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Trabalho de Sociologia Geral e Política

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UCB: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
SELMA: UMA LUTA PELA IGUALDADE
Aluno: Jailson Rocha Pereira
Professor: Luís Otavio Teles Asumpção
Disciplina: Sociologia Geral e Jurídica
Brasília
06/03/2014
A SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA JURÍDICA SUSTENTAM A TESE QUE O DIREITO DERIVA DA SOCIEDADE. EXPLIQUE ESSA TESE TOMANDO COMO EXEMPLOS CENAS DO FILME SELMA: UMA LUTA PELA IGUALDADE.
A sociedade é um conceito qualitativo, ou seja, é formada pela síntese dos valores compartilhados, dessa forma, quando as regras tornam-se uma síntese vira lei, logo a lei emana da sociedade. 
O filme Selma conta de uma forma bastante fiel a história, mostrando por diversas vezes os locais, dias, horas e minutos onde ocorreram os fatos, que geraram as três marchas da cidade de Selma a Montgomery capital do estado do Alabama.
A sociedade Americana é formada por maioria branca, de pessoas que viam os negros como um ser humano inferior, dotados de menos inteligência e conhecimento, e que, portanto cabia-lhe o direito de negarem diversos benefícios.
Em 1963 ocorreu a marcha sobre Washington liderada por Martin Luher King JR, que reuniu mais de 250.000 pessoas que reivindicavam a liberdade, justiça social, trabalho e pelo fim da segregação racial, sendo um ato pacífico e que representava os interesses de milhares de pessoas de maioria negra, por igualdade de direitos entre brancos e negros, ganhou repercução mundial, tornando o movimento na maior força política para aprovação da lei dos direitos civis em 1964, nos retificando que quando uma há na sociedade uma síntese de valores compartilhados, ela vira lei.
Devido ao seu papel desempenhado na marcha sobre Washington, e na luta pela defesa da igualdade e da paz, Luther King jr recebeu em 1964 o merecido prêmio Nobel da Paz.
Quando soube pelo Comitê Não Violento de Coordenação Estudantil que nos estados Sulistas americanos, mas especificamente no estado do Alabama apesar da lei dos direitos civis já está em vigor e garantir direitos iguais entre negros e brancos, estavam sendo impostas diversas barreiras quase intransponíveis para que o cidadão negro pudesse ter esse direito consolidado, ele decide então mudar-se para a cidade de Selma com seus aliados do SCLC (Conferência da Liderança Cristâ no Sul).
Ao chegar a Selma Luther King JR já tem uma noção do quanto à intolerância dos brancos aos negros é forte, pois um cidadão branco aproveitando-se da desculpa de cumprimentá-lo lhe agride fisicamente no rosto, demonstrando dessa maneira que não seria fácil a luta pelo fim do preconceito e pela busca do cumprimento dos direitos dos negros no estado, pois essa intolerância racial estava impregnada no interior do ser dos cidadãos brancos.
Luther King JR organiza um protesto pacífico na cidade de Selma apoiado por centenas de pessoas negras, marcham em direção ao Tribunal de registro Civil, com intenção de pressionar as autoridades locais a cumprirem a lei dos direitos civis e registrar os negros para que pudessem votar, mais ao chegar ao local foram recebidos com violência pela policia local, alegando que aquele era um grupo de desordeiros e arruaceiros, e prenderam Luther King e outros liderem do movimento. Como a imprensa estava cobrindo o evento, os atos de brutalidade da polícia estamparam os jornais de todo país no dia seguinte ao evento, causando uma situação desagradável para o governador do estado George Wallace e do presidente Lyndon Jhonson.
Em visita ao gabinete do presidente Luther King JR tentou através do dialogo convencer Lyndon Jhonson a levar a votação da lei do direito ao voto, que estabelecia o fim das práticas eleitorais discriminatórias, conseqüência da segregação racial nos Estados Unidos, mas não obteve êxito, pois ouviu como resposta que o presidente dos Estados Unidos tinha problemas mais urgentes para resolver. Diante da recusa do presidente ele decide voltar a Selma e organizar uma marcha que ia de Selma a Montgomery, para chamar a atenção de Lyndon Jhonson, pressionando-o a votar a lei de direito ao voto.
A imprensa desempenhou um papel de vital importância no processo, tendo em vista que noticiavam tos os acontecimentos que estavam acontecendo, desde a chegada de Luther King JR a Selma e em todo o desenrolar das marchas.
