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CONSÓRCIO CEDERJ / CECIERJ 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CURSOS DE LICENCIATURA - GEOGRAFIA 
 
 
GEOGRAFIA AGRÁRIA 
APX1 – 2020.1 
Prof. Dr. Marcelo Antonio Sotratti 
 
 
 
 
CURSO: GEOGRAFIA 
POLO: Campo Grande 
ALUNO: Sara Duarte de Andrade Araujo 
MATRÍCULA: 20112140287 DATA: 09/10/2021 
 
 
 
Termo de Conduta 
 
 
Declaro assumir o compromisso de confidencialidade e de sigilo escrito, fotográfico e verbal 
sobre as questões do exame ou avaliação pessoal que me serão apresentadas, durante o curso 
desta disciplina. Comprometo-me a não revelar, reproduzir, utilizar ou dar conhecimento, em 
hipótese alguma, a terceiros, e a não utilizar tais informações para gerar benefício próprio ou 
de terceiros. Reitero minha ciência de que não poderei fazer cópia manuscrita, registro 
fotográfico, filmar ou mesmo gravar os enunciados que me são apresentados. Declaro, ainda, 
estar ciente de que o não cumprimento de tais normas caracteriza infração ética, podendo 
acarretar punição de acordo com as regras da minha universidade. Dê seu ciente aqui: 
Ciente, Sara Duarte de Andrade Araújo 
 
 
Modernização Agrícola e utilização do espaço agrário 
 
 
Nos últimos anos, o espaço agrário brasileiro vem sofrendo grandes modificações 
representadas principalmente pela modernização das atividades e pela ampliação das 
fronteiras agrícolas. 
Essas modificações acontecem por dois motivos principais. De um lado, elas são 
devido ao surgimento e à expansão de grandes empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras. 
Essas empresas desenvolvem suas atividades rigorosamente em função do mercado, seja ele 
interno ou externo, e são as maiores responsáveis pela modernização, particularmente no 
Sudeste e no Sul. De outro lado, as modificações são estimuladas pelo governo, através de 
medidas como: 
- facilidades concedidas às empresas para obtenção de empréstimos bancários e incentivos a 
certas lavouras, como a de soja, para a exportação, e a de cana de açúcar, para a produção de 
álcool. Com isso, as empresas mais facilmente podem se desenvolver e modernizar suas 
atividades. 
- facilidades para a compra de terras no Centro Oeste e na Amazônia, paralelamente à 
construção de grandes rodovias ligando essas regiões do Sudeste e ao Sul. Esses dois fatos, 
juntamente com a implantação de vários projetos de colonização, ocasionam um considerável 
aumento do espaço agrário do país. 
A modernização da agricultura brasileira, que ocorreu, sobretudo nas duas últimas 
décadas, se processa pela intensificação do emprego de maquinas, fertilizantes e defensivos 
agrícolas nos sistemas de produção. 
No Brasil, a modernização da agricultura nas últimas décadas levou à conversão de 
pastagens em áreas de cultivo, reduzindo a pressão do desmatamento associada à expansão 
das terras agrícolas. A continuidade desse processo exige investimentos adicionais em 
intensificação e produtividade, principalmente em pastagens, de forma que o aumento da 
produção pecuária não implique expansão de área. Simultaneamente, a conversão de 
pastagens em lavouras altera significativamente o perfil de risco do negócio, uma vez que as 
lavouras são mais suscetíveis às variações climáticas. A pecuária geralmente é mais resiliente 
diante de eventos imprevistos que freqüentemente impactam as atividades rurais. A 
especialização de culturas, a adoção de novas tecnologias e métodos de produção sustentáveis 
leva a maiores retornos esperada, mas podem causar maior incerteza nos resultados. Desse 
modo, para encorajar os produtores a adotarem tais práticas, sua exposição ao risco deve ser 
abordada. É por isso que a modernização do setor agrícola reforça a importância de melhores 
oportunidades para os produtores gerenciarem seus riscos. 
As falhas de mercado no seguro rural têm amplas conseqüências, levando a 
subinvestimento, produção agrícola menos eficiente e impactos adversos do uso da terra. Os 
produtores com ferramentas de gestão de risco inadequadas muitas vezes tomam decisões de 
produção erradas, como evitar a especialização da cultura ou a adoção de novas tecnologias 
que podem subsequentemente aumentar sua exposição ao risco. Ou seja, os produtores muitas 
vezes evitarão se envolver em atividades que tenham lucros esperados mais altos, mas mais 
incerteza nos retornos, como uma forma de se autossegurar contra riscos naturais e de 
preço. Esse comportamento tem efeitos negativos na produtividade agrícola e no uso da terra, 
com conseqüências importantes para as florestas e o meio ambiente. 
 
