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A estratégia argumentativa do autor para falar da censu- ra aos livros é feita por meio de a) interlocução. b) chantagem. c) intimidação. d) comoção. e) sedução. 79. Educação neste fabuloso mundo digital [...] O comércio eletrônico é uma realidade em todos os países, mas é particularmente interessante observar a China, epicentro desta revolução. As impressionantes vendas on-line chine- sas, da ordem de US$ 620 bilhões por ano, já são superiores à soma das respectivas vendas americanas (US$ 380 bilhões) e europeias (US$ 228 bilhões). A China representa um po- tencial ativo de compras on-line – especialmente via celular – provenientes de mais de meio bilhão de entusiasmados usuá- rios. Estamos falando de produtos e serviços, muito além de equipamentos; e incluindo, cada vez mais, desde alimentos a conteúdos educacionais. As universidades mudaram muito pouco nas últimas déca- das, seja na China ou no Brasil, mas as tendências são claras, tanto em termos de missões como de produtos e serviços ofer- tados. O processo ensino-aprendizagem permanece, e assim será sempre o núcleo central da missão universitária, mas os educandos e os educadores já não serão os mesmos, bem como seus entornos. A revolução digital não é meia revolução. Ela é arrasadora e, ainda que chegue mais tarde em alguns setores, não quer dizer que chegará mais suave. [...] MOTA, Ronaldo. Educação neste fabuloso mundo digital. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2016. Fragmento. Uma das estratégias de persuasão utilizadas pelo pro- dutor do texto para justificar sua opinião junto ao públi- co-alvo consiste em a) apresentar dados estatísticos. b) anunciar oferta de produtos no Brasil. c) referir-se ao ensino-aprendizagem na China. d) revelar tendências de vendas virtuais, sobretudo na Europa. e) apresentar as universidades como principais consu- midoras dos produtos anunciados on-line. Capítulo 29 – Dissertação e descrição 80. As sufragistas (Reino Unido, 2015 – direção Sarah Gavron) No início do século XX, após décadas de manifestações pa- cíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, desco- bre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios. Disponível em: . Acesso em: out. 2016. O suporte onde foi publicado e as características do tex- to permitem afirmar que ele pertence ao gênero a) resenha crítica. b) sinopse. c) relatório. d) notícia. e) crítica. Capítulo 30 – Narração 81. As pessoas que defendem o pastoral e a volta ao primitivo nunca se lembram, nas suas rapsódias à vida rústica, dos in- setos. Sempre que ouço alguém descrever, extasiado, as delí- cias de um acampamento – ah, dormir no chão, fazer fogo com gravetos e ir ao banheiro atrás do arbusto – me espanto um pouco mais com a variedade humana. Somos todos da mesma espécie, mas o que encanta uns horro- riza outros. Sou dos horrorizados com a privação deliberada. Muitas gerações contribuíram com seu sacrifício e seu engenho para que eu não precisasse fazer mais nada atrás do arbusto. Me sentiria um ingrato fazendo. E a verdade é que, mesmo para quem não tem os meus preconceitos, as delícias do primitivo nunca são exatamente como as descrevem. Aquela legendária casa à beira de uma praia escondida onde a civilização ainda não chegou, ou chegou mas foi corrida pelo vento, e onde tudo é bom e puro, não existe. E se existe, nunca é bem assim. — Um paraíso! Não há nem um armazém por perto. Quer dizer, não há acesso à aspirina, fósforos ou qualquer tipo de leitura salvo, talvez, metade de uma revista Cigarra de 1948, deixada pelos últimos ocupantes da casa quando foram carregados pelos mosquitos. VERISSIMO, Luis Fernando. Falando sério: fobias. In: Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Fragmento. Entre as características que definem uma crônica, está presente na de Luis Fernando Verissimo a) a abordagem de fatos do cotidiano. b) a grande extensão do texto. c) a linguagem erudita. d) o foco narrativo em terceira pessoa. e) o predomínio do discurso direto. 82. Num casarão antigo, situado na Alameda Santos número 8, nasci, cresci e passei parte de minha adolescência. Ernesto Gattai, meu pai, alugara a casa por volta de 1910, casa espaçosa, porém desprovida de conforto. Teve muita sorte de encontrá-la, era exatamente o que procurava: residência ampla para a família em crescimento e, o mais importante, o funda- mental, o que sobretudo lhe convinha era o enorme barracão ao lado, uma velha cocheira, ligada à casa, com entrada para duas ruas: Alameda Santos e Rua da Consolação. Ali instalaria sua primeira oficina mecânica. Impossível melhor localização! Para quem vem do centro da cidade, a Alameda Santos é a primeira rua paralela à Avenida Paulista, onde residiam, na época, os ricaços, os graúdos, na maioria novos ricos. Da Praça Olavo Bilac até o Largo do Paraíso, era aquele des- parrame de ostentação! Palacetes rodeados de parques e jardins, construídos, em ge- ral, de acordo com a nacionalidade do proprietário: os de estilo mourisco, em sua maioria, pertenciam a árabes, claro! Os de varandas de altas colunas, que imitavam os “palázzos” roma- nos antigos, denunciavam – logicamente – moradores italia- nos. Não era, pois, difícil, pela fachada da casa, identificar a nacionalidade do dono. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 33 DB EM PV ENEM 91 AN LV 02 AT EXER_MIOLO.indb 33 07/02/2019 17:34 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO O proprietário do imóvel que meu pai alugou era um velho italiano, do Sul da Itália, Rocco Andretta, conhecido por seu Roque e ainda, para os mais íntimos, por tzi Ró (tio Roque). Dono de uma frota de carroças e burros para transportes em geral, fora intimado pela Prefeitura a retirar seus animais dali; aquele bairro tornava-se elegante, já não comportava co- cheiras e moscas. O velho Rocco fizera imposições ao candida- to: reforma e limpeza do barracão, pinturas e consertos da casa por conta do inquilino. GATTAI, Zélia. Anarquistas, graças a Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Fragmento. Entre os recursos usados por Zélia Gattai para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se o empre- go de a) comentários quanto às características físicas e psico- lógicas das pessoas. b) referências a pontos geográficos conhecidos em São Paulo. c) advérbios de modo para indicar a progressão dos fatos. d) tempos verbais para organizar os acontecimentos. e) frases curtas para deixar o texto dinâmico. 83. Fazia dias que os bois vinham aparecendo aqui, ali, nas en- costas das serras, nas várzeas, na beira das estradas, uns bois calmos, confiantes, indiferentes. As marcas que mostravam nada esclareciam, ou eram desconhecidas na região ou muito apagadas, difíceis de ser recompostas. Bom: são bois vadios, desgarrados de boiadas; qualquer dia os donos vêm buscar, ou eles mesmos desaparecem assim como vieram — sem aviso, sem alarde. Isso pensava-se, mas não foi o que aconteceu. Longe de ir embora, os bois se chegaram mais e em grande núme- ro. Ganharam as estradas, descendo. Atravessaram o rio, de um lado, o córrego, de outro, convergindo sem- pre. Em pouco já lambiam as paredes das casas de arra- balde, mansos, gordos, displicentes. Encheram os becos, as ruas, desembocaram no largo. A ocupação foi rápida e sem atropelo; e quando o povo percebeu o que estava acon- tecendo, já não erapossível fazer nada: bois deitados nos caminhos, atrapalhando a passagem, assustando senhoras. As entradas do largo entupidas e mais bois chegando, como convocados por uma buzina que só eles ouviam; os que não cabiam mais no largo iam sobrando para as ruas de perto, para os becos e terrenos vazios. Abria-se uma janela para olhar o tempo e recebia-se no rosto o bafo nasal de um boi butelo. Uma pessoa ia ao quintal, entrava distraída numa moita, levava o maior susto da vida ao assustar um boi, que saía de arranco pisando plantas, arrastando ramos pen- durados nos chifres. Dobrava-se uma esquina com pressa, caía-se de braços abertos nos chifres de um boi imprevisto. [...] VEIGA, José J. O dia dos bois. In: A hora dos ruminantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Fragmento. No conto “O dia dos bois”, José J. Veiga, vale-se de al- guns recursos para organizar a sequência da narrativa, com destaque para o emprego a) de advérbios de lugar. b) recorrente de adjetivos. c) variado dos tempos verbais. d) alternado de períodos longos e curtos. e) de características comportamentais dos bois. 84. Adeus, doce França Volto hoje às minhas criaturas, aos rudes homens do cangaço, às mulheres, aos sertanejos castigados, às terras tostadas de sol e tintas de sangue, ao mundo fabuloso do meu romance, já no meio do caminho. [...] Volto aos “Cangaceiros” e desde logo tudo o que vi e senti se refugia no fundo da sensibilidade, para que a narrativa corra, como em leito de rio que a estiagem secara, mas que as águas novas enchem, outra vez, de correntezas. Volto ao terrível Aparício que mata igual a um flagelo de Deus, ao monstruoso Negro Vicente, ao triste Bentinho, ao místico Domício, aos umbuzeiros carregados de frutos, aos mandacarus de floração de sangue, aos cantadores de estrada, às mulheres sofredoras, às noites de lua, aos tiroteios, ao crime e ao amor, à poesia barbaresca e vigorosa de um povo que é maior do que a terra que o criou. [...] Adeus, doce França. Agora os espinhos me arranham o corpo e as tristezas me cortam a alma. REGO, José Lins do. O melhor da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997. p. 33. Fragmento. A crônica de José Lins do Rego evidencia que o autor a) denuncia a violência nas grandes metrópoles. b) expõe os principais problemas sociais da França. c) sente saudade da França, para onde pretende voltar. d) relata histórias de pessoas reais com as quais con- viveu. e) discorre sobre a representação do Nordeste na litera- tura brasileira. Capítulo 31 – Interpretação de texto 85. POA, 1 de dezembro 1995. Flora: Vão finalmente as cartas de Ana C. São preciosas. Não con- segui achar apenas o original datilografado por ela da versão de O cisne, de Baudelaire. Creio que perdeu-se na redação do Estado (a propósito, segue também o recorte das cartas publi- cadas lá — você vai ver que falta uma: era demasiado íntima, vai para você). Tive uma ideia: essas cartas, na minha opinião, são tão belas que mereciam ser publicadas. Uma edição discreta, como o li- vro seu sobre as gavetas dela. Mas não tenho a menor ideia de como ficariam direitos autorais. [...] Ah: de maneira alguma penso em “faturar” com as cartas da Ana C. No caso de um livro, não me importo de não receber direitos autorais. Podem perfeitamente ficar com a família. Talvez você tenha acesso a Waldo e Maria Luiza e, mais importante, se disponha a falar nisso. Não é urgente. Apenas acho que seria bonito e útil para quem escreve. [...] Bom, é isto. Continuo me restabelecendo lentamente. Mas já posso escre- ver, cuidar do jardim, e fui até ao cinema (Terra estrangeira, de Walter Salles: excelentíssimo). Preciso de tempo para escre- ver mais alguns livros, estou sempre tentando barganhar com O Que Chamamos de Deus... Mas sem ansiedade: o tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 34 DB EM PV ENEM 91 AN LV 02 AT EXER_MIOLO.indb 34 07/02/2019 17:34 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO Segue o recibo de remessa das outras cartas. Please, confirme recebimento. Um abraço, votos de saúde, fé e alegria Caio ABREU, Caio Fernando. Carta a Flora Sussekind. In: Cartas. Organização de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002. Fragmento. Levando em consideração a leitura da carta, pode-se concluir que o tema é a a) ideia de publicar as cartas trocadas com Ana C. b) necessidade de tempo para escrever novos livros. c) obrigação de procurar Waldo e Maria Luiza, pais de Ana C. d) qualidade do filme Terra estrangeira, de Walter Salles. e) vontade de ouvir a opinião de Flora sobre as cartas de Ana C. 86. Pesadas, de falanges curtas, sem trato e sem carinho. Ossudas e grosseiras. CORALINA, Cora. Estas mãos. In: Meu livro de cordel. São Paulo: Global, 2015. Fragmento. Tomando como base a leitura de uma estrofe de “Estas mãos”, qual das imagens melhor caracteriza as mãos do poema de Cora Coralina? a) G ILA X IA /ISTO C K b) V LA D A N S/ISTO C K c) W EB PH O TO G R A PH EER /ISTO C K d) M -G U C C I/ISTO C K e) B ER G A M O N T/ISTO C K 87. Escurecia. Começava a entediar-se quando bateram à porta discretamente. — Quem é? — Sou eu, disse alguém com preguiçoso vagar. – Foi à porta, entreabriu-a e distinguiu um vulto imenso de mulher. Como lera a Géante, de Baudelaire, atribuiu a aparição daquela monstruosidade à sugestão da leitura. Mas a aparição movia-se, coçava o queixo e falou: — Sinhá mandô sabê vosmicê cum passô e si vai lá... — Sinhá! Quem seria a solícita criatura?! Alguma formosa mulher, sem dúvida; talvez a musa reinante do romancista. E que lhe havia de mandar dizer? — Olha, dize-lhe que estou passando mal. Torci um pé justa- mente quando me vestia para ir jantar. Como vai ela? COELHO NETO. A conquista. São Paulo: Poeteiro, 2014, e-book. Fragmento. O parágrafo em que está evidente a proveniência rural da personagem é o a) primeiro. b) segundo. c) terceiro. d) quinto. e) sétimo. 88. Depois de apresentar os disputantes, e tendo o nobre senso de equidade de proclamar também as qualidades do candidato oficial, atitude que o povo não soube compreender pois foi re- cebida com vaias, o mestre de cerimônias Jovino deu início à contenda. Coube por sorteio (cara ou coroa) ao professor Borba Gato começar. Antes de formular a primeira questão, este perguntou com ar de displicente superioridade ao adversário: — Em que língua quereis que vos fale? Viramundo, a quem aborreciam os idiomas estrangeiros, a come- çar pelo latim, e que preconizava o advento de uma compreensão entre os homens como a que houvera antes de Babel, respondeu: — Na última flor do Lácio inculta e bela. [...] SABINO, Fernando. O grande mentecapto. 31. ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. Fragmento. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 35 DB EM PV ENEM 91 AN LV 02 AT EXER_MIOLO.indb 35 07/02/2019 17:34 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO