOS PRÉ-ESTABELECIDOS EM ATLETAS EM REPOUSO E APÓS TREINAMENTO INTENSO PARÂMETRO IMUNITÁRIO VALORES EM ATLETAS EM REPOUSO APÓS TREINAMENTO INTENSO Número de leucócito Normal Sem mudanças Número de linfócitos Normal sem mudanças ou aumento Razão CD4+/CD8+ Normal ou alta Diminuição Proliferação e ativação dos linfócitos Normal ou alta Aumenta Atividade citotóxica das células NK Normal ou alta Diminui Concentração de IgA na mucosa Baixa a normal Diminui com o aumento da intensidade Concentração de glutamina plasmática Normal Diminui ou aumenta Anticorpos séricos específicos Normal Sem mudanças Adaptado de Mackinnon, 2000 Atletas de endurance apresentam leucopenia. Green (2000) relatou baixa leucopenia em quatro e, baixa contagem de linfócitos em cinco de vinte corredores. É possível que a leucopenia seja refletida após um período de treinamento intenso. Número de células NK pode diminuir durante um período curto (1-4 semanas) ou longo (7 meses) de treinamento intenso. Por exemplo, os números de células declinaram mais que 40% durante 10 dias de treinamento intenso de corrida, em militares treinados (MACKINNON, 2000). Em outro estudo, número e porcentagem de células NK diminuíram em 30-40% após 7 meses de treinamento intenso de natação. Tanto as células NK quanto sua atividade citotóxica diminuiu em nadadores sob treinamento intenso, após 4 semanas. Exercício prolongado intenso causa supressão transitória da atividade de citotoxidade da célula NK, durando pelo menos 6 horas ou até mais de 12 horas (MACKINNON, 2000). Para reverter o quadro clínico (Tabela 1) gerado por treinamento intenso, alguns autores têm sugerido que 2 a 5 semanas de descanso de treinamento pode restaurar a função imunitária (SHARP, 1992). 1.3 ÁCIDOS GRAXOS, SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA Em um estudo com ratos, Benquet (1994) uniu atividade física intensa, sistema imunitário e suplementação de n-3 por 8 semanas, e conclui que a imunossupressão de IgM causada pós exercício, foi diminuída ao final das 8 semanas. Há vários trabalhos que relatam o efeito dos ácidos graxos n-3 e sistema imunitário (CURI, 2002), bem como da atividade física e o sistema imunitário (CASTELL, 2002). Contudo há poucos relatos que associam os três, ou seja, o papel da dieta com ácidos graxos n-3 associada a atividade física sobre o sistema imunitário (BENQUET et al., 1994) (PEDERSEN et. al., 2000). Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa ômega 3 são imumoduladores do sistema imunitário. Nós aventamos a hipótese de que a suplementação com este ácido graxo associado à atividade física possa modular positivamente o sistema imunitário e assim minimizar os efeitos de imunossupressão causada pela atividade física intensa. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é investigar o efeito da suplementação com óleo de peixe em humanos submetidos a atividade física intensa, sobre parâmetros imunitários das células circulantes. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a-) Caracterizar atividade física leve, moderada e intensa através do questionário do IPAQ reconhecido no Brasil; b-) Comparar os grupos suplementados e não suplementados; c-) Avaliar a resposta proliferativa dos leucócitos circulantes através de cultivo celular e da população de linfócitos CD4+ e CD8+; d-) Averiguar a resposta dos neutrófilos pela produção de radicais livres (ânion superóxido) e volume lisossomal; e-) Investigar o perfil lipídico, glicemia e a laticidemia. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 DESENHO EXPERIMENTAL E SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE Os indivíduos foram divididos em grupos: indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) (n= 9), e indivíduos treinados suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) (n=19). Os indivíduos foram suplementados, diariamente, durante sessenta (60) dias pela ingestão de duas (2) cápsulas de óleo de peixe (mistura marinha de triacilglicerol contendo 180 mg de ácido eicosapentanóico e 120 mg de ácido doxosahexanóico por cápsula). Eles foram orientados a ingerirem uma (1) cápsula de óleo de peixe (1g) durante o almoço e outra durante o jantar. Os indivíduos suplementados por 60 dias e treinados ao final de 60 dias são referidos como TS60 (n=19) e os não suplementados treinados ao final de 60 dias como T60 (n=9) (Quadro 3). QUADRO 3. - RESUMO DO PROTOCOLO EXPERIMENTAL. INDIVÍDUOS TREINADOS FORAM RECRUTADOS E DIVIDIDOS NO DIA ZERO EM NÃO SUPLEMENTADOS (T0) E SUPLEMENTADOS (TSO). APÓS 60 DIAS DE SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE NOVA AMOSTRA DE