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O CONCEITO DE SISTEMA O conceito de sistema é uma abordagem abstrata que ajuda a entender a realidade através de modelos. Um sistema é uma totalidade composta por partes inter-relacionadas que formam algo novo, mais do que a simples soma de suas partes. Chiavenato (2004) define sistema como um conjunto de elementos dinamicamente inter-relacionados, que desenvolvem atividades para atingir objetivos. Os elementos-chave de um sistema incluem: 1. Conjunto de elementos: partes componentes (ex.: pessoas, máquinas, normas). 2. Dinamicamente inter-relacionados: partes que interagem e dependem umas das outras. 3. Atividade ou função: natureza do sistema (ex.: produção, marketing). 4. Objetivos ou propósitos: finalidade do sistema (ex.: rentabilidade, lucratividade). A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) tem duas fontes de inspiração: a Teoria da Forma, desenvolvida por Wertheimer, Kofka e Kohler, que defende que as pessoas percebem objetos e fenômenos como um todo, e a Teoria da Gestalt, amplamente aplicada na Psicologia, que analisa o comportamento do indivíduo em seu contexto e situação. Essa teoria vê os fenômenos psicológicos como totalidades organizadas e indivisíveis, considerando seu contexto e múltiplas associações de significado. Os principais postulados da TGS incluem: 1. Sistemas existem dentro de outros sistemas (ex.: organização dentro da sociedade). 2. Todo sistema possui subsistemas (ex.: setores de uma empresa). 3. Todo sistema faz parte de um supersistema (ex.: empresa dentro do setor empresarial). 4. Sistemas são abertos, recebendo inputs (insumos) e gerando outputs (produtos). 5. As funções de um sistema dependem de sua estrutura. OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE SISTEMAS Os primeiros estudos sobre o pensamento sistêmico foram realizados pela escola russa de sistemas, com destaque para Avanir Uyemov, Alexander Bogdanov e V. G. Afanasiev. · Uyemov: Analisou as conexões entre os elementos de um sistema e suas propriedades sistêmicas, focando na inter-relação entre esses elementos. · Bogdanov: Propôs a criação da "ciência das estruturas", uma ciência dedicada ao estudo dos sistemas. · Afanasiev: Estudou as propriedades de sistemas dinâmicos integrais, definindo: 1. Qualidade do sistema: A interação dos componentes cria novas qualidades. 2. Composição do sistema: Cada sistema tem um conjunto único de partes e componentes. 3. Estrutura dinâmica: Modo próprio de interação e interconexão entre os componentes. 4. Interação com o ambiente: O sistema interage com seu entorno. Afanasiev também classificou os sistemas em dois tipos: · Sistemas autogovernados: Possuem regulação própria. · Sistemas dirigidos/governados: Envolvem processos típicos de sistemas biológicos, sociais e mecânicos. A CONTRIBUIÇÃO DE BERTALANFFY Ludwig von Bertalanffy, biólogo, iniciou seus estudos sobre o pensamento sistêmico a partir do avanço das tecnologias. Ele identificou semelhanças (isomorfismos) entre sistemas biológicos e outros sistemas estudados por diferentes ciências. Em 1968, publicou a obra Teoria Geral dos Sistemas (TGS), propondo uma "metaciência" que integrasse os diversos ramos do conhecimento humano e promovesse uma educação científica baseada na visão integrada de sistemas. Objetivos da TGS: 1. Investigar a isomorfia (semelhança) de conceitos, leis e modelos entre diferentes campos do conhecimento. 2. Promover a transferência útil de conhecimentos entre áreas. 3. Criar modelos teóricos em campos que ainda não os possuíam. 4. Reduzir a duplicação de esforços teóricos. 5. Promover a unidade da ciência, melhorando a comunicação entre especialistas. Bertalanffy acreditava que o conceito de sistema poderia ser aplicado em diversas ciências (Economia, Biologia, Matemática, Sociologia, Administração, etc.), servindo como um denominador comum para integrar o conhecimento humano. Alexander Bogdanov: Embora Bertalanffy seja associado à TGS, o verdadeiro criador foi Alexander Bogdanov, que em 1917 propôs a tectologia, a ciência das estruturas de sistemas vivos e não vivos. Bogdanov classificou os sistemas em três tipos: 1. Complexos organizados: O todo é maior que a soma das partes. 2. Complexos desorganizados: O todo é menor que a soma das partes. 