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1 APOSTILA INTRODUÇÃO A CONTABILIDADE E ORÇAMENTO PÚBLICO Prof. Marcelo Cardoso de Azevedo 2 Í N D I C E INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 3 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES APLICADAS A CONTABILIDADE PÚBLICA ..................... 3 SERVIÇO PÚBLICO .................................................................................................................. 4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................................................. 6 CONTABILIDADE PÚBLICA ................................................................................................... 9 REGIMES CONTÁBEIS .......................................................................................................... 16 ORÇAMENTO PÚBLICO ........................................................................................................ 17 RECEITAS PÚBLICAS ............................................................................................................ 43 DESPESA PÚBLICA ................................................................................................................. 52 RESTOS A PAGAR ................................................................................................................... 66 DÍVIDA PÚBLICA .................................................................................................................... 67 REGIME DE ADIANTAMENTO ............................................................................................. 71 CRÉDITOS ADICIONAIS ........................................................................................................ 72 ANÁLISE DE BALANÇOS ....................................................................................................... 74 ATIVIDADES PRÁTICAS........................................................................................................ 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 106 3 INTRODUÇÃO Ainda hoje no Brasil, são raras as pesquisas e publicações na área da Contabilidade Pública que espelhem a realidade diária do acompanhamento do planejamento orçamentário e sua execução na gestão pública. Esta ausência de subsídios científicos e práticos faz com que as Entidades Governamentais ao adotarem os procedimentos de planejamento padronizados pela União, só modifiquem os conteúdos monetários das tabelas já existentes de um exercício para outro, deixando em segundo plano o desenvolvimento do planejamento setorial e por atividades, não demonstrando com total clareza a relação custo benefício de cada novo projeto implantado, nem mesmo se as metas planejadas foram alcançadas, ou tão pouco, estágio real que se encontram, apesar destas prerrogativas estarem fixadas em Lei. Então, este trabalho vêm colaborar no sentido de demonstrar todas as etapas do planejamento orçamentário, dando maior ênfase nos problemas encontrados quando da elaboração dos projetos e posterior divulgação à população (transparência) de seus objetivos e metas, para que se possa ter subsídios para entendermos se o interesse da administração pública é o bem estar da comunidade. Principais Legislações Aplicadas a Contabilidade Pública � Constituição Federal de 1988. ◊ Arts. 29, 29-A, dispõe sobre o limite de despesa do Poder Legislativo. ◊ Arts. 163 a 169, dispõe sobre finanças públicas, orçamento e despesa com pessoal e seus limites. � Lei 4.4320/64 Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos Orçamentos e Balaços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. � Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal. Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para Responsabilidade Fiscal e dá outras providências. � Portaria nº 42/99 Dispõe sobre a classificação da despesa orçamentária por Funções, Subfuções, Programs, Projetos / Atividades e Operações Especiais. � Portaria nº 163/01 Portaria Interministerial dispõe sobre a padronização da classificação da receita e da despesa orçamentária. 4 SERVIÇO PÚBLICO É o conjunto de atividades e bens que são exercidos ou colocados á disposição da coletividade, visando abranger e proporcionar o maior grau possível de bem-estar social ou da “prosperidade pública”, ou seja, abundância de serviços públicos. Entende-se, também, como todos aqueles serviços prestados pelo Estado ou delegados por concessão ou permissão sob condições impostas e fixadas por ele, visando a satisfação de necessidades da comunidade. Podemos considerar como exemplo de condições impostas e fixadas: cobrança de impostos; quando tratamos de transporte coletivo, o bom estado de conservação dos veículos; abrangência do sinal de celular;... . • Serviço Privativo do Estado São serviços prestados exclusivamente pelo Estado, denominados “serviços públicos” propriamente ditos. Exemplos: � Relações diplomáticas e consulares; � Defesa e segurança Nacional; � Emissão de moeda; � Estabelecimento e execução de planos nacionais de educação e de saúde, bem como planos regionais de desenvolvimento; � Os que relacionam com o poder de polícia e segurança pública; entre outros... • Serviços de Utilidade Pública São serviços públicos prestados por delegação (concessão ou permissão). - Concessão: Procedimento pelo qual uma pessoa de direito público, denominada autoridade concedente, normalmente o Prefeito no caso de Município, confia mediante delegação contratual a uma pessoa física ou jurídica, chamada concessionária, o encargo de explorar um serviço público. Em contra partida, o concessionário deve sujeitar-se a certas obrigações impostas pelo Poder Público, que devem estar claramente descritas no Edital de Licitação, os quais serão fiscalizados pelo Poder Público. Se houver necessidade, essas atribuições podem ser modificadas pelo Estado, sempre que o interesse público o exigir, para melhor atendimento e adequação dos serviços, bem como também revogar a concessão, caso a concessionária não cumpra eficientemente a delegação concedida. 5 Características principais: � Autorização Legislativa � Licitação prévia � Contrato de Concessão Exemplos: � Transportes coletivos; � Fornecimento de energia elétrica; � Comunicações telefônicas; � Radiodifusão; � Utilização de terrenos nos cemitérios com túmulos de família; entre outros... - Permissão: Procedimento através do qual uma pessoa de direito público, denominada autoridade pertinente, faculta mediante delegação a título precário a uma pessoa física ou jurídica, chamada permissionário, a execução de obras e serviços de utilidade pública, ou uso excepcional de bem público, podendo ser outorgado de forma gratuita ou remunerada, atendendo a condições estabelecida pelo Poder Público. Características: � Não depende de autorização legislativa; � Outorgado por decreto; � Ato unilateral a título precário. Exemplos: � Serviço de transporte coletivo (facultativo); � Colocação de banca de venda de jornais em vias públicas; ... - Prestação de Serviços Mista Serviços prestados pela Administração, por seu dever de Estado e, entretanto, pode ser executada também por pessoa física ou jurídica de caráter privado, independente de delegação para tanto. Exemplos: � Educação; 6 � Saúde; � Previdência. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração Pública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidadescoletivas. o Organização Político-Administrativa do Brasil São pessoas jurídicas de direito público interno (arts. 25,29 e 32 da C.F.): � União – Constituição Federal, 1.988; � Estados – Constituição Estadual, 1.989; � Municípios – Lei Orgânica Municipal; � Distrito Federal – Lei Orgânica; e - Curiosidades: � Distrito Federal é administrado por um governador, eleito, portanto, em tese com organizações de Estado; em sua estruturação, é vedada a sua divisão em municípios, mas a sua parte legislativa é composta por atribuições reservadas aos Estados e Municípios, exercidas em câmaras legislativas, por deputados distritais. o Organização da Administração Pública Nas três esferas de governo em que a administração brasileira se processa, ou seja, as pessoas de direito público interno, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, possuem três Poderes independentes e harmônicos entre si, que são: � Legislativo (Elaboração de Leis e Fiscalização do Executivo); � Executivo (Administra); e � Judiciário (função judicial, ou a que se refere à aplicação aos litigantes1). o Estruturação 1 Quem discute no processo. 