SANGUE FOI RETIRADA DO GRUPO NÃO SUPLEMENTADO (T60) E DO SUPLEMENTADO COM ÓLEO DE PEIXE (TS60) GRUPOS NÃO SUPLEMENTADOS SUPLEMENTADOS DIA 0 T0 TS0 DIA 60 T60 TS60 N 9 19 3.2 População/ Amostra Vinte oito homens adultos (entre 20 a 40 anos de idade), com diferentes medidas antropométricas, peso, altura e alimentação, provenientes da cidade de São José dos Pinhais, no estado do Paraná foram convidados a participar deste estudo. Aos mesmos foi encaminhado carta para autorização prévia, conforme exigência do comitê de ética em pesquisa. Os indivíduos do estudo fazem parte de um time de jogadores de futebol de campo, da empresa Montana Indústria de Máquinas Ltda, que participam de campeonatos entre empresas no estado do Paraná, e treinam três vezes por semana por duas horas. Estes indivíduos foram orientados a manter o mesmo tipo de treinamento realizado anteriormente à suplementação, e foram orientados a informar qualquer mudança desta durante o período do estudo. 3.3 QUESTIONÁRIO Os indivíduos foram requisitados a responder questionário IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) na versão longa (anexo 1). A variávelusada para análise foi a atividade física total em METS.min (unidade de medida de gasto energético) e uma análise separada do tempo total sentado. O nível de atividade física foi classificado segundo proposta do IPAQ, a saber, INSUFICIENTEMENTE ATIVO: aquele que não realizou nenhum tipo de atividade física ou realizou algum tipo de atividade física, porém, não suficiente para se enquadrar nas outras categorias; SUFICIENTEMENTE ATIVO: aquele indivíduo que cumpriu tres ou mais dias de atividade vigorosa de pelo menos 20 minutos por dia ou 5 ou mais dias de atividades de intensidade moderada ou caminhadas de pelo menos 30 minutos por dia ou cinco ou mais dias de qualquer combinação de atividades entre caminhadas e atividades com intensidade moderada ou intensa alcançando um mínimo de pelo menos 600 MET- minutos/semana; MUITO ATIVO: aquele indivíduo que excede o mínimo exigido pelas recomendações para a prática de atividade física. Os dois critérios para classificação como muito ativos, são atividades de intensidade intensa em pelo menos tres dias da semana e acumulando pelo menos 1500 MET- minutos/semana ou sete ou mais dias de qualquer combinação de atividades entre caminhadas e atividades com intensidade moderada ou intensa, alcançando um mínimo de pelo menos 1500 MET- minutos/semana (www.ipaq.ki.se). A versão longa do questionário IPAQ permite recolher informação detalhada da atividade física dispêndida em trabalhos domésticos, jardinagem, atividades ocupacionais, meios de transporte, atividade física de lazer e inatividade física (Craig, Marshall et al., 2003), sendo os totais de cada domínio somados e assim calculados o total de toda atividade física em minutos por semana. Os minutos são registrados por cada categoria de atividade, através dos MET definidos: (atividade física leve=3,3 MET; moderada= 4,0 MET; e intensa= 8,0 MET). Desta forma o somatório em MET de atividade física/semana foi calculado pela seguinte expressão: total de minutos de atividade física leve X 3,3 MET + total de minutos de atividade moderada X 4,0 MET + total de minutos de atividade intensa X 8,0 MET. Cada categoria tinha as variáveis dias/semana, horas/semana e minutos/semana. Os dados que não continham alguma ou nenhuma das respostas foi considerada perdida e codificada como zero. O questionário foi validado internacionalmente pelo centro de estudos do laboratório de aptidão física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) em 2000. 3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS PLÁSMÁTICOS E IMUNITÁRIOS 3.4.1 Reagentes e Enzimas Todos os componentes dos tampões foram obtidos da Reagen Quimibrás Indústria Brasileira S/A. Concanavalina A e o meio de cultura (RPMI 1640) foram adquiridos da Sigma Chemical Co. St. Louis (EUA). O antibiótico (penicilina e estreptomicina) e o soro fetal bovino da Gibco-Brasil. Os anticorpos monoclonais utilizados foram obtidos da Clontech - BD Bioscience, EUA. A [2–14C]-timidina (50 mCi/mmol) foi obtida da New England Nuclear Research Products (Du Pont Company – Biotechnology Systems – EUA). 