3. Complexos neutros: Organização e desorganização se anulam mutuamente. O objetivo principal de Bertalanffy era alcançar a unidade da ciência, utilizando conceitos e métodos da TGS para criar uma abordagem metodológica comum entre as ciências. A ABORDAGEM SISTÊMICA A abordagem sistêmica vê a organização como um sistema unificado, composto por partes inter-relacionadas, em contraste com as teorias clássicas (focadas em tarefas, processos e estrutura) e as teorias das Relações Humanas e Comportamentalistas (focadas em motivação, liderança e comportamento humano). Na visão sistêmica, as organizações são analisadas como sistemas abertos, interagindo com o ambiente externo (clientes, governo, fornecedores, parceiros). Essa interação é essencial, pois as organizações recebem insumos, processam-nos e geram produtos (bens e serviços). Um sistema fechado, sem interação com o ambiente, não seria viável para a sobrevivência de uma empresa. Todos os sistemas organizacionais são considerados abertos, incluindo famílias, empresas, igrejas, organizações militares, partidos políticos, associações, governos, clubes, sindicatos e cooperativas. As organizações são compostas por subsistemas (setores e atividades internas), que funcionam como unidades menores dentro do sistema maior. DEFININDO AS FRONTEIRAS DO SISTEMA A fronteira de um sistema define os limites de sua atuação. Em sistemas físicos, como máquinas, aparelhos de TV ou computadores, as fronteiras são visíveis e claras: o que está dentro do equipamento faz parte do sistema, enquanto o que está fora pertence ao ambiente. Já em sistemas abstratos ou conceituais, a definição das fronteiras é mais complexa e depende do analista, que estabelece os limites e o escopo da análise. Por exemplo: · Ao analisar apenas a área de logística de uma empresa, as atividades logísticas internas e externas são consideradas parte do sistema, enquanto outras áreas ficam fora dos limites da análise. · Se a análise for focada na empresa como um todo, os limites do sistema correspondem à organização completa. · Se a análise se restringir a um subsistema (vendas, finanças, produção) ou a uma unidade específica (fábrica, loja, centro de distribuição), as fronteiras serão mais estreitas, limitadas àquela parte da empresa. OS ELEMENTOS DE UM SISTEMA Um sistema é composto pelos seguintes elementos: 1. Entradas (inputs ou insumos): · Elementos que iniciam o funcionamento do sistema. · Exemplos: energia elétrica em um sistema elétrico, movimento em um sistema mecânico, ou mão-de-obra, capital, informações e matérias-primas em uma empresa. 2. Processamento (mecanismo de conversão): · Transformação das entradas em saídas por meio das partes integrantes do sistema. 3. Saídas (outputs ou produtos): · Resultados gerados pelo sistema após o processamento. · Exemplos: imagem e som em uma TV, som estéreo em um sistema de áudio, ou bens, serviços e informações fornecidos por uma empresa a clientes, acionistas, governo, etc. 4. Feedback (retroalimentação): · Resposta do ambiente externo ao desempenho do sistema. · Pode ser positivo (clientes satisfeitos, informações corretas) ou negativo (críticas, reclamações, problemas). · O feedback retorna ao sistema como novas informações, que se tornam novas entradas. 5. Ambiente: · Elementos externos que interagem com o sistema. · No caso de uma empresa, inclui clientes, fornecedores, concorrentes, distribuidores, acionistas, etc. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS Os sistemas podem ser classificados de acordo com suas características e interações. A seguir, as principais classificações: 1. Sistemas Estáticos x Sistemas Dinâmicos: · Sistemas estáticos: Não mudam ou mudam pouco em relação ao ambiente. · Sistemas dinâmicos: Mudam e são influenciados pelo ambiente com frequência. 2. Sistemas Concretos x Sistemas Abstratos: · Sistemas concretos(físicos): Compostos por objetos reais, como máquinas, equipamentos, computadores e instalações. · Sistemas abstratos: Baseados em conceitos, ideias, hipóteses e planos, como sistemas de gerenciamento, avaliação ou segurança. 3. Sistemas Naturais x Sistemas Feitos pelo Homem: · Sistemas naturais: Originados de processos naturais, como mar, solo, clima, rios e lagos. · Sistemas feitos pelo homem: Criados pelo trabalho humano, como sistemas físicos de qualquer natureza. 