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Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
 
INTERVENÇÃO DO ESTADO 
NA PROPRIEDADE 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. Direito de Propriedade Absoluto 
1.2. Estado Social de Direito 
1.3. Fundamentos da Intervenção do Estado no Direito de Propriedade 
1.4. Espécies de Intervenção 
 
2. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA 
2.1. Instituição: Autoexecutoriedade 
2.2. Extinção 
2.3. Objeto 
2.4. Características 
2.5. Questões 
 
3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA 
3.1. Instituição: Autoexecutoriedade + Decreto 
3.2. Extinção 
3.3. Objeto 
3.4. Características 
3.5. Questões 
 
4. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA 
4.1. Instituição: Decreto + Anuência 
4.2. Extinção 
4.3. Objeto 
4.4. Características 
4.5. Questões 
 
5. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA 
5.1. Instituição: Lei 
5.2. Extinção 
5.3. Objeto 
5.4. Características 
5.5. Questões 
 
6. TOMBAMENTO 
6.1. Espécies 
6.2. Instituição 
6.3. Extinção 
6.4. Objeto 
6.5. Características 
6.6. Questões 
 
7. DESAPROPRIAÇÃO ou EXPROPRIAÇÃO 
7.1. Pressupostos 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
7.2. Bens Desapropriáveis 
7.3. Processo Administrativo 
7.4. Fase declaratória 
7.5. Fase executória 
7.6. Processo Judicial 
7.7. Indenização 
7.8. Desapropriação Indireta 
7.9. Tredestinação 
7.10. Retrocessão 
7.11. Direito de Extensão 
7.12. Questões 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
1.1. Direito de Propriedade Absoluto 
No período do Estado Liberal de Direito (sécs. XVIII e XIX) pregava-se a ampla liberdade 
privada e a ausência de intervenção do Estado na economia e na sociedade, motivo pelo qual 
o direito de propriedade era quase absoluto – nem mesmo o Estado podia gerar limitações à 
propriedade dos cidadãos. 
 
 
 
1.2. Estado Social de Direito 
No início do séc. XX (sobretudo depois da 2ª Guerra Mundial), as teorias do Estado do 
Bem-Estar Social – Welfare State – fazem com que a propriedade perca sua aura de 
intangibilidade e passe a ceder espaço ao interesse social: função social da propriedade. 
 
 
 
1.3. Fundamentos da Intervenção do Estado no Direito de Propriedade 
São dois os fundamentos da intervenção do Estado na propriedade. 
 
 
a) Função social da propriedade: segundo ensinamento do doutrinador José dos Santos 
Carvalho Filho, “[…] a função social pretende erradicar algumas deformidades existentes na 
sociedade, nas quais o interesse egoístico do indivíduo põe em risco os interesses coletivos”. 
A função social da propriedade foi reconhecida como um direito fundamental pela 
CRFB/1988, estando consagrada no inc. XXIII do art. 5º. 
 
 
b) Supremacia do interesse público: os interesses coletivos representam o direito do maior 
número de pessoas e, assim, quando estiverem em conflito com os interesses egoísticos 
individuais, devem sobrepor-se a estes. 
A supremacia do interesse público sobre o privado no tocante ao direito de propriedade é 
extraída da leitura conjunta dos incs. XXII e XXIII do art. 5º da CRFB/1988: enquanto o inc. 
XXII garante o direito de propriedade (interesse privado), o inc. XXIII diz que esse direito 
deve atender a sua função social (interesse público). 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
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 Direito Administrativo II: 
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XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
 
 
 
1.4. Espécies de Intervenção 
Há duas espécies de intervenção do Estado na propriedade: intervenção restritiva e 
intervenção supressiva. 
 
 
a) Intervenção restritiva (= limitação): a intervenção restritiva ocorre quando o Estado 
impõe ao particular apenas uma limitação (restrição) ao exercício dos poderes inerentes à 
propriedade/domínio. 
Os poderes inerentes à propriedade são aqueles previstos no art. 1.228, CC: usar, gozar, 
dispor e reaver. 
Mas aqui, na intervenção restritiva, não ocorre a perda da propriedade; o particular apenas 
tem afetados os poderes inerentes ao domínio. 
 
São cinco as intervenções nas quais ocorre apenas restrição (limitação) ao direito de 
propriedade/domínio: 
- Requisição administrativa; 
- Ocupação temporária; 
- Servidão administrativa; 
- Limitação administrativa; e 
- Tombamento. 
 
Código Civil 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
 
 
 
b) Intervenção supressiva (= perda): aqui o Estado impõe ao particular a própria perda da 
propriedade/domínio, e não somente uma restrição. 
Ou seja, o particular perderá o bem, que passará a ser de propriedade do Estado. 
 
Somente há uma espécie de intervenção na qual ocorre a perda do domínio: 
- Desapropriação. 
 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
 
2. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA 
A requisição administrativa encontra previsão no inc. XXV do art. 5º da CRFB/1988: 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
 
 
 
a) Perigo público iminente: na requisição administrativa a Administração Pública necessita 
utilizar um bem móvel, imóvel ou um serviço particular para afastar um perigo público 
iminente, sendo que o particular apenas será indenizado pela utilização do seu bem e/ou 
seus serviços em momento posterior e se tiver suportado algum prejuízo (indenização 
posterior e condicionada). 
 
Ex1: policial que requisita o veículo de um particular para fazer uma perseguição a um 
criminoso – trata-se da presença de um perigo público iminente, sendo que o bem 
requisitado é móvel (carro). 
 
Ex2: a Administração requisita o hospital da Unimed (que é particular), os equipamentos e 
medicamentos, bem como os médicos e demais funcionários, para tratar pacientes da 
Covid-19 em virtude do esgotamento de leitos na rede pública. Aqui novamente estamos 
diante de um perigo público iminente, decorrente de uma pandemia global, tendo a 
requisição abarcado bens imóveis (o prédio do hospital), bens móveis (equipamentos e 
medicamentos) e inclusive serviços (que são prestados pelos médicos e demais 
funcionários). 
 
 
b) Indenização posterior e condicionada: na requisição administrativa o particular somente 
será indenizado após a utilização dos seus bens e/ou serviços pelo Poder Público e apenas se 
suportou algum prejuízo. 
A indenização é apenas posterior porque a requisição administrativa ocorre em casos de 
iminente perigo público e, obviamente, não há tempo hábil para primeiro discutir-se uma 
indenização. 
Quanto ao prejuízo, no exemplo da requisição do veículo, se o policial devolvê-lo intacto, a 
princípio não há prejuízo a ser indenizado e o particular nada receberá (claro, no caso terá 
direito a ser ressarcido do gasto de combustível, por exemplo). 
Mas no exemplo de requisição administrativa do hospital da Unimed, não há dúvida de que 
haverá prejuízo a ser indenizado, já que serão utilizados equipamentos e medicamentos, 
haverá gasto com energia elétrica, água potável, os salários dos médicos e demais 
funcionários… 
 
 
 
2.1. Instituição: Autoexecutoriedade 
A requisição é instituída de imediato, através do poder de império do Estado, mediante 
autoexecutoriedade e sem necessidade de edição de algum ato formal. 
 
Ter autoexecutoriedade significa que o Poder Executivo tem a possibilidade de executar suas 
decisões por seus própriosb) Sujeito passivo (expropriado): o sujeito passivo da ação judicial de desapropriação será o 
proprietário do bem objeto da desapropriação, obviamente. 
 
 
c) Pedido: o pedido é a transferência do bem para o patrimônio do expropriante. 
 
 
d) Ministério Público: o MP sempre deve intervir em processos judiciais de desapropriação. 
 
 
e) Imissão provisória na posse: o expropriante (sujeito ativo) possui direito subjetivo à 
imissão provisória na posse, ou seja, o Poder Judiciário é obrigado a concedê-la. 
Mas, para que isso ocorra, devem ser cumpridos os seguintes requisitos (art. 15, Decreto-lei 
n.º 3.365/1941): 
 
- 120 dias: a ação judicial deve ser proposta em até 120 dias da data da publicação do 
Decreto de expropriação, ou seja, ainda muito antes da perfectibilização dos prazos de 
caducidade. 
 
- Declaração de urgência: no Decreto expropriatório emitido pelo Chefe do Executivo 
(Presidente, governadores ou prefeitos) ou na petição inicial do processo judicial proposto 
pelo expropriante (Administração direta, Administração indireta ou delegatários) deve ser 
declarada a urgência na expropriação. 
Basta que a urgência seja declarada em um deles: ou no Decreto; ou na petição inicial. 
 
- Depósito prévio: por fim, o último requisito para que a imissão provisória na posse seja 
deferida pelo Poder Judiciário em favor do expropriante, é que este deposite o valor da 
indenização, o qual é fixado conforme os critérios constantes no § 1º do art. 15 do 
Decreto-lei n.º 3.365/1941. 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade 
com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na 
posse dos bens; 
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o 
depósito: 
[...] 
§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a 
requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias. 
§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão 
provisória. 
§ 4º A imissão provisória na posse será registrada no registro de imóveis competente. 
 
 
 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del1608.htm#art685
 
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f) Contestação: conforme já visto alhures, na contestação o expropriado (proprietário do 
bem) somente poderá alegar duas matérias (art. 20, Decreto-lei n.º 3.365/1941): 
- Valor da indenização: insurgir-se contra o valor da indenização ofertado pelo expropriante; 
- Vício do próprio processo judicial: alegar vícios do próprio processo judicial. 
 
 
g) Efeitos da sentença: a sentença que julgar a ação procedente gerará três efeitos: 
- Fixa o valor da indenização devida; 
- Efetuado o pagamento da indenização, o Expropriante é imitido na posse do bem de forma 
definitiva; 
- Gera o título para a transcrição da propriedade junto ao registro do bem. 
 
 
 
7.7. Indenização 
A indenização – seja aquela acordada na desapropriação amigável (administrativa), seja 
aquela fixada na desapropriação litigiosa (judicial) – deve ser prévia, justa e em dinheiro 
(essa é a regra). 
 
 
a) Indenização prévia: significa que o Poder Público somente tomará posse do bem depois de 
efetuar o pagamento da indenização. 
Isso vale para a desapropriação amigável, para a imissão provisória concedida no processo 
judicial (depósito prévio) ou para a imissão definitiva concedida depois da sentença. 
Ou seja, primeiro o expropriante (Administração direta, Administração indireta ou 
delegatários) deve pagar a indenização; depois terá direito à posse do bem. 
 
 
b) Indenização justa: o montante da indenização deve ser justo, o que significa que deve 
abarcar: 
- Valor atual do bem; 
- Danos emergentes; 
- Lucros cessantes; 
- Atualização monetária; 
- Juros; 
- Despesas processuais; 
- Honorários advocatícios; e 
- Abatimento das dívidas fiscais que o proprietário do bem eventualmente possua. 
 
 
c) Indenização em dinheiro (regra): a regra é que a indenização seja paga em dinheiro. 
Mas temos as seguintes exceções: 
 
- Desapropriação para reforma agrária (interesse social: art. 184, CRFB/1988): na 
desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, o pagamento da 
indenização ocorre mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária (não em 
dinheiro), resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão. 
Ou seja, o expropriado somente começará a receber o valor da indenização 2 anos depois da 
desapropriação ser efetivada (há uma moratória) e ainda de maneira parcelada, que pode 
ser de até 20 anos; 
- Exceção (art. 184, § 1º, CRFB/1988): as benfeitorias úteis e necessárias constantes do 
imóvel rural deverão ser indenizadas em dinheiro; somente a terra nua é que será 
indenizada em títulos da dívida agrária. 
 
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- Desapropriação para fins urbanísticos (interesse social: art. 182, § 4º, III, CRFB/1988): já 
na desapropriação por interesse social para fins urbanísticos, o pagamento será com títulos 
da dívida pública, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas. 
Ou seja, aqui não há moratória e o expropriado receberá num prazo de até 10 anos. 
 
- Desapropriação confisco (art. 243, CRFB/1988): por fim, propriedades rurais e urbanas nas 
quais sejam cultivadas plantas psicotrópicas (de maneira ilegal, ou seja, sem autorização do 
Poder Público) ou onde ocorra a exploração de trabalho escravo serão expropriadas sem 
qualquer direito de indenização ao proprietário. 
 
Constituição Federal 
Art. 182. [...] 
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no 
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não 
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob 
pena, sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão 
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em 
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros 
legais. 
[...] 
 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, 
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa 
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, 
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja 
utilização será definida em lei. 
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
[...] 
 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na 
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de 
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras 
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014) 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será 
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014) 
 
 
 
 
7.8. Desapropriação Indireta 
A desapropriação indireta ocorre quando o Poder Público se apropria de um bem particular 
sem observar o procedimento da desapropriação, vale dizer, sem observar as fases 
declaratória e executória que vimos acima.Dito de outra forma: a Administração não emite o decreto expropriatório em que deve 
declarar a presença dos pressupostos da desapropriação – utilidade pública, necessidade 
pública ou interesse social – nem paga a indenização ao proprietário do bem; ela 
simplesmente toma posse do bem e o incorpora ao seu patrimônio. 
 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc81.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc81.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc81.htm#art1
 
 Direito Administrativo II: 
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O que acontece é que o Poder Público simplesmente toma posse de um bem e passa a 
utilizá-lo – no âmbito privado isso se chama esbulho; aqui, desapropriação indireta. 
 
Diferentemente do que acontece no âmbito das relações privadas, onde o proprietário tem a 
seu dispor os interditos proibitórios e a ação possessória, se o bem já foi incorporado ao 
patrimônio do Poder Público, somente lhe remanesce exigir perdas e danos (o proprietário 
somente terá proteção possessória contra a Administração Pública se ele agir tão logo ela 
inicie o “esbulho”; mas se demorar e o bem já houver se incorporado ao patrimônio público, 
somente lhe caberá a ação de perdas e danos). 
 
Portanto, depois de o bem incorporar-se ao patrimônio do Poder Público, o proprietário não 
poderá ajuizar demanda judicial requerendo alguma proteção possessória. Isso ocorre em 
virtude da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. 
 
Ademais, se fosse concedida proteção possessória nessa situação, bastaria que a 
Administração, então, iniciasse o procedimento formal (correto) de desapropriação que ela 
igual continuaria na posse desse bem. 
 
Na desapropriação indireta devem ser observadas as duas peculiaridades abaixo. 
 
 
a) Perdas e danos (art. 35, Decreto-lei n.º 3.365/1941): estando o bem incorporado ao 
patrimônio público, o proprietário não pode alegar a nulidade da desapropriação nem 
requerer alguma proteção possessória, restando-lhe unicamente propor ação judicial de 
perdas e danos. 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser 
objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. 
Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos. 
 
 
 
b) Prescrição: a ação de perdas e danos deve ser proposta antes da consumação do prazo de 
prescrição, cuja contagem inicia da data em que a Administração tomou posse do bem (da 
data do “esbulho”). 
Ocorre que a doutrina se divide quanto ao prazo prescricional que deve ser aplicado, se de 5 
anos ou de 15 anos: 
- 5 anos: analogia com o art. 1º, Decreto Federal n.º 20.910/1932; ou 
- 15 anos: art. 1.238, caput, CC (mesmo prazo da usucapião extraordinária). 
 
Decreto Federal n.º 20.910/1932 
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a 
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se 
originarem. 
 
Código Civil 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como 
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo 
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro 
no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
 
 
 
7.9. Tredestinação 
 
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Tredestinação é a mudança de destinação. 
 
A tredestinação ocorre quando o Poder Público dá ao bem expropriado (já desapropriado 
conforme os requisitos legais) uma destinação diversa daquela que motivou a 
desapropriação – conforme visto, a motivação sempre consta do Decreto expropriatório, 
editado pelo Chefe do Poder Executivo na fase declaratória. 
 
Existem duas espécies de tredestinação e o resultado será diverso conforme a ocorrência de 
cada uma delas. 
 
 
a) Tredestinação ilícita: aqui a Administração, depois de ter realizado a desapropriação, 
destina o bem expropriado para ser utilizado por um terceiro ou, até mesmo, o vende. 
 
- Desapropriação nula: a tredestinação ilícita sempre gera a nulidade da desapropriação, 
sendo que o antigo proprietário poderá requerer a sua reintegração na posse do bem 
mediante a devolução da indenização recebida. 
Como se trata de situação de nulidade, basta devolver a indenização recebida (com 
atualização monetária, mas sem juros), pois a nulidade tem efeitos ex tunc, retornando as 
partes ao status quo ante, ou seja, à situação anterior à prática do ato declarado nulo. 
Portanto, o antigo proprietário não precisa pagar o preço atual do bem para que ele retorne 
ao seu patrimônio. 
 
 
b) Tredestinação lícita: na tredestinação lícita a Administração também dá ao bem uma 
destinação diversa daquela declarada no Decreto expropriatório, mas a finalidade pública da 
desapropriação continua presente. 
Ex.: no Decreto de desapropriação emitido pelo Chefe do Executivo o bem foi declarado 
como de utilidade pública para a construção de um hospital, mas, depois da desapropriação, 
a Administração Pública acabou construindo uma escola. 
 
- Desapropriação hígida: como não houve desvio de finalidade no ato administrativo de 
desapropriação (continua presente a utilidade pública, necessidade pública ou interesse 
social), na tredestinação lícita não ocorre a nulidade da expropriação, que continua hígida, 
ou seja, o antigo proprietário nada poderá fazer. 
 
 
 
7.10. Retrocessão 
Na retrocessão, o motivo que justificou a desapropriação não existe mais e a Administração 
não dá qualquer destinação ao bem (art. 519, CC). 
 
Código Civil 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em 
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual 
da coisa. 
 
 
Ex.: no Decreto expropriatório emitido pelo Chefe do Executivo foi declarada a utilidade 
pública do bem para a construção de uma escola, mas, depois de realizada a desapropriação, 
novos estudos demonstram sua desnecessidade em virtude de realocação dos alunos e 
professores, ficando o bem desapropriado sem qualquer utilização. 
 
Perceba-se o seguinte: se o Poder Público desistir da construção da escola, mas utilizar o 
bem para outra finalidade pública (construir um hospital, uma praça, um prédio público), 
 
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teremos o instituto da tredestinação lícita; ou da tredestinação ilícita se destinar o bem para 
terceiro ou aliená-lo. 
 
Na retrocessão o Poder Público não dá qualquer destinação ao bem, deixando o mesmo 
“parado”. 
 
 
 
a) Direito de preferência (preço atual): a retrocessão gera um efeito para o ex-proprietário 
do bem, qual seja, o direito de preferência na aquisição do mesmo. 
- Preço atual: mas para adquirir o bem de volta, o ex-proprietário terá de pagar o preço 
atual do bem, que pode ter se valorizado ou desvalorizado. 
Ou seja, diferente do que ocorre na tredestinação ilícita, onde o proprietário apenas devolve 
a indenização recebida (atualizada), na retrocessão ele tem de pagar o valor atual do bem: 
isso ocorre porque na retrocessão não há ilegalidade (via de consequência, não há nulidade a 
ser declarada) e, portanto, deve ser pago o valor de mercado atual do bem. 
 
 
 
7.11. Direito de Extensão 
POr fim, direito de extensão é o direito do expropriado de exigir que a desapropriação e a 
indenização alcancem a totalidade do bem quando o remanescente (não desapropriado) 
restar esvaziado de conteúdo econômico – o remanescente do bem se torna inútil, de difícil 
utilização ou sem valor econômico. 
 
Ex.: o Poder Públicodesapropria 90% de um imóvel; ocorre que os 10% remanescentes 
serão inutilizáveis para o proprietário, restarão esvaziados de valor econômico. O 
proprietário, então, tem direito de solicitar a extensão da desapropriação a esses 10% do 
bem, de modo que alcance a totalidade do imóvel, o que também repercutirá, obviamente, 
no valor total da indenização a ser paga pela Administração Pública. 
 
 
 
7.12. Questões 
Q1003645 
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado 
XXIX - Primeira Fase 
O poder público, com fundamento na Lei nº 8.987/1995, pretende conceder à iniciativa 
privada uma rodovia que liga dois grandes centros urbanos. O edital, publicado em maio de 
2018, previu a duplicação das pistas e a obrigação de o futuro concessionário desapropriar 
os terrenos necessários à ampliação. Por se tratar de projeto antigo, o poder concedente já 
havia declarado, em janeiro de 2011, a utilidade pública das áreas a serem desapropriadas 
no âmbito do futuro contrato de concessão. 
Com base na hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
( ) A) O ônus das desapropriações necessárias à duplicação da rodovia não pode ser do 
futuro concessionário, mas sim do poder concedente. 
( ) B) O poder concedente e o concessionário só poderão adentrar os terrenos necessários à 
ampliação da rodovia após a conclusão do processo de desapropriação. 
*( ) C) O decreto que reconheceu a utilidade pública dos terrenos caducou, sendo 
necessária a expedição de nova declaração. 
( ) D) A declaração de utilidade pública pode ser emitida tanto pelo poder concedente 
quanto pelo concessionário. 
 
Q973366 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XXVIII - Primeira Fase 
Determinado Município fez publicar decreto de desapropriação por utilidade pública de 
determinada área, com o objetivo de construir um hospital, o que incluiu o imóvel de Ana. A 
proprietária aceitou o valor oferecido pelo ente federativo, de modo que a desapropriação se 
consumou na via administrativa. 
Após o início das obras, foi constatada a necessidade, de maior urgência, da instalação de 
uma creche na mesma localidade, de modo que o Município alterou a destinação a ser 
conferida à edificação que estava sendo erigida. Ana se arrependeu do acordo firmado com o 
poder público. 
Diante dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) de Ana, assinale a afirmativa 
correta. 
( ) A) Ana deverá ajuizar ação de retrocessão do imóvel, considerando que o Município não 
possui competência para atuar na educação infantil, de modo que não poderia alterar a 
destinação do bem expropriado para esta finalidade. 
( ) B) Cabe a Ana buscar a anulação do acordo firmado com o Município, que deveria ter 
ajuizado a indispensável ação de desapropriação para consumar tal modalidade de 
intervenção do estado na propriedade. 
*( ) C) O ordenamento jurídico não autoriza que Ana impugne a desapropriação amigável 
acordada com o Município, porque a nova destinação conferida ao imóvel atende ao interesse 
público, a caracterizar a chamada tredestinação lícita. 
( ) D) Ana deverá ajuizar ação indenizatória em face do ente federativo, com base na 
desapropriação indireta, considerando que o Município não pode conferir finalidade diversa 
da constante no decreto expropriatório. 
 