3.4.2 Coleta e separação das células sangüíneas O sangue dos pacientes foi coletado em tubos previamente heparinizados e mantidos sob refrigeração. O sangue foi centrifugado no próprio tubo de coleta a 1200 rpm por 10 minutos a 4 ºC (Eppendorf modelo 410R). Parte do plasma foi aliquotado e o restante transferido para outro tubo falcon de 50 ml, sendo adicionado o mesmo volume de tampão fosfato salina (PBS). Em outro conjunto de tubos foi pipetado 3 mL de Histopaque-1077 (Sigma Diagnostics) e sobre estes acrescentados 8 mL de sangue diluído com PBS. Em seguida, procedeu-se a centrifugação a 1200 rpm durante 30 minutos a 12ºC. Ao final desta foi desprezada a fase superior e transferida a camada intermediária para outro tubo; duas camadas intermediárias foram juntadas em cada tubo (volume 2 mL). Linfócitos e Monócitos - a camada constituída de hemáceas e células polimorfonucleares foi transferida para um tubo falcon capacidade de 50 mL. O volume do tubo contendo células polimorfonucleares foi completado com solução hemolítica com o volume de 50 mL e deixado em banho-maria a 37 ºC por 15 minutos. Em seguida, foi centrifugado a 1200 rpm por 10 minutos a 4ºC e o sobrenadante foi desprezado. Os linfócitos foram ressuspendidos em PBS e ao final dessa houve a contagem das células em câmera de Neubauer. 3.4.3 Cultivo dos linfócitos Linfócitos (1,4 x 105 células por poço) foram cultivados em meio de cultura RPMI-1640 enriquecido com 10% de soro fetal bovino e 0,1% de antibióticos (penicilina 10.000 UmL e estreptomicina 10 mg/L), em placas de 96 poços (volume final de 200 µL) a 37º C em atmosfera de 95% O2 / 5% CO2, por 48 horas. Os linfócitos foram estimulados com 20 µL/poço de solução (5 µg/mL) do mitógeno Concanavalina A (Con A), estimulador da proliferação de linfócitos T. Após 48 h de cultivo, foram adicionados 20 µl de uma solução contendo (2-14C)-timidina (0,02 µCi/poço) e as células cultivadas por um período adicional de 18 horas, sob as mesmas condições descritas anteriormente. Ao final das 66 horas de cultivo, os linfócitos foram coletados automaticamente em coletor múltiplo (Skatron Combi Multiple Cell Harvester, UK) em papel de filtro nº 11731 (Skatron Combi - UK). Neste processo não há necessidade de processos extrativos preparatórios para obtenção de DNA celular. Os discos de papel contendo os linfócitos com a radioatividade incorporada ao seu DNA foram transferidos para tubos contendo 1 mL de líquido de cintilação e levados para contagem (COM-contagem por minuto) em contador Beckman LS 6500. 3.4.4 Análise de Marcadores de Superfície A determinação quantitativa dos marcadores de superfície para linfócitos T auxiliar (CD4+) e linfócitos T citotóxicos (CD8+) foi realizada através de citômetria de fluxo PIZATO et al. (2006). Linfócitos foram ressuspensos em PBS e incubados por 30 minutos com anticorpos monoclonais contra CD4+, marcado com Phycoerythrin - PE (fluorescência laranja-avermelhada; detector FL2; 585 ± 42 nm) e contra CD8+, marcado com Fluorescein Isothiocyanate - FITC (fluorescência verde; detector FL1; 530 ± 30 nm). O excesso de anticorpos foi removido pela lavagem com tampão azida PBS (0,05%). 3.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS PARA NEUTRÓFILOS 3.5.1 Soluções Solução de tampão fosfato salina pH 7,4, 10 mM (PBS) foi utilizada como meio de diluição para os corantes. O fixador foi o Baker formol-cálcio (formaldeído 4%, cloreto de sódio 2% e acetato de cálcio 1%). A solução de extração consistiu de ácido acético glacial 1% e etanol 50% em água destilada. A solução estoque do corante vermelho neutro (Sigma) foi preparada pela dissolução de 20 mg de corante em 1 mL de DMSO (dimetil sulfóxido – Sigma) e a solução para uso de rotina é preparada pela diluição de 20 µL da solução estoque em 5 mL de PBS. A solução de vermelho fenol (Sigma), para os ensaios de produção de H2O2, consiste de 5,5 mM de dextrose, 0,56 mM de vermelho fenol e 8,5 U/ml peroxidase “horseradish” (Sigma) em PBS pH 7,4 a 340 mOsm, e previamente adiciona-se 0,05% de zymosan (2,3 x 108 partículas/mL - Sigma), para os ensaios de fagocitose. Obtém-se a solução diluindo-se 40 mg de zymosan em 6 ml de PBS e adicionando-se 600 µL de vermelho neutro. 3.5.2 Mensuração do ânion superóxido A geração de superóxido foi estimada através da redução de “nitroblue tetrazolium” (NBT – Sigma), um composto amarelo lipossolúvel que se torna insolúvel e de cor azul no seu estado reduzido (MADHAVI et al., 1994). Os neutrófilos (150 µL) foram incubados por 1 hora com 0,1% de NBT e 10 µL de PMA (80 �µM) em PBS a 37 °C. Esta reação foi interrompida pela adição de um volume igual de ácido acéticoglacial. Esta mistura foi centrifugada rapidamente (30 segundos a 10.000 rpm) e o NBT reduzido, presente no sedimento, foi solubilizado em 300 µL de ácido acético a 50% e sonicado (1 pulso). Os restos celulares foram sedimentados e a absorbância do sobrenadante determinada a 550 nm em espectrofotômetro (Ultrospec – 2000). Os dados foram expressos em % de ânion superóxido por número de células. 