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3333333 p r o f e s s o r m a u r o j o n a t h a n @ g m a i l . c o m - w w w . p r o f m a u r o . c o m 2014 TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Faculdade Santa Lúcia “Administrar é dirigir sem ser motorista; é reger sem ser maestro e governar sem ser rei.” (anônimo) MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Sumário 1. TGA - TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO - Conceitos de organização e termos afins. .............................. 4 Organizações e sistemas ........................................................................................................................................ 4 Tipos de conhecimentos que abrangem a Teoria Geral da Administração ........................................................... 5 Administração e organizações ............................................................................................................................... 5 Formação do conhecimento administrativo .......................................................................................................... 6 Administração no presente e os paradigmas......................................................................................................... 6 Estudo de Caso ....................................................................................................................................................... 7 Questões: ............................................................................................................................................................... 8 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................. 8 QUEM SÃO OS ADMINISTRADORES ....................................................................................................................... 8 COMPETÊNCIAS DO ADMINISTRADOR .................................................................................................................. 9 MOTIVOS PARA O ESTUDO DE TGA ..................................................................................................................... 12 2. CONCEITOS BÁSICOS EM ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................. 12 O Estado Atual da Teoria Geral da Administração ............................................................................................... 12 3. AS PRINCIPAIS TEORIAS QUE INFLUENCIAM O ATUAL PROCESSO ADMINISTRATIVO ................................. 13 Antecedentes históricos da administração .......................................................................................................... 13 As influências na Administração .......................................................................................................................... 13 4. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA ....................................................................................................................... 15 A Obra de Taylor .................................................................................................................................................. 15 Organização Racional do Trabalho ....................................................................................................................... 16 A Organização Racional do Trabalho (ORT) ......................................................................................................... 16 Estudo dos Tempos e Movimentos .................................................................................................................. 16 Estudo da Fadiga Humana................................................................................................................................ 16 Divisão do Trabalho e Especialização do Operário .......................................................................................... 16 Desenho de Cargos e Tarefas ........................................................................................................................... 16 Incentivos Salariais e Prêmios de Produção ..................................................................................................... 17 Conceito de Homo Economicus ....................................................................................................................... 17 Condições De Trabalho .................................................................................................................................... 17 Padronização .................................................................................................................................................... 17 Supervisão Funcional ....................................................................................................................................... 17 Apreciação Crítica da Administração Científica ................................................................................................... 17 Princípios Básicos de Ford e o Fordismo .............................................................................................................. 18 Entenda o fordismo .......................................................................................................................................... 18 MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos 5. PLANEJAMENTO COMO ELEMENTO CHAVE EM ADMINISTRAÇÃO ............................................................. 19 6. ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................. 19 A Época ................................................................................................................................................................. 20 Origens da Abordagem Clássica ........................................................................................................................... 20 A Obra de Fayol .................................................................................................................................................... 21 Papel dos gerentes para Fayol ............................................................................................................................. 22 Os 14 Princípios Gerais da Administração ........................................................................................................... 23 Princípios da Administração ................................................................................................................................. 24 Proporcionalidade das Funções Administrativas ................................................................................................. 24 Teoria da Organização ......................................................................................................................................... 24 APRECIAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA CLÁSSICA ........................................................................................................ 24 1 - Abordagem Simplificada da Organização Formal ........................................................................................... 25 2 - Ausência de Trabalhos Experimentais ............................................................................................................ 25 3 - O Extremo Racionalismo na Concepção da Administração ............................................................................25 4 - "Teoria da Máquina” ....................................................................................................................................... 25 5 - Abordagem Incompleta da Organização......................................................................................................... 25 6 - Abordagem de Sistema Fechado .................................................................................................................... 25 7. ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................... 26 Organização como um Sistema Social ................................................................................................................. 26 Teoria das Relações Humanas ............................................................................................................................. 26 Origens da Teoria das Relações Humanas ........................................................................................................... 26 A Experiência de Hawthorne................................................................................................................................ 