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ATPS - INSTRUMENTOS

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Docentes:
 
Curso: Serviço Social
 Disciplina: Instrumentos e Técnicas da Atuação Profissional
Tutora à distância: 
 Tutora Presencial: Fabiana
 Cuiabá, 30 de Maio de 2015.
REFLEXÃO ENTRE TORIA E PRÁTICA
	As várias formas de conhecimento encontram seu alcance e sentido na conexão com atividade prática, entendida aqui como existência material, social espiritual do homem as relações efetivas entre homens, suas condições de vida, a vida real. A prática é o espaço onde se origina, realiza-se e se confronta o conhecimento, visto ser o local onde a realidade se põe.
A prática determina até onde pode desenvolver pode desenvolver o conhecimento, ele está associado ás necessidades ás necessidades materiais, produtivas, práticas do homem social, ela oferece as formações econômico-sociais, e estão diretamente ligadas ao tipo de produção e técnica necessárias a essas formações. Segundo Vázquez (1977, p.222) “a prática em seu mais amplo sentido e particularmente, a produção, evidencia seu caráter de fundamento da teoria na medida em que esta se encontra vinculada as necessidades práticas do homem social”.
A teoria, se circunscreve em propiciar o conhecimento da realidade que é objeto de transformação; o conhecimento dos meios e de utilização com os quais se efetiva essa transformação; o ´conhecimento da prática acumulada em forma de teoria; a finalidade ou antecipação dos resultados objetivos que se pretende atingir; e, no decorrer do processo prático, um atendimento ás necessidades que irão surgindo com a resistência da matéria a ser transformada, e que vai acarretando resultados imprevisíveis. 
Chauí(180, p. 111) permite precisar o âmbito da teoria e o âmbito da prática, quando afirma que
a relação entre teoria e prática é uma relação simultânea e recíproca por meio da qual a teoria nega a prática enquanto prática imediatamente, nega a prática como um fato dado para revelá-la em suas mediações e como práxis social, ou seja, como atividade socialmente produzida e produtora da existência social. A teoria nega a prática como comportamento e ação dados, mostrando que se trata de processos históricos determinados pela ação dos homens que, depois, passam a determinar suas ações. Revela o modo pelo qual criam suas condições de vida e são, depois, submetidos por essas próprias condições.
A prática, por sua vez, nega a teoria como um saber separado e autônomo, como puro movimento de idéias se produzindo umas ás outras na cabeça dos teóricos. Nega a teoria como um saber acabado que guiaria e comandaria de fora a ação dos homens. E negando a teoria enquanto saber separado do real que pretende governar esse real, a prática faz com que a teoria se descubra como conhecimento das condições reais da prática existente, de sua alienação e de sua transformação.
 A PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL 
	A discussão de instrumentos e técnicas para a ação profissional refere se a instrumentalidade, a dimensão que o componente instrumental ocupa na constituição da profissão. É atuar sobre as limitações, com uma modalidade de razão que mantenha seu foco voltado às finalidades e não apenas para as dificuldades; que ao se defrontar com elas possa estabelecer um plano de ação capaz de se construir no meio para o alcance da finalidade. 
Esta é a perspectiva que pode reavaliar o passado da profissão e ao mesmo tempo operar a ruptura com o seu cariz conservador, modernizante ou tradicional. 
Enquanto prática profissional historicamente produzida pela divisão social e técnica do trabalho, de um lado , e pela intervenção profissional de seus agentes, de outro, o Serviço Social possui diversas racionalidades. Este núcleo inteligível, construído na fricção entre as condições objetivas sobre as quais a ação do assistente social incide e a posição teleológica de seus agentes, materializa-se em ações profissionais.
A análise, ainda que preliminar, da instituição Serviço Social aponta para a centralidade do seu caráter interventivo, uma vez que dele depende a existência, materialidade e funcionalidade da profissão.
O Serviço Social desenvolve ações instrumentais como exigências da sua forma de inserção na divisão social e técnica do trabalho e alocação nos espaços socioinstitucionais da ordem capitalista dos monopólios. Estas ações são, ao mesmo tempo, amparadas por uma modalidade de razão requisitadas por ela. Dado ao caráter hierarquicamente primário que ocupa na constituição da profissão, a instrumentalidade denota a “razão de ser” do Serviço Social, produzida e reproduzida pelo racionalismo formal-abstrato das formas de existência e consciência dos homens nas sociedades burguesas maduras. Este caráter instrumental, se, por um lado, constitui a funcionalidade para a qual a sociedade convoca o profissional, a sua razão de ser, por outro é o que lhe possibilita a passagem das teorias às práticas.