Q881099 
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XXV - Primeira Fase 
Josué decidiu gozar um período sabático e passou um tempo viajando pelo mundo. Ao 
retornar ao Brasil, foi surpreendido pelo fato de que um terreno de sua propriedade havia 
sido invadido, quatro anos antes, pelo Município Beta, que nele construiu uma estação de 
tratamento de água e esgoto. 
Em razão disso, Josué procurou você para, na qualidade de advogado(a), traçar a orientação 
jurídica adequada, em consonância com o ordenamento vigente. 
( ) A) Deve ser ajuizada uma ação possessória, diante do esbulho cometido pelo Poder 
Público municipal. 
( ) B) Não cabe qualquer providência em Juízo, considerando que a pretensão de Josué está 
prescrita. 
( ) C) Impõe-se que Josué aguarde que o bem venha a ser destinado pelo Município a uma 
finalidade alheia ao interesse público, para que, somente então, possa pleitear uma 
indenização em Juízo. 
*( ) D) É pertinente o ajuizamento de uma ação indenizatória, com base na desapropriação 
indireta, diante da incorporação do bem ao patrimônio público pela afetação. 
 
Q829489 
Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XXIII - Primeira Fase 
O Estado “X” pretende fazer uma reforma administrativa para cortar gastos. Com esse 
intuito, espera concentrar diversas secretarias estaduais em um mesmo prédio, mas não 
dispõe de um imóvel com a área necessária. Após várias reuniões com a equipe de governo, 
o governador decidiu desapropriar, por utilidade pública, um enorme terreno de propriedade 
da União para construir o edifício desejado. 
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta. 
*( ) A) A União pode desapropriar imóveis dos Estados, atendidos os requisitos previstos em 
lei, mas os Estados não podem desapropriar imóveis da União. 
( ) B) Para que haja a desapropriação pelo Estado “X”, é imprescindível que este ente 
federado demonstre, em ação judicial, estar presente o interesse público. 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
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( ) C) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada 
pela Assembleia Legislativa. 
( ) D) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada 
pelo Congresso Nacional. 
 
Q692563 
Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) 
O Estado Beta pretende estabelecer ligação viária entre dois municípios contíguos em seu 
território. Para tanto, mostra-se necessária a desapropriação, por utilidade pública, de bem 
de propriedade de um dos municípios beneficiários da obra. 
Quanto à competência do Estado Beta para desapropriar bem público, assinale a afirmativa 
correta. 
( ) A) O Estado Beta não tem competência para desapropriar, por utilidade pública, bem 
municipal. 
( ) B) O Estado Beta não tem competência para desapropriar bens públicos. 
( ) C) O Estado Beta poderá desapropriar sem qualquer providência preliminar. 
*( ) D) O Estado Beta poderá desapropriar mediante a respectiva autorização legislativa. 
 
Q530759 
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XVII - Primeira Fase 
O Município W, durante a construção de avenida importante, ligando a região residencial ao 
centro comercial da cidade, verifica a necessidade de ampliação da área a ser construída, 
mediante a incorporação de terrenos contíguos à área já desapropriada, a fim de permitir o 
prosseguimento das obras. Assim, expede novo decreto de desapropriação, declarando a 
utilidade pública dos imóveis indicados, adjacentes ao plano da pista. 
Diante deste caso, assinale a opção correta. 
( ) A) É válida a desapropriação, pelo Município W, de imóveis a serem demolidos para a 
construção da obra pública, mas não a dos terrenos contíguos à obra. 
( ) B) Não é válida a desapropriação, durante a realização da obra, pelo Município W, de 
novos imóveis, qualquer que seja a finalidade. 
*( ) C) É válida, no curso da obra, a desapropriação, pelo Município W, de novos imóveis em 
área contígua necessária ao desenvolvimento da obra. 
( ) D) Em relação às áreas contíguas à obra, a única forma de intervenção estatal da qual 
pode se valer o Município W é a ocupação temporária. 
 
Q369645 
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XIII - Primeira Fase 
Acerca da desapropriação, assinale a afirmativacorreta. 
( ) A) Na desapropriação por interesse social, o expropriante tem o prazo de cinco anos, 
contados da edição do decreto, para iniciar as providências de aproveitamento do bem 
expropriado. 
( ) B) Na desapropriação por interesse social, em regra, não se exige o requisito da 
indenização prévia, justa e em dinheiro. 
*( ) C) O município pode desapropriar um imóvel por interesse social, mediante indenização 
prévia, justa e em dinheiro 
( ) D) A desapropriação para fins de reforma agrária da propriedade que não esteja 
cumprindo a sua função social não será indenizada. 
 
Q349730 
Ano: 2013 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XII - Primeira Fase 
 
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O Município de Barra Alta realizou a desapropriação de grande parcela do imóvel de Manoel 
Silva e deixou uma parcela inaproveitável para o proprietário. 
No caso descrito, o proprietário obterá êxito se pleitear 
( ) A) a reintegração de posse de todo o imóvel em função da má-fé do Município. 
*( ) B) o direito de extensão da desapropriação em relação à área inaproveitável. 
( ) C) a anulação da desapropriação em relação à parcela do imóvel suficiente para tornar a 
área restante economicamente aproveitável. 
( ) D) a anulação integral da desapropriação, pois a mesma foi ilegal. 
 
Q304855 
Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
IX - Primeira Fase 
A desapropriação é um procedimento administrativo que possui duas fases: a primeira, 
denominada declaratória e a segunda, denominada executória. 
Quanto à fase declaratória, assinale a afirmativa correta. 
( ) A) Acarreta a aquisição da propriedade pela Administração, gerando o dever de justa 
indenização ao expropriado. 
*( ) B) Importa no início do prazo para a ocorrência da caducidade do ato declaratório e 
gera, para a Administração, o direito de penetrar no bem objeto da desapropriação. 
( ) C) Implica a geração de efeitos, com o titular mantendo o direito de propriedade plena, 
não tendo a Administração direitos ou deveres. 
( ) D) Gera o direito à imissão provisória na posse e o impedimento à desistência da 
desapropriação. 
 
Q261975 
Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
VII - Primeira Fase 
A empresa pública federal X, que atua no setor de pesquisas petroquímicas, necessita 
ampliar sua estrutura, para a construção de dois galpões industriais. Para tanto, decide 
incorporar terrenos contíguos a sua atual unidade de processamento, mediante regular 
processo de desapropriação. 
A própria empresa pública declara aqueles terrenos como de utilidade pública e inicia as 
tratativas com os proprietários dos terrenos – que, entretanto, não aceitam o preço oferecido 
por aquela entidade. Nesse caso, 
( ) A) se o expropriante alegar urgência e depositar a quantia arbitrada de conformidade 
com a lei, terá direito a imitir- se provisoriamente na posse dos terrenos. 
( ) B) a desapropriação não poderá consumar-se, tendo em vista que não houve 
concordância dos titulares dos terrenos. 
( ) C) a desapropriação demandará a propositura de uma ação judicial e, por não haver 
concordância dos proprietários, a contestação poderá versar sobre qualquer matéria. 
*( ) D) os proprietários poderão opor-se à desapropriação, ao fundamento de que a 
empresa pública não é competente para declarar um bem como de utilidade pública. 
 
Q129219 
Ano: 2010 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
II - Primeira Fase 
Nas hipóteses de desapropriação, em regra geral, os requisitos constitucionais a serem 
observados pela Administração Pública são os seguintes: 
( ) A) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento 
de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em 
dinheiro; e observância de ato administrativo, sem contraditório por parte do proprietário. 
*( ) B) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento 
de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em 
dinheiro; e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e 
ampla defesa por parte do proprietário. 
 
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( ) C) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento 
de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em 
títulos da dívida pública ou quaisquer outros títulos públicos, negociáveis no mercado 
financeiro; e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e 
ampla defesa por parte do proprietário. 
( ) D) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento 
de indenização, posteriormente ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja 
justa e em dinheiro; e observância de procedimento administrativo, com respeito ao 
contraditório e ampla defesa por parte do proprietário. 
 
Q196983 
Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 3 - 
Primeira Fase 
Assinale a opção correta acerca de desapropriação. 
( ) A) A desapropriação indireta, forma legítima de intervenção na propriedade, é realizada 
por entidade da administração indireta. 
( ) B) Os bens públicos não podem ser desapropriados. 
*( ) C) Em caso de desapropriação por interesse social para fim de reforma agrária, deve 
haver indenização, necessariamente em dinheiro, das benfeitorias úteis e das necessárias. 
( ) D) A desapropriação de imóveis urbanos pode ser feita mediante prévia e justa 
indenização, permitindo-se à administração, caso haja autorização legislativa do Senado 
Federal, pagá-la com títulos da dívida pública. 
 
Q171780 
Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 1 - 
Primeira Fase 
Acerca da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a opção correta. 
( ) A) A limitação administrativa consiste na instituição de ônus real de uso pelo poder 
público sobre a propriedade privada. 
*( ) B) A desapropriação, que consiste na transferência de propriedade de terceiro ao poder 
público, tem por objeto bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, públicos ou 
privados. 
( ) C) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, é de competência 
da União e dos estados, devendo ser realizada sobre imóvel rural que não esteja cumprindo 
a sua função social, mediante prévia indenização em títulos da dívida agrária. 
( ) D) Ocorre a desapropriação indireta quando a entidade da administração direta decreta a 
desapropriação, sendo o processo expropriatório desenvolvido por pessoa jurídica integrante 
da administração descentralizada. 
 
Q197085 
Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem - 2 - 
Primeira Fase 
A modalidade de intervenção estatal que gera a transferência da propriedade de seu dono 
para o Estado é 
*( ) A) a desapropriação. 
( ) B) a servidão administrativa. 
( ) C) a requisição. 
( ) D) o tombamento. 
 
Q299413 
Ano: 2007 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 2 - 
Primeira Fase 
Acerca da desapropriação, assinale a opção correta. 
( ) A) Os bens públicos não podem ser desapropriados. 
 
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( ) B) Na desapropriação por zona, devem ser incluídos os imóveis contíguos ao imóvel 
desapropriado, necessários ao desenvolvimento da obra a que se destina. 
*( ) C) Desapropriação indireta é o fato administrativo por meio do qual o Estado se 
apropria de bem particular, sem a observância dos requisitos da declaração e da indenização 
prévia. 
( ) D) Na desapropriação por interesse social para fins de reformaagrária, serão indenizadas 
por título da dívida pública não apenas a terra nua, mas também as benfeitorias úteis e 
necessárias, sendo que as voluptuosas não serão indenizadas. 
 
Q212819 
Ano: 2007 Banca: ND Órgão: OAB-SC Prova: ND - 2007 - OAB-SC - Exame de Ordem - 1 - 
Primeira Fase 
Assinale a alternativa totalmente correta: 
( ) A) Pertencem ao pequeno proprietário rural, beneficiado pela reforma agrária, os 
potenciais de energia hidráulica dos córregos que atravessem suas terras. 
( ) B) Todos os entes competentes para desapropriar são competentes para legislar sobre 
desapropriação. 
*( ) C) A desapropriação, por utilidade pública, de imóvel urbano contendo fábrica em plena 
atividade deve ser feita com prévia indenização em dinheiro. 
( ) D) As praças, o oceano e os edifícios das Secretarias de Estado constituem bens de uso 
comum do povo. 
 
Q207085 
Ano: 2007 Banca: VUNESP Órgão: OAB-SP Prova: VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de 
Ordem - 3 - Primeira Fase 
Considere-se que, para a construção de uma estrada, um estado membro tenha editado 
decreto declarando de utilidade pública um imóvel privado, situado no traçado da pretendida 
estrada. Nessa situação, havendo urgência na desapropriação do bem, poderá o ente público 
imitir-se imediatamente na posse do imóvel, ainda que o proprietário não concorde com o 
valor da indenização que lhe foi oferecido? 
( ) A) Não, porque o interesse público não pode se sobressair ao direito de propriedade, 
constitucionalmente assegurado. 
( ) B) Não, a não ser que seja editado novo decreto, de necessidade pública, declarando a 
urgência e estabelecendo o valor venal do imóvel para pagamento do Imposto Predial 
Territorial Urbano (IPTU) como o valor da indenização. 
( ) C) Sim, pelo poder de auto-executoriedade que tem o poder expropriante, combinado 
com a comprovação da urgência. 
*( ) D) Sim, desde que obtenha uma liminar em juízo, depositando um valor que se entenda 
justo para a devida indenização. 
 
