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Direito Tributário

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Administração a Distância – UAB/UFMT 
 
 
2 
 
Ms. Luis Carlos dos Santos Lima Sobrinho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá – MT 
2012 
 
 
3 
 
 
Iniciando Viagem 
 
 
4 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço e dedico este trabalho ao amor da minha vida, Ana, 
fonte de inspiração e razão do meu viver... 
 
 
6 
 
Car@ Estudante do Curso de Administração a Distância; 
 
 
Seja bem-vindo(a) à disciplina Direito Tributário e ao universo desta área 
da ciência, responsável pela disciplina jurídica dos tributos. Objetivamos 
contextualizar o universo da atividade tributária estatal no seio da sociedade 
brasileira, gerando estudos e reflexões por meio da análise de legislação, 
jurisprudência, exercícios e exemplos correlatos. 
 
Procuramos redigir esse livro didático em linguagem de fácil 
entendimento, a fim de proporcionar uma melhor compreensão de temas 
muitas vezes pouco conhecidos, a fim de estabelecer uma maior interação entre 
autor e leitor, em função da disposição das idéias ao longo do texto. 
 
Vale lembrá-lo(a) que o nível de competência de um gestor ou de 
qualquer profissional que opere com o Direito Tributário está intimamente 
ligado ao seu conhecimento teórico-prático, sendo imprescindível formar a base 
conceitual necessária ao exercício do seu mister. 
 
Assim, a relevância dessa disciplina se justifica na própria formação do 
futuro Administrador em uma de suas principais áreas de atuação, que é o 
gerenciamento tributário. Mas, não se esqueça: durante a leitura registre suas 
análises, avaliações, considerações e ideias novas que lhe surgirem. 
 
Desejamos êxito em seus estudos! 
 
Professor 
Ms. Luis Carlos dos Santos Lima Sobrinho (Autor do livro) 
 
 
7 
 
 
Sumário 
 
UNIDADE I – TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO ____________11 
1.1 Direito Tributário como Ramo do Direito Público _________________________ 11 
1.2 Autonomia e Relação do Direito Tributário com outros Ramos do Direito ____ 12 
1.3 Atividade Financeira e Atividade Tributária do Estado ____________________ 14 
1.4 Tributo: Requisitos, Competência e Capacidade Tributária __________________ 20 
1.5 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar __________________________ 24 
1.5.1 Princípio da Legalidade ______________________________________________ 26 
1.5.2 Princípio da Anterioridade ____________________________________________ 33 
1.5.3 Princípio da Irretroatividade __________________________________________ 35 
1.5.4 Princípio da Igualdade _______________________________________________ 37 
1.5.5 Princípio do Não Confisco ____________________________________________ 39 
EXERCÍCIOS – UNIDADE I __________________________________________40 
 
UNIDADE II – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ______________________________45 
2.1 Teorias acerca das Espécies de Tributos __________________________________ 45 
2.2 Impostos _____________________________________________________________ 47 
2.2.1 Imposto de Importação – II____________________________________________ 50 
2.2.2 Imposto de Exportação – IE ___________________________________________ 51 
2.2.3 Imposto de Renda – IR _______________________________________________ 53 
2.2.4 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ___________________________ 54 
2.2.5 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR ______________________ 55 
2.2.6 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações 
Relativas a Títulos e Valores Mobiliários – IOF _______________________________ 56 
2.2.7 Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF _________________________________ 58 
2.2.8 Imposto Residual ____________________________________________________ 58 
2.2.9 Imposto Extraordinário de Guerra – IEG ________________________________ 59 
2.2.10 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCD _______________ 61 
2.2.11 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA ___________ 63 
2.2.12 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS ____________ 64 
2.2.13 Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI ____________________ 68 
2.2.14 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU _________ 70 
2.2.15 Imposto sobre Serviços – ISS _________________________________________ 71 
2.3 Taxas ________________________________________________________________ 73 
 
 
8 
 
2.4 Contribuição de Melhoria ______________________________________________ 79 
2.5 Empréstimos Compulsórios ____________________________________________ 82 
2.6 Contribuições Especiais ________________________________________________ 84 
2.6.1 Contribuições Sociais _________________________________________________ 85 
2.6.2 Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico – CIDE __________ 88 
2.6.3 Contribuição para o Custeio das Entidades Representativas de Categoria 
Profissional e Econômica __________________________________________________ 89 
2.6.4 Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública _____________ 90 
EXERCÍCIOS – UNIDADE II __________________________________________91 
 
UNIDADE III – RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA ___________________95 
3.1 Imunidade Tributária __________________________________________________ 95 
3.1.1 Imunidades Subjetivas _______________________________________________ 96 
3.1.2 Imunidades Objetivas ________________________________________________ 97 
3.1.3 Imunidades Mistas ___________________________________________________ 97 
3.1.4 Imunidades Genéricas ________________________________________________ 98 
3.2 Obrigação Tributária _________________________________________________ 107 
3.2.1 Sujeitos da Obrigação Tributária ______________________________________ 109 
3.2.2 Responsabilidade Tributária por Transferência _________________________ 113 
3.2.3 Responsabilidade Tributária por Substituição___________________________ 119 
3.3 Crédito Tributário ____________________________________________________ 120 
3.3.1 Lançamento ________________________________________________________ 121 
3.3.2 Suspensão da Exigibilidade __________________________________________ 132 
3.3.3 Extinção da Exigibilidade ____________________________________________ 138 
3.3.4 Exclusão da Exigibilidade ____________________________________________ 150 
EXERCÍCIOS – UNIDADE III ________________________________________155 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS _______________________________157 
REFERÊNCIAS _____________________________________________________159 
MINICURRICULO__________________________________________________164 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Unidade 1 
Teoria geral do direito tributário. 
 
 
10 
 
 
 
 
11 
 
UNIDADE I – TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
 
Objetivos - Ao final dessa unidade, o aluno será capaz de: 
 
• conhecer a alocação e as relações do Direito Tributário com outras disciplinas 
jurídicas; 
• distinguir o exercício das atividades financeira e tributária do Estado; 
• compreender os requisitos inerentes ao exercício da competência e da 
capacidade tributária por parte dos entes políticos; 
• reconhecer a possibilidade de aplicação de princípios constitucionais 
destinados a limitar o poder de tributação estatal. 
• 
 