A Instrumentalidade do Serviço Social coloca-se não apenas como dimensão constituinte e constitutiva da profissão mais desenvolvida, referenciada pela prática social e histórica dos sujeitos que a realizam, mas , sobretudo, como campo de mediação no qual os padrões de racionalidade e as ações instrumentais se processam. Se isto é verdade, há que se discernir entre instrumentalidade, enquanto conduto de passagem das racionalidades; ações instrumentais, enquanto atividades finalisticas; e o grau de abrangência das modalidades da razão que iluminam as ações profissionais.
A PRÁTICA PROFISIONAL, INSTRUMENTOS, AÇOES E ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICO
	Atualmente, os ajuste impostos às políticas sociais no Estado capitalista, por intermédio da política neoliberal. Acirrada no Brasil na década 10, tem demandado ao assistente social uma visão crítica da realidade. Cabe ao profissional ir além das fronteiras do imediatismo, com distanciamento necessário das funções pontuais, repetitivas e burocráticas, e um constante investimento no processo de apreensão da realidade concreta e das mudanças sociais em movimento, para identificar novas possibilidades de intervenção profissional, por meio de qualificação continuada para desenvolvimento de novas competências e habilidades para atender as novas demandas postas a profissão.
Entre os assistentes sociais é freqüente o discurso da dicotomia entre teoria e prática, o que revela resquícios de uma fragilidade de fundamentação teórico-metodológica para uma atuação competente. Os limites se desvelam pela falta de clareza dos fundamentos que orientam a prática profissional, prevalecendo posturas conservadoras, autoritárias, discriminatórias, tecnocratas e clientelistas, enfraquecendo o projeto ético-político cuja defesa de liberdade e da emancipação dos sujeitos sociais e se fazem presentes.
 O Assistente social tem formação para trabalhar com serviços sociais nas mais diversas áreas; órgãos da administração pública e privada, empresas organizações da sociedade civil, com políticas sociais na área da saúde, habitação, educação, assistência, jurídica, entre outras.
A habilidade do profissional vai além de ser somente executivo, inclui a capacidade de propor e implementar políticas sociais, e avaliar projetos na área social, realizar perícias técnicas, emitir pareceres, exercer funções de direção na administração de serviços sociais. 
O trabalho destes profissionais deve ser realizado sob a perspectiva da totalidade, não visualizando apenas o indivíduo, mas as relações mais amplas, buscando formas de intervenção para sua formação, a partir de atendimentos às demandas mais imediatas que se fazem presente no cotidiano profissional.
A disposição de estratégias de ação resultará no método de trabalho empregado pelo Assistente Social, modificando uma realidade, transformando o sujeito em ator e autor de sua história. Esta prática profissional é a verdadeira legitimação da profissão. Deste modo, competem aos profissionais uma constante e permanente
formação técnica capaz de garantir o aprimoramento de competência técnico operativo e intelectual, consolidando o compromisso político com a classe trabalhadora. (GUERRA, 2005).
Magalhães(2003, p.47) afirma que”não é possível esquecer que o eixo técnico-operativo das profissões deve estar relacionado ao seu norte ético-político, pois mesmo no uso de um instrumento de apoio há uma intencionalidade”.
 O cotidiano da intervenção profissional, nos mais diversos campos de atuação, é marcado pelo atendimento às demandas e requisições da classe trabalhadora, que exige respostas diretas, na perspectiva imediata. Estas demandas e requisições dizem respeito ao atendimento às necessidades básicas dos sujeitos e, para as quais se faz necessário proporcionar acessos aos direitos reclamáveis. Para Guerra (2000), muita destas requisições da profissão são em nível de responder às demandas – contraditórias – do capital e do trabalho, colocando a intervenção profissional à uma dimensão instrumental, o que significa reduzir uma atuação funcional à manutenção da ordem no atendimento do projeto burguês.
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Muitas vezes o Assistente Social
une as determinações, objetivos e práticas do setor e ou da instituição em que atua, como se fossem atribuições profissionais específicas, o que pode limitar as demandas profissionais às exigências do mercado de trabalho. Isso impede a emancipação social e humana, que é a direção proposta pelo projeto ético-político profissional do Serviço Social. “Neste âmbito, a competência profissional fica restrita ao atendimento das demandas institucionais, e a intervenção profissional se identifica à adoção de procedimentos formais, legais e burocráticos”. (GUERRA, 2000, p. 12).