Devido a sua enorme extensão, a influencia dos fatores naturais e histórico-sociais e às 
modificações que vem sofrendo nos últimos anos, o espaço agrário brasileiro apresenta muitas 
variações em seus elementos, que por sua vez ocasionam diferentes paisagens. Mas sua parte 
mais importante é sem dúvida o Centro Sul, que engloba as regiões Sudeste, Sul e a porção 
meridional do Centro Oeste. 
 
Reforma Agrária Clássica e as Transformações do Capitalismo 
 
Os problemas da soberania nacional e da igualdade social não podem ser enfrentados 
sem um debate em torno da questão agrária. O surgimento do capitalismo a partir do século 
18 teve um impacto marcante na produção agrícola, embora as formas de transformação da 
agricultura variassem em todo o mundo. O que aconteceu na Europa, por exemplo, não foi 
totalmente replicado no Brasil. No entanto, é útil rastrear primeiro a história "clássica", que 
nos dá um modelo para as operações do capitalismo na agricultura, a fim de desenvolver essa 
história ainda mais no caso do Brasil. Do século 18 até a Segunda Guerra Mundial, houve 
uma ampla política para reorganizar as propriedades rurais de uma parte do mundo para 
outra. Essa redistribuição massiva de terras desapossou o campesinato e criou grandes 
fazendas para proprietários de terras e para a agricultura capitalista. Essa concentração de 
terras se deu paralelamente ao desenvolvimento da revolução industrial, que achou necessário 
integrar a economia agrária às estratégias de desenvolvimento capitalista. A revolução 
industrial atraiu massas de camponeses e artesãos despossuídos, que agora eram forçados a 
vender sua força de trabalho nos portões das fábricas. Desenvolveu-se uma economia 
complexa baseada na exploração do trabalho e na internacionalização do capital e dos 
mercados. Dois elementos centrais e relacionados enquadram a questão agrária na história do 
capitalismo. O primeiro é o impulso da burguesia industrial para suplantar as velhas classes 
rurais proprietárias de terras, cujo uso improdutivo - em termos capitalistas - da terra era um 
entrave à dinâmica de acumulação do capitalismo. A segunda é a afirmação do capital 
industrial de deixar de lado a lógica do feudalismo arcaico e colocar sua própria lógica 
capitalista no centro do desenvolvimento social. A burguesia industrial impulsionou uma 
agenda para trazer a lógica comercial do capitalismo industrial para os campos, mas também 
para garantir que a política econômica do Estado fosse moldada em torno das necessidades da 
indústria e não das necessidades da agricultura. A acumulação de capital centrou-se no 
desenvolvimento industrial; 
 
No entanto, a 'democratização' da terra que se seguiu - nomeadamente a relativa perda 
de poder dos latifundiários - não beneficiou o campesinato. Em vez disso, o resultado foi que 
o setor agrícola - mesmo suas fazendas de médio e pequeno porte - seria subordinado a 
fornecer matérias-primas para o crescente setor industrial a preços mais baixos. A entrega de 
alimentos barateados às cidades permitiu que as empresas industriais pagassem salários mais 
baixos, uma vez que o custo da reprodução social havia sido suprimido pela posição 
enfraquecida dos produtores agrícolas na sociedade. À medida que as terras agrícolas se 
tornaram mais produtivas, os camponeses foram deslocados para se tornarem trabalhadores de 
fábrica, enquanto osque permaneceram foram consolidados em um mercado consumidor em 
expansão. 
 
