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Da competência

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Ana Luiza Bittencourt 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 
Da competência 
- A competência consiste no fracionamento da função jurisdicional, atribuindo-se a cada juízo (vara ou tribunal) 
parcela da jurisdição, possibilitando o seu exercício. Cada juiz terá seu limite de atuação. 
Obs.: tecnicamente, não é correto falar que o JUIZ é incompetente, pois é um atributo do órgão jurisdicional (juízo). 
- Competência originária é aquela atribuída diretamente a um órgão jurisdicional para conhecer da causa em primeiro 
lugar. 
Art. 44 CPC. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas 
previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas 
constituições dos Estados. 
Art. 46 CPC. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro 
de domicílio do réu. REGRA GERAL IMPORTANTE (que comporta muitas exceções, previstas em variados locais). Foro 
de domicílio do réu: comarca em que ele está domiciliado. No entanto, antes de ter a certeza de que essa regra será 
aplicada, é preciso observar os seguintes passos, que comportam exceções: 
• 1º PASSO: competência originária de tribunal? 
- A competência se divide em duas: originária e recursal. 
- A originária é quando a ação NASCE no tribunal, sendo ajuizada diretamente lá. Se for caso de competência 
originária de tribunal, a ação será ajuizada nesse tribunal, e não no foro de domicílio do réu. 
EXEMPLOS: 
- Art. 102 CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - 
processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou 
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 
- Art. 105 CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: b) os mandados de 
segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica ou do próprio Tribunal; Obs.: a ação é originária do STJ, mas ela pode chegar ao STF por recurso. 
 
• 2º PASSO: competência de justiça especializada? 
- A competência das Justiças Especializadas (trabalhista, eleitoral e militar) foi fixada em razão da matéria discutida 
no processo. 
- Se for um desses casos, a ação deve ser no juízo específico. 
- Se não for, se aplica a regra do art. 46 (foro de domicílio do réu). 
 
• 3º PASSO: justiça comum federal? 
- A justiça comum é dividida em federal e estadual, sendo que a primeira precede a segunda para a fixação da 
competência. Ou seja, aquilo que não for competência federal, será estadual. 
- Art. 109 CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou 
empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de 
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
 
• 4º PASSO: foro privilegiado/especial? 
- Em alguns casos, o autor pode ajuizar ação no foro de onde mora > isso é foro privilegiado. 
- Art. 53 CPC. É competente o foro: AQUI SE TRATA DE FORO OPCIONAL (apenas amplia as possibilidades) 
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: 
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; 
d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 
(Lei Maria da Penha); 
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; 
III - do lugar: 
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; 
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; 
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; 
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do 
ofício; 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: 
a) de reparação de dano; 
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou 
acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
 
