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Química_______________________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 181 BRASIL COLÔNIA (1500-1822) EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL DA EUROPA E A DESCOBERTA DO NOVO MUNDO A expansão marítima e comercial da Europa e a “descoberta” do Novo Mundo foram resultados das transformações ocorridas na Europa durante os séculos XIV-XV. Estas mudanças são características da Modernidade e definem o período conhecido como Idade Moderna (séc. XV-XVIII). Características da Modernidade: POLÍTICA: Centralização do poder no monarca ⇒ Formação das monarquias nacionais ⇒ Estado Nacional Moderno (Absoluto) ECONOMIA: Surgimento do capitalismo ⇒ Mercantilismo ou Capitalismo Comercial ⇒ Expansão marítima e comercial da Europa SOCIEDADE: Expansão do comércio ⇒ crescente importância social da burguesia ⇒ conflitos com a nobreza (privilégios) e com os camponeses (exploração) CULTURA: Renascimento RELIGIÃO: Reforma Protestante e Contra Reforma. O desenvolvimento do capitalismo está associado à expansão marítima e comercial da Europa ocorrida nos séculos XV e XVI. Dessa expansão, resultaram o descobrimento de novas rotas marítimas para o comércio com o Oriente e o “descobrimento” e conquista da América. Diversos fatores econômicos contribuíram para a expansão marítima e comercial européia: • a busca de um novo caminho para o Oriente; • a necessidade de novos mercados; • a falta de metais preciosos; • a formação dos Estados Modernos. É necessário entender estas demandas como pertencentes à política econômica do Estado Moderno, que é conhecida como Mercantilismo ou Capitalismo Comercial. Mercantilismo ou Capitalismo Comercial: conjunto de práticas e teorias econômicas adotadas pelas monarquias absolutistas durante o período da Idade Moderna, onde o comércio é a principal fonte de geração de riquezas para os Estados europeus. Principais características do mercantilismo: • intervenção do Estado na economia; • metalismo: a riqueza de um Estado é medida pela quantidade de metais preciosos que possuía; • balança comercial favorável: o número de exportações deve ser superior ao de importações; • protecionismo: incentivo do governo para que a balança comercial estivesse favorável (superávit); • monopolismo: o Estado mantinha o monopólio de determinadas atividades econômicas; • colonialismo: as metrópoles buscavam territórios ricos em metais preciosos ou matérias-primas que pudessem ser comercializados na Europa. Cada país europeu adaptou a teoria mercantilista as suas peculiaridades e ao tipo de colônias que passou a possuir: País Tipo Características Espanha Bulhonismo Exploração de metais preciosos nas colônias americanas Comercialismo Comércio de especiarias com o Oriente Plantation Sistema adotado durante a produção açucareira no Brasil, desenvolvendo a agricultura em grandes propriedades e com mão- de-obra escrava Portugal Metalismo Sistema adotado durante a produção mineradora no Brasil Portugal foi pioneiro nas chamadas “grandes navegações” durante o século XV. Este pioneirismo deveu-se à centralização administrativa, à ausência de guerras e à posição geográfica. A expansão marítima e comercial portuguesa teve como marco inaugural a conquista de Ceuta, em 1415, no norte da África. Após esta primeira viagem, foi criada na vila de Sagres, no extremo-sul de Portugal, a chamada Escola de Sagres, um centro de pesquisas de navegação. As principais conquistas da expansão marítima e comercial portuguesas foram: 1415 – conquista da cidade de Ceuta 1419 – chegada à Ilha da Madeira 1431 – reconhecimento do Arquipélago dos Açores 1434 – Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador 1488 – Bartolomeu Dias atinge o extremo-sul da África, chamado, posteriormente, de Cabo da Boa Esperança 1498 – Vasco da Gama atinge a cidade de Calicute, nas Índias, objetivo perseguido durante um século 1500 – Pedro Álvares Cabral atinge o Brasil. Na África, Portugal estabelece feitorias (postos fortificados de comércio) onde obtém ouro, marfim, pimenta e escravos. No Brasil, primeiramente, o ____________________________________________________História do Brasil 182 História do Brasil – Módulo 1 principal produto explorado será o pau-brasil, seguido da cana-de-açúcar e da mineração. Outros países participaram da expansão marítimo- comercial européia: 1492 – “Descobrimento” da América por Cristóvão Colombo 1500 – Vicente Pizón chega à foz do atual Rio Amazonas 1513 – Vasco Nunes de Balboa atinge o Oceano Pacífico ESPANHA 1519 – Fernão de Magalhães inicia a primeira viagem de circunavegação, terminada em 1521 1497 – Giovanni Caboto atinge a América do Norte, na região do Canadá INGLATERRA 1577 – Francis Drake realiza a segunda viagem de circunavegação 1524 – Giovanni Verrazano explora o litoral leste da América do Norte FRANÇA 1534 – Jacques Cartier explora a região do atual Canadá 1609 – Henry Hudson explora a região do atual EUA 1624 – Os holandeses invadem a capitania da Bahia, no Brasil HOLANDA 1630 – Os holandeses atacam a capitania de Pernambuco e permanecem no Brasil por 24 anos A “DESCOBERTA” DO NOVO MUNDO A “AMÉRICA” ÀS VÉSPERAS DA CONQUISTA De maneira geral, o território hoje conhecido como América apresentava, às vésperas da conquista, uma grande heterogeneidade em termos de organização socioeconômica. Existiam desde tribos nômades dispersas até mesmo culturas que desenvolveram um complexo sistema político- administrativo, com alto nível tecnológico e relações sociais hierarquizadas. • apaches, comanches e iroqueses, na região do atual Estados Unidos; • astecas, na região do atual México; • maias, na mesoamérica; • incas, na Cordilheira dos Andes, no atual Peru; • tupis-guarani, jês (ou tapuias), nuaruaques (ou naipures) e caraíbas (ou caribas), no atual Brasil. ESPANHA E O “DESCOBRIMENTO” DA AMÉRICA Cristóvão Colombo partiu da Espanha em 3 de agosto de 1492, objetivando descobrir uma rota alternativa para o comércio com as Índias. Enviado por Isabel de Castela, após ter seu plano recusado pelo rei português D. João II, assina com a monarca um documento – as “Capitulações de Santa Fé” – comprometendo-se a descobrir ilhas e terras unicamente para a coroa espanhola. O financiamento para a expedição de Colombo foi prioritariamente privado, o que evidencia a falta de recursos da monarquia espanhola. Em 12 de outubro do mesmo ano, Colombo chegou a São Domingos, ilha localizada na região do Caribe. Durante dois meses, o navegador explorou a região, logo após regressando à Espanha. AS DISPUTAS PELO ATLÂNTICO A descoberta da América acirrou as disputas entre Portugal e Espanha pelo domínio do Atlântico. Os espanhóis, pensando terem alcançado as Índias, queriam garantir o monopólio da exploração das novas terras descobertas. Os portugueses queriam garantir as rotas do Atlântico Sul. Com a intermediação da Igreja Católica, as coroas assinaram acordos sobre a divisão dos territórios, entre eles: • Bula Intercoetera (1493): O papa Alexandre VI promulga este acordo, que dividiu o mundo por um meridiano fixado 100 léguas a oeste dos Açores e do arquipélago de Cabo Verde. A decisão privilegiou a Espanha, e os portugueses ameaçaram entrar em guerra. • Tratado de Tordesilhas (1494): Alterou de 100para 370 léguas a oeste de Cabo Verde o limite determinado pela Bula Intercoetera. Portugal garantiu assim o controle das rotas do Atlântico sul. Bula Intercoetera e Tratado de Tordesilhas (fonte: www.unificado.com.br) PORTUGAL E O “DESCOBRIMENTO” DO BRASIL Por muito tempo, o descobrimento do Brasil, ou "achamento", como registrou o escrivão Pero Vaz de Caminha, foi considerado o resultado de um desvio de rota. No entanto, hoje é aceita a tese da intencionalidade, ou seja, de que Cabral veio ao Brasil para “tomar posse” do território. Dois navegadores espanhóis, Vicente Pizón e Diego de Lepe já haviam percorrido o norte do território brasileiro, respectivamente, em janeiro e fevereiro de 1500, porém, não tomaram posse do território por saberem estar na área portuguesa demarcada pelo Tratado de Tordesilhas. História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 183 A esquadra portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral avistou sinais de terra dia 21 de abril pela manhã, segundo a carta de Pero Vaz de Caminha. No dia 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, capelão da esquadra, celebrou a primeira missa na nova terra, no local hoje conhecido como Coroa Vermelha. Cabral tomou posse formal do novo território em nome da casa real portuguesa em 1º de maio. No dia seguinte, a esquadra partiu rumo às Índias. Uma nau voltou a Portugal com as cartas dos pilotos, inclusive a de Caminha, que relatavam a descoberta ao rei. Ficam em terra dois desertores e dois marinheiros com a missão de aprender a língua dos nativos. Considerada a princípio uma ilha, a nova terra recebeu o nome de Vera Cruz. Desfeito o engano, é chamada de Terra de Santa Cruz. Em mapas da época e relatos de viagem aparecia como Terra dos Papagaios, aves que os europeus consideravam exótica, e de Terra dos Brasis, devido à abundância da árvore pau-brasil. SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA Após a conquista de novos territórios, chamados de colônias, as metrópoles européias dedicaram-se à criação de um novo mercado e de uma nova área de extração e produção de matérias primas. A partir dessas idéias, criou-se o sistema colonial mercantilista, que marcou a conquista e a colonização de toda a América espanhola e portuguesa. O sistema colonial mercantilista estava assentado sob duas premissas: • complementaridade: a produção colonial foi organizada com a função de complementar ou satisfazer os interesses da metrópole européia; • monopólio comercial: a colônia de determinado país tornava-se um mercado exclusivo da metrópole do mesmo país. Também era privilégio exclusivo da metrópole vender produtos manufaturados para suas colônias. Esta prática ficou conhecida como “pacto colonial”. Pacto colonial ou Exclusivo metropolitano: sistema pelo qual os países europeus que possuiam colônias mantinham o monopólio de importação de matérias-primas e exportação de produtos manufaturados, sendo proibida qualquer forma de comércio paralelo. O BRASIL PRÉ-COLONIAL (1500-1530) AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES Durante os primeiros trinta anos após a descoberta do Brasil, Portugal não demonstrou muito interesse pelas novas terras no sentido de colonizá-las, já que não foram encontrados imediatamente metais preciosos. Além disso, os interesses portugueses estavam voltados para o comércio de especiarias com as Índias (altamente lucrativo e menos dispendioso que a colonização brasileira). Mesmo assim, Portugal enviou duas expedições, a primeira, em 1501, comandada por Gaspar de Lemos, e a segunda, em 1503, comandada por Gonçalo Coelho. Ambas tinham dois objetivos: fazer o reconhecimento da costa brasileira e informar o rei da possibilidade da existência de metais preciosos. Essa finalidade confere às primeiras expedições o nome de “expedições exploradoras”. A ECONOMIA DO PAU-BRASIL E O SISTEMA DE FEITORIAS Dentre as descobertas feitas pelas “expedições exploradoras” estava o pau-brasil, árvore da qual poderia extrair-se tinta vermelha para o tingimento de roupas. Além desta questão econômica, Portugal passou a preocupar-se com a manutenção da posse do território brasileiro. Aliando o objetivo de proteger as terras portuguesas com a extração do pau-brasil, foram criadas as feitorias, entrepostos comerciais fortificados nos quais era armazenada a madeira para ser enviada a Portugal. O pau-brasil foi declarado produto de monopólio da coroa portuguesa. Mas, como o lucro gerado pela venda da madeira era menor em relação ao comércio de especiarias com o Oriente, a coroa concedeu o direito de extração do pau-brasil a arrendatários, que arcariam com todas as despesas na extração, pagando 20% de imposto a Portugal. A economia do pau-brasil não gerou a colonização, pois não fixava o homem na terra. As populações migravam conforme extraíam o pau-brasil de determinada região. Quando este se esgotava, partiam em busca de outra reserva. A extração da madeira era feita através do escambo (troca) do trabalho indígena por quinquilharias portuguesas. AS EXPEDIÇÕES GUARDA-COSTAS O desinteresse inicial de Portugal em relação ao Brasil proporcionou a presença de estrangeiros, principalmente franceses, no litoral do território brasileiro, que pretendiam explorar o pau-brasil. Assim, a coroa portuguesa obrigou-se a realizar um maior controle do litoral, enviando duas expedições a fim de combater os piratas e corsários franceses. A primeira expedição “guarda-costas” foi realizada METRÓPOLE Escravos e produtos manufaturados COLÔNIA matérias-primas e metais preciosos ____________________________________________________História do Brasil 184 História do Brasil – Módulo 1 em 1516 e a segunda em 1526, ambas comandadas por Cristóvão Jacques. No entanto, estas expedições não foram garantia da posse do território, exigindo outra solução da coroa. A ocupação das terras brasileiras, ou seja, sua colonização, foi a alternativa encontrada para o controle do território e a exploração econômica do Brasil, já que, desde 1520, houve uma diminuição dos lucros da coroa portuguesa advindos do comércio com as Índias, devido aos altos gastos militares e à concorrência com outros países europeus no mercado das especiarias. A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUZA A expedição de Martim Afonso de Souza em 1530 marca o início do processo de colonização do Brasil. Souza, após navegar até o Rio da Prata, fundou em seu retorno o primeiro núcleo brasileiro, São Vicente, em 1532. Concomitantemente ao início da colonização, inicia- se outra atividade econômica no território brasileiro: o cultivo da cana-de-açúcar. A cana-de-açúcar adaptava-se facilmente às condições climáticas do Brasil, tinha aceitação no mercado europeu e era de fácil produção e comercialização. Além disso, Portugal já possuía experiência de cultivo da cana na Ilha da Madeira, na Ilha dos Açores, nas Ilhas Cabo Verde e na Ilha São Tomé, suas colônias no Oceano Atlântico. A ADMINISTRAÇÃO E A ECONOMIA COLONIAL AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS A primeira forma de administração política da colônia foram as Capitanias Hereditárias, sistema criado em 1534, que já fora empregado nas colônias portuguesas no Atlântico. Esta escolha deveu-se ao fato das dificuldades financeiras da coroa portuguesa, que impossibilitavam o investimento para a colonização do Brasil. Portugal entregava lotes de terra – chamados “donatarias” –que variavam entre 10 e 100 léguas, a interessados em explorar as terras coloniais. Isto significa que o sistema de capitanias fundamentava-se no capital privado, e não no capital da coroa. Desta forma, entre 1534 e 1536, D. João III, rei de Portugal, dividiu o território brasileiro, demarcado pelo Tratado de Tordesilhas, em quinze lotes, doando-os a doze capitães-donatários. As principais características das capitanias hereditárias eram: • ser intransferíveis (inalienáveis); • descentralizadas: os capitães-donatários não estavam subordinados a nenhuma autoridade dentro da colônia; • fundamentar-se no capital privado; • ser concedidas mediante a “carta de doação” e a “carta foral”: carta de doação: documento onde o rei de Portugal doa terras aos interessados, que recebem o título de “capitão” ou “governador”. O pré-requisito era o interessado ser cristão. carta foral: documento em que se estabeleciam os direitos e deveres (ou seja, colonizar) do donatário. Entre os direitos estavam a possibilidade de escravizar indígenas, exercer poderes administrativos, possuir participação nos impostos arrecadados e distribuir sesmarias (lote de terra dentro da capitania hereditária doado pelo capitão- donatário ao sesmeiro, que poderia cultivá-lo durante cinco anos, pagando impostos ao capitão- donatário). Capitanias Hereditárias (fonte: www.unificado.com.br/vestibular) O sistema administrativo das capitanias hereditárias não obteve os resultados esperados. Os capitães- donatários enfrentaram uma série de dificuldades, tais como a descentralização administrativa, a falta de recursos, pouco auxílio da coroa, as dificuldades de comunicação, os problemas na defesa do território, etc. A conseqüência foi o abandono das capitanias por seus capitães-donatários, excetuando-se as duas capitanias que obtiveram êxito, devido ao desenvolvimento gerado pela cultura da cana-de-açúcar: a capitania de São Vicente e a capitania de Pernambuco. História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 185 O GOVERNO GERAL Com o fracasso do sistema de capitanias hereditárias, Portugal implanta o Governo Geral, uma nova forma de administração colonial, que tinha como objetivo principal centralizar a administração da colônia. O Governo Geral foi criado pela Carta Régia de 7 de janeiro de 1549, com sede na capitania da Bahia. Além de centralizar o poder, o Governo Geral deveria: • intensificar o povoamento, garantindo a colonização; • pacificar os indígenas; • estabelecer contatos entre capitães-donatários e sesmeiros; • exercer o Poder Judiciário; • instituir órgãos administrativos; • estimular a produção de cana; • enfraquecer o poder dos capitães-donatários; • defender militarmente a colônia. Organização política do Governo Geral: REI →→→→ METRÓPOLE GOVERNADOR GERAL →→→→ PODER CENTRAL CAPITÃO- DONATÁRIO 1 →→→→ PODER REGIONAL CÂMARA MUNICIPAL →→→→ PODER LOCAL COLÔNIA O Brasil possuiu três principais governadores: • Tomé de Souza (1549-1553) Durante seu governo, fundou-se a primeira cidade brasileira, Salvador, em 1549, que se transformou em capital da colônia. Este período também é marcado pelas questões religiosas, com a chegada dos primeiros jesuítas da Companhia de Jesus, chefiados por Manuel de Nóbrega, e com a criação do primeiro bispado do Brasil, sendo escolhido bispo Pero Fernandes Sardinha. Economicamente, a pecuária foi introduzida como produto secundário da economia colonial. • Duarte da Costa (1553-1558) O governo de Duarte da Costa foi marcado por dois grandes conflitos. O primeiro em relação aos desentendimentos entre sesmeiros e jesuítas em torno da escravidão indígena. Nesta questão, o bispo Pero Fernandes Sardinha defendeu os índios, causando um conflito com o filho do governador geral, Álvaro da Costa. O segundo, em relação à invasão francesa, ocorrida em 1555 na Guanabara. Os franceses, comandados por Nicolau de Villegaignon fundaram a “França Antártica”, uma colônia francesa em território brasileiro, que somente foi extinta em 1567, no governo Mem de Sá. Foi durante o governo de Duarte da Costa que se fundou a cidade de São Paulo (1554) pelo padre jesuíta José de Anchieta. • Mem de Sá (1558-1572) Foi o governador que consolidou o sistema de Governo Geral. Altamente religioso, Mem de Sá identificou-se com a causa jesuíta, apoiando a catequese dos nativos. O apaziguamento das relações entre jesuítas e sesmeiros deu-se através da introdução da escravidão negra como mão-de- obra para o cultivo da cana-de-açúcar. Mem de Sá também foi o responsável pela expulsão dos franceses da Guanabara e pela extinção da “França Antártica”. Para isso, contou com a ajuda de seu sobrinho, Estácio de Sá, que, ao chegar de Portugal, fundou a cidade do Rio de Janeiro em 1565. Após a morte de Mem de Sá, em 1572, a coroa portuguesa dividiu o Brasil em dois domínios, o do norte, com sede na Bahia e governado por Luiz de Brito; e o do sul, com sede no Rio de Janeiro, governado por Antônio Salema. O governo duplo não apresentou os resultados esperados e, em 1578, Lourenço da Veiga foi nomeado único governador geral do Brasil, cargo que ocupou até 1581. A ECONOMIA AÇUCAREIRA O primeiro engenho de cana-de-açúcar foi instalado em 1532 na capitania de São Vicente, no extremo- sul da colônia. No entanto, a produção de açúcar foi maior nas capitanias da Bahia e de Pernambuco. Em poucos anos, o açúcar transformou-se no produto mais importante exportado pelo Brasil, permitindo que a colonização se efetivasse. O açúcar foi responsável pela formação de uma sociedade agrária. Para se transformar em uma atividade lucrativa, a cana deveria ser plantada em grandes extensões de terra, o que resultou na formação de grandes propriedades, chamadas latifúndios, principalmente na região nordeste. Os senhores de engenho configuraram-se como a classe dominante da economia açucareira. Principais características da economia açucareira: Propriedade: latifúndio (grandes extensões de terra). Produção: monocultura (plantação de um único produto). Mão-de-obra: escrava – indígena e negra (predominante). Mercado: externo Circulação: produção: Brasil; transporte: Portugal; refino e comércio: Holanda. Sociedade: estratificada, rural, patriarcal. ____________________________________________________História do Brasil 186 História do Brasil – Módulo 1 O cultivo da cana-de-açúcar foi responsável pelo aumento na entrada de escravos africanos na colônia brasileira, que foram direcionados ao trabalho nos canaviais, mas também a outros postos de trabalho. O tráfico negreiro constituiu-se numa mercadoria altamente lucrativa dentro da lógica do mercantilismo, já que Portugal tinha o monopólio de venda de escravos para a colônia. A ESCRAVIDÃO NEGRA E AS FORMAS DE RESISTÊNCIA O trabalho compulsório do indígena foi usado em diferentes regiões do Brasil até meados do século XVIII. A caça ao índio era um negócio local e os ganhos obtidos com sua venda permaneceram nas mãos dos colonos, sem lucros para Portugal. Por isso, a escravização do nativo brasileiro foi gradativamente desestimulada pela metrópole e substituída pela escravidão negra. O tráfico negreiro era um dos mais vantajosos negócios do comércio colonial e seus lucros foram canalizados para o reino. Os cativosvindos de Angola, Moçambique e Congo – os bantos – eram introduzidos no nordeste e no Rio de Janeiro, e os de Guiné, Costa do Ouro e Daomé – os sudaneses – na Bahia. Os negros eram amontoados nos porões dos navios negreiros, em péssimas condições de subsistência. Muitos contraíam doenças, resultando na morte de boa parte dos cativos. Mesmo com o alto índice de mortalidade, o lucro que a venda de escravos proporcionava era bastante elevado. No mercado brasileiro, 200 a 300 escravos eram expostos nas calçadas para serem vendidos. Eram tratados como “mercadoria” e o preço variava conforme a idade. Os primeiros escravos negros começaram a chegar por volta de 1540, mas foi no final do governo de Mem de Sá, em 1570, que o escravismo colonial se expandiu. Procedência dos escravos africanos e rotas de comércio com o Brasil (fonte: www.achebrasil.com) AS FORMAS DE RESISTÊNCIA As rebeliões e conflitos com escravos atravessaram todo o período colonial e se estenderam até a abolição da escravatura, em 1888. Foram comuns os casos de suicídio, de fugas e de assassinatos de senhores, feitores e capitães-do-mato. Revoltas e fugas coletivas nos engenhos eram freqüentes. Na resistência à opressão branca, os escravos negros também se organizaram coletivamente e formam quilombos. O mais conhecido é o Quilombo de Palmares. O QUILOMBO DOS PALMARES Formado na região do atual Estado de Alagoas por volta de 1630, Palmares foi uma confederação de quilombos cujo líder mais proeminente foi Zumbi. Chegou a reunir 30 mil habitantes e resistiu às investidas militares dos brancos por 65 anos. Foi destruído em 1694. Zumbi fugiu e foi morto em 1695. OUTRAS FORMAS DE RESISTÊNCIA Os escravos elaboraram, ainda, outras formas de resistência, utilizando-se de aspectos da cultura européia. Uma dessas estratégias era o batismo, o casamento e a constituição de uma família, que dificultava a venda do escravo para outro senhor de engenho (já que implicaria a compra de toda uma família), assim como este fato beneficiava o dono do cativo, que pressupunha que sua “mercadoria” não se rebelaria frente à possibilidade de retaliação a sua família. O DOMÍNIO ESPANHOL E A INVASÃO HOLANDESA O período de Domínio Espanhol ou União Ibérica compreende os anos entre 1580 e 1640, quando os tronos português e espanhol estiveram sob o governo do mesmo rei. Isso se deu por um problema sucessório em Portugal. D. Sebastião, rei português, morreu em 1578, e não deixou herdeiros dentro da dinastia de Avis, a qual pertencia. Seu tio-avô, D. Henrique, assume o trono, mas morre dois anos depois. Felipe II, rei da Espanha, pertencente à dinastia dos Habsburgos, impôs-se como herdeiro legítimo do trono luso. Através do Juramento de Tomar (1581), Felipe II prometeu respeitar a dignidade portuguesa, tratando Portugal como reino unido, e não como território conquistado. Assim, a burguesia lusa poderia comercializar com as colônias espanholas. Enquanto a colônia brasileira esteve sob domínio da Espanha, houve o rompimento definitivo do Tratado de Tordesilhas, já que não havia motivos para separar territórios que agora pertenciam à mesma metrópole. Foi durante este período que se iniciou a prática do bandeirantismo. Durante o período do Domínio Espanhol, a colônia brasileira sofreu diversos ataques e diversas História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 187 invasões estrangeiras. Os ingleses acentuaram a prática da pirataria na costa; os franceses invadiram a capitania do Maranhão e fundaram a França Equinocial, sendo expulsos entre 1612-1615; e os holandeses invadiram a capitania de Pernambuco e foram os que por mais tempo ficaram estabelecidos em território luso-espanhol. OS HOLANDESES NO NORDESTE, O GOVERNO DE NASSAU, E A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA Os holandeses, até 1580, eram sócios da metrópole lusa na exploração e comercialização da cana-de- açúcar, pois eram os responsáveis pelo refino e pelo comércio do produto na Europa. Durante o período do domínio espanhol, a Espanha obstaculizou a continuidade das operações holandesas de refino e comércio. Entre os anos 1624-1625, os holandeses fizeram a primeira tentativa de invadir o território brasileiro, através da capitania da Bahia, mas foram derrotados e expulsos. A segunda tentativa de invasão pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ocorreu entre 1630 e 1637, desta vez na capitania de Pernambuco, que os holandeses julgavam mal aparelhada para a defesa. Durante estes sete anos, os holandeses procuraram consolidar-se em território brasileiro, enfrentando a resistência nativa dos pernambucanos, que estava concentrada no Arraial do Bom Jesus. Contando com o auxílio de Domingos Calabar, os holandeses arrasaram o Arraial e estenderam seus domínios da cidade de Alagoas até a Paraíba. Os inúmeros conflitos paralisaram quase que totalmente a produção de açúcar, e os holandeses compreenderam que era necessário estabelecer um meio de coexistência com os proprietários e produtores. Para consolidar os interesses da Companhia Holandesa, foi enviado ao Brasil João Maurício de Nassau-Siegen, que assumiu o governo da capitania de Pernambuco. Durante seu governo (1637-1644), Nassau financiou a recuperação das lavouras e a reconstrução de engenhos, estabeleceu a liberdade religiosa, realizou melhorias urbanas, construiu escolas e hospitais, etc. No entanto, o poder holandês na colônia brasileira começou a enfraquecer devido à conjuntura européia. Portugal, auxiliada pela Inglaterra, em 1640, recuperou o trono através da Restauração Monárquica; e a Holanda sofria as conseqüências da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). O governo de Nassau passou a sofrer uma série de medidas restritivas da Companhia Holandesa, como a exigência do pagamento de impostos, a elevação da taxa de juros e do preço dos escravos. Nassau não aceitou as novas orientações econômicas, e, por isso, foi exonerado do governo, regressando à Europa em 1644. A situação tornou-se crítica quando os proprietários e produtores pernambucanos, que faliram mediante a nova política econômica holandesa, passaram a apoiar o movimento popular de insurreição contra os invasores estrangeiros. Este movimento ficou conhecido como Insurreição Pernambucana (1645- 1654) e teve como lideranças João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias. A Holanda foi perdendo posições durante os diversos enfrentamentos com a população nativa, desde 1645, no monte Tabocas, até 1648-1649, no monte Guararapes. A partir de 1649, a população pernambucana passou a contar com o apoio do governo português, que mandou ajuda e, em 1654, os holandeses foram derrotados no enfrentamento da Campina da Taborda, e expulsos do Brasil. A Companhia Holandesa levou para as Antilhas (ilha localizada na América Central) a técnica de produção brasileira da cana-de-açúcar. Gradativamente, a produção brasileira decaiu com a concorrência do açúcar antilhano. Somado a este fator, a descoberta, no início do século XVIII das minas de ouro no centro do Brasil deslocou da região açucareira (nordeste) a mão-de-obra e os capitais, que passaram a ser investidos na mineração. O deslocamento do eixo econômico na colônia, aliado à decadência da economia açucareira, obrigou a coroa portuguesa a conquistar novos territórios próximos às minas de ouro e de pedras preciosas, além de capturar índios para a extração desse metal e minerais preciosos. Foram criados dois tipos de expedições para tais fins: as entradas e as bandeiras.Entradas: oficiais (feitas pela coroa). Buscavam descobrir metais e conquistar territórios. Partiram da cidade de Salvador e da capitania de São Vicente em direção ao centro e ao norte da colônia. Bandeiras: particulares (feitas por interessados). Buscavam descobrir metais, aprisionar indígenas e capturar gado. Partiram da capitania de São Vicente em direção a São Pedro de Piratini. A PRODUÇÃO MINERADORA As primeiras descobertas de metais preciosos na região onde hoje é o estado de Minas Gerais ocorreram no final do século XVII e início do século XVIII, quando a produção mineradora foi regularmente explorada, atingindo seu apogeu no século XIX. Viu-se que, dentro da lógica mercantilista, a posse de metais preciosos era o principal quesito no momento de quantificar a riqueza de uma nação. ____________________________________________________História do Brasil 188 História do Brasil – Módulo 1 Por isso, a produção mineradora tinha um papel fundamental para Portugal. Porém, os portugueses, a exemplo da Espanha, não conseguiram reter o metal produzido em sua colônia. Durante o período do domínio espanhol, Portugal contou com a ajuda militar e econômica da Inglaterra, gerando uma grande dívida e obrigando a coroa portuguesa a assinar uma série de acordos comerciais e tratados com os ingleses. Dentre esses tratados, o Tratado de Methuen (1703), também conhecido como Tratado de Panos e Vinhos, estabelecia que a Inglaterra isentaria de impostos a entrada de vinho oriundo de Portugal em seu território, da mesma forma que os portugueses deveriam abrir seu mercado para a entrada de produtos manufaturados ingleses. O ouro que passara a ser extraído do Brasil era usado diretamente para o pagamento de dívidas portuguesas com a Inglaterra. A fim de aumentar seus rendimentos, Portugal aumentou os impostos na região mineradora, chegando ao limite dos mineradores com a instituição da Derrama (cobrança dos quintos atrasados), que gerou o início do processo de independência do Brasil. Para o Brasil, o ouro foi responsável pelo surgimento de um mercado interno e pelo deslocamento do centro econômico do nordeste (açúcar) para o centro (mineração). Houve, também, a transferência do centro administrativo, com a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Foi durante o período da produção mineradora que houve um surto cultural no Brasil, tornando as Minas Gerais um centro literário e artístico. Houve, ainda, o surgimento de uma classe alta nativa, que, na fase de decadência da produção mineradora, foi responsável pelos movimentos sociais emancipacionistas. Principais características da produção mineradora: Propriedade: privada (data ou lote, através da conquista ou sorteio). Produção: extrativista. Mão-de-obra: escrava (maioria) e livre. Mercado: externo (com surgimento de mercado interno). Modificações sociais: interiorização e migrações internas; urbanização; surgimento de uma classe nativa; cultura (barroco mineiro – Aleijadinho e Costa Ataíde). Impostos: Quinto (1/5); capitação; taxa fixa de 100 arroubas; derrama. Produtos secundários da economia colonial: Fumo, algodão e gado. Sociedade da produção mineradora: CLASSE ALTA Aristocracia lusa e brasileira Altos funcionários da Coroa Grandes mineradores CLASSE MÉDIA Profissionais liberais Militares Comerciantes Trabalhadores livres ESCRAVOS A CULTURA COLONIAL Até o século XVII, a cultura colonial girava em torno dos colégios jesuítas.A literatura e o teatro, influenciados pelo universo religioso, traziam um discurso retórico e moralizante. Os primeiros sinais de uma produção cultural de caráter nativista apareceram no livro de poemas Música no Parnaso, de Manoel Botelho de Oliveira (1636- 1711). Significativa foi também a obra satírica de Gregório de Matos e Guerra, que traçou amplo painel da vida na Bahia. Em meados do século XVIII começaram a proliferar no Rio de Janeiro e na Bahia os grêmios literários e artísticos. Integrados por médicos, funcionários públicos, militares, magistrados e clérigos, impulsionaram pesquisas e obras com temas nacionais. ARTE E LITERATURA MINEIRAS O desenvolvimento urbano e a concentração de riquezas na região das minas permitiu o florescimento de um movimento arquitetônico e plástico: o barroco mineiro. Na literatura, surgiu o arcadismo, primeira escola literária da colônia. Barroco mineiro – O maior expoente do barroco mineiro é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Escultor, entalhador e arquiteto, Aleijadinho trabalhou principalmente em Vila Rica, atual Ouro Preto, e Congonhas do Campo. Arcadismo – Por volta de 1757, surgiu um movimento literário específico da região das minas, o arcadismo. Privilegiando o bucólico e a simplicidade, utiliza imagens da mitologia e modelos literários greco-romanos. Destacam-se a obra lírica de Tomás Antônio Gonzaga e os poemas épicos de Cláudio Manuel da Costa. Os árcades mineiros criticavam a opressão colonial e participaram da Inconfidência Mineira. A CRISE DO SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial mercantilista começou a enfrentar séria crise, provocada pela profunda transformação econômica nas metrópoles européias. Nesses países, o capitalismo deixava o estágio predominantemente comercial e encaminhava-se História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 189 para a etapa industrial – a chamada Revolução Industrial. O capitalismo industrial entrou em choque com o sistema colonial mercantilista, pois rejeitava as barreiras econômicas impostas pelo monopólio colonial, bem como o regime de trabalho escravista. Entre meados do século XVII e começo do século XVIII, os abusos da coroa lusa na cobrança de impostos e dos comerciantes portugueses na fixação de preços começaram a gerar insatisfação entre a elite agrária da colônia. Surgem os chamados movimentos nativistas: contestação de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Com a mineração, houve o enriquecimento e fortalecimento da elite brasileira. Como a exploração portuguesa não diminuía, e os interesses dessa elite cada vez mais se identificavam com os ideais liberais e iluministas que chegavam ao Brasil, iniciaram-se movimentos de oposição ao regime colonial. OS MOVIMENTOS NATIVISTAS Foram movimentos regionais de oposição ao domínio luso. Exigiam reformas setoriais e não apresentavam projetos de emancipação política de Portugal. MOVIMENTOS CAUSAS LÍDERES Amador Bueno São Paulo 1641 Pobreza da capitania; conflito entre colonos e jesuítas Amador Bueno da Ribeira Revolta dos Beckman Maranhão 1648 Monopólio comercial da Cia. de Comércio do Maranhão Manuel e Thomas Beckman Guerra dos Emboabas Minas Gerais 1709 Paulistas X emboabas (forasteiros) pelo domínio da região das Gerais Manuel Nunes Viana e Bento Coutinho (emboabas) X Amador Bueno da Veiga (bandeirantes) Guerra dos Mascates Pernambuco 1710 Luta de Recife para elevar-se à categoria de vila, com oposição de Olinda Bernardo Vieria de Melo (olindense que queria transformar Olinda numa república independente) Felipe dos Santos Vila Rica 1720 Movimento em oposição às casas de fundição,que acentuavam a exploração portuguesa Felipe dos Santos AS REBELIÕES COLONIAIS Foram movimentos regionais de oposição política e ideológica contra o domínio luso. Refletiam as idéias iluministas européias e liberais surgidas com a Revolução Industrial. INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789) Causas • interna: a cobrança da derrama gera crise social e sentimento anti-luso. • externas: iluminismo e independência dos EUA. Características • anti-lusitanismo; • idéias de independência e republicanismo; • formação de centros universitários; • movimento organizado pela elite mineira. Líderes • Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes); Cláudio Manoeal da Costa; Tomás Antonio Gonzaga; Alvarenga Peixoto; Silvério dos Reis (traidor). Conseqüências • morte de Tiradentes e de Cláudio Manoel da Costa; • exílio dos demais revoltosos; • suspensão da cobrança da derrama. INCONFIDÊNCIA BAIANA OU CONJURAÇÃO DOS ALFAIATES (1798) Causas • interna: crise econômica existente desde o declínio do açúcar e abandono da região canavieira pelo governo luso. • externas: iluminismo através da atuação da maçonaria; independências da América Espanhola; influência da Revolução Francesa (1789). Características • anti-lusitanismo; • idéias de independência, republicanismo, abolicionismo e igualdade social; • ampla participação popular; • atuação da loja maçônica Cavaleiros da Luz. Líderes • João de Deus; Lucas Dantas; Luiz Gonzaga das Virgens; Manuel Faustinp; Cipriano Barata; Joaquim José da Veiga (traidor). Conseqüências • prisão e morte dos líderes revolucionários; • enfraquecimento do poder luso e crescimento do sentimento emancipacionista. INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1817) Causas • interna: crise econômica existente desde o declínio do açúcar; abandono da região canavieira pelo governo luso; cobrança de impostos. Características • anti-lusitanismo; • fundação da República Pernambucana; • participação das elites e classes populares. Líderes ____________________________________________________História do Brasil 190 História do Brasil – Módulo 1 • Domingos José Martinhs; José de Barros Lima. Conseqüências • prisão e morte dos líderes revolucionários; • permanência dos ideiais liberais. O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL No início do século XIX, a política expansionista de Napoleão Bonaparte alterou o equilíbrio político da Europa. O imperador francês impôs a supremacia francesa sobre os demais países, mas encontrou resistência da Inglaterra. Como represália, Napoleão proibiu que os demais países europeus comerciassem com os ingleses, proibição que foi infringida por Portugal, que, por sua vez, teve seu território invadido pelo general francês Jean Junot. A França assinou com a Espanha o Tratado de Fontainebleau (1807), repartindo o território português entre os dois países ao dividi-lo em dois reinos, Lusitânia e Algarves. Esta divisão não foi posta em prática, mas a ameaça da invasão francesa fez com que a família real e sua corte se transferissem para o Brasil. A VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL No final de novembro de 1807, a esquadra real partiu de Lisboa escoltada por navios de guerra ingleses. Nas 36 embarcações, estavam presentes, além da família real, cerca de 15 mil pessoas, que formavam a corte lusa. Em janeiro de 1808, a frota chegou à Bahia, onde permaneceu por um curto período de tempo, antes de seguir viagem para o Rio de Janeiro, que passara a ser sede da monarquia portuguesa. O estabelecimento da família real por tempo indeterminado na colônia obrigou Portugal a realizar uma série de mudanças administrativas, culturais e econômicas, a fim de adaptar a realidade brasileira à presença da monarquia lusa. Na questão administrativa, toda a burocracia lusitana foi remontada no Brasil. Para cobrir as despesas da corte, pagar os soldados e promover transações comerciais, foi criado, em 1808, o primeiro Banco do Brasil. Instalaram-se o Erário Régio, depois transformado em Ministério da Fazenda; o Conselho de Estado; a Junta de Comércio; a Intendência Geral da Polícia; o Desembargo do Paço; a Mesa de Consciência e Ordens (ou tribunal) e a Junta Real de Agricultura e Navegação. Com a corte no Brasil, D. João, o príncipe-regente, tomou várias iniciativas para estimular a educação, a ciência e as artes na colônia. Promoveu várias missões culturais, com a vinda de cientistas e artistas franceses, alemães e ingleses: o pintor e escritor francês Jean-Baptiste Debret, o botânico francês Auguste Saint-Hilaire, o naturalista alemão Karl Friedrich von Martius, o pintor alemão Johann Moritz Rugendas e o naturalista e geólogo britânico John Mawe. Foi criada a primeira escola superior, a Médico-cirúrgica, em Salvador, em 18/2/1808; a Academia da Marinha, em 5/5/1808, e a Academia Militar do Rio de Janeiro, em 4/12/1808; e a primeira Biblioteca Pública (atual Biblioteca Nacional), também no Rio de Janeiro, em 13/5/1811. Cultura e ciências são também foram estimuladas com a criação do Jardim Botânico e da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (depois Academia de Belas Artes), em 4/12/1810. D. João também instalou a primeira tipografia do Brasil e inaugurou a Imprensa Régia em maio de 1808. Em setembro do mesmo ano começou a circular A Gazeta do Rio de Janeiro. Publicada três vezes por semana, a Gazeta não chegou a ser um jornal, mas um periódico que publicava anúncios e atos oficiais da Coroa. A imprensa brasileira nasceu efetivamente em Londres, com a criação do Correio Brasiliense, pelo jornalista Hipólito José da Costa. Apesar de favorável à monarquia, o jornal tinha cunho liberal, defendia a abolição gradual da escravidão e propunha em seu lugar a adoção do trabalho assalariado e o incentivo à imigração. O Correio Braziliense circulou entre 1808 e 1822, sem interrupções. Economicamente, a primeira medida tomada por D. João ao chegar à colônia foi a assinatura da “Carta Régia de Abertura dos Portos”, que significava a suspensão da política protecionista e o rompimento do monopólio português e satisfazia os interesses brasileiros, ingleses e lusos. A conseqüência da abertura dos portos brasileiros às nações amigas significava a “independência econômica” do Brasil em relação a Portugal. O alvará de 1785, que proibia a instauração de manufaturas no Brasil, foi suspenso em 1808, beneficiando a construção de tecelagens, fábricas de vidro e de pólvora, moinhos de trigo e uma fundição de artilharia. Também facilita a vinda de artesãos e profissionais liberais europeus, inclusive médicos e farmacêuticos. Dez anos depois da chegada da corte ao Brasil, a população do Rio de Janeiro aumenta de 50 mil para 100 mil habitantes. No entanto, a economia “brasileira” viria a ser prejudicada com a assinatura dos tratados comerciais com a Inglaterra em 1810 (Tratado de Amizade e Aliança e Tratado de Comércio e Navegação), que estabeleciam, entre outras coisas, uma tarifa alfandegária menor (15%) em relação a Portugal (16%) e outras “nações amigas” (24%) no comércio com o Brasil. Através da assinatura desses tratados, tornava-se nítida a hegemonia inglesa nas relações coloniais e ampliava-se o domínio econômico da Inglaterra sobre o Brasil. Além disso, o crescimento do número de comerciantes ingleses História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 191 na colônia aumentava sem precedenteso consumo de produtos manufaturados ingleses, com os quais a pequena produção manufatureira brasileira não tinha condições de competir. Até 1814, a abertura dos portos beneficiou exclusivamente a Inglaterra, que praticamente monopolizou o comércio com o Brasil. A derrota de Napoleão exigiu um processo de reorganização das fronteiras européias. O Congresso de Viena (1815) determinou que os monarcas devessem voltar a seus reinos para reivindicar a posse e negociar os limites de seus domínios. Para cumprir esta determinação, D. João, em 16 de dezembro de 1815, promove o Brasil à Reino Unido de Portugal e Algarves. Em 1816, com a morte da rainha dona Maria I, o príncipe-regente é sagrado rei, com o título de D. João VI. A VOLTA DA FAMÍLIA REAL A PORTUGAL A elevação do Brasil a Reino Unido gerou um descontentamento em Portugal. Sob domínio inglês desde 1808 e alijados do centro de decisões políticas, a nobreza e os comerciantes que permaneceram no território português exigiam uma restauração de seu poder. O movimento cresce e, em 24 de agosto de 1820, foi deflagrada a Revolução do Porto. Como conseqüência, o parlamento luso, que foi restabelecido, exige a volta de D. João VI. Cumprindo esta exigência, o monarca voltou a Portugal, deixando seu filho D. Pedro, como príncipe-regente do vice-reino do Brasil. As elites brasileiras passaram a considerar D. Pedro como a solução para um processo de independência sem complicações, pois impediria o avanço dos ideais republicanos e abolicionistas e a participação das camadas populares no processo emancipatório. Cumprindo determinações internas, D. João VI ordenou que D. Pedro voltasse a Portugal. Em 29 de dezembro de 1821, o príncipe-regente recebeu um abaixo-assinado pedindo sua permanência no Brasil. Ele anunciou sua decisão de ficar dia 9 de janeiro de 1822, episódio que ficaria conhecido como “Dia do Fico”. A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA D. Pedro iniciou várias reformas políticas e administrativas, começando pela nomeação de José Bonifácio para ministro. No início de 1822, é criado o Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil, uma espécie de parlamento. Em março deste ano, D. Pedro recebeu da maçonaria – organização influente nos movimentos de independência – o título de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil. Em 3 de junho, D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte para substituir o Conselho de Procuradores e, em 1° de agosto, baixou decreto considerando inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no país. Alguns dias depois, lançou o Manifesto às Nações Amigas, elaborado por José Bonifácio, onde assegurava a independência, mas não romperia relações com Portugal, que continuava a tomar medidas para controlar o processo emancipatório. No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro proclamou a independência, sendo aclamado imperador em 12 de outubro e coroado em 1º de dezembro. TEXTOS COMPLEMENTARES “Independência ou Morte” de Pedro Américo (1888) Fonte: Wikipedia “A representação mais consagrada e difundida da Independência surge no quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo. Apresentado pela primeira vez em 1888, ele se transformou na versão oficial do gesto que funda o país. D. Pedro, de espada em punho, proclama a Independência, dando o grito que reverbera em todo o império. De acordo com este quadro, o brasileiro passa ao largo da ação, pois negligentemente contorna a colina do Ipiranga com seu carro de boi, sem perceber a magnitude do evento.” SOUZA, Iara Lis Carvalho. A independência do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 7-8. Limites da Independência “O processo de independência brasileira em nada modificou a situação das classes dominantes do país, que continuaram desfrutando de seus privilégios sociais e influindo sobre o poder. O sistema colonial foi rompido apenas na medida em que restringia a liberdade de comércio (que interessava ao capitalismo industrial) e a autonomia administrativa local. No mais, não se alteraram as duras condições de vida da maioria dos brasileiros: a injusta ordem econômica foi preservada e a escravidão negra, plenamente mantida. O Brasil “independente” permaneceu economicamente dependente do exterior, pois saía dos laços coloniais portugueses para cair na esfera de dominação inglesa.” COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política. In: MOTA, Carlos Guilherme (org.). Brasil em perspectiva. São Paulo: Difel, 1978. O RIO GRANDE DO SUL ____________________________________________________História do Brasil 192 História do Brasil – Módulo 1 DURANTE O PERÍODO COLONIAL A história da ocupação e do povoamento do Estado do Rio Grande do Sul foi marcada por questões de delimitações de fronteiras. Região limite entre dois Impérios - o Espanhol, com sede em Buenos Aires, no Rio da Prata, e o Português, com o Rio de Janeiro -, o chamado Continente de São Pedro do Rio Grande do Sul, desde o século XVII, foi permanentemente disputado pelas duas coroas ibéricas. Pelo Tratado de Tordesilhas (1493), o território que hoje ocupa o Rio Grande do Sul pertencia à coroa espanhola, já que a linha que separava os dois reinos passava ao largo do litoral do atual Estado de Santa Catarina. No entanto, Portugal sempre procurou estabelecer como sua real fronteira a margem esquerda do Rio da Prata. Tratados que estabeleceram as fronteiras do Rio Grande do Sul: 1681 – Tratado de Lisboa: Tratado provisório que deu a posse da Colônia de Sacramento aos portugueses. 1715 – Tratado de Ultrecht: Colônia de Sacramento foi devolvida aos portugueses. 1750 – Tratado de Madri: A Colônia de Sacramento é entregue aos espanhóis em troca da posse dos Sete Povos das Missões. Este tratado teve como conseqüência as Guerras Guaraníticas. 1777 – Tratado de Santo Idelfonso: A ilha de Santa Catarina fica sob domínio português, enquanto os Sete Povos das Missões e a Colônia de Sacramento passam para domínio espanhol. 1801 – Tratado de Badajós: Os Sete Povos das Missões passam para domínio português. MISSÕES JESUÍTICAS Acredita-se que os padres da Companhia de Jesus tenham atravessado o rio Uruguai por volta de 1626, sendo que o Padre Roque Gonzales foi martirizado pelos indígenas em 1628. Na sua ocupação, os inacianos adotaram nas suas estâncias, para fixar os nômades guaranis do território, a alternância da cultura da erva-mate com a pecuária. Em 1637, o bandeirante Raposo Tavares, atrás de mão-de-obra cativa, destruiu as reduções situadas entre os rios Taquari e Caí, obrigando os jesuítas a refluírem para a margem direita do Uruguai. A partir de então, o gado, abandonado, sem interesse para os bandeirantes, esparramou-se, tornando-se gado “chimarrão”, isto é, gado selvagem. Formaram-se então as Vacarias do Mar, que se estendiam até as margens do Rio da Prata, e as Vacarias dos Pinhais, manadas de gado selvagem que ocuparam boa parte do Planalto Central e dos Campos de Cima da Serra, e que iriam atrair os gaúchos. O verdadeiro apogeu das Missões, revitalizadas no século XVIII, ocorreu entre 1720- 56, quando se formaram os 7 Povos das Missões (S. Nicolau, S. Ângelo, S.Luís, S. Lourenço, S. João Velho, S.Miguel, S. Borja), situados na parte oeste do estado, até que ocorreu a destruição deles durante as Guerras Guaraníticas, cujas operações bélicas deram-se pela expedição luso-espanhola de 1753-6, tendo no cacique Sepé Tiarajú, o principal defensor das reduções indígenas. A chamada “época de ouro” das missões foi possível porque os descendentes dos bandeirantes,mudando de afazer, tornaram-se garimpeiros nas Minas Gerais ou tropeiros e criadores de gado bovino e muar. A região dos Sete Povos das Missões no Rio Grande do Sul havia passado ao controle português pelos Tratados de Madri, de 1750, e confirmado pelo de Santo Ildefonso, de 1777, mas efetivamente só começou a ser ocupada em 1801. AUTORIDADES PORTUGUESAS Com a fundação, ordenada pelo rei de Portugal, da estratégica cidade de Colônia do Sacramento - tarefa cumprida por Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1680 -, bem em frente a Buenos Aires, teve início uma longa e turbulenta rivalidade que se estendeu por um século e meio entre o Império Lusitano e o Espanhol. A nova urbe acirrou ainda mais a luta pelo controle do Rio da Prata, escoadouro de riquezas e portal de entrada para o coração do continente sul- americano. Conflito intermitente, onde guerras eram intercaladas com tréguas e tratados, que se prolongará, inclusive após a independência da Argentina e do Brasil, até 1828, com o Tratado do Rio de Janeiro que acertou o reconhecimento da autonomia da Republica do Uruguai. A Capitania D’El Rey de São Pedro de Rio Grande do Sul surgiu, pois, em função de resguardar a retaguarda dos interesses portugueses no Rio da Prata. Por isso, para melhor poder apoiar logisticamente a cidade de Colônia, os lusos, comandados pelo brigadeiro José da Silva Paes, fundaram o Presídio de Jesus- Maria-José Rio Grande, em 1737, e distribuíram estâncias entre os oficiais ao longo da linha que, partindo do litoral atlântico, atingia o rio Uruguai. AÇORITAS Dando seguimento à ocupação por meio de colonização, acerto possível após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750, os lusos trouxeram das ilhas dos Açores os “casais de número” que receberam terras na região da Lagoa dos Patos, Rios Guaíba e Jacuí, povoando Porto Alegre, Triunfo e Cachoeira. Inicialmente os açorianos se dedicaram à agricultura (triticultura), mas abandonaram-na em História do Brasil___________________________________________________ História do Brasil – Módulo 1 193 1820 para voltar-se para a pecuária, aproveitando- se do crescimento da indústria do charque, implantada por volta de 1780, pela iniciativa de José Pinto Martins, nos arredores de Pelotas e, em seguida, em S. Amaro e Triunfo. A data de 1756 assinala a fundação de Porto Alegre como vila. Com a invasão castelhana de 1763, a capital deixa de ser Rio Grande, que ficou 13 anos nas mãos da administração espanhola, mudando-se para Viamão e depois para P. Alegre. Com a expansão das charqueadas ocorreu a importação de mão-de-obra escrava, fortemente concentrada em Pelotas. Cronologia: 1626 – O padre jesuíta Roque Gonzalez atravessa o rio Uruguai e funda o povo de São Nicolau, assinalando oficialmente a chegada o homem branco ao território gaúcho. 1641 – Os jesuítas são expulsos do Rio Grande do Sul pelos bandeirantes, depois de fundarem 18 reduções. 1682 – Os jesuítas espanhóis retornam ao solo gaúcho, fundando São Francisco de Borja, hoje a cidade de São Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul. Entre 1682 a 1701 eles fundaram os Sete Povos das Missões. 1750 – Assinado o Tratado de Madri, que tem por conseqüência a deflagração das Guerras guaraníticas. 1756 – A 7 de fevereiro morre Sepé Tiaraju. Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel) onde mil e quinhentos índios são dizimados. As missões são abandonadas pelos jesuítas. 1763 – Tropas espanholas invadem o Brasil, apoderando-se do Forte de Santa Tereza e da cidade de Rio Grande e de São José do Norte. 1776 – Os espanhóis são expulsos do Rio Grande. 1780 – José Pinto Martins funda em Pelotas a primeira charqueada com características empresariais. Logo as charqueadas vão ser decisivas na economia gaúcha. O negro entra maciçamente no Rio Grande do Sul, como escravo das charqueadas. 1815 – Tropas brasileiras e portuguesas tomam Montevidéu anexando o Uruguai ao Brasil com o nome de Província Cisplatina. MÓDULO 2 BRASIL IMPÉRIO (1822-1889) O PRIMEIRO REINADO (1822-1831) OS CONFRONTOS DA INDEPENDÊNCIA A emancipação política do Brasil não foi aceita passivamente em todos os recantos do país. Em algumas localidades, “partido” português e “partido” brasileiro, ou seja, partidários de cada um dos lados, enfrentaram-se. Houve conflitos relevantes na Bahia, Piauí, Pará e Cisplatina. • Bahia: coronel Inácio Madeira de Melo foi o principal líder da resistência portuguesa na cidade de Salvador, que ele manteve sob controle até 1823, quando se rendeu aos rebeldes. • Piauí: Os piauienses, apoiados por cearenses e maranhenses confrontaram o