1.1 Direito Tributário como Ramo do Direito Público 
 
 A doutrina majoritária acredita que o Direito Tributário constitui hoje 
um campo específico da ciência jurídica, tendo se desenvolvido a partir do 
Direito Financeiro. Enquanto este disciplina o orçamento, a receita, as despesas 
e a dívida no âmbito público, aquele cuida especificamente da disciplina 
jurídica dos tributos. 
 Como marcos desse processo evolutivo, tem-se a criação em nosso país 
do Sistema Tributário Nacional – STN com a Emenda Constitucional– EC nº. 
18/65, seguida da Lei nº. 5.172/66, que, por sua, vez determinou a criação do 
Código Tributário Nacional – CTN, o que se deu por meio do Ato 
Complementar nº. 36/67, sendo o mesmo recepcionado como Lei 
Complementar – LC sob o aspecto material nos termos do Art. 146, incisos I a III 
da Constituição Federal de 1988 – CF/88, senão vejamos: 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ressaltando a importância do complexo normativo de natureza 
tributária, Amaro (2010) comenta que da preponderância do interesse coletivo 
no Direito Tributário deriva o caráter cogente de suas normas, inderrogáveis 
pela vontade dos sujeitos da relação jurídico-tributária, sendo esta subjacente. 
 Alexandrino e Paulo (2009) comentam que, na esfera do Direito Privado, 
encontram-se aspectos como a livre manifestação de vontade, a liberdade 
contratual e a igualdade entre as partes, o que possibilita, em regra, a 
disponibilidade dos interesses em questão. 
 Todavia, sob a égide do Direito Público, tais aspectos não se coadunam 
com a relação firmada entre a sociedade e o Estado, prevalecendo dois 
princípios basilares e comuns à Administração Pública, quais sejam: a 
supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade daquele. 
Assim, ainda que se admita a imprecisão e, por vezes, a desnecessidade 
da demarcação de fronteiras que abarcam os campos do Direito, de natureza 
pública ou privada, não há que se questionar a classificação do Direito 
Tributário como ramo do Direito Público. 
 
1.2 Autonomia e Relação do Direito Tributário com outros Ramos do Direito 
 
 Quanto à sua aplicabilidade, o Direito Tributário pode ser considerado 
dotado de autonomia nos seguintes termos: 
 
• autonomia legislativa: por ser disciplinado por normas tributárias; 
• autonomia científica: por abrigar institutos jurídicos próprios; 
• autonomia didática: comum à disciplina no campo da Ciência Jurídica. 
“Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária (...)”. 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sendo tal autonomia relativa, o Direito Tributário se relaciona com os 
mesmos de diferentes maneiras; conforme segue: 
 
• Direito Constitucional: a CF/88 se constitui em fundamento de 
validade do Tributo, outorga competência tributária aos entes 
políticos, delineia as bases do STN e define os modos de expressão do 
Direito Tributário por meio de atos normativos; 
• Direito Administrativo: a competência tributária é exercida por 
intermédio dos órgãos integrantes da administração pública; 
• Direito Financeiro: seus conceitos são relevantes para o exercício das 
regras de Direito Tributário, podendo este ser considerado uma área 
especializada daquele ramo do Direito Público; 
• Direito Comercial: fornece figuras como as sociedades mercantis, os 
títulos de participação societária, as demonstrações financeiras e os 
atos de comércio; 
• Direito do Trabalho: traz institutos como salário, aviso prévio, 
indenização, entre outros; 
• Direito Civil e Processual Civil: o primeiro fornece matéria prima para a 
lei fiscal, como os contratos, as relações de família, as questões 
sucessórias e a propriedade, enquanto o segundo traz as formas e os 
procedimentos que guiarão as lides tributárias; 
• Direito Penal e Processual Penal: o primeiro sanciona os ilícitos 
tributários e prevê penalidades fiscais de caráter não delituoso, como 
VOCÊ SABIA? 
O complexo normativo do Direito Tributário engloba competência, fato 
gerador, matéria de natureza instrumental, obrigações formais dos 
contribuintes ou responsáveis, poderes e deveres da administração 
tributária, definição de infrações tributárias e penalidades correspondentes, 
bem como obrigações assumidas pelo Estado em sede de Tratados 
Internacionais. 
 
 
14 
 
a presunção de inocência e a retroatividade benigna. Já o segundo 
impõe sanções para as infrações fiscais delituosas; 
• Direito Internacional: trata de tratados e acordos que versam sobre 
matéria tributária, como acordos de livre comércio que afastam a 
dupla tributação internacional. 
 
Entendendo as fontes como os modos de expressão do Direito, as 
materiais tratam de fatos reais objeto da incidência tributária, enquanto as 
formais dizem respeito à aplicação e interpretação da lei em sentido amplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além da lei, a doutrina e a jurisprudência exercem importante trabalho 
construtivo no campo do direito Tributário, além dos usos e costumes, 
entendidos como práticas reiteradamente observadas pelas autoridades 
administrativas. 
 
1.3 Atividade Financeira e Atividade Tributária do Estado 
 
Consiste na obtenção, gestão e aplicação de receitas na satisfação de 
necessidades públicas, visando à consecução do bem comum. Tratando da 
previsão legal acerca desse mister, destacam-se o art. 165, incisos I, II e III da 
CF/88 e o art. 1º, caput da Lei n°. 4.320/64, tendo esta sido votada como Lei 
Ordinária sob o aspecto formal, mas sendo recepcionada como LC sob o aspecto 
material. Seguem os dispositivos legais: 
 
 
PARA REFLETIR... 
Associando o art. 59 da CF/88 ao Decreto nº. 4.176/02 como devem ser 
interpretadas as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro constantes da Lei nº. 12.376/10 para fins de análise do processo 
legislativo federal? 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com a edição da LC nº. 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal, buscou-
se firmar um compromisso de responsabilidade na gestão dos recursos públicos 
por parte dos entes federativos, como revela o art. 1º, § 1º da mesma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Carvalho (2010) comenta que, na doutrina, há uma divisão comum entre: 
 
• ingresso/entrada: seriam todas as entradas de recurso financeiro nos 
cofres públicos, a título provisório ou definitivo; 
• receita: seriam apenas as entradas a título definitivo. 
 
Já a Lei n°. 4.320/64 utiliza a expressão “receita pública”, não fazendo 
distinção entre receita e ingresso. Em decorrência desse conceito legal, decorre a 
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
I - o plano plurianual; 
II - as diretrizes orçamentárias; 
III - os orçamentos anuais”. 
 
“Art. 1º. Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e 
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do 
Distrito Federal (...)”. 
“Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas 
para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI 
da Constituição. 
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, 
em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das 
contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e 
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, 
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada 
e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de 
garantia e inscrição em Restos a Pagar”. 
 
 
16 
 
classificação das receitas públicas, o que diz respeito ao tipo de relação que o 
mesmo firma com a parte contrária. Vejam-se as espécies de receitas: 
 
• receitas originárias: decorrem da exploração do patrimônio público, 
onde o Estado estabelece relações de coordenação com a parte 
contrária. Logo, não está a se tratar de aplicação do poder de império 
do Estado, como no caso de venda ou aluguel dos bens estatais a um 
particular ou mesmo quando o Estado atua no domínio econômico; 
• receitas derivadas: consistem na imposição de prestações pelo Estado àparte contrária, subsistindo uma relação de supremacia do ente 
federativo. Trata-se de uma relação imposta por lei, que independe 
da vontade da parte contrária, a exemplo da cobrança de tributos e da 
imposição de penalidades pecuniárias; 
• receitas transferidas: englobam as situações em que um ente é obrigado 
ou opta por repartir receitas com outro ente, a exemplo das situações 
previstas nos arts. 153, § 5º, 157, 158 e 159 da CF/88, com exceção 
daquelas comuns ao seu art. 160. 
 
A nota distintiva entre as espécies de receita é o regime jurídico a que 
estão essencialmente submetidas (Direito Público ou Privado), e não os pólos da 
respectiva relação jurídica, merecendo ainda especial atenção no campo do 
direito Tributário as receitas derivadas e as transferidas, visto que a atividade 
tributária é a principal fonte de receitas públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSIMILANDO CONCEITOS! 
Dada a importância da atividade tributária, pode-se conceituar o Direito 
Tributário como um ramo do Direito Público que disciplina a instituição, 
a arrecadação e a fiscalização de tributos, ocupando-se do destino da 
receita tributária, aspecto este relevante para a caracterização do seu 
regime jurídico, compreendendo empréstimos compulsórios e 
contribuições especiais. 
 
 
17 
 
 Percebe-se que a relação que se forma entre o sujeito ativo e o passivo é 
obrigacional, de onde sobrevém a competência legislativa concorrente para 
editar normas gerais sobre os tributos, como prevEem o art. 24, inciso I e seus 
parágrafos e o art. 30, incisos I, II e III da CF/88, todos transcritos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale dizer que a competência originária para estabelecer normas gerais é 
da União, podendo os Estados e o Distrito Federal legislar sobre normas 
específicas dos tributos de sua competência e suprir a falta de normas gerais no 
caso de omissão da União. 
Conclui-se que não existe competência concorrente para instituir 
tributos, bem como os conflitos de competência tributária entre os entes 
federativos devem ser resolvidos por LC. 
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-
se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia 
da lei estadual, no que lhe for contrário”. 
 
“Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar 
suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar 
balancetes nos prazos fixados em lei”. 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carraza (2011) destaca como características da competência tributária: 
 
• indelegabilidade: a competência legislativa estabelecida na CF/88 para 
instituir tributos por meio de lei não pode ser transferida a outros entes ou 
pessoas. Todavia, tal característica não se confunde com a possibilidade de 
delegação da capacidade ativa, que é o poder de cobrança, arrecadação e 
fiscalização. A competência é o exercício de um poder político, enquanto a 
capacidade ativa é o exercício de um poder administrativo delegável, conforme 
arts. 7º e 119 do CTN; 
• incaducabilidade: significa dizer que não se perde a competência pelo 
decurso do tempo, salvo se houver prazo estabelecido na CF/88 para a 
instituição dos tributos de competência de cada ente político; 
• facultatividade de exercício: não há norma na CF/88 que obrigue os 
entes da Federação a exercerem sua competência tributária, exceto quando e na 
medida o desejarem. Sendo assim, eles podem optar por não instituir o tributo 
(como no caso do imposto sobre grandes fortunas) ou por exercer a 
competência de maneira parcial (como no caso de um Estado instituir o imposto 
sobre transmissão causa mortis e não o fazer sobre doações). Contudo, em 
nenhum caso é possível extrapolar a respectiva competência constitucional. 
Depois de instituído o tributo, um ente não é obrigado a extingui-lo, exceto se a 
CF/88 estipular um prazo para tanto, como ocorreu com a contribuição 
provisória sobre movimentações financeiras. 
• irrenunciabilidade: consiste na possibilidade de o ente federativo não 
exercer a competência, o que não importa em renúncia tácita. Logo, não teria 
eficácia uma lei que impusesse a um ente renúncia à sua competência tributária; 
VOCÊ SABIA? 
Especificamente, os arts. 145 a 162 da CF/88 estabelecem normas que 
regulam o poder de tributar, a competência tributária propriamente dita 
e as limitações ao poder de tributar, facilitando a compreensão da 
matéria por eles regulada. 
 
 
19 
 
• inalterabilidade: um ente só pode exerce a sua competência tributária 
nos termos previstos constitucionalmente, não sendo possível alterar a 
competência alheia ou reivindicar outra que não a sua por norma 
infraconstitucional; 
• intransferibilidade: nos termos do art. 8º do CTN, a competência não se 
transfere nem mesmo para o ente que se beneficia do produto da arrecadação, 
como no caso da competência residual prevista no art. 157, inciso II do mesmo 
diploma legal. 
 
Como exposto, a competência tributária é exercida por meio da edição de 
lei. A conduta, situação descrita na lei que justifica o nascimento da obrigação 
de pagar os tributos denomina-se fato gerador. Ocorrido o fato gerador, nasce a 
obrigação tributária, que é a relação sujeito ativo-passivo, que tem como 
objetivo o pagamento do tributo. 
É necessário que ambos sejam materializados por um documento 
específico, qual seja, lançamento tributário (ocorrência do fato e nascimento da 
obrigação). Nesse momento, nasce o crédito tributário (obrigação documentada 
e formalizada pelo lançamento). Na sequência, o sujeito passivo é notificado 
para cumprir a obrigação, com o seu pagamento. 
Contudo, nem sempre isso acontece. Podem surgir causas modificativas 
do crédito tributário, quais sejam: suspensão da exigibilidade (impedir a 
cobrança do crédito), extinção do crédito tributário (desaparecimento da relação 
jurídica) ou exclusão do crédito (impedimento do nascimento da obrigação). 
Pode-se dar então a satisfação forçada do crédito tributário, com a 
inscrição do crédito em dívida, e a extração da Certidão da Dívida Ativa como 
título executivo extrajudicial, embasando a execução fiscal pela Fazenda Pública 
– Fisco como instrumento de cobrança do crédito tributário. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faz-se então necessário conhecer os principais fenômenos inerentes às 
espécies comuns ao Direito Tributário. 
 
1.4 Tributo: Requisitos, Competência e Capacidade Tributária 
 
O Tributo pode ser considerado uma das formas de transferência de 
riqueza para o Estado, sendo seu conceito firmado pelo art. 3º do CTN, abaixo 
transcrito: 
 
 
 
 
 
A natureza jurídica do tributo encontra respaldo legal no art. 4º, inciso I 
do CTN, onde toda prestação que cumprir as características do citado conceito 
legal será tributo, independentemente de sua denominação. Segue o excerto 
legal pertinente: 
 
 
 
 
Trata-se de uma modalidade de transferência de recursos diferenciada 
das demais pelo preenchimento de requisitos específicos, quais sejam: 
 
VOCÊ SABIA? 
O art. 165 do CTN trata da repetição do indébito tributário, onde a parte pode, 
dentro do prazo prescricional, pedir ressarcimento do tributo pago 
indevidamente, independente deter confessado o débito, pago a quantia 
cobrada espontaneamente ou ter celebrado acordo, não se analisando no plano 
tributário os vícios do consentimento presentes na legislação civil. 
 
“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e 
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. 
 
“Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da 
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei”. 
 
 
 
21 
 
• prestação pecuniária: a prestação decorre da relação jurídica entre o sujeito 
passivo (devedor) e o sujeito ativo (credor), que se concretiza com a 
configuração da hipótese prevista no fato gerador do tributo. Trata-se de uma 
prestação de dar quantia certa e em dinheiro. Já a expressão “em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir” possui a utilidade de permitir a utilização de 
indexadores (como a Unidade Fiscal de Referência – UFIR, hoje extinta), dada a 
conversibilidade imediata entre o indexador e a moeda corrente adotada no 
País; 
• instituição por lei: refere-se à origem da relação jurídica tributária, que é ex 
lege, decorrendo do princípio da legalidade; 
• aplicação compulsória: a obrigação nasce independentemente da vontade 
do sujeito, basta a caracterização do fato gerador em lei; 
• caráter não sancionatório; tributo e penalidades pecuniárias não se 
confundem e o fato gerador de um tributo só pode ser um fato lícito. Contudo, 
o art. 118, inciso I do CTN diz que, apesar de as atividades ilícitas não serem 
passíveis de tributação, seus frutos são tributáveis; 
• cobrança vinculada: a tributação exige a prática de atos administrativos 
vinculados como cobrança, arrecadação e fiscalização, regidos por princípios 
como supremacia do interesse público sobre o particular, indisponibilidade dos 
bens públicos, legalidade e impessoalidade, sem espaço para qualquer margem 
de discricionariedade do administrador. 
 
Para instituir tributos, é necessário que o ente político tenha competência 
tributária, ou seja, aptidão legislativa para criar tributos, decorrente de previsão 
constitucional expressa. 
 
 
 
 
. 
 
 
PARA NÃO CONFUNDIR OS CONCEITOS... 
Saliente-se que a CF/88 não cria tributos, tão somente define a competência 
tributária. O exercício dessa competência se dá por meio da edição de lei 
federal, estadual ou municipal, a fim de instituir os respectivos tributos, 
infraconstitucionalmente 
 
 
22 
 
Dentre as principais características da competência tributária, tem-se: 
 
• exclusividade: somente o ente detentor da competência pode instituir 
tributos; 
• indelegabilidade: o ente tributante não pode, nem mesmo por intermédio 
de lei, autorizar outro ente a tributar sobre matéria de competência própria; 
• incaducabilidade: o decurso do prazo por não legislar sobre determinado 
tributo não atinge o direito de tributar em si; 
• facultatividade: via de regra, instituir o tributo é uma decisão política. 
 
Pela sistemática da compensação de créditos e débitos entre os Estados, 
os Arts. 11 e 14, incisos I e II, ambos da LC nº. 101/00 estabelecem que os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir os impostos de sua 
competência para preservar uma boa gestão fiscal. 
Não o fazendo quanto aos impostos, haverá a impossibilidade de repasse 
de receitas voluntárias federais, como atestam os referidos dispositivos legais, 
transcritos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a 
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência 
constitucional do ente da Federação. 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente 
que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos”. 
 
“Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza 
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar 
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes 
orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº. 
2.238 em 2007, o STF decidiu em sede de medida cautelar que o art. 11, 
parágrafo único da referida lei não pode obrigar os entes a instituírem seus 
tributos (excetuando-se o caso das transferências voluntárias), pois a 
competência é matéria constitucional, não podendo ser tratada 
infraconstitucionalmente. 
 Pode-se ainda conceituar a capacidade tributária ativa como a aptidão 
de arrecadar, fiscalizar e utilizar o tributo. A princípio, o sujeito que detém 
competência também possui a capacidade tributária ativa. Contudo, ao 
contrário da primeira, esta é delegável. 
Já a capacidade tributária passiva é conceituada por Alexandre (2010, p. 
291) como a “aptidão para ser sujeito passivo da relação jurídico-tributária”, 
encontrando respaldo legal para sua amplitude no Art. 126 do CTN: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Da simples leitura do dispositivo supracitado, percebe-se a pertinência 
do pensamento de Alexandrino e Paulo (2009), para quem tão somente as 
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de 
receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de 
resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; 
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, 
por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da 
base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição”. 
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: 
I - da capacidade civil das pessoas naturais; 
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou 
limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da 
administração direta de seus bens ou negócios; 
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure 
uma unidade econômica ou profissional. 
 
 
 
24 
 
coisas, os animais e os mortos seriam desprovidos de capacidade tributária 
passiva. 
 
1.5 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 
 
Trata-se de proteção quanto a princípios constitucionais e 
infraconstitucionais, imunidades tributárias e concessões de benefícios fiscais, o 
que compõe verdadeiro estatuto de proteção do contribuinte. A 
regulamentação constitucional quanto às limitações do poder de tributar 
encontra seu fundamento legal nos arts. 150 a 152 da Constituição Cidadã: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em 
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação 
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os 
houver instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meiode tributos 
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela 
utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, 
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de 
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 
153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de 
cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações 
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e 
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao 
patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades 
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que 
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. 
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente 
o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das 
entidades nelas mencionadas. 
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca 
dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. 
§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito 
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só 
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que 
regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo 
ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. 
§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de 
responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva 
ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia 
paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entende-se que os princípios constitucionais tributários estabelecem 
requisitos de validade da atividade tributária, sendo considerados cláusulas 
pétreas, não sendo possível emendar a CF/88 para restringir o alcance dessa 
proteção, idealizada a título de direito fundamental (art. 60, § 4º, inciso IV). 
Passa-se a estudar tais princípios na sequência. 
 
1.5.1 Princípio da Legalidade 
 
Por previsão do citado art. 150, inciso I da Lei Maior, trata-se de uma 
especialidade do princípio da legalidade que rege a Administração Pública 
(art. 37, caput), sendo o mesmo regulamentado pelo art. 97 do CTN: 
 
 
“Art. 151. É vedado à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou 
que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal 
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos 
fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-
econômico entre as diferentes regiões do País; 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos 
respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas 
obrigações e para seus agentes; 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito 
Federal ou dos Municípios”. 
 
“Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, 
em razão de sua procedência ou destino”. 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O termo “exigir” deve ser entendido no sentido de “criar” ou de 
“instituir” o tributo, o que serve implicitamente para a respectiva extinção. Já a 
expressão “lei” se refere às espécies previstas no art. 59 da CF/88: 
 
 
 
 
 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”; 
 
“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos 
artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado 
o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou 
de dispensa ou redução de penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, 
que importe em torná-lo mais oneroso. 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II 
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo”. 
 
“Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sob o sentido formal, trata-se de editar ato emanado do Poder 
Legislativo competente para a matéria, com observância do processo legislativo. 
Já sob o sentido material estudam-se as questões fundamentais ou estruturais 
do tributo, de acordo com o princípio da tipicidade tributária ou da 
especificidade conceitual, devendo a lei descrever o fato gerador segundo os 
seguintes aspectos: 
 
• aspecto pessoal: quem está sendo tributado; 
• aspecto material: o que está sendo tributado; 
• aspecto espacial: onde se realiza o fato gerador; 
• aspecto temporal: momento de ocorrência do fato gerador, seja o 
mesmo instantâneo (periódico) ou complexivo (ocorre dentro de um 
período de tempo). 
 