4. Sistema Fechado x Sistema Aberto: · Sistema aberto: Mantém trocas com o ambiente (ex.: empresas, sindicatos, escolas, hospitais). · Sistema fechado: Não interage com o ambiente (ex.: reação química em um contêiner vedado). TEORIAS E MODELOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS Kenneth Boulding e G. B. Davis desenvolveram modelos para classificar os sistemas com base em sua complexidade e características. Classificação de Boulding (Hierarquia de Complexidade): 1. Nível 1 (Baixa complexidade): Sistemas estáticos · Exemplos: Estrutura de um mineral, mapa de uma região, organograma de uma empresa. 2. Nível 2 (Baixa complexidade): Sistemas determinísticos · Sistemas previsíveis e controlados externamente. · Exemplos: Sistema solar, relógio, ventilador. 3. Nível 3 (Média complexidade): Sistemas cibernéticos · Sistemas dinâmicos com auto-regulação. · Exemplo: Míssil teleguiado. 4. Nível 4 (Média complexidade): A célula · Sistemas abertos e dinâmicos, programados para autopreservação. 5. Nível 5 (Média complexidade): As plantas · Sistemas abertos e dinâmicos, com auto-regulação e adaptação genética. 6. Nível 6 (Média complexidade): O sistema animal · Sistemas abertos e dinâmicos, adaptativos ao ambiente e capazes de formar grupos sociais simples. 7. Nível 7 (Alta complexidade): Os seres humanos · Sistemas abertos, dinâmicos e adaptativos, com capacidade de pensamento abstrato e comunicação simbólica. 8. Nível 8 (Alta complexidade): O sistema social · Mais complexo e adaptativo que o indivíduo, com acumulação de conhecimento coletivo. 9. Nível 9 (Altíssima complexidade): Sistemas simbólicos ou transcendentais · Sistemas que transcendem indivíduos e sociedades, com alta adaptabilidade. Classificação de G. B. Davis: 1. Sistemas abstratos x Sistemas físicos: · Abstratos: Ideias ou conceitos ordenados. · Físicos: Elementos tangíveis que operam juntos para atingir um objetivo. 2. Sistemas determinísticos x Sistemas probabilísticos: · Determinísticos: Funcionamento previsível. · Probabilísticos: Operam com margem de erro e comportamento provável. 3. Sistemas fechados x Sistemas abertos: · Fechados: Não trocam material, informação ou energia com o ambiente. · Abertos: Interagem com o ambiente, trocando materiais, informações e energia. USOS E APLICAÇÕES DO MODELO SISTÊMICO A perspectiva sistêmica permite analisar uma organização como um todo integrado, composto por partes inter-relacionadas (subsistemas). Exemplos de aplicação do modelo sistêmico: 1. Hotel: · Subsistemas: Recepção, salão de refeições, lavanderia, cozinha, governança, manutenção, caixa, lazer e entretenimento, conciergeria. 2. Restaurante: · Subsistemas: Cozinha, bar, limpeza, atendimento por garçons, maître e barman. 3. Lavagem de carros: · Subsistemas: Lavagem, polimento e recepção. 4. Loja comercial: · Subsistemas: Arrumação da loja, vitrine, caixa, venda, estoque, compra e pacote. 5. Fábrica: · Subsistemas: Fabricação, manutenção, ferramentaria, logística, venda, assistência técnica, atendimento ao consumidor. OS CRITÉRIOS UTILIZADOS NA ANÁLISE SISTÊMICA A análise sistêmica baseia-se em critérios específicos para entender o funcionamento de um sistema. Esses critérios incluem: 1. Foco no todo: · O sistema como um todo é o principal foco de análise, enquanto as partes recebem atenção secundária. 2. Integração entre as partes: · A inter-relação entre as partes é essencial para a análise da totalidade. 3. Interdependência: · Modificações em uma parte afetam todo o sistema e as demais partes. 4. Papel de cada parte: · Cada parte tem uma função específica, contribuindo para os objetivos do sistema. 5. Função determinada pelo todo: · A natureza e a função de cada parte são definidas por seu papel no sistema. Etapas da Análise Sistêmica: 1. Análise do todo: Avaliação global do desempenho do sistema. 2. Análise das partes: Identificação e avaliação das funções de cada parte. 3. Análise da inter-relação entre as partes: Estudo dos fluxos e interações entre as partes. Aplicação na Empresa (Modelo Sistêmico): Uma empresa pode ser analisada com base em quatro subsistemas principais: 1. Subsistema de Planejamento: · Atividades: Definição de estratégias, pesquisa e desenvolvimento, gestão do conhecimento e competências. 2. Subsistema de Produção: · Atividades: Produção de bens e serviços, planejamento e controle da produção, gestão da qualidade, logística interna e externa, projeto de produto/serviço, manutenção e ferramentaria. 3. Subsistema de Atendimento: · Atividades: Atendimento pessoal e a distância (comércio eletrônico, call-center), marketing (pesquisa de mercado, estratégias, preço, produto, promoção, distribuição), vendas (propostas, cotação, administração da força de vendas). 