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Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 1 Caro aluno, É com imenso prazer que nos encontramos no PONTO DOS CONCURSOS para esta jornada em busca de um excelente resultado na disciplina de ATUALIDADES no concurso do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO para o cargo de TÉCNICO FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO – AUDITORIA GOVERNAMENTAL. O concurso oferece 42 vagas, com a excelente remuneração inicial de R$ 7.938,36. É um ótimo número de vagas, com uma ótima remuneração. Assim, caro aluno, umas das vagas será sua! Antes de dizer como será o seu curso, vou me apresentar. Sou Leandro Signori, gaúcho de Lajeado. Ingressei no serviço público com 21 anos e já trabalhei nas três esferas da administração pública – municipal, estadual e federal - o que tem sido de grande valia para a minha formação profissional – servidor e docente. Nas Prefeituras de Porto Alegre e São Leopoldo desenvolvi minhas atividades nas respectivas secretarias municipais de meio ambiente; na administração estadual, fui servidor da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), estatal do governo do Rio Grande do Sul. Fui também, durante muitos anos, servidor público federal, como geógrafo, no Ministério da Integração Nacional, onde trabalhei com planejamento e desenvolvimento territorial e regional. Graduei-me em Geografia – Licenciatura - pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e – Bacharel - pelo UNICEUB em Brasília. A oportunidade de exercer a docência e poder alcançar o conhecimento necessário para a aprovação dos meus alunos me inspira diariamente e me traz grande satisfação. Como professor em cursos preparatórios on line e presencial Aula 00 – Economia Internacional Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 2 ministro as disciplinas de Atualidades, Conhecimentos Gerais, Realidade Brasileira, Geografia, Direito Ambiental e Meio Ambiente. OK, professor, e como será o nosso curso? Será um curso completo de teoria e exercícios focado no estilo da banca, no qual vamos contemplar os seguintes conteúdos: ATUALIDADES: 1 Tópicos atuais no Brasil e no mundo, relativos a economia, política, saúde, sociedade, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, educação, energia, ciência e tecnologia. Fique bem tranquilo se você não conhece ou conhece pouco os conteúdos relacionados nos tópicos. A sistemática do curso, a estrutura de distribuição dos conteúdos e as questões comentadas farão com que, ao final das aulas, você esteja preparado para um ótimo desempenho na disciplina ao fazer a prova. Ao todo serão seis aulas, incluindo esta aula demonstrativa, cuja estrutura é a seguinte: Aula Conteúdo Programático 00 Economia Internacional 01 Política, Conflitos e Sociedade Internacional 02 Economia Brasileira 03 Política e Sociedade Brasileira - I 04 Política e Sociedade Brasileira - II 05 Ecologia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável A distribuição das aulas, neste formato, visa otimizar a diversidade dos conteúdos e sua interconexão em grandes temas. Nos meus cursos tenho por hábito incluir muitas questões, assim, até final deste curso, vou disponibilizar mais de 400 questões comentadas, sendo a grande maioria do Cespe. Você Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 3 vai ficar supertreinado no estilo Cespe de questões de Atualidades. Ao fazer esta grande quantidade de questões, você perceberá claramente os assuntos mais cobrados pelo Cespe. Entra ano e sai ano, entra prova e sai prova e lá está um determinado grupo de assuntos que predomina nas provas de Atualidades do Cespe. Em cada aula, no desenvolvimento da teoria, estou inserindo questões logo após os assuntos explanados, para que você veja como a nossa disciplina é cobrada pelas bancas. Elas também serão relacionadas nas questões propostas, de modo que você poderá resolvê-las antes de iniciar a leitura da teoria. Na parte teórica seremos objetivos, todavia, sem deixar de fora nenhum conteúdo e sem esquecer dos detalhes cobrados pelo Cespe. Vamos ver as pegadinhas e as cascas de banana que são colocadas para escorregarmos na questão. Também vou usar várias figuras, tabelas, gráficos e mapas de forma a sintetizar e esquematizar o conteúdo. Grave bem eles. Ao final de cada aula você contará com um completo resumo, o Memorex. Por fim, quero lhe dizer que as nossas apostilas são grandes, mas não se preocupe, não há conteúdo em excesso. A grande maioria das páginas são de exercícios. Ah, ainda teremos um bônus, uma aula extra. Explico: O Ponto dos Concursos está com uma nova ferramenta de ensino, na modalidade de Aula ao Vivo. É uma ferramenta complementar às aulas por apostilas. Nela, por meio da internet, o professor ministra uma aula ao vivo, em tempo real para os seus alunos, que podem fazer perguntas, interagir, dialogar com o professor. Assim, além das apostilas, vamos ter uma aula ao vivo, que vai ser após a última apostila disponibilizada. Nesta aula vou fazer uma revisão e trazer dicas finais sobre os assuntos com maior possibilidade de serem cobrados na prova objetiva. Serão bizus quentíssimos de reta final e revisão de estudos. O dia e o horário da aula vou divulgar na apostila da Aula 03. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 4 Mas atenção, esta aula não será gravada e não será disponibilizada no site do Ponto. Para tanto, quando a aula for marcada, caro aluno, você terá que se programar para participar. Só terão acesso à aula, os alunos que adquiriram o curso pelo Ponto dos Concursos. Quem comprou na pirataria ou por meio de terceiros vai ficar de fora desta aula especialíssima. Muitos candidatos pensam que Atualidades é uma disciplina fácil, que é só ler um bom jornal e assistir o noticiário das televisões. Ledo engano, na hora da prova acabam sabendo que não é bem assim. Por isto, ao adquirir este curso de Atualidades você já sairá na frente da concorrência. O nível das questões de Atualidades do Cespe é alto, com assertivas bem elaboradas, contextualizadas e raramente pontuais. Por outro lado, o nível dos candidatos também está muito elevado, de modo que todas as disciplinas são importantes. Atualidades pode fazer a diferença! Se você gabaritar a disciplina e acertar todas as questões, conquistará preciosos pontos em relação à concorrência. E eu estou aqui para lhe preparar para gabaritar a disciplina de Atualidades. Sim, é disso que estamos falando. Você quer, pode e vai gabaritar a disciplina. Como professor faço uma permanente análise do que as bancas estão cobrando. Assim, preparo um curso abrangente, mas cirúrgico, com os conteúdos que realmente caem e com os que têm probabilidade de cair. Quem quiser também pode me seguir no Facebook curtindo a minha fan page. Nela divulgo gabaritos extraoficiais de provas, publico artigos, compartilho notícias e informações importantes do mundo atual. Segue o link: https://www.facebook.com/leandrosignoriatualidades. Sem mais delongas, vamos aos estudos, porque o nosso objetivo é que você tenha um excelente desempenho em Atualidades. Atualidades – Teoria e Exercícios– TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 5 Para isso, além de estudar, você não pode ficar com nenhuma dúvida. Portanto, não as deixe para depois. Surgindo a dúvida, não hesite em contatar- me no nosso Fórum. Estou aqui neste curso, muito motivado, caminhando junto com você, procurando passar o melhor conhecimento para a sua aprendizagem e sempre à disposição no Fórum de Dúvidas. Ótimos estudos e fiquem com Deus! Forte Abraço. Professor Leandro Signori leandro.signori@pontodosconcursos.com.br “Tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:13) Sumário 1. Origens e características globalização 2. Neoliberalismo e Consenso de Washington 3. Blocos econômicos 4. Cenário Econômico Atual 4.1 A Crise Econômica Mundial 4.2 Recuperação a Passos Lentos 5. Concentração da riqueza 6. Comércio Internacional 7. A China 8. Organizações e grupos internacionais 9. Memorex 10. Questões comentadas 11. Questões propostas Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 6 1. Origens e características globalização Para entendermos a globalização, é preciso saber que o fenômeno em si começou há muito tempo. Os primeiros passos rumo à conformação de um mercado mundial e de uma economia global remontam aos séculos XV e XVI, com a expansão ultramarina europeia. A chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, deu início ao que alguns historiadores chamam de primeira globalização. O desenvolvimento do mercantilismo estimulou a procura de diferentes rotas comerciais da Europa para a Ásia e a África, gerando grande quantidade de riquezas para alguns países e a grande burguesia europeia. Esses lucros, somados ao ouro e