Q299623 
Ano: 2006 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2006 - OAB - Exame de Ordem - 1 - 
Primeira Fase 
Desapropriação ou expropriação é a transferência obrigatória da propriedade particular para 
o poder público, devidamente motivada. Assinale a opção que não apresenta motivação 
constitucional para desapropriação. 
*( ) A) clamor social. 
( ) B) necessidade pública. 
( ) C) utilidade pública. 
( ) D) interesse social. 
 
Página 40 de 40meios, sem a necessidade de anuência do particular nem 
participação dos demais Poderes; ou seja, não precisa de autorização prévia do particular, do 
Poder Judiciário ou do Poder Legislativo. 
 
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Por isso se diz que a autoexecutoriedade decorre do poder de império da Administração 
Pública. 
Para melhor compreender, não se teria autoexecutoriedade se a requisição administrativa 
dependesse da aquiescência do particular (acordo), do Poder Judiciário (decisão judicial) ou 
do Poder Legislativo (edição de uma lei). 
 
E, além da requisição administrativa ser autoexecutória, ela também independe de algum ato 
formal: a Administração Pública não precisa editar um decreto nem formalizar um acordo ou 
contrato prévio com o particular. 
 
 
 
2.2. Extinção 
A requisição administrativa extingue-se tão logo desapareça o perigo ou a necessidade de 
utilizar o bem. 
Ex.: a requisição do automóvel pelo policial extinguir-se-á quando ele finalizar a perseguição 
ao criminoso ou se ele, v. g., bater o veículo, tornando-o imprestável para o prosseguimento 
da perseguição (aqui obviamente haverá dever do Estado em indenizar o particular), dentre 
várias outras situações que podem ocorrer em cada caso concreto e que determinarão a 
extinção automática da requisição administrativa. 
 
 
 
2.3. Objeto 
Conforme visto, o objeto da requisição administrativa pode ser: 
- Bem móvel; 
- Bem imóvel; e/ou 
- Serviço. 
 
 
 
2.4. Características 
A requisição administrativa possui as peculiaridades que abaixo seguem. 
 
 
a) Direito pessoal: a requisição administrativa é um direito pessoal; isso significa que não se 
trata de direito real e, portanto, não se fala em averbação do ato junto ao registro do bem. 
Para relembrar: 
- Direito real: refere-se à relação do homem com o objeto (pessoa objeto), sendo o 
poder da pessoa sobre uma coisa, sem intermediários; e 
- Direito pessoal: já o direito pessoal se refere à relação entre pessoas (pessoa pessoa), 
com direitos e obrigações recíprocos. 
 
 
b) Pressuposto: afastar um perigo público iminente. 
Ex.: conflito armado, inundação, epidemia, catástrofe, sonegação de bens de primeira 
necessidade… 
 
 
c) Indenização: a indenização ao particular em virtude da utilização do seu bem e/ou serviço 
é sempre posterior à utilização e condicionada à ocorrência de prejuízo. 
 
 
 
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d) Transitoriedade: significa dizer que a requisição administrativa perdurará apenas pelo 
tempo necessário, ou seja, possui caráter temporário e não perpétuo (não possui caráter de 
definitividade). 
 
 
e) Autoexecutoriedade: como vimos, a requisição administrativa decorre do poder de império 
do Estado, que irá impor sua vontade independentemente da anuência do particular ou 
participação dos demais Poderes (Judiciário ou Legislativo). 
Ainda, ela também independe da edição de um ato formal. 
 
 
 
2.5. Questões 
Q1082485 
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Ministério 
Público - Processual 
O Prefeito do Município Alfa editou decreto no qual informava que o Poder Público utilizaria, 
por seis meses, os serviços e as instalações do único hospital privado da região. A decisão 
decorreu do fato de o nosocômio ter informado que cessaria o atendimento dos pacientes do 
Sistema Único de Saúde, o que comprometeria o serviço de saúde no Município. 
À luz da sistemática legal, a situação narrada caracteriza: 
*( ) A) requisição administrativa, que não exige autorização do Poder Judiciário e acarreta o 
dever de indenização posterior; 
( ) B) ocupação temporária, que exige prévia autorização do Poder Judiciário e não demanda 
indenização; 
( ) C) desapropriação, devendo ser antecedida de prévia e justa indenização; 
( ) D) servidão administrativa ao direito de propriedade, que exige autorização do Poder 
Judiciário e reembolso dos gastos; 
( ) E) ilegalidade, pois é típica situação de intervenção no domínio econômico, 
caracterizando desapropriação indireta. 
 
Q1028646 
Ano: 2019 Banca: Quadrix Órgão: CREA-GO Prova: Quadrix - 2019 - CREA-GO - Analista 
Com relação à legislação, julgue o item. 
No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, estando assegurada ao proprietário indenização ulterior se houver prejuízo. 
*( ) Certo 
( ) Errado 
 
Q798366 
Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
XXII - Primeira Fase 
O Município Beta foi assolado por chuvas que provocaram o desabamento de várias encostas, 
que abalaram a estrutura de diversos imóveis, os quais ameaçam ruir, especialmente se não 
houver imediata limpeza dos terrenos comprometidos. Diante do iminente perigo público a 
residências e à vida de pessoas, o Poder Público deve, prontamente, utilizar maquinário, que 
não consta de seu patrimônio, para realizar as medidas de contenção pertinentes. Assinale a 
opção que indica a adequada modalidade de intervenção na propriedade privada para a 
utilização do maquinário necessário. 
*( ) A) Requisição administrativa. 
( ) B) Tombamento. 
( ) C) Desapropriação. 
( ) D) Servidão administrativa. 
 
 
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3. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA 
Na ocupação temporária a Administração Pública precisa utilizar um bem imóvel como apoio 
para a execução de obras, serviços ou atividades públicas. 
 
Ex.: a utilização de escolas particulares como zona eleitoral na época das eleições; utilização 
de um terreno como depósito de materiais e máquinas durante o período em que se executa 
o recapeamento asfáltico de uma rua… 
 
 
 
3.1. Instituição: Autoexecutoriedade + Decreto 
Assim como ocorre na requisição administrativa, a ocupação temporária também é 
autoexecutória, mas com uma diferença: enquanto a requisição é autoexecutável, sem 
necessidade da edição de algum ato formal (não é necessário algum documento), na 
ocupação temporária será preciso emitir um Decreto. 
 
 
a) Decreto ≠ Lei: para conhecimento, Decreto é uma ordem emitida pelo Chefe do Poder 
Executivo, quem seja, Presidente da República (União), governadores (estados e DF) ou 
prefeitos (municípios). 
O que é importante saber é o fato de ele ser muito diferente de uma lei: o Decreto é emitido 
pelo Chefe do Executivo sem qualquer participação do Poder Legislativo; já a lei é um ato 
jurídico que depende da anuência tanto do Poder Legislativo (que irá debater e votar) quanto 
do Poder Executivo (que irá sancionar ou vetar a lei). 
 
Dessa forma, conclui-se que o Decreto é um ato de edição muito mais simples e rápida, pois 
o Chefe do Executivo não precisará da anuência do Poder Legislativo para a sua aprovação 
(basta a vontade do Chefe do Executivo: PR, governadores ou prefeitos). 
 
Nesse Decreto, o Chefe do Poder Executivo irá declarar a necessidade de ocupar aquele 
imóvel como apoio para a execução de obras, serviços ou atividades públicas. 
 
 
b) Publicação do Decreto: para que o Decreto tenha validade, ele deve ser publicado, ou 
seja, somente a partir da publicação do Decreto é que o Poder Público poderá realizar a 
ocupação temporária. 
 
- Princípio da publicidade (art. 37, caput, CRFB/1988): relembre-se que a regra é que todos 
os atos administrativos são públicos, com exceção das informações imprescindíveis à 
segurança da sociedade ou do Estado e relativas à intimidade das pessoas. 
É daí que decorre a necessidade de publicação do Decreto de ocupação temporária para que 
ele seja válido e produza efeitos. 
 
- Diários oficiais: atualmente as publicações dos órgãos públicos ocorrem nos respectivos 
diários oficiais, sem necessidade de publicação em jornais impressos (essa é a regra). 
Para conhecimento, atualmente temos o Diário Oficial da União (DOU), cada estado tem o 
seu próprio Diário Oficialdo Estado (DOE) e os municípios que integram um mesmo estado 
publicam seus atos no Diário Oficial dos Municípios (DOM) daquele estado – todos esses 
diários podem ser acessados pela internet por qualquer interessado. 
 
Constituição Federal 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
 
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[...] 
 
 
 
c) Autoexecutoriedade: por fim, deve ficar claro que a necessidade de emissão e publicação 
de um Decreto não retira a qualidade de autoexecutoriedade da ocupação temporária – como 
já vimos, autoexecutoriedade significa que o Poder Executivo tem a possibilidade de executar 
suas decisões por seus próprios meios, sem a necessidade de anuência do particular nem 
dos demais Poderes (Poder Judiciário ou Poder Legislativo). 
A autoexecutoriedade decorre do poder de império da Administração Pública. 
 
Após emitir e publicar o Decreto, o Poder Público imporá sua vontade ao particular mesmo 
que ele discorde, e isso sem necessidade de autorização judicial (Poder Judiciário) ou 
participação do parlamento (Poder Legislativo). 
 
 
 
3.2. Extinção 
Concluída a obra, serviço ou atividade desempenhada pelo Poder Público, a ocupação 
temporária extingue-se automaticamente e os poderes inerentes ao domínio são 
integralmente restituídos ao proprietário. 
 
 
 
3.3. Objeto 
A ocupação temporária recai sobre bens imóveis, apenas (não incide sobre bens móveis nem 
sobre serviços). 
 
 
 
3.4. Características 
A ocupação temporária possui as peculiaridades que abaixo seguem. 
 
 
a) Direito pessoal: assim como a requisição administrativa, a ocupação temporária também é 
um direito pessoal. 
Como não se trata de um direito real, não se fala em averbação da ocupação temporária 
junto à matrícula do bem no registro de imóveis. 
 
 
b) Pressuposto: apoio a obras, serviços ou atividades públicas. 
 
 
c) Indenização: em regra não há indenização; mas se o proprietário demonstrar que 
suportou algum prejuízo, será indenizado. 
Apenas para conhecimento, no exemplo da ocupação de um terreno para funcionar como 
depósito de máquinas e materiais para o asfaltamento de uma rua, se o Poder Público ocupar 
um terreno baldio nas imediações da obra para realizar a ocupação temporária, muito 
provavelmente não haverá prejuízo a indenizar, visto que o proprietário sequer estava dando 
alguma destinação ao imóvel; no exemplo da utilização da escola particular como zona 
eleitoral, a ocupação ocorre no fim de semana da votação, quando geralmente não há 
atividades na escola, que a princípio não suportaria prejuízos. 
Mas, claro, em ambos os exemplos, se os proprietários comprovarem algum prejuízo, serão 
indenizados. 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
 
 
 
d) Transitoriedade: do mesmo modo que a requisição administrativa, a ocupação temporária 
também é transitória, perdurando apenas pelo tempo necessário. 
Ou seja, possui caráter temporário e não de definitividade. 
 
 
e) Autoexecutoriedade: como vimos, em que pese depender da edição de um ato formal 
(Decreto), a requisição administrativa decorre do poder de império da Administração Pública, 
qualificando-se como autoexecutória. 
 
 
 
3.5. Questões 
Q866697 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia 
Civil 
A seguir são apresentadas ações realizadas pelo Estado. 
I - Alocação provisória de determinadas máquinas e equipamentos utilizados em execução de 
obra pública em propriedade privada desocupada. 
II - Instalação de redes elétricas em determinada propriedade privada para fins de execução 
de serviço público. 
III - Determinação de ordem urbanística de proibição de construção além de determinada 
altura em região do município. 
As hipóteses apresentadas correspondem, respectivamente, às seguintes modalidades de 
intervenção do Estado na propriedade 
*( ) A) ocupação temporária, servidão administrativa e limitação administrativa. 
( ) B) requisição administrativa, servidão administrativa e ocupação temporária. 
( ) C) requisição administrativa, ocupação temporária e limitação administrativa. 
( ) D) servidão administrativa, requisição administrativa e limitação administrativa. 
( ) E) ocupação temporária, limitação administrativa e servidão administrativa. 
 
Q852718 
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPE-AL Prova: CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público 
Com o intuito de dar apoio logístico à obra de construção de um hospital municipal, o 
prefeito de determinada cidade exarou ato declaratório informando a necessidade de 
utilização, por tempo determinado, de um imóvel particular vizinho à obra, o qual serviria 
como estacionamento para as máquinas e como local de armazenamento de materiais. 
Nessa situação hipotética, a modalidade de intervenção do ente público na propriedade 
denomina-se 
*( ) A) ocupação temporária. 
( ) B) desapropriação. 
( ) C) requisição administrativa. 
( ) D) servidão administrativa. 
( ) E) limitação administrativa. 
 
Q844935 
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PJC-MT Prova: CESPE - 2017 - PJC-MT - Delegado de Polícia 
Substituto 
Enquanto uma rodovia municipal era reformada, o município responsável utilizou, como meio 
de apoio à execução das obras, parte de um terreno de particular. 
Nessa hipótese, houve o que se denomina 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
( ) A) servidão administrativa. 
( ) B) limitação administrativa. 
( ) C) intervenção administrativa supressiva. 
*( ) D) ocupação temporária. 
( ) E) requisição administrativa. 
 
 
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4. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA 
A servidão administrativa encontra guarida no art. 40 do Decreto-lei n.º 3.365/1941: 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta 
lei. 
 
 
Na servidão administrativa o Poder Público precisa utilizar um bem imóvel de forma definitiva 
para obras e/ou serviços públicos; mas o proprietário não perde a propriedade do bem e será 
indenizado acaso suporte algum dano ou prejuízo. 
Ex.: instalação de redes de transmissão de energia elétrica, de tubulações de gás, de placas 
de trânsito… em propriedades privadas. 
 
 
 
4.1. Instituição: Decreto + Anuência 
 
a) Decreto: na servidão administrativa não há autoexecutoriedade. 
Aqui funciona da seguinte maneira: a Administração Pública, através do chefe do Poder 
Executivo – Presidente da República (União), governadores (estados e DF) e prefeitos 
(municípios) –, emite e publica um Decreto no qual declara a necessidade de instituir a 
servidão administrativa em determinado imóvel, mas não poderá impor sua vontade ao 
proprietário do bem através do seu poder de império (ausência de autoexecutoriedade). 
Isso significa que, depois de publicado o Decreto (princípio da publicidade), é necessário que 
haja anuência do proprietário do imóvel (acordo administrativo) ou do Poder Judiciário 
(sentença judicial). 
 
 
b) Anuência (ausência de autoexecutoriedade): uma vez emitido e publicado o Decreto no 
qual a Administração Pública declara a necessidade de instituir determinada servidão 
administrativa em determinado imóvel, ainda deverá haver: 
 
- Acordo administrativo: o particular deve concordar com a instituição da servidão 
administrativa em seu imóvel, hipótese em que ele e a Administração Pública irão formalizar 
uma escritura pública, que será levada à averbação junto à matrícula do bem no Registro de 
Imóveis. 
 
- Sentença judicial: se o proprietário não concordar com a instituição da servidãoadministrativa sobre o seu imóvel, a Administração terá de propor uma ação judicial perante 
o Poder Judiciário para que possa instituir a servidão. 
Se a ação for procedente para a Administração, a sentença valerá como escritura pública 
para fins de averbação da servidão administrativa junto à matrícula do bem no Registro de 
Imóveis. 
Para conhecimento: a regra é que, havendo um Decreto publicado declarando a necessidade 
de utilizar aquele imóvel para instituir uma servidão administrativa, a ação judicial seja 
julgada procedente. 
 
 
 
4.2. Extinção 
Considerando que a servidão administrativa possui caráter de definitividade, em regra não há 
que se falar em sua extinção. 
 
 
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Mas claro que, por uma questão de lógica, nas situações abaixo ocorrerá a extinção da 
servidão administrativa: 
- Desaparecimento do bem: como no caso de ser demolido o prédio particular onde estava 
afixada uma placa com o nome da rua; 
- Incorporação do imóvel ao patrimônio da Administração: como no caso de o Poder Público 
comprar o imóvel particular pelo qual passa uma tubulação de gás; 
- Desinteresse do Poder Público em manter a servidão: como no caso de desativação de 
torres de telefonia fixa instaladas numa propriedade particular. 
 
 
 
4.3. Objeto 
Assim como a ocupação temporária, a servidão administrativa recai apenas sobre bens 
imóveis. 
 
 
 
4.4. Características 
A servidão administrativa possui as peculiaridades que abaixo seguem. 
 
 
a) Direito real: diferente do que foi estudado até agora (requisição administrativa e ocupação 
temporária), a servidão administrativa é um direito real (não pessoal). 
Como visto, ela é formalizada por meio de um acordo com o particular (escritura pública) ou 
em decorrência de uma decisão judicial (sentença), que serão levados ao Registro de 
Imóveis para serem averbados junto à matrícula do imóvel, produzindo efeitos erga omnes: 
tem eficácia contra tudo e contra todos. 
 
- Pessoa Objeto: relembrando, o direito real refere-se à relação da pessoa com o objeto. 
É o poder que a pessoa (no caso, o Poder Público) possui sobre uma coisa (no caso, o imóvel 
sobre o qual recairá a servidão administrativa), sem intermediários. 
 
- Manutenção da propriedade: mas o proprietário não perde a propriedade do imóvel (a 
servidão administrativa é uma espécie de intervenção apenas restritiva, não supressiva), 
tanto que pode vendê-lo a terceiro. 
O que ocorre é que, aquele que adquirir o imóvel, adquire-o com a servidão administrativa, 
não podendo opor-se a ela, pois terá conhecimento da mesma em virtude de estar averbada 
junto à matrícula do imóvel (efeito erga omnes). 
 
 
 
b) Pressuposto: é a necessidade de o Poder Público utilizar um imóvel para atender a uma 
finalidade pública, a um interesse da coletividade. 
Imagine-se como seria difícil atender à necessidade pública de acesso à energia elétrica, 
saneamento básico (água e esgoto), telefonia, informação através de placas de trânsito, 
dentre várias outras situações, se o Poder Público não tivesse a prerrogativa de passar linhas 
de transmissão, encanamentos e tubulações, de afixar placas de trânsito, entre outras 
coisas, em propriedades privadas. 
 
 
c) Indenização: na servidão administrativa a indenização é condicionada e prévia. 
Via de regra, não há indenização na servidão administrativa, pois o proprietário não perde o 
domínio sobre o bem (não perde a propriedade do imóvel); mas se ele demonstrar que 
suportará algum prejuízo (como a redução do aproveitamento econômico do imóvel), será 
indenizado previamente, ou seja, antes mesmo da instituição da servidão – a indenização 
 
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 Direito Administrativo II: 
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prévia é uma grande diferença da servidão em relação aos institutos já estudados (requisição 
administrativa e ocupação temporária). 
Ex.: se o Poder Público instituir uma servidão para a passagem de tubulação de água pluvial 
em um imóvel particular, em regra não caberá indenização, até porque a tubulação ficará 
enterrada e não prejudicará a utilização do imóvel pelo proprietário (claro que o Poder 
Público deve arcar com todos os custos de instalação e de retorno da propriedade ao status 
quo ante depois de enterrada a tubulação, como a arrumação de calçadas e jardins). 
 
 
d) Definitividade: diferente da requisição administrativa e da ocupação temporária, que 
possuem caráter de transitoriedade, a servidão administrativa possui caráter de 
definitividade, ou seja, a regra é que ela seja instituída com caráter perpétuo. 
Mas não nos esqueçamos das possibilidades de extinção aventadas no tópico “4.2. Extinção”, 
visto acima, as quais configuram-se como exceções. 
O que deve ficar claro é que, em questões da OAB ou de concursos, se for mencionado que a 
servidão possui caráter de definitividade, estará correto. 
 
 
e) Ausência de autoexecutoriedade: como visto, aqui não há autoexecutoriedade , pois o 
Poder Público – após editar e publicar o Decreto declarando a necessidade de instituição da 
servidão administrativa – deverá obter a anuência do proprietário (acordo administrativo) ou 
do Poder Judiciário (sentença favorável) para que possa instituir a servidão administrativa. 
 
 
 
4.5. Questões 
Q998883 
Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: TJ-SC Prova: IESES - 2019 - TJ-SC - Titular de Serviços de 
Notas e de Registros - Provimento - Prova Anulada 
A passagem de redes transmissão elétrica ou implantação de oleodutos em pequena parcela 
de propriedade privada, encerra a intervenção do Estado na propriedade na seguinte 
modalidade: 
( ) A) Limitação Administrativa. 
*( ) B) Servidão Administrativa. 
( ) C) Requisição. 
( ) D) Desapropriação. 
 
Q879795 
Ano: 2018 Banca: CS-UFG Órgão: SANEAGO - GO Prova: CS-UFG - 2018 - SANEAGO - GO - 
Advogado 
O instituto da intervenção do Estado na propriedade privada serve para diminuir os 
problemas sociais existentes no Brasil, além de dar acesso a melhor qualidade de vida aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País. “É ônus real de uso imposto pela 
Administração à propriedade particular para assegurar a realização e conservação de obras e 
serviços públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente 
suportados pelo proprietário, incide sobre bens imóveis e tem caráter de definitividade” 
(Maria S. Di Pietro, 2016). Neste sentido, que modalidade de intervenção é abordada no 
texto? 
*( ) A) Servidão administrativa. 
( ) B) Desapropriação. 
( ) C) Requisição. 
( ) D) Ocupação temporária. 
 
Q155414 
 
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 Direito Administrativo II: 
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Ano: 2011 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
III - Primeira Fase 
Com relação à intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa correta. 
( ) A) A requisição administrativa é uma forma de intervenção supressiva do Estado na 
propriedade que somente recai em bens imóveis, sendo o Estado obrigado a indenizar 
eventuais prejuízos, se houver dano. 
( ) B) A limitação administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na 
propriedade que consubstancia obrigações de caráter específico e individualizados a 
proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade. 
*( ) C) A servidão administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na 
propriedade que afeta as faculdades de uso e gozo sobre o bem objeto da intervenção, em 
razão de um interesse público. 
( ) D) O tombamento é uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada que 
possui como característica a conservação dos aspectos históricos, artísticos, paisagísticos e 
culturais dos bens imóveis, excepcionando-se os bens móveis. 
 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
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5. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVANa limitação administrativa o Poder Público impõe obrigações de fazer, não fazer e permitir 
que se faça para proprietários indeterminados (caráter geral) e de modo gratuito. 
 
Ex.: construir passeio público (fazer); manter a limpeza de terrenos urbanos (fazer); não 
construir prédios além de uma determinada altura (não fazer); proibição de desmatamento 
de um percentual de floresta em imóveis rurais (não fazer); permitir que a vigilância 
sanitária vistorie imóveis para verificar a existência de focos do mosquito da dengue 
(permitir que se faça); usar cinto de segurança e capacete (fazer)… 
 
 
 
5.1. Instituição: Lei 
Como se trata de uma intervenção de caráter geral, dirigida a proprietários indeterminados, 
a limitação administrativa sempre deve ser instituída através de uma lei – relembre-se que 
uma das características das leis é a generalidade (ou impessoalidade), o que significa que 
elas se dirigem abstratamente a todos (a lei é um ato normativo de caráter geral e abstrato). 
 
 
a) Anuência do Poder Legislativo: como é necessária uma lei, isso significa que o Poder 
Executivo vai necessitar da concordância do Poder Legislativo para que possa instituir 
limitações administrativas. 
Aqui o Executivo – Presidente da República (União), governadores (estados e DF) ou 
prefeitos (municípios) – formula um projeto de lei com a limitação administrativa que 
pretende impor e o envia para o Poder Legislativo correspondente – Congresso Nacional 
(União), assembleias legislativas (estados), Câmara Legislativa (DF) ou câmaras de 
vereadores (municípios) –, que irá deliberar e votar. 
Disso já se conclui que a limitação administrativa não é autoexecutória, pois não pode ser 
imposta pela Administração Pública (Poder Executivo) sem a anuência do Poder Legislativo. 
 
- Desnecessidade de anuência do particular: mas jamais será necessária a anuência do 
particular afetado pela limitação administrativa. 
Estando vigente a lei, a limitação administrativa deve ser cumprida pelo proprietário do bem, 
sob pena de sofrer sanções. 
 
 
 
5.2. Extinção 
A limitação, via de regra, possui caráter de definitividade e, por isso, a princípio não se fala 
em sua extinção. 
 
Mas a extinção pode ocorrer; para tanto, deve ser editada outra lei alterando ou revogando a 
lei anterior que impôs a limitação administrativa, conforme disposto no art. 2º da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). 
 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique 
ou revogue. 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com 
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não 
revoga nem modifica a lei anterior. 
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência. 
 
 
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 Direito Administrativo II: 
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5.3. Objeto 
A limitação administrativa pode recair sobre bens móveis e imóveis. 
 
Exemplo de limitação administrativa imposta em bens imóveis: a legislação de Jaraguá do 
Sul/SC determina que os imóveis comerciais tenham acessibilidade para cadeirantes, ou 
seja, os imóveis destinados ao comércio devem possuir rampas de acesso e elevadores. 
 
Exemplo de limitação administrativa imposta em bens móveis: a legislação federal determina 
que veículos automotores devem trafegar nas rodovias de pista simples com os faróis acesos 
(art. 40, § 2º, CTB). 
 
Código de Trânsito Brasileiro 
Art. 40. […] 
§ 2º Os veículos que não dispuserem de luzes de rodagem diurna deverão manter acesos 
os faróis nas rodovias de pista simples situadas fora dos perímetros urbanos, mesmo 
durante o dia. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) 
 
 
 
 
5.4. Características 
A limitação administrativa possui as peculiaridades que abaixo seguem. 
 
 
a) Caráter geral: como visto, a limitação administrativa é uma intervenção de caráter geral, 
ou seja, ela é dirigida a proprietários indeterminados. 
Dito de outro modo, todos aqueles que sejam proprietários de bens móveis ou imóveis que 
se enquadrem na lei que impõe a limitação administrativa, devem cumprir a norma. 
 
 
b) Pressuposto: interesses públicos abstratos, como saúde pública, meio ambiente, poluição 
ambiental, poluição visual, segurança pública, saneamento básico… 
 
 
c) Indenização: a limitação administrativa possui caráter de gratuidade, ou seja, não cabe 
indenização. 
- Exceção: de forma excepcional, a doutrina e a jurisprudência têm admitido a indenização 
nos casos em que a limitação administrativa esvazia o conteúdo econômico do bem. 
Ex1: imagine-se que, numa determinada rua, haja um posto de combustíveis, sendo que 
uma lei municipal transforma essa rua em um calçadão, proibindo a passagem de veículos 
automotores. Nesse caso, o proprietário do posto de combustíveis terá direito a ser 
indenizado, pois a transformação da rua num calçadão acaba retirando a possibilidade de 
manutenção da atividade econômica naquele local, pois os veículos sequer terão como 
acessar o posto de combustíveis para abastecer; contudo, os proprietários dos outros tipos 
de comércios também existentes nessa rua (que agora virou um calçadão), a princípio não 
têm direito à indenização. 
Ex2: uma limitação administrativa que aumente a área de preservação permanente de 
imóveis situados nas margens dos rios, fazendo com que alguns deles tenham proibida 
qualquer atividade/construção no local, retirando totalmente o conteúdo econômico dos 
mesmos – os proprietários que se enquadrem nessa situação também terão direito a serem 
indenizados. 
 
 
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d) Definitividade: conforme mencionado no tópico “5.2. Extinção” (acima), a limitação 
administrativa possui caráter de definitividade e, por isso, a princípio não se fala em sua 
extinção (não se trata de uma limitação apenas transitória ao direito de propriedade). 
A limitação administrativa possui caráter de definitividade, de perpetuidade. 
 
 
e) Ausência de autoexecutoriedade: por fim, a limitação administrativa não é autoexecutória 
porque, como visto, decorre da lei, que é um ato normativo que necessita de anuência entre 
os Poderes Executivo e Legislativo. 
 
 
 
5.5. Questões 
Q1013828 
Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: CAU-MG Prova: FUNDEP (Gestão 
de Concursos) - 2019 - CAU-MG - Advogado 
Denomina-se coeficiente de aproveitamento básico a relação entre a área edificável e a do 
terreno, para evitar edificações muito altas, trazendo superpopulação da área com 
consequente desgaste e insuficiência dos bens e serviços públicos para a região. 
O coeficiente de aproveitamento básico é um exemplo de 
( ) A) servidão de uso. 
*( ) B) limitação administrativa. 
( ) C) requisição urbanística. 
( ) D) intervenção supressiva. 
 
Q963225 
Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: AL-GO Prova: IADES - 2019 - AL-GO - Procurador 
De maneira instrumental, o Estado possui uma variedade de meios jurídicos para que possa 
atuar na relação dominial privada, de modo a restringi-la, podendo, no limite, inclusive, 
extingui-la, visando ao interesse público. Quanto a esses instrumentos estatais, assinale a 
alternativa correta. 
( ) A) Uma das diferenças gerais entre os institutos da ocupação temporária e da requisição 
é que, naquele, o caráter é de onerosidade, enquanto, neste, de regra, impõe-se a 
gratuidade. 
( ) B) As servidões administrativas e o tombamento são permanentes, ao passo que as 
limitações administrativas são temporárias. 
*( ) C) As limitações administrativas, com assento somente em lei, por imporem limitações 
gerais e, também, trazerem benefícios a todos por igual, apresentam-se com caráter 
gratuito. 
( ) D) Em casos de obras públicas demoradas,a Administração, para garantir o interesse 
público, pode dispor discricionariamente dos instrumentos da ocupação temporária e da 
servidão administrativa. 
( ) E) As servidões administrativas, por apresentarem características de parcial 
expropriação, ao serem instituídas, assim também instituem um direito de preferência à 
aquisição do bem em favor do Poder instituidor. 
 
Q197186 
Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem - 1 - 
Primeira Fase 
No que concerne à intervenção do Estado sobre a propriedade privada, é correto afirmar que 
( ) A) a requisição de bens móveis e fungíveis impõe obrigações de caráter geral a 
proprietários indeterminados, em benefício do interesse geral, não afetando o caráter 
perpétuo e irrevogável do direito de propriedade. 
 
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( ) B) o tombamento implica a instituição de direito real de natureza pública, impondo ao 
proprietário a obrigação de suportar um ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, em 
benefício de serviços de interesse coletivo. 
( ) C) a servidão administrativa afeta o caráter absoluto do direito de propriedade, 
implicando limitação perpétua do mesmo em benefício do interesse coletivo. 
*( ) D) as limitações administrativas constituem medidas previstas em lei com fundamento 
no poder de polícia do Estado, gerando para os proprietários obrigações positivas ou 
negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar 
social. 
 
Q299414 
Ano: 2007 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 2 - 
Primeira Fase 
Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. 
( ) A) A servidão administrativa não precisa ser registrada no registro de imóveis. 
( ) B) O ato administrativo que formaliza a requisição não é auto- executório, dependendo 
de prévia apreciação judicial ou administrativa, assegurando-se ampla defesa e contraditório. 
( ) C) O tombamento só pode recair sobre bens imóveis. 
*( ) D) A vedação de desmatamento de parte da área de floresta em cada propriedade rural 
é exemplo de limitação administrativa. 
 
 
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6. TOMBAMENTO 
No tombamento a Administração Pública intervém na propriedade privada para preservar a 
memória nacional (patrimônio cultural brasileiro), protegendo bens de ordem histórica, 
artística, arqueológica, cultural, científica, turística e paisagística – art. 216, § 1º, 
CRFB/1988, e Decreto-lei n.º 25/1937. 
 
Constituição Federal 
Art. 216. […] 
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o 
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e 
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. 
 
Decreto-lei n.º 25/1937 
Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. 
CAPÍTULO I 
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL 
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e 
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua 
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor 
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. 
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do 
patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente 
num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei. 
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a 
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe 
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou 
agenciados pelo indústria humana. 
 
 
 
Ex1: o centro histórico de Salvador/BH, na região do Bairro Pelourinho, é tombado. O local 
possui mais de 800 casarões antigos e ruas estreitas revestidas de paralelepípedo, com 
diversas ladeiras. 
Ex2: o Elevador Lacerda, também em Salvador/BH. 
Ex3: a cidade histórica de Outro Preto/MG foi tombada em 1938 em virtude do seu conjunto 
arquitetônico e urbanístico. 
Ex4: a parte central do Bairro Rio da Luz, em Jaraguá do Sul/SC, também é tombada. 
 
 
 
6.1. Espécies 
O tombamento divide-se em quatro espécies. 
 
 
a) Voluntário ou Compulsório 
- Voluntário: o tombamento voluntário ocorre quando o proprietário do bem consente com a 
intervenção que o Poder Público impõe a sua propriedade ou quando o próprio proprietário 
procura o Poder Público requerendo o tombamento do seu bem. 
- Compulsório: aqui o proprietário não concorda com a intervenção em sua propriedade, 
opondo-se ao tombamento que lhe é imposto pelo Poder Público. 
 
 
b) Provisório ou Definitivo 
- Provisório: o tombamento é provisório enquanto ainda está em curso o processo 
administrativo para a sua instituição. 
 
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 Direito Administrativo II: 
 Processo Administrativo 
Professor Rafael Kist 
 
- Definitivo: finalizado o processo administrativo e aprovado o tombamento, ele é inscrito 
junto ao registro do bem (móvel ou imóvel) e também no Livro do Tombo, tornando o ato 
definitivo. 
 