7 Pelo Decreto-Lei nº 200/67, alterado pelo Decreto-Lei nº 900/69, diz que a Administração Federal compreende: � Administração Direta, e � Administração Indireta. o Administração Direta ou Centralizada Serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da Republica e dos Ministérios, no âmbito Federal. O mesmo vale para os Estados e Municípios. A nível Municipal: � Prefeitura e � Câmara o Administração Indireta ou Descentralizada São entidades que o desempenho da atividade pública é exercido de forma descentralizada, por outras pessoas de direito público ou privado, que, no caso, proporcionarão ao estado a satisfação de seus fins administrativos. São dotadas de personalidade jurídica própria. � Autarquias; � Empresas Públicas; � Sociedade de Economia Mista e � Fundações. o Autarquias Serviço autônomo e descentralizado, tem personalidade de direito público interno, com patrimônio e receita próprios, tem a função de auxiliar indireta do serviço público. Sua criação é feita por lei; patrimônio inicial é oriundo do Ente que a criou; possui receita própria; exerce a Contabilidade Pública; seus processos de compras, serviços e obras estão sujeitos as normas de licitação; é auditada pelo T. C. E. –Tribunal de Contas do Estado. Exemplo: INSS, IPESP (Instituto Previdenciário do Estado de S. P.), CRC,CRA, Banco do Brasil, USP, DNER, Hospital da Clinicas, ... o Entidades Paraestatais Serviços com maior grau de especialização 8 Entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação é autorizada por lei, com patrimônio público ou misto, para a realização de atividades, obras e serviços de interesse coletivo, sob normas e controle do Estado. A realização de despesas com compras, serviços ou obras sujeita-se ao sistema licitatório especial. Tipos de Entidades Paraestatais: � Empresas Públicas � Sociedade de Economia Mista � Fundações o Empresas Públicas Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivamente governamental, criação autorizada por lei, para exploração de atividade econômica ou industrial. Exemplos: Rede Ferroviária Federal, casa da Moeda do Brasil, Caixa Econômica Federal e Estadual, empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Imprensa Oficial do Estado. o Sociedades de Economia Mista Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, criação autorizada por lei, com participação do poder público e de particulares, é uma S/A, com ações com direito a voto, pertencentes em sua maioria à União, Estados ou Municípios. Executa a contabilidade comercial baseada na Lei 6.404/76. Exemplos: Petrobrás, Banco do Brasil S/A, Banco Nossa Caixa S/A. o Fundações Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, criação autorizada por lei, com objetivo e interesse coletivo, geralmente de educação, ensino, pesquisa, assistência social etc., com personificação de bens públicos, sob o amparo e controle do Estado, são auditadas pelo TCE, caracterizam-se por ser entidades do tipo cooperação. Podem executar a contabilidade comercial ou pública, dependendo da determinação na lei que a criou. Exemplos: Funai - Fundação Nacional do Índio (Assistência Social); Fundação Universidade de Brasília (Ensino); Fundação Padre Anchieta (Educação); ... o Serviços Sociais Autônomos São dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e administração particular, com finalidade específica de assistência e ensino a certas categorias sociais ou determinadas categorias profissionais, sem fins lucrativos, são serviços de cooperação ao serviços público. Por receberem dinheiro público, sujeitam-se a prestação de contas ao órgão estatal que estejam vinculadas e por ele são 9 supervisionadas. Exemplos: SESI – Serviço Social a Indústria; SESC – Serviço Social do Comércio; SENAI; SEBRAE; SENAC. DIAGRAMA PREFEITURA CÂMARA AUTARQUIA FUNDAÇÃOFUND AÇÕES EMPRESA PÚBLICA EMPR.ECONOMIA MISTA CONTABILIDADE PÚBLICA Entendem-se nos tempos atuais, a Contabilidade como técnica capaz de produzir, com oportunidade e fidelidade, relatórios que sirvam à administração no processo de tomada de decisões e de controle de seus atos, demonstrando, por fim, os efeitos produzidos por esses atos de gestão no patrimônio da entidade. Como a Contabilidade Pública sendo uma das divisões da Contabilidade, agregou-se a seguinte definição a anterior: CONT. PRIVADA CONT. PÚBLICA ADM. DIRETA ADM. INDIRETA 10 “É o ramo da Contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execução da Fazenda Pública; o Patrimônio Público e suas variações”. Breve Histórico • Contabilidade no Mundo: o Surgimento - século XII E XIV na Itália; o 1a. Escrituração por partidas dobradas – Gênova em 1.340; o 1o. Livro de Contabilidade – Frei Franciscano Luca Pacioli – Veneza em 1494. • Contabilidade no Brasil: o 1.808 – Alvará de D. João obrigando os contadores a adotarem as partidas dobradas; o 1.850 – Código Comercial obriga escrituração contábil e elaboração de Balanço Anual; o 1.889 – Com a que do Imperador D. Pedro II e a Proclamação da República, faz-se necessário maior controle das coisas públicas. Controle exercido pelo Parlamento; o 1.922 – Surge o Código de Contabilidade da União; o 1.940 – Surgem normas para elaboração da contabilidade dos Estados e Municípios; o 1.964 – Lei 4.320/64 – estatui normas gerais de finanças públicas; o 2.000 – Lei 101/00 (LRF) – estabelece normas de fianças públicas. • Campo de Atuação A metodologia especial de escrituração que a Contabilidade Pública exerce, é obrigatório a todas as entidades de direito público interno, como a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas entidades autárquicas. A Contabilidade Pública não deve ser entendida apenas como destinada ao registro e escrituração contábil, mas também à observância da legalidade dos atos da execução orçamentária, através do controle e do acompanhamento, que será prévio, concomitante e subseqüente. Sendo um dos ramos mais complexos da Contabilidade, tem por objetivo captar, registrar, acumular, resumir e interpretaros fenômenos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios e respectivas Autarquias. De acordo com o art. 85, da Lei Federal 4.320/64, a escrituração contábil deverá ser feita através do sistema orçamentário, financeiro, patrimonial e de compensação. 11 Já o art. 101 determina que os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os Anexos nº 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos constantes dos Anexos nº 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.” Balanço é uma palavra oriunda do latim bis lanx, que quer dizer “dos dois lados”, significando os pratos de uma balança, onde se observa uma compensação entre pesos que se coloca de um lado, e o objeto que se queira medir do outro, buscando o equilíbrio. • Sistema Orçamentário Evidencia o registro contábil da receita e despesa, durante a execução orçamentária, ao final, faz um comparativo entre a previsão e a execução orçamentária. O Sistema orçamentário Registra, à vista do orçamento, a previsão orçamentária e, a vistas das leis, decretos ou portarias, as alterações das previsões; registra o empenhamento da despesa e a execução orçamentária; controla os empenhos-estimativas. No final do exercício compara a previsão com a realização, pondo em destaque as diferenças apuradas. o Balanço Orçamentário Diretamente relacionado com a Lei Orçamentária, o balanço orçamentário que de acordo com o art. 102 da Lei nº 4.320/64, “demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas”. Este balanço deve ser elaborado obedecendo-se a um modelo agregado a Lei nº 4.320/64, na qual se apresenta como Anexo nº 12, conforme exemplo demonstrado abaixo: BALANÇO ORÇAMENTÁRIO ANEXO –Nº 12 (Lei 4.320/64) RECEITA DESPESA Títulos Previsão Execução Diferença Título Fixação Execução Diferença Receitas Correntes Receita Tributária Receita Patrimonial Transferências Correntes Receitas Diversas Receitas de Capital Soma Déficit Total Créditos Orçamentários e Suplementares Créditos Especiais Créditos Extraordinários Soma Superávit Total • Sistema Financeiro (Contabilidade Financeira) 12 Engloba todas as operações que resultem de débitos e créditos de natureza financeira, ou seja, recebimentos e pagamentos das receitas e das despesas orçamentárias e extra-orçamentárias; ativos e passivos financeiros. Exemplo: movimentação das contas da tesouraria, caixa, bancos e todos com que eles se relacionam, quer em partidas quer em contrapartidas, e que representam os débitos e créditos financeiros. o Balanço Financeiro “O Balanço Financeiro demonstrará a receita e despesas orçamentárias, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se referem para o exercício seguinte.”2 Referente aos restos a pagar, temos: “Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.”3 Deve-se observar que no Balanço Financeiro são demonstrados os movimentos financeiros do exercício, isto é, a somatória das operações realizadas durante o exercício, e não o saldo das contas. BALANÇO FINANCEIRO ANEXO Nº 13 (Lei 4.320/64) RECEITA DESPESA Títulos Títulos Orçamentária Receitas Correntes Receita Tributária Receita Patrimonial Transferências Correntes Receitas Diversas Receita de Capital Extra-Orçamentária Restos a pagar (contrapartida da Despesa a Pagar) Serviços da Dívida a Pagar (contrapartida) Saldo do Exerc. Anterior Disponível: Caixa Bancos Vinculados em C/C Bancárias TOTAL GERAL Orçamentária Funções de Governo Legislativa Administração Agricultura Educação Habitação Extra-Orçamentária Restos a Pagar (pagamento no exercício) Serviços da Dívida a Pagar (pagos) Saldo para o Exerc. Seguinte Disponível: Caixa Bancos Vinculados em C/C Bancárias TOTAL GERAL • Sistema Patrimonial (Contabilidade Patrimonial) 2 Art. 103 da Lei nº 4.320/64. 3 Parágrafo único do art. 103 da Lei nº 4.320/64. 13 Registra analiticamente todos os bens de caráter permanente, as alterações da situação líquida patrimonial que abrangem os resultados da execução orçamentária, assim como suas variações. Registram os ativos e passivos permanentes, os bens móveis (menos dinheiro), imóveis, valores (ações, títulos, jóias, etc.), a dívida pública, a dívida ativa, os bens industriais, as variações patrimoniais decorrentes ou não da execução orçamentária e o saldo patrimonial. o Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é o quadro de contabilidade com duas seções, ativo e passivo, em que se distinguem os elementos do patrimônio público, igualando-se as duas somas com a conta do patrimônio líquido (Ativo Real Líquido) no caso da existência de superávit, ou Passivo Real a Descoberto, quando houver déficit patrimonial. O art. 105, da Lei nº 4.320/64, o descreve: “ O Balanço Patrimonial demonstrará: I. o Ativo Financeiro; II. o Ativo Permanente; III. o Passivo Financeiro; IV. o Passivo Permanente; V. o Saldo Patrimonial; e VI. as Contas de Compensação. O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentária e dos valores numerários. O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores cujo mobilização ou alienação dependa da autorização legislativa. O Passivo Financeiro compreenderá os compromissos exigíveis cujo pagamento independa de autorização orçamentária. O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate. Nas Contas de Compensação, serão registrados os bens, valores e obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos anteriores e que mediata ou imediatamente, possam vir a afetas o patrimônio.” A estrutura do Balanço Patrimonial será evidenciada pelo Anexo nº 14 da Lei nº 4.320/64, como segue: BALANÇO PATRIMONIAL ANEXO Nº 14 (Lei 4.320/64) 14 ATIVO PASSIVO ATIVO FINANCEIRO Disponível: Caixa Bancos Vinculados em C/C Bancária Realizável ATIVO PERMANENTE Bens Móveis Bens Imóveis Bens de Natureza Industrial Créditos Diversos Soma Ativo Real SALDO PATRIMONIAL Passivo Real Descoberto Soma ATIVO COMPENSADO Valores de Terceiros Valores Nominais Emitidos Diversos TOTAL GERAL PASSIVO FINANCEIRO Restos a Pagar (inscrito) Serviços da Dívida a Pagar Depósitos Débitos de Tesouraria PASSIVO PERMANENTE Dívida Fundada Interna por Contratos Soma do Passivo Real SALDO PATRIMONIAL Ativo Real Líquido Soma PASSIVO COMPENSADO Contrapartida de Valores de Terceiros Contrapartida de Valores Nominais Emitidos Diversos TOTAL GERAL • Sistema de Compensação Registra e movimenta as contas representativas de direitos e obrigações, geralmente decorrentes de contas de contratos, convênios ou ajustes. Muito embora seja um sistema escriturado com elaboração de balancetes mensais, independentes, a Lei 4.320/64 o considerou, simplesmente, como contas de compensação e, quando forem elaborados os balanços, no final doexercício, os saldos de suas contas serão incluídos no balanço do sistema patrimonial. Variação Patrimonial é a alteração de valor, de qualquer elemento do patrimônio público, por alienação, aquisição, dívida contraída, dívida flutuante, depreciação ou valorização, amortização, superveniência, insubsistência, efeitos da execução orçamentária e resultado do exercício financeiro. As alterações do patrimônio público são efetuadas por incorporação, desincorporação ou baixa. o Demonstração das Variações Patrimoniais A Demonstração das Variações Patrimoniais é um quadro com duas seções, “Variações Ativas” e “Variações Passivas”, distribuídas em três grandes grupos: resultantes da Execução Orçamentária, Mutações Patrimoniais e Independente da Execução Orçamentária. Têm a função de evidenciar as alterações ocorridas durante o exercício. Acompanham o este demonstrativo os Anexos nos 16 e 17. O Anexo nº 16 é destinado à Demonstração da Dívida Fundada interna e o Anexo nº 17 à Divida Flutuante. A utilização desses dois anexos não oferece dificuldades; apenas o saldo das dívidas para o exercício seguinte deverá corresponder aos totais constantes do Balanço Patrimonial, segundo a espécie. 15 16 Demonstração das Variações Patrimonias (Anexo 15 – Lei nº 4.320/64) VARIAÇÕES ATIVAS VARIAÇÕES PASIVAS TÍTULOS R$ R$ R$ TÍTULOS R$ R$ R$ RESULTADO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA RECEITA ORÇAMENTÁRIA Receita Corrente Receita Tributária Receita Patrimonial Receita Industrial Transferências Correntes Receitas Diversas Receitas de Capital MUTAÇÕES PATRIMONIAIS Aquisição de Bens Móveis Construção e Aquisição de Bens Imóveis Construção e Aquisição de Bens de Natureza Industrial Aquisição de Títulos e Valores Empréstimos Concedidos Diversas TOTAL INDEPENDENTE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA Inscrição da Dívida Ativa Inscrição de Outros Créditos Incorporações de Bens (doações, legados, etc.) Cancelamento de Dívidas Passivas Diversas TOTAL DAS VARIAÇÕES ATIVAS RESULTADO PATRIMONIAL Déficit Verificado (se for o caso) TOTAL GERAL RESULTADO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DESPESA ORÇAMENTÁRIA Despesas Correntes Despesas de Custeio Transferências Correntes Despesas de Capital Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital MUTAÇÕES PATRIMONIAIS Cobrança da Dívida Ativa Alienação de Bens Móveis Alienação de Bens Imóveis Alienação de Bens de Natureza Industrial Alienação de Bens de Títulos e Valores Empréstimos Tomados Recebimento de Créditos Diversas TOTAL INDEPENDENTE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA Cancelamento da Dívida Ativa Encampação de Dívidas Passivas Diversas TOTAL DAS VARIAÇÕES PASSIVAS RESULTADO PATRIMONIAL Superávit Verificado (se for o caso) TOTAL GERAL REGIMES CONTÁBEIS • Conceito Os Regimes contábeis de Escrituração, também são chamados de “Princípios e Convenções Contábeis Geralmente Aceitos” , que podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos fenômenos econômicos refletidos pela contabilidade e que são a cristalização de análises e observações. 17 • Regimes Ano Financeiro é o período durante o qual se executa o orçamento, podendo coincidir ou não com o ano civil. A coincidência do ano financeiro com o ano civil ocorre no Brasil, França, Austrália, Hungria, Espanha, Bélgica e outros. Há, entretanto, países, onde o ano financeiro não é o mesmo que o civil; são os casos, por exemplo, da Inglaterra, Dinamarca e Alemanha, onde o ano financeiro tem início no dia 1º de abril e termina em 31 de março; na Argentina, abrange o período de 1º de novembro a 31 de outubro; nos Estados Unidos, México, Suécia, Venezuela, Portugal e Noruega, o ano financeiro começa em 1º de julho e termina em 30 de junho. • Regime de Caixa É aquele que considera como receitas e despesas do exercício, tudo o que se receber ou se pagar durante o ano financeiro, mesmo que se trate de receita e despesa referentes a exercícios anteriores. Neste regime, encerrado o exercício, as receitas e as despesas que, apesar de lhe pertencerem, não tiveram sido arrecadadas ou pagas, serão transferidas para o exercício do ano seguinte. • Regime de Competência No regime de competência, os tributos lançados e não arrecadados, bem como as despesas empenhadas e não pagas, são apropriados ao exercício como se de fato tais receitas e despesas houvessem sido realizadas. Assim no encerramento do exercício, as receita lançada e não recolhida é apropriadas à receita do exercício e classificadas como resíduos ativos ou restos a arrecadar. Por sua vez, a despesa empenhada e não paga é também apropriada à despesa do exercício e levada à conta financeira como resíduos passivos ou restos a pagar. • Regime Contábil adotado no Brasil O regime adotado no Brasil é o REGIME MISTO, isto é, adota-se ao mesmo tempo o regime de caixa e o regime de competência. O regime misto é consagrado pela nossa legislação financeira pelo art. 35 da Lei 4.320/64, que dispõe: “Pertencem ao exercício financeiro: I – As receitas nele arrecadadas; II – As despesas nele legalmente empenhadas”. As despesas empenhadas e não pagas até 31 de dezembro são apropriadas como despesas do exercício e classificadas na conta financeira restos a pagar, é o regime de competência. Com relação à receita adota-se, no sistema financeiro, o regime de caixa; a receita lançada e não arrecadada não é apropriada mas é inscrita no Sistema Patrimonial como dívida ativa; isto significa que embora não arrecadada e não considerada e não considerada como tal no Sistema Financeiro, o patrimônio sofre, com tal procedimento, uma variação ativa, como se de fato a receita tivesse sido arrecadada. Assim a receita lançada e não arrecadada no ano financeiro irá constituir, no futuro, receita do exercício em que for arrecadada. Ao ser arrecadada, dar-se-á baixa da dívida ativa no Sistema Patrimonial. Como se vê, a arrecadação de receita relativa ao exercício anterior, inscrita na dívida ativa, produz no patrimônio uma variação ativa que é, ao mesmo tempo, anulada por equivalente variação passiva decorrente da baixa da inscrição de dívida ativa. ORÇAMENTO PÚBLICO 18 O ORÇAMENTO PÚBLICO surgiu da necessidade do Estado prestar melhores serviços a população, canalizando as energias sociais para o desenvolvimento nacional, prevenir os desequilíbrios que venham interferir na vida econômica governamental, proteger e aumentar o bem estar geral. Para que isto ocorra, o Estado é forçado a apropriar-se de parcelas cada vez mais crescentes dos recursos coletivos e redistribui-las segundo planejamentos pré-estabelecidos para alcançar os objetivos comuns a toda a sociedade. O orçamento tornou-se, assim, instrumento apropriado para redistribuir os recursos sociais, bem como uma ferramenta indispensável que o poder público possui, para analisar e corrigir o desequilíbrio de investimentos que possam ser direcionados a setores mais remunerativos, ou seja, que “vislumbrem os olhos”, que investimentos em outros setores, que pela própria natureza, ou não produzem dividendos compensadores, como certos serviços de utilidade pública, ou só os produzem depois de longo período de evolução. Assim, nesta linha de pensamento, o orçamento não desempenha apenas um papel de redistribuidor de riquezas e equilibrador de iniciativas, más também o de um meio de planejamento das atividades governamentais, por este motivo, normalmente, diz-se que o orçamento representa as autênticas aspirações da sociedade, vez que é elaborado pelo Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo, refletindodesta forma, ampla participação da comunidade, por intermédio de seus legítimos representantes. Essa participação popular é aumentada quando o governante adota o orçamento participativo, dando a oportunidade, tão esperada pela sociedade de participar desse processo de ordenação dos gastos públicos. • HISTÓRICO Do ponto de vista histórico, a importância do orçamento tem sofrido numerosas variações. Inicialmente, o orçamento era considerado um dispositivo de controle político do parlamento sobre o rei. Era um meio de que se valiam primeiro os nobres e, mais tarde, os representantes do povo para conhecer antecipadamente e controlar, até certo ponto, os caprichos da cabeça coroada do momento. Poucos autores citam a origem do orçamento público, mas nos poucos encontrados é de comum acordo mencionarem a Carta Magna de 1212, apesar de não haver na localização temporal (ano), como primeiro documento escrito nesse sentido. A história que nos é relatada reavive a preocupação dos barões feudais ingleses em limitar o poder “tributador” de João Sem Terra, e exigiram que este poder de cobrar tributos dos súditos da Coroa do Rei João, fosse lhes transmitida. Observa-se que a preocupação, já naquela época era em se arrecadar receita, em nenhum momento a Carta Magna, segundo Jameson (1963), não faz alusão à autorização da despesa, esta só foi aparecer em 1689, junto com a participação popular do parlamento inglês. Estes dois momentos são alguns dos vários acontecimentos históricos que deram origem ao orçamento público. Outros momentos históricos que ajudaram para o fortalecimento do orçamento público foram, conforme Santos (2001), a Revolução Americana, em 1776, a Revolução Francesa, em 1789, a crise econômica de 1929, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), período que surge nos Estados Unidos uma nova metodologia de elaboração do orçamento público voltado ao planejamento, denominado PPBS - Planning, Programming and Budgeting (Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento), fazendo uma integração entre planejamento e orçamento. O grande marco brasileiro veio através do advento da Constituição Federal de 5 de outubro de 1.988 em seus artigos 165 a 169, que regulamentou os procedimentos para a elaboração do orçamento, criando assim um ciclo orçamentário unificado, que para isto teve como base a Lei 4.320 de 17 de março de 1.964, que estatui normas gerais do direito público para elaboração e controle dos orçamentos e balanços dos diferentes níveis governamentais, que posteriormente agregou-se para um aprimoramento técnico na elaboração e fiscalização da execução orçamentária a Portaria n.º 42, de 14 de abril de 1.999; pela Lei 19 Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2.000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), e pela Portaria Interministerial n.º 163, de 4 de maio de 2001. • PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Tendo o orçamento público a função de servir como instrumento de controle das atividades econômico-financeiras do Governo, tem que estar vinculado a determinadas regras ou princípios orçamentários, para uma melhor transparência em sua elaboração e posterior execução. Dentre os diferentes escritores especialistas na doutrina financeira, há uma divergência nas fixações dos princípios, o que resulta em inúmeras definições, dentre elas destacam-se alguns que já se confirmaram na constância com que são defendidos pela maioria dos financistas, que são: anualidade, unidade, universalidade, exclusividade, especificação, publicidade e equilíbrio. � ANUALIDADE Conforme nos explica Hely Lopes Meirelles: (...) a anualidade exige que a previsão orçamentária se renove em cada ano, para que fique mais próxima da realidade financeira. Se os orçamentos pudessem prolongar-se por vários anos, haveria, por certo, um grande desajuste na previsão da receita e na fixação da despesa, dada a instabilidade dos fatores políticos, econômicos e sociais, que se modificam de ano para ano. No Brasil, como na maioria dos países, o ano financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe expressamente a Lei 4.320/64 (artigo 34), só permitindo o empenho4 da despesa, em cada exercício, até 31 de dezembro (artigo 32, II)5, data em que termina a vigência do orçamento em execução. � UNIDADE Segundo este princípio o orçamento deve ser único, isto é, deve existir apenas um orçamento e não mais que um para cada exercício financeiro, o qual deva constar todas as receitas previstas e as despesas fixadas, de modo a demonstrar, no confronto dos saldos, no final do exercício, se há equilíbrio, superávit ou déficit. Visa-se com esse princípio eliminar a existência de orçamentos paralelos. � UNIVERSALIDADE De acordo com este princípio, todas as receitas e despesas devem ser incluídas no orçamento. Este princípio de origem francesa e era indispensável para oferecer ao Parlamento um controle mais efetivo sobre as operações financeiras realizadas pelo poder Executivo, possibilita ao Legislativo: a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia autorização para a respectiva arrecadação e realização; 4 Empenho, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o poder público obrigação de pagamento. É o empenho que gera a obrigação de pagar. (ANGÉLICO, 1994) 5 Onde se lê (art. 32, II), deve-se ler (art. 35, II). 20 b) impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e despesa sem prévia autorização parlamentar; c) conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim de autorizar a cobrança dos tributos estritamente necessários para atendê-las. � EXCLUSIVIDADE De acordo com a Constituição Federal em seu parágrafo 8º, a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e a fixação da despesa, este princípio foi introduzido par evitar que o legislador inclua na lei orçamentária matérias estranhas às previsões de receita e despesa, como era comum antes do advento da Constituição de 1988. Chegou-se ao cúmulo de alterar, por meio de dispositivo incluído na lei orçamentária, o processo de ação de desquite, como nos frisa Angélico (1994). A única possibilidade de alteração da lei do orçamento é através da abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, que deverá estar contida na lei que instituir o orçamento para o período, conforme nos acrescenta o parágrafo citado. � ESPECIFICAÇÃO Este princípio também é conhecido como princípio da discriminação, e tem por escopo vedar autorizações globais, como forma de especificação pormenorizada dos atos da Administração Pública, tanto na arrecadação de tributos quanto na aplicação dos recursos financeiros, possibilitando uma análise mais concreta por parte dos Legisladores e das pessoas comuns da sociedade. De acordo com o artigo 15 da Lei 4320/64 a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo por elemento. A definição mais simples de elemento de despesa está descrito no parágrafo 3º, do artigo 3º, da Portaria Interministerial n.º 163, de 4 de maio de 2001, que nos diz: § 3º O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gastos, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados de qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortizações e outros de que a administração pública se serve para a consecução de seus fins. � PUBLICIDADE O conteúdo orçamentário deve ser amplamente divulgado (publicado) através dos veículos oficiais de comunicação/divulgação para conhecimento público e para eficácia de sua validade que é o princípio exigido por todos os atos oficiais do governo.”. No que tange a transparênciada Gestão Fiscal, o artigo 48 da Lei Complementar 101/2000, cria-se a necessidade de divulgação de instrumentos de controle da gestão fiscal, em que o ponto principal é a transparência dos atos públicos, a qual é dada ampla divulgação, tanto do Executivo como do Legislativo, inclusive via Internet. Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o 21 respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses instrumentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante o processo de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos. � EQUILÍBRIO Pelo princípio do equilíbrio financeiro entende-se que para cada exercício financeiro, o montante destinado à despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período. Uma razão fundamentada para defender esse princípio é a convicção de que ele constitui o único meio de limitar o crescimento dos gastos governamentais, incluindo-se as despesas de capital para o exercício subseqüente. � PROCESSO DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO Planejamento, atualmente é a palavra de ordem na administração pública, principalmente com a vinda salutar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC-101/00) em conjunto com a Lei n.º 10.028 de 19 de outubro de 2.000, que alterou inúmeros artigos do Código Penal do Decreto-Lei n.º 201/67, criando responsabilidades Penais, Pecuniária e Financeiras aos Agentes Políticos detentores de mandato eletivo, como é o caso dos Prefeitos Municipais, Presidentes de Câmaras e determinados servidores envolvidos diretamente com a gestão financeira local. Foi a partir destas mudanças, criando responsabilidades àqueles que administram a coisa pública, é que a palavra de ordem hoje é: PLANEJAMENTO. O propósito principal do planejamento é estabelecer, com base em políticas públicas predefinidas, a forma pela qual se deve adequar a oferta à demanda por serviços públicos em um horizonte de tempo determinado, estabelecendo-se os objetivos e metas a serem cumpridos e, para tal, dimensionando-se os recursos físicos, humanos e financeiros. O PLANEJAMENTO PÚBLICO: � Facilita o diálogo entre a sociedade e o governo; � Combate à descontinuidade administrativa; � Equaciona o crescente desequilíbrio entre demanda e oferta de serviços públicos; � Facilita / possibilita o controle da ação e a avaliação dos resultados. Planejar é função de importância fundamental para a racionalização de qualquer questão. O ato de planejar é exercício de adequar os recursos aos objetivos da gestão, medidas pelos princípios que orientam uma equipe de governo. 22 • Os fundamentos indissociáveis do planejamento são: � Responsabilidade fiscal e social e; � Capacidade técnica. � Fases do Planejamento Público As fases do Planejamento Público, conforme o art. 165 da C. F., divide-se em três etapas: a) Plano Plurianual (PPA); b) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); c) Lei Orçamentária Anual (LOA). É de extrema importância frisar que para darmos início ao processo de planejamento e das peças orçamentárias PPA, LDO e LOA, têm que se ter não só uma projeção orçamentária e financeira para quatro anos, mas sim um planejamento macroeconômico, para um período de tempo de no mínimo três décadas, para que faça um estudo mais profundo das necessidades econômico-social da população em função do crescimento demográfico da cidade ao passar dos anos. Para entendermos este processo do planejamento estratégico governamental, teremos como foco principal o Plano Diretor, que é parte integrante do Estatuto da Cidade e é à base do estudo sobre planejamento governamental. PLANO DIRETOR Uma conceituação básica, nos é dada por Hely Lopes Meirelles, que nos diz: “o instrumento técnico legal definidor de cada Municipalidade e, por isso mesmo, com supremacia sobre os outros, para orientar toda a atividade da Administração e dos ministrados nas realizações públicas que interessem ou afetem a coletividade”. Nesta definição, Meirelles nos deixa bem claro que o Plano Diretor é a peça orçamentária mais importante para dar os rumos que a Municipalidade deva seguir no que se refere o planejamento, colocando-o como principal peça orçamentária com supremacia sobre o PPA, a LDO e a LOA. O Plano Diretor é obrigatório para cidades, conforme artigo 41 da Lei Federal 10.257/2001: com mais de 20 (vinte) mil habitantes; integrantes de áreas de especial interesse turístico; inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional. Conforme a pesquisa efetuada frente ao Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) em 1999, dentre os 5.506 municípios pesquisados, 4.640 municípios não dispunham de Plano Diretor, como demonstrado no quadro abaixo. 23 • ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO PLANO DIRETOR: A primeira etapa tinha como base de desenvolvimento o conhecimento geral e preliminar do município, através da identificação dos principais problemas e dos agentes mais importantes do desenvolvimento local, culminando com propostas para a solução dos problemas locais mais urgentes. Após um diagnóstico das prioridades (problemas) levantado na etapa anterior, esta etapa era voltada aos estudos das alternativas de intervenção; a solução para os principais problemas e pontos de estrangulamento; os instrumentos legislativos necessários para continuidade do projeto; a demanda de recursos; e a análise dos programas setoriais relevantes. Esta etapa final tinha por conteúdo a definição dos planos setoriais ou anteprojetos; do o organismo local de planejamento; a determinação de projetos; o detalhamento dos instrumentos administrativos; culminando no Orçamento Programa. Um dos aspectos importantes deste tipo de planejamento é que nas fases de estudo preliminar, de diagnóstico e de definição de objetos são desenvolvidas sem maiores intervenções da administração, leia-se política. Esta comparece apenas na final, para definir as diretrizes de ação da prefeitura, a instrumentação do plano e o plano de ação do prefeito. PLANO PLURIANUAL A base legal para elaboração do Plano Plurianual está especificado no inciso I, § 1º do artigo 165 da Constituição Federal, expondo que a lei que criar o plano plurianual deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da Administração pública para as despesas de capital (basicamente investimentos) e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (contratos com mais de um exercício de duração). Este processo de planejamento e orçamentação que define as prioridades do Governo e que tem características orçamentárias têm seu início no primeiro ano de mandato do poder executivo, que deverá elaborar o Plano Plurianual (PPA) para quatro exercícios, a contar do segundo ano de mandato e com vigência para até o primeiro ano do mandato seguinte. Deverá ser remetida a apreciação do legislativo até 30 de agosto do primeiro ano de mandato, ou outro prazo que estiver estipulado pela Lei Orgânica, no âmbito estadual ou municipal. O Legislativo devolverá para sanção, até o encerramento do primeiro período de sessão Legislativa. • Objetivos: o Definir com clareza as metas e prioridades da administração, bem como os resultados esperados; o Organizar, em programas, as ações que resultem em oferta de bens ou serviços que atendam as demandas da sociedade;o Nortear a alocação de recursos nos orçamentos anuais compatível com as metas e recursos do Plano; o Integrar as ações desenvolvidas pela União, Estado e Governo local; 24 o Estimular parcerias com entidades privadas, na busca de fontes e gastos governamentais; o Dar transparência à aplicação de recursos e aos resultados obtidos. •••• O conteúdo do PPA divide-se em: o Programa; o Ações do programa (orçamentárias e não-orçamentárias); o Ação orçamentária e; o Ação não-orçamentária. - Programa: Programa é o instrumento de organização da atuação governamental, que articula o conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores, visando à solução de um problema ou ao atendimento de necessidade ou demanda da sociedade. O PPA poderá conter uma previsão do valor global. Ou seja, dos recursos orçamentários e outros recursos, a serem consumidos durante o período de sua vigência. CIDADE Situação atual x futuro desejado • Direção da mudança; • Parcerias possíveis Levantamento das ações setoriais • Ações em andamento; • Propostas de novas ações; • Parcerias possíveis. Participação Popular • Demandas populares. Condicionamento do Planejamento Municipal • Projeções das Receitas; • Restrições legais; Orientação Estratégica do Prefeito: Definição dos Macro-objetivos Definição de Recursos por Órgão / Entidade Orientação Estratégica: • Dos dirigentes dos Órgãos/Entidade. DEFINIÇÃO DE PROGRAMAS Proposta de Programas Validação e Consolidação pelo Grupo PPA Documentação Final 25 Deverá expressar o objetivo do planejamento, expressando a vontade do gestor público em garantir o resultado desejado em relação ao público-alvo, descrevendo a sua finalidade, com concisão, sempre mensurável por um indicador. Expresso sempre por um verbo no infinitivo Deverá justificar a abrangência do objetivo do planejamento, através de uma justificativa sucinta do problema (ou demanda) que o programa tem por objetivo solucionar e sua contribuição esperada para o alcance das diretrizes de governo e dos objetivos setoriais. Fazendo parte do corpo do PPA serão evidenciados os indicadores que quantificam a situação que o programa tenha por fim modificar de modo a explicitar o impacto das ações sobre o público-alvo. Pode ser uma taxa entre variáveis associadas ao fenômeno sobre o qual se pretenda atingir diretamente com os resultados esperados pela execução do programa. - Ações do programa Produto: É a descrição do bem ou serviço que resulta a ação. Exemplo: acervo adquirido; evento realizado. Meta do período: É a quantidade de bens ou serviços produzidos ou executados no âmbito do programa, para consecução do objeto pretendido. Unidade de medida: É a unidade de mensuração do produto. Exemplo: quilômetro, pessoa, unidade, etc. - Ação orçamentária Divide-se em atividade ou projeto. São ações que contribuem para a consecução do objetivo do programa e demandam recursos do Orçamento Governamental. Exemplo: projeto viva-leite; programa da saúde na família (PSF). - Ação não-orçamentária São ações que contribuem para a consecução do objetivo do programa e não demandam recursos do Orçamento Governamental. Exemplo: repasse ao INSS das contribuições de seus funcionários. 26 Prazo de encaminhamento Os prazos para o encaminhamento do PPA ao legislativo municipal ou, na omissão desta, prevalecem os períodos fixados na Carta de 1988 (art. 35, § 2o, I, ACDT) já que a Constituição do Estado de São Paulo não o dispõe. Prescritos na Constituição Federal, os prazos para tramitação legislativa do plurianual são os que seguem: •••• Até 31 de agosto do primeiro ano de mandato executivo: envio do projeto ao Poder Legislativo. •••• Até o encerramento da sessão legislativa (meados de dezembro): Legislativo devolve o autógrafo para sanção executiva. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS A Lei de Diretrizes Orçamentárias tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais, compreendidos aqui o orçamento fiscal, o orçamento de investimentos das empresas e o orçamento da seguridade social, de forma a adequá-los às diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidos no Plano Plurianual Tem sua base legal no § 2º, do artigo 165 da CF: § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Sendo assim, a Lei de Diretrizes Orçamentária – LDO é considerada um instrumento imprescindível ao planejamento da Administração, no qual deve constar as metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital e outras despesas delas decorrentes; as orientações para elaboração e execução da lei orçamentária anual – LOA; a políticas das agências financeiras oficiais de fomento6; as disposições sobre alterações na legislação tributária; autorização específica para aumento de despesa de pessoal ou alteração de sua estrutura; e os Anexos de Metas Fiscais e de Ricos Fiscais. A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, na Gestão Fiscal, veio incrementar e padronizar os processos orçamentários, estabelecendo normas para elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Dentre as novidades destacam-se os Anexos de Metas Fiscais e dos Riscos Fiscais. O que vem a ser essas metas fiscais? Meta fiscal é o que se espera arrecadar, gastar e fazer “sobrar”. “Sobrar”, no caso, visando a pagar juros e o principal da dívida, seja ela flutuante ou permanente. Essa sobra é chamada de superávit primário. O que vem a ser riscos fiscais? 6 Este item refere-se principalmente as ações dos Governos Federal e Estadual, por meio de suas instituições financeiras. 27 Refere-se à ocorrência de pagamentos, eventuais, que sobrevêm ao longo da execução orçamentária. Exemplo: ação judiciária que poderá elevar, muito, a despesa daqui a um ano. Destaca-se que as prioridades e metas da administração pública municipal para o exercício seguinte são expressas em conformidade com os programas e ações previstos no PPA, garantindo a perfeita aderência entre os dois instrumentos – PPA e LDO. o O que é Resultado Primário? O que é Resultado Nominal? Em vários trechos, a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF refere-se a resultados primário e nominal. Em síntese, resultado primário é a diferença entre todas as receitas arrecadadas e todas as despesas empenhadas, o resultado primário delas retira o conteúdo relativo a dívida, recebido ou pago pela entidade pública. Um dos intuitos marcantes da Lei Fiscal é fazer com que o superávit primário abata a dívida pública. Assim temos: Receitas orçamentárias arrecadadas ( - ) Operações de Crédito ( - ) Receitas Escriturais (anulação de restos a pagar) ( - ) Receitas abatidas com aplicações financeiras ( - ) Despesas empenhadas ( - ) Despesas com juros e principal dom a dívida ( = ) Resultado Primário o Prazo de encaminhamento e aprovação Caso não estejam previstos na lei orgânica municipal, os prazos de apreciação legislativa da LDO serão os que apresentam na Constituição do Estado de São Paulo (art. 39 – Das Disposições Transitórias): até 8 meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento doprimeiro período de sessão legislativa (30/04 e 30/06). Além das disposições constitucionais, a LDO deverá dispor sobre, de acordo com o inciso I do art. 4º da LRF: • equilíbrio entre receita e despesa; 28 • critérios de forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 3º; • normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; • demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas. O Anexo de Metas Fiscais, deverá conter, conforme preceitua o § 2º do art. 4º da LFR: • avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; • demonstrativos das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional; • a evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; • a avaliação da situação financeira e atuarial, especialmente dos regimes próprios de previdência social; e • demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. Já o § 3º, do mesmo artigo, diz que o Anexo de Riscos Fiscais é um demonstrativo no qual serão avaliados os passivos contingentes7 e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso concretizem. Com a elaboração desses Anexos, pretende-se evitar surpresas, muitas vezes desastrosas, para as finanças públicas. o Preparação e Elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias - Preparação Compreende os levantamentos das prioridades estabelecidas pela Administração, dos objetivos estratégicos, das diretrizes e de informações de caráter geral, voltados à elaboração da proposta orçamentária anual, sempre em perfeita harmonia com o Plano Plurianual. - Elaboração Para a elaboração da LDO a Administração deverá avaliar quais os programas que serão priorizados e estabelecer as metas fiscais relativas às receitas, despesas e resultados a serem atingidos na execução orçamentária e cumprir as demais exigências previstas na Constituição Federal e na LRF, formulando as diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária Anual. 7 Passivo Contingente são reservas para pagamento de despesas de exercícios anteriores. Exemplo: processos judiciais cujos pagamentos possam necessitar de recursos financeiros do orçamento fiscal. 29 - Pontos de Destaque da LDO As informações apresentadas na LDO devem estar em perfeita sintonia com o PPA, ou seja, nenhum programa poderá ser discutido sem que esteja incluído nos programas constantes do PPA. Os valores que serão definidos para cada programa, nesta fase orçamentária, corresponde ao custo de execução do projeto para o exercício financeiro que se refere a LDO. Podemos destacar a necessidade da apresentação na LDO de alguns Anexos constantes no PPA: • Estrutura de Órgãos e Unidades Orçamentárias; • Descrição dos Programas Governamentais. O Tribunal de Contas do Estado, visando uma uniformidade nos dados apresentados, determina a elaboração dos seguintes Anexos a LDO: • Anexo V - Descrição dos Programas Governamentais, Metas e Custos para o Exercício; • Anexo VI – Unidades Executoras e Ações Voltadas ao Desenvolvimento do Programa Governamental; • Anexos STN – Demonstrativos de Metas Fiscais: o Anexos de Metas Fiscais � Demonstrativo I – Metas Anuais; � Demonstrativo II – Avaliação do Cumprimento das Metas Fiscais do Exercício Anterior; � Demonstrativo III – Metas Fiscais Atuais Comparadas com as Fixadas nos Três Exercícios Anteriores; � Demonstrativo IV – Evolução do Patrimônio Líquido; � Demonstrativo V – Origem e Aplicação dos Recursos Obtidos com Alienação de Ativos; � Demonstrativo VI – Receitas e Despesas Previdenciárias do RPPS; � Demonstrativo VII – Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita; � Demonstrativo VIII – Margem de Expansão das Despesas Obrigatória das Despesas de Caráter Continuado 30 o Anexo de Riscos Fiscais � Demonstrativo I – Demonstrativos de Riscos Fiscais e Providências; Apresentação das Prioridades do Governo Após a elaboração do plano de governo (PPA), o gestor municipal deve definir quais dos programas/projetos que serão considerados prioritários para aquele exercício. Assim deverá contemplá-los nos Anexo V e VI da LDO, tendo como base o Anexo II – descrição dos Programas Governamentais/Metas/Custos, e o Anexo III – Unidades Executoras e Ações Voltadas ao Desenvolvimento do Programa Governamental, definidos no PPA. O Anexo V – Descrição dos Programas Governamentais / Metas / Custos para o Exercício: Tem a finalidade de demonstrar os programas governamentais a serem executados, quer sejam de caráter continuado ou não, a unidade responsável pelo seu encaminhamento, a especificação do seu objetivo, a justificativa para a sua implementação, as metas a serem atingidas e a estimativa do seu custo total em valores correntes, cuja apuração deverá corresponder à somatória dos custos das ações envolvidas demonstrada no Anexo VI. O Anexo VI – Unidades Executoras e Ações Voltadas ao Desenvolvimento do Programa Governamental: Demonstrará em cada unidade executora os programas em que ela atuará, especificando, em cada programa, quais ações (projetos/atividades/operações especiais) serão desenvolvidas, visando o cumprimento das metas pré-estabelecidas. Assim temos: ** 4 dígitos - iniciando pelo Programa “0001” (PPA) – duração continuada, OU ** 4 dígitos - para duração limitada no exercício, não contemplados pelo PPA, iniciar com o dígito “9” ( 9.001). Início X Alteração Inclusão Exclusão Município: XING LING Programa: ** Código do Programa: 2.001 Unidade Responsável pelo Programa: Código da Unidade Responsável no.: 01.01.00 Objetivo: * Finalidade do Programa; * Qual o problema a ser minimizado ou solucionado. Justificativa: * Motivação para implementação do Programa. Indicadores Funcionários e Servidores PREVISÃO DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES POR EXERCÍCIO 2009 43 Funcionários e Servidores Unidade 43 43 Indice Futuro PREFEITURA MUNICIPAL DE XING LING ESTADO DE SÃO PAULO ANEXO II - PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO - PPA DESCRIÇÃO DOS PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS/METAS/CUSTOS 43 * Motivação e a Lei que a aprovou JUSTIFICATIVAS DAS MODIFICAÇÕES 43 R$ 11.000.000,00Custo Estimado do Programa 43 Dotar o órgão de recursos humanos necessários para permitir o desenvolvimento de suas atividades de caráter continuado. 2006 2007 2008 METAS/INDICADORES NO EXERCÍCIO Indicadores Unidade de Medida Indice Recente Manutenção das Atividades do Legislativo Câmara Municipal Manutenção dos serviços existentes das despesas com pagamento de pessoal e seus reflexos, com ampliação se necessário, dentro das normas legais vigentes e das disponibilidades orçamentárias. Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 32 ** Portaria 42/99. Início X Alteração Inclusão Exclusão XING LING 01.01.00 Legislativa .01 .031 .0001 2.001 Custo Total Estimado para o Programa: Câmara Municipal Ação Legislativa Administração de Pessoal ** Código da Função: 43 Unidade ** Função: ** Subfunção:Quantidade Total ESTADO DE SÃO PAULO ANEXO III - PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO - PPA UNIDADES EXECUTORAS E AÇÕES VOLTADAS AO DESENVOLVIMENTO R$ 3.110.000,00R$ 2.340.000,00 Custo por Fonte/Categoria Econômica 2007 2008 20092006 Despesas Corrrentes R$ 2.600.000,00 R$ 2.950.000,00 Despesas de Capital R$R$R$R$ Município: Unidade Executora: Código da Unidade: Unidade de Medida ** Código da Subfunção: Programa: Manutenção das Atividades do Legislativo 43 43 Código do Programa no.: Projeto: Código do Projeto no.: 2006 2007 PREVISÃO DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DO EXERCÍCIO TIPOS AÇÕES GOVERNAMENTAIS METAS POR EXERCÍCIO R$ 11.000.000,00 CUSTO POR EXERCÍCIO DO PROGRAMA GOVERNAMENTAL META PPA 2008 2009 META PPA 43 43 43 R$ 11.000.000,00 2006 2007 2008 R$ 2.340.000,00 R$ 2.600.000,00 R$ 2.950.000,00 R$ 3.110.000,00 2009 Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 33 Início X Alteração Inclusão Exclusão Município: XING LING Exercício: 2008 Programa: Código do Programa: 2.001 Unidade Responsável pelo Programa: Código da Unidade Responsável no.: 01.01.00 Objetivo: * Finalidade do Programa; * Qual o problema a ser minimizado ou solucionado. Justificativa: * Motivação para implementação do Programa. PREFEITURA MUNICIPAL DE XING LING ESTADO DE SÃO PAULO ANEXO V - PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO - LDO DESCRIÇÃO DOS PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS/METAS/CUSTOS PARA O EXERCÍCIO METAS/INDICADORES NO EXERCÍCIO Indicadores Unidade de Medida Indice Recente Indice Futuro Funcionários e Servidores Unidade 43 43 R$ Custo Estimado do Programa 43 PREVISÃO DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DO EXERCÍCIO 2006 * Motivação e Lei que a aprovou JUSTIFICATIVAS DAS MODIFICAÇÕES Indicadores Funcionários e Servidores Categoria Econômica Valor Despesas Correntes Despesas de Capital R$ 2.600.000,00 Dotar o órgão de recursos humanos necessários para permitir o desenvolvimento de suas atividades de caráter continuado. Manutenção das Atividades do Legislativo Câmara Municipal Manutenção dos serviços existentes das despesas com pagamento de pessoal e seus reflexos, com ampliação se necessário, dentro das normas legais vigentes e das disponibilidades orçamentárias. Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 34 Início X Alteração Inclusão Exclusão XING LING Exercício 2.008 01.01.00 Legislativa .01 .031 .0001 2.001 * Motivação e a Lei que a aprovou Custo Financeiro para o Exercício R$ 2.600.000,00 Câmara Municipal Ação Legislativa Administração de Pessoal Código do Programa no.: Função: Código da Função: Subfunção: Código da Subfunção: Programa: PREFEITURA MUNICIPAL DE XING LING ESTADO DE SÃO PAULO ANEXO VI - PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO - LDO UNIDADE EXECUTORA E AÇÕES VOLTADAS AO DESENVOLVIMENTO GOVERNAMENTAL Município: Unidade Executora: Código da Unidade: Projeto: TIPOS AÇÕES GOVERNAMENTAIS Manutenção das Ativ idades do Legislativo JUSTIFICATIVAS DAS MODIFICAÇÕES Meta Física para o Exercício Unidade de Medida Código do Projeto no.: METAS POR EXERCÍCIO 43 Unidade LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA Dentro do processo de planejamento orçamentário, que compreende o Plano Plurianual – PPA e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual – LOA é tida como a mais importante ferramenta para o administrador público e para a sociedade, pois é através dela que quantificamos, monetariamente, cada projeto pré-definido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, visto que nesta última não se determina o custo global de cada projeto previsto para o ano subseqüente. É neste orçamento que consta a intenção do governo no que se refere à arrecadação dos recursos necessários para cumprir com as metas de aplicações, como por exemplo, continuidade ou início de novas obras; aquisição de equipamentos; pagamento de pessoal; pagamento de dívidas. Ao mesmo tempo, são demonstrados os gastos com as funções governamentais como: educação, saúde, habitação e administração. Juntamente com esta lei, deve-se elaborar um relatório de desembolso de caixa, para se ter um controle mais eficaz da despesa, sempre comparando-as com as receitas, procurando assim, um perfeito equilíbrio orçamentário, que é a prerrogativa desta lei. A base legal para a elaboração da LOA está na Constituição Federal, na Lei Federal 4320, de 17/03/1964, na Lei Complementar n.º 101, de 04/05/2000 (Lei de responsabilidade Fiscal) e nas Portarias do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, e do Ministério da Fazenda – Secretaria do Tesouro Nacional. Na Lei Orçamentária Anual constará8: • Orçamento Fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta, inclusive fundações Instituídas e mantidas pelo Poder Público; • o Orçamento de Investimento das empresas em que o governo, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; e • Orçamento da Seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo do efeito sobre as receitas e as despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões e subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia9. A Constituição Federal estabelece também que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e a fixação das despesas, não se incluindo na proibição a autorização de créditos suplementares e contratações de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei10. Isso significa que a LOA não pode autorizar a concessão de aumento ou vantagem aos servidores municipais ou o estabelecimento de aumento de alíquota, como por exemplo, de Imposto sobre Serviços (ISS). Essas duas hipóteses devem ser objeto de lei específica que não a Lei Orçamentária. 8 Artigo 165, § 5º da C. F. 9 Artigo 165, § 6º da C. F. 10 Artigo 165, § 8º da C. F. Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 36 Além dos quadros e anexos previstos na Constituição Federal e na Lei 4320/64, não se pode esquecer das exigências contidas na Lei Complementar n.º 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal, que acrescenta em seu artigo 5º, que o Projeto de Lei Anual: • deve ser elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias; • conter demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO; • será acompanhado de: demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de renúncia de receita; documento contendo as medidas de compensação a renuncia de receita e documento contendo medidas de compensação ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; • conterá reserva de contingência para atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; • refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional; • vedação de consignar na LOA crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada; • a determinação de que não consignará dotação parainvestimento com duração superior ao exercício financeiro que não esteja previsto no PPA ou em lei que autorize a sua inclusão. Prazo para encaminhamento e aprovação O orçamento de um exercício é elaborado no ano anterior a sua execução, observando-se as diretrizes fixadas na LDO, portanto em sintonia, também, com o PPA. A lei orçamentária anual orça as receitas e despesas do Município. Prazo para encaminhamento do projeto de lei orçamentária ao Poder Legislativo, se omisso pela lei orgânica municipal, valerão os prazos fixados pela Constituição do Estado de São Paulo (art. 39 – Das Disposições Transitórias): até 3 meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa – 30/09 e 31/12. � Interface entre os instrumentos de planejamento � Plano Plurianual (PPA) – 4 anos o Diretrizes o Programas / Objetivos o Ações / metas Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 37 � Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - anual o Programas – prioridades / metas o Orienta a elaboração da proposta orçamentária o Propostas de alterações na legislações tributária o Política de aplicação das agencias do fomento o Da administração da Dívida Ativa o Limites � Lei Orçamentária Anual (LOA) – anual o Programas / ações / metas / valor o Ações-fim / produtos o Ações-meio o Despesas totais inclusive dívida, sentenças, transferências constitucionais o Margem orçamentária � Execução Orçamentária e Financeira – mensal o Medidas para manter o equilíbrio entre receita e despesa o Quotas financeiras o Limites financeiros o Contingenciamento o Avaliação dos programas o Alterações orçamentárias Dentro das Demonstrações elaboradas nesta fase do processo orçamentário, destaca-se o Anexo - 2 descrito na Lei 4.320/64, que evidencia o Quadro Demonstrativo da Natureza da Despesa segundo as Categorias Econômicas por Unidade Orçamentária, conforme exemplo abaixo: Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 38 Anexo 2 (4.320/64) – Quadro Demonstrativo da Natureza da Despesa segundo as Categorias Econômicas por Unidade Orçamentária - Exercício 2010 (Exemplo) Órgão: Unidade Orçamentária: Unidade Executora: 01.00.00 01.01.00 PODER LEGISLATIVO CÂMARA MUNICIPAL Código Especificação Elemento Modalidade de Aplicação Categoria Econômica 3.0.00.00.00 3.1.00.00.00 3.1.90.00.00 3.1.90.11.00 3.1.90.13.00 3.1.90.16.00 3.3.00.00.00 3.3.90.00.00 3.3.90.30.00 3.3.90.35.00 3.3.90.39.00 4.0.00.00.00 4.4.00.00.00 4.4.90.00.00 4.4.90.51.00 4.4.90.52.00 DESPESAS CORRENTES Pessoal e Encargos Sociais Aplicações Diretas Venc. e Vantagens Fixas – Pessoal Civil Obrigações Patronais Venc. e Vantagens Variáveis – Pessoal Civil Outras Despesas Correntes Aplicações Diretas Material de Consumo Serviços de Consultoria Outros Serv. de Terceiros – Pessoa Jurídica DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Aplicações Diretas Obras e Instalações Equipamentos e Material Permanente Total da Unidade: Total do Órgão: 1.400.000,00 400.000,00 335.900,00 350.000,00 18.500,00 400.000,00 69.000,00 100.000,00 2.135.900,00 768.500,00 169.000,00 2.904.400,00 2.135.900,00 768.500,00 169.000,00 169.000,00 3.073.400,00 3.073.400,00 TIPOS DE ORÇAMENTOS PÚBLICOS O orçamento em seu desenvolvimento histórico e evolutivo pode ser dividido em dois estágios, o primeiro é o chamado “Orçamento Tradicional de Receitas e Despesas”, e o segundo, “Orçamento- Programa”. o Orçamento Tradicional O Orçamento Tradicional era a fase organizacional em que a administração analisava em primeiro lugar os recursos disponíveis, para em seguida definir a distribuição desses recursos na rede de serviços públicos existentes. O orçamento, como ainda é feito hoje em dia, era elaborado pelos órgãos de contabilidade sem a participação efetiva da cúpula da administração. Prof. Marcelo C. de Azevedo - mcdea@ig.com.br Contabilidade e Orçamento Público 39 Teoricamente a exposição acima é bastante válida, já na prática, a maneira que os orçamentistas da época encontravam para a elaboração do orçamento era, em primeiro lugar, levantar as necessidades básicas da população, claro que pelo método da observação da evolução da despesa ao passar dos anos, e em segundo lugar filtrar as necessidades políticas do governante, suas promessas de campanha, ou seja, os orçamentistas da época, eram verdadeiros malabaristas, tinham que prever uma arrecadação fictícia, sempre acima da realidade, para alcançar o mesmo patamar das necessidades políticas e administrativas dos governantes, o que não se demonstra ser tão diferente dos tempos atuais. o Orçamento-Programa O Orçamento-Programa tomou força nos tempos atuais, com o advento da Lei Complementar 101/00 (LRF), pois a filosofia deste tipo de orçamento coincide com as necessidades reais de planejamento do governo, priorizando as metas, os objetivos e as intenções do Governo, prerrogativas já existentes na Lei 4320/64, porém ainda não haviam sanções a quem não as cumprisse. É um plano de trabalho do governo, no qual se especificam as proposições concretas que se pretende realizar durante o ano financeiro. Orçamento-programa é aquele que apresenta os propósitos, objetivos e metas para as quais a administração solicita os fundos necessários, identifica os custos dos programas propostos para alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro do programa. É uma sistemática para ordenar a aplicação dos recursos financeiros, visando objetivos definidos, dentro de uma programação e um planejamento coordenados. Também é considerado como um instrumento que cumpre o propósito de combinar os recursos disponíveis no futuro imediato para consecução dos objetivos de longo e médio prazo. Segundo João Angélico (1995, p. 23), o Orçamento-Programa: Consolida um grupo de programas que o governo se propõe a realizar durante um período. Os planos são expressos em unidades mensuráveis e seus custos definidos. É um programa de trabalho e constitui, portanto, um instrumento de planejamento. Enquanto o orçamento tradicional mostrava o que se pretendia gastar ou comprar, o orçamento-programa realça o que se pretende realizar. É um programa de trabalho definindo objetivos a serem alcançados, seus custos e as fontes dos recursos. O orçamento comum restringe os gastos e as compras ao montante da receita estimada, enquanto o orçamento-programa não limita as metas governamentais aos recursos orçamentários previstos. Orçamento por Programas é uma modalidade de orçamento em que, do ponto de vista de sua apresentação, os recursos financeiros para cada unidade orçamentária vinculam-se direta ou indiretamente aos objetivos a serem alcançados. O processo de planejamento-orçamento
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