A revitalização da capacidade econômica do campo ocorreu à custa de sua 
subordinação à cidade e, em particular, ao capitalismo industrial. Foi nesse contexto que 
muitos países em todo o mundo realizaram a reforma agrária capitalista. O processo de 
produção agrícola passou a ser definido pelo modo de produção capitalista. O medo do 
desemprego e a velocidade da produção passaram a ser determinados menos pelo chicote 
(como no caso das plantations escravistas e nas propriedades feudais) e mais pela disciplina 
de tempo dos administradores. O capital define o que produzir e como produzi-lo; as firmas 
capitalistas definem a profundidade da comercialização e a remuneração recebida pelos vários 
níveis de pesquisadores de campo. Os camponeses não tinham mais qualquer aparência de 
controle sobre os meios de produção. Na verdade, o campesinato em muitas partes do mundo 
perdeu não apenas os meios de produção; também perdeu a centralidade de suas formas 
culturais. 
A dinâmica capitalista adentrou o meio rural com sua própria lógica cultural; eles 
usurparam e negou as idéias da cultura camponesa de produção e consumo, especialmente o 
cultivo e consumo de alimentos. Ocorreu uma transformação das regras sociais, que substituiu 
a organização da vida social em torno da cooperação e integração social pelo individualismo e 
dependência do mercado capitalista. Nesse sentido, a reforma agrária capitalista clássica fazia 
parte da política do Estado burguês e foi realizada em benefício da classe dominante da época, 
a burguesia industrial. 
 
Ao contrário da Europa, no Brasil não existia uma política nacional efetiva de 
reorganização agrária. Em vez disso, um tripé agrário se desenvolveu: latifúndios, 
mecanização pesados e agroquímicos que foram organizados em torno do modelo americano 
de agronegócio conhecido como Revolução Verde, que começou na década de 1970, mas se 
intensificou nas duas décadas seguintes. O modelo que emergiu da Revolução Verde foi 
inteiramente baseado nos interesses do capitalismo, sendo o campesinato apenas um fator de 
produção. 
 
Na década de 1990, com a intensificação da Revolução Verde no Brasil, a paisagem 
agrícola do país passou por transformações estruturais significativas. O elemento-chave aqui 
em termos da questão agrária foi à emergência do modelo neoliberal e o fortalecimento das 
empresas do agronegócio sobre a produção agrícola e a distribuição de produtos agrícolas, 
eliminando os pequenos e médios proprietários de terras. Os proprietários de terras arcaicos 
que possuíam grandes extensões de terra aliaram-se às outras frações da burguesia - aqueles 
que dominavam as corporações agrícolas transnacionais, firmas financeiras e instituições da 
mídia de massa. O domínio que esses proprietários de terras tinham sobre a terra não 
diminuiu; 
 
Enquanto o sistema capitalista entrava em uma grave crise de lucratividade nas últimas 
décadas, o setor do agronegócio buscava maneiras de manter ou aumentar os lucros. Esses 
métodos incluem a intensificação da destruição ambiental, a expansão da fronteira agrícola 
sobre florestas e terras comuns, o aprofundamento da ferocidade da extração mineral e o 
conseqüente aumento da aspereza para com a força de trabalho, que viu não apenas as 
demandas sobre seus corpos aumentarem, mas também assisti as terras comuns 
desaparecerem. 
À medida que o agronegócio se torna mais complexo e aprofunda seu domínio sobre a 
economia política, a reforma agrária popular se torna uma alternativa real e necessária. As 
características da reforma agrária popular se movem em uma direção radical, para a rejeição 
do controle capitalista sobre o mundo da agricultura - incluindo a terra - e para a 
reorganização da agricultura e do meio ambiente e das necessidades das pessoas e da natureza 
em vez do lucro. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
MOREIRA, Igor. O espaço geográfico. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo. 24º edição. 
1987. Editora Ática. 
SOTRATTI, M. A. Aula três, O desenvolvimento capitalista da agricultura – Geografia 
Agrária. Rio de Janeiro: CEDERJ, 2021. 
CASTILHO, Ricardo; FREDERICO, Samuel. Dinâmica regional e globalização: 
espaços competitivos agrícolas no território brasileiro. Mercator, vol. 09, no. 18, 2010, p. 
17-26.

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