- Art. 47 CPC. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. 
AQUI SE TRATA DE FORO OBRIGATÓRIO (se sobrepõe à regra do art. 46) 
Obs.: foro > justiça comum estadual diz-se que é comarca // justiça comum federal, diz-se seção judiciária. 
- Você não provoca a comarca/território > você vai provocar um órgão jurisdicional que está nesta comarca > existe 
comarca que tem mais de um órgão jurisdicional, como duas ou mais. Determinado o foro competente, deverá o autor 
verificar quais são as varas abstratamente competentes para proceder e julgar a causa. Ex.: vara específica de família 
em BH > nas varas cíveis que não são dividias em específicas, será feito sorteio. 
• Quando há uma única vara cível, por exemplo, o endereçamento na petição inicial deve ser: “Ao juízo da Vara Cível 
da Comarca de Congonhas”. 
• Quando há mais uma vara, será feito um sorteio. Nesse caso, diz-se “Ao juízo da nº Vara X da Comarca de 
Conselheiro Lafaiete”. 
• Quando há uma vara especializada em determinado assunto, deve-se endereçar, por exemplo: “Ao juízo da nº 
Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte”. 
- Em Minas Gerais, há uma lei estadual que especifica as comarcas e varas, a chamada de Lei de Organização e Divisão 
do Judiciário (LODJ). 
- O princípio da “perpetuatio jurisdictious” (perpetuação da competência) dispõe que a competência é determinada 
no momento da propositura da demanda, sendo irrelevantes eventuais alterações posteriores. Ex.: se o réu se muda 
depois, não importa, a ação continuará correndo na comarca que foi inicialmente ajuizada. 
Art. 43 CPC. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo 
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão 
judiciário ou alterarem a competência absoluta. PRINCÍPIO DA PERPETUAÇÃO DA COMPETÊNCIA. 
Regras de competência 
- As regras de competência são fixadas de acordo com cinco critérios: 
a) pessoa (absoluta): autor ajuíza ação contra a União que cai na vara cível de Lafaiete. Nesse caso, o juiz deve agir de 
ofício e se declarar incompetente e uma das partes também pode, a qualquer momento. É para o interesse público, 
então o legislador é leniente. 
b) matéria (absoluta): cobrança de aluguéis na vara criminal. A vara é absolutamente incompetente. 
c) função/atividade exercida em juízo (competência absoluta): 
d) valor da causa (relativa): alguns casos são só no juizado especial (não tem como julgar uma ação com valor de causa 
de 80 mil, por exemplo. Outras causas podem ser propostas no juizado especial ou na justiça comum. 
e) território/lugar (competência relativa) > o juiz não vai fazer nada > se a parte quiser, em sua contestação, pode 
suscitar a incompetência do juiz naquele caso. O juiz só pode falar quando for provocado. 
ABSOLUTA 
- A competência absoluta se distingue da relativas nos seguintes aspectos: 
• FINALIDADE 
• FORMA E TEMPO DE ARGUIÇÃO: de que maneira e quando você pode arguir. 
• POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO: na absoluta não pode nunca mudar aquilo que a lei dispõe > as partes não podem 
escolher. Na relativa as partes têm abertura paraescolher, por exemplo, o foro de eleição. 
- Envolve interesse público. 
- Quando se tratar de PESSOA, MATÉRIA ou FUNÇÃO a competência será absoluta. 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. 
§1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
Características: 
• Pode ser arguida a QUALQUER momento da ação (não há preclusão para arguir incompetência absoluta) > tempo 
de arguição. 
• Pode ser decretada por ofício ou por provocação das partes; 
• Não pode ser alterada por vontade das partes aquilo que foi decidido pelo legislador (é leniente). Se a lei determina 
um foro conforme a matéria da ação, as partes não têm liberdade para mudar isso. 
RELATIVA 
- Envolve interesse somente das partes. 
- Quando se tratar de VALOR da causa e de LUGAR a competência será relativa. 
Características: 
• Deve ser feito numa fase específica do processo. Deve ser alegada pelo réu, como preliminar de contestação; não 
há outra forma de fazê-lo. Se passa essa fase, se torna precluso e as partes não podem mais declarar 
incompetência. 
 
• Quando o réu não alega a incompetência relativa do juízo na preliminar da contestação, a partir do momento que 
passa essa fase do processo, aquele juízo se torna competente para aquele caso em específico, ou seja, ocorre a 
prorrogação da competência (art. 65 CPC). 
- Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. 
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. 
 
• Não pode ser decretada de ofício > o juiz, mesmo sabendo que é relativamente incompetente, não pode tomar 
nenhuma atitude em relação a isso > deve aguardar as partes agirem, caso tenham interesse. 
 
• As partes podem alterar, em alguns casos, aquilo que foi decidido pelo legislador (art. 62 e 63 CPC). Três casos que 
pode alterar: as partes podem eleger o foro (derrogação), pode ocorrer a prorrogação; pode ocorrer a conexão 
das ações. 
- Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção 
das partes. 
- Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será 
proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
§1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado 
negócio jurídico. 
§2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que 
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
§4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de 
preclusão. 
 
