Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: Operações Unitárias para a Indústria de Alimentos II PROFESSORA: Dra. Miriam Carla B. Ambrosio Ugri I - TROCADORES DE CALOR 1 - INTRODUÇÃO A transmissão de calor é o estudo das taxas de troca de calor entre fontes (corpos quentes) e receptores de calor (corpos frios) geralmente tratados independentemente. O Trocador de Calor é muito comum nas indústrias, sendo que a transferência de calor ocorre de um fluido ao outro através de uma parede metálica. Os fluidos envolvidos podem ser gases, líquidos ou de um líquido para um gás e vice-versa. O caso mais comum é a transferência de calor do vapor para o líquido. O calor transferido pode ser o calor latente acompanhado de uma mudança de fase (condensação ou vaporização) ou pode ser calor sensível pelo aumento ou diminuição da temperatura de um fluido sem mudança de fase. Os trocadores podem ser classificados de diversas maneiras: � quanto ao modo de troca de calor, � quanto ao número de fluidos, � tipo de construção, etc. De uma forma mais básica, duas classificações vão nos interessar: 1. a que divide os trocadores entre os que utilizam o contato direto e os de contato indireto 2. e uma outra que os classifica em função das suas características de construção. Existem três modos diferentes para a transmissão de calor de uma fonte para um receptor Estes mecanismos denominam-se: - Condução: a transmissão de calor ocorre através de um material fixo, tal como numa parede. - Convecção: a transmissão é devida ao movimento do fluido. O fluido frio adjacente a uma superfície quente recebe calor, o qual é transmitido para todo o volume de líquido frio misturando-se com ele. A convecção livre ocorre quando o movimento do fluido não é incrementado por agitação mecânica. Porém, quando o fluido for agitado mecanicamente, o calor será transmitido por convecção forçada. - Radiação: envolve a transmissão da energia radiante de uma fonte para um receptor, sendo que uma parte da energia é absorvida e outra parte é refletida pelo receptor. 2 2 – CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO NUM TROCADOR DE CALOR 2.1 – Temperaturas de Operação As Temperaturas terminais dependem da exigência do processo. Se as temperaturas terminais forem muito elevadas, devem-se utilizar materiais de construção mais nobres, juntas de expansão etc. 2.2 – Velocidade de Escoamento A velocidade de escoamento influencia na eficiência de troca térmica, na perda de carga, na erosão e no depósito de sujeira. Quanto maior a velocidade de escoamento, maior é a turbulência dentro do trocado de calor. O aumento da turbulência faz com que o coeficiente global de troca térmica (U) seja aumentado, diminuindo a área de troca térmica para uma determinada quantidade de calor (Q). Porém, se a turbulência é aumentada, o atrito e a perda de carga também aumentam, podendo até ultrapassar valores máximos admissíveis. A Tabela apresenta os valores práticos encontrados para velocidade de escoamento em trocadores de calor. Tabela 1 - Valores práticos para velocidade de escoamento num TC: Fluido Velocidade Recomendada (m/s) Gases e vapores 25 a 30 Líquidos com viscosidade < 50 cP 1 a 3 Líquidos c/ viscosidade entre 50 e 1000 cP 0,5 a 2 Líquidos com viscosidade > 1000 cP 0,2 a 1 Água de resfriamento nos tubos 1 a 2,5 2.3 – Perda de Carga Admissível Uma perda de carga excessiva representa um elevado consumo de energia operacional, por isso deve-se evitar. A Tabela 2 apresenta as faixas usuais para perdas de carga em trocadores de calor. Tabela 2 - Faixas de valores usuais para perdas de carga admissíveis: Fluido Perda de Carga Admissível (psi) Gases e vapores em operações a pressões altas ou intermediárias 2 a 10 Gases e vapores em operações a pressões próximas à atmosférica ou sob vácuo 0,3 a 2 Líquidos 10 a 25 2.4 – Fator de Sujeira Para a determinação do grau de depósito de sujeira em um trocador de calor devem- se acompanhar os valores de temperatura e pressão ao longo do tempo de operação. 3 Quanto maior o depósito de sujeira, menor é a eficiência de troca térmica e maior as diferenças de pressões. 