A morte de Jimmy Lee Jackson causada por policiais à surdina da noite, a mando do governador George Wallace, em uma tentativa mal sucedida de amedontrar e espalhar terror a todos favoráveis a causa do movimento negro pelo direito ao voto, foi um fator de suma importância que fez com que Luther King JR conseguisse unir ainda mais os negros e aumentar cada vez mais o número de simpatizantes pelo movimento.
A primeira marcha ficou marcada para sempre, como o que mais aflorou o preconceito dos brancos contra os negros da maneira mais selvagem, tendo em vista que mesmo desarmados, sem oferecer resistência à polícia, os manifestantes foram brutalmente caçados, espancados e chicoteados quando tentaram atravessar a ponte de Edmund Pettus, e clamavam pela sua dignidade e seus direitos. A imprensa estava toda em peso cobrindo os eventos que aconteciam na ponte, e registravam e transmitia toda essa barbárie a vida humana, e enquanto assistiam a essas cenas, milhões de americanos se sentiram indignados e envergonhados pelos atos atrozes da polícia, e algumas centenas de pessoas começaram a se deslocar para Selma, a fim de se juntarem a causa dos negros. Luther King JR foi à imprensa e fez um apelo a todo americano que se sentiram indignados com os acontecimentos na ponte a comparecerem a cidade para apoiarem o movimento dos negros.
A SCLC tentou conseguir uma liminar do juiz Frank Minis Jhonson, alegando que milhares de pessoas dos EUA se deslocaram para Selma para participarem da marcha, e que, portanto se tratava de um interesse comum de boa parte dos americanos de que a marcha acontecesse e que os direitos aos negros fossem concedidos, mas não querendo bater de frente com o governador George Wallace, o juiz do Tribunal Distrital Federal, optou pela não concessão da liminar e mais, proibiu por meio de uma liminar que proibia a realização da marcha até que fossem realizadas novas audiências para resolver o caso.
A segunda marcha teve um ponto muito importante a se destacar do ponto de vista sociólogo, pois mesmo com a participação de muitas pessoas brancas, e tendo a polícia aberto a passagem na ponte de Edmund Pettus para que os manifestantes marchassem para Montgomery, Luther King JR percebeu que a síntese dos valores que uniam aquelas pessoas, não seriam capazes de mudar o pensamento da polícia, nem das pessoas que moravam no decorrer do marcha até a capital a atacá-los durante o trajeto, pois ele observou dias antes com o ataque e a morte de James Heeb de Boston um homem branco que estava apoiando os manifestantes por moradores contrários aos tais mudança, acusando o de ser um branco negro, que o preconceito ainda estava entranhado no interior das pessoas de tal forma que se ele prosseguisse isso seria uma forte ameaça a vida das pessoas por ele lideradas, de serem encurraladas e caçadas, pensando na proteção dos seus seguidores, ele decide voltar e esperar um respaldo legal para prosseguir com a marcha.
Luther King JR e seus aliados conseguiram uma liminar judicial favorável para que a marcha de cinco dias de Selma a Montgomery, ocorresse pelas vias de fato e de forma legal. Com a lei a seu favor, ele não viu, mas nenhum empecilho para que a marcha acontecesse, e a partir desse momento deu inicio aos preparativos.
O governador do Alabama George Wallace em uma última tentativa de boicotar a marcha apelou ao presidente para que ele interviesse a seu favor e fosse contrário a realização da mesma, mas avaliando os últimos acontecimentos, e temendo a qual ponto essas manifestações pudessem chegar, e também com o receio de ser recordado pela história, com o presidente que “não pode”, “muito difícil” decide então ir à imprensa e propor uma lei que extinguirá as barreiras ilegais que impediam os negrosde gozarem de seus direitos ao voto, em todas as escalas federais, estaduais e locais, nesse momento confirmamos a tese de que quando as regras sociais se tornam uma síntese de valores compartilhados pela sociedade vira lei. De fato, em 1965 como resultado das manifestações populares foi aprovada a lei de direito ao voto, se tornando um marco da história da luta pela igualdade e o respeito entre os povos negros e brancos.
No filme o marco dessa conquista é a terceira marcha que serviu para que o mundo enxergasse a importância da existência de uma relação harmoniosa entre as pessoas, e do respeito mútuo, contudo podemos ver que o preconceito ainda existia e existe enraizado nos corações de milhares de pessoas, sendo retratado na imagem do jovem branco faz um gesto obsceno ao ser filmado, demonstrando dessa forma que a luta contra o preconceito é bem mais que uma questão moral, mas também de Érica e princípios humanos, sendo necessária uma luta contínua, diária para que esse sentimento hostil seja arrancado do coração do ser humano.

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