4. Subsistema de Apoio: · Atividades: Aquisição de bens e serviços, gestão de recursos humanos (recrutamento, treinamento, remuneração), gestão financeira e contábil (contabilidade, fluxo de caixa), projeto de sistemas de informação, atividades jurídicas e relações institucionais. COMO ANALISAR UM SISTEMA? Para analisar um sistema, é necessário focar em quatro aspectos principais: objetivos, componentes, processo, e administração e controle. 1. Análise dos Objetivos: · Identificar os objetivos do sistema e avaliar seu grau de alcance. · Exemplo (sistema de vendas): Volume de vendas, custo de vendas, vendas por produto, região ou vendedor. 2. Análise dos Componentes: · Identificar as partes ou elementos do sistema. · Avaliar a natureza de cada componente, sua origem e como obtê-los. · Exemplo (sistema de vendas): Força de vendas, política de incentivos, manuais, material de propaganda, catálogos, programação de visitas. · Verificar como cada componente impacta o alcance dos objetivos. 3. Análise do Processo: · Identificar as operações necessárias para atingir os objetivos. · Organizar os componentes para realizar essas operações. · Definir o tempo do ciclo do processo (ex.: tempo entre tirar o pedido e entregar o produto/serviço). · Exemplo (sistema de vendas): Treinamento de vendedores, remuneração, controle de pedidos. 4. Análise da Administração e Controle: · Avaliar se o modelo de gestão garante o alcance dos objetivos. · Verificar a existência de feedback (informações, sugestões e críticas de clientes, vendedores, revendedores, etc.). · Analisar se os dados coletados permitem ao sistema regular seu funcionamento, identificar problemas, introduzir melhorias e ajustar-se aos objetivos. ANALISANDO OS FLUXOS DE INFORMAÇÕES Ao analisar um sistema empresarial ou social, é essencial entender os fluxos de informações, que são fundamentais para seu funcionamento. Esses fluxos envolvem: 1. Informações do Ambiente Externo (Entradas): · Dados e insumos recebidos do ambiente externo (ex.: fornecedores, clientes, governo). 2. Informações Internas (Processamento): · Informações geradas pelos subsistemas da empresa durante o processamento. 3. Informações para o Ambiente (Saídas): · Resultados ou dados produzidos pela empresa e enviados ao ambiente externo. Importância dos Fluxos de Informação: · Os fluxos de informação são responsáveis pela comunicação e integração entre as diversas áreas e setores da empresa. · Exemplos: Relatórios enviados pela alta administração, informações trocadas entre subsistemas (financeiro, marketing, etc.). Amplitude dos Fluxos: · Além de informações, os fluxos envolvem troca de materiais e energia. · Facilitam a interação entre os subsistemas da empresa e entre a empresa e outros sistemas externos (governo, comunidade, fornecedores, parceiros). ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS O MODELO DEKATZ E KHAN Katz e Kahn (1970) desenvolveram um modelo que analisa as organizações como sistemas abertos, destacando as seguintes características: 1. Importação (Entradas): · Insumos necessários para o funcionamento da organização, como mão-de-obra, matéria-prima e capital. 2. Transformação (Processamento): · Processamento dos insumos por meio de atividades internas, como administração e produção. 3. Exportação (Saídas): · Produtos gerados pela organização (bens, serviços e informações) para clientes, governo e parceiros. 4. Ciclo de Eventos: · Sequência entrada – processamento – saída, que define o funcionamento da organização. 5. Entropia Negativa: · Necessidade de informações e recursos para a sobrevivência e desenvolvimento da organização. 6. Informação como Insumo, Retroação Negativa e Decodificação: · Recebimento de informações como insumo, com base no feedback (positivo ou negativo) do mercado e clientes, para corrigir erros e melhorar produtos. 7. Estado Firme e Homeostasia Dinâmica: · Estado de equilíbrio que garante o funcionamento contínuo da organização. 8. Diferenciação: · Existência de setores, áreas e funções especializadas dentro da organização. 9. Eqüifinalidade: · Diversos caminhos que a organização pode seguir para alcançar seus objetivos. 