• Quando há conexão entre ações (art. 54), é possível juntá-las, em um único juízo, para que tenha apenas uma 
única sentença. As ações conexas ficarão no juízo prevento, ou seja, aquele que teve o primeiro contato com a 
causa (registro/distribuição). Quando 2 ou mais ações são conexas quer dizer que possuem vínculo (têm em 
comum os pedidos e as causas de pedir), então são unidas na mesma sentença para evitar decisões conflitantes. 
Quem vai decidir se são conexas é o juiz, podendo as partes solicitar que suas ações não sejam conexas por algum 
motivo. Obs.: ações iguais são proibidas (são aquelas que possuem os mesmos elementos da ação: partes, causa 
de pedir e pedido) > quando isso acontece, uma delas deve ser extinta sem a resolução do mérito. 
- Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta 
Seção. 
- Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. 
§1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido 
sentenciado. 
§2º Aplica-se o disposto no caput: 
I - À execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; 
II - Às execuções fundadas no mesmo título executivo. 
§3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões 
conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. 
 
- Os efeitos do reconhecimento da incompetência serão os mesmos, não importando se relativa ou absoluta (art. 64, 
§3º). NÃO HÁ EXTINÇÃO DO PROCESSO > há o ENVIO DO PROCESSO AO JUÍZO COMPETENTE. 
Art. 64, §3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. 
Art. 64, §4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo 
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. O juiz competente, se descordar dos 
atos, pode anular os atos passados. Se concorda, pode conservar. **conflito negativo de competência. 
 
 
1) Cesar ajuizou ação de cobrança na comarca de Conselheiro Lafaiete em face de Osvaldo, domiciliado em 
Carandaí. Alega o autor que o réu deve ser condenado à obrigação de lhe pagar 12 mil reais. Tal ação foi 
distribuída para a 2ª Vara Cível da comarca de Lafaiete. Considerando tal situação hipotética, responda as 
seguintes perguntas: 
a) A 2ª vara cível da comarca de Lafaiete é competente para apreciar e julgar essa causa? Não. 
b) Se a resposta for negativa, qual atitude deverá o juiz tomar? Deverá dar continuidade ao processo 
normalmente e esperar uma eventual provocação do réu. Caso seja provocada, no tempo e na forma 
correta, pode se decretar incompetente e, a partir disso, enviar os autos ao juízo competente (comarca 
de Carandaí). 
 
2) Adolfo ajuizou uma ação de revisão contratual em face da Caixa Econômica Federal na comarca de Congonhas. 
Tal ação foi distribuída para a 1ª Vara Cível da comarca de Congonhas. Considerando tal situação hipotética, 
responda: 
a) A 1ª vara cível da comarca de Congonhas é competente para apreciar e julgar essa causa? Não. 
b) Se a resposta for negativa, qual atitude deverá o juiz tomar? O juiz deve se declarar incompetente de ofício, 
antes mesmo de citar a ré, pois sua incompetência é absoluta, tendo em vista que se trata de competência da 
justiça comum federal. 
 
3) Bartolomeu, domiciliado em Entre Rios de Minas, teve seu carro abalroado pelo José, domiciliado em Belo 
Horizonte. O acidente de trânsito ocorreu na BR 040, na comarca de Nova Lima. Considerando a resistência 
do réu em relação à pretensão autoral de ser ressarcido pelos danos materiais, Bartolomeu ajuizou ação de 
indenização em face de José na comarca de Entre Rios de Minas. Tal ação foi registrada perante a Vara Única 
da comarca de Entre Rios de Minas. Considerando tal situação hipotética, responda: ART. 53, V 
a) A vara única da comarca de Entre Rios de Minas é competente para apreciar e julgar essa causa? Sim. Por 
se tratar de acidente de veículo, o foro é privilegiado, podendo a ação ser ajuizada no foro do autor. 
b) Se a resposta for negativa, qual atitude deverá o juiz tomar?

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