 
 
6.2. Instituição 
A instituição do tombamento se dá através de um processo administrativo (é semelhante a 
um processo judicial, mas ele tramita unicamente no âmbito do Poder Executivo, da 
Administração Pública), nos autos do qual será apurado se o bem se enquadra nos requisitos 
técnicos do tombamento. 
O processo administrativo de tombamento possui as peculiaridades abaixo. 
 
 
a) Parecer do órgão técnico cultural: esse órgão é composto por técnicos, que definem se há 
relação entre o bem que se pretende tombar e a memória nacional (patrimônio cultural 
brasileiro). 
 
 
b) Devido processo legal (art. 5º, LV, CRFB/1988): iniciado o processo administrativo de 
tombamento, o proprietário do bem é notificado (contraditório) e pode manifestar-se (ampla 
defesa), concordando ou discordando com o tombamento. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
 
 
c) Decisão do Conselho Consultivo: ao fim da instrução do processo administrativo, quem 
profere a decisão é um Conselho Consultivo, que pode: 
- Anular o processo administrativo se constatar alguma ilegalidade; 
- Impor o tombamento; ou 
- Rejeitar o tombamento. 
 
 
d) Recurso: imposto o tombamento pelo Conselho Consultivo, se o proprietário não 
concordar com a decisão, poderá recorrer da decisão para o órgão administrativo superior. 
 
 
 
6.3. Extinção 
O tombamento é uma intervenção do Estado na propriedade de forma definitiva, não 
comportando extinção. 
 
 
 
6.4. Objeto 
O tombamento pode recair sobre bens móveis e imóveis – caput do art. 1º do Decreto-lei n.º 
25/1937. 
 
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Exemplos de bens móveis que podem ser tombados: coleções e acervos, louças, imagens, 
pinturas, esculturas, pratos típicos (culinária)… 
 
Decreto-lei n.º 25/1937 
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e 
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua 
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor 
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. 
§ 1º […] 
 
 
 
6.5. Características 
O tombamento possui as peculiaridades que abaixo seguem. 
 
 
a) Direitoreal: o tombamento é um direito real porque segue a coisa, vale dizer, ele é 
inscrito junto ao registro do bem – móvel ou imóvel – e, mesmo que esse bem seja alienado 
pelo seu proprietário (não há vedação à venda do bem tombado), o tombamento permanece 
(o registro produz efeitos erga omnes). 
Ou seja, em caso de alienação do bem, o novo proprietário adquire-o com o tombamento (do 
mesmo modo que ocorre na servidão administrativa). 
 
 
b) Pressuposto: proteger e resguardar a nossa história. 
 
 
c) Ausência de indenização: a regra é que o tombamento não gera direito de indenização ao 
proprietário do bem tombado; 
- Exceção: mas, como exceção, o proprietário do bem tombado poderá ter direito à 
indenização se comprovar prejuízo com o tombamento (como despesas extraordinárias para 
a conservação e manutenção do bem) ou o esvaziamento do conteúdo econômico do bem (a 
exemplo do que pode ocorrer na limitação administrativa). 
 
 
d) Definitividade: o tombamento é definitivo (não possui caráter transitório). 
Trata-se de intervenção na propriedade que possui caráter de perpetuidade. 
 
 
e) Conservação do bem: a conservação do bem tombado é dever do seu proprietário, que 
deve manter as suas características físicas; perceba-se que, caso o bem não fosse tombado, 
a sua conservação igualmente caberia ao seu proprietário. 
Mas, se tratando de bem tombado, antes de realizar qualquer manutenção ou reforma no 
bem (inclusive uma simples pintura), o proprietário deve obter autorização do Poder Público 
que impôs o tombamento, que examinará se o que ele pretende fazer respeitará as 
características originais do bem tombado. 
Ademais, é expressamente proibido praticar qualquer ato que importe em mutilação ou 
destruição do bem. 
 
- Ausência de recursos (exceção): se não possuir recursos financeiros para realizar a 
manutenção, o proprietário deve comunicar o fato ao Poder Público para este faça os reparos 
necessários à conservação do bem tombado. 
 
 
 
 
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e) Restrições ao direito de vizinhança (art. 18, Decreto-lei n.º 25/1937): o tombamento gera 
restrições ao direito de vizinhança. Ou seja, mesmo os vizinhos do bem tombado são 
afetados. 
Os vizinhos do bem tombado não podem, sem autorização do Poder Público que impôs o 
tombamento, edificar construções ou afixar anúncios ou cartazes que impeçam ou reduzam a 
visibilidade da coisa tombada, sob pena de demolição/retirada e multa. 
 
Decreto-lei n.º 25/1937 
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 
não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou 
reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada 
destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento 
do valor do mesmo objéto. 
 
 
 
f) Ausência do direito de preferência: o proprietário possui total liberdade para alienar o bem 
móvel ou imóvel tombado, mas o comprador irá adquiri-lo com essa limitação – lembre-se 
que o tombamento é um direito real e, portanto, segue a coisa, pois a inscrição do 
tombamento é feita junto ao registro do bem, o que produz efeito erga omnes. 
O cuidado que se deve ter é que, antes do atual CPC (vide art. 22 do Decreto-lei n.º 
25/1937), ao vender o bem, o proprietário tinha de garantir ao Poder Público o direito de 
preferência na compra do mesmo, o que foi revogado pelo inc. I do art. 1.072 do CPC. 
 
Código de Processo Civil 
Art. 1.072. Revogam-se: 
I - o art. 22 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937; 
 
Decreto-lei n.º 25/1937 
Art. 22. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessôas naturais 
ou a pessôas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta 
ordem, o direito de preferência. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) 
 
 
 
 
6.6. Questões 
Q1003648 
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado 
XXIX - Primeira Fase 
Virgílio é proprietário de um imóvel cuja fachada foi tombada pelo Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, autarquia federal, após o devido processo 
administrativo, diante de seu relevante valor histórico e cultural. 
O logradouro em que o imóvel está localizado foi assolado por fortes chuvas, que 
comprometeram a estrutura da edificação, a qual passou a apresentar riscos de 
desabamento. Em razão disso, Virgílio notificou o Poder Público e comprovou não ter 
condições financeiras para arcar com os custos da respectiva obra de recuperação. 
Certo de que a comunicação foi recebida pela autoridade competente, que atestou a efetiva 
necessidade da realização de obras emergenciais, Virgílio procurou você, como advogado(a), 
para, mediante orientação jurídica adequada, evitar a imposição de sanção pelo Poder 
Público. 
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a orientação correta. 
( ) A) Virgílio poderá demolir o imóvel. 
*( ) B) A autoridade competente deve mandar executar a recuperação da fachada tombada, 
às expensas da União. 
( ) C) Somente Virgílio é obrigado a arcar com os custos de recuperação do imóvel. 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0025.htm#art22
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1072
 
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( ) D) As obras necessárias deverão ser realizadas por Virgílio, independentemente de 
autorização especial da autoridade competente. 
 
 
Q261976 
Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 
VII - Primeira Fase 
O Município Y promove o tombamento de um antigo bonde, já desativado, pertencente a um 
colecionador particular. Nesse caso, 
( ) A) o proprietário pode insurgir-se contra o ato do tombamento, uma vez que se trata de 
um bem móvel. 
( ) B) o proprietário fica impedido de alienar o bem, mas pode propor ação visando a 
compelir o Município a desapropriar o bem, mediante remuneração. 
*( ) C) o proprietário poderá alienar livremente o bem tombado, desde que o adquirente se 
comprometa a conservá-lo, de conformidade com o ato de tombamento. 
( ) D) o proprietário do bem, diante do tombamento promovido pelo Município, não poderá 
gravá-lo com o penhor. 
 
Q196991 
Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 3 - 
Primeira Fase 
O proprietário do imóvel tombado: 
( ) A) pode alienar o bem, desde que o ofereça, pelo mesmo preço, ao Ente público que 
instituiu o tombamento, a fim de que possam exercer o direito de preferência da compra do 
bem. 
( ) B) não pode alienar o bem, visto que, a partir do tombamento, tornou-se bem 
inalienável. 
*( ) C) pode alienar o bem livremente, sem qualquer comunicação prévia ao poder público. 
( ) D) somente pode alienar o bem para a União, instituidora do tombamento. 
 
Q171340 
Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 2 - 
Primeira Fase 
Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. 
*( ) A) No tombamento, modalidade de intervenção restritiva da propriedade, não há 
mudança de propriedade. 
( ) B) O direito de preempção municipal, por meio do qual se assegura ao município 
preferência para aquisição do imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, 
não é exemplo de limitação administrativa. 
( ) C) A ocupação temporária não pode incidir sobre bens imóveis. 
( ) D) A servidão administrativa é um direito pessoal. 
 
Q205204 
Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: OAB-SP Prova: CESPE - 2008 - OAB-SP - Exame de Ordem 
- 1 - Primeira Fase 
Assinale a opção correta a respeito do instituto do tombamento. 
( ) A) O tombamento é um ato administrativo compulsório. 
( ) B) O tombamento é ato administrativo que se destina à proteção de bens imóveis, sendo 
inadequado para a proteção de bens móveis.( ) C) O tombamento impede a transmissão da propriedade do bem sobre o qual recaia. 
*( ) D) Caso o tombamento importe em esvaziamento econômico do bem tombado, cria-se 
a obrigação de indenizar por parte do Estado. 
 
Q209102 
 
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Ano: 2006 Banca: ND Órgão: OAB-DF Prova: ND - 2006 - OAB-DF - Exame de Ordem - 1 - 
Primeira Fase 
Qual a forma de intervenção do Estado na propriedade privada, gerando uma restrição 
parcial sem impedimento do exercício dos direitos próprios do domínio, voltada para a 
proteção do patrimônio histórico e artístico? 
( ) A) desapropriação; 
( ) B) servidão administrativa; 
*( ) C) tombamento; 
( ) D) requisição. 
 
 
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7. DESAPROPRIAÇÃO ou EXPROPRIAÇÃO 
Desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade particular ou 
pública (aqui de grau inferior para superior) para o Poder Público ou seus delegados, em 
decorrência de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social, mediante prévia e 
justa indenização em dinheiro (ressalvados os casos de pagamento em títulos da dívida 
pública ou da dívida agrária). 
 
 
a) Previsões legislativas: 
- Constituição Federal: inc. XXIV do art. 5º, inc. III do § 4º do art. 182, art. 184 e art. 243; 
- Decreto-lei n.º 3.365/1941; 
- Lei Federal n.º 4.132/1962; 
- Lei Federal n.º 8.629/1993. 
 
 
b) Perda da propriedade: a expropriação ou desapropriação é a única forma supressiva de 
intervenção do Estado na propriedade, ou seja, aqui o proprietário irá perder o domínio (a 
propriedade da coisa), que passará a pertencer à Administração Pública. 
Todas as demais formas de intervenção (que já estudamos) são apenas restritivas, ou seja, 
somente limitam o exercício do direito de propriedade/domínio. 
 
 
c) Forma originária: o imóvel desapropriado ingressa no patrimônio do Ente Público livre de 
quaisquer ônus; 
 
- Credores sub-rogam-se: o credor de eventual oneração que recaia sobre o bem 
sub-rogar-se-á no preço pago pelo Poder Público para indenizar o proprietário expropriado. 
Ex.: se determinado credor possuir uma penhora sobre um imóvel do devedor, sendo este 
imóvel desapropriado pela Administração Pública, o credor automaticamente se sub-roga no 
preço, ou seja, recebe o pagamento (claro, o pagamento que esse credor receberá é limitado 
ao valor do seu crédito e também ao próprio valor pago pelo imóvel). 
 