10. Limites ou Fronteiras: · Delimitação do espaço de atuação do sistema, definindo o que faz parte da organização e o que pertence ao ambiente externo. O MODELO DE EMERY E TRIST Emery e Trist, pesquisadores do Instituto Tavistock, desenvolveram na década de 1960 o modelo sociotécnico, que analisa a empresa como um sistema composto por dois subsistemas inter-relacionados: 1. Subsistema Social: · Composto por pessoas e grupos, seus comportamentos, atitudes, motivações, formações, qualificações, experiências e padrões de relacionamento. 2. Subsistema Técnico: · Inclui tarefas, máquinas, instalações, equipamentos, normas e procedimentos. Características das Organizações como Sistemas Sociotécnicos: · A organização é um sistema aberto que interage com o meio ambiente. · Possui capacidade de auto-regulação. · Pode alcançar os mesmos objetivos por diferentes caminhos e utilizando diferentes recursos (equifinalidade). · Busca um estado de equilíbrio dinâmico. Metodologia de Análise Proposta por Emery e Trist: 1. Avaliação Inicial: · Análise do desempenho da empresa (lucro, rentabilidade, participação de mercado, volume de vendas e produção). · Análise das características do meio ambiente (variáveis sociais, tecnológicas, mercado, concorrentes). 2. Identificação das Principais Operações/Atividades: · Exemplos: produção, marketing. 3. Análise do Sistema Social: · Estudo das relações sociais dentro da empresa. 4. Análise do Sistema Técnico: · Avaliação de instalações, máquinas, equipamentos, normas e procedimentos. 5. Análise da Rede de Clientes e Fornecedores: · Estudo das relações e problemas com clientes e fornecedores. 6. Avaliação: · Síntese dos resultados das análises anteriores. 7. Recomendações: · Propostas de soluções para os problemas identificados. O MODELO DE CHURCHMAN Churchman (1972) definiu as organizações como sistemas abertos com as seguintes características: 1. Abordagem Teleológica: · As organizações são conjuntos de partes coordenadas para atingir um ou mais objetivos. 2. Sistemas Determinísticos: · O desempenho da organização pode ser determinado e previsto. 3. Subsistemas com Qualidades Teleológicas e Determinísticas: · Os subsistemas da organização (vendas, recursos humanos, logística, finanças, etc.) mantêm as mesmas características de busca por objetivos e previsibilidade. 4. Inserção no Ambiente: · A organização é um subsistema de um sistema maior (ambiente externo). 5. Sistema Decisor Interno: · Núcleo de decisão (alta administração) que influencia o comportamento, a estrutura e o desempenho da organização. O MODELO DE EDGAR SCHEIN Schein definiu as organizações como sistemas abertos com as seguintes características: 1. Constante interação com o ambiente. 2. Objetivos e funções múltiplas. 3. Constituída por um conjunto de subsistemas interdependentes. 4. Atua em um ambiente dinâmico, interagindo com outros ambientes. 5. Dificuldade em definir fronteiras claras. MODELO DE HERBERT SPENCER Spencer comparou as organizações a organismos sociais, semelhantes aos indivíduos, destacando: 1. Crescimento: A organização cresce ao longo do tempo. 2. Complexidade crescente: Torna-se mais complexa à medida que cresce. 3. Interdependência das partes: Partes do sistema tornam-se mais interdependentes com o aumento da complexidade. MODELO DE BUCKLEY Buckley introduziu o conceito de morfogênese, que se refere à capacidade dos sistemas de alterar suas próprias estruturas internas. Para ele: · O sistema organizacional possui processos internos que permitem aperfeiçoar ou modificar sua estrutura ou estado. · Essa capacidade de adaptação é essencial para a sobrevivência e evolução do sistema em ambientes dinâmicos. ANALISANDO O SISTEMA ORGANIZACIONAL COMO NEGÓCIO Robert Pirsig, em Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas (1974), propôs uma análise do sistema organizacional com base em quatro níveis hierárquicos: 1. Nível Intelectual: · Envolve o conceito do negócio, valores, missão, estratégia e processos. · Considerado o nível mais importante, pois define a direção e o propósito da organização. 2. Nível Social: · Abrange as pessoas, equipes, estrutura informal, cultura e clima organizacional. · Reflete as interações humanas e a dinâmica interna da organização. 3. Nível Biológico: · Relacionado à saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho. · Garante o bem-estar físico e mental dos colaboradores. 