à prata extraídos das minas do continente americano forneceram a base para a Revolução Industrial no fim do século XVIII. Por sua vez, a Revolução Industrial desenvolveu o trabalho assalariado e o mercado consumidor. As descobertas científicas e as invenções provocaram grande expansão dos setores industrializados e possibilitaram a exportação de produtos mundo afora. No fim do século XIX, começam a surgir as corporações multinacionais, industriais e financeiras, que vão se reforçar e crescer durante o século XX. O mercado mundial estava, então, atingindo todos os continentes. Porém, a interdependência econômica entre as nações vai ficar evidente com a depressão norte-americana de 1929 – quebra da Bolsa de Valores de Nova York - que teve consequências negativas no mundo todo. A partir dos anos 1990, acentua-se a integração da economia global por meio da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. A internet, rede mundial de computadores, revelou-se a mais inovadora tecnologia de comunicação e informação do planeta. As trocas de informações (dados, voz e imagens) tornaram-se quase instantâneas, o que acelerou em muito a integração das atividades econômicas. A revolução tecnológica possibilitou ao capital uma veloz circulação pelo globo, facilitando os investimentos diretos e os movimentos especulativos. As cadeias produtivas se espalharam pelo mundo, com empresas transferidas (relocalizadas) para países com menor custo de produção (salários, impostos etc.). Bem, aqui faço uma pausa para deixar claro que a globalização atual não é um processo acabado. É um processo em curso e trata-se de uma nova fase do capitalismo financeiro, comandada pelos países ricos e por grandes empresas transnacionais. O poder dessas empresas ultrapassa cada vez mais o poder das economias nacionais. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 7 A característica central desse período globalizante é a interdependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimentos sociais. Cabe destacar que o desmantelamento do sistema socialista foi importante fator que contribuiu para a globalização e a expansão mundial do capitalismo. A derrocada dos regimes comunistas, a partir de 1989, fez com que as antigas nações socialistas se integrassem ao mercado global capitalista nos anos subsequentes. Historicamente, as ideias do neoliberalismo contrapõem-se às do keynesianismo – ideário formulado pelo economista John Keynes (1883-1946), dominante no período do pós-guerra, a partir de 1945 –, que defendia uma presença ativa do Estado na economia como forma de impulsionar o desenvolvimento (um exemplo da política de Keynes foi o New Deal, adotado nos EUA após a quebra da Bolsa em 1929, com maciços investimentos estatais para reativar a economia). A ascensão do neoliberalismo na década de 1980 se dá na contramão do keynesianismo. Nas últimas duas décadas, a expansão do comércio global resultou na intensificação do fluxo de capitais entre os países. A busca de maior lucratividade levou as empresas a investirem cada vez mais no mercado financeiro, que se tornou o centro da economia globalizada. A atual mobilidade do mercado mundial permite também que grandes empresas façam a relocalização de suas fábricas – nome que se dá ao fechamento de unidades de produção em um local e sua abertura em outra região ou outro país. Esse mecanismo é globalmente usado para cortar gastos com mão de obra, encerrando a produção em países nos quais os salários são maiores, para organizar a produção onde há menos custos – também de impostos e infraestrutura produtiva. À medida que as nações reduzem suas barreiras comerciais no contexto da globalização, a fabricação em qualquer ponto do mundo e a exportação para outros mercados torna-se cada vez mais rentável. Consequências da globalização A produção e o comércio mundial crescem com a globalização. Mas a riqueza concentra-se num pequeno grupo de países, e isso reforça a desigualdade entre as nações. A redução das tarifas de importação é um dos motivos que explicam essa concentração de renda. Beneficiou muito mais os produtos exportados pelos mais ricos. Os mais pobres não têm conseguido exportar produtos agrícolas para os mais ricos, pois estes subsidiam a produção interna. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 8 Em períodos de crise econômica, os resultados da globalização são dramáticos para os países pobres, pois geram um custo social altíssimo. Ocorre o barateamento da mão de obra, o aumento do desemprego e da exclusão social. Outra consequência da globalização é o aumento da migração de pessoas dos países pobres para os países ricos. A globalização não beneficiou a todos. A riqueza concentra-se nas mãos de poucos. Os grupos com rendimentos mais elevados tornaram-se muito mais ricos e as desigualdades sociais aumentaram. O gráfico abaixo mostra 58 anos de comércio mundial. Há um crescimento enorme das exportações dos EUA e da Europa em relação ao resto do mundo. O crescimento da Ásia é, sobretudo, de Japão e China. Note que a desigualdade se acentua com a globalização (anos 1990). Os países ricos concentram a venda de tecnologia de ponta, com alto valor agregado, e os países pobres, a venda de matérias-primas. Fonte: OMC (CESPE/TCU/2008 – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Ao apresentar a perspectiva local como inferior à perspectiva global,como incapaz de entender, de explicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade do mundo contemporâneo, a concepção global Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 9 atualmente dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um único código unificador de comportamento humano, e abre o caminho para a realização do sonho definitivo de economias globais de escala. Como resultado deste processo, o "modelo econômico" alcança sua perfeição, que não é somente descrever o mundo, mas efetivamente governá-lo. E esta é a essência mesma do paradigma moderno de desenvolvimento e de progresso, cujo estágio supremo de perfeição a globalização representa. Fica claro que a escala não poderia ser melhor ou maior do que sendo global e é somente neste nível que a sua primazia e universalidade são finalmente afirmadas, junto com a certeza de que jamais poderia surgir alguma alternativa viável ao sistema ideologicamente dominante fundado no livre mercado, dada a ausência de qualquer cultura ou sistema de pensamento alternativo. Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, creio que não poderemos escapar da conclusão de que o processo é totalmente coerente com as premissas da ideologia econômica que têm se afirmado como a forma dominante de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, aproximadamente. A globalização não é, portanto, um acontecimento acidental ou um excesso extravagante, mas uma extensão simples e lógica de um "argumento". Parece realmente muito difícil conceber um resultado final que fizesse mais sentido e fosse mais coerente com as bases ideológicas sobre as quais está fundado. Em suma, a globalização representa a realização acabada e a perfeição do projeto de modernidade e de seu paradigma de progresso. G. Muzio. A globalização como o estágio de perfeição do paradigma moderno: uma estratégia possível para sobreviver à coerência do processo. Trad. Luís Cláudio Amarante. In: Francisco de Oliveira e Maria Célia Paoli (Org.). Os sentidos da democracia. Políticas do dissenso e hegemonia global. 2.ª ed. Petrópolis - RJ: Vozes; Brasília: NEDIC, 1999, p. 138-9 (com adaptações). Tendo o texto apresentado como referência inicial e considerando aspectos marcantes da realidade econômica e política mundial contemporânea, julgue o item que se segue. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 10 Sob o ponto de vista econômico, a globalização dos dias atuais é decorrência de um longo processo histórico, impulsionado, a partir da Revolução Industrial, pela expansão imperialista e neocolonialista iniciada em meados do século XIX. COMENTÁRIOS: O atual período de globalização, no qual vivemos, possui raízes na Revolução Industrial, na expansão imperialista e neocolonialista iniciada em meados do século XIX. A industrialização do continente Europeu marcou um intenso processo de expansão econômica. O crescimento dos parques industriais e o acúmulo de capitais fizeram com que as grandes potências econômicas da Europa buscassem a ampliação de seus mercados e procurassem maiores quantidades de matéria-prima disponíveis a baixo custo. Nesse contexto, a partir do século XIX, essas nações buscaram explorar regiões na África, Ásia e Oceania, dominando povos e territórios e implantando colônias, em um processo conhecido como neocolonialismo. O imperialismo nada mais é do que a política de expansão e dominação territorial, econômica e cultural de um país sobre outros ou sobre uma ou várias regiões geográficas. O imperialismo contemporâneo pode também ser denominado de neocolonialismo, por possuir muitas semelhanças com o colonialismo dos séculos XV a XIX. O fim da Segunda Guerra Mundial (1945) marca o início da descolonização da África, Ásia e Oceania e o início da globalização moderna. Gabarito: Certo 2. Neoliberalismo e Consenso de Washington O Consenso de Washington consiste em linhas gerais, em uma cartilha teórica que define as diretrizes que a globalização deve seguir, sob a ideologia neoliberal. O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus defensores, a presença do Estado na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Entre os princípios formadores da ideologia neoliberal, detalhados no Consenso de Washington e presentes na globalização econômica, destacam-se: a) Liberdade de mercado: Consiste na eliminação de todos os dispositivos que atrapalhem o livre funcionamento dos investimentos e do comércio, tais como excesso de impostos, de leis e de regras que inibam as transações financeiras ou limitem fusões e incorporações de empresas. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 11 b) Mínima participação do Estado na economia: Traduz a crença de que o Estado é ineficiente, atrapalha o livre funcionamento dos mercados, administra mal os recursos e, ao não se modernizar no mesmo ritmo das empresas privadas, suas empresas geram menos lucros e ofertam produtos de pior qualidade. Por isso, essas empresas devem ser privatizadas (vendidas para particulares), incentivando a concorrência, barateando preços e melhorando a qualidade dos serviços e das mercadorias. c) Redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos: O Estado desperdiça muito dinheiro com direitos sociais, como saúde, educação, aposentadorias, amparo aos desempregados entre outros. Isto provoca aumento de impostos, que serão pagos pela sociedade, a fim de gerar recursos destinados à assistência aos mais pobres. Na visão neoliberal, a manutenção desses gastos do Estado significa premiar os fracassados e punir com impostos os competentes. d) Livre circulação de capitais: Visa garantir a livre entrada e saída de capitais em qualquer país e permitir que o mesmo dinheiro seja aplicado e remunerado em operações financeiras, como, por exemplo, na bolsa de valores, e não somente na produção ou na geração de empregos. e) Flexibilização do mercado de trabalho: A doutrina neoliberal entende que essa medida dinamiza a economia e possibilita que os empresários invistam na produção e ampliem a oferta de empregos. Com a flexibilização, pode-se contratar e demitir livremente os empregados e reduzir o dispêndio das empresas com seus funcionários. f) Abertura dos mercados internos para produtos estrangeiros: Significa a eliminação de qualquer protecionismo econômico. Em outras palavras, nenhum país deve coibir a livre concorrência, e a melhor maneira para garanti-la é preservar a competição entre as empresas, independentemente de sua origem nacional ou estrangeira. Quem vai definir qual a melhor mercadoria a ser adquirida é o próprio consumidor, que ainda será beneficiado com uma maior variedade de artigos ofertados e a preços cada vez mais baixos e acessíveis. 3. Blocos econômicos A globalização neoliberal ampliou largamente a formação de blocos econômicos. São organizações criadas por países, para promover a integração econômica, o crescimento e a competitividade internacional dos países- membros. Sob a economia globalizada, ajudam a abrir as fronteiras de cada Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. LeandroSignori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 12 nação ao livre fluxo de capitais, ao reduzir barreiras alfandegárias, práticas protecionistas e regulamentações nacionais. Existem quatro modelos básicos de bloco econômico: - Área de livre-comércio - Impostos, tarifas ou taxas de importação são eliminados de boa parte ou de todas as mercadorias e serviços para promover o intercâmbio entre países-membros. Exemplo: NAFTA - União aduaneira – É uma área de livre comércio, na qual, além de abrir o mercado interno, os países-membros definem regras para o comércio com nações de fora do bloco. A tarifa externa comum é adotada para boa parte – ou a totalidade – dos serviços e mercadorias provenientes de outros países, ou seja, todos cobram os mesmos impostos, taxas e tarifas de importação de terceiros. - Mercado comum - É uma união aduaneira na qual, além de mercadorias e serviços, capital e trabalhadores também podem circular livremente e se engajar em atividades econômicas em qualquer dos países- membros. Ex. MERCOSUL e Comunidade Andina. - União econômica e monetária – É o estágio final de integração econômica entre países. Os membros adotam uma moeda comum e a mesma política de desenvolvimento. A União Europeia é o único bloco a atingir esse estágio de integração. A formação de blocos econômicos acelerou o comércio mundial. Antes, qualquer produto importado chegava ao consumidor com valor significativamente mais alto, em razão das taxações impostas ao cruzar a alfândega. Os acordos entre os países reduziram, e em alguns casos acabaram, com essas barreiras comerciais, processo conhecido como liberalização comercial. Vejamos os principais blocos econômicos regionais, ou melhor, aqueles que caem nas provas. União Europeia – União econômica e monetária, com 28 países membros. O Euro, moeda única do bloco não é adotada por todos os países. Zona do Euro – 19 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, e Portugal. O Reino Unido NÃO faz parte da Zona do Euro, a sua moeda é a libra esterlina. ALCA - Proposta pelos Estados Unidos em 1994, não chegou a se constituir como um bloco econômico. A proposta é de formação de uma Área de Livre Comércio integrada por todos os países americanos, exceto Cuba. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 13 Após sucessivas discussões em torno da formação do bloco econômico, a Cúpula das Américas de 2005, realizada na Argentina, marca o fracasso do acordo, deixando as negociações em suspenso. NAFTA – Área de livre comércio, integrada por Estados Unidos, Canadá e México. MERCOSUL – Mercado comum, integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. O Paraguai estava suspenso do bloco, desde junho de 2012. Porém, retornou ao bloco em dezembro de 2013, quando o congresso paraguaio aprovou a entrada da Venezuela como membro pleno do bloco regional. A Bolívia possui o status de Estado Associado estando, desde dezembro de 2012, em processo de adesão ao bloco econômico. Chile, Peru, Colômbia e Equador, também possuem o status de Estados Associados, porém, não estão em processo de adesão. A Guiana e o Suriname são Estados com direito de participação nas reuniões do Mercosul. O bloco negocia há mais de uma década um acordo de livre comércio com a União Europeia. Nos últimos meses as negociações avançaram, porém voltaram a ficar em compasso de espera. O motivo é a Argentina, país em dificuldades e econômicas, que não consegue aproximar-se da oferta de liberalização de 90% do comércio do bloco com a União Europeia. Comunidade Andina – Mercado comum, integrado por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Aliança do Pacífico - Associação formada em 2012, por México, Peru, Colômbia e Chile para estabelecer gradualmente o livre comércio entre seus membros e entre eles e os países asiáticos banhados pelo Oceano Pacífico. A Costa Rica entrou no bloco em maio de 2013. O grupo adota políticas econômicas neoliberais e tem o apoio dos Estados Unidos. União Econômica Euroasiática (UEE) – Mais novo bloco econômico do mundo, formalizado em maio de 2014, em Astana, capital do Cazaquistão. Integrado pela Rússia, Cazaquistão e Belarus. As ex-repúblicas soviéticas da Armênia e Quirguistão, países muito pobres, estão em processo de adesão. Os três Estados comprometem-se a garantir a livre circulação de produtos, serviços, capitais e trabalhadores, além de aplicar uma política semelhante em domínios chaves da economia: energia, indústria, agricultura, transportes. Os signatários dispõem de um quinto dos recursos mundiais de gás e quase 15% dos de petróleo. A Ucrânia participou das negociações para a formação da União Euroasiática até a deposição do presidente Viktor Yanukovich em fevereiro deste ano. O estopim da deposição de Yanukovich foi justamente a sua Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 14 desistência em assinar um acordo de associação e livre-comércio com a União Europeia, em prol da participação na União Euroasiática. (CESPE/MPE PI/ 2012 - ANALISTA MINISTERIAL) Após dez horas de discussão madrugada adentro, líderes europeus concordaram em endurecer o controle das contas públicas e em perder parte da autonomia financeira para tentar salvar o euro. Mas a discordância de um país, o Reino Unido, impede que haja mudanças nos tratados da União Europeia (UE). Essa divergência lança dúvidas sobre o futuro da integração europeia, tida como fundamental para enterrar de vez o passado de conflitos entre os países do continente. Folha de S.Paulo, 10/12/2011, p. A18 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas implicações do tema por ele abordado, além de aspectos marcantes do mundo contemporâneo, julgue os itens seguintes. 