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Acórdão Eletrônico DJe-225 divulg 14.11.2014 public 17.11.2014 republicação: DJe-250 divulg 18.12.2014 public 19.12.2014). É importante que se diga que parte da doutrina e também da jurisprudência entendem que o agente que usa o documento por ele falsificado deve responder pelo crime do art. 304 do CP (uso), ficando a falsificação por este absorvida. É o que sustenta Guilherme de Souza Nucci, para quem “a prática dos dois delitos pelo mesmo agente implica no reconhecimento de um autêntico crime progressivo, ou seja, falsifica-se algo para depois usar (crime-meio e crime- fim). Deve o sujeito responder somente pelo uso de documento falso” (Código Penal Comentado, 18ª ed., p. 1400). Há, ainda, uma corrente minoritária que sustenta que é caso de concurso de crimes; E: incorreta, uma vez que a conduta descrita no art. 300 do CP (falso reconhecimento de firma ou letra) pode recair tanto sobre o documento público quanto o particular. É o que se extrai do preceito secundário do tipo penal. (Escrevente – TJ/SP – VUNESP – 2023) Tendo em conta os Crimes contra a Administração Pública, previstos no Código Penal, assinale a alternativa correta. (A) O crime de abandono de função somente se caracteriza se ocorrer prejuízo público, tratando-se, assim, de crime material. (B) O crime de corrupção passiva é formal, consumando-se ainda que o funcionário público não receba vantagem indevida. (C) Para a caracterização do crime de prevaricação, é necessário que o funcionário público retarde ou deixe de praticar, indevidamente, ato de ofício, cedendo a pedido ou influência de outro. (D) O crime de advocacia administrativa se consuma quando o advogado privado, para defender interesse de seu cliente, junto à Administração Gabarito “A” Pública, oferece vantagem a funcionário público, para o influenciar na prática de ato. (E) O crime de peculato é praticado por funcionário público, exigindo que o bem ou valor apropriado seja público. A: incorreta. Cuida-se de crime formal, e não material, como consta da assertiva. Isso porque a sua consumação não está condicionada à produção de resultado naturalístico, consistente, neste caso, no efetivo prejuízo para a Administração. A propósito, se do abandono resultar prejuízo para a Administração, caracterizada estará a modalidade qualificada prevista no § 1º do art. 323 do CP; B: correta. De fato, sendo crime formal, a corrupção passiva (art. 317, CP) se consuma com a mera solicitação/recebimento/aceitação de promessa, sendo desnecessário que o funcionário público retarde ou deixe de praticar o ato de ofício, ou mesmo obtenha a vantagem por ele perseguida; C: incorreta, já que a descrição típica contida na assertiva corresponde ao crime de corrupção passiva privilegiada, previsto no art. 317, § 2º, do CP; no delito de prevaricação, capitulado no art. 319 do CP, que pode, a depender do caso concreto, ser confundido com o crime de corrupção passiva privilegiada, o que move o intraneus a agir ou deixar de agir de forma indevida são razões de ordem pessoal, como é o caso da amizade. No crime de corrupção passiva privilegiada (art. 317, § 2º, do CP), temos que o agente age ou deixa de agir cedendo a pedido ou influência de outrem, o que não existe na prevaricação (não há pedido ou influência). Neste crime (prevaricação), o agente age ou deixa de agir por iniciativa própria, movido, como já dissemos, por razões de ordem pessoal (satisfazer interesse ou sentimento pessoal). O crime de prevaricação alcança a consumação no instante em que o agente se omite, retarda ou pratica o ato de ofício, independente de qualquer vantagem (satisfação de interesse ou sentimento pessoal). Trata-se, pois, de crime formal; D: incorreta. O crime de advocacia administrativa, tipificado no art. 321 do CP, pressupõe que o funcionário público, valendo-se dessa qualidade, patrocine, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública. Apesar do nome, não se exige que o sujeito ativo seja advogado. Cuida-se, isto sim, como já dito, de delito praticado por funcionário público (é crime próprio) que, valendo-se do cargo que ocupa, defende interesse privado de terceiro perante a Administração; E: incorreta. No crime de peculato, previsto no art. 312 do CP, a conduta do funcionário público (crime próprio) pode recair tanto sobre a coisa móvel pública quanto a particular. (Escrevente – TJ/SP – VUNESP – 2023) A respeito dos Crimes contra a Administração da Justiça, previstos no Código Penal, é correto afirmar que (A) o crime de coação no curso do processo será qualificado se praticado em processo que envolva crime contra a dignidade sexual. (B) a imputação de prática de contravenção penal que sabe ser inverídica não configura o crime de denunciação caluniosa, pois o tipo penal fala apenas em crime, ato improbo e infração ética-disciplinar. (C) o crime de fraude processual será qualificado se a inovação tiver como objetivo produzir efeito em processo penal. (D) a retração ou declaração da verdade pelo agente, antes de proferida a sentença no processo em que se deu o falso testemunho, é causa de diminuição de pena do crime de falso testemunho e falsa perícia. (E) o crime de exercício arbitrário das próprias razões é de ação penal privada, excetuando os casos em que há emprego de violência. A: incorreta, na medida em que se trata de causa de aumento de pena (e não de modalidade qualificada), introduzida no art. 344 do CP pela Lei 14.245/2021; B: incorreta. Se a falsa imputação é de prática de contravenção penal, configurada estará a causa de diminuição de pena do § Gabarito “B”