Já a obrigação tributária pode ser compreendida segundo o princípio da 
legalidade sob os seguintes aspectos: 
 
• aspecto subjetivo: engloba os sujeitos ativo (poder público) e passivo 
(contribuinte ou responsável tributário) presentes na relação 
tributária; 
• aspecto quantitativo: trata do quantum debeatur, da estipulação de base 
de cálculo ou de alíquota (ad valorem e específica), dentre outros 
casos. 
 
 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e 
consolidação das leis”. 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nesse sentido, o princípio em comento impõe a previsão legal de 
diversos componentes da obrigação tributária que se encontram sob reserva de 
lei, como assevera o Art. 97 do CTN, em cumprimento à norma constitucional 
(art. 150, inciso I): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para o Superior Tribunal de Justiça - STJ (Súmula STJ nº 160), a 
atualização monetária não representa aumento do tributo e, por isso, não é 
necessária sua previsão em lei. O mesmo ocorre com o prazo de vencimento da 
ASSIMILANDOCONCEITOS! 
Devem constar na lei todos os elementos essenciais para a criação de um 
tributo (fato gerador, alíquota, contribuintes e base de cálculo). Contudo, a 
exigência não impede que o regulamento aclare conceitos jurídicos 
indeterminados, adotados pela lei. 
“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 
21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o 
disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou 
de dispensa ou redução de penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, 
que importe em torná-lo mais oneroso. 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II 
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo”. 
 
 
30 
 
obrigação tributária, apesar da crítica da doutrina, dada a essencialidade do 
conceito, como opina Carraza (2011). 
Como exceções ao princípio da legalidade constantes do próprio texto 
constitucional têm-se as alíquotas dos impostos de importação, de exportação, 
sobre produtos industrializados, sobre operações financeiras (art. 153, § 1º) e 
sobre circulação de mercadorias e serviços monofásico sobre combustível (art. 
155, § 4º, inciso IV, alínea “c”), além da contribuição de intervenção no domínio 
econômico sobre combustíveis (art. 177, §4º, inciso I, alínea “b”). 
A concessão de benefícios fiscais deve constar de lei específica, em 
obediência não só ao princípio da legalidade, mas também da publicidade, nos 
termos dos arts. 150, § 6º da CF/88 e 97 do CTN, transcritos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de 
crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou 
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual 
ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o 
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 
2.º, XII, g”. 
 
“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 
21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o 
disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Segundo entendimento do STF, subsiste a impossibilidade de o Poder 
Judiciário, invocando o princípio da isonomia, substituir o juízo discricionário 
do legislador e estender a outras pessoas benefícios fiscais que a lei só destinou 
expressamente a determinada categoria de contribuintes. 
Já a isenção consiste em dispensa legal do pagamento do tributo devido, 
desde que seja preservada a competência de cada ente (princípio da proibição 
de isenção heterônoma), em conformidade com o art. 151, inciso III da CF/88. 
Na isenção ocorre o fato gerador, mas a lei da isenção já existe e incide, 
produzindo como principal efeito a dispensa do pagamento. Segue o 
dispositivo em comento: 
 
 
 
 
Como exceções às isenções heterônomas têm-se a exclusão da incidência 
dos impostos sobre a circulação de mercadorias e serviços e sobre serviços 
destinados à exportação, como se verifica da leitura dos arts. 156, § 3º, inciso II e 
155, § 2º, inciso XII, alínea “e” da CF/88: 
 
 
 
 
 
 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de 
dispensa ou redução de penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que 
importe em torná-lo mais oneroso. 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste 
artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo”. 
 
“Art. 151. É vedado à União: 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal 
ou dos Municípios”. 
 
 
32 
 
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: 
XII - cabe à lei complementar: 
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros 
produtos além dos mencionados no inciso X, "a". 
 
“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei 
complementar. 
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei 
complementar: 
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior”. 
 
Em regra, Medida Provisória pode tratar de matéria tributária, exceto 
quando a mesma for reservada a LC, devendo-se respeitar o princípio da 
anterioridade de exercício, salvo nas exceções legais e com a contagem do prazo 
nonagesimal a partir da conversão da Medida Provisória em lei, como garante o 
art. 62, §§ 1º, inciso III, 2º e 12 da Constituição Cidadã: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá 
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato 
ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
III - reservada a lei complementar; 
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, 
exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no 
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia 
daquele em que foi editada; 
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da 
medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja 
sancionado ou vetado o projeto”. 
 
 
33 
 
 Faz-se necessário analisar o próximo princípio inerente às limitações do 
poder de tributar, dada a relação de complementaridade para com o princípio 
da legalidade. 
 
1.5.2 Princípio da Anterioridade 
 
O também chamado princípio da não surpresa tem como fundamento a 
segurança jurídica (previsibilidade nas relações com o poder público), 
constando do art. 150, inciso III, alíneas “b” e “c” da CF/88, abaixo transcrito: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cumprindo o disposto no art. 165, § 9º, inciso I da atual Carta Magna, o 
exercício financeiro foi fixado pelo art. 34 da Lei nº 4.320/64, coincidindo com 
o ano civil (01/01 a 31/12), mas iniciando-se a contagem da noventena, a partir 
da publicação da lei instituidora. Seguem abaixo transcritos os dispositivos 
legais correlatos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b”. 
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
§ 9º - Cabeà lei complementar: 
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a 
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei 
orçamentária anual”. 
 
“Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil”. 
 
 
 
34 
 
Apesar de a norma constitucional falar em “cobrar tributos”, não se adia 
apenas a cobrança, mas sim a própria incidência do tributo Assim, o que o 
princípio adia é a eficácia da lei, não a sua vigência. Ainda cabe dizer que a 
noventena não é vacatio legis (prazo para uma lei entrar em vigor), tudo em 
conformidade com o art. 101 do CTN: 
 
 
 
 
O princípio da anterioridade não se aplica: 
 
• na redução ou extinção de tributo: dado o benefício para o sujeito passivo da 
obrigação; 
• na redução de prazo para pagamento de tributo: conforme Súmula STF nº. 
669; 
• quando há uma prorrogação do tributo, porém sem aumento: nos termos do 
Informativo STF nº. 569; 
• quando há revogação de desconto para pagamento a vista do tributo: esta 
situação não se equipara à criação ou à majoração de tributo, constituindo 
apenas a dispensa legal do pagamento de exação já existente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CF/88 trata das seguintes exceções ao princípio da anterioridade de 
exercício financeiro: 
 
“Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas 
disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto 
neste Capítulo”. 
VOCÊ SABIA? 
Antes da CF/88 vigorava o princípio da anualidade, segundo o qual bastava 
que o tributo estivesse previsto na lei orçamentária para ser exigido no 
exercício seguinte. Somente após a sua promulgação é que o princípio da 
anualidade foi substituído pelo princípio da anterioridade tributária. 
 