2.5 – Localização dos Fluidos a) Fluido com maior tendência de incrustação: circular o fluido mais sujo (com maior fator de incrustação) no lado dos tubos b) Fluido corrosivo: fluido corrosivo no lado dos tubos; pois "só se corrói" o tubo, que pode ser protegido com uso de material de construção mais resistente ou até ser revestido internamente, se for o caso. c) Fluido com temperatura ou pressão muito elevada: circular o fluido nessas condições no lado dos tubos. d) Fluido com menor velocidade de escoamento: devido à possibilidade de colocação de chicanas transversais, é mais fácil provocar uma turbulência intensa no casco do que no lado dos tubos. e) Fluido mais viscoso: o fluido mais viscoso no lado do casco, pois é fácil intensificar a turbulência. f) Fluidos letais e tóxicos: lado dos tubos g) Fluido com diferença entre as temperaturas terminais muito elevada (maior que 150°C): circular esse fluido pelo casco, para minimizar problemas construtivos causados pela expansão térmica. 3 - TEMPERATURA E ESCOAMENTO Uma diferença de temperatura (∆T) gera a força motriz que determina a transferência de calor de uma fonte para um receptor. Considere a troca de calor entre dois fluidos em um trocador de calor onde o fluido de mais alta temperatura é denominado "fluido quente" e o de mais baixa temperatura "fluido frio". Serão usadas letras maiúsculas para representar as grandezas relacionadas com o fluido quente e letras minúsculas para o frio, além do índice 1, para representar as condições de entrada de cada fluido no trocador e do índice 2 para suas respectivas condições de saída. O escoamento dos dois fluidos no trocador pode ser concorrente, também denominado paralelo (mesmo sentido), em contracorrente (sentidos opostos) ou com corrente mista. Uma representação gráfica da variação das temperaturas ao longo do trocador com dois tubos concêntricos para o escoamento paralelo e em contracorrente é vista nas Figuras 1 e 2 . A Figura 3 apresenta esquematicamente o escoamento em corrente mista. 4 Figura 1 - Escoamento contracorrente Figura 2 - Escoamento paralelo Figura 3 – Escoamento em corrente mista A temperatura do fluido interno, em qualquer uma das figuras abaixo, varia de acordo com uma dada curva à medida que ele escoa no tubo, e a temperatura do fluido na parte anular (tubo interno) varia de acordo com a outra curva. A diferença de temperatura, para qualquer comprimento a partir da origem onde L=0, é a distância vertical entre as duas curvas. A transferência de calor pode ocorrer em dois regimes: � variável: em que a diferença de temperatura (∆T) varia com o tempo; e � estacionário: em que a temperatura não se altera com o tempo em um determinado ponto do trocador, o que ocorre na maioria dos trocadores de calor. 5 O escoamento com corrente mista é utilizado para aumentar a velocidade de escoamento dos fluidos pelo equipamento, sendo utilizado nos trocadores de calor multitubulares. Para tanto, costuma-se passar os fluidos várias vezes pelo equipamento, que é o número de passagens também chamado de passes. A limitação de temperatura é a mesma do trocador em contracorrente. 4 - CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR Um equipamento de transferência de calor é definido pela função que desempenha em um processo. Assim, é usual a seguinte classificação: a) Trocadores - utilizados para troca de calor entre dois fluxos (ou fluidos)a temperaturas diferentes. b) Aquecedores - usados em processos de aquecimento de fluidos, sendo o vapor o fluido quente mais utilizado para este propósito. c) Resfriadores - usados em processos de resfriamento de fluidos, sendo a água o fluido refrigerante mais utilizado para este propósito. d) Vaporizadores - aquecedores cujo principal objetivo é o fornecimento de calor latente (vaporização) do fluido frio. e) Condensadores - resfriadores cujo principal objetivo é a retirada de calor latente (condensação) do fluido quente. f) Ebulidores ou Refevedores - utilizados no fornecimento de calor em um processo de destilação. g) Evaporadores - usados na concentração de soluções pela evaporação de água (solvente). 5 - TIPOS DE TROCADORES Na indústria são utilizados diversos tipos de equipamentos na troca de calor entre fluidos. Os mais comuns são: a) Trocadores Bitubulares ou de tubos concêntricos – geralmente apresenta dois trechos retos e com conexões apropriadas nas extremidades de cada tubo, para dirigir o fluido de uma seção reta para outra. Esse conjunto em forma de U é denominado grampo, como é mostrado na Figura 4. Normalmente um trocador de tubo duplo é composto por diversos grampos ligados em série, fornecendo, assim, uma área de troca térmica razoável. Neste tipo de trocador um fluido escoa pelo tubo interno e o outro, pelo espaço anular, sendo que a troca de calor ocorre através da parede do tubo interno. Figura 4 - Trocador Bitubular composto por um grampo. 6 Vantagens: facilidade de construção, de montagem e de manutenção, ampliação de área, ou seja, pode ser instalada uma área adicional em uma unidade já existente. Podem trabalhar com pressão padrão (30,5 bar) ou alta pressão, com comprimento variando de 1,5 a 7,5 m. Desvantagens: grande espaço físico que ocupa para pouca área de troca que fornece e o alto custo por unidade de área de troca de calor. b) Trocadores Multitubulares ou de “casco e tubos” – como na Figura 5, é composto por um casco cilíndrico, contendo um conjunto de tubos, colocado paralelamente ao eixo longitudinal do casco. Os tubos são presos, em suas extremidades, a placas perfuradas denominadas espelhos, a cada furo corresponde a um tubo do feixe. Neste trocador, um dos fluidos escoará pelo interior dos tubos (fluido do lado tubo) e o outro por fora dos tubos (fluido lado casco). Pode ser utilizado para amplas faixas de vazão, temperatura e pressão. É o único tipo que pode ser aplicado a processos que necessitam de grandes áreas de troca térmica (acima de 5000 m2), pressões acima de 30 bar e temperaturas superiores a 260 °C. Se construído com material especial, pode operar com fluidos corrosivos. Figura 5 – Trocador de Calor Multitubular c) Trocadores de Placas – consiste de um suporte onde placas independentes de metal, sustentadas por barras, são presas por compressão, entre uma extremidade móvel e outra fixa. Entre placas adjacentes formam-se canais por onde os fluidos escoam. A troca de calor se dá através de cada placa, de um lado tem-se o fluido frio e do outro, o quente. A Figura 6 apresenta o escoamento em um trocador de placas. 7 Figura 6 – Trocador de Calor de Placas Dados operacionais: Área: 0,1 a 2200 m2 (1 a 24000 ft2) U: 3500 a 7500 W/m2°C (600 a 1300 BTU/ft2h°F) Pmáx: ≈ 25 bar (360 psi) Tmáx: 180 °C Vazão máxima: 3600 m3/h Vantagens: facilidade de acesso à superfície de troca, substituição de placas e facilidade de limpeza; facilidade em alteração da área de troca térmica, ocupando pouco espaço físico; proporcionam elevados coeficientes de transferência de calor para ambos os fluidos em razão das corrugações das placas, que aumentam a turbulência do fluido; baixo custo inicial; entre outras. Restrições: a maioria resiste a pressões de 7 bar mas poucos resistem a pressões de até 25 bar. A temperatura máxima de 260 °C pode ser atingida se for utilizado o amianto, que tem pouca flexibilidade. d) Trocadores de calor em serpentinas ou em espial – desenvolvido na década de 1930 para a indústria de papel, não sendo utilizado em outras indústrias. São bastante compactos, porém, caros, e considerados eficientes, pois apresentam boas taxas de transferência de calor, e ocupam pouco espaço físico. Formado por duas placas de metal enroladas em espiral, com espaço entre elas. Os fluidos são separados por uma superfície curva, que causa turbulência e dificulta a formação de incrustação, como mostrado na Figura 7. Pode- se acomodar uma grande superfície dentro da carcaça. Figura 7 – Trocador de Calor em Serpentinas Pode operar com fluidos viscosos, lamas e líquidos com sólidos em suspensão. A passagem dos fluidos é única e em contracorrente. Pode ser construído com aço carbono, inox, ligas nobres e titânio. A pressão máxima de operação é de ≈ 20 bar; temperatura máxima de ≈ 400 °C e a área de troca de 0,5 até 500 m2 em um único corpo. 8 6 – EQUAÇÃO GERAL DO TROCADOR DE CALOR A equação geral para o projeto de um trocador de calor, para um escoamento permanente, é dada por: Q = U A ∆t (1) sendo: Q - a quantidade de calor trocado U - o coeficiente global de troca térmica, A - a área de troca de calor ∆t - a diferença de temperatura entre os dois fluidos, para toda a superfície A. A quantidade de calor (Q) é calculada pelo balanço de energia no trocador de calor, assim: )()( 12 . 21 . ttcmTTCMQ pp −=−= (1.a) sendo: . M - vazão do fluido quente . m - vazão do fluido frio Cp e cp – calores específicos determinados nas temperaturas médias do fluido quente ( ( )221 TTTm += ) e do fluido frio ( ( )221 tttm += ) Se for desprezada a resistência térmica oferecida pela parede dos tubos do trocador, o coeficiente global U pode ser calculado pela relação: 000 0 0 1 1111111 hhh D DhhA AhU iiii +=+ =+ = (1.b) sendo: Ai – área da parte interna do tubo Ao – área da parte externa do tubo Di – diâmetro da parte interna do tubo Do – diâmetro da parte externa do tubo hi – coeficiente de transferência de calor convectiva para o tubo interno h0 - coeficiente de transferência de calor convectiva para o tubo externo hi0 - coeficiente de transferência de calor convectiva para o tubo interno corrigida para a área externa, podendo ser calculada por ( )DEDIhh ii =0 sendo que DI é o diâmetro interno do tubo e DE o diâmetro externo. O projeto de trocadores de calor usualmente começa com a determinação da área de troca de calor necessária para acomodar uma determinada condição térmica de uma ou das duas correntes. Estas correntes entram no trocador de calor a certas temperaturas e vazões e precisam sair em determinadas temperaturas, por exemplo, especificadas em algum ponto da linha de produção. 9 Deve-se fazer uma consideração sobre as possíveis variações de temperatura de cada fluido ao longo do trocador, em função da direção com que as correntes seguem. As direções relativas do escoamento são especificadas abaixo e mostradas na Figura 8: � correntes opostas: quando as correntes escoam em direções opostas – situação (a); � correntes paralelas: quando elas seguem na mesma direção – situação (b); Figura 8 – Arranjo básico de trocadores de calor Um tipo muito comum de trocador de calor é chamado de casco e tubos (Figura 9). Nesta situação, a carcaça (ou casco) abriga inúmeros tubos que podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoapelos tubos passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça segue um único passe. Observe ainda a presença dos defletores internos, que tornam o escoamento do fluido na carcaça mais envolvente com os tubos. Figura 9 – Trocador de calor casco e tubos 10 6.1 – Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura (MLDT) Geralmente, ambos os fluidos sofrem variações de temperatura que não são lineares quando as temperaturas são graficadas contra o comprimento. O cálculo de ∆t é feito a partir da média logarítmica das diferenças de temperatura, MLDT, dada pela relação: MLDT t t tt t = ∆ ∆ ∆−∆ =∆ 1 2 12 ln (2) sendo que ∆t1 – diferença de temperatura no terminal frio ∆t2 – diferença de temperatura no terminal quente � para o trocador com escoamento paralelo: Sendo que: ∆t1 = T2 - t2 ∆t2 = T1 - t1 � para o trocador com escoamento contracorrente: Sendo que: ∆t1 = T2 - t1 ∆t2 = T1 - t2 6.2 - Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura CORRIGIDA Nos trocadores de calor multitubulares, em que o número de passagens nos tubos é diferente do número de passagens no casco (carcaça), como por exemplo, o trocador do tipo 1-2 com uma passagem no casco e duas ou mais passagens nos tubos, a diferença de temperatura ∆t calculada para o escoamento em contracorrente deve ser corrigida, uma vez que, neste caso, o escoamento não é totalmente em contracorrente (escoamento misto). A correção é feita pelo cálculo de um fator Ft, que depende do número de passagens na carcaça e dos fatores R e S, dados pelas relações: 11 12 12 21 e tT ttS tt TT R − − = − − = (3) 11 Sendo que o fator Ft é determinado a partir de gráficos como o das figuras abaixo (obtidas no livro KERN, 1982, pg. 649-654) para diversas configurações. R é a razão entre a queda de temperatura do fluido quente e o aumento de temperatura do fluido frio, ou seja, a razão entre as capacidades caloríficas dos fluidos frio e quente. S é a razão entre o aumento de temperatura do fluido frio e o máximo aumento que este fluido poderia ter em contracorrente. O fator de correção F definirá, no projeto, o número de passagens no casco. Costuma-se utilizar um valor mínimo para F de 0,8, mas no caso o trocador em estudo apresente valor de F inferior, seu uso é inviabilizado e busca-se melhor configuração. Na situação mais comum, na qual as quatro temperaturas são fixas, a maneira de aumentar F é aumentar o número de passagens no casco. O valor mínimo para F pode ter uma explicação. Para valores de F abaixo de 0,75, as curvas são muito inclinadas, tendendo à posição vertical, principalmente para valores de R elevados. Utilizar trocadores nessa região pode implicar problemas operacionais no caso de pequenas variações de temperatura. Uma pequena oscilação de temperatura de entrada, por exemplo, pode causar grande variação no valor de F. A maioria dos trocadores de calor de passos múltiplos cairá na situação do caso 1 abaixo: um passe na carcaça e múltiplos passes nos tubos. Entretanto, quando as condições de temperatura e velocidade tornarem necessários os múltiplos passes na carcaça, os gráficos adiante se tornam úteis. Caso 1: Fator de Correção para Trocador com um passe na carcaça e dois, quatro ou outros múltiplos de passes nos tubos. 12 Caso 2: Fator de Correção para Trocador com dois passes na carcaça e quatro, oito ou outros múltiplos de passes nos tubos. Caso 3: Fator de Correção para Trocador com três passes na carcaça e seis, doze ou outros múltiplos de passes nos tubos. 13 Caso 4: Fator de Correção para Trocador com quatro passes na carcaça e oito, dezesseis ou outros múltiplos de passes nos tubos. Caso 5: Fator de Correção para Trocador com um passe na carcaça e três, seis ou outros múltiplos de passes nos tubos. 14 Após a determinação de Ft, calcula-se a “verdadeira” diferença de temperatura, dada pela relação: )(MLDTFt t=∆ (4) Deste modo, a equação (1) passa ter a forma: )(MLDTUAFQ t= (5) 6.3 – Temperatura da Parede do Tubo Considere o escoamento do fluido frio no interior do tubo e o do fluido quente na sua parte externa. Neste caso, a temperatura da parede do tubo, tw, é dada por: ( ) ( ) e 00 0 00 0 mm i i mwmm i mw tThh h TttT hh h tt − + −=− + += (6,7) Quando o fluido quente está no interior do tubo e o frio no seu exterior, a temperatura da parede do tubo, tw, é dada por: ( ) ( ) e 00 0 00 0 mm i mwmm i i mw tThh h TttT hh h tt − + −=− + += (8,9) 6.4 – Fator de Incrustação Como foi visto, o coeficiente global de troca de calor (U) pode ser calculado pela equação (1.b), desprezando a resistência da parede do tubo. Entretanto, após certo tempo de uso ou de operação do trocador, as superfícies de transmissão de calor começam a ficar cobertas com depósitos de impurezas, ou corroídas, como resultado da própria ação dos fluidos processados. Este recobrimento representa uma resistência adicional à transferência de calor. Desta forma, ficam definidos dois coeficientes globais: - UC , que se refere à superfície limpa (equação 1.a) ; - UD , que se refere à superfície recoberta de incrustações. Desprezando a resistência à transferÊncia de calor da parede do tubo, tem-se: oio oio ddi hh hhU ou RR U + = +=+= . h 1 h 11 oio 0 A localização dos coeficientes e das temperaturas é indicada na Figura 10. Quando U tiver sido obtido pelos valores de hio e ho, e Q e ∆T forem calculados pelas condições do processo, pode-se calcular a superfície A necessária para o processo, sendo que o cálculo de A chama-se projeto. 15 Figura 10 – Diâmetros anulares e localização dos coeficientes. Definindo-se o fator de incrustação, Rd: CD d UU R 11 −= (10) Este fator engloba as resistências adicionais devidas aos resíduos deixados na parte interna e externa do tubo, e é tabelado para diversos fluidos (Tabela 3). Assim: DC DC dddid UU UU RRRR − =+= e 0 (11,12) Se Rd depositado for maior que o Rd permitido, como depois de um período de serviço, o trocador de calor não fornecerá mais a quantidade de calor (Q) exigida pelo sistema e deve ser polido. Tabela 3 – Fatores de Incrustação (Rd) Temperatura do meio aquecedor Até 240°F 240 - 400°F Temperatura da água ≤ 125°F Acima de 125°F Velocidade da água (ft/s) Velocidade da água (ft/s) Água ≤ 3ft > 3ft ≤ 3ft > 3ft Água do mar Água salobra Torre de resfriamento e tanque de nebulização artificial: Conjunto tratado Não tratado Cidade ou água de poço Água de rio Lamacenta ou lodosa Dura (acima de 15 grãos /galão) Invólucro de máquinas Destilada Água de alimentação de caldeira tratada Descarga de caldeira 0,0005 0,002 0,001 0,003 0,001 0,002 0,003 0,003 0,001 0,0005 0,001 0,002 0,0005 0,001 0,001 0,003 0,001 0,001 0,002 0,003 0,001 0,0005 0,0005 0,002 0,001 0,003 0,002 0,005 0,002 0,002 0,004 0,0050,001 0,0005 0,001 0,002 0,001 0,002 0,002 0,004 0,002 0,022 0,003 0,005 0,001 0,0005 0,001 0,002 16 A Equação Geral do Trocador de Calor toma então a forma: d C DD R UUtAUQ + =∆= 1 onde (13,14) Escrevendo a equação para as condições sem e com incrustação e lembrando que nesses dois casos o calor trocado e a diferença de temperatura devem ser iguais, chega-se a seguinte relação: RdUc Ac Ad .1+= (15) Se não houvesse incrustação, Ad/Ac seria igual a 1, portanto, o termo Uc.Rd, na equação 15, representa o aumento de área em conseqüência da incrustação. 7 - TROCADOR DE CALOR MULTITUBULAR OU TROCADOR DE CARCAÇA (CASCO) E TUBOS 7.1 – Tubos do Trocador de Calor Multitubular Os tubos em de um trocador de calor multitubular podem ser de diversos metais tais como, cobre, bronze, alumínio, aço, aço inoxidável, etc. Eles possuem diferentes espessuras de parede e são tabelados, tendo como referência o BWG (Birmingham Wire Gage). O escoamento pode ser feito em 1, 2, 4, 6 ou 8 passagens. 7.2 – Disposição dos Tubos (Tube Pitch) Há normas e práticas que governam a disposição dos tubos para formar o feixe tubular. O TEMA normaliza quatro configurações (triangular 30°, triangular 60°, quadrado 90° e quadrado rodado 45°), conforme mostra a Figura 11. A distância de centro a centro entre tubos adjacentes é denominada arranjo ou passo, PT (pitch). A diferença entre o passo, o diâmetro externo do tubo é a abertura, C’ (clearance) e OD é o diâmetro externo dos tubos. PT = OD + C' (16) 17 Figura 11 – Passos Tubulares 7.3 - Carcaça ou Casco As carcaças ou cascos são normalmente fabricadas com tubos de aço IPS de diâmetro nominal entre 12 e 24 in e espessura da parede de 3/8 in , o que permite a operação com pressões no seu interior de até 300 psi . O escoamento pode ser feito em 1 a 6 passagens. 7.4 – Chicanas ou Defletores As chicanas, ou defletores, são usados para induzir a turbulência na parte externa dos tubos, produzindo um escoamento turbulento do fluido através da carcaça, perpendicularmente aos eixos dos tubos. Na Figura 12 são mostradas alguns tipos de chicanas utilizadas em trocadores multitubulares. As mais usadas são as chicanas cortadas, placas perfuradas com altura geralmente igual a 75% do diâmetro interno da carcaça e conhecidas como chicanas com corte de 25%. A distância entre duas chicanas adjacentes é denominada de espaçamento. O espaçamento pode variar desde um valor igual ao diâmetro interno da carcaça até 1/5 deste diâmetro, não podendo ser menor que 2 in. 18 Figura 12 – Tipos de chicanas Na Figura 13 é visto um trocador de calor do tipo 1-2 , com uma passagem na carcaça e duas passagens nos tubos. Figura 13 – Trocador de calor do tipo 1-2 8 – CÁLCULOS DE UM TROCADOR DE CALOR MULTITUBULAR 8.1 – Coeficientes de Película O cálculo dos coeficientes de película hi , para o escoamento nos tubos, e ho , para o casco, depende do regime de escoamento. Para tanto, é definido o fator JH , denominado “fator de Colburn”, que é função do número de Reynolds ⋅⋅ = µ ρ dvRe , através da relação: ( ) φµ 31− = K c K hDJ H (17) sendo que φ é um fator de correção da viscosidade, dado por: 14,0− = wµ µφ (17) Tubos: Para o escoamento nos tubos, tanto em regime laminar como turbulento, o cálculo do coeficiente de película pode ser feito através da determinação do fator JH, em função do número de Reynolds. 19 A Figura 14 é utilizada quando o fluido for um líquido orgânico, uma solução aquosa ou um gás. Quando o fluido que escoa nos tubos for água, o cálculo do coeficiente de película é feito a partir da Figura 15. 20 Figura 14 – Curva de Transmissão de calor para o interior do tubo (Kern, 1980) 21 Figura 15 – Curva de Transmissão de calor para a água no interior do tubo (Kern, 1980). 22 Quando a água deixa o trocador a temperaturas acima de 120°F (48,9°C) sua ação corrosiva se torna maior, devendo-se então evitar que sejam atingidas estas temperaturas. Carcaça ou Casco: O coeficiente de película da parte externa dos tubos é denominado coeficiente da carcaça, do casco ou "shell". A correlação utilizada para escoamento nos tubos não pode ser aplicada neste caso porque, devido à presença das chicanas, o escoamento no casco não se dá ao longo dos tubos, e sim, transversalmente a estes. Uma boa correlação é apresentada na Figura 16, com o valor de JH sendo determinado em função do número de Reynolds do fluido que escoa na carcaça. Esta figura é uma correlação obtida a partir de dados industriais, fornecendo bons resultados para hidrocarbonetos, compostos orgânicos, água, soluções aquosas e gases. 23 Figura 16 – Curva de transmissão de calor do lado da carcaça para feixe com chicanas fracionárias com cortes de 25% (Kern, 1980). 24 8.2 – Quedas de Pressão A queda de pressão permitida em um trocador de calor é um fator importante no seu dimensionamento, já que as bombas utilizadas para a circulação dos fluidos devem superar as perdas causadas pelo atrito nos tubos e na carcaça. Tubos Queda de pressão nos tubos: (psi) 10*22,5 10 2 tf t t D nLGf P φρ ⋅⋅⋅ ⋅⋅⋅ =∆ (18) Sendo: f - fator de atrito, n - número de passagens do fluido nos tubos, L - comprimento dos tubos, Gt - velocidade mássica do fluido nos tubos, ρf - densidade do fluido, D - diâmetro interno do tubo. A Figura 17 mostra uma representação gráfica que fornece o valor de f em função do número de Reynolds, para o escoamento nos tubos. 25 Figura 17 – Fatores de atrito para o interior do tubo (Kern, 1980). 26 A mudança de direção do escoamento nos tubos introduz uma queda de pressão adicional ∆Pr, chamada perda de carga de retorno, dada pela relação: (psi) 2 4 ' 2 g VnP f r ρ =∆ (19) sendo que: ' 2 2g V é dada pela Figura 18. A queda de pressão total nos tubos será: rtT PPP ∆+∆=∆ (psi) (20) Figura 18 – Perdas de pressão de retorno no interior dos tubos (Kern, 1980). 27 Carcaça ou Casco A queda de pressão na carcaça é proporcional ao número de vezes que o fluido cruza o feixe de tubos entre as chicanas e também a distância que o fluido percorre ao cruzar o feixe. Esta distância é o diâmetro da carcaça e o número de vezes que o fluido cruza o feixe tubular é dado por N+1 , onde N é o número de chicanas. Assim, se L for o comprimento do tubo (em ft) e B for o espaçamento entre as chicanas: B LN 121 =+ (21) A equação isotérmica para a queda de pressão de um fluido que está sendo aquecido ou resfriado, incluindo as perdas na entrada e na saída, na carcaça é dada por: ( ) (psi) 10*22,5 1 10 2 sfe ss s D NDfG P φρ + −∆ (22) sendo: Gs - velocidade mássica do fluido que escoa na carcaça, Ds - diâmetro da carcaça, De - diâmetro equivalente do tubo, utilizado no cálculo da transferência de calor e obtido a partir da Figura 15. ρf – densidade relativado fluido A Figura 19 mostra uma representação gráfica que fornece o valor de f em função do número de Reynolds, para o escoamento na carcaça. 28 Figura 19 – Fatores de atrito do lado da carcaça para feixes com chicanas fracionárias com cortes de 25% (Kern, 1980). 29 9 - TROCADORES PARA RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO DE SOLUÇÕES É grande a utilização de trocadores de calor para o aquecimento ou resfriamento de soluções. Entretanto, problemas surgem com relação à determinação das propriedades físicas de soluções, em face de pouca disponibilidade destas propriedades na literatura. A partir de dados da literatura e outros estudos, um conjunto de regras práticas pode ser elaborado no sentido de se determinar tais propriedades de um modo simples. Tais regras poderão ser utilizadas, com certa cautela, para uma grande quantidade de soluções. • Condutividade térmica - Seja wi a fração mássica de cada constituinte da mistura. - Soluções de líquidos orgânicos: usar a condutividade ponderada ∑ = = n i ii KwK 1 - Soluções de líquidos orgânicos em água: usar 0,9 vezes a condutividade térmica ponderada, ∑ = = n i ii KwK 1 9,0 - Soluções de sais e água circulando através da carcaça: usar 0,9 vezes a condutividade da água até a concentração de 30% . - Soluções aquosas de sais circulando através dos tubos e não superando 30%: usar 0,8 vezes a condutividade da água e calcular hi pela Figura 11. - Dispersões coloidais: usar 0,9 vezes a condutividade da dispersão líquida. - Emulsões: usar 0,9 vezes a condutividade do líquido que circunda as gotas. • Calor específico - Soluções orgânicas: usar o calor específico ponderado ∑ = = n i iicwc 1 - Soluções orgânicas em água: usar o calor específico ponderado, ∑ − = += 1 1 n i iiáguaágua cwcwc - Sais fundíveis em água: usar o calor específico ponderado quando o calor específico do sal se referir ao estado cristalino. • Viscosidade - Líquidos orgânicos em orgânicos: usar o inverso da soma dos termos (fração ponderal / viscosidade) para cada componente, ∑ = = n i i iw 1 1 µµ 30 - Líquidos orgânicos em água: usar o inverso da soma dos termos (fração ponderal / viscosidade) para cada componente, ∑ − = += 1 1 1 n i i i água água ww µµµ - Sais em água, quando a concentração não excede a 30% e quando se sabe que não resulta uma solução do tipo xarope: usar uma viscosidade igual ao dobro da viscosidade da água. (Uma solução de hidróxido de sódio em água, mesmo para concentração muito baixa, pode ser considerada como xarope e não pode ser estimada). 10 - VAPOR COMO MEIO DE AQUECIMENTO Vapor condensante é a forma (ou meio) de aquecimento mais comumente utilizado em plantas industriais; entretanto, sua utilização pode levar a alguns problemas, por exemplo: - como o vapor condensado quente é muito corrosivo, deve-se evitar a formação de acúmulo de condensado dentro do trocador; - o acúmulo de condensado no trocador causa diminuição do coeficiente global U e do fluxo de calor, devido à não condensação de vapor na superfície molhada pelo condensado. Os valores de U para trocadores que utilizam vapor condensante são bem mais altos que os obtidos simplesmente pela troca de calor entre dois fluidos. Nas situações em que o vapor não é o fluido controlador do processo, é comum adotar-se um valor padrão para o seu coeficiente de película, independentemente dele ser colocado nos tubos ou na carcaça. Assim: FfthBtuhhh ioi o⋅⋅=== 20 /1500 Costuma-se, entretanto, colocar o vapor nos tubos em lugar da carcaça. Deste modo, como o condensado pode ser corrosivo, a ação pode ser confinada somente no interior do tubo, enquanto que se o vapor fosse introduzido na carcaça, tanto a carcaça quanto os tubos poderiam ser danificados. Em trocadores com uma passagem na carcaça, o vapor normalmente não dá mais do que duas passagens nos tubos. ⇒⇒⇒⇒ Como o vapor é um fluido que se condensa isotermicamente, a “verdadeira” diferença de temperatura (∆t) é igual a MLDT, isto é, Ft = 1. Queda de Pressão para o Vapor Quando vapor é empregado em duas passagens nos tubos, a queda de pressão é sempre pequena (menor que 1,0 psi), principalmente se há retorno do condensado por gravidade. Deste modo, geralmente a pressão necessária será a metade da que é calculada. 31 BIBLIOGRAFIA: Apostila De Trocadores de Calor de OPII – DEQ/UEM Araújo, E.C.C. “Trocadores de Calor”. São Carlos: EdUFSCar, 2010, 108p. – Série Apontamentos. Kern, D. “Processos de Transmissão de Calor”. Ed. Guanabara Dois, 1980, Cap. 1 ao 7. EXEMPLO: Deseja-se aquecer 9820 lb/h de benzeno frio de 80°F a 120°F usando-se tolueno quente que é resfriado de 160°F para 100°F em contracorrente. AS densidades relativas dos fluidos a 68°F são 0,88 e 0,87, respectivamente. Um fator de incrustação de 0,001 pode ser disponível para cada corrente e a queda depressão permitida em cada corrente é de 10 psi. Dispomos de certo número de grampos de 20 ft com tubo IPS de 2 por 11/4 in. Quantos grampos são necessários? Abaixo serão anexadas as figuras referentes a este exemplo. 32 33 34 35 Curva de Transmissão de Calor para o Interior do Tubo (Kern, 1980) 36 37 38 39
Compartilhar