 
 
7.1. Pressupostos 
A desapropriação/expropriação pode ocorrer por três fundamentos ou pressupostos diversos. 
 
a) Utilidade Pública: aqui a desapropriação é conveniente/útil, mas não imprescindível 
(necessária). 
Ex.: desapropriação de imóvel para construir escola, hospital, ponte, para abrir uma rua… 
 
 
b) Necessidade Pública: na necessidade pública a transferência da propriedade do bem ao 
Poder Público é imprescindível/necessária em virtude de situações de emergência, como 
segurança nacional, defesa do Estado, socorro público em caso de calamidade e salubridade 
pública… 
Ex.: desapropriação de uma casa para construir um muro de contenção em área de risco. 
 
 
c) Interesse social: é quando a expropriação ocorre para atender à função social da 
propriedade, ou seja, em benefício da coletividade. 
Ex.: desapropriação de terras rurais para reforma agrária. 
 
 
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7.2. Bens Desapropriáveis 
Todos as classes de bens são passíveis de desapropriação. 
 
 
a) Bens móveis e imóveis: 
- Móveis: nos termos do art. 82 do CC, “São móveis os bens suscetíveis de movimento 
próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social.” 
- Imóveis: conforme art. 79 do CC, “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar 
natural ou artificialmente.” 
 
 
b) Bens corpóreos e incorpóreos: 
- Corpóreos: são os bens que têm existência material, perceptível pelos nossos sentidos. 
Ex.: livros, joias, terrenos, solo… 
- Incorpóreos: são os bens abstratos, de visualização ideal, não tangível. Ex.: espaço aéreo, 
ações de empresas… 
 
 
c) Bens públicos (art. 2º, § 2º, Decreto-lei n.º 3.365/1941): é possível um Ente Público 
desapropriar bens de outro; mas, para que isso aconteça, é necessário observar os dois 
requisitos abaixo. 
 
- Linha descendente: a desapropriação deve ocorrer na linha descendente, ou seja, a União 
pode desapropriar bens dos estados, dos municípios ou do DF, ao passo que os estados 
podem desapropriar bens dos municípios situados em seu território (os estados não podem 
desapropriar bens públicos de outros estados; nem de municípios situados em outros 
estados; nem, muito menos, da União). 
Por sua vez, em virtude do respeito a esta linha descendente, conclui-se que os municípios 
jamais poderão desapropriar bens públicos (nem da União, nem dos estados nem de outros 
municípios porque o bem estará fora do seu território). 
Essa desapropriação não fere a autonomia que todos os Entes Federados possuem (art. 18, 
CRFB/1988), pois, conforme ensinamentos da doutrina, aqui predomina a tese do melhor 
interesse: o interesse geral (União) se sobrepõe ao regional (estados), que se sobrepõe ao 
interesse local (municípios). 
 
- Autorização legislativa: o segundo requisito para que um Ente Federado possa desapropriar 
um bem público de outro é a autorização legislativa, que precisa ser dada pelo Poder 
Legislativo do Ente expropriante. 
Cuidado: a autorização legislativa deve ser dada pelo parlamento do Ente que pretende 
realizar a desapropriação (expropriante), e não do Ente que sofrerá a mesma (expropriado). 
Ou seja, se um estado-membro quiser desapropriar algum bem de um município situado em 
seu território, quem deve autorizar é a assembleia legislativa estadual, e não a câmara de 
vereadores do município. 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 2º [...] 
§ 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser 
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao 
ato deverá preceder autorização legislativa. 
 
Constituição Federal 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos 
termos desta Constituição. 
 
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§ 1º […] 
 
 
7.3. Processo Administrativo 
Para instituir uma desapropriação, deve ser instaurado um processo administrativo, que 
tramitará no âmbito do Ente Federado expropriante (não perante o Poder Judiciário, pois não 
se trata de um processo judicial). 
 
Como não poderia deixar de ser, o proprietário do bem que se pretende desapropriar deverá 
participar do processo administrativo – devido processo legal –, com direito ao contraditório 
e à ampla defesa (art. 5º, LV, CRFB/1988). 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
 
Esse processo administrativo possui duas fases – declaratória e executória –, que 
estudaremos a seguir. 
 
 
 
7.4. Fase declaratória 
A fase declaratória possui as peculiaridades que seguem. 
 
 
a) Decreto expropriatório (art. 6º, Decreto-lei n.º 3.365/1941): na fase declaratória, o Poder 
Público que pretende realizar a desapropriação (Ente expropriante) deve emitir e publicar um 
Decreto de desapropriação, no qual declarará a existência da utilidade pública, da 
necessidadepública ou do interesse social na expropriação pretendida, apresentando os 
motivos pelos quais pretende desapropriar aquele bem. 
Esse decreto, como todo ato administrativo do Poder Público, deve ser publicado (princípio 
da publicidade) para ter validade. 
 
- Chefe do Executivo: é oportuno relembrar que o Decreto é um ato normativo de 
competência privativa do Chefe do Executivo – Presidente (União), governadores (estados e 
CF) ou prefeitos (municípios) –, ou seja, sem participação do Poder Legislativo – Congresso 
Nacional (União), assembleia legislativa (estados), Câmara Legislativa (DF) ou câmara de 
vereadores (municípios) – nem do Poder Judiciário. 
Dito de outro modo, é o Chefe do Executivo, sozinho, quem emite o Decreto expropriatório. 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 6º A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, 
Governador, Interventor ou Prefeito. 
 
 
 
b) Competência: apenas os Entes Federados (U+E+DF+M) possuem competência para emitir 
o Decreto expropriatório (quem irá emitir é sempre o Chefe do Poder Executivo: Presidente, 
governador ou prefeito), observando-se o seguinte: 
- Desapropriação comum (utilidade e necessidade públicas): U+E+DF+M; 
- Desapropriação por interesse social (para fins urbanísticos): DF+M; 
 
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- Desapropriação por interesse social (para reforma agrária): apenas União; 
- Desapropriação confisco: apenas União. 
 
 
c) Efeitos do Decreto: a publicação do Decreto de desapropriação/expropriação produz os 
seguintes efeitos: 
 
- Indicação do estado do bem: a publicação do Decreto “fixa” o estado do bem, o que se 
destina para calcular o valor da indenização. 
Dessa forma, se o proprietário fizer alterações no bem em momento posterior à publicação 
do Decreto, mesmo que o valorizem, não terá direito a ser indenizado por essas benfeitorias. 
 
- Permissão para o Poder Público ingressar no bem (art. 7º, Decreto-lei n.º 3.365/1941): 
com a publicação do Decreto, o Ente expropriante também está autorizado a ingressar no 
bem com vistas a fazer medições, vistorias e afins, as quais se destinam a verificar se o bem 
atende aos objetivos da desapropriação, apurar seu valor de mercado, dentre outros. 
 
- Início do prazo de caducidade: por fim, a publicação do Decreto expropriatório também fixa 
a data de início da contagem do prazo de caducidade, que possui os seguintes períodos: 
- 2 anos: nas desapropriações por interesse social (IS=2a); 
- 5 anos: nas desapropriações por utilidade pública ou necessidade pública (UP+NP=5a). 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 7º Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a 
penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de 
oposição, ao auxílio de força policial. 
Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e 
danos, sem prejuizo da ação penal. 
 
 
 
d) Caducidade: a caducidade, vista acima, é o prazo que, se não for observado, impossibilita 
o prosseguimento da desapropriação. 
 
- Contagem: como visto antes, a contagem do prazo de caducidade inicia na dia em que o 
Decreto de desapropriação é publicado. 
 
- Prazos: também já foram vistos (IS=2a) (UP+NP=5a). 
 
- Interrupção do prazo: para que a caducidade não ocorra, antes da perfectibilização do 
prazo (2a ou 5a) deverá estar presente uma das seguintes situações (estudaremos ambas 
abaixo, na fase executória): 
- O Poder Público deverá ter conseguido transferir o bem para a sua propriedade: 
desapropriação amigável; ou 
- O Poder Público deverá ter proposto uma ação judicial para transferir o bem para a sua 
propriedade: desapropriação litigiosa. 
 
 
 
7.5. Fase executória 
Na fase executória ocorrem as providências para transferir o bem objeto da desapropriação 
ao patrimônio do Poder Público expropriante e para assegurar o pagamento da indenização 
ao expropriado (antigo proprietário do bem). 
 
 
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a) Competência: para ultimar os atos expropriatórios, realizando um acordo com o 
proprietário ou propondo uma ação judicial, bem como efetuando o pagamento da 
indenização, a competência é mais elástica do que aquela da fase declaratória: 
- Administração direta: U+E+DF+M (aqui são os mesmos da fase declaratória); 
- Administração indireta: A+FP+EP+SEM; 
- Delegatários: são os permissionários e concessionários de serviços públicos. Ex.: empresa 
concessionária que explora o pedágio de uma rodovia, empresa concessionária que explora o 
transporte urbano de passageiros, empresa concessionária de energia elétrica ou telefonia… 
 
 
b) Desapropriação amigável: aqui, antes da fluência dos prazos de caducidade (UP+NP=5a e 
IS=2a), o expropriante (Administração direta, Administração indireta ou delegatários) e o 
expropriado (proprietário do bem) entram num acordo sobre a desapropriação e, portanto, 
não será necessário judicializar (propor ação judicial) a situação. 
- Escritura e indenização: ocorrendo a desapropriação amigável (acordo entre as partes), 
bastará, então, lavrar a escritura pública de transferência da propriedade do bem ao Poder 
Público, que deverá efetuar o pagamento da indenização acordada ao proprietário do bem. 
 
 
c) Desapropriação litigiosa: quando o acordo não acontece (desapropriação amigável), resta 
ao Poder Público propor uma ação judicial de desapropriação litigiosa, coisa que também 
deve ser feita antes da perfectibilização dos prazos de caducidade (UP+NP=5a e IS=2a). 
Aqui a grande peculiaridade é que neste processo judicial o expropriado somente poderá 
discutir duas situações (art. 20, Decreto-lei n.º 3.365/1941): 
- Valor da indenização: geralmente é o valor da indenização que impede a realização de um 
acordo administrativo entre as partes (desapropriação amigável), o que acaba levando ao 
ajuizamento do processo judicial de expropriação; 
- Vício do próprio processo judicial: como falta de citação ou ausência de pressupostos legais 
do próprio processo judicial. 
 
Atente-se que no processo judicial não se podem discutir os fundamentos da desapropriação. 
Isso significa que o expropriado não pode alegar ausência de utilidade pública, necessidade 
pública ou interesse social (art. 9º, Decreto-lei n.º 3.365/1941). 
Isso ocorre porque tais circunstâncias configuram mérito administrativo – oportunidade e 
conveniência do Poder Público em realizar a desapropriação –, sendo que o Poder Judiciário 
não pode analisar o mérito dos atos administrativos do Poder Executivo. 
 
Decreto-lei n.º 3.365/1941 
Art. 9º Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se 
verificam ou não os casos de utilidade pública. 
 
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do 
preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta. 
 
 
 
 
7.6. Processo Judicial 
Como visto, não ocorrendo um acordo administrativo com o proprietário, com a transferência 
do bem para o patrimônio do Ente Público e o pagamento da indenização (desapropriação 
amigável), o expropriante (Administração direta, Administração indireta ou delegatários) 
deverá propor uma ação judicial (desapropriação litigiosa) antes da perfectibilização do prazo 
de caducidade (UP+NP=5a e IS=2a), que é contado da data da publicação do Decreto de 
expropriação. 
O processo judicial de desapropriação possui as peculiaridades abaixo. 
 
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a) Sujeito ativo (expropriante): o Autor da ação judicial será o Expropriante, que é o agente 
competente para promover a fase executória da desapropriação, ou seja (já vimos acima): 
- Administração direta: U+E+DF+M; 
- Administração indireta: A+FP+EP+SEM; ou 
- Delegados: permissionários e concessionários de serviços públicos.

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