26 A Civilização Industrializada e o Homem ............................................................................................................. 28 Funções Básicas da Organização Industrial.......................................................................................................... 28 Decorrências da Teoria das Relações Humanas................................................................................................... 28 Apreciação Crítica da Teoria das Relações Humanas........................................................................................... 29 8. TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................ 29 Origem da teoria neoclássica ............................................................................................................................... 29 Características principais da teoria neoclássica ................................................................................................... 29 Administração como técnica social ...................................................................................................................... 30 Decorrências da abordagem clássica e neoclássica ............................................................................................. 30 BOX - Administração por objetivos ...................................................................................................................... 30 Conceito ............................................................................................................................................................... 30 Características: ..................................................................................................................................................... 30 MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Formulação de um planejamento estratégico (PE) ............................................................................................. 31 Críticas à APO ....................................................................................................................................................... 31 9. TEORIA ESTRUTURALISTA E A BUROCRACIA DE MAX WEBER ......................................................................... 31 Max Weber ........................................................................................................................................................... 32 Origens da teoria da burocracia ........................................................................................................................... 32 Autoridade legal, racional ou burocrática. .......................................................................................................... 33 Características da burocracia segundo Weber .................................................................................................... 33 o Caráter legal das normas e regulamentos ................................................................................................... 33 o Caráter formal das comunicações ................................................................................................................ 33 o Caráter racional e divisão do trabalho ......................................................................................................... 33 o Impessoalidade nas relações ....................................................................................................................... 34 o Hierarquia da autoridade ............................................................................................................................. 34 o Rotinas e procedimentos estandardizados .................................................................................................. 34 o Competência técnica e meritocracia ........................................................................................................... 34 o Especialização da administração .................................................................................................................. 34 o Profissionalização dos participantes ............................................................................................................ 34 o Completa previsibilidade do funcionamento ............................................................................................... 34 Vantagens da burocracia...................................................................................................................................... 35 Disfunções da burocracia ..................................................................................................................................... 36 Origens da Teoria Estruturalista .......................................................................................................................... 37 Apreciação Crítica da Teoria Estruturalista .......................................................................................................... 38 Afinal, o que é o estruturalismo? ..................................................................................................................... 38 10. ABORDAGEM CONTINGENCIAL DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 39 Teoria da contingência ......................................................................................................................................... 39 Ambiente .............................................................................................................................................................. 39 Tecnologia ............................................................................................................................................................ 40 Referências ........................................................................................................................................................... 40 MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos 1. TGA - TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO - Conceitos de organização e termos afins. Para Maximiano (2000, p.30) Teoria Geral da Administração“É o corpo de conhecimentos a respeito das organizações e do processo de administrá-las. Não há na teoria da administração fórmulas ou receitas definitivas, como acontece com outras disciplinas. Teoria, em administração, significa um conjunto de conhecimentos organizados, produzido pela experiência prática das organizações”. Organizações e sistemas As organizações e os sistemas são uma consequência natural do desenvolvimento humano, uma vez que somos seres gregários e convivemos segundo objetivos que podem ser comuns ou não e da utilização dos recursos que nos rodeiam (materiais, pensamento, alimento, tempo, etc.). Ao observarmos o ambiente que nos cerca, facilmente percebemos que somos focados no desenvolvimento de organizações como, por exemplo: hospitais (sistema de saúde), lojas, shopping centers, escolas, clubes esportivos, danceterias, restaurantes, sistema de água, sistema de energia, segurança pública (polícias), regime de governo, sistema eleitoral, hotéis, etc. E essas organizações diversas utilizando recursos igualmente diversos seguem determinados objetivos para que sua existência tenha razão. Pode-se definir organização como “um sistema de recursos que procura realizar objetivos” (MAXIMIANO, 2010, p.4) e sistemas como: um conjunto de elementos inter-relacionados que interagem no desempenho de uma função. É uma definição tão abrangente que pode ser usada em uma grande variedade de contextos, como por exemplo: sistema econômico, sistema computacional, sistema solar, a Biosfera, “O Sistema” contra o qual alguns se revoltam, sistema de injeção eletrônica, Sistema Brasileiro de Telecomunicação – SBT, Sistema Brasileiro de Pagamentos, sistema digestivo, sistema endócrino, sistema nervoso, uma colônia de formigas, uma colmeia, um aquário, etc. Objetivos e recursos são as palavras-chave na definição de administração e também de organização. Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo, como já definido por Maximiano (2010). Sendo assim, se a sociedade depende tanto das organizações, é bastante óbvio que o sustento da sociedade provenha delas: salário, abonos, lucros, remuneração, emprego, sustentabilidade, ética, justiça, julgamento, condenações, absolvições, regras, leis, direitos, deveres, mudanças, desenvolvimento, inovação, produção, e tantas outras palavras dependem das atividades das organizações. Torna-se então inevitável pensar que o desempenho das organizações (como são formadas e conduzidas) é importante para todos: clientes, usuários, colaboradores, proprietários e pessoas que estão direta ou indiretamente ligadas a elas. Todos os envolvidos direta ou indiretamente em uma organização, aliás, são denominados stakeholders. É importante lembrar, portanto, que é a administração que torna as organizações (empresas, corporações, indústrias, instituições, etc.) capazes de utilizar corretamente os recursos, atingindo assim seus objetivos. Pessoas Informação Conhecimento Espaço Tempo Dinheiro Instalações ORGANIZAÇÃO OBJETIVOS SISTEMA Figura 1 - Processo de existência de uma organização segundo os conceitos de sistema, recursos e objetivos. Fonte: MAXIMIANO (2010, p.4). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos NÍVEL DE COMPLEXIDADE Tipos de conhecimentos que abrangem a Teoria Geral da Administração Administração e organizações A administração é importante em qualquer escala de utilização de recursos para realizar objetivos – individual, familiar, grupal, organizacional ou social. Quando pensamos em uma organização, a célula familiar, por exemplo, temos que pensar na melhor forma de sustentação dessa família. E isso vai desde organização física da casa como limpeza e disposição dos móveis em cômodos corretos até o planejamento financeiro de gastos da família. Figura 2 - As principais funções do processo de gestão Fonte: Maximiano (2010). Um hospital é uma organização mais complexa que uma célula familiar, mas o princípio de organização é semelhante, porque ambas são uma organização, utilizam recursos e pretendem atingir determinados objetivos com eficiência e eficácia. É óbvio que o tamanho, o propósito, a natureza e o tipo de recursos, os objetivos e as expectativas qualitativas e quantitativas das organizações diferem bastante e provocam graus de dificuldade diferentes para o atingimento dos resultados. A legislação e particularidades de cada setor são exemplos limitadores das organizações. Embora o processo administrativo seja importante em qualquer contexto de utilização de recursos, a razão principal para estudá-lo é seu impacto sobre o desempenho das organizações. As organizações assumiram importância sem precedentes na sociedade e na vida das pessoas. Há poucos aspectos da vida contemporânea que não sejam influenciados por alguma espécie de organização. A sociedade moderna é uma sociedade organizacional (MAXIMIANO, 2010). Pessoal Familiar Grupos Organizações Social Geral TIPO DE ADMINISTRAÇÃO 5 4 3 2 1 Figura 3 - Relação de complexidade entre os tipos de administração. Fonte: o autor (2012). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Formação do conhecimento administrativo Segundo Maximiano (2010) os conhecimentos de administração surgem de acordo com a observação e análise crítica advinda da experiência prática das organizações e de seus administradores. Segundo o autor há duas fontes principais desses conhecimentos: a) a própria experiência prática (descritivos) e; b) os métodos científicos (prescritivos). Como corpo teórico de conhecimentos para reflexão sobre como foi formado o conjunto de conhecimentos sobre as organizações e como esses conhecimentos podem colaborar para a tomada de decisões para o futuro a TGA pode ser dividida em duas dimensões: Conhecimentos Descritivos: Procuram explicar o que são as organizações e como são administradas, (realidade). Conhecimentos Prescritivos: Procuram explicar como as organizações devem ser administradas (propõem recomendações). Administração no presente e os paradigmas Ao longo do tempo as inovações e desenvolvimento do ser humano em organizações evoluíram em virtude da quebra de uma série de paradigmas. Se os paradigmas fossem fixos e rígidos a ponto de não serem alterados, nada mudaria desde o início dos tempos. Paradigma, segundo Maximiano (2010, p.19) “são modelos ou padrões, que servem como marcos de referência, para explicar às pessoas como lidar com diferentes situações e ajudá-las nisso.” Como em muitas outras áreas, os paradigmas da administração mudam constantemente. Eis algumas mudanças de paradigma que ilustram a passagem da Revolução Industrial para a Revolução Digital: Mudança no papel dos gerentes: os gerentes passaram a ser mais escassos e, via downsizing, houve a transferência de responsabilidades para as equipes, que passaram a ser auto gerenciadas (empowerment); Competitividade: com o advento da globalização, que abriu barreiras e tornou o mundo cada vez mais integrado houve a migração do conceito de eficiência para o de competitividade. Interdependência: as economias tornaram-se mais interdependentes com o advento da globalização. Mercados, bancos,empresas e comunidades estão cada vez mais integradas e dependentes umas das outras. Um erro em um mercado afetas todos os outros (bancos, ações, empresas multinacionais, União Europeia e demais blocos econômicos são exemplos). Administração informatizada: a tecnologia da informação passou a estar presente em todos os processo administrativos e produtivos que vai do envio de um simples e-mail para a substituição de toda uma força de trabalho de contadores, auxiliares de escritório e operários do passado, substituído por computadores. Administração empreendedora: a substituição do paradigma “emprego duradouro, de carreira” pelo “trabalho disponível” implicou no desenvolvimento do conceito de empreendedorismo, onde muitos ‘ex-empregados’ são hoje, seus próprios patrões, por meio da consciência de que, às vezes, vale mais à pena ser um prestador de serviços, um profissional liberal ou um empresário do que tentar ser um funcionário de carreira. Ao mesmo tempo, as grandes empresas procuram estimular o espírito dos empreendedores internos, as pessoas capazes de descobrir e implementar novos negócios. Foco no cliente: no passado os mercados não estavam preocupados com o cliente, pois a lei da oferta e demanda sempre pendia a favor do empresário produtor de produtos e serviços. Contudo, com o crescimento exorbitante da concorrência, a competitividade aumentou e o cenário mudou. O cliente já não está dependente de uma marca ou MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos de um produto. Outro fator de mudança de paradigma foi a democratização do acesso à informação, antes restrita. Ela foi democratizada ao extremo e o cliente passou a ter formas de comparação, uso, e descarte de maneira mais rápida, deixando muitas empresas desesperadas. Com a concorrência sempre crescente, outras opções estão disponíveis, e o cliente migra de fornecedor ou produto de um jeito nem um pouco dramático. Meio ambiente: na época da Revolução Industrial havia um pensamento (quase insano) de que os recursos naturais eram inesgotáveis e de que o planeta era um super cosmo capaz de absorver toda poluição, lixo e descaso com o meio ambiente. À medida que os problemas de uso exagerado e descontrolado dos recursos naturais foram surgindo (em meados dos anos 60 do século XX) a sociedade começou a dar indícios de que não suportaria tal descaso. Prova disso foi o surgimento de legislações específicas que regulam o uso, reuso, descarte e utilização geral dos recursos naturais. Inúmeras decisões, como localização de empresas, construção, projetos e embalagem de produtos, o administrador moderno deve tomar levando em conta essas legislações. Esse é mais um exemplo de mudança de paradigma. Qualidade de vida: as pessoas passaram a valorizar, cada vez mais, a qualidade de vida no trabalho e fora dele. Exageros laborais do passado que prejudicavam os empregados já não existem mais. A saúde e a educação do empregado e de sua família, os benefícios, a participação nos resultados da empresa, o surgimento do stress do executivo, o surgimento das universidades corporativas, entre outros, são assuntos que fazem parte da agenda do administrador moderno. Emergência do terceiro setor: com o aumento dos problemas sociais (advindos do consumismo e do crescimento demográfico exagerados), somados à incompetência dos Estados para resolvê-los (plano de previdência, por exemplo), a sociedade organiza-se para cuidar de si própria. Consolidam-se as organizações não governamentais (ONGs), que se tornam parceiras das empresas em programas de assistência social, proteção do meio ambiente e outros, de defesa de interesses específicos. As ONGs, que constituem o terceiro setor, representam agentes econômicos expressivos, com necessidade de serem administradas com eficiência. A administração do terceiro setor torna-se uma disciplina com vida própria. Estudo de Caso Afinal, quem manda aqui? Recém casado, Ricardo abandonou o emprego para iniciar uma loja de materiais esportivos em uma rua de grande movimento, de um bairro comercial da Capital. A empresa cresceu rapidamente. Em poucos anos, Ricardo abriu filiais da loja e comprou uma pequena malharia, para fabricar seus próprios uniformes esportivos. A malharia tornou-se um negócio muito lucrativo, porque Ricardo passou a fornecer para outras lojas independentes, redes de lojas de material esportivo e diversos times. Finalmente, cerca de dez anos depois de começar, Ricardo abandonou o comércio para se dedicar integralmente à indústria. A administração dos negócios tomava todo seu tempo e Ricardo precisou sacrificar seus estudos, interrompendo-os no primeiro ano do curso de economia. Seus dois filhos, Sérgio e Alberto, porém, foram educados, desde pequenos, para assumir a empresa. Desde a adolescência, foram envolvidos pelo pai nos negócios. Ambos formaram-se em administração e Ricardo providenciou para que fizessem estágios no exterior. Cerca de 25 anos depois de ter começado, Ricardo era o proprietário de uma grande confecção de uniformes esportivos, que agora tinha um novo tipo de cliente: outros fabricantes de materiais esportivos, que dele compravam para vender com sua própria marca. Diversos outros fornecedores concorriam pelos mesmos clientes. Estabilizada, a empresa era administrada, no dia-a-dia, por Sérgio e Alberto, que se dedicavam especialmente às atividades de marketing e finanças. Ricardo concentrava-se nas decisões de produção e escolha de produtos, além dos contatos com clientes grandes e tradicionais. Já não precisava, porém, dedicar-se tanto quanto antes. Tudo correu relativamente bem para Ricardo e seus concorrentes, antes da era da globalização. Quando chegaram as grandes empresas multinacionais de material esportivo, a competição tornou-se extremamente acirrada. Com grande poder de compra e fornecedores de baixo custo, agressivas na oferta de patrocínios para as equipes esportivas, e extremamente preocupadas com a competitividade, essas empresas passaram a moldar o mercado segundo seus interesses. Esse movimento coincidiu com a evolução da tecnologia nas fibras para tecelagem, que a empresa de Ricardo comprava de fornecedores multinacionais. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Ricardo foi obrigado a fazer grandes inovações em seu parque industrial, para acompanhar a evolução da tecnologia e os novos padrões criados pela abertura do mercado. Exigindo grandes investimentos, essas inovações obrigaram Ricardo a procurar financiamento, o que deixou a empresa em situação financeira muito delicada. No final da década de 90, uma grande parte da receita estava comprometida com o pagamento de juros. A crise econômica e a alta do dólar contribuíram para tornar a situação ainda mais difícil no mercado interno, embora tivesse facilitado a exportação, que a empresa fazia em pequena escala. Nos últimos cinco anos, as relações entre Ricardo e seus dois filhos tornaram-se muito tensas, para desalento de Alice, a mãe, e do restante da família. Vendo a empresa deteriorar-se, Sérgio e Alberto pretendem nada mais nada menos, que o pai abandone os negócios e deixe a empresa totalmente para eles. Eles alegam que estudaram e se prepararam profissionalmente para administrar a empresa e que a época do ai já passou. Ultimamente, Ricardo está tendo sérios conflitos com os filhos por causa dessa questão. Depois de muita discussão, Alberto, o filho mais velho, convenceu Ricardo de que novos mercados poderiam ser explorados. Desenvolveunovos produtos e passou a fornecer para outros tipos de clientes, que vendem roupas de grife em shopping centers. Esse mercado parece ter grande potencial. O êxito animou Alberto, que agora acredita ter um argumento forte para discutir com o pai. Querendo evitar que o conflito se torne mais agudo, Ricardo concordou em cuidar do suprimento de matérias-primas e da produção. No entanto, não consegue deixar totalmente de se ocupar dos problemas de desenvolvimento de produtos, vendas, finanças e administração geral da empresa, que os dois filhos disputam com ele. Há pouco tempo, eles tiveram uma séria discussão por causa da proposta que os filhos fizeram, de contratar um consultor de administração. Ele anda se perguntando frequentemente: - Afinal, quem deve mandar aqui? Eu, que fiz esse negócio e meus filhos nascerem e crescerem, ou eles? Eles alegam que estudaram administração e estão mais preparados do que eu para resolver os problemas da empresa. Dizem até que minha experiência não vale mais nada hoje em dia. Não quero aumentar o conflito, mas também não quero abandonar a empresa totalmente. E que história é essa de trazer um consultor? O que esse cara pode saber, sem nunca ter se envolvido nos negócios? Questões: 1. Quais as causas principais do conflito entre Ricardo e seus filhos? 2. Quem deve “mandar” na empresa? 3. Qual o peso relativo da experiência e da educação formal, no processo de administrar a empresa? 4. Você acha que um consultor é necessário? Que papel teria um consultor? Como você convenceria Ricardo da necessidade de um consultor? 5. Quais as consequências previsíveis de Ricardo continuar administrando a empresa? 6. Quais as consequências previsíveis de os filhos ficarem com a empresa? 7. Quais as consequências previsíveis de não haver um acordo entre as duas partes? 8. Você conhece casos semelhantes a este? 9. Em caso afirmativo, qual foi o desfecho? FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO Planejamento: Consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos necessários para realizá-los; Organização: Consiste em tomar decisões sobre a divisão de autoridade e responsabilidade entre pessoas e sobre a divisão de recursos para realizar tarefas e objetivos; Direção: Compreende as decisões que acionam recursos, especialmente pessoas, para realizar tarefas e alcançar objetivos; Coordenação: Harmonizar e dar sentido de sincronia na realização do trabalho; Controle: Consiste em tomar decisões e agir para assegurar a realização dos objetivos. QUEM SÃO OS ADMINISTRADORES São as pessoas que tomam decisões de administração. Podem ser indivíduos ou grupos. Todas as pessoas que administram sistemas ou recursos são administradores (ou gerentes). (Maximiano, 2000, p. 25). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos COMPETÊNCIAS DO ADMINISTRADOR1 Os administradores são planejadores, organizadores, líderes e controladores da organização. Os administradores trabalham com qualquer pessoa em qualquer nível, dentro ou fora de suas organizações, que possam ajudar a atingir os objetivos da organização. Os comunicadores também agem como canal de comunicação dentro da organização. Os administradores devem apresentar algumas habilidades, que são exigidas dependendo do momento e da necessidade de determinada competência de acordo com o nível de gerência. São elas: Habilidades Técnicas Envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realização. É o caso de habilidades em contabilidade, em programação de computador, engenharia, etc. As habilidades técnicas estão relacionadas ao fazer, isto é, ao trabalho com “coisas”, como processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam nem resistem à ação do administrador. Habilidades Humanas Estão relacionadas ao trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos pessoais ou grupais. As habilidades humanas estão relacionadas com a interação com as pessoas. O desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem medos ou receios e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos de habilidades humanas. Saber trabalhar com pessoas e por meio das pessoas. Habilidades conceituais Envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como um todo, a facilidade em trabalhar com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com habilidades conceituais está apto a compreender as várias funções da organização, complementá-las entre si, entender como a organização se relaciona com seu ambiente e como as mudanças em uma parte da organização afetam o restante dela. As habilidades conceituais estão relacionadas com o pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução dos problemas, Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. Na medida em que um administrador faz carreira e sobe na organização, ele precisa, cada vez mais, desenvolver as suas habilidades conceituais para não limitar a sua empregabilidade. A combinação dessas habilidades é importante para o administrador. Na medida em que se sobe para os níveis mais elevados da organização, diminui a necessidade de habilidades técnicas, enquanto aumenta a necessidade de habilidades conceituais. Os níveis inferiores requerem considerável habilidade técnica dos supervisores para lidar com os problemas operacionais concretos e cotidianos da organização. A TGA se dispõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, definir situações e inovações na organização. Contudo, essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – constituem o maior patrimônio pessoal do administrador; o seu capital intelectual a sua maior riqueza. Porém, em um mundo em constante mudança e transformação, a aquisição de uma nova competência necessária, significa quase sempre, o abandono de outra que se tornou velha e ultrapassada. O segredo está em adquirir competências duráveis: aquelas que, mesmo em tempos de rápida mudança, não se tornam descartáveis nem obsoletas. Diante de todos esses desafios, o administrador – para ser bem-sucedido profissionalmente – precisa desenvolver quatro competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva, o julgamento e a atitude. 1 Texto retirado na íntegra de Chiavenato (2010, p. 3-5) MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Figura 5 - As competências duráveis do administrador. Fonte: CHIAVENATO (2010, p.5). 1. Papéis interpessoais: Representam as relações com outras pessoas e estão relacionados às habilidades humanas. Mostram como o administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados.2. Papéis informacionais: Descrevem as atividades para manter e desenvolver uma rede de informações. Um administrador no nível institucional passa em média cerca de 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas dentro e fora da organização. Mostram como o administrador intercambia e processa a informação. 3. Papéis decisórios: Envolvem eventos e situações em que o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Estes papéis requerem tanto habilidades humanas como conceituais. Conhecimento •Saber •know how •aprender a aprender •Ampliar o conhecimento •Transmitir o conhecimento •Compartilhar o conhecimento Perspectiva • Saber fazer • Aplicar o conhecimento •Visão global e sistêmica •Resolver roblemas •Saber fazer bem •Trabalhar com os outros •Proporcionar soluções Julgamento • Saber analisar • Avaliar a situação •Obter dados e informação • Ter espírito crítico •Julgar os fatos • Ponderar com equilíbrio •Definir prioridades Atitude • Saber fazer aconteder • Atitude empreendedora • Criatividade e inovação •fente de mudança •Iniciativa e riscos •Foco em resultados •Autorrealização Habilidades Conceituais (ideias e conceitos abstratos) Habilidades Humanas (Relacionamento interpessoal) Habilidades Técnicas (Manuseio de coisas físicas) Nível Institucional Nível Intermediário Nível Operacional Alta direção Gerência Supervisão Execução das operações Fazer e executar Figura 4 - As três habilidades do administrador. Fonte: Chiavenato (2010). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Tabela 1 - Os 10 papéis do administrador CATEGORIA PAPEL ATIVIDADE Interpessoal Representação Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes, assina documentos legais. Liderança Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os subordinados. Ligação Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa malotes, telefonemas e reuniões. Informacional Monitoração Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos pessoais. Disseminação Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e relatórios, telefonemas e contados Porta-voz Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, relatórios e memorandos. Decisorial Empreendiment o Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabilidades de ideias para outros. Resolução de conflitos Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e a mudanças. Alocação de recursos Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades. Negociação Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos, em vendas, compras ou financiamentos. Fonte: adaptado de Maximiano (2010). As conclusões que Chiavenato e os demais autores do tema chegam é: 1. A administração ocorre exclusivamente dentro de organizações. 2. A administração requer fazer as coisas através das pessoas. 3. A administração requer lidar simultaneamente com situações múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmente conflitivas. 4. O administrador deve continuamente buscar, localizar e aproveitar novas oportunidades de negócios. 5. O administrador precisa saber reunir simultaneamente conceitos e ação. Papéis Interpessoais Como o administrador interage: Representação Liderança Ligação Papéis Informacionais Como o administrador intercambia e processa a informação: Monitoração Disseminação Porta-voz Papéis Decisórios Como o administrador utiliza a informação nas suas decisões: Empreendimento Solução de conflitos Alocação de recursos Negociação Figura 6 – Papéis do administrador. Fonte: Chiavenato (2010). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos TAREFAS PESSOAS TECNOLOGIAAMBIENTE ESTRUTURA MOTIVOS PARA O ESTUDO DE TGA2 Como a administração é uma disciplina aplicada voltada para resultados práticos, você pode sentir-se impaciente com a ideia de estudar teorias do passado. Mas este estudo é importante por pelo menos quatro razões: (1) As Teorias guiam as decisões da administração; (2) As Teorias dão forma à nossa visão das organizações; (3) As teorias nos conscientizam do ambiente empresarial; (4) As teorias são uma fonte de novas ideias. 2. CONCEITOS BÁSICOS EM ADMINISTRAÇÃO3 O Estado Atual da Teoria Geral da Administração Hoje em dia, a TGA estuda a Administração das empresas e demais tipos de organização do ponto de vista da interação e interdependência entre as cinco variáveis principais, cada qual objeto específico de estudo por parte de uma ou mais correntes da teoria administrativa. As cinco variáveis básicas, tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente, constituem os principais componentes no estudo da Administração das empresas. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada qual influência e é influenciado pelos outros componentes. Modificações em um provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento do conjunto desses componentes e, diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. Na realidade, a adequação entre essas cinco variáveis constitui o principal desafio da administração. No nível de uma subunidade especializada (por exemplo, um departamento, uma divisão, uma seção), algumas dessas variáveis podem assumir papel preponderante. Devido à crescente importância da Administração e devido aos novos e complexos desafios com que ela se defronta, os autores e pesquisadores têm se concentrado em algumas partes ou em algumas variáveis isoladas do enorme contexto de variáveis que intervêm cada qual com sua natureza, seu impacto, sua duração, sua importância etc. - na estrutura e no comportamento das organizações que dificultam enormemente sua visão global. À medida que a Administração se defronta com novos desafios e novas situações que se desenvolvem com o decorrer do tempo, as doutrinas e teorias administrativas precisam adaptar suas abordagens ou modificá-las completamente para continuarem úteis e aplicáveis. Isto explica, em parte, os gradativos passos da TGA no decorrer deste século. O resultado disso tudo é a gradativa abrangência e complexidade que acabou de ser discutido. 2 Conteúdo adaptado de Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 3 Conteúdo adaptado de Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. Figura 7 - Cinco variáveis básicas na Teoria Geral da Administração. Fonte: Chiavenato (2010). MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos 3. AS PRINCIPAIS TEORIAS QUE INFLUENCIAM O ATUAL PROCESSOADMINISTRATIVO4 O administrador defrontar-se-á com problemas múltiplos e cada vez mais diferentes e mais complexos do que os anteriores, e sua atenção será disputada por eventos e por grupos situados dentro e fora da empresa que proporcionarão dificuldades ao seu diagnóstico perceptivo e sua visão dos problemas a resolver ou das situações a enfrentar. A sociedade moderna está passando por grandes transformações, por tendências genéricas, cujos reflexos na administração das empresas serão profundas e marcantes. As tendências e seus reflexos na administração contemporânea são: A – Da sociedade industrial para a sociedade de informação; B – Da tecnologia simples para a alta tecnologia; C – Da economia nacional para a economia mundial; D – Do curto prazo para o longo prazo; E – Da democracia representativa para a democracia participativa; F – Das hierarquias para a comunicação lateral e intensiva. Antecedentes históricos da administração Ao longo da história da humanidade, a Administração se desenvolveu de forma muito lenta. Somente a partir do século XX é que a Administração começa a ganhar seu espaço de forma notável. No final do século XIX, a sociedade era completamente diferente. As organizações eram poucas e pequenas e predominavam as pequenas oficinas, artesãos independentes, pequenas escolas, profissionais autônomos (como médicos, advogados, que trabalhavam por conta própria), o lavrador, o armazém da esquina etc. O trabalho sempre existiu na história da humanidade, mas a história das organizações e da sua administração é um capitulo que teve o seu início há muito pouco tempo. Nos tempos atuais, a sociedade típica dos países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações sociais (como a produção de bens ou serviços em geral) é confiada a organizações (como indústrias, universidades e escolas, hospitais, comércio, comunicações, serviços públicos etc.) que são administradas por dirigentes com o objetivo primordial de se tornarem mais eficientes e eficazes. As influências na Administração As organizações não surgem do nada ou aparecem já completas; são o processo de uma evolução. E nesse processo as organizações, ao longo do tempo, sofreram (sofrem) várias influências, tais como: Influência dos Filósofos Influência da Organização da Igreja Católica Influência da Organização Militar Influência da Revolução Industrial Influência dos Economistas Liberais Influência dos Pioneiros e Empreendedores Com relação à Revolução Industrial, é importante apresentar alguns detalhes decisivos da história: a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e a sua aplicação à produção, fazendo surgir uma nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, num lapso de um século, foram maiores do que as mudanças havidas em todo o milênio anterior. A Revolução Industrial passou por duas épocas distintas: 4 Conteúdo adaptado de Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos 1780 a 1860: 1- Revolução Industrial ou revolução do carvão e do ferro. 1860 a 1914: 2 - Revolução Industrial ou do aço e da eletricidade. A 1a Revolução Industrial apresenta quatro fases distintas: 1ª fase: Mecanização da indústria e da agricultura, com o aparecimento da máquina de fiar, do tear hidráulico, do tear mecânico e do descaroçador de algodão, que substituíram o trabalho do homem e a força motriz muscular do homem, do animal ou da roda de água. 2ª fase: Aplicação da força motriz à indústria. As máquinas a vapor transformam as antigas oficinas em fábricas. 3ª fase: Desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina patronal desaparecem para ceder lugar ao operário e às fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho. Surgem as indústrias em detrimento da atividade rural. A migração de massas humanas das áreas agrícolas para as proximidades das fábricas provoca a urbanização. 4ª fase: Espetacular crescimento dos transportes e das comunicações. A navegação a vapor, os locomotivos a vapor e novos meios de transporte e de comunicação apareceram com surpreendente, rapidez. O telégrafo elétrico, o selo postal e o telefone impelem o forte desenvolvimento econômico, social, tecnológico e industrial e as profundas transformações e mudanças que ocorreriam com uma velocidade maior. A 2a Revolução Industrial começa por volta de 1860, provocada por três acontecimentos importantes: o novo processo de fabricação do aço (1856); o aperfeiçoamento do dínamo (1873) e a invenção do motor de combustão interna (1873). As características da 2ª Revolução Industrial são as seguintes: 1-Substituição do ferro pelo aço como material industrial básico. 2-Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia. 3-Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador. 4-Crescente domínio da indústria pela ciência. 5. Transformações radicais nos transportes e comunicações. As vias férreas são ampliadas. Em 1880, Daimler e Benz constroem automóveis artesanais na Alemanha, Dunlop aperfeiçoa o pneumático em 1888 e Henry Ford inicia a produção do seu modelo "T" em 1908. Em 1906, Santos Dumont faz a primeira experiência com o avião. 6. Surgem novas formas de organização capitalista. As firmas de sócios solidários que tomavam parte ativa na direção dos negócios deram lugar ao chamado capitalismo financeiro. O capitalismo financeiro tem quatro características principais: a) Dominação da indústria pelas instituições financeiras e de crédito, como na formação em 1901 da J.P. Morgan & Co. b) Formação de acumulações de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas. c) Separação entre a propriedade particular e a direção das empresas. d) Aparecimento das “holding companies” para coordenar e integrar negócios. 7. Expansão da industrialização até a Europa Central e Oriental e o Extremo Oriente. Da calma produção do artesanato, onde todos se conheciam, passou-se rapidamente para regime de produção por meio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Houve uma súbita modificação da situação provocada por dois aspectos, a saber: 1- A transferência da habilidade do artesão para a máquina, que passou a produzir com maior rapidez, maior quantidade e melhor qualidade, possibilitando a redução nos custos de produção. 2- A substituição da força do animal ou do músculo humano pela maior potência da máquina a vapor (e posteriormente pelo motor), permitindo maior produção e maior economia. Assim, a Revolução Industrial provocou profundas modificações na estrutura empresarial e econômica da época. Mas não chegou a influenciar os princípios de administração das empresas então utilizados. Os dirigentes de empresas trataram de cuidar como podiam ou como sabiam das demandas de uma economia em rápida expansão e tinham por modelo as organizações militares ou eclesiásticas nos séculos anteriores. A organização e a empresa moderna nasceram com a Revolução Industrial graças a fatores como: a- A ruptura das estruturas corporativas da Idade Média; b- O avanço tecnológico, graças à aplicação dos progressos científicos à produção; MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro JonathanMestrinel dos Santos com a descoberta de novas formas de energia e a enorme ampliação de mercados; c- A substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de produção. 4. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA5 A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. O nome Administração Científica é devido a tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada por volta de 1900 pelo engenheiro americano Frederick Winslow Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria da Administração. Taylor teve inúmeros seguidores (como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e outros) e provocou verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial da sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar o nível de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. O principal objetivo da administração deve ser o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princípio de máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperidade para o empregado deve ser o fim principal da Administração, sendo desnecessário demonstrá-lo. Assim, deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores. A Obra de Taylor Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais tarde, generalizou suas conclusões para a Administração geral: sua teoria seguiu em caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Taylor expõe que: 1 - O objetivo de uma boa Administração é pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção. 2 - Para realizar esse objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentação, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle de operações fabris. 3 - Os empregados devem ser cientificamente colocados em serviços ou postos em que os materiais e as condições de trabalho sejam cientificamente selecionados, para que as normas possam ser cumpridas. 4 - Os empregados devem ser cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo que a produção normal seja cumprida. 5 - Uma atmosfera de cooperação dever ser cultivada ente a Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente psicológico que possibilite a aplicação dos princípios mencionados. Segundo Período de Taylor. Nesse segundo período, desenvolveu seus estudos sobre a Administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar contudo sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor assegurava que as indústrias de sua época padeciam de três tipos de problemas: 1 - Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam propositadamente a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Segundo Taylor há três causas determinantes da vadiagem no trabalho: A - O erro de que um rendimento maior do homem e da máquina terá como resultante o desemprego de grande número de operários; B - O sistema defeituoso de administração que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; C - Os métodos empíricos ineficientes, utilizados nas empresas, que fazem o operário desperdiçar grande parte do seu esforço e do seu tempo. 2 - Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. 3 - Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho. 5 Texto adaptado de Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Para sanar esses três problemas, idealizou o seu famoso sistema de Administração que denominou Scientific Management e que nos países de língua latina foi difundido sob os nomes de Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Organização Racional do Trabalho Taylor verificou que os operários aprendiam suas tarefas por meio da observação dos companheiros. Notou que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Esses instrumentos e ferramentas devem ser aperfeiçoados por meio da análise científica e um detalhado estudo de tempos e movimentos. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). A Organização Racional do Trabalho (ORT) A ORT se baseia em: Estudo dos Tempos e Movimentos O trabalho é executado melhor e mais economicamente por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessário à execução de cada operação de uma tarefa metódica e pacientemente analisando a execução das tarefas de cada operário. Os objetivos do estudo de tempos e movimentos são: 1- Eliminação de todo o desperdício de esforço humano. 2- Adaptação dos operários à tarefa. 3-Treinamento dos operários. 4- Especialização do operário. 5- Estabelecimento de normas de execução do trabalho. Estudo da Fadiga Humana O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e fisiologia humanas. Foi realizado estudos (estatísticos) sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. O estudo dos movimentos tem três finalidades: a. Eliminar movimentos inúteis na execução de uma tarefa. b. Executar os movimentos úteis com a maior economia de esforço e tempo. c. Dar aos movimentos uma coordenação apropriada e economia de movimentos. Divisão do Trabalho e Especialização do Operário Uma das decorrências do estudo dos tempos e movimentos foi a divisão do trabalho e a especialização do operário a fim de elevar sua produtividade. Com isso, cada operário se especializou na execução de uma única tarefa ou de tarefas simples e elementares. A linha de montagem foi sua principal base de aplicação. Essas ideias tiveram rápida aplicação na indústria americana e estenderam-se rapidamente a todos os demais países e a todos os campos de atividades. A partir daí, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer a sua maneira de trabalhar e passou a ser treinado à execução automática e repetitiva, durante toda a sua jornada de trabalho. A ideia básica era de que a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será a sua eficiência. Desenho de Cargos e Tarefas Tarefa é toda e qualquer atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. Cargo é o conjunto de tarefas executadas. Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: a) Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção; MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me.Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos b) Minimização dos custos de treinamento; c) Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeições; d) Facilidade de supervisão, pois cada supervisor pode controlar um número maior de subordinados; e) Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade. Incentivos Salariais e Prêmios de Produção Uma vez analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o método e o tempo para sua execução, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo com o método preestabelecido, necessitava-se que o empregado colaborasse com a empresa adequando-se dentro dos padrões definidos. Para isso foi desenvolvido um plano de incentivos salariais e de prêmios de produção. A ideia básica era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produzisse pouco ganharia pouco e o que produzisse mais, ganharia na proporção de sua produção. Era necessário um estímulo salarial adicional para que os operários ultrapassassem o tempo padrão. Era necessário criar um incentivo salarial ou prêmio de produção. Conceito de Homo Economicus Com a Administração Científica implantou-se o conceito de homo economicus, isto é, do homem econômico. De acordo com esse conceito, toda pessoa é influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Assim, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Condições De Trabalho Taylor e seus seguidores verificaram que a eficiência depende não somente do método de trabalho e do incentivo salarial, mas também de um conjunto de condições de trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador e diminuam a fadiga. As principais condições de trabalho são: a) adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; b) arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção; c) melhoria do ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a eficiência do trabalhador; d) projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos desnecessários. Padronização Organização Racional do Trabalho se preocupou com os planos de incentivos salariais. Se preocupou também com a padronização dos métodos e processos de trabalho, com a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias primas e componentes, a fim de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e assim, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. Supervisão Funcional Para Taylor, a característica mais marcante da administração funcional consiste no fato de que cada operário, em lugar de se colocar em contato direto com a administração num único ponto, isto é, por intermédio de seu chefe de turma, recebe orientação e ordens diárias de oito encarregados diferentes, cada um dos quais desempenhando sua própria função particular. Apreciação Crítica da Administração Científica A obra de Taylor e seus seguidores são suscetíveis a numerosas críticas. Essas críticas não lhe diminuem o mérito de verdadeiros pioneiros e desbravadores da então nascente Teoria da Administração. As principais críticas à Administração Científica são: Mecanicismo da Administração Científica. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Superespecialização do operário. Visão microscópica do homem. Ausência de comprovação científica. Abordagem incompleta da organização. Limitação do campo de aplicação. Abordagem prescritiva e normativa. Abordagem de sistema fechado. Pioneirismo na Administração. Princípios Básicos de Ford e o Fordismo Henry Ford (1863-1947), iniciou sua vida como mecânico, chegando a engenheiro-chefe de uma fábrica. Idealizou e projetou um modelo de carro e fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Sua ideia era fabricar carros – antes artesanais e destinados a poucos milionários – a preços populares dentro de um plano de vendas e assistência técnica. Revolucionou a estratégia comercial da época. Princípios Básicos de Ford: Talvez o mais conhecido de todos os precursores da moderna Administração, Henry Ford (1863-1947), fez uma das maiores fortunas do mundo graças ao constante aperfeiçoamento de seus métodos, processos e produtos. Ford adotou três princípios básicos: - Princípio de intensificação: consiste em diminuir o tempo de produção com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. - Princípio da economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação. A velocidade da produção deve ser rápida. - Princípio da produtividade: consiste em aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) através da especialização e da linha de montagem. O esquema se caracteriza pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico. Entre 1905 e 1910 Ford promoveu a grande inovação do século XX: A produção em massa. Embora não tenha inventado o automóvel e nem mesmo a linha de montagem, Ford inovou na organização do trabalho: a produção de maior número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor custo possível. A produção em massa se baseia na simplicidade. Três aspectos suportam o sistema: 1. A progressão do produto através do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua. Não há interrupções. 2. O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de obrigá-lo a ir buscá-lo. 3. As operações são analisadas em todos os seus elementos. Entenda o fordismo A racionalização da produção proporcionou a linha de montagem que permite a produção em série. Na produção em série ou em massa, o produto é padronizado, bem como o maquinário, o material, a mão-de-obra e o desenho do produto, o que proporciona um custo mínimo. Daí, a produção em grandes quantidades, cuja condição precedente é a capacidade de consumo em massa, seja real ou potencial, na outra ponta. Estudo de caso 01 O ano é 1900. A BOOT STELL vendeu 80 mil toneladas de ferro em barra. Agora é preciso carregar os vagões com as barras, que estão amontoadas em pequenas pilhas. Essa operação deve ser executada manualmente. Os operários contratados para executar esta tarefa gigantesca começaram movimentando cerca de 12 toneladas por homem /dia, o melhor que se podia conseguir. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos Chamado para estudar a eficiência do processo, o engenheiro e chefe de produção Frederick Taylor chegou decidido a aplicar a administração científica. Taylor adotou uma combinação de pagamento elevado, proporcional à quantidade movimentada, seleção dos melhores trabalhadores e orientação para realizar a tarefa. Taylor, porém, percebeu que os trabalhadores iriam começar correndo para ganhar bastante e rapidamente ficariam exaustos, sendo obrigados a interromper o trabalho muito antes de terminá-lo. Taylor, então, descobriu que homens de físico adequado conseguiamaumentar a quantidade de toneladas movimentadas, com total segurança, desde que os supervisores os obrigassem a descansar a intervalos frequentes. Em resumo, ele descobriu que, para produzir o melhor resultado possível, um trabalhador que ele considerava de primeira classe, carregando barras de ferro que pesavam cerca de 45 kg, deveria trabalhar apenas 43% do tempo. A “ciência” de carregar barras de ferro, desse modo, consistia primeiro em escolher o homem apropriado, e segundo, em obrigá-lo a descansar a intervalos que se havia descoberto serem os mais eficientes, após cuidadosa investigação. Como consequência da intervenção de Taylor os homens passaram a movimentar em média 47,5 toneladas por dia. Este resultado ele conseguiu por meio do estudo de tempos e movimentos, minimização do dispêndio da energia muscular. E assim, Frederick Taylor demonstrou que os níveis mais altos de oportunidades resultam da utilização eficiente da energia: trabalha-se menos e se produz mais. 1. Quais princípios ficam evidentes no caso quando o engenheiro Frederick Taylor foi chamado para estudar a eficiência do processo? Explique. 2.Qual postulado fica evidente quando Taylor adotou a combinação de pagamento elevado, proporcional a quantidade produzida? Explique. 3. De acordo com o caso proposto, explique as consequências da Teoria Científica para o trabalhador? 4. O que aconteceria se Taylor não obrigasse os operários a descansar? 5. PLANEJAMENTO COMO ELEMENTO CHAVE EM ADMINISTRAÇÃO O Planejamento é uma das funções administrativas mais importantes, pois dela derivam todas as demais. Não há como organizar, dirigir e controlar algo que não se planejou. Mas o planejamento possui vários níveis, dependendo do grau de abrangência, nível hierárquico departamentalizado e objetivos, metas, estratégias e ações empreendidas pela organização. O planejamento é chave para a administração, pois congrega ações de vários departamentos e pessoas engajadas em promover um desempenho ótimo frente aos recursos e objetivos que possui. Planejar recursos humanos, financeiros, contábeis, materiais, informacionais, logísticos, energéticos, de tempo, de insumos, de marketing, etc. é um dos papéis mais significativos e complexos do administrador atual, tendo em vista que as demandas atuais são inconstantes, voláteis, mutáveis e incertas, obrigando os profissionais a constantes replanejamentos e redirecionamentos de ações. Planejar, portanto, não significa estabelecer um conjunto de ações fixas antecipadas, visando a consecução de objetivos futuros sem contar com a necessidade de revisões, revisitas e constante reestruturação. Assim, para cada necessidade encontrada na empresa, há uma força contrária que a conduz ao (re)planejamento. Como a organização possui inúmeras necessidades em diversos níveis, também o planejamento vai acompanhar essa variação. Para as ações em nível de atividades de rotina, existe o planejamento operacional, que determina rotinas, instruções de trabalho e se preocupa com o curto prazo, envolvendo grande divisão do trabalho. Para as ações com objetivos departamentais ou gerenciais, há as atividades de planejamento funcional ou departamental onde o foco deixa a operação e passa a se concentrar nas metas de médio prazo, com resultados em nível de gerência. Para os objetivos estratégicos, de longo prazo e que envolvem elementos internos e externos à organização como abertura de uma nova filial, análise do mercado para introdução de um novo produto, há o planejamento estratégico. Esse tipo de planejamento, embora tenha havido participação cada vez maior dos outros níveis hierárquicos, fica a cargo da alta administração, responsáveis pelos rumos futuros da empresa. 6. ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO6 Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França, espraiando-se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a 6 Texto adaptado de Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010. MATERIAL DE ESTUDO Disciplina: Teoria Geral da Administração I Faculdade Santa Lúcia Introdução à TGA - I Prof. Me. Mauro Jonathan Mestrinel dos Santos organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a Administração Científica, essa eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e do somatório das eficiências individuais. A Teoria Clássica, ao contrário, partia do todo organizacional e da sua estrutura para garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos, etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização como um todo em relação a sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da TGA. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor. A Época É no início do século XX que surge a Abordagem Clássica da Administração. E este século foi tumultuado. A primeira Guerra Mundial (1914-1917) envolveu a Europa e os Estados Unidos em operações militares conjuntas. Em seguida, os meios de transporte tiveram enorme expansão, com a indústria automobilística, as ferrovias e o início da aviação militar, civil e comercial. As comunicações também passaram por enorme expansão do jornalismo e do rádio em ondas médias e curtas, E na Europa surgiu a Teoria Clássica da Administração. Duas são suas orientações, opostas entre si, mas que se complementam com relativa coerência: 1-De um lado, a Administração Científica que surge nos Estados Unidos, a partir dos trabalhos de Taylor, cuja preocupação era aumentar eficiência no nível dos operários. A ênfase é dada na análise e na divisão do trabalho do operário, vez que as tarefas do cargo e o titular constituem a unidade fundamental da organização. Assim, a abordagem da Administração Científica é uma abordagem de baixo para cima (do operário para o gerente) e das partes (operários e seus cargos) para o todo (organização da fábrica). A predominância é para o método de trabalho, para os movimentos necessários à execução de uma tarefa e para o tempo padrão necessário para sua execução. O cuidado analítico e detalhista permitia a especialização do operário e o reagrupamento de operações, tarefas, cargos etc., que constituem a chamada Organização Racional do Trabalho (ORT) que é na verdade, uma engenharia industrial. A ênfase nas tarefas é a principal característica da Administração Científica. 2 - De outro lado, a corrente desenvolvida na França, com os trabalhos pioneiros de Fayol. A essa corrente chamaremos Teoria Clássica. A preocupação era aumentar a eficiência da empresa através da forma e disposição dos departamentos e das suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase estrutura e no funcionamento da organização. Assim, a abordagem da Teoria Clássica é uma abordagem inversa à da Administração Científica: de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo (organização) para as seus departamentos. A atenção é dada para a estrutura organizacional e com os elementos
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