3.5.3 Volume lisossomal Para esta análise foi utilizado o método descrito por PIPE et al. (1995), onde em placa do tipo ELISA depositou-se 100 µL da solução de neutrófilos e se adicionou 20 µL da solução estoque de vermelho neutro (20 mg de vermelho neutro em 1 ml de DMSO) a 2%. Após 30 minutos, a placa foi centrifugada por 5 minutos a 1.500 rpm. O sobrenadante foi descartado e os orifícios lavados com PBS, para eliminar o vermelho neutro que não foi internalizado pelas células. Adicionou-se 100 µL de solução de extração para solubilizar o vermelho neutro que estava dentro dos lisossomos. Esta solubilização é possível porque o vermelho neutro é um corante catiônico que se difunde através da membrana celular e, uma vez presente no lisossomo, fica aprisionado devido à mudança de cargas causada pelo pH ácido do sistema lisossomal. Finalmente, após 30 minutos, a absorbância foi mensurada a 550 nm utilizando-se o “Microplate reader Bio-rad” (Benchmark). 3.6 ANÁLISES PLASMÁTICAS 3.6.1 Determinações plasmáticas A concentração de glicose circulante foi determinada pelo método enzimático colorimétrico, utilizando o Kit Glicose da BioTécnica segundo Trinder, 1969 e quantificada pela medida de absorbância em 505 nm. A concentração do colesterol total, HDL colesterol e triacilglicerol foi medida pelo Kit da Bioliquid descrito por Jung et al. e Young, respectivamente, e com leitura de absorbância a 500 nm (colesterol) e 540 nm (triacilglicerol) respectivamente. O lactato sérico foi determinado pelo método enzimático segundo Eagle & Jones, 1978 e com leitura de absorbância a 340 nm. Todos os kits foram utilizados segundo as informações do fabricante, cujos procedimentos técnicos utilizados seguiram os protocolos descritos nos kits comercialmente disponíveis. 4 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados estão apresentados como média ± erro padrão da média (EPM) e foram submetidos inicialmente a análise de variância de uma via (ANOVA) com pós teste de Tukey. Quando foi necessário aplicamos também o teste “t” de student pareado e não pareado, com nível de significância para p < 0,05. 5 RESULTADOS A classificação encontrada de atividade física no teste de IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) na versão longa (Anexo 2), em METS min/semana, foi de atividade física intensa (Tabela 3) dos indivíduos dos grupos T (n=9) e TS (n=19). QUADRO 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS INDIVÍDUOS ESTUDADOS NO DIA ZERO POPULAÇÃO T0 EPM (T0) EPM TS0 EPM (TS0) IPAQ– INTENSA (1500 MET – min/semana) 1625 MET – min/semana 0,981 1689 MET- min/semana 1,023 N 9 - 19 - IMC (Kg/m2) 13,99 1,121 13,53 1,237 % GORDURA CORPORAL 15,92 1,312 15,66 1,345 % INGESTÃO DE GORDURA 30,95 1,093 30,18 1,131 A proliferação de linfócitos sanguíneos (%) obtidos dos indivíduos não suplementados antes ou ao final de 60 dias de exercício, não foi diferente (T0 x T60). Os indivíduos treinados suplementados com 2 g de óleo de peixe ao final de 60 dias (TS60) apresentaram proliferação linfocitária 2,63 vezes maior quando comparado o grupo TS0 e de 2,51 vezes maior entre o grupo T60 (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05) (Figura 4). T0 T60 TS0 TS60 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 * In di c e de pr ol ife ra çã o de lin fó c ito s (% ) Figura 4. Proliferação dos linfócitos sanguíneos (%) dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 3 ( T0, T60) e 6 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 5. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS PROLIFERAÇÃO DE LINFÓCITOS DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 3,690 3,753 3,570 9,415 ±EPM 0,330 1,081 0,242 1,463 N 3 3 6 6 A população CD4+ (Figura 5) no dia zero de suplementação foi de 2,93% em 104 eventos (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população elevou-se para 10,4%, o que significou num aumento de 3,58 vezes (p<0,05). Ainda, quando comparado ao grupo sem suplementação ao final de 60 dias (T60), o aumento foi de 3,83 vezes (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos no inicio do experimento, treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 * De te rm in a çã o da po pu la çã o CD 4+ (% e m 10 4 ev e n to s ) Figura 5. Determinação da população linfocitária CD4+ circulante dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 3 ( T0, T60) e 7 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 6. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DETERMINAÇÃO POPULAÇAO LINFOCITÁRIA CD4+ DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 2,857 2,680 2,931 10,370 ±EPM 1,672 1,490 0,905 3,165 N 3 3 7 7 A determinação quantitativa da população de linfócitos CD8+ (Figura 6) representada em % células no dia zero de suplementação foi de 8,5% em 104 eventos (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população diminuiu para 6,1%, o que significou numa redução em 1,4 vezes (p<0,05). O mesmo foi observado quando comparado ao grupo não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 * De te rm in a çã o da po pu la çã o CD 8+ (% e m 10 4 e v e n to s) Figura 6. Determinação da população linfocitária CD8+ circulante dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 4 ( T0, T60) e 13 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 7. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃOPOPULAÇAO LINFOCITÁRIA CD8+ DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 8,535 8,430 8,576 6,105 ±EPM 1,834 2,419 1,004 0,627 N 4 4 13 13 A produção de ânion superóxido pelos neutrófilos sanguíneos (Figura 7) no dia zero da suplementação foi de 0,12% em absorbância 105 células (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população elevou-se para 0,28%, o que significou num aumento de 2,3 vezes p<0,05. O mesmo foi observado quando comparado ao grupo treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 * Ab s o rb ân c ia . 10 5 cé lu la s Figura 7. Produção de ânion superóxido pelos neutrófilos sanguíneos dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 8. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA PRODUÇÃO ÂNION SUPERÓXIDO PELOS NEUTRÓFILOS DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 0,1211 0,1222 0,1249 0,2810 ±EPM 0,027 0,0135 0,0251 0,0200 N 5 5 19 19 O volume lisossomal (Figura 8) pelos neutrófilos sanguíneos no dia zero da suplementação foi de 0,18 em absorbância.105 células (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população elevou-se para 0,23, o que significou num aumento de 1,26 vezes p<0,05. O mesmo foi observado quando comparado ao grupo treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0.0 0.1 0.2 0.3 * Vo lu m e lis os so m al (ab so rb ân c ia . 10 5 cé lu la s) Figura 8. Volume lisossomal dos neutrófilos sanguíneos dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 8( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 9. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO DO VOLUME LISOSSOMAL DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 0,1884 0,1930 0,1836 0,2316 ±EPM 0,0425 0,0282 0,0218 0,0153 N 8 8 19 19 A concentração plasmática de colesterol (mg/dl) nos indivíduos do grupo treinado suplementado no dia zero foi de 157,8 (Figura 9). Ao final de 60 dias de suplementação com óleo de peixe a concentração de colesterol foi de 142,4, o que significou numa queda de 1,10 vezes (p<0,05). Quando comparado ao grupo treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) essa redução foi de 1,08, contudo não foi significativa (p>0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 1 1 0 1 2 0 1 3 0 1 4 0 1 5 0 1 6 0 1 7 0 * Co le st e ro le m ia (m g/ dL ) Figura 9. Concentração plasmática de colesterol dos indivíduos dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 8( T0, T60) e 16 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 10. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL Dados T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 157,3 154,2 157,8 142,4 ±EPM 6,56 11,89 7,18 8,01 N 8 8 16 16 A concentração plasmática de colesterol HDL (mg/dl) não foi diferente entre os grupos (p>0,05) (Figura 10). T0 T60 TS0 TS60 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Co le s te ro l-H DL (m g/ dL ) Figura 10. Concentração plasmática de colesterol HDL (mg/dl) dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 13 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. QUADRO 11. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO CONCENTRAÇÃOPLASMÁTICA DE COLESTEROL HDL DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 31,97 35,72 39,96 37,65 ±EPM 2,605 1,524 1,758 3,621 N 5 5 13 13 A concentração plasmática de triacilglicerol (mg/dl) nos indivíduos do grupo treinado suplementado no dia zero foi de 123,5 (Figura 11). Ao final de 60 dias de suplementação com óleo de peixe a concentração de colesterol foi de 86,7, o que significou numa queda de 1,4 vezes (p<0,05). O mesmo foi observado quando comparado ao grupo treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). T0 T60 TS0 TS60 0 2 5 5 0 7 5 1 0 0 1 2 5 1 5 0 1 7 5 Tr ia c ilg lic e ro le m ia (m g/ dL ) Figura 11: Concentração plasmática de triacilglicerol (mg/dl) dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 15 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. QUADRO 12. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE TRIACILGLICEROL DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 122,9 123,8 123,5 86,77 ±EPM 40,39 34,79 17,17 10,49 N 5 5 15 15 A concentração plasmática de glicose (mg/ dl) não foi diferente entre os grupos (p>0,05) (Figura 12). T0 T60 TS0 TS60 0 25 50 75 100 Gl ic e m ia (m g/ dL ) Figura 12. Concentração plasmática de glicose (mg/dl) dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 8 ( T0, T60) e 17 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. QUADRO 13. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GLICOSE DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 91,73 87,94 89,82 89,54 ±EPM 4,121 6,822 2,578 4,561 N 8 8 17 17 Os concentração de lactato sanguíneo (µmol/l) não foi diferente entre os grupos (p>0,05) (Figura 13). T0 T60 TS0 TS60 0.0 0.5 1.0 1.5 La tic id em ia (µµ µµ m o l/m L) Figura 13. Concentração plasmática de lactato dos indivíduos treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de60 dias (T60), treinados e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os dados representam a média ± EPM de 6 ( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por grupo. QUADRO 14. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE LACTATO DADOS T0 T60 TS0 TS60 MÉDIA 1,395 1,292 1,342 1,221 ±EPM 0,0908 0,0622 0,0573 0,074 N 6 6 19 19 6 DISCUSSÃO Ácidos graxos são importantes constituintes das células, exercendo função estrutural, energética, sinalizadora, imunitária, entre outras. Os ácidos graxos n-3 e n-6, em especial, têm a habilidade de modularem a resposta imunitária (CURI, 2002). Outro fator que tem a mesma habilidade é a atividade física. Se praticada com intensidade leve até moderada tem ação estimulatória, se com alta intensa tem efeito imunossupressor, levando a diminuição da proliferação dos linfócitos, atividade dos neutrófilos, razão CD4+/CD8+ e a produção de anticorpos (NIEMAN, 2001) e (MACKINNON, 2000). Neste estudo, indivíduos humanos adultos praticantes de atividade física intensa, suplementados com 2g por dia de óleo de peixe rico em ácido graxo n-3, durante 60 dias, foram avaliados quanto a possível ou não associação da dieta e atividade física como potencializadores da imunomodulação. A confirmação da intensidade física foi demonstrada no quadro 4 pelo teste de IPAQ. Os indivíduos treinados no inicio (T0) e ao final de 60 dias (T60) não tiveram alteração da proliferação dos linfócitos, o que demonstra que o exercício não causou, ao longo do treinamento, imunossupressão (Figura 4). A associação da atividade física com a suplementação com óleo de peixe (TS60) pós 60 dias elevou a proliferação linfocitária em 2,6 vezes (Figura 4), a população CD4+ em 3,5 vezes (Figura 5) e a redução da população CD8+ em 1,4 vezes (Figura 6). Estes achados nos sugerem que a associação da dieta com a atividade física foi hábil em elevar a resposta proliferativa dos linfócitos bem como da população CD4+. O efeito da diminuição das células CD8+ em 1,4 vezes e o aumento das células CD4+ em 3,5 promoveu de forma modesta a razão CD4+/CD8+. Tem sido demonstrado que óleo de peixe, rico em ácido graxo n-3, tem capacidade estimulatória (ROBINSON et. al., 2001, CALDER, 1995 e CALDER, et al., 2002) ou inibitória (THIES et al, 2001, SANDERSON, et al., 1993; CALDER, 1995) sobre o sistema de defesa. As diferentes respostas nestes estudos são explicadas pela dose usada de ácido graxo n-3, onde os estudos que utilizaram doses baixas tiveram ação imunoestimulatória e àqueles que utilizaram doses altas, ações inibitórias. Arrington e colaboradores (2001) mostraram que a dieta com ácidos graxos poliinsaturados modula a ativação de subsets de células T, em camundongos. Quando linfócitos esplênicos T CD4+ e T CD8+, obtidos de camundongos alimentados com dieta com 2% foram analisados quando a proliferação, foi demonstrado que a dieta com ômega-3 aumentou a população Th2 CD4+ via IL-4 e diminuiu a IL-2 que induziria ao fenótipo Th1. Colocando isto em outras palavras, temos que os efeitos anti-inflamatórios dos ácidos graxos n-3 podem resultar tanto da supressão direta da ativação das células Th1 IL-2 induzida e a supressão indireta das células Th1 por função regulatória cruzada elevada das células Th2. Ácidos graxos de cadeia longa, EPA e DHA, são os principais componentes do óleo de peixe. Quando administrados isolados tem efeitos distintos. Quando DHA é administrado a camundongos, há uma relação oposta entre DHA e expressão de CD4+ e CD8+. Em outras palavras, a medida que a concentração de DHA elevou-se foi observado redução na expressão dos marcadores de superfície CD4+ e CD8+ (SASAKI, 1999). Interessantemente, este ácido graxo de cadeia longa eleva o número de linfócios CD28+, ou seja, há uma imunomodulação negativa para CD4+, CD8+ e positiva para CD28+. Portanto, a expressão reduzida dessas moléculas de superfície envolvidas na proliferação das células T tem sérias implicações no papel do DHA como imunossupressor (SASAKI, 2006). O mecanismo pelo qual o ácido graxo n-3 altera a proliferação das células T ainda não está claro. Um possível mecanismo de ação é pela síntese de eicosanóides. Prostaglandina E2 derivada do ácido araquidônico é imunoesimulador e os derivados do EPA, a prostaglandina E3, não tem efeito imunoestimulador (CALDER, 1995). Assim, a ingestão de EPA diminuiu a produção dos eicosanóides derivados do ácido araquidônico e aumentou à dos derivados do EPA. Como esses eicosanóides regulam a proliferação de linfócitos, a alteração da produção desses eicosanóides não foi suficiente para reduzir a proliferação de linfócitos como esperado pela ação do EPA. Como a dose que administramos aos atletas não foi elevada esta, possivelmente, teve o efeito estimulador já demonstrado em outros estudos. Outros possíveis mecanismos podem participar desta resposta não devem ser descartados e devem ser investigados. Em adição ao aumento da proliferação das células T, também encontramos diminuição da proporção de células CD8+. Como as células CD8+ podem agir como supressoras da resposta imunitária, a diminuição do número dessas células pode ser responsável pelo aumento da resposta proliferativa das células T (CALDER, 2002). Os neutrófilos representam 50-60% do pool de leucócitos circulantes e destróem o agente invasor por fagocitado e pela produção de radicais livres derivados de oxigênio e nitrogênio. Na figura 7, houve aumento da produção de ânion superóxido de hidrogênio quando o grupo treinado suplementado ao final de 60 dias (TS60), foi comparado com os grupos T60 e TS0, com diferença estatística (p<0,05). Uma das explicações para que ocorra o aumento da produção de ânion superóxido de hidrogênio de neutrófilos no grupo suplementado com óleo de peixe é de que as enzimas que resultam na síntese de ânion superóxido são reguladas por eicosanóides, citocinas, como os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa ômega 3 afetam na produção de eicosanóides e citocinas, e estas, podem afetar a produção das espécies reativas do oxigênio e estes compostos são capazes de regular as atividades citotóxica dos neutrófilos (CALDER, 2001). Observamos que houve também aumento da retenção lisossomal de neutrófilos em indivíduos suplementados com óleo de peixe (TS60), esta elevou-se de 1,26 vezes quando comparada à dos grupos T60 e TS0 (Figura 8). Uma possível explicação pode ser o fato de que as dietas em n-3 podem diminuir a síntese de leucotrienos da série B4, já que a via metabólica do n-3 estimulam o leucotrienos da série impar e n-6 da série par, devida a natureza competitiva entre n-3 e n-6, a suplementação de n-3 inibiria os leucotrienos da série B4, os quais são considerados agentes desgranuladores, dessa forma, pode haver uma maior retenção lisossomos (CURI, 2002). Apesar das hipóteses serem favoráveis a uma imunoestimulação positiva, é importante ressaltar que a presença de antioxidantes na dieta, atividade física de alta intensidade, nutrição desbalanceada, com deficiências de alguns nutrientes podem também influenciar na funcionalidade das células do sistema imunitário. Philpott & Ferguson (2004) em uma grande revisão associaram a nutrição ao sistema imunitário trazendo benefícios ou malefícios sobre o sistema imune. Por isso muitos resultados obtidos sobre os efeitos dos lipídeos no sistema imune, algumas vezes não devem ser comparados. Tem sido demonstrado que tanto exercício aeróbico quanto a ingestão de óleo de peixe são capazes de reduzir os lipídeos do plasma (CURI, 2002). Yeater e cols., 1989 demonstraram que a combinação de ambas abordagens foi hábil em reduzir a concentraçãode colesterol-LDL. Em nosso trabalho, demonstramos que a concentração de colesterol total (Figura 9) e de triacilglicerol (Figura 11) na circulação também foram reduzidas quando da associação de exercício e óleo de peixe, o que se soma aos achados dos estudos de Yeater e colaboradores (1989). Por outro lado, não houve alteração na concentração de HDL-colesterol (Figura 10). Tem sido defendido por muitos estudos o uso de ômega-3 e exercício no tratamento