16) O euro é a moeda adotada por todos os países que integram a UE e, de seu lançamento aos dias de hoje, sempre se mostrou supervalorizado em relação à moeda norte-americana, o dólar. COMENTÁRIOS: O Euro, moeda adotada por 19, dos 28 países integrantes da União Europeia, já teve paridade com o dólar norte-americano, já valeu menos e atualmente está mais valorizado que a moeda dos EUA. Gabarito: Errado 4. Cenário Econômico Atual Baixo crescimento, dívidas públicas impagáveis, desemprego elevado e instabilidade política são algumas das sequelas da grave crise econômica deflagrada nos Estados Unidos, em 2008, que persistem debilitando a economia global e as projeções para 2015 não são exatamente animadoras. Passados sete anos do estouro da bolha imobiliária norte-americana, que abriu a crise, o planeta ainda sofre da virulenta infecção, com riscos de recaída. 4.1 A Crise Econômica Mundial Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 15 A atual crise econômica mundial se iniciou em setembro de 2008, com o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Sua origem foi o farto crédito imobiliário oferecido nos anos anteriores. Com as taxas de juros norte- americanas num patamar muito baixo, os bancos fizeram empréstimos de longo prazo a clientes sem boa avaliação como pagadores– chamados de subprime. O crédito fácil intensificou a procura por imóveis, que tiveram os preços elevados. Mais tarde, o governo norte-americano subiu os juros para combater a inflação. Com isso, as prestações dos financiamentos ficaram mais caras e muitos compradores pararam de pagar. Os imóveis (garantias dos empréstimos) foram retomados pelos bancos, que os colocavam à venda, para cobrir os empréstimos não pagos. O aumento da oferta fez os preços dos imóveis caírem. Mesmo com a venda, os bancos não conseguiam recuperar o prejuízo. A quebra do banco Lehman Brothers, marco da crise, provocou um efeito dominó no mercado financeiro mundial. União Europeia A crise econômica atingiu duramente a União Europeia. Afetou com maior intensidade, os países da zona do euro, com elevada dívida pública. O país mais atingido foi a Grécia. Outros países bastante afetados foram: Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Chipre. Como condição para receber ajuda econômica, medidas de austeridade são adotadas pelos países em crise. O objetivo é o cumprimento de metas orçamentárias e de limite de endividamento estabelecidos pela União Europeia. Incluem privatizações, redução do serviço público, corte de direitos sociais, congelamento de salários e aumento de impostos, entre outras medidas. Tem como efeito direto o aumento do desemprego, a redução do poder aquisitivo da população e a desaceleração da economia, provocando protestos populares que enfraquecem ou derrubam os governos. A prolongada estagnação econômica e o alto desemprego estão causando um terremoto político no continente porque os eleitores, desiludidos com os partidos tradicionais, estão transferindo o seu apoio para legendas mais radicais, tanto de esquerda, como de direita. A principal bandeira da esquerda é o fim da austeridade, enquanto a extrema direita combate a imigração e o projeto da União Europeia. Os países com o maior avanço dos partidos extremistas são a França, a Espanha e o Reino Unido. Na Grécia, a esquerda contra a austeridade assumiu o governo no início de 2015. Nesse cenário tenso, a Comissão Europeia (CE), órgão da União Europeia, anunciou um plano no final de 2014 que, embora modesto, prevê investimentos Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 16 em infraestrutura, juntamente com ações para reavivar a economia do bloco. Para estimular a economia e elevar a inflação, o Banco Central Europeu lançou um programa de compra de bônus governamentais. Serão injetados na economia da zona do euro, US$ 60 bilhões mensais, entre março de 2014 a setembro de 2016. Há risco de deflação, o que pode ampliar a crise econômica do bloco. A meta é elevar a inflação para 2% ao ano. A Grécia, que foi o primeiro país da zona do euro seriamente atingido pela crise da dívida, entrou em recessão no ano de 2009. Para que mantivesse o pagamento das suas dívidas, a “troika” aprovou dois pacotes de empréstimos emergenciais ao país. Em troca, os gregos foram obrigados a adotar uma ampla reforma – com aumento de impostos, privatizações, cortes de direitos trabalhistas, demissões de servidores e redução das aposentadorias e dos salários. As medidas provocaram uma revolta social no país, com greves e protestos. Essa política acelerou o declínio econômico nacional, levou a um desemprego recorde e o país não atingiu as metas estipuladas pela “troika”. A crise derrubou o então primeiro ministro George Papandreou no fim de 2011. No ano seguinte o país ameaça deixar a zona do euro. Em abril de 2014, a Grécia volta ao mercado financeiro mundial. Depois de uma ausência de quatro anos, o país vende títulos da dívida soberana. A coalização de esquerda, Syriza, venceu as eleições legislativas, no final de janeiro. Alexis Tsipras, líder da coalizão, é o novo primeiro-ministro da Grécia. O partido é contra as medidas de austeridade impostas pela “troika” ao país, quer rediscutir as medidas e a dívida grega. A vitória do Syriza gera temores de um confronto entre a Grécia e o restante da União Europeia. (VUNESP/CÃMARA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS/2013 – ANALISTA ADMINISTRATIVO) Em 2013, os países que compõem a União Europeia veem suas economias manterem o processo decadente. Mais uma vez, houve recuo do PIB (Produto Interno Bruto) e a elevação da taxa de desemprego. A crise, mais acentuada em alguns países, tem provocado Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 17 intensas manifestações sociais que se dirigem contra governantes e contra a “troika”. A expressão “troika” se refere aos a) três países mais ricos do continente, Alemanha, Inglaterra e França. b) gigantes da economia mundial, com suas políticas imperialistas sobre a Europa. c) países que formam os BRICs, que tomaram os mercados europeus. d) agentes financeiros internacionais, que fazem imposições para a concessão de recursos. e) organismos internos da ONU, que se recusam a ajudar os países mais endividados. COMENTÁRIOS: Na União Europeia, os países em crise que precisam de ajuda financeira do bloco econômico, recorrem a “troika”. Essa expressão é utilizada para designar três instituições internacionais: Banco Central Europeu (BCE), Comissão Europeia (CE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Para concederem empréstimos, chamados de resgates financeiros, impõe duras condições aos países solicitantes. O gabarito é “d”, contudo, entendo que a questão deveria ser anulada. A alternativa se refere a agentes financeiros internacionais. A Comissão Europeia não é um agente financeiro, é uma instituição político-administrativa do bloco europeu. Tem como atribuições representar e defender os interesses da União Europeia na sua globalidade. Propõe legislação, políticas e programas de ação e é responsável por aplicar as decisões do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia. Gabarito: D A União Europeia é composta de 28 países, dos quais 19 integram a zona do euro, no qual compartilham uma moeda única e, como consequência, rígidos controles externos sobre suas economias nacionais. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 18 A União Europeia (UE) enfrenta a mais grave crise de sua história, provocada pela elevada dívida pública em países da zona do euro. Essa crise começa em nações periféricas do bloco, sobretudo Grécia, Irlanda e Portugal, que recebem socorro financeiro da UE e do FMI. Em 2012, a Grécia chega à beira do calote da dívida e quase deixa a zona do euro. A crise contamina economias poderosas, como Itália e Espanha. Essa última recebe auxílio financeiro para salvar os bancos. Em 2013, a crise atinge o Chipre. 