4. Nível Físico: · Inclui tecnologia, infraestrutura, localização e recursos naturais. · Refere-se aos aspectos materiais e tecnológicos que suportam as operações da empresa. O PAPEL DA INFORMAÇÃO NO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA A informação é essencial para o funcionamento de um sistema, permitindo que ele desempenhe suas funções e atinja seus objetivos. As informações necessárias podem ser classificadas em três tipos: 1. Informação sobre o Mundo Externo (Mapeamentos): · Dados coletados sobre o ambiente externo (aspectos econômicos, legais, políticos, sociais, culturais, tecnológicos). · Exemplo: Pesquisas de mercado, análises estratégicas, relatórios e documentos. 2. Informação Armazenada (Memória): · Dados armazenados e acessíveis, que podem ser recombinados e utilizados para análises e decisões. · Exemplo: Bancos de dados da empresa, que reúnem informações internas e externas. 3. Informação sobre o Funcionamento do Sistema (Feedback): · Respostas e avaliações sobre o desempenho do sistema. · Exemplo: Reclamações, elogios e sugestões de clientes; reivindicações de funcionários; avaliações internas; notificações de órgãos governamentais. Aplicação na Empresa: · A empresa coleta informações externas por meio de áreas como marketing, comunicação, planejamento e assessoria jurídica. · Essas informações são comparadas com dados internos, formando um banco de dados (memória organizacional). · O feedback, por sua vez, permite ajustes e melhorias no funcionamento da empresa, com base nas respostas de clientes, funcionários e outros sistemas interligados. A CIBERNÉTICA: UM SUBPRODUTO DA TEORIA DOS SISTEMAS A Cibernética é um subproduto da Teoria dos Sistemas, criada por Norbert Wiener, matemático americano (1894–1963). Ela estuda a comunicação e o controle em máquinas, seres vivos e grupos sociais, focando no tratamento da informação, como codificação, decodificação, retroação (feedback) e aprendizagem. Principais Conceitos da Cibernética: 1. Retroação (Feedback): · Introduziu a ideia de círculo causal, onde A age sobre B, e B age de volta sobre A, rompendo com a causalidade linear. · Esse mecanismo de regulação permite a autonomia de sistemas, sejam organismos, máquinas ou grupos sociais. 2. Aprendizagem: · Wiener discutiu a noção de aprendizagem com base na retroação, destacando como sistemas podem se adaptar e evoluir. 3. Controle e Organização:· A cibernética oferece sistemas de organização e controle que auxiliam diversas ciências. · É uma teoria baseada na comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio, e no controle (retroação) das funções do sistema em relação ao ambiente. Contribuições: · A cibernética trouxe inferências importantes para diversos campos da ciência, como biologia, psicologia, sociologia e engenharia. · Bertalanffy (1968) destacou que a cibernética é essencial para entender a organização e o controle de sistemas complexos. DESENVOLVENDO SISTEMAS O desenvolvimento de sistemas é uma prática utilizada tanto por empresas de consultoria, que criam e comercializam modelos de sistemas, quanto por grandes e médias empresas, que desenvolvem seus próprios sistemas de gestão. 1. Sistemas Desenvolvidos por Empresas de Consultoria: · Exemplo: Sistema de Planejamento de Marketing desenvolvido por Malcom McDonald (Cranfield School of Management), representado no Brasil pela consultoria Sinergia. · Etapas do Sistema: 1. Busca de Informações: · Entrevistas com executivos, pesquisas de concorrentes, satisfação de clientes, expectativas do público-alvo e análise de dados financeiros e de vendas. 2. Análise da Situação Atual: · Avaliação da qualidade do produto/serviço, público-alvo, custos, preços, valor percebido pelos clientes, canais de venda, promoção e fidelização. 3. Definição de Estratégias e Ações: · Elaboração e implementação do plano de marketing. 4. Implementação do Marketing: · Execução das ações planejadas. 5. Revisão do Planejamento: · Controle, avaliação e ajustes das estratégias e objetivos com base nos resultados. 2. Sistemas Desenvolvidos por Grandes Empresas: · Exemplo: Sistema de Gestão da Votorantim Celulose e Papel (VCP). · Objetivo: Integrar todas as ações e esforços para alcançar os melhores resultados. · Fases de Implantação: 1. Fase 1 (1992–1995): · Padronização industrial, certificações ISO e criação de grupos de trabalho. 2. Fase 2 (1996–2000): · Engenharia de processos, infraestrutura de Tecnologia da Informação e novas ferramentas de gestão. 3. Fase 3 (2001–2003): · Revitalização e implantação do modelo de gestão por negócio. 4. Fase 4 (Atual): · Foco na excelência e qualidade, com base nos critérios do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ).