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Processo Civil CEJ 7

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �172�
7ª aula (20/04/2007)
	Assim dispõe o artigo 87 do CPC:
“Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.”
	O artigo 87 do CPC trata do princípio da perpetuatio jurisdicionis ou princípio da perpetuação da competência. 
	Exceções a esse princípio: 1) supressão do órgão
					 2) alteração da competência em razão da 					 matéria ou hierarquia
					 ex. homologação de sentença estrangei-	 
					 ra compete aos STJ, mas antes era de
					 competência do STF.
					 Com a mudança de competência as homo-
					 logações pendentes foram transferidas
					 para o STJ. 
	A criação de um novo órgão no judiciário possibilita a modificação da competência.
FASES DE VERIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
COMPETÊNCIA DE JURISDIÇÃO 
 
 TRABALHO
 ESPECIALIZADA 	 ELEITORAL
								 MILITAR
JUSTIÇA 
					 	 FEDERAL
			 COMUM 		 
 							 ESTADUAL
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Qual Estado? Qual Comarca?
COMPETÊNCIA DE “JUÍZO” 
Existe alguma Vara Especializada para julgar? (Depende da matéria) 
	ATENÇÃO!!! Não se pode ajuizar ação contra Tribunal, Ministério, pois estes não são dotados de personalidade jurídica, não tem capacidade processual. Ajuiza-se ação contra o Ente Federativo (Estado, União, Município, DF).
 	Definida a Competência de Jurisdição, partimos para outra etapa, vamos definir a Competência Territorial. Qual é a regra geral em relação à competência territorial? A regra geral está colocada no artigo 94 do CPC, que assim dispõe:
“Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.”
	Então se não existir regra específica nenhuma, cai na regra geral do artigo 94 do CPC. Ou seja, a ação será proposta no foro do domicílio do Réu. E a partir daí o CPC trata de diversas situações peculiares, específicas. 
	No artigo 100 do CPC aparecem alguma delas:
“Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de desquite e de anulação de casamento;
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.”
	O artigo 100, inciso I, do CPC trata do chamado foro privilegiado da mulher na ação de separação. A regra é que o autor ajuíze a ação no foro do domicílio do Réu. Esse artigo permite que a mulher, mesmo sendo Autora ajuíze a ação no seu domicílio. 
	Esse artigo 100, I do CPC foi recepcionado ou não pela CF? 
	Ele está utilizando o critério de sexo para dar tratamento diferenciado, não fere a CF? 
	O CPC é de 1973, a CF/88 em seu artigo 5o veda a distinção em função de sexo. 
	O artigo 226 da CF diz que marido e mulher são iguais em direitos e obrigações dentro da sociedade conjugal. A CF/88 acabou com a figura do homem como o cabeça do casal. 
	A decisão do STJ sobre isso é que ainda existe desigualdade entre homem e mulher, até porque isso não muda de uma hora para outra, não é a CF que vai acabar com uma tradição de anos de uma sociedade. Existe ainda alguma discriminação contra a mulher e enquanto ela ainda houver a razão de ser deste artigo 100, I do CPC continua a existir. Então para o STJ esse inciso I do artigo 100 do CPC ainda não é inconstitucional. 
	O artigo 100, parágrafo único do CPC trata da possibilidade do Autor da ação, da vítima ajuizar esta demanda no foro de seu domicílio ou do local do ato. Este dispositivo afasta a regra geral do artigo 94 do CPC? É possível abrir mão dessa norma e querer utilizar-se da regra geral? Pode. Pois toda vez que existir uma regra protetiva do interesse de determinada pessoa ela pode abrir mão desse ato de privilégio e se valer da regra geral. 
	Então, por exemplo, a mulher pode ajuizar a ação de separação aonde o marido mora, o alimentando pode ajuizar a ação de alimentos onde a alimentante tenha domicílio, a vítima pode ajuizar onde o Réu tenha domicílio. 
OBS: no RJ não há Vara de acidente de trânsito, mas no Acre esta Vara existe.
	Para partirmos para incompetência que é uma parte mais interessante que a competência, vamos tratar de duas questões mais sobre competência. 
	Em algumas Comarcas do Estado do RJ existem Varas Regionais. E queremos saber qual é o critério de fixação de competência dessas Varas Regionais. 
	As Varas Regionais não são outras Comarcas!!!! São divisões dentro da Comarca. Se analisarmos friamente não há nada mais territorial que isso, até porque define a competência territorial dessas Varas em função de região administrativa. Só que se dissermos que essa competência é territorial, esta é relativa e critério relativo o Juiz não pode conhecer de ofício. 
	Ex. As partes moram em Bangu, o contrato foi celebrado em Bangu, o dano ocorreu em Bangu, todos os elementos possíveis de fixação de competência estão aí, mas o Autor resolve ajuizar a ação na Capital. Se entendermos que a Competência é territorial o Juiz da Capital poderá mandar o processo para Bangu? Não. Sendo incompetência relativa o Juiz não pode conhecer de ofício. 
	Então fixar as Varas Regionais como competência territorial gerava esse problema, então, o que o Tribunal fez, primeiro através de entendimentos, depois colocaram no CODJERJ expressamente: o critério para a fixação da competência das Varas Regionais é o critério funcional, ligado à administração da justiça. 
	Quando eu passo a trabalhar com o critério funcional a incompetência é absoluta e, portanto, pode ser conhecida de ofício. 
	Não existe a menor dúvida de que não é técnico, mas foi a maneira que eles encontraram para fugir do problema da incompetência relativa e torná-la absoluta. 
	A outra questão que nós temos que ver antes de partirmos para incompetência é a questão da competência territorial na Justiça Federal. No Brasil, cada Estado corresponde a uma Seção Judiciária. Ao contrário do Município, pois nem todo Município corresponde a uma Comarca.
	Agora dentro do Estado como fica a questão? 
	Para efeito da administração da Justiça Federal encontramos uma série de Varas Federais. Por exemplo: Rio, Niterói, São Gonçalo, Volta Redonda, Resende, São João de Meriti, Angra, São Pedro da Aldeia, Campos... 
	Cada Sede de Vara dessas corresponde ao território do Município onde é situado e vários outros Municípios vizinhos. Digamos que a sede de Campos engloba todos os municípios em volta. Querem saber quais são as sedes de Vara Federal e quais são os municípios incluídos vá ao “site” da Justiça Federal(www.jf.rj.gov.br) que aparece lá.
	Digamos que temos um Autor “A” que mora em São Fidélis e lá não existe Vara Federal. Três situações exemplo:
“A” que mover uma ação de revisão de benefício contra o INSS
A União quer mover uma ação de execução fiscal contra o “A”
“A” quer mover uma ação de restituição contra a União
Onde essas ações serão propostas? 
Vamos ver o que dispõe o artigo 109 da CF:
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.”
A regra geral está no parágrafo 2o do artigo 109 da CF, que assim dispõe:
“§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.”
No caso proposto na letra a, em que “A” quer ajuizar uma ação contra o INSS, onde ele ajuizará essa ação? O INSS é uma autarquia federal, então estamos dentro da competência da Justiça Federal. Onde ele ajuizará essa ação? A princípio ele deverá buscar a sede de Vara Federal correspondente ao local onde ele é domiciliado. Mas para essa ação, especificamente, temos o parágrafo 3o do artigo 109 da CF, que assim dispõe:
“§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.”
Então como no caso descrito o Autor é domiciliado em São Fidélis e esta não é sede de Vara Federal, ele ajuizará a ação em São Fidélis na Justiça Estadual. Temos uma situação interessante, onde o Juiz de Direito Estadual estará investido de Jurisdição Federal. Para todos os efeitos, nesta hipótese o Juiz de Direito Estadual é um Juiz Federal. Isso trará conseqüências práticas, por exemplo: o Juiz profere uma decisão interlocutória e a parte quer interpor Agravo de Instrumento desta decisão, onde será interposto este agravo? No TRF. Será o TRF fazendo a revisão de uma decisão proferida por um Juiz Estadual. 
OBS: O Juiz Federal não é Juiz de Direito. Quando falamos em Juiz de Direito estamos falando de Juiz Estadual. 
Se o Juiz de São Fidélis profere uma sentença nessa ação, caberá o que contra essa sentença e a quem competirá julgar? Caberá apelação e quem julgará é o TRF. 
Questão de prova: surge um conflito de competência entre o Juiz de São Fidélis, nesta situação, atuando como Juiz Federal, e o Juiz Federal de Campos, quem julga esse conflito de competência? É o STJ ou o TRF? É o TRF. 
Não confunda com outra situação muito parecida que é: conflito de competência entre o Juiz Federal de Campos e Juiz de Direito de São Fidélis atuando como Juiz de Direito, dentro da sua competência estadual. Neste caso, sim, o conflito será dirimido pelo STJ. Pois é da competência originária do STJ julgar conflito de competência entre Juízes vinculados a Tribunais diversos. (art. 105, I, d da CF)
No caso proposto na letra b, em que a União quer promover uma execução fiscal contra o “A”, onde será proposta essa execução fiscal? O artigo 109, parágrafo 3o tem aplicação? A parte inicial não. Mas o final do parágrafo 3o, estabelece que a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela Justiça Estadual. 
No caso de execução fiscal, a lei que organiza a Justiça Federal, lei 5010/66, prevê que a execução fiscal será na Comarca onde o executado é domiciliado. Então, não é a lei de execução fiscal que prevê isso não. A lei de execução fiscal (6830/80). É a lei 5010/66 que prevê. 
Então, combinando o artigo 109, parágrafo 3o, parte final, com a lei 5010/66, essa execução fiscal da União será em São Fidélis.
No caso proposto na letra c, em que o “A” quer propor uma ação contra a União, alegando que pagou imposto a mais e quer seu dinheiro de volta, quer a restituição do imposto pago. Uma ação ordinária contra a União. Esta ação será ajuizada aonde? Esta ação contra a União poderá ser ajuizada em São Fidélis? Não. Por quê? Porque não tem autorização legal para isso. O artigo 109, parágrafo 3o da CF, fala do segurado do INSS e a previsão legal, nestas duas hipóteses há previsão de Juiz Estadual julgar causas federais. O caso proposto na letra c não se enquadra em nenhuma das duas hipóteses, nem é contra o INSS, nem há previsão legal alguma. 
Caímos então no parágrafo 2o do artigo 109 da CF, que dispõe:
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
Então no caso proposto na letra c, o Autor poderá ajuizar a ação na Seção Judiciária ou no Distrito Federal. Dentro da Seção Judiciária terá que observar a divisão, observar qual é a Sede correspondente ao domicílio do Autor ou então ir propor a ação no Distrito Federal. 
Uma pergunta: O Autor mora em São Fidélis, mas não suporta Campos. Poderia ajuizar sua ação na Sede Judiciária da Seção? Os Tribunais Regionais Federais tendem a dizer que não pode. E por que não poderia? É mais ou menos o que ocorre entre os TJ’ S e as Varas Regionais. Porque quando você cria as Sedes das Seções Judiciárias a finalidade desta criação é descentralizar, é pulverizar a atuação jurisdicional. Então de que adiantaria criar uma Vara em Campos se o sujeito pode vir à sede da Seção judiciária e ajuizar a ação? O esforço de descentralização seria desnecessário. Os TRF’s tendem a dizer que a competência das Sedes de Vara Federal é funcional e, portanto, absoluta.
Porém, já há alguns julgados do STF entendendo o seguinte: Por que o Autor pode ajuizar a ação no DF? O Autor pode ajuizar a ação no Estado onde é domiciliado ou no DF, que é a capital do país. Trazendo essa noção para o mapa do Estado, dentrodo Estado ele pode ajuizar a ação onde? Na sede correspondente ao local onde ele é domiciliado ou na Capital do Estado. 
Então, o STF diz que pode ajuizar a ação na sede correspondente ao local onde o Autor é domiciliado, ou no DF, ou na sede da Seção Judiciária, na capital do Estado, até porque a CF no parágrafo 2o do artigo 109 fala em Seção Judiciária.
INCOMPETÊNCIA
 			 FUNCIONAL
					ABSOLUTOS
					(Tutelam o 		 MATERIAL
					interesse 
					público)
CRITÉRIOS 			Incompetência absoluta:
 DE				O juiz pode reconhecer de ofício, o
FIXAÇÃO				 Autor pode alegar e o Réu pode ale-
					gar como preliminar na contestação.
					Os Autos devem ser remetidos ao 
					Juízo competente.
					Os atos decisórios são nulos.
								TERRITORIAL
 		RELATIVOS
			 (Tutelam o
			 interesse	 VALOR
			 privado)
			 Incompetência relativa:
			 O juiz não pode reconhecer de ofício,					 súmula 33 do STJ, o Autor também 
 não pode alegar, somente o Réu atra-
 		vés de Exceção de Incompetência.
 			 Os autos devem ser remetidos ao 				 Juízo competente.
			 		Todos os atos praticados no processo 
					 são válidos. 
Por que o Autor não pode alegar a incompetência relativa? Porque o Autor ajuizou no lugar errado, ele foi lambão. O critério relativo de fixação de competência é interesse das partes, é direito privado. 
Atenção!!! Citação não é ato decisório!
Vamos ver os artigos 112 e 113 do CPC:
“Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.(Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas.
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.”
Atenção!!!! A competência ou a incompetência é do Juízo e não do Juiz!
Em relação aos autos do processo onde for reconhecida a incompetência relativa e os atos praticados nesse processo, não existe previsão expressa, no entanto, se os que têm a incompetência absoluta reconhecida são remetidos ao juízo competente, com mais razão os que têm a incompetência relativa. 
E aí uma primeira observação importantíssima: na incompetência absoluta os autos vão para o juízo competente, na incompetência relativa os autos vão para o juízo competente. A incompetência, seja a absoluta, seja a relativa, não gera a extinção do processo. 
Tirando a lei 9099/95, que expressamente determina que a competência é territorial e que a incompetência vai gerar a extinção. Tirando essa hipótese, a incompetência, mesmo absoluta, vai gerar a remessa dos autos ao Juízo competente. 
Vamos fazer uns exercícios de cabeça:
Ação de alimentos. Quem é competente para julgar uma ação de alimentos na Capital do RJ? Vara de Família. O Autor ajuíza uma ação na Vara Cível. O Juiz da Vara Cível pode “bicar” este processo para a Vara de Família? Que tipo de incompetência nós temos aí? O critério utilizado aqui é a matéria. Então, se o critério matéria não foi observado a incompetência é absoluta. A incompetência absoluta pode ser reconhecida de ofício pelo Juiz? Não só pode como deve. Portanto, o Juiz irá enviar o processo para a Vara de Família. 
O Juiz da Vara Cível não enviou o processo para a Vara de Família, ele fixou os alimentos provisórios e mandou citar o Réu. 
O Réu vendo que o Juízo é incompetente, o que faz? Numa preliminar de contestação alega que o Juízo da Vara Cível é absolutamente incompetente. Reconhecida essa incompetência, os autos são remetidos à Vara de Família. 
A determinação do Juiz para que o Réu seja citado é um ato decisório? Não. É um ato ordinatório. Mas a fixação dos alimentos provisórios é um ato decisório e atos decisórios no caso de incompetência absoluta são nulos. 
Aí vem a questão de serem os alimentos repetíveis ou não? A regra geral é de que os alimentos são irrepetíveis, ou seja, pagou não podem ser devolvidos. Mas existem exceções, que não vem ao caso discutirmos agora porque não é o momento adequado. 
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
Assim dispõe o artigo 105 do CPC: 
“Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.”
Essa reunião de ações é obrigatória ou elas podem correr separadamente? 
Só serão reunidas obrigatoriamente as ações quando puder haver um conflito jurídico entre as decisões. 
O que se pretende com a reunião das ações é evitar decisões diferentes ou prejudiciais. 
1) JUIZ					 JUIZ 
		 Benefício x				 Benefício x
 Servidor Estado		Servidor 		Estado
A 					 B
	Sentença de 				 Sentença de 		 
 procedência do pedido		 improcedência do pedido
 
São ações conexas, mas neste caso não há conflito jurídico, o conflito será solucionado com a interposição do recurso válido para o caso. 
 
JUIZ					 JUIZ 
	 Anulação Assembléia y		 Anulação Assembléia Y
 Acionista S/A		Acionista		 S/A
A 						 B
 					 
 Sentença: Assembléia Y é nula. 	 Sentença: Assembléia Y é válida. 		 
	São ações conexas, mas neste caso há conflito de decisões, há conflito jurídico entre as decisões, uma decisão invalida a outra. Neste caso, então, as ações devem ser reunidas. 
	Onde serão reunidas as ações? As ações serão reunidas no juízo prevento, consoante o artigo 106 do CPC: 
“Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.”
	O artigo 106 do CPC elege um critério de prevenção que é o critério de despacho liminar positivo (cite-se). 
	O artigo 219 d CPC assim dispõe: 
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	O artigo 219 do CPC, por sua vez, elege outro critério, qual seja, a citação válida.
	E aí, como saber qual dos dois critérios adotar? 
	O artigo 106 do CPC aplica-se no caso de reunião de ações da mesma competência territorial, neste caso, considera-se prevento o Juiz que despachou primeiro. 
	O artigo 219 do CPC é aplicável quando não existe a mesma competência territorial. O artigo 219 do CPC é a regra geral de prevenção, que é a citação válida, ou seja, o Juízo do processo onde ocorreu a primeira citação válida é o prevento. 
	O artigo 104 do CPC trata da CONTINÊNCIA e assim dispõe: 
“Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.”
	
	O artigo 103 do CPC trata da CONEXÃO: 
“Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir”.
	FORO DE ELEIÇÃO
	A modificação de competência é possívelse esta competência for definida em razão do valor e em razão do território. Nestes casos as partes podem eleger foro diverso do definido na lei. 
	O STJ já decidiu ser cláusula não escrita num contrato de adesão foro de eleição que acabe por impossibilitar ou mesmo tornar difícil o aceso à justiça. 
	Com relação ao foro de eleição o Juiz poderá declarar de ofício a nulidade da cláusula de eleição do foro em contrato de adesão. Essa é uma exceção a regar de que a incompetência relativa só pode ser argüida por exceção de incompetência pelo réu. 
	Artigo 112, parágrafo único c/c artigo 114, todos do CPC: 
“Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.(Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)”
“Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)”
	Lembrando que o parágrafo único do artigo 112 do CPC foi acrescido pela lei 11.280/06 do CPC e o artigo 114 do CPC, que trata da prorrogação da competência, foi alterado pela mesma lei. 
II – PROCESSO DE CONHECIMENTO
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Petição Inicial 	 Citação 	 Resposta do Réu 	 Providências
Requisitos (artigo 282) Efeitos Contestação preliminares
Emenda	 Modalidades	 Reconvenção		 Réplica
Indeferimento					 Exceção		 Ação		
								 Declaração Incidental
												 								 Julgamento
								 conforme o 
	 Sentença Provas 	 estado do 
	 	Efeitos			 Audiência de processo
 Modalidades Instrução e Extinção do processo
					 Julgamento	 com julgamento 
							 antecipado da lide
								Saneamento
								Audiência Preliminar
	II.1) PETIÇÃO INCIAL E TUTELA ANTECIPADA
	PETIÇÃO INICIAL
	Princípio inércia da jurisdição, princípio da demanda – Se não houver demanda, se não houver quem vá bater as portas do judiciário não tem processo. Isso é feito através do ajuizamento da petição inicial, que deve atender a determinados requisitos que se encontram no artigo 282 do CPC: 
“Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;”
VII - o requerimento para a citação do réu.
	O artigo 282 do CPC trata dos requisitos da petição inicial, mas topograficamente ele está no procedimento ordinário, por isso tende-se a achar que esses requisitos são só requisitos da petição inicial do procedimento ordinário, o que não é verdade. 
	O que veremos agora é esqueleto, é a estrutura de qualquer petição inicial, quando for uma execução, quando for uma cautelar, ou outro procedimento qualquer (sumário, especial), iremos sempre buscar essa fonte aqui, o esqueleto será sempre esse, claro que com pequenas modificações de acordo com o que estamos buscando. 
	O inciso I do artigo 282 é obrigatório? É. Por quê? Qual é a finalidade desta indicação? Porque a competência fixada num primeiro momento é em função do que o Autor está dizendo. O Autor tem que indicar qual é o Juízo que você, Autor, entende que é o competente pra julgar aquela ação. Pode até não ser efetivamente o competente, depois será verificado, mas no momento de ajuizamento da petição inicial deve indicar, até para efeito de distribuição. 
	O inciso I fala em Tribunal, petição inicial no Tribunal? Sim. São os processos de competência originária do Tribunal, nestes casos a petições iniciais são ajuizadas lá. 
	Na 1ª Instância nós escrevemos: Excelentíssimo Senhor Juiz da Vara tal da Comarca tal. E quando a minha ação começa no Tribunal? Sei que a minha ação vai ser julgada por uma das Câmaras ou Turma, como começo minha petição inicial? Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal.... 
	Por que se dirige ao Presidente? Porque sempre que o assunto está chegando pela primeira vez ao Tribunal deve ser dirigido ao Presidente do Tribunal. 
	Isso vale não só para a Petição Inicial, mas também para o Recurso interposto diretamente no Tribunal. Que recurso é interposto diretamente lá? Agravo de Instrumento. 
	Diferentemente deu quando já existe processo no Tribunal e quer se inserir algum documento ou petição, neste caso já existe processo, já existe Câmara definida, já existe Relator definido, como se faz? Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator da apelação cível nº ................. . Devemos lembrar que ele é relator daquele recurso, daquele processo e não no Tribunal ou da Câmara. 
	Não se coloca o nome do Desembargador ou do Juiz. 
	Precisa Colocar Câmara? Não é preciso. É possível colocar Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, mas o que não pode deixar de colocar é o número do processo, nos casos dos processos já em curso no Tribunal. 
	O inciso II do artigo 282 do CPC trata da qualificação. Esta qualificação engloba o estado civil da pessoa. Isso faz diferença? Eventualmente faz, por exemplo, artigo 10 do CPC, que fala da necessidade da autorização do cônjuge, o artigo 10, parágrafo 1º do CPC trata da necessidade de citação de ambos os réus (marido e mulher). 
	Faz diferença a profissão do Autor ou do Réu? Eventualmente faz, por exemplo, artigo 216, parágrafo único do CPC, que trata do militar em serviço ativo que deverá ser citado na unidade em que estiver servindo se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. Outra hipótese é a do artigo 347 do CPC, quando fala do depoimento pessoal, em que desobriga a parte de prestar depoimento sobre fato cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. 
	Porque deve haver o endereço do Réu? A competência é fixada, a regra geral da competência territorial é o domicílio do Réu. Além disso, para que o Réu seja citado deve se saber qual é o endereço. 
	E quanto ao endereço do Autor? Primeiro porque também é critério de fixação de competência. Residualmente, a competência vai ser fixada, em algumas situações específicas, de acordo com o domicílio do Autor. E por um outro motivo: ajuizada a ação e citado o Réu como são feitas as comunicações dos atos do processo? Através de intimações. Quem é intimado? A intimação é feita, como regra, a pessoa do advogado e como regra, também, através da publicação no Diário Oficial. Mas a intimação é sempre feita na pessoa do advogado? Não. Eventualmente, a parte tem que ser intimada e não o advogado. Intimação pessoal. Exemplo, artigo 267, inciso III do CPC, que trata da extinção do processo por abandono do Autor. A lei exige que o Juiz antes de extinguir o processo ordene a intimação pessoal da parte, parágrafo 1º, do artigo 267 do CPC.

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