de dislipidemias devido aos seus efeitos de elevar a concentração de HDL-colesterol (STANTON, 1997). No nosso trabalho não fomos capazes de demonstrar este fenômeno porque nossos indivíduos já eram praticantes de atividade física. O que os dados nos permitem mostrar foi que a associação de suplementação e atividade física não foi hábil em elevar a concentração do HDL, mas foi eficaz em reduzir os lipídeos que são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular e tem sido observado em pacientes cardíacos (PATSCH, 1992). De fato, Smith (2004) estudou em indivíduos recreacionalmente ativos o efeito da atividade física combinada com ácido graxo n-3. Eles observaram um efeito aditivo desta abordagem em reduzir a lipemia pós-prandial após uma refeição rica em gordura. Outro trabalho que examinou também a mesma abordagem foi o de Thomas (2000), contudo em indivíduos sedentários. Estes encontraram que os efeitos observados em indivíduos treinados não acontecem em sedentários. Estes dois dados contraditórios nos permitem sugerir que indivíduos ativos podem realmente experimentar maior benefício da combinação de suplementação e atividade física quanto a redução da lipemia. Baseado nestas informações é justo perguntar se indivíduos sedentários praticarem exercícios e forem suplementados com ômega-3 quando tempo demorará a ser observado os efeitos benéficos demonstrados? Esta resposta pode ser obtida ao analisar-se o trabalho de Warner (1989). Estes autores examinaram o efeito combinado de 12 semanas de treinamento de exercício aeróbico com suplementação com ômega-3 sobre os lipídeos de indivíduos sedentários hiperlipidêmicos. Eles mostram que após 4 semanas já foi encontrado o efeito benéfico desta combinação. Portanto, podemos responder a questão acima que os efeitos benéficos ocorrem rapidamente, em menos de 4 semanas, em indivíduos sedentários. Estes dados e os nossos representam os efeitos em curto prazo desta combinação e no nosso caso, indivíduos treinados. Seria interessante no futuro alguém examinar a combinação de ambas as abordagem e seus efeitos em longo prazo. Em adição e talvez tão importante ou mais, seria qual o efeito desta combinação em prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Obviamente estas questões devem ser examinadas no futuro. Não encontramos nenhuma alteração na glicemia e laticidemia (Figuras 12 e 13), como seria de se esperar. Ou seja, não houve nenhuma modificação nestes importantes parâmetros que são alterados na presença de atividade física ou de ingestão de gordura. Em adição, por estarmos ministrando ácido graxo poliinsaturado, os quais são mais propensos a peroxidação, é legítimo perguntar se não estaríamos tendo como efeito colateral a pró-oxidação tecidual e celular. Na verdade, Atalay e colaboradores (2000) demonstraram que ratos, em repouso ou após exercício agudo, quando suplementados com óleo de peixe, apresentaram maior atividade da catalase, glutationa peroxidase e glutationa-S-transferase no fígado e porção vermelha do músculo gastrocnêmio. Em outras palavras, mesmo tendo maior incorporação de ácidos graxos poliinsaturados em suas membranas, os tecidos tem sua “bateria” anti-oxidante melhorada. O mecanismo molecular que leva a este fenômeno não é sabido e necessita ser determinado. 7 CONCLUSÃO A associação da suplementação com óleo de peixe a atividade física, nestes indivíduos, foi hábil em aumentar função de neutrófilos, proliferação de linfócitos CD4+e reduzir à de CD8+. Ainda, reduzir a concentração de lipídeos envolvidos com risco de doenças cardiovasculares. Sendo assim, parece lícito afirmar que o óleo de peixe pode ser utilizado como coadjuvante, no combate de doenças do ITRS, aliando estratégias anti-sedentarismo e hábitos alimentares saudáveis, na busca da melhoria na qualidade de vida, dos indivíduos com desordens imunitária e nos permitem sugerir que indivíduos ativos podem realmente experimentar maior benefício da combinação de suplementação e atividade física quanto a redução da lipemia. REFERÊNCIAS ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H. Imunologia Celular e Molecular. 5ª Ed.(traduzida)- Rio de Janeiro –RJ, Elsevier, 580p, 2005. AKIMOTO, T.; AKAMA, T.; TATSUNO, M.; SAITO, M.; KONO, I. Effect of brief maximal exercise on circulating levels of interleukin-12. Eur J Appl Physiol.81(6):510-2, 2000. ALBERTS, B.; BRAY, D.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.;WALTER, P. Fundamentos de biologia celular: uma introdução à biologia molecular da célula. Artmed, Porto Alegre, 1999. 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