 
 
35 
 
• impostos extraordinário de guerra (art. 154, inciso II), de importação, e 
exportação, sobre produtos industrializados e operações financeiras (art. 150, 
inciso III, alínea “b”) e sobre circulação de mercadorias e serviços monofásico 
sobre combustíveis (art. 155, § 4º, inciso IV, alínea “c”); 
• contribuições de custeio da Seguridade Social (art. 195, § 6º) e de 
intervenção no domínio econômico sobre combustíveis, quando sua alíquota é 
restabelecida (art. 177, § 4º, inciso I, alínea “b”); e 
• empréstimo compulsório em caso de guerra (art. 148, inciso I); 
 
A Constituição Cidadã ainda prevê como exceções ao princípio da 
anterioridade nonagesimal (art. 150, § 1º) os impostos extraordinário de guerra 
(art. 154, inciso II), de importação e exportação, sobre operações financeiras e 
sobre a renda, além do empréstimo compulsório em caso de guerra (art. 148, 
inciso I). 
 
1.5.3 Princípio da Irretroatividade 
 
Tendo suas bases firmadas na esfera penal, o princípio da 
irretroatividade reza que, ao ser instituído ou majorado, um tributo não pode 
alcançar fato passado, não comportando exceções, como disposto no art. 150, 
inciso III, alínea “a” da CF/88 e no art. 106, inciso I do CTN: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os 
houver instituído ou aumentado”. 
 
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação 
de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”. 
 
 
36 
 
Segundo o STJ, os casos em que se deve sobrepesar o princípio da 
irretroatividade estão descritos no art. 106, inciso II do CTN, produzindo efeitos 
nas esferas judicial e administrativa, enquanto a matéria não for julgada em 
definitivo. Deve-se, então, interpretar a lei tributária de modo mais favorável ao 
contribuinte, como assegura o art. 112 do mesmo diploma legal: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No caso de extinção e redução de tributo, em regra, a lei tributária só se 
aplica a fato futuro, podendo haver retroatividade dos seus efeitos caso a 
mesma seja expressa nesse sentido, aplicando-se os arts. 105 e 116, incisos I e II 
do CTN: 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, 
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento 
de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao 
tempo da sua prática”. 
 
“Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, 
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: 
I - à capitulação legal do fato; 
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos 
seus efeitos; 
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; 
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação”. 
“Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores 
futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início 
mas não esteja completa nos termos do artigo 116”. 
 
“Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato 
gerador e existentes os seus efeitos: 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Passa-se ao estudo do importante princípio da igualdade. 
1.5.4 Princípio da Igualdade 
 
Tal princípio é previsto no art. 150, inciso II da Constituição Cidadã: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os arts. 151, incisos I e II e 152 da Lei Maior tratam da aplicação do 
princípio da igualdade no âmbito federativo, tendo cada um deles paridade 
em termos de tratamento tributário, nos termos da isonomia idealizada 
constitucionalmente: 
 
 
 
 
 
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe 
são próprios; 
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente 
constituída, nos termos de direito aplicável. 
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios 
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do 
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, 
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. 
 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em 
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação 
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”. 
“Art. 151. É vedado à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que 
implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a 
Município, em 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Impera então a aplicação do princípio constitucional da capacidade 
contributiva (art. 145, § 1º), concernente à capacidade de suportar o pagamento 
do tributo sem comprometimento das condições mínimas de subsistência 
(dignidade da pessoa humana), bem como do princípio constitucional da não 
discriminação tributária em razão da origem ou do destino de bens e serviços 
(art. 152), que consiste na vedação do estabelecimento de leis próprias por parte 
dos entes federativos que importem em discriminação em razão de origem ou 
destino de bens e serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finalmente, o princípio da progressividade fiscal tem uma finalidade 
fiscal (de natureza arrecadatória) e outra extrafiscal(de estímulo a 
comportamentos). O STF entende que só é possível ao legislador 
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a 
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes 
regiões do País; 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos 
agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para 
seus agentes”. 
 
“Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer 
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua 
procedência ou destino”. 
VOCÊ SABIA? 
O STF julgou inconstitucional (ADI nº. 3105), por atingir cláusula pétrea 
referente ao direito fundamental de igualdade, dispositivos do art. 4º da EC 
nº. 41/03 que instituíram base de cálculo discriminatória do imposto de 
renda, por privilegiar o servidor federal em detrimento do servidor 
estadual. 
 
 
39 
 
infraconstitucional estabelecer a progressividade nos casos previstos na própria 
CF/88, sendo possível a aplicação da capacidade contributiva por meio da 
progressividade nos tributos pessoais. 
 
1.5.5 Princípio do Não Confisco 
 
Previsto no art. 150, inciso IV da Constituição Cidadã, este princípio veda 
a tributação com efeitos confiscatórios, na qual se retira a propriedade de bens 
sem a devida contrapartida pecuniária, como abaixo transcrito: 
 
 
 
 
 
Sabe-se que a própria definição de tributo exclui sua interpretação como 
sanção de fato ilícito. Contudo, não há um parâmetro objetivo que defina o que 
seja tributação elevada: a análise é feita caso a caso, conjugando-se outros 
princípios constitucionais para tanto. 
Logo, o Poder Judiciário não analisa a carga tributária global (soma dos 
tributos de todos os entes) nem lei em tese, restringindo-se ao âmbito de 
aplicação das normas constitucionais e inconstitucionais pertinentes na esfera 
pessoal de cada indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Tribunal Excelso ainda entende que multas tributárias também não 
podem ter efeito de confisco, mesma situação da tributação extrafiscal quanto a 
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco”. 
 
ASSIMILANDO CONCEITOS! 
O STF entende que resulta configurado o caráter confiscatório de 
determinado tributo sempre que seu efeito cumulativo, resultante das 
múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade 
estatal, vier a afetar substancial e desproporcionalmente o patrimônio ou 
os rendimentos do contribuinte. 
 
 
 
40 
 
tributos como o incidente sobre a propriedade predial e territorial urbana. Já no 
caso das taxas, a verificação do seu caráter confiscatório é feita comparando-se o 
custo da atividade estatal com o valor cobrado a esse título. 
 
EXERCÍCIOS – UNIDADE I 
 
 
Questão 1. (CESPE-2009 PGE-AL/Procurador de Estado) “Dois amigos 
resolveram se juntar e abrir uma sociedade que começou a funcionar sem ter sido 
constituída formalmente perante os órgãos públicos. Ocorre que um deles foi preso e 
encontra-se privado de exercer atividades da vida civil”. Acerca dessa situação 
hipotética, assinale a opção correta. 
a) A pessoa jurídica, por não ter sido constituída formalmente, não possui 
capacidade tributária passiva, apenas os seus sócios. 
b) Apenas o sócio que não foi preso possui capacidade tributária passiva. 
c) A sociedade comercial e seus sócios possuem capacidade tributária passiva. 
d) Os sócios são solidariamente responsáveis, mas há o benefício de ordem. 
e) Os sócios são responsáveis subsidiários, de capacidade tributária ativa. 
 