4.2 Recuperação a Passos Lentos A economia global agora avança devagar, e aos trancos e barrancos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que, pelo menos até 2016, o ritmo de crescimento do PIB mundial não avança além dos 3,5% ao ano – e com riscos de retrocesso. Compare: nos anos anteriores à crise, a média de crescimento do PIB mundial estava entre 4% e 5% ao ano. A recuperação depende de fatores como o preço das matérias-primas básicas (commodities), como o ferro e os produtos agropecuários, que têm preço internacional negociado em bolsas de valores mundiais. Isso significa que o comércio da soja,do minério de ferro ou do trigo tende a ser feito pelo mesmo preço em qualquer parte do mundo, já que o mercado é articulado. Segundo a OMC, entre 2000 e 2012, as matérias-primas básicas duplicaram de preço, em parte devido à maior demanda dos países emergentes. Mas a economia dos emergentes está freando. E as commodities começaram a cair de preço. O preço do barril de petróleo, por exemplo, que chegou a mais de 100 dólares no final de 2014, caiu para menos de 50 dólares no início de 2015. Essa queda beneficia os países que importam, como os Estados Unidos, mas é ruim para os exportadores, como a Rússia. A economia mundial está sujeita, também, a oscilações sociais, ambientais e geopolíticas. O envelhecimento da população, com a diminuição do contingente de jovens, reduz a capacidade de trabalho de diversas nações, ao mesmo tempo que aumentam as despesas dos governos com aposentadorias e pensões. Regiões atingidas por desastres naturais, como terremotos e tsunamis, param de produzir e exigem dos governos gastos em pacotes de ajuda. As mudanças climáticas, com grandes períodos de seca ou inundações, afetam a produção agropecuária. O esgotamento de recursos naturais, como a água, encarece a vida em algumas regiões do planeta. E epidemias e pandemias reduzem a produtividade de uma população e aumentam as despesas em saúde pública. Do ponto de vista geopolítico, os maiores riscos vêm de guerras e conflitos. As sanções econômicas impostas a países Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 19 beligerantes, como ocorre com Ucrânia e Rússia, têm impacto no comércio internacional. Estados Unidos A exemplo de outros governos, o norte-americano também desembolsou centenas de bilhões de dólares para salvar os bancos em falência e estimular a economia paralisada. Com isso, a dívida pública dos EUA subiu a níveis elevados, e houve o risco de o país parar os pagamentos. O presidente democrata Barack Obama conseguiu aprovar no Congresso, depois de acirradas batalhas políticas, uma série de medidas que incluiu reformas no sistema tributário, cancelamento de benefícios fiscais e cortes nos gastos da União. Deu mais resultado do que se esperava. Depois de seis anos, a economia norte- americana começou a reagir. A indústria passou a contratar, os salários voltaram a subir. A taxa de desemprego caiu de 10%, em 2009, para menos de 6% da população economicamente ativa no final de 2014. Os especialistas atribuem a retomada às medidas do governo e, também, a fatores externos, como a queda no preço do petróleo, que incentivou o consumo. Hoje, os EUA apresentam o crescimento mais consistente de todas as grandes economias, com uma projeção de 3,6% para 2015. Emergentes As economias emergentes – incluindo os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) – entraram numa nova fase: continuam crescendo, mas não com o mesmo fôlego. O alto preço das commodities no mercado internacional alavancou um crescimento rápido dos emergentes na primeira década do século XXI. Além de apresentarem taxas significativas de crescimento, essas economias passaram bem pelos problemas criados pela crise em 2009 e 2010. No entanto, a crise global terminou por afetar a todos, por causa da queda no comércio internacional. O terremoto que atingiu os mercados financeiros levou à redução dos investimentos nos emergentes. Hoje, o crescimento médio do PIB dessas economias está três pontos percentuais abaixo do registrado em 2010. São três os principais fatores que refreiam o crescimento dos emergentes: • a queda no preço do petróleo e outras commodities; • o recuo no comércio internacional; • os gargalos de infraestrutura internos. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 20 Esses três fatores afetam principalmente a China. A redução no ritmo de crescimento chinês, de 10% para cerca de 7% nos próximos anos, não é preocupante, pois se mantém uma expansão forte. Com ela, o gigante asiático continuará na posição de líder econômico mundial. No entanto, essa desaceleração afeta os países da Ásia e os demais emergentes, como o Brasil, exportadores de matéria-prima para a indústria chinesa. Petróleo barato pode causar terremoto geopolítico A cotação do preço do barril de petróleo caiu para o seu menor valor em quase seis anos. Em oito meses, a queda é de 60%. Em junho de 2014, o barril custava US$ 107 e em janeiro de 2015, caiu para um pouco menos de US$ 50,00, patamar que ainda se mantém. O motivo da queda é a oferta maior que a demanda, devido à estagnação da economia na Europa, à redução do crescimento da China e, sobretudo, ao aumento da produção nos EUA (óleo e gás de xisto) e Canadá (óleo de areias betuminosas). Os Estados Unidos são o maior consumidor mundial de petróleo e até bem pouco tempo, também era o maior importador mundial do óleo. A viabilidade da exploração do xisto fez dos EUA o maior produtor mundial de petróleo e, em breve, poderá torná-lo exportador. Uma verdadeira revolução energética. Petróleo mais barato impulsiona o crescimento mundial, ganham os grandes importadores, que liberam recursos para outros fins, tais como a China, o Japão, França e Alemanha. Por outro lado, perdem países muito dependentes das exportações de hidrocarbonetos, como Rússia, Venezuela e Nigéria. O meio ambiente também é um dos perdedores, pois, com óleo barato há menos incentivo para investir em fontes alternativas de energia, não poluentes e sustentáveis, o que é ruim para a política de contenção do aquecimento global. Quando o preço do petróleo cai muito, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – cartel que controla o preço do óleo – decide reduzir a produção para elevar o preço do produto. Ocorre que desta vez, a OPEP não tomou esta decisão. A estratégia do país que dá as cartas no cartel, a Arábia Saudita, foi manter o mesmo nível de produção mesmo com os preços em baixa. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 21 A medida foi interpretada como uma tentativa de alijar novos produtores do mercado mundial. Um dos alvos seria a produção de óleo e gás de xisto dos EUA. Seria uma tentativa de criar dificuldades a expansão da produção norte- americana e evitar que o país se torne um grande exportador do óleo, disputando mercado com os atuais exportadores. A Arábia Saudita produz cerca de 10 milhões de barris por dia, um terço do total da Opep, e pode tolerar baixos preços da commodity. O petróleo saudita apresenta o mais baixo custo de exploração no mundo: de US$ 5 a US$ 6 o barril. Com US$ 900 bilhões em reservas optou por não sacrificar a própria quota de mercado para restaurar o preço. A redução da produção, além de poder ocasionar perda de mercado, beneficiaria países com quem os árabes não possuem uma boa relação, Irã e Rússia. Os árabes não estão nada satisfeitos com o crescimento da influência do Irã no Oriente Médio e é contra o acordo feito com potências ocidentais sobre o seu programa nuclear e o levantamento do bloqueio comercial ao país. O Irã depende do petróleo para financiar metade do seu orçamento. O PIB da Rússia quase não cresceu em 2014 e o país deve entrar em recessão econômica em 2015. As sanções econômicas impostas pela União Europeia e EstadosUnidos estão afetando fortemente a economia russa. Metade do orçamento russo também é financiado pelas exportações de petróleo e gás. Os russos não contavam com essa queda vertiginosa dos preços. A Venezuela é dona das maiores reservas de energia do mundo e o petróleo é responsável por 95% das suas exportações. Como o país depende exclusivamente do “ouro negro” para garantir as exportações, a queda nas cotações do petróleo já ameaça a frágil economia venezuelana. A Nigéria, maior economia africana, é outro perdedor, o país já teve que desvalorizar a sua moeda. No caso do Brasil, a queda no preço do óleo pode ser nociva à Petrobras em longo prazo. A exploração do pré-sal pode ser prejudicada e tornar-se inviável se a queda for duradoura. Especialistas estimam que o custo médio de exploração é de US$ 45 o barril no pré-sal. A Arábia Saudita mira nos Estados Unidos, mas, por caminhos transversais, o seu movimento enfraquece economicamente países politicamente opostos aos norte-americanos: Rússia, Irã e Venezuela. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 22 O xisto é uma rocha, de onde é possível extrair petróleo e gás. Até 2006 os métodos disponíveis para extrair combustíveis da rocha eram muito caros. Naquele ano empresas de petróleo e gás norte-americanas começaram a utilizar uma nova tecnologia – o fraturamento hidráulico – o que faz a produção de petróleo de xisto crescer aceleradamente no mundo. O petróleo e gás natural de xisto estão contribuindo para a recuperação econômica dos Estados Unidos. O processo produtivo é bem mais barato do que o convencional. A China, Estados Unidos e a Argentina possuem as maiores reservas mundiais de petróleo e gás de xisto recuperáveis. O Brasil é o décimo colocado. (FGV/AL BA/2014 – TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) Desde 2008, o mundo desenvolvido vem sofrendo consequências de uma crise financeira que teve seu epicentro nos Estados Unidos, espalhando‐se pelas economias europeias, além de atingir, também, as economias emergentes. Com relação à crise econômica de 2008, analise as afirmativas a seguir. I. Países como Grécia, Portugal e Irlanda enfrentaram situação de crescimento extraordinário dos gastos públicos, o que gerou dificuldades para o pagamento da dívida pública e obtenção de novos empréstimos. II. Nos Estados Unidos houve uma crise de crédito ligada à perda de liquidez do sistema bancário, em função de ampla oferta de financiamento para a compra de imóveis e a subsequente inadimplência. III. No segundo semestre de 2008, o Brasil enfrentou uma crise cambial, com alta expressiva do dólar, refletindo os efeitos da crise internacional. Assinale: Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 23 a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. COMENTÁRIOS: Todas as alternativas estão corretas. A atual crise econômica mundial se iniciou em setembro de 2008, com o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Sua origem foi o farto crédito imobiliário oferecido nos anos anteriores. Com as taxas de juros norte-americanas num patamar muito baixo, os bancos fizeram empréstimos de longo prazo a clientes sem boa avaliação como pagadores – chamados de subprime. O crédito fácil intensificou a procura por imóveis, que tiveram os preços elevados. Mais tarde, o governo norte-americano subiu os juros para combater a inflação. Com isso, as prestações dos financiamentos ficaram mais caras e muitos compradores pararam de pagar. Os imóveis (garantias dos empréstimos) foram retomados pelos bancos, que os colocavam à venda, para cobrir os empréstimos não pagos. O aumento da oferta fez os preços dos imóveis caírem. Mesmo com a venda, os bancos não conseguiam recuperar o prejuízo. A quebra do banco Lehman Brothers, marco da crise, provocou um efeito dominó no mercado financeiro mundial. A crise econômica atingiu duramente a União Europeia. Afetou com maior intensidade, os países da zona do euro, com elevada dívida pública. O país mais atingido foi a Grécia. Outros países bastante afetados foram: Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Chipre. Na esteira da crise internacional, o Brasil enfrentou uma crise cambial, no segundo semestre de 2008, com expressiva alta do dólar. Gabarito: E 5. Concentração da riqueza Segundo estudo da Oxfam, ONG internacional, a concentração da riqueza está aumentando no mundo. Em 2009, a parcela dos 1% mais ricos, acumulava 44% do PIB do planeta. Em 2014, essa taxa chegou a 48% e atingirá 50% em 2016. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 24 6. Comércio Internacional O comércio internacional nunca foi tão intenso, mas as exportações dos países ricos cresceram muito mais do que as dos países pobres nas últimas décadas. Atualmente, apenas dez países (dos 195 do planeta) monopolizam mais da metade de todo o comércio internacional. Veja o gráfico a seguir. Dez países têm mais da metade do comércio mundial O número acima de cada barra representa quanto do comércio mundial o país faz. Entre as dez principais nações, oito são ricas. O Brasil cresceu para um patamar de 1,3% do comércio mundial - era cerca de 1,1% -, resultado de 15 anos de esforço para ampliar as exportações. Fonte: OMC Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 25 Um dos instrumentos desse crescimento foi a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, com o objetivo de abrir as economias nacionais, eliminar o protecionismo (quando um país impõe taxas para restringir a importação de produtos e proteger a produção interna) e facilitar o livre trânsito de mercadorias. A OMC funciona com rodadas de discussão sobre temas, que chegam ao final quando se fecham os acordos. A Rodada Doha, aberta em 2001 (com prazo previsto até 2006), entrou num impasse não resolvido até hoje. Os países ricos querem maior acesso de seus produtos aos países em desenvolvimento. Esses, por sua vez, buscam restringir as vantagens econômicas, como os subsídios (auxílio financeiro), que os países ricos dão a seus agricultores, e não se chega a um acordo. Em 2013, o brasileiro Roberto Azevêdo assumiu como diretor-geral da OMC. Para chegar ao principal cargo da entidade, contou com o apoio dos demais Brics (China, Rússia, Índia e África do Sul) e de países africanos, e superou outros oito candidatos em escolhas sucessivas. O seu grande desafio é retirar a OMC do atoleiro em que caiu há sete anos, quando as negociações da Rodada Doha entraram em um impasse. Sob o comando de Azevêdo, a OMC alcançou em dezembro de 2013, o primeiro acordo global da história da organização. O acordo compreende três pilares: agricultura, com um compromisso de reduzir os subsídios às exportações; a ajuda ao desenvolvimento, que prevê uma isenção crescente das tarifas alfandegárias para os produtos procedentes dos países menos desenvolvidos, e a facilitação de intercâmbios,com a redução da burocracia nas fronteiras. O que parecia uma grande vitória de Azevêdo, virou um impasse, já que, após ter aceitado o acordo, a Índia resolveu bloqueá-lo. Com isso, as negociações multilaterais entraram em um impasse e estão paralisadas. Outra função muito importante na OMC é o sistema de resolução de controvérsias. Este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros da OMC. As disputas surgem quando um país adota uma medida de política comercial ou faz algo que um ou mais membros da OMC considerem que viole os acordos da própria organização. Exemplo de aplicação deste mecanismo é o contencioso do algodão entre Brasil e Estados Unidos. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 26 Em 2004, o Brasil venceu na OMC uma disputa contra os subsídios recebidos por produtores de algodão dos EUA, ficando com o direito de impor sanções contra produtos norte-americanos no valor de US$ 830 milhões. O Brasil concordou em suspender a punição caso os EUA depositassem dinheiro em um fundo de assistência para produtores brasileiros de algodão. Os EUA pagavam a compensação em parcelas mensais, suspensas em outubro de 2013, o que levou o governo brasileiro a ameaçar impor tarifas mais altas para produtos norte-americanos. Em outubro de 2014, os dois países chegaram a um novo acordo. Os Estados Unidos vão pagar aos produtores brasileiros de algodão mais US$ 300 milhões para encerrar a disputa. (CESPE/MDIC/2014 – AGENTE ADMINISTRATIVO) A Organização Mundial do Comércio (OMC) fechou, em Bali, o primeiro acordo em quase vinte anos e, com isso, evitou que a Europa e os Estados Unidos da América se lançassem apenas em negociações regionais sem a participação dos países emergentes. O entendimento abre caminho para a injeção de 1 trilhão de dólares na economia mundial ao desbloquear processos aduaneiros. Segundo economistas, também deve criar 21 milhões de postos de trabalho. O Estado de S.Paulo, 8/12/2013, capa (com adaptações). Considerando o texto acima e os múltiplos aspectos que ele suscita, julgue o item seguinte. O comércio internacional é peça-chave na economia globalizada dos dias de hoje, de modo que obstáculos diversos interpostos a sua plena realização trazem, em geral, resultados negativos para os países, especialmente em relação a aspectos econômicos e sociais. COMENTÁRIOS: O comércio internacional, peça-chave da economia globalizada, nunca foi tão intenso como nos dias atuais. Contudo, o vertiginoso crescimento das trocas nas últimas décadas não significou uma melhoria geral dos aspectos econômicos e sociais para a maioria dos países do mundo. O comércio internacional enfrenta muitos obstáculos como as barreiras tarifárias e não tarifárias e os esquemas protecionistas dos países. As nações pobres e em desenvolvimento são as mais prejudicadas. Gabarito: Certo Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 27 7. A China A civilização chinesa tem mais de quatro mil anos. Após um longo período imperial e uma breve república, uma revolução liderada pelo Partido Comunista Chinês (PCCh), de Mao Tsé-tung, deu origem à República Popular da China, em 1949. O país foi reorganizado nos moldes comunistas. Com a morte de Mao, em 1976, a China implementou um modelo, ainda vigente, chamado por seus dirigentes de socialismo de mercado. Trata-se de uma combinação de características do socialismo (no qual as empresas e a terra são propriedade do Estado) com aspectos do capitalismo (a presença de empresas privadas, sobretudo multinacionais, em algumas áreas do país). No final da década de 1970, o país começou a abrir parte de sua produção para as multinacionais, com a criação de Zonas Econômicas Especiais. Os investimentos estrangeiros e a abundância de mão de obra mal remunerada alavancaram as exportações, pois os produtos são baratos. Em três décadas, a China deixou de ser um país pobre e agrário e tornou-se uma potência econômica. O país atualmente responde por mais de 10% do PIB mundial e, em 2011, passou a ser a segunda maior economia do planeta, atrás apenas da dos Estados Unidos. Apesar do vertiginoso crescimento econômico, o país convive com problemas que causam instabilidade ao atual modelo político-econômico: significativa desigualdade social, corrupção, degradação ambiental e crescente descontentamento popular. Em 2009, a China tornou-se o principal parceiro comercial e destino das exportações do Brasil, superando os Estados Unidos, principal parceiro brasileiro durante anos. O país se tornou o maior consumidor de recursos energéticos do mundo. É também o maior poluidor e, mais recentemente, o que mais investe em fontes de energia renováveis. Após dez anos sob o comando de Hu Jintao, a China trocou seus principais dirigentes em 2013, assumindo Xi Jinping como presidente e Li Keqiang como primeiro ministro. Já sob o comando de Xi Jinping, o país anunciou reformas que estão sendo consideradas as mudanças mais importantes desde o início das reformas econômicas, em 1976. As mudanças são abrangentes. Entre as de maior impacto está a flexibilização da política do filho único, em vigor desde 1979. Agora, os casais que moram em regiões urbanas poderão ter dois filhos, desde que um dos cônjuges seja filho único. Anteriormente, era necessário que ambos fossem filhos únicos para poderem ter o segundo filho. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 28 Outras importantes modificações são o fim dos campos de trabalho forçado para o cumprimento de penas e a diminuição dos crimes sujeitos à pena de morte. A China é o país que mais condena criminosos à morte. No campo econômico, prevê-se que a iniciativa privada terá “papel decisivo” na alocação de recursos, enquanto o governo atuará como regulador. Haverá também permissão para mais investimentos privados nas empresas estatais, que devem perder privilégios e ser expostas à concorrência do mercado. A China é uma ditadura que reprime a liberdade de expressão e viola os direitos humanos. No entanto, há uma resistência interna, e diversos dissidentes desafiam o regime. O ativista Liu Xiaobo ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2010 por sua luta em favor dos direitos humanos. O advogado Chen Guangcheng e o artista Ai Weiwei também são perseguidos por suas críticas ao governo. (CESPE/CNJ/2013 – ANALISTA JUDICIÁRIO) A China tem investido US$ 250 bilhões por ano no que economistas chamam de capital humano. Assim como os Estados Unidos da América (EUA) ajudaram a construir uma classe média no final dos anos 40 e início dos anos 50 do século passado, usando um programa para educar veteranos da segunda guerra mundial, o governo chinês emprega recursos para educar milhões de jovens que se mudam das áreas rurais para as cidades. O objetivo disso é transformar o sistema atual, em que uma elite minúscula, altamente educada, supervisiona vastos exércitos de trabalhadores rurais e de operários de fábricas pouco qualificados. O Globo, 18/1/2013, p. 30 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial, e considerando a crescente importância da China no cenário global contemporâneo, julgue o item. Em sua arrancadapara promover o desenvolvimento econômico, a China demonstra ter compreendido uma das exigências centrais da atual economia globalizada, qual seja, o domínio do conhecimento como condição essencial para bem situar-se em um cenário econômico altamente competitivo e impulsionado por incessantes inovações tecnológicas. COMENTÁRIOS: Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 29 No mundo globalizado, a inovação e o conhecimento passaram a ser considerados, as principais fontes de crescimento econômico. Tornaram-se fatores determinantes de competitividade nas estratégias de desenvolvimento das nações. O domínio da inovação e do conhecimento é muito bem compreendido pela China, que deixou de ser um país majoritariamente produtor e exportador de produtos industriais de baixa tecnologia e/ou qualidade. Desde 1978, quando iniciou sua reforma econômica, a China vem reduzindo rapidamente sua distância em relação aos países de economia avançada. O país tem como meta elevar as despesas com pesquisa e desenvolvimento para 2,5% do PIB em 2020, acima da média do grupo dos países avançados, que é de 2,1% do PIB. O país investe pesadamente em capital humano, em todos os níveis educacionais do país, bem como em educação e treinamento no exterior e na construção da infraestrutura de ciência e tecnologia. Desde meados dos anos 1990foram criados mais de 100 laboratórios nacionais em áreas selecionadas de pesquisa básica e inúmeros parques científicos e tecnológicos. Gabarito: Certo Hong Kong é um território chinês com status de região administrativa especial. Antiga colônia britânica foi devolvida pelo Reino Unido à China em 1997. O acordo de devolução criou o princípio “um país, dois sistemas”, pelo qual, o regime comunista da China preservaria o sistema capitalista e o modo de vida da ex-colônia até, pelo menos, 2047. A China também se comprometeu a realizar eleições no território em 2017. Na última semana de setembro, o parlamento chinês aprovou uma medida limitando os candidatos da eleição de 2017 em Hong Kong. A eleição terá apenas dois ou três candidatos, que para concorrerem precisarão ser aprovados por um Comitê Consultivo instituído pelo governo chinês. A decisão foi o estopim para uma onda de protestos que já ficou conhecida como “Revolta do Guarda-Chuva”. Os manifestantes querem o sufrágio universal sem condições e o fim do controle de Pequim sobre os candidatos para comandar o governo local. A situação é complexa, seria muito desgastante para o governo chinês reprimir os manifestantes com a mesma violência que fez em 1979, no Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 30 massacre da Praça da Paz Celestial. Por outro lado, se atender as reivindicações dos manifestantes, o governo chinês teme que uma onda de protestos se espalhe pelo país reivindicando ampla democracia. 8. Organizações e grupos internacionais Galera, vou tratar somente das organizações e grupos internacionais relacionados ao tema da economia internacional. Os organismos internacionais relacionados à política internacional, serão estudados na próxima aula. FMI e Banco Mundial O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização financeira criada para promover a estabilidade monetária e financeira no mundo e oferecer empréstimos a juros baixos a países em dificuldades financeiras. Os empréstimos são concedidos em troca do comprometimento dos países com metas, como equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação, privatização e concentração de gastos públicos em educação, saúde e investimento em infraestrutura, entre outras políticas que são denominadas como Consenso de Washington. O Banco Mundial tem como objetivo oferecer financiamento e assistência técnica a países para promover seu desenvolvimento econômico. Criado em 1944 e composto de duas instituições – o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird) e a Associação Internacional de Desenvolvimento (ADI) –, o Banco Mundial é formado por 188 países-membros (incluindo o território do Kosovo). Iniciou suas atividades auxiliando na reconstrução dos países da Europa e da Ásia após a II Guerra Mundial. OCDE A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) articula políticas de educação, saúde, emprego e renda entre os países ricos. Fundada em 1961, substitui a Organização Europeia para a Cooperação Econômica, criada em 1948 no quadro do Plano Marshall. Membros da OCDE: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 31 Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia. O Brasil não é membro da OCDE. Brics A sigla BRIC foi criada em 2001 pelo economista britânico Jim O’Neill e se refere aos quatro mais importantes países emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. O estudo que cunhou a expressão estima que em 2050 o grupo poderá constituir a maior força econômica mundial, superando a União Europeia. Em 2009, Brasil, Rússia, Índia e China formalizaram um grupo diplomático para discussão de iniciativas econômicas e posições políticas