Magalhães (2003, p. 6), afirma que o cotidiano do trabalho “deve ser vivenciado de modo pleno, consciente e compromissado (política e eticamente), para que a ação profissional apresente-se como uma possibilidade, não de alienação, mas de construção de valores que dêem sentido ético-político à história profissional”.
É de suma importância uma prática consciente e refletida, que não se deixe levar unicamente pela cotidianidade, que muitas vezes configura-se como uma porta aberta para alienação e que só pode ser superado por meio de uma prática compromissada e crítica-reflexiva.
Segundo Iamamoto (2003, p.20), “um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir das demandas emergente no cotidiano”.
É importante que os Assistente Sociais estejam permanentemente imprimindo na ação e no conhecimento da realidade, uma atitude investigativa para garantir maior rigor e consistência teórico-metodológica no cotidiano da intervenção.
 O SIGNIFICADO DA CATEGORIA MEDIAÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL
	O termo mediação é freqüente entre pesquisadores, principalmente, da área social. O termo assume o sentido de categoria dialética, com caráter dinâmico e processual. Portanto presente num sistema de forças ou espaço contraditório que estão presentes no cotidiano das instituições públicas ou privadas responsáveis por repassar aos usuários as Políticas Sociais.
O Serviço Social, como profissão interventiva, cujas ações ocorrem junto a problemas reais que demandam soluções objetivas e com cientificidade entende a prática dentro dos seguintes elementos estruturais, segundo Pontes(1997):
1- “a teoria social”, apontando o método
2 – “o projeto de sociedade”, o que se quer atingir
3 – “o projeto profissional”, que dá direção à ação
4 – “o instrumental teórico-técnico de intervenção”, os instrumentos teóricos e metodológicos”da prática”.
 Historicamente o Serviço Social adquiriu cunho de cientificidade buscando ambasamento teórico e epistemológico para qualificar as intervenções. A prática do Assistente Social não funciona mais como uma ação que tem começo, meio e fim, mas, como processo contínuo, investindo na capacidade teórico-metodológico dos seus profissionais. A nova configuração social alicerçada no sistema capitalista, no neoliberalismo exige dos profissionais constante aprimoramento e qualificação visando respostas às demandas oriundas dessa desorganização da realidade social.
 Para estes modelo de prática, que visa superação da problemática vivida pelos usuários, aqueles que buscam apoio e orientação, principalmente nas instituições, as mediações surgem como resposta às demandas dos mesmos e como suporte, com qualidade, para as ações dos profissionais.
A mediação, portanto, tem a perspectiva de organizar a metodologia de intervenção, comprometida com usuários despojados de seus direitos, constituindo-se em categoria central da prática pelas potencialidades que apresente, propiciando ao Assistente Social interagir com os mesmos no enfrentamento das demandas apresentadas.
 A metodologia reconceituada do Serviço Social permite ao profissional identificar nas mediações o concreto e apreender a sua particularidade histórico-social, identificando determinantes, vinculações e a complexidade das problemáticas sociais. Em outras palavras, significa dizer que o profissional através da postura reflexiva recompõe o “campo de mediações”, lugar das articulações e enfrentamentos dos pragmatismos institucionais.
A demanda institucional se coloca diante do profissional como simples atividade, sem espaço para mediações, cujos objetivos e metas e desenvolver intervenções que não extrapolem o pré-estabelecimento. O que é permitido é a setorização das necessidades dos usuários, a inserção social é a reiterada pelos programas normatizados, conformados a imediaticidade, com respostas paliativas, organizadas com “um fim em si mesmo”.
Apreender a dialética interior das demandas significa reconstruir a rede do espaço institucional e identificar aí o problema social, contextualizando-o para poder intervir, mediatizando. 
 O campo da intervenções institucionais se apresente como despido de mediações, com práticas imediatizadas, onde profissional e usuários estão submetidos a uma só dimensão de prática, a institucionalizada. A categoria mediação permite ao profissional de Serviço Social repelir esta prática revendo os procedimentos institucionais e superando as limitações dos equipamentos teórico-metodológicos da sua prática. 
BIBLIOGRAFIA
Instrumentos e técnicas no Serviço Social. 2. ed. São Paulo Lumen Juris,2012.
SANTOS, Cláudia Mônica dos. Na prática a Teoria é Outra? Mitos e Dilemas na Relação entre Teoria, Prática.
SUGUIHIRO, Vera Lucia Tieko et al. O Serviço Social em debate: Fundamentos teórico-metodológicos na contemporaneidade.
VERGARA, E. M. B. O significado da Categoria Mediação em Serviço Social.

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