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CLEMENTE tese 06

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MIRNA CLEMENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE SOBRE O SISTEMA 
IMUNITÁRIO E PERFIL LIPÍDICO DE INDÍVIDUOS PRATICANTES 
DE ATIVIDADE FÍSICA INTENSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado 
em Educação Física, Área de Concentração 
Fisiologia do Exercício, Setor de Ciências 
Biológicas, Universidade Federal do Paraná, 
como requisito parcial para obtenção do título de 
Mestre. 
 Orientador: Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2006 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao clima de harmonia entre as pessoas envolvidas na coleta de dados desta 
dissertação 
 
Ao Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes, orientador deste trabalho, pela imensa 
dedicação, profissionalismo e amizade. 
 
A minha família, mãe, irmão, irmã, sobrinhos, cunhados e padrasto pelo incentivo 
constante, força e carinho. 
 
A minha grande amiga Tine, pois, sem sua paciência, amizade e companheirismo, 
com certeza este trabalho não se realizaria. 
 
A minha amiga Carla Ariello que me ajudou nas análises do estudo piloto que 
possibilitou o sucesso desta dissertação. 
 
Aos meus amigos Bi, Ju, Má, Fabiano, Janine, Soraya, Ernane, Faby, Athos, Carol, 
Paulinho, Klaire e Sheila pelo incentivo. 
 
 A equipe do Aquacenter Batel e amigos pelo estudo piloto, Fernandinho, Mariah, 
Rose, Mailor, Sandra, Newton, Mônica, Talitha, Maridélia, Laura, Valéria, Evandro, 
Lia, Mauricio, Tise e Marco. 
 
A Elaine patrocinadora das cápsulas de óleo de peixe da Apotheke Cosmética e 
Farmácia Ltda. 
 
Aos Fabianos, Paula e os outros companheiros das disciplinas do Mestrado, pela 
colaboração neste projeto. 
 
Aos colegas do laboratório, em especial a Vanessa, Lolli, Sandro, Fabíola, Cris e 
Carine. 
 
Aos Professores do mestrado André, Maria Gisele, Ruth, Simone, Iverson, Raul e ao 
secretário Daniel. 
 
A empresa Montana que possibilitou a realização das coletas utilizadas nesta 
dissertação. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
LISTA DE TABELAS...................................................................................................v 
LISTA DE GRÁFICOS................................................................................................vi 
LISTA DE QUADROS................................................................................................vii 
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................viii 
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................ix 
RESUMO.....................................................................................................................xi 
ABSTRACT................................................................................................................xii 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................1 
1.1 ÁCIDOS GRAXOS ........................................................................ ................... 1 
1.2 SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA .................................................8 
1.3 ÁCIDOS GRAXOS, SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA................15 
2 OBJETIVOS..........................................................................................................16 
2.1 OBJETIVO GERAL ..........................................................................................16 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................16 
3 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................17 
3.1 DESENHO EXPERIMENTAL ..........................................................................17 
3.2 POPULAÇÃO/ AMOSTRA..............................................................................18 
3.3 QUESTIONÁRIO .............................................................................................18 
3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS SÉRICOS E IMUNITÁRIOS.............20 
3.4.1 REAGENTES E ENZIMAS ....................................................................................20 
3.4.2 Coleta e separação das células sangüíneas ..............................................20 
3.4.3 Cultivo dos linfócitos...................................................................................21 
3.4.4 Análise de Marcadores de Superfície.........................................................21 
3.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS PARA NEUTRÓFILOS................................22 
3.5.2 Mensuração do ânion superóxido ..............................................................22 
3.5.3 Volume lisossomal......................................................................................23 
 3.6 ANÁLISES SÉRICAS..................................................................................................................... 24 
 3.6.1 Determinação sérica...................................................................................24 
4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................25 
5 RESULTADOS......................................................................................................26 
6 DISCUSSÃO.........................................................................................................37 
 
7 CONCLUSÃO .......................................................................................................42 
 
 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................43 
ANEXOS....................................................................................................................52 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 1. PARÂMETROS IMUNITÁRIOS...............................................................13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
GRAFICO 1. COMPOSIÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS...............................................6 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 1. SÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS ..................................3 
 
QUADRO 2. FORMAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS.........................................5 
 
QUADRO 3. RESUMO DO PROTOCOLO EXPERIMENTAL.......................... .........17 
 
QUADRO 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS INDIVÍDUOS...............................26 
 
QUADRO 5. MÉDIA, EPM E N – PROLIFERAÇÃO DE LINFÓCITOS ....................27 
 
QUADRO 6. MÉDIA, EPM E N - POPULAÇÃO CD4+..............................................28 
 
QUADRO 7. MÉDIA, EPM E N - POPULAÇÃO CD8+..............................................29 
 
QUADRO 8. MÉDIA, EPM E N - ÂNION SUPERÓXIDO ........................... ...............30 
 
QUADRO 9. MÉDIA, EPM E N - VOLUME LISOSSOMAL ......................................31 
 
QUADRO 10. MÉDIA, EPM E N - COLESTEROL ....................................................32 
 
QUADRO 11. MÉDIA, EPM E N - COLESTEROL HDL ............................................33 
 
QUADRO 12. MÉDIA, EPM E N - TRIACILGLICEROL............................................34 
 
QUADRO 13. MÉDIA, EPM E N - GLICOSE............................................................35 
 
QUADRO 14. MÉDIA, EPM E N - LACTATO...........................................................36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTADE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1. CADEIA CARBÔNICA DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS DAS 
FAMÍLIAS (N-3 E N-6)............................................................................................2 
FIGURA 2. PORCENTAGEM DE CALORIAS .............................................................7 
FIGURA 3. RELAÇÃO DA QUANTIDADE E INTENSIDADE DO EXERCÍCIO E 
INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR.......................................11 
FIGURA 4. PROLIFERAÇÃO DOS LINFÓCITOS SANGUÍNEOS.............................27 
FIGURA 5. DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO LINFOCITÁRIA CD4+ ...................28 
FIGURA 6. DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO LINFOCITÁRIA CD8+. ..................29 
FIGURA 7. PRODUÇÃO DE ÂNION SUPERÓXIDO. ................................................30 
FIGURA 8. VOLUME LISOSSOMAL. ........................................................................31 
FIGURA 9. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL............................32 
FIGURA 10. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL HDL. ................33 
FIGURA 11. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE TRIACILGLICEROLEMIA. ........34 
FIGURA 12. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GLICOSE. .................................35 
FIGURA 13. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE LACTATO. ................................36 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
AG - ÁCIDOS GRAXOS 
CD4+ – LINFÓCITO T AUXILIAR 
CD8+ – LINFÓCITO T CITOTÓXICO 
CELAFISCS – LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL 
CON A – CONCAVALINA A 
CO – CICLOXIGENASE 
CPM - CONTAGEM POR MINUTO 
DMSO – DIMETIL SULFÓXIDO 
EPA - ÁCIDO EICOSAPENTAENÓICO 
EPM – MÉDIA DO ERRO PADRÃO 
FITC – FLUORÊSCENCIA ISOTIOCINÉTICA 
H2O2 – PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO 
IgA - IMUNOGLOBULINA A 
IgD - IMUNOGLOBULINA D 
IgE - IMUNOGLOBULINA E 
IgG - IMUNOGLOBULINA G 
IgM - IMUNOGLOBULINA M 
IL – INTERLEUCINAS 
INF - INTERFERON 
IPAQ - QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA 
ITRS - INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR 
LO – LIPOXIGENASE 
METS - UNIDADE DE MEDIDA DE GASTO ENERGÉTICO 
min – MINUTOS 
ml – MILILITROS 
NBT – NITROBLUE TETRAZOLUIM 
N-3 - ÔMEGA-3 ou ÁCIDO LINOLÊNICO 
N-6 - ÔMEGA-6 ou ÁCIDO LINOLÉICO 
NK - CÉLULAS NATURAL KILLER 
O2 – ÂNION SUPERÓXIDO 
OPEN WINDOW – JANELA IMUNOLÓGICA 
 
 
PBS – SOLUÇÃO TAMPÃO DE FOSTATO 
PUFA - ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS 
rtm - ROTAÇÃO POR MINUTO 
T0 - INDIVÍDUOS TREINADOS NÃO SUPLEMENTADOS 
T60 - INDIVÍDUOS TREINADOS NÃO SUPLEMENTADOS POR 60 DIAS 
TS0 - INDIVÍDUOS TREINADOS SUPLEMENTADOS 
TS60 - INDIVÍDUOS TREINADOS SUPLEMENTADOS POR 60 DIAS 
20:4N-6 - ÁCIDO ARAQUIDÔNICO 
vs - VERSUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Ácidos graxos são importantes constituintes das células exercendo funções 
estruturais, energética, sinalizadora, entre outras. Entre suas várias funções, para os 
ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) n-6 foi demonstrado terem efeito estimulatório 
sobre o sistema imunitário e para os PUFA n-3 imunossupressor. Atividade física é 
estímulo que também modifica a resposta imunitária. Esta quando praticada com 
intensidade leve à moderada, tem ação estimulatória enquanto que à de longa 
duração e intensa, tem efeito imunossupressor. Na realidade, atletas de elite que 
praticam esportes de longa duração e alta intensidade são acometidos mais 
frequentemente de infecções, em particular às do trato respiratório superior (ITRS). 
Uma vez que PUFA n-3 tem a habilidade de modular a resposta imunitária e que a 
atividade física intensa leva a maiores taxas de infecção, nós aventamos a hipótese 
de que a suplementação com óleo de peixe modularia a resposta imunológica. Esse 
estudo teve como objetivo investigar o efeito da suplementação com ômega 3 sobre 
parâmetros da proliferação dos linfócitos T, os marcadores de superfície CD4+ e 
CD8+, produção de ânion superóxido e volume lissossomal dos neutrófilos, em 
indivíduos humanos submetidos a atividade física intensa. Foram recrutados para 
este estudo indivíduos praticantes de atividade física os quais foram divididos em 
não suplementados e suplementados com 2 g de óleo de peixe por dia. No primeiro 
dia de experimento foi retirado amostra de sangue dos indivíduos não 
suplementados (TRE) e iniciou-se a suplementação no outro grupo (TREN-3). Após 
60 dias, outra amostra de sangue destes mesmos indivíduos foi retirada (TRED e 
TREN-3D). Estas amostras de sangue foram centrifugadas e dos linfócitos 
investigou-se a população CD4+, CD8+ e a proliferação celular. Dos neutrófilos 
investigou-se o volume lisossomal e produção de ânion superóxido. Houve 
diminuição da população linfocitária CD8+ (p<0,005) e aumento na proliferação 
linfocitária, da população linfocitária CD4+, na produção do ânion superóxido e no 
volume lisossomal no grupo (TREN-3D), quando comparados com os dos grupos 
(TRE N-3) e (TRED). Nossos resultados sugerem que indivíduos treinados e 
suplementados com óleo de peixe tiveram aumento da resposta linfocitária CD4+ e, 
da neutrófila na produção de ânion superóxido e volume lisossomal. Isto no permite 
aventar a possibilidade do uso de óleo de peixe, nesta dose, como modulador da 
resposta imunológica inibitória que acompanha atletas de elite. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Fatty acids are important components of many cells playing a key role for structure, 
energetic functions, signal transduction among others. In addition n-6 
polyunsaturated fatty acid (PUFA) has been demonstrated to have stimulatory effects 
on immunitary system and n-3 PUFA has immunosuppressive effect. Physical activity 
is a stimulus which also modifies immune system response. Low-moderate exercise 
training enhances immunosurveillance while intense exercise training leads to 
immunosuppression. Indeed, elite athletes who practice intense training are more 
susceptible to infections, in particular those from upper respiratory tract (URTI). Sinde 
n-3 fatty acid can modulate the immune system response and intense physical 
activity leads to infections, we postulate that n fish oil supplementation might 
modulate the immune response. This study aimed to investigate the effect of fish oil 
supplementation on lymphocyte proliferation, T cell surface markers CD4+ e CD8+ 
cells, production of anion superoxide and lysosome volume by neutrophils from 
individuals submitted to intensive physical activity. Individual submitted to intensive 
physical activity were recruited into our study and set up as trained no supplemented 
and supplemented with 2g of oil fish per day. On the first day of the experiment blood 
samples were withdrawal from no supplemented (TRED) and initiate the 
supplementation in the other group (TREN-3). After 60 days others blood samples 
from these same population were withdrawal (TRED e TREN-3D). Blood were 
centrifuged and from lymphocytes we investigated the proliferation and T cell CD4+ e 
CD8+. From neutrophils the lysossome volume and production of anion superoxide. 
There was a significance decrease in the CD8+ T lymphocyte population. (p<0.005) 
and an increase in the rate of lymphocyte proliferation, CD4+ T lymphocytes 
population, production of anion superocxide and lysossome volume in the TREN-3D 
group when compared to (TREN-3) and (TRED). Our results suggest that individuals 
submitted intensive physical activity supplemented with oil fish improved CD4+ T 
lymphocytes and from neutrophils the production of anion superocxide and 
lysossome volume. Thus, we hipothesize that fish oil intake , in this dose, might 
modulate the inhibitory immune response that accompany elite athletes. 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
1.1 ÁCIDOS GRAXOS 
 
 
A ingestão de gordura, atualmente, tem causado preocupação, pois seu 
excesso está associado ao desenvolvimento de uma série de doenças tais como a 
obesidade, câncer e doenças coronarianas (POWEL,1994). Apesar dos danos 
causados pelo seu excesso, necessitamos da gordura em nossa dieta, pois esta tem 
função estrutural importante. Após a década de 80 foi relatada a importância dos 
ácidos graxos ômega–3 (n-3) na dieta para o funcionamento de diversos órgãos e 
sistemas, basicamente pela sua conversão em eicosanóides, as prostaglandinas, os 
leucotrienos, as tromboxanas e as lipoxinas (CURI, 2002). Durante as duas últimas 
décadas, foi demonstrado que a quantidade e o tipo de gordura consumida na dieta 
podem influenciar profundamente as respostas biológicas (WESLEY, 1998). 
Em muitos países europeus a ingestão da gordura representa de 40% a 45% 
da energia total da dieta (SHILLS, 2002). Nos Estados Unidos da América varia 
entre 30% e 40% das calorias totais (SHILLS, 2002). Nas populações asiática e 
africana, o consumo de gordura proporciona de 15% a 25% da energia total da dieta 
(SHILLS, 2002). 
O que chamamos de gordura alimentar é classificada como lipídeos. Os 
lipídeos são insolúveis em água, mas solúveis em certos solventes orgânicos como 
álcool ou éter (WILLIANS, 2002). As gorduras são classificadas como simples 
(triacilgliceróis e cêras), compostas (fosfolipídeos, glicolipídeos e lipoproteínas) e 
derivadas (ácidos graxos, esteróides e hidrocarbonetos). Se tomarmos o tamanho da 
molécula como referência, os ácidos graxos com dois a quatro átomos de carbono 
são denominados de cadeia curta, os de seis a dez átomos e acima de doze átomos 
de carbono são denominados de cadeia média e longa, respectivamente (CURI, 
2002). As gorduras, ainda, podem ser classificadas pelo número de duplas ligações 
entre os átomos de carbono. As que apresentam uma dupla ligação são 
denominadas gorduras monoinsaturadas e aquelas que apresentam duas duplas 
ligações ou mais são denominadas de poliinsaturadas e as que não apresentam 
insaturação gorduras saturadas (CALDER, 1998). 
 
 
Os ácidos graxos insaturados são divididos em quatro grandes famílias 
denominadas n-9, n-7, n-6 e n-3. Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa 
da família ômega-6 ou n-6, derivados do ácido graxo essencial linoléico (Quadro 1), 
têm a primeira dupla ligação entre o sexto e o sétimo átomo de carbono, a partir do 
terminal metila, portanto, a denominação n-6. Da mesma forma, os da família n-3 
derivados do ácido graxo essencial alfa-linolênico (Quadro 1), têm sua primeira 
dupla ligação entre o terceiro e quarto átomo de carbono a partir do terminal metila, 
portanto, a denominação n-3 (Figura 1). 
 
 
FIGURA 1. CADEIA CARBÔNICA DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS DAS 
FAMÍLIAS (N-3 E N-6) 
 
 
Cada família origina-se de um ácido graxo percursor específico (Quadro 1), 
o qual é convertido em outros ácidos graxos da mesma série através de sucessivas 
reações enzimáticas, onde ocorrem adição de novos átomos de carbono e 
insaturações na cadeia original (WESLEY, 1998). 
 
 
QUADRO 1. SÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 As duas famílias de ácidos graxos essenciais, n-3 e n-6 são produzidas pelas 
plantas ou fitoplânctons. Os fitoplânctons também têm dessaturases e alongases 
que são requeridas para transformação em ácidos graxos de cadeia longa. Os n-3 e 
n-6 não podem ser interconvertidos. 
 Devido à natureza competitiva da dessaturação e da alongação dos ácidos 
graxos, cada classe de ácidos graxos pode interferir no metabolismo do outro. Esta 
competição apresenta implicações funcionais. Excesso de n-6 irá reduzir o 
 
 
metabolismo de n-3, levando a um déficit de seus metabólitos. Este é tema 
importante em relação às fórmulas para lactantes, que contêm excesso de n-6, sem 
respectivo balanceamento do n-3. Inversamente, da mesma forma, o excesso de n-3 
pode levar ao prejuízo do metabolismo de n-6 (SHILLS, 2000). Ácidos graxos n-3 e 
n-6 quando metabolizados formam os eicosanóides (Quadro 2), os quais são 
importantes para diversas funções como também no crescimento celular. Diferentes 
tipos celulares produzem diferentes tipos de eicosanóides, com diferentes funções 
biológicas, gerando resposta a estímulos fisiológicos (adrenalina ou 
anticorpos/antígenos complexos) e também a estímulos não fisiológicos 
(machucaduras). Eicosanóides formados a partir do ácido eicosapentaenóico (EPA) 
são menos potentes que os formados a partir do ácido araquidônico (AA). 
Consequentemente, a dieta tem importante papel em determinar a mistura e a 
potência dos eicosanóides (CALDER, 2001). Prostaglandinas estão envolvidas na 
intensidade de modulação e duração da resposta inflamatória e imunitária. 
Prostaglandinas da série E2 têm efeito pró-inflamatório, induz a febre e eritrema, 
aumenta a permeabilidade vascular e promove vasodilatação. Prostaglandinas da 
série E3 (PG E3) são menos pró-inflamatórias que as prostaglandinas E2 (CALDER, 
2001). Sardesai (1992) sugere que a síntese de PG E3 parece ter efeitos 
imunossupressivos menores que os derivados PG E2. 
 
 
 
 
QUADRO 2. FORMAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS A PARTIR DE ÁCIDOS 
GRAXOS N-3 E N-6 
 
 
 Adaptado de LANDS WEN, 1998. Cox: cicloxigenase e LOX: lipoxigenase
 
 
GRAFICO 1. COMPOSIÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS NOS DIFERENTES ÓLEOS 
CONSUMIDOS NA DIETA 0 A 100 = PORCENTAGEM DE GORDURA 
 
 
AG saturado AG Monoinsaturado ômega-6 Õmega-3 
 
 
 
 
LUTZ, M. BONILLA, S. CONCHA, J. et al. Efeitos dos óleos consumidos na dieta, colesterol e suplementação 
de vitamina antioxidante em ratos. Ann Nutr Metab, 42: 350-359, 1998. 
 
 
Os efeitos dos ácidos graxos no sistema imunitário tem sido objeto de estudo 
por muitos anos, mas este interesse tem se intensificado com o papel dos 
eicosanóides do ácido araquidônico na modulação inflamatória e imunitária (CURI, 
2002). Estudos epidemiológicos relataram baixa prevalência de aterosclerose e 
doenças coronarianas entre esquimós da Groenlândia e algumas populações 
japonesas, cujas dietas são ricas em gorduras predominantes de poliinsaturadas, 
principalmente derivadas de peixes e animais marinhos (KROMANN, 1980). A baixa 
incidência de câncer de mama em mulheres esquimós e japonesas levou a 
especulação do efeito protetor do ácido graxo n-3, devido ao alto consumo de peixe 
nestas populações (SIMOPOULOUS, 2001). Em contrapartida, alguns autores 
sugerem que não existem evidências consistentes de que o consumo de peixe 
diminua os riscos de câncer (CALDER, 1998). Portanto mais estudos são 
necessários para clarificar este assunto. Em 1929, trabalho de Burr e Burr mostrou, 
 
0 20 40 60 80 100
Óleo de coco
Óleo de palma
Óleo de caroço de algodão
Óleo de amendoim
Óleo de soja
Óleo de oliva
Óleo de milho
Óleo de girassol
Óleo de açafroa
Óleo de canola
Linhaça
 
 
pela primeira vez, a importância nutricional de lipídeos específicos na dieta. Ratos 
recém desmamados, alimentados com dieta sem gorduras, apresentaram prejuízo 
do crescimento, pele escamosa, necrose da cauda e aumento da mortalidade, 
condições revertidas pelo consumo de ácido linoléico. Em trabalho posterior, os 
mesmos autores descreveram prejuízo da fertilidade na deficiência de n-3 e n-6 e 
atividade visual. 
A rápida mudança em nossa dieta, particularmente nos últimos 150 anos 
(Figura 2), é colocada como um dos importantes fatores promotores de 
desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas tais como a aterosclerose, 
câncer e doenças auto-imune. Outros fatores como sedentarismo e hereditariedade 
também desempenham importante papel neste processo e não podem ser 
descartados. 
 
 
FIGURA 2. PORCENTAGEM DE CALORIAS INGERIDAS A PARTIR DE GORDURA 
PELA ESPÉCIE HUMANA, DA ÉPOCA PALEOLÍTICA ATÉ OS DIAS ATUAIS 
(SIMOPOULOS, 2001) 
 
 
 
 
 
 
Vários estudos sugerem que a excessiva quantidadede ácidos graxos n-6 e a 
redução da de n-3 na nossa dieta, leva a uma razão desproporcional de n-6/n-3, 
trazendo desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. Na dieta ocidental 
esta razão pode chegar até 30:1. Em países no qual a alimentação está associada 
com maior consumo de óleo de peixe (n-3), esta razão atinge 4:1 e tem sido 
associada há redução de 70% das mortes associadas aterosclerose 
(SIMOPOULOS, 2001). Assim, tem se tornado claro que a quantidade de gordura na 
dieta altera respostas celulares, mas devemos salientar que não reagem sozinhas, 
sendo também influenciadas por outros nutrientes (SHEPARD & SHEK, 1995). 
Suplemento com ácido graxo n-3 tem se tornado popular no tratamento de artrite 
reumatóide (KREMER, 1987). O óleo de peixe tem efeitos benéficos em alguns 
indivíduos que sofrem de psoríase quando este é associado com drogas 
terapêuticas (CURI, 2002). 
 
 
1.2 SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA 
 
 
Muitos aspectos da função imunitária (incluindo proliferação de linfócitos, 
citotoxidade das células natural killer, secreção de IgA na mucosa salivar) pode estar 
deprimida temporariamente no exercício intenso (correr uma maratona), de longa 
duração ou ainda quando se treina em excesso (SHEPARD & SHEK, 1995). 
O sistema imunitário é um conjunto intrincado de células, órgãos e estruturas 
especializadas ou não, cuja missão é identificar e destruir invasores estranhos 
(bactérias, fungos, vírus e parasitas) ou qualquer célula anormal, como as células 
cancerosas, antes que qualquer mal seja feito ao corpo. A imunidade é dividida em 
inata ou natural, que não se altera mediante exposição repetida a um dado agente 
infeccioso; imunidade adaptativa ou adquirida a qual se torna mais eficiente após 
cada encontro subsequente com o mesmo agressor. O sistema imunitário 
“memoriza” o agente infeccioso evitando desta forma, que este mesmo patógeno 
venha posteriormente, causar doenças. Podemos ainda subdividir a imunidade 
adaptativa em imunidade humoral a qual é mediada por anticorpos, moléculas 
responsáveis pelo reconhecimento e eliminação de invasores estranhos e; 
imunidade celular a qual é mediada pelos linfócitos T (SIQUEIRA & DANTAS, 2000). 
 
 
Os leucócitos ou glóbulos brancos são células do sistema imunitário, e têm 
como função a defesa celular e humoral do organismo. Eles são classificados em 
granulócitos (neutrófilos, eosinófilo e basófilo) e agranulócitos (linfócitos e 
monócitos) 
Os neutrófilos apresentam-se em caso de processo inflamatório de longa 
duração e em alta porcentagem no sangue circulante, constituindo a primeira linha 
de defesa celular contra a invasão bacteriana. 
Os eosinófilos estão aumentados em pacientes portadores de doenças 
alérgicas, e agem fagocitando as bactérias mais lentamente que os neutrófilos. 
Os basófilos também possuem um envolvimento nas reações alérgicas e 
inflamatórias. 
Os linfócitos são divididos em linfócitos B e T, e estão associados à resposta 
imunitária do organismo de maneira específica e as células natural killer (NK). Os 
linfócitos B (derivados da medula óssea) são responsáveis pela resposta imune do 
tipo humoral. Estes reconhecem o determinante antigênico da macromolécula 
estranha e diferenciam-se em plasmócitos que sintetizam anticorpos específicos. O 
reconhecimento de antígenos é realizado através de glicoproteínas localizadas na 
superfície celular, denominadas imunoglobulinas ou anticorpos. Os linfócitos B 
sintetizam e secretam moléculas de imunoglobulinas, principalmente IgM e IgD. Os 
linfócitos T (derivados do timo) por sua vez liberam citocinas que ativam os fagócitos 
e estes então destróem as células infectadas por vírus (BLOOM, 1992). Células NK 
correspondem a 15% do “pool” de linfócitos circulantes e tem como principal função 
reconhecer e matar células infectadas por vírus e células tumorais. É de extrema 
importância o aumento na atividade das células NK, pois elas exacerbam a 
capacidade citotóxica do sangue constituindo a primeira linha de defesa do corpo 
contra vários patógenos. Os monócitos se diferenciam em macrófagos cujas 
principais funções são a apresentação de antígenos para os linfócitos, síntese de 
moléculas importantes para a resposta inflamatória, imunitária e a fagocitose. 
Os monócitos se diferenciam em macrófagos cujas principais funções são a 
apresentação de antígenos para os linfócitos, síntese de moléculas importantes para 
a resposta inflamatória, imunitária e fagocitose (SIQUEIRA JR. & DANTAS, 2000). 
A atividade física habitual tem sido reconhecida como importante componente 
para a vida saudável. Em adultos, tem sido mostrado que a inatividade física 
relaciona-se com doenças coronarianas, diabetes, alguns tipos de câncer, 
 
 
osteoporose e doenças pulmonares bem como também com doenças mentais 
(TWISK, 2000). 
A atividade física é divida em leve, moderada e intensa. Sessão de exercício 
físico leve a moderado proporciona reforço da função imunitária natural e de defesa 
do organismo que dura por várias horas durante a recuperação. Enquanto o 
exercício moderado fortalece o sistema imunitário, um período de exercício 
exaustivo exerce efeito oposto e enfraquece profundamente a primeira linha de 
defesa do corpo contra agentes infecciosos (NIEMAN, 2001). 
Nieman e Cannarella (1999) sugeriram que indivíduos que se exercitam 
moderadamente exibem baixa incidência de doenças do trato respiratório superior 
comparado com a população sedentária (Figura 4). Em contraste, atletas em 
treinamento intenso apresentavam aumento na incidência de infecção. Apesar deste 
estudo em corredores ser epidemiológico, ele aponta para a necessidade de mais 
pesquisas para confirmar a hipótese, bem como para outros tipos de atletas. 
 
 
FIGURA 3. RELAÇÃO DA QUANTIDADE E INTENSIDADE DO EXERCÍCIO E 
INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR 
 
 
 Retirado de Wilmore, 2001 
 
O mecanismo responsável pela alta incidência de doenças do trato 
respiratório superior entre atletas ainda não é bem conhecido, mas tem sido 
proposto: altas taxas de fluxo ventilatório alterando a superfície da mucosa; 
infiltração de células inflamatórias no interior da mucosa; supressão de uma ou mais 
funções do sistema imunitário; depleção de fatores necessários ao sistema 
imunitário e; estresse psicológico (MACKINNON, 1999). Estudos recentes confirmam 
que o treinamento intenso suprime a função imunitária, aumentando a 
suscetibilidade a infecções (NIEMAN, 1999). Além disso, o exercício intenso durante 
a doença pode diminuir a capacidade do organismo em reagir contra infecções e 
aumentar ainda mais o risco de complicações (PEDERSEN, 2000). Nem todos os 
atletas, entretanto, apresentam redução da função imunitária durante o treinamento. 
Estudos recentes, realizados com ginastas do sexo feminino jovens, demonstraram 
que apesar do treinamento de 22 horas semanais, a resposta imunitária dessas 
ginastas foi similar a do grupo controle de garotas não treinadas (ELIAKIN, et. al., 
1997). Em 1918, foi relatado que a maioria dos casos de pneumonia, entre meninos 
nos internatos, ocorria em atletas e que as infecções respiratórias pareciam 
 
 
progredir para pneumonia após treinamento desportivo intenso (MACKINMON, 
1994). Muitos componentes do sistema imunitário apresentam mudanças após o 
exercício intenso. Durante este “espaço de tempo” (open window) que acontece de 3 
a 72 horas, ocorre alteração das funções imunitárias, dependendo do tipo, duração e 
intensidade do exercício. Neste período bactérias e vírus podem ganhar força, 
aumentando riscos de infecções (NIEMAN & PEDERSEN, 1999). De acordo com o 
conceito “espaço de tempo” o exercício moderado estimula a função imunitária 
durante e por um curto tempo após o exercício. Em contraste, exercício intenso 
causa estimulação inicial seguida de longasupressão. Nos indivíduos que realizam, 
regularmente, apenas exercício moderado, este “espaço de tempo“ para a infecção 
permanece fechado e observa-se a manutenção dos benefícios protetores do 
exercício regular. David Niemann, 2001 discutiu o “espaço de tempo” relacionando-o 
com o sistema imunitário seguido de treinamento intenso, observando a atividade 
das células NK e o risco de infecções. Na maioria dos casos, a resposta é 
relativamente transitória, durando somente poucas horas. Mas outros estudos 
demonstram que chega afetar de 24 até 48 horas após exercício intenso prolongado 
(NIEMANN, 2001). 
Em outro estudo com ciclistas e corredores, a razão CD4/CD8 diminui 
imediatamente após exercício, concluindo-se que essa diminuição está relacionada 
com aumento da suscetibilidade à infecções ( KEAST, D et. al., 1988). 
Existem evidências associadas ao exercício prolongado e intenso (maratona) 
com efeitos adversos no sistema imunitário. Esses efeitos incluem: diminuição da 
atividade citotóxica das células NK; baixa circulação dos números de linfócitos T 
após 3 ou 4 horas de exercício; diminuição da habilidade de proliferação dos 
linfócitos; diminuição da atividade dos neutrófilos; diminuição dos níveis 
imunoglobulinas na saliva e sangue; enfraquecimento da síntese de anticorpos e; 
diminuição da razão de células CD4±/CD8± (Tabela 1). 
 
 
 
 
TABELA 1. PARÂMETROS IMUNITÁRIOS PRÉ-ESTABELECIDOS EM ATLETAS 
EM REPOUSO E APÓS TREINAMENTO INTENSO 
 
 
PARÂMETRO 
IMUNITÁRIO 
VALORES EM ATLETAS 
EM REPOUSO 
APÓS TREINAMENTO 
INTENSO 
Número de leucócito Normal Sem mudanças 
Número de linfócitos Normal sem mudanças ou 
aumento 
Razão CD4+/CD8+ Normal ou alta Diminuição 
Proliferação e ativação 
dos linfócitos 
Normal ou alta Aumenta 
Atividade citotóxica das 
células NK 
Normal ou alta Diminui 
Concentração de IgA na 
mucosa 
Baixa a normal Diminui com o aumento 
da intensidade 
Concentração de 
glutamina plasmática 
Normal Diminui ou aumenta 
Anticorpos séricos 
específicos 
Normal Sem mudanças 
 Adaptado de Mackinnon, 2000 
 
 
Atletas de endurance apresentam leucopenia. Green (2000) relatou baixa 
leucopenia em quatro e, baixa contagem de linfócitos em cinco de vinte corredores. 
É possível que a leucopenia seja refletida após um período de treinamento intenso. 
Número de células NK pode diminuir durante um período curto (1-4 semanas) ou 
longo (7 meses) de treinamento intenso. Por exemplo, os números de células 
declinaram mais que 40% durante 10 dias de treinamento intenso de corrida, em 
militares treinados (MACKINNON, 2000). Em outro estudo, número e porcentagem 
de células NK diminuíram em 30-40% após 7 meses de treinamento intenso de 
natação. Tanto as células NK quanto sua atividade citotóxica diminuiu em nadadores 
sob treinamento intenso, após 4 semanas. Exercício prolongado intenso causa 
supressão transitória da atividade de citotoxidade da célula NK, durando pelo menos 
6 horas ou até mais de 12 horas (MACKINNON, 2000). Para reverter o quadro 
clínico (Tabela 1) gerado por treinamento intenso, alguns autores têm sugerido que 
 
 
2 a 5 semanas de descanso de treinamento pode restaurar a função imunitária 
(SHARP, 1992). 
 
 
 
 
 
1.3 ÁCIDOS GRAXOS, SISTEMA IMUNITÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA 
 
 
 Em um estudo com ratos, Benquet (1994) uniu atividade física intensa, sistema 
imunitário e suplementação de n-3 por 8 semanas, e conclui que a imunossupressão 
de IgM causada pós exercício, foi diminuída ao final das 8 semanas. 
 Há vários trabalhos que relatam o efeito dos ácidos graxos n-3 e sistema 
imunitário (CURI, 2002), bem como da atividade física e o sistema imunitário 
(CASTELL, 2002). 
 Contudo há poucos relatos que associam os três, ou seja, o papel da dieta com 
ácidos graxos n-3 associada a atividade física sobre o sistema imunitário (BENQUET 
et al., 1994) (PEDERSEN et. al., 2000). 
 Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa ômega 3 são 
imumoduladores do sistema imunitário. Nós aventamos a hipótese de que a 
suplementação com este ácido graxo associado à atividade física possa modular 
positivamente o sistema imunitário e assim minimizar os efeitos de imunossupressão 
causada pela atividade física intensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
 
O objetivo deste trabalho é investigar o efeito da suplementação com óleo de 
peixe em humanos submetidos a atividade física intensa, sobre parâmetros 
imunitários das células circulantes. 
 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 
a-) Caracterizar atividade física leve, moderada e intensa através do 
questionário do IPAQ reconhecido no Brasil; 
b-) Comparar os grupos suplementados e não suplementados; 
c-) Avaliar a resposta proliferativa dos leucócitos circulantes através de cultivo 
celular e da população de linfócitos CD4+ e CD8+; 
d-) Averiguar a resposta dos neutrófilos pela produção de radicais livres 
(ânion superóxido) e volume lisossomal; 
e-) Investigar o perfil lipídico, glicemia e a laticidemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
3.1 DESENHO EXPERIMENTAL E SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE 
 
 
 Os indivíduos foram divididos em grupos: indivíduos treinados não 
suplementados no dia zero (T0) (n= 9), e indivíduos treinados suplementados com 
óleo de peixe no dia zero (TS0) (n=19). 
 Os indivíduos foram suplementados, diariamente, durante sessenta (60) dias 
pela ingestão de duas (2) cápsulas de óleo de peixe (mistura marinha de 
triacilglicerol contendo 180 mg de ácido eicosapentanóico e 120 mg de ácido 
doxosahexanóico por cápsula). Eles foram orientados a ingerirem uma (1) cápsula 
de óleo de peixe (1g) durante o almoço e outra durante o jantar. Os indivíduos 
suplementados por 60 dias e treinados ao final de 60 dias são referidos como TS60 
(n=19) e os não suplementados treinados ao final de 60 dias como T60 (n=9) 
(Quadro 3). 
 
QUADRO 3. - RESUMO DO PROTOCOLO EXPERIMENTAL. INDIVÍDUOS 
 TREINADOS FORAM RECRUTADOS E DIVIDIDOS NO DIA ZERO 
 EM NÃO SUPLEMENTADOS (T0) E SUPLEMENTADOS (TSO). 
 APÓS 60 DIAS DE SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE 
 NOVA AMOSTRA DE SANGUE FOI RETIRADA DO GRUPO NÃO 
 SUPLEMENTADO (T60) E DO SUPLEMENTADO COM ÓLEO DE 
 PEIXE (TS60) 
 
 
GRUPOS 
 
NÃO SUPLEMENTADOS 
 
SUPLEMENTADOS 
 
DIA 0 
 
T0 
 
TS0 
 
DIA 60 
 
T60 
 
TS60 
 
N 
 
9 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 População/ Amostra 
 
 
 Vinte oito homens adultos (entre 20 a 40 anos de idade), com diferentes 
medidas antropométricas, peso, altura e alimentação, provenientes da cidade de 
São José dos Pinhais, no estado do Paraná foram convidados a participar deste 
estudo. Aos mesmos foi encaminhado carta para autorização prévia, conforme 
exigência do comitê de ética em pesquisa. Os indivíduos do estudo fazem parte de 
um time de jogadores de futebol de campo, da empresa Montana Indústria de 
Máquinas Ltda, que participam de campeonatos entre empresas no estado do 
Paraná, e treinam três vezes por semana por duas horas. Estes indivíduos foram 
orientados a manter o mesmo tipo de treinamento realizado anteriormente à 
suplementação, e foram orientados a informar qualquer mudança desta durante o 
período do estudo. 
 
 
3.3 QUESTIONÁRIO 
 
 
Os indivíduos foram requisitados a responder questionário IPAQ (Questionário 
Internacional de Atividade Física) na versão longa (anexo 1). A variávelusada para 
análise foi a atividade física total em METS.min (unidade de medida de gasto 
energético) e uma análise separada do tempo total sentado. O nível de atividade 
física foi classificado segundo proposta do IPAQ, a saber, INSUFICIENTEMENTE 
ATIVO: aquele que não realizou nenhum tipo de atividade física ou realizou algum 
tipo de atividade física, porém, não suficiente para se enquadrar nas outras 
categorias; SUFICIENTEMENTE ATIVO: aquele indivíduo que cumpriu tres ou mais 
dias de atividade vigorosa de pelo menos 20 minutos por dia ou 5 ou mais dias de 
atividades de intensidade moderada ou caminhadas de pelo menos 30 minutos por 
dia ou cinco ou mais dias de qualquer combinação de atividades entre caminhadas e 
atividades com intensidade moderada ou intensa alcançando um mínimo de pelo 
menos 600 MET- minutos/semana; MUITO ATIVO: aquele indivíduo que excede o 
mínimo exigido pelas recomendações para a prática de atividade física. Os dois 
critérios para classificação como muito ativos, são atividades de intensidade intensa 
em pelo menos tres dias da semana e acumulando pelo menos 1500 MET- 
 
 
minutos/semana ou sete ou mais dias de qualquer combinação de atividades entre 
caminhadas e atividades com intensidade moderada ou intensa, alcançando um 
mínimo de pelo menos 1500 MET- minutos/semana (www.ipaq.ki.se). A versão longa 
do questionário IPAQ permite recolher informação detalhada da atividade física 
dispêndida em trabalhos domésticos, jardinagem, atividades ocupacionais, meios de 
transporte, atividade física de lazer e inatividade física (Craig, Marshall et al., 2003), 
sendo os totais de cada domínio somados e assim calculados o total de toda 
atividade física em minutos por semana. Os minutos são registrados por cada 
categoria de atividade, através dos MET definidos: (atividade física leve=3,3 MET; 
moderada= 4,0 MET; e intensa= 8,0 MET). Desta forma o somatório em MET de 
atividade física/semana foi calculado pela seguinte expressão: total de minutos de 
atividade física leve X 3,3 MET + total de minutos de atividade moderada X 4,0 MET 
+ total de minutos de atividade intensa X 8,0 MET. Cada categoria tinha as variáveis 
dias/semana, horas/semana e minutos/semana. Os dados que não continham 
alguma ou nenhuma das respostas foi considerada perdida e codificada como zero. 
O questionário foi validado internacionalmente pelo centro de estudos do laboratório 
de aptidão física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) em 2000. 
 
 
3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS PLÁSMÁTICOS E IMUNITÁRIOS 
 
 
 3.4.1 Reagentes e Enzimas 
 
 Todos os componentes dos tampões foram obtidos da Reagen Quimibrás 
Indústria Brasileira S/A. Concanavalina A e o meio de cultura (RPMI 1640) foram 
adquiridos da Sigma Chemical Co. St. Louis (EUA). O antibiótico (penicilina e 
estreptomicina) e o soro fetal bovino da Gibco-Brasil. Os anticorpos monoclonais 
utilizados foram obtidos da Clontech - BD Bioscience, EUA. A [2–14C]-timidina (50 
mCi/mmol) foi obtida da New England Nuclear Research Products (Du Pont 
Company – Biotechnology Systems – EUA). 
 
 
3.4.2 Coleta e separação das células sangüíneas 
 
 O sangue dos pacientes foi coletado em tubos previamente heparinizados e 
mantidos sob refrigeração. O sangue foi centrifugado no próprio tubo de coleta a 
1200 rpm por 10 minutos a 4 ºC (Eppendorf modelo 410R). Parte do plasma foi 
aliquotado e o restante transferido para outro tubo falcon de 50 ml, sendo adicionado 
o mesmo volume de tampão fosfato salina (PBS). Em outro conjunto de tubos foi 
pipetado 3 mL de Histopaque-1077 (Sigma Diagnostics) e sobre estes 
acrescentados 8 mL de sangue diluído com PBS. Em seguida, procedeu-se a 
centrifugação a 1200 rpm durante 30 minutos a 12ºC. Ao final desta foi desprezada a 
fase superior e transferida a camada intermediária para outro tubo; duas camadas 
intermediárias foram juntadas em cada tubo (volume 2 mL). Linfócitos e Monócitos 
- a camada constituída de hemáceas e células polimorfonucleares foi transferida 
para um tubo falcon capacidade de 50 mL. O volume do tubo contendo células 
polimorfonucleares foi completado com solução hemolítica com o volume de 50 mL e 
deixado em banho-maria a 37 ºC por 15 minutos. Em seguida, foi centrifugado a 
1200 rpm por 10 minutos a 4ºC e o sobrenadante foi desprezado. Os linfócitos foram 
ressuspendidos em PBS e ao final dessa houve a contagem das células em câmera 
de Neubauer. 
 
 
 
 
3.4.3 Cultivo dos linfócitos 
 
Linfócitos (1,4 x 105 células por poço) foram cultivados em meio de cultura 
RPMI-1640 enriquecido com 10% de soro fetal bovino e 0,1% de antibióticos 
(penicilina 10.000 UmL e estreptomicina 10 mg/L), em placas de 96 poços (volume 
final de 200 µL) a 37º C em atmosfera de 95% O2 / 5% CO2, por 48 horas. Os 
linfócitos foram estimulados com 20 µL/poço de solução (5 µg/mL) do mitógeno 
Concanavalina A (Con A), estimulador da proliferação de linfócitos T. Após 48 h de 
cultivo, foram adicionados 20 µl de uma solução contendo (2-14C)-timidina (0,02 
µCi/poço) e as células cultivadas por um período adicional de 18 horas, sob as 
mesmas condições descritas anteriormente. Ao final das 66 horas de cultivo, os 
linfócitos foram coletados automaticamente em coletor múltiplo (Skatron Combi 
Multiple Cell Harvester, UK) em papel de filtro nº 11731 (Skatron Combi - UK). Neste 
processo não há necessidade de processos extrativos preparatórios para obtenção 
de DNA celular. Os discos de papel contendo os linfócitos com a radioatividade 
incorporada ao seu DNA foram transferidos para tubos contendo 1 mL de líquido de 
cintilação e levados para contagem (COM-contagem por minuto) em contador 
Beckman LS 6500. 
 
 
 3.4.4 Análise de Marcadores de Superfície 
 
A determinação quantitativa dos marcadores de superfície para linfócitos T 
auxiliar (CD4+) e linfócitos T citotóxicos (CD8+) foi realizada através de citômetria de 
fluxo PIZATO et al. (2006). Linfócitos foram ressuspensos em PBS e incubados por 
30 minutos com anticorpos monoclonais contra CD4+, marcado com Phycoerythrin - 
PE (fluorescência laranja-avermelhada; detector FL2; 585 ± 42 nm) e contra CD8+, 
marcado com Fluorescein Isothiocyanate - FITC (fluorescência verde; detector FL1; 
530 ± 30 nm). O excesso de anticorpos foi removido pela lavagem com tampão 
azida PBS (0,05%). 
 
 
 
 
 
3.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS PARA NEUTRÓFILOS 
 
 
3.5.1 Soluções 
 
 Solução de tampão fosfato salina pH 7,4, 10 mM (PBS) foi utilizada como 
meio de diluição para os corantes. O fixador foi o Baker formol-cálcio (formaldeído 
4%, cloreto de sódio 2% e acetato de cálcio 1%). A solução de extração consistiu de 
ácido acético glacial 1% e etanol 50% em água destilada. A solução estoque do 
corante vermelho neutro (Sigma) foi preparada pela dissolução de 20 mg de corante 
em 1 mL de DMSO (dimetil sulfóxido – Sigma) e a solução para uso de rotina é 
preparada pela diluição de 20 µL da solução estoque em 5 mL de PBS. A solução de 
vermelho fenol (Sigma), para os ensaios de produção de H2O2, consiste de 5,5 mM 
de dextrose, 0,56 mM de vermelho fenol e 8,5 U/ml peroxidase “horseradish” 
(Sigma) em PBS pH 7,4 a 340 mOsm, e previamente adiciona-se 0,05% de 
zymosan (2,3 x 108 partículas/mL - Sigma), para os ensaios de fagocitose. Obtém-se 
a solução diluindo-se 40 mg de zymosan em 6 ml de PBS e adicionando-se 600 µL 
de vermelho neutro. 
 
 
3.5.2 Mensuração do ânion superóxido 
 
A geração de superóxido foi estimada através da redução de “nitroblue 
tetrazolium” (NBT – Sigma), um composto amarelo lipossolúvel que se torna 
insolúvel e de cor azul no seu estado reduzido (MADHAVI et al., 1994). Os 
neutrófilos (150 µL) foram incubados por 1 hora com 0,1% de NBT e 10 µL de PMA 
(80 �µM) em PBS a 37 °C. Esta reação foi interrompida pela adição de um volume 
igual de ácido acéticoglacial. Esta mistura foi centrifugada rapidamente (30 
segundos a 10.000 rpm) e o NBT reduzido, presente no sedimento, foi solubilizado 
em 300 µL de ácido acético a 50% e sonicado (1 pulso). Os restos celulares foram 
sedimentados e a absorbância do sobrenadante determinada a 550 nm em 
espectrofotômetro (Ultrospec – 2000). Os dados foram expressos em % de ânion 
superóxido por número de células. 
 
 
 
 
3.5.3 Volume lisossomal 
 
 Para esta análise foi utilizado o método descrito por PIPE et al. (1995), 
onde em placa do tipo ELISA depositou-se 100 µL da solução de neutrófilos e se 
adicionou 20 µL da solução estoque de vermelho neutro (20 mg de vermelho neutro 
em 1 ml de DMSO) a 2%. Após 30 minutos, a placa foi centrifugada por 5 minutos a 
1.500 rpm. O sobrenadante foi descartado e os orifícios lavados com PBS, para 
eliminar o vermelho neutro que não foi internalizado pelas células. Adicionou-se 100 
µL de solução de extração para solubilizar o vermelho neutro que estava dentro dos 
lisossomos. Esta solubilização é possível porque o vermelho neutro é um corante 
catiônico que se difunde através da membrana celular e, uma vez presente no 
lisossomo, fica aprisionado devido à mudança de cargas causada pelo pH ácido do 
sistema lisossomal. Finalmente, após 30 minutos, a absorbância foi mensurada a 
550 nm utilizando-se o “Microplate reader Bio-rad” (Benchmark). 
 
 
 
3.6 ANÁLISES PLASMÁTICAS 
 
 3.6.1 Determinações plasmáticas 
 
A concentração de glicose circulante foi determinada pelo método enzimático 
colorimétrico, utilizando o Kit Glicose da BioTécnica segundo Trinder, 1969 e 
quantificada pela medida de absorbância em 505 nm. A concentração do colesterol 
total, HDL colesterol e triacilglicerol foi medida pelo Kit da Bioliquid descrito por Jung 
et al. e Young, respectivamente, e com leitura de absorbância a 500 nm (colesterol) 
e 540 nm (triacilglicerol) respectivamente. O lactato sérico foi determinado pelo 
método enzimático segundo Eagle & Jones, 1978 e com leitura de absorbância a 
340 nm. Todos os kits foram utilizados segundo as informações do fabricante, cujos 
procedimentos técnicos utilizados seguiram os protocolos descritos nos kits 
comercialmente disponíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 ANÁLISE ESTATÍSTICA 
 
Os dados estão apresentados como média ± erro padrão da média (EPM) e 
foram submetidos inicialmente a análise de variância de uma via (ANOVA) com pós 
teste de Tukey. Quando foi necessário aplicamos também o teste “t” de student 
pareado e não pareado, com nível de significância para p < 0,05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 RESULTADOS 
 
 
A classificação encontrada de atividade física no teste de IPAQ (Questionário 
Internacional de Atividade Física) na versão longa (Anexo 2), em METS min/semana, 
foi de atividade física intensa (Tabela 3) dos indivíduos dos grupos T (n=9) e TS 
(n=19). 
 
 
QUADRO 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS INDIVÍDUOS ESTUDADOS NO 
 DIA ZERO 
 
 
 
POPULAÇÃO 
 
 
 T0 
 
EPM (T0) 
 
EPM TS0 
 
EPM (TS0) 
IPAQ– INTENSA 
(1500 MET – 
min/semana) 
1625 MET – 
min/semana 
0,981 1689 MET- 
min/semana 
1,023 
 
N 
 
 
9 
 
- 
 
19 
 
- 
 
IMC 
(Kg/m2) 
 
 
13,99 
 
1,121 
 
13,53 
 
1,237 
 
% GORDURA 
CORPORAL 
 
 
15,92 
 
1,312 
 
15,66 
 
1,345 
 
% INGESTÃO 
DE 
GORDURA 
 
 
30,95 
 
1,093 
 
30,18 
 
1,131 
 
 
 
 
 
 A proliferação de linfócitos sanguíneos (%) obtidos dos indivíduos não 
suplementados antes ou ao final de 60 dias de exercício, não foi diferente (T0 x 
T60). Os indivíduos treinados suplementados com 2 g de óleo de peixe ao final de 
60 dias (TS60) apresentaram proliferação linfocitária 2,63 vezes maior quando 
comparado o grupo TS0 e de 2,51 vezes maior entre o grupo T60 (p<0,05). Não 
houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não 
suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao 
grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05) (Figura 4). 
 
T0 T60 TS0 TS60
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
*
In
di
c
e
 
de
 
pr
ol
ife
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lin
fó
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s
 
 
(%
)
 
Figura 4. Proliferação dos linfócitos sanguíneos (%) dos indivíduos treinados não 
suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e 
suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 3 ( T0, T60) e 6 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
 
QUADRO 5. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS PROLIFERAÇÃO DE 
 LINFÓCITOS 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 3,690 3,753 3,570 9,415 
±EPM 0,330 1,081 0,242 1,463 
N 3 3 6 6 
 
 
 
 A população CD4+ (Figura 5) no dia zero de suplementação foi de 2,93% em 
104 eventos (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população elevou-se para 10,4%, 
o que significou num aumento de 3,58 vezes (p<0,05). Ainda, quando comparado ao 
grupo sem suplementação ao final de 60 dias (T60), o aumento foi de 3,83 vezes 
(p<0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos no inicio do experimento, 
treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando 
comparado ao grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). 
T0 T60 TS0 TS60
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
*
De
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CD
4+
(%
 
e
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10
4 
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n
to
s
)
 
 
Figura 5. Determinação da população linfocitária CD4+ circulante dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 3 ( T0, T60) e 7 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
 
QUADRO 6. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DETERMINAÇÃO 
 POPULAÇAO LINFOCITÁRIA CD4+ 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 2,857 2,680 2,931 10,370 
±EPM 1,672 1,490 0,905 3,165 
N 3 3 7 7 
 
 
 
 
 A determinação quantitativa da população de linfócitos CD8+ (Figura 6) 
representada em % células no dia zero de suplementação foi de 8,5% em 104 
eventos (TS0) ao final de 60 dias (TS60), esta população diminuiu para 6,1%, o que 
significou numa redução em 1,4 vezes (p<0,05). O mesmo foi observado quando 
comparado ao grupo não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não 
houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não 
suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao 
grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). 
T0 T60 TS0 TS60
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
*
De
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o
 
da
 
po
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la
çã
o
 
CD
8+
(%
 
e
m
 
10
4 e
v
e
n
to
s)
 
Figura 6. Determinação da população linfocitária CD8+ circulante dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 4 ( T0, T60) e 13 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
QUADRO 7. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃOPOPULAÇAO LINFOCITÁRIA CD8+ 
 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 8,535 8,430 8,576 6,105 
±EPM 1,834 2,419 1,004 0,627 
N 4 4 13 13 
 
 
 
 A produção de ânion superóxido pelos neutrófilos sanguíneos (Figura 7) no 
dia zero da suplementação foi de 0,12% em absorbância 105 células (TS0) ao final 
de 60 dias (TS60), esta população elevou-se para 0,28%, o que significou num 
aumento de 2,3 vezes p<0,05. O mesmo foi observado quando comparado ao grupo 
treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença 
significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado 
(T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado 
suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). 
 
 
T0 T60 TS0 TS60
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
*
Ab
s
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10
5 
cé
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la
s
 
Figura 7. Produção de ânion superóxido pelos neutrófilos sanguíneos dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
QUADRO 8. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA PRODUÇÃO ÂNION 
 SUPERÓXIDO PELOS NEUTRÓFILOS 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 0,1211 0,1222 0,1249 0,2810 
±EPM 0,027 0,0135 0,0251 0,0200 
N 5 5 19 19 
 
 
 O volume lisossomal (Figura 8) pelos neutrófilos sanguíneos no dia zero da 
suplementação foi de 0,18 em absorbância.105 células (TS0) ao final de 60 dias 
(TS60), esta população elevou-se para 0,23, o que significou num aumento de 1,26 
vezes p<0,05. O mesmo foi observado quando comparado ao grupo treinado não 
suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). Não houve diferença significativa 
entre os grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final 
de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no 
dia zero (TS0) (p>0,05). 
 
T0 T60 TS0 TS60
0.0
0.1
0.2
0.3
*
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ân
c
ia
 
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10
5 
cé
lu
la
s)
 
 
 Figura 8. Volume lisossomal dos neutrófilos sanguíneos dos indivíduos treinados 
não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e 
suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 8( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
QUADRO 9. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO DO 
 VOLUME LISOSSOMAL 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 0,1884 0,1930 0,1836 0,2316 
±EPM 0,0425 0,0282 0,0218 0,0153 
N 8 8 19 19 
 
 
 
 A concentração plasmática de colesterol (mg/dl) nos indivíduos do grupo 
treinado suplementado no dia zero foi de 157,8 (Figura 9). Ao final de 60 dias de 
suplementação com óleo de peixe a concentração de colesterol foi de 142,4, o que 
significou numa queda de 1,10 vezes (p<0,05). Quando comparado ao grupo 
treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) essa redução foi de 1,08, 
contudo não foi significativa (p>0,05). Não houve diferença significativa entre os 
grupos, no inicio do experimento treinado não suplementado (T0) e ao final de 60 
dias (T60), bem como quando comparado ao grupo treinado suplementado no dia 
zero (TS0) (p>0,05). 
T0 T60 TS0 TS60
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
9 0
1 0 0
1 1 0
1 2 0
1 3 0
1 4 0
1 5 0
1 6 0
1 7 0
*
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(m
g/
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)
 
Figura 9. Concentração plasmática de colesterol dos indivíduos dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 8( T0, T60) e 16 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
QUADRO 10. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO 
 CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE COLESTEROL 
 
Dados T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 157,3 154,2 157,8 142,4 
±EPM 6,56 11,89 7,18 8,01 
N 8 8 16 16 
 
 
 
 A concentração plasmática de colesterol HDL (mg/dl) não foi diferente entre os 
grupos (p>0,05) (Figura 10). 
 
 
T0 T60 TS0 TS60
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Co
le
s
te
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DL
 
(m
g/
dL
)
 
 
Figura 10. Concentração plasmática de colesterol HDL (mg/dl) dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 13 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. 
 
 
 
QUADRO 11. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO 
 CONCENTRAÇÃOPLASMÁTICA DE COLESTEROL HDL 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 31,97 35,72 39,96 37,65 
±EPM 2,605 1,524 1,758 3,621 
N 5 5 13 13 
 
 
 
 A concentração plasmática de triacilglicerol (mg/dl) nos indivíduos do grupo 
treinado suplementado no dia zero foi de 123,5 (Figura 11). Ao final de 60 dias de 
suplementação com óleo de peixe a concentração de colesterol foi de 86,7, o que 
significou numa queda de 1,4 vezes (p<0,05). O mesmo foi observado quando 
comparado ao grupo treinado não suplementado ao final de 60 dias (T60) (p<0,05). 
Não houve diferença significativa entre os grupos, no inicio do experimento treinado 
não suplementado (T0) e ao final de 60 dias (T60), bem como quando comparado ao 
grupo treinado suplementado no dia zero (TS0) (p>0,05). 
 
T0 T60 TS0 TS60
0
2 5
5 0
7 5
1 0 0
1 2 5
1 5 0
1 7 5
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e
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(m
g/
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Figura 11: Concentração plasmática de triacilglicerol (mg/dl) dos indivíduos 
treinados não suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados 
e suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 5 ( T0, T60) e 15 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. * p < 0,05 vs T60 e TS60. 
 
 
QUADRO 12. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO 
 CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE TRIACILGLICEROL 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 122,9 123,8 123,5 86,77 
±EPM 40,39 34,79 17,17 10,49 
N 5 5 15 15 
 
 
 
 A concentração plasmática de glicose (mg/ dl) não foi diferente entre os 
grupos (p>0,05) (Figura 12). 
 
T0 T60 TS0 TS60
0
25
50
75
100
Gl
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e
m
ia
 
(m
g/
dL
)
 
Figura 12. Concentração plasmática de glicose (mg/dl) dos indivíduos treinados não 
suplementados no dia zero (T0) e ao final de 60 dias (T60), treinados e 
suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 8 ( T0, T60) e 17 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. 
 
 
QUADRO 13. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO 
 CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE GLICOSE 
 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 91,73 87,94 89,82 89,54 
±EPM 4,121 6,822 2,578 4,561 
N 8 8 17 17 
 
 
 
 
 
 Os concentração de lactato sanguíneo (µmol/l) não foi diferente entre os 
grupos (p>0,05) (Figura 13). 
 
 
T0 T60 TS0 TS60
0.0
0.5
1.0
1.5
La
tic
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em
ia
 
(µµ µµ
m
o
l/m
L)
 
 
Figura 13. Concentração plasmática de lactato dos indivíduos treinados não 
suplementados no dia zero (T0) e ao final de60 dias (T60), treinados e 
suplementados com óleo de peixe no dia zero (TS0) e após 60 dias (TS60). Os 
dados representam a média ± EPM de 6 ( T0, T60) e 19 (TS0, TS60) indivíduos por 
grupo. 
 
 
 
 
QUADRO 14. MÉDIA, EPM E N DOS RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO 
 CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE LACTATO 
 
DADOS T0 T60 TS0 TS60 
MÉDIA 1,395 1,292 1,342 1,221 
±EPM 0,0908 0,0622 0,0573 0,074 
N 6 6 19 19 
 
 
 
 
6 DISCUSSÃO 
 
Ácidos graxos são importantes constituintes das células, exercendo função 
estrutural, energética, sinalizadora, imunitária, entre outras. Os ácidos graxos n-3 e 
n-6, em especial, têm a habilidade de modularem a resposta imunitária (CURI, 
2002). Outro fator que tem a mesma habilidade é a atividade física. Se praticada 
com intensidade leve até moderada tem ação estimulatória, se com alta intensa tem 
efeito imunossupressor, levando a diminuição da proliferação dos linfócitos, atividade 
dos neutrófilos, razão CD4+/CD8+ e a produção de anticorpos (NIEMAN, 2001) e 
(MACKINNON, 2000). 
 Neste estudo, indivíduos humanos adultos praticantes de atividade física intensa, 
suplementados com 2g por dia de óleo de peixe rico em ácido graxo n-3, durante 60 
dias, foram avaliados quanto a possível ou não associação da dieta e atividade física 
como potencializadores da imunomodulação. 
A confirmação da intensidade física foi demonstrada no quadro 4 pelo teste 
de IPAQ. Os indivíduos treinados no inicio (T0) e ao final de 60 dias (T60) não 
tiveram alteração da proliferação dos linfócitos, o que demonstra que o exercício não 
causou, ao longo do treinamento, imunossupressão (Figura 4). A associação da 
atividade física com a suplementação com óleo de peixe (TS60) pós 60 dias elevou 
a proliferação linfocitária em 2,6 vezes (Figura 4), a população CD4+ em 3,5 vezes 
(Figura 5) e a redução da população CD8+ em 1,4 vezes (Figura 6). Estes achados 
nos sugerem que a associação da dieta com a atividade física foi hábil em elevar a 
resposta proliferativa dos linfócitos bem como da população CD4+. O efeito da 
diminuição das células CD8+ em 1,4 vezes e o aumento das células CD4+ em 3,5 
promoveu de forma modesta a razão CD4+/CD8+. Tem sido demonstrado que óleo 
de peixe, rico em ácido graxo n-3, tem capacidade estimulatória (ROBINSON et. al., 
2001, CALDER, 1995 e CALDER, et al., 2002) ou inibitória (THIES et al, 2001, 
SANDERSON, et al., 1993; CALDER, 1995) sobre o sistema de defesa. As 
diferentes respostas nestes estudos são explicadas pela dose usada de ácido graxo 
n-3, onde os estudos que utilizaram doses baixas tiveram ação imunoestimulatória e 
àqueles que utilizaram doses altas, ações inibitórias. 
Arrington e colaboradores (2001) mostraram que a dieta com ácidos graxos 
poliinsaturados modula a ativação de subsets de células T, em camundongos. 
Quando linfócitos esplênicos T CD4+ e T CD8+, obtidos de camundongos 
alimentados com dieta com 2% foram analisados quando a proliferação, foi 
 
 
demonstrado que a dieta com ômega-3 aumentou a população Th2 CD4+ via IL-4 e 
diminuiu a IL-2 que induziria ao fenótipo Th1. Colocando isto em outras palavras, 
temos que os efeitos anti-inflamatórios dos ácidos graxos n-3 podem resultar tanto 
da supressão direta da ativação das células Th1 IL-2 induzida e a supressão indireta 
das células Th1 por função regulatória cruzada elevada das células Th2. 
Ácidos graxos de cadeia longa, EPA e DHA, são os principais componentes 
do óleo de peixe. Quando administrados isolados tem efeitos distintos. Quando DHA 
é administrado a camundongos, há uma relação oposta entre DHA e expressão de 
CD4+ e CD8+. Em outras palavras, a medida que a concentração de DHA elevou-se 
foi observado redução na expressão dos marcadores de superfície CD4+ e CD8+ 
(SASAKI, 1999). Interessantemente, este ácido graxo de cadeia longa eleva o 
número de linfócios CD28+, ou seja, há uma imunomodulação negativa para CD4+, 
CD8+ e positiva para CD28+. Portanto, a expressão reduzida dessas moléculas de 
superfície envolvidas na proliferação das células T tem sérias implicações no papel 
do DHA como imunossupressor (SASAKI, 2006). 
O mecanismo pelo qual o ácido graxo n-3 altera a proliferação das células T 
ainda não está claro. Um possível mecanismo de ação é pela síntese de 
eicosanóides. Prostaglandina E2 derivada do ácido araquidônico é imunoesimulador 
e os derivados do EPA, a prostaglandina E3, não tem efeito imunoestimulador 
(CALDER, 1995). Assim, a ingestão de EPA diminuiu a produção dos eicosanóides 
derivados do ácido araquidônico e aumentou à dos derivados do EPA. Como esses 
eicosanóides regulam a proliferação de linfócitos, a alteração da produção desses 
eicosanóides não foi suficiente para reduzir a proliferação de linfócitos como 
esperado pela ação do EPA. Como a dose que administramos aos atletas não foi 
elevada esta, possivelmente, teve o efeito estimulador já demonstrado em outros 
estudos. Outros possíveis mecanismos podem participar desta resposta não devem 
ser descartados e devem ser investigados. Em adição ao aumento da proliferação 
das células T, também encontramos diminuição da proporção de células CD8+. 
Como as células CD8+ podem agir como supressoras da resposta imunitária, a 
diminuição do número dessas células pode ser responsável pelo aumento da 
resposta proliferativa das células T (CALDER, 2002). 
Os neutrófilos representam 50-60% do pool de leucócitos circulantes e 
destróem o agente invasor por fagocitado e pela produção de radicais livres 
derivados de oxigênio e nitrogênio. 
 
 
 Na figura 7, houve aumento da produção de ânion superóxido de hidrogênio 
quando o grupo treinado suplementado ao final de 60 dias (TS60), foi comparado 
com os grupos T60 e TS0, com diferença estatística (p<0,05). 
 Uma das explicações para que ocorra o aumento da produção de ânion 
superóxido de hidrogênio de neutrófilos no grupo suplementado com óleo de peixe é 
de que as enzimas que resultam na síntese de ânion superóxido são reguladas por 
eicosanóides, citocinas, como os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa 
ômega 3 afetam na produção de eicosanóides e citocinas, e estas, podem afetar a 
produção das espécies reativas do oxigênio e estes compostos são capazes de 
regular as atividades citotóxica dos neutrófilos (CALDER, 2001). 
 Observamos que houve também aumento da retenção lisossomal de 
neutrófilos em indivíduos suplementados com óleo de peixe (TS60), esta elevou-se 
de 1,26 vezes quando comparada à dos grupos T60 e TS0 (Figura 8). Uma possível 
explicação pode ser o fato de que as dietas em n-3 podem diminuir a síntese de 
leucotrienos da série B4, já que a via metabólica do n-3 estimulam o leucotrienos da 
série impar e n-6 da série par, devida a natureza competitiva entre n-3 e n-6, a 
suplementação de n-3 inibiria os leucotrienos da série B4, os quais são 
considerados agentes desgranuladores, dessa forma, pode haver uma maior 
retenção lisossomos (CURI, 2002). 
Apesar das hipóteses serem favoráveis a uma imunoestimulação positiva, é 
importante ressaltar que a presença de antioxidantes na dieta, atividade física de 
alta intensidade, nutrição desbalanceada, com deficiências de alguns nutrientes 
podem também influenciar na funcionalidade das células do sistema imunitário. 
Philpott & Ferguson (2004) em uma grande revisão associaram a nutrição ao 
sistema imunitário trazendo benefícios ou malefícios sobre o sistema imune. Por isso 
muitos resultados obtidos sobre os efeitos dos lipídeos no sistema imune, algumas 
vezes não devem ser comparados. 
Tem sido demonstrado que tanto exercício aeróbico quanto a ingestão de 
óleo de peixe são capazes de reduzir os lipídeos do plasma (CURI, 2002). Yeater e 
cols., 1989 demonstraram que a combinação de ambas abordagens foi hábil em 
reduzir a concentraçãode colesterol-LDL. Em nosso trabalho, demonstramos que a 
concentração de colesterol total (Figura 9) e de triacilglicerol (Figura 11) na 
circulação também foram reduzidas quando da associação de exercício e óleo de 
peixe, o que se soma aos achados dos estudos de Yeater e colaboradores (1989). 
Por outro lado, não houve alteração na concentração de HDL-colesterol (Figura 10). 
 
 
Tem sido defendido por muitos estudos o uso de ômega-3 e exercício no tratamento 
de dislipidemias devido aos seus efeitos de elevar a concentração de HDL-colesterol 
(STANTON, 1997). No nosso trabalho não fomos capazes de demonstrar este 
fenômeno porque nossos indivíduos já eram praticantes de atividade física. O que os 
dados nos permitem mostrar foi que a associação de suplementação e atividade 
física não foi hábil em elevar a concentração do HDL, mas foi eficaz em reduzir os 
lipídeos que são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de doença 
cardiovascular e tem sido observado em pacientes cardíacos (PATSCH, 1992). De 
fato, Smith (2004) estudou em indivíduos recreacionalmente ativos o efeito da 
atividade física combinada com ácido graxo n-3. Eles observaram um efeito aditivo 
desta abordagem em reduzir a lipemia pós-prandial após uma refeição rica em 
gordura. Outro trabalho que examinou também a mesma abordagem foi o de 
Thomas (2000), contudo em indivíduos sedentários. Estes encontraram que os 
efeitos observados em indivíduos treinados não acontecem em sedentários. Estes 
dois dados contraditórios nos permitem sugerir que indivíduos ativos podem 
realmente experimentar maior benefício da combinação de suplementação e 
atividade física quanto a redução da lipemia. Baseado nestas informações é justo 
perguntar se indivíduos sedentários praticarem exercícios e forem suplementados 
com ômega-3 quando tempo demorará a ser observado os efeitos benéficos 
demonstrados? Esta resposta pode ser obtida ao analisar-se o trabalho de Warner 
(1989). Estes autores examinaram o efeito combinado de 12 semanas de 
treinamento de exercício aeróbico com suplementação com ômega-3 sobre os 
lipídeos de indivíduos sedentários hiperlipidêmicos. Eles mostram que após 4 
semanas já foi encontrado o efeito benéfico desta combinação. Portanto, podemos 
responder a questão acima que os efeitos benéficos ocorrem rapidamente, em 
menos de 4 semanas, em indivíduos sedentários. Estes dados e os nossos 
representam os efeitos em curto prazo desta combinação e no nosso caso, 
indivíduos treinados. Seria interessante no futuro alguém examinar a combinação de 
ambas as abordagem e seus efeitos em longo prazo. Em adição e talvez tão 
importante ou mais, seria qual o efeito desta combinação em prevenir o 
desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Obviamente estas questões devem 
ser examinadas no futuro. 
Não encontramos nenhuma alteração na glicemia e laticidemia (Figuras 12 e 
13), como seria de se esperar. Ou seja, não houve nenhuma modificação nestes 
importantes parâmetros que são alterados na presença de atividade física ou de 
 
 
ingestão de gordura. Em adição, por estarmos ministrando ácido graxo 
poliinsaturado, os quais são mais propensos a peroxidação, é legítimo perguntar se 
não estaríamos tendo como efeito colateral a pró-oxidação tecidual e celular. Na 
verdade, Atalay e colaboradores (2000) demonstraram que ratos, em repouso ou 
após exercício agudo, quando suplementados com óleo de peixe, apresentaram 
maior atividade da catalase, glutationa peroxidase e glutationa-S-transferase no 
fígado e porção vermelha do músculo gastrocnêmio. Em outras palavras, mesmo 
tendo maior incorporação de ácidos graxos poliinsaturados em suas membranas, os 
tecidos tem sua “bateria” anti-oxidante melhorada. O mecanismo molecular que leva 
a este fenômeno não é sabido e necessita ser determinado. 
 
 
 
 
 7 CONCLUSÃO 
 
 A associação da suplementação com óleo de peixe a atividade física, nestes 
indivíduos, foi hábil em aumentar função de neutrófilos, proliferação de linfócitos 
CD4+e reduzir à de CD8+. Ainda, reduzir a concentração de lipídeos envolvidos com 
risco de doenças cardiovasculares. Sendo assim, parece lícito afirmar que o óleo de 
peixe pode ser utilizado como coadjuvante, no combate de doenças do ITRS, 
aliando estratégias anti-sedentarismo e hábitos alimentares saudáveis, na busca da 
melhoria na qualidade de vida, dos indivíduos com desordens imunitária e nos 
permitem sugerir que indivíduos ativos podem realmente experimentar maior 
benefício da combinação de suplementação e atividade física quanto a redução da 
lipemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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