conjuntas, que realiza reuniões anuais de seus chefes de Estado. Em 2011, a África do Sul, a maior economia da África, foi convidada e passou a integrar o grupo. Os cinco países dos BRICS têm características comuns: são países com indústria e economia em expansão, seu mercado interno está crescendo e incluindo milhões de novos consumidores. Dois deles possuem as maiores economias de seu continente: China e África do Sul. Quatro possuem territórios extensos e entre os maiores do mundo: Brasil, Rússia, China e Índia. Também ancoram a economia desses países importantes fatores para o comércio internacional. A Rússia é rica em recursos energéticos e fornece petróleo, gás e carvão à União Europeia. O Brasil é grande exportador de minérios, como a África do Sul, e é o maior exportador mundial de alimentos. China e Índia estão se tornando os maiores fabricantes e exportadores de produtos industriais na globalização. Após a recente desaceleração dos BRICS, Jim O'Neill identificou outros quatro países – México, Indonésia, Nigéria e Turquia – que, segundo ele, também podem se tornar gigantes econômicos nas próximas década. Para esses países, o economista criou a sigla MINT. Duas decisões de significativo conteúdo estratégico mundial foram tomadas na VI Cúpula dos BRICS, realizada em 15 e 16 de julho em Fortaleza, no Brasil. A primeira é a criação do Banco BRICS. O nome oficial é Novo Banco de Desenvolvimento (New Development Bank, NDB, em inglês). Trata-se de um banco de desenvolvimento, com capital inicial autorizado de Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 32 US$ 100 bilhões e capital subscrito de US$ 50 bilhões, igualmente distribuídos entre os cinco países que integram o grupo. A sede do bancoserá em Xangai na China, o primeiro presidente será da Índia e o presidente do Conselho de Administração será do Brasil. A criação do banco não significa que os países membros do grupo não vão mais participar do Banco Mundial. O banco dos BRICS se coloca como mais uma alternativa de fomento ao desenvolvimento e estará aberto a qualquer país do mundo. O BRICS também criou um fundo financeiro de emergência para ajuda mútua de US$ 100 bilhões. O nome oficial do fundo é Arranjo Contingente de Reservas (Contingent Reserve Arrangement, CRA, em inglês). O fundo serve para ajudar no controle do câmbio quando houver crises financeiras globais. Em momentos de especulação internacional, a tendência é o dólar disparar. O dinheiro do fundo servirá para segurar a cotação do dólar. Para juntar os US$ 100 bilhões iniciais, cada pais colaborará com um valor: China (US$ 41 bilhões); Brasil, Índia e Rússia (US$ 18 bilhões cada um); e África do Sul (US$ 5 bilhões). Há tempos, os países dos BRICS reclamam uma maior participação no poder de decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Essas instituições foram criadas um ano antes do final da Segunda Guerra Mundial, em 1944, na Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos. Até hoje, quem detém o poder nelas são os Estados Unidos e a União Europeia. A ordem econômica global atual não é mais a mesma do pós-guerra e do período da guerra fria, em que Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França e Alemanha dominavam o mundo capitalista. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas, de certa forma, é uma resposta dos BRICS ao não atendimento das reivindicações dos países emergentes por maior distribuição do poder de decisões no Banco Mundial e FMI. (CESPE/PM CE/2014 – PRIMEIRO TENENTE) No novo mapa da riqueza no Brasil, as cidades médias avançam e as capitais perdem espaço. Apesar dessa tendência, a riqueza continua concentrada no país. A renda gerada por apenas seis municípios — São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus — responde por um quarto de toda a riqueza no país. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 33 O Globo, 18/12/2013, p. 23 (com adaptações). Com base no fragmento de texto acima e nos diversos aspectos que envolvem o tema por ele abordado, julgue o item que se segue. Brasil, Rússia, Índia e China, países do chamado BRICs, apresentam realidade econômica equivalente, caracterizada por ampla capacidade de produção e de participação no mercado mundial. COMENTÁRIOS: Os países dos BRICS são as principais economias emergentes do mundo. Porém, não possuem realidade econômica equivalente. Como exemplo, a indústria responde por 47% do PIB da China, 37% do PIB da Rússia, 28% do PIB do Brasil e da África do Sul e 26% do PIB da Índia (dados de 2012). Apenas por esse dado, vemos que as economias dos países do BRICS são diferenciadas. Gabarito: Errado G-20 O G-20 (Grupo dos Vinte) foi criado como consequência da crise financeira asiática de 1997. Os seus membros representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio global e dois terços da população mundial. Discute medidas para promover a estabilidade financeira mundial, alcançar crescimento e desenvolvimento econômico sustentável. Após a eclosão da crise financeira mundial, tornou-se o mais importante fórum internacional de países para o debate das questões políticas e econômicas globais. Os membros do G-20 são Argentina, Austrália, Brasil, China, Canadá, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. Veja que a União Europeia não é um pais, é um bloco econômico. Contudo, é membro do G-20. O G-20 realizou o seu Encontro anual em novembro de 2014, na Austrália. Em declaração final, os líderes do G20 disseram que a prioridade seria elevar os padrões de vida e criar empregos em todo o mundo por meio do crescimento. Em busca desse objetivo, finalizaram um plano para impulsionar a economia global, com medidas que devem ser implementadas pelos países- membros, visando elevar o crescimento em 2,1 pontos percentuais acima das previsões para 2018. As medidas incluem passos para aumentar o investimento, melhorar o comércio e a infraestrutura, assim como estabelecer um sistema fiscal justo em nível internacional. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 34 O G-20 também pretende quebrar as barreiras que impedem mulheres de se integrarem no mercado de trabalho, numa tentativa de se chegar a 100 milhões de novos empregos para mulheres até 2025. G-8 e G-7 O G-8 é o grupo formado pelos sete países mais ricos (G-7 - Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão) e pela Rússia. O G-8 tem sua relevância reduzida desde a eclosão da crise econômica internacional a partir de 2008, que atingiu seus integrantes com força. Em represália a anexação da Crimeia, a Rússia foi excluída do G-8. A cúpula que ocorreria na cidade russa de Sochi, em junho, foi transferida para Bruxelas e não teve a presença da Rússia. Com a exclusão da Rússia, o G-7 (grupo dos sete países mais ricos) voltou a existir. Atualidades – Teoria e Exercícios – TCU - AFCE Aula 00 – Economia Internacional Prof. Leandro Signori www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Leandro Signori 35 Globalização A globalização não é um fenômeno recente. Sua origem remonta as grandes navegações e ao colonialismo europeu dos séculos XV e XVI. O desenvolvimento do mercantilismo gerou grande quantidade de riquezas para alguns países e a grande burguesia europeia. Essas riquezas, mais o ouro e à prata vindo das minas da América forneceram a base para a Revolução Industrial no fim do século XVIII. A Revolução Industrial desenvolveu o trabalho assalariado e o mercado consumidor. Descobertas científicas e as invenções provocaram grande expansão dos setores industrializados e possibilitaram a exportação de produtos mundo afora. Em fins do século XIX, começam a surgir às corporações multinacionais, industriais e financeiras, que vão se reforçar e crescer durante o século XX. O mercado mundializa-se e alcança todos os continentes. A partir dos anos 1990, acentua-se a integração da economia global por meio da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. A revolução tecnológica possibilitou veloz circulação do capital pelo globo. Cadeias produtivas se espalharam pelo mundo, com empresas transferindo-se para países com menor custo de produção. A globalização atual é um processo em curso, uma nova fase do capitalismo financeiro, comandada pelos países ricos e por grandes empresas transnacionais. Características da globalização atual: Interdependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimentos sociais. Desmantelamento do sistema socialista foi importante fator que contribuiu para a globalização e a expansão mundial do capitalismo. Produção e o comércio mundial crescem com a globalização. A riqueza concentra-se num pequeno grupo de países, o que reforça a desigualdade entre as nações. Os grupos com rendimentos mais elevados tornaram-se muito mais ricos e as
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