Questão 2. (FCC-2011 TJ-PE/Juiz) A regra da anterioridade, que veda cobrar 
tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou, não se aplica: 
a) aos impostos de importação e exportação. 
b) ao IR. 
c) ao ITR. 
d) às contribuições sociais. 
e) aos impostos estaduais. 
 
Questão 3. (CESPE-2010 MPE-ES/Promotor de Justiça) Lei estadual, que 
determine a majoração das alíquotas e da base de cálculo do imposto sobre a 
propriedade de veículos automotores, publicada no dia 31 de dezembro, com 
cláusula de vigência imediata, produzirá efeitos 
a) no dia 1.º de janeiro do ano seguinte, apenas em relação à majoração da base 
de cálculo do imposto. 
b) no dia 1.º de janeiro do ano seguinte, em relação à majoração das alíquotas e 
da base de cálculo. 
c) 45 dias após a data da publicação da lei, em relação apenas à majoração da 
base de cálculo. 
d) noventa dias após a data da publicação da lei, apenas em relação à majoração 
das alíquotas. 
e) no dia 1.º de janeiro do ano seguinte, apenas em relação à majoração das 
alíquotas. 
 
 
 
41 
 
Questão 4. (VUNESP 2008 TJ-SP Juiz) Sobre o princípio da legalidade, é correto 
afirmar que: 
a) nenhum tributo será instituído ou aumentado a não ser por força da lei, 
competindo ao Poder Executivo regulamentá-la, prevendo sua base de cálculo e 
critérios para a definição do sujeito passivo. 
b) o Poder Executivo não pode fixar prazo de pagamento de tributo quando a 
lei não o fizer. 
c) o Poder Executivo poderá, respeitados os limites legais, alterar alíquota do 
imposto sobre produtos industrializados. 
d) todas as afirmativas acima são incorretas. 
 
Questão 5. (FCC 2006 DPE-SP Defensor Público) "O primeiro caminho para a 
reconstrução dos Direitos Humanos da Tributação é o da efetiva, direta e ativa 
participação de todos os segmentos da sociedade na elaboração, fiscalização e controle 
das regras tributárias. A idéia básica é de eliminar os excessos e injustiças da carga 
tributária, de modo a torná-la equânime e efetiva, em harmonia com os princípios da 
justiça e da racionalidade". (Nogueira, Alberto. A reconstrução dos Direitos 
Humanos na Tributação. Rio de Janeiro: Renovar. 1997. p. 411). O princípio da 
capacidade contributiva: 
a) tem por destinatário imediato o legislador ordinário das pessoas políticas. É 
ele que deve imprimir, nos impostos que cria in abstracto, um caráter pessoal, 
graduando- os conforme a capacidade econômica dos contribuintes. 
b) dirige-se aos poderes públicos, aos legisladores, aos aplicadores da lei, às 
autoridades e aos juízes e aplica- se a toda espécie de tributos previstos na 
Constituição Federal. 
c) deve observar o valor da taxa, seja de serviço, seja de polícia, correspondendo 
ao custo, ainda que aproximado, da atuação estatal específica, demonstrando, 
assim, uma razoabilidade entre a quantia cobrada e o gasto que o poder público 
teve para prestar aquele serviço público. 
d) aplica-se apenas aos tributos cuja progressividade estiver expressa no texto 
da atual Constituição Federal. 
e) leva em conta os princípios da igualdade, a função social da propriedade e da 
dignidade da pessoa humana, e por isso atinge todos os tributos, conforme 
expressa disposição constitucional. 
 
Questão 6. Leia a Ementa abaixo e se posicione favorável ou contrariamente ao 
posicionamento do STJ, considerando que, para alguns, a tributação de 
atividades ilícitas pelo Estado é uma forma de ele se associar com o criminoso, 
compartilhando os frutos da atividade criminosa na forma de tributo, o que 
deveria tomar a forma não de tributo, mas de pena de perdimento de bens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non 
olet". Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, 
com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos 
à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, 
a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de 
entorpecentes: irrelevância da origem ilícita,mesmo quando criminal, da renda 
subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato 
criminoso - antes de ser corolário do princípio da moralidade - constitui violação 
do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (HC 77530, 
Relator: Min. Sepúlveda Pertence, 1ª T, julgado em 25/08/1998, DJ 18-09-1998 
PP-00007 EMEN VOL-01923-03 PP-00522)”. 
Gabarito: 1. (c) 2.(a) 3.(a) 4.(c) 5.(a) 
 
 
 
43 
 
 
Unidade 2 
Espécies Tributárias 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
UNIDADE II – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
 
 
Objetivos - Ao final dessa unidade o aluno será capaz de: 
 
• Conhecer as principais teorias quanto às espécies tributárias no Brasil; 
• Diferenciar as espécies tributárias quanto às suas peculiaridades; 
• Entender o âmbito de aplicação de cada tributo na esfera federativa; 
• Refletir acerca de aspectos como carga tributária e políticas públicas. 
 
2.1 Teorias acerca das Espécies de Tributos 
 
O art. 145 da CF/88 reforçou a polêmica acerca da teoria tripartida dos 
tributos, constante do Art. 5º do CTN: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ocorre que, além dos impostos, taxas e contribuições de melhoria, a 
nossa atual Carta Magna trouxe em seus arts. 148, caput, 149, caput e 149-A caput 
a figura dos empréstimos compulsórios e das contribuições especiais 
(contribuições sociais, contribuição de intervenção no domínio econômico, 
contribuições corporativas e contribuição para o serviço de iluminação pública), 
formando assim a teoria pentapartida dos tributos, senão vejamos: 
 
“Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”. 
 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou 
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”. 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para os impostos, taxas, e contribuição de melhoria, o fato gerador é o 
que os caracteriza. Porém, este critério não é relevante para a caracterização dos 
empréstimos compulsórios e das contribuições especiais, devendo-se verificar o 
destino da receita por eles gerada. 
Coelho (2010) lembra que, apesar da dissidência doutrinária acerca das 
espécies tributárias, o STF entende que vigora no Brasil desde 1992 a teoria 
pentapartida, como faz prova o Recurso Extraordinário – RE nº. 138284. 
Tal entendimento persiste até os dias atuais, ainda que este Tribunal 
venha discutindo a natureza da contribuição para o serviço de iluminação 
pública como uma espécie sui generis de tributo, o que pode justificar o 
surgimento de uma teoria hexapartida dos tributos. 
Quanto ao aspecto material, a norma constitucional diz o que pode ser 
tributado por cada ente; quanto ao aspecto territorial, a lei vigora no território 
que a emitir; enquanto que o princípio da territorialidade previsto no art. 102 
do CTN prevê a possibilidade de uma lei tributária ter extraterritorialidade: 
 
 
 
“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios (...)”. 
 
“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o 
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 
6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo”. 
 
“Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na 
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, 
observado o disposto no art. 150, I e III”. 
 
 
47 
 
 
 
 
 
 
 
Seguem as principais espécies tributárias previstas no Brasil. 
 
2.2 Impostos 
 
 Machado (2010) assevera que os impostos são espécies de tributo cujos 
fatos geradores não são vinculados a uma atuação do Poder Público na 
consecução de atividades voltadas especificamente ao contribuinte. Sua 
previsão legal reside nos arts. 16 do CTN e 145, inciso I da CF/88: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os impostos não tem caráter de contraprestação ou retributivo, mas sim 
caráter contributivo. Assim, não há que se falar em atividade praticada por 
particulares como sendo fato gerador de impostos, visto que o Estado também o 
pratica em determinadas situações, como quando exerce atividade econômica. 
O que está na base da cobrança dos impostos é a manifestação de 
riqueza, devendo a carga tributária ser adequada às condições pessoais dos 
indivíduos, em decorrência do princípio da igualdade. É por isso que os 
impostos são chamados de “tributos sem causa”. Impera então o princípio da 
capacidade contributiva, instituído no art. 145, § 1º da CF/88, abaixo transcrito: 
 
“Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe 
reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que 
disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União”. 
 
“Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. 
 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir 
os seguintes tributos: 
I – impostos”. 
 
 
 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em regra, também impera o princípio da não afetação ou da não 
destinação da receita dos impostos a órgão, fundo ou despesa constante do art. 
167, inciso IV da CF/88, segundo o qual, se nenhuma despesa estatal gerou o 
dever de pagar os impostos, a receita arrecadada não pode ser previamente 
vinculada a órgão, fundo ou despesa, servindo a mesma para custear as 
despesas gerais da Administração. Segue o citado dispositivo legal: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como exceções, a CF/88 previu as seguintes situações: 
 
• gastos com saúde (arts. 34, 35 e 198) e educação (art. 212); 
• privilégios da administração fazendária (art. 37, inciso XXII); 
• repartição de receita (arts. 153, §5º, 157, 158 e 159, salvo hipóteses do art. 
160), onde um ente de maior poder arrecadatório repassa recursos ao 
ente de menor poder arrecadatório; e 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir 
os seguintes tributos: 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados 
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração 
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e 
as atividades econômicas do contribuinte”. 
 
“Art. 167. São vedados: 
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas 
a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 
158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, 
para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades 
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por 
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º 
deste artigo”. 
 
 
49 
 
• prestação de garantia nas operações de crédito perante a União, inclusive 
por antecipação de receita. Tal prestação pode ser facultativa (arts. 
167, inciso IV, § 4º e 216, § 6º) ou obrigatória (arts. 80 e 82 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias– ADCT). 
 
Quanto à repartição de competências dos impostos, se o fato gerador 
não foi vinculado a uma atividade estatal, a CF/88 precisou não só descrever os 
possíveis fatos geradores dos impostos, mas também repartir esses fatos entre 
os entes que compõe a federação. 
Quanto ao aspecto material, a norma constitucional diz o que pode ser 
tributado por cada ente; quanto ao aspecto territorial, a lei vigora no território 
que a emitir; enquanto que o princípio da territorialidade previsto no art. 102 
do CTN prevê que uma lei tributária ter extraterritorialidade, veja-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acrescente-se que não existe competência concorrente para instituir 
impostos ou quaisquer outros tributos, visto que cada ente é dotado de 
competência privativa, nos termos do art. 147 da Carta Magna brasileira: 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe 
reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que 
disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União”. 
“Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se 
o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos 
municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais”. 
 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CF/88 define a competência de cada ente e estabelece que os impostos 
são instituídos via lei ordinária, com exceção dos impostos sobre grandes 
fortunas (art. 153, inciso VII) e residual (art. 154, inciso I), próprios de LC. 
 
2.2.1 Imposto de Importação – II 
É pertinente a definição legal dada pelos arts. 19 a 22 do CTN: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSIMILANDO CONCEITOS! 
Considerando a teoria constitucional acerca dos impostos, é possível 
classificá-los em: federais ordinários (art. 153), residuais (art. 154, inciso I) e 
extraordinários (art. 154, inciso II); estaduais e distritais ordinários (art. 
155); e municipais ordinários (art. 156). 
 
“Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de 
produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território 
nacional”. 
“Art. 20. A base de cálculo do imposto é: 
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei 
tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou 
seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em 
condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada 
do produto no País; 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, 
o preço da arrematação”. 
“Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, 
a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior”. 
“Art. 22. Contribuinte do imposto é: 
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados”. 
 
 
 
51 
 
De acordo com Alexandre (2011), este tributo federal é 
predominantemente extrafiscal, estimulando ou desestimulando 
comportamentos, controlando a balança comercial e constituindo exceção aos 
princípios da legalidade e da anterioridade, uma vez que a entrada será 
tributada independente do motivo dessa entrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em regra, o II é lançado por homologação e o art. 72, caput do Decreto nº. 
6.759/09 estipula como seu fato gerador a entrada do produto estrangeiro no 
território aduaneiro, tendo como aspecto temporal o registro da declaração de 
importação na respectiva repartição. 
 
2.2.2 Imposto de Exportação – IE 
 
Também lançado por homologação, este imposto federal tem como fato 
gerador a saída do território nacional, não importando a que título se der tal 
evento. Como aspecto temporal, tem-se o registro da declaração de importação 
na repartição aduaneira. 
Assim, se antes de o produto sair do território nacional e após o registro 
houver aumento de alíquota, será aplicável a alíquota que estava em vigor no 
momento do registro da declaração. Destacam-se os arts. 23 a 28 do CTN, 
abaixo reproduzidos: 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
No âmbito de estudo do II figuram regimes aduaneiros especiais, onde o 
produto entra no território nacional com suspensão do imposto, como 
ocorre no caso da prova da Fórmula 1 em Interlagos, São Paulo, onde os 
produtos que entram no Brasil tem sua tributação suspensa, dada sua 
admissão temporária no país. 
 
“Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o 
estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída 
destes do território nacional”. 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme posição do STF, não importa quando o negócio é fechado, pois 
o tributo será calculado com base na legislação vigente na data do registro das 
exportações, mesmo que, na data da efetiva saída da mercadoria do território 
nacional, tenha havido alguma alteração legislativa relevante. 
 
 
“Art. 24. A base de cálculo do imposto é: 
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei 
tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu 
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre 
concorrência. 
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada 
no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente 
incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior 
aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento”. 
 
“Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, 
referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os 
critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos”. 
 
“Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, 
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos 
objetivos da política cambial e do comércio exterior”. 
 
“Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar”. 
 
“Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas 
monetárias, na forma da lei”. 
 
 
 
53 
 
2.2.3 Imposto de Renda – IR 
 
O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza previsto nos 
arts. 43 a 45 do CTN é lançado pela União por homologação e tem como fato 
gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim 
entendido como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, 
bem como de proventos de qualquer natureza que não estejam inseridos no 
conceito de renda. Seguem os referidos excertos legais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de 
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade 
econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação 
de ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos 
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. 
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do 
rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da 
origem e da forma de percepção. 
§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei 
estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para 
fins de incidência do imposto referido neste artigo”. 
 
“Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou 
presumido, da renda ou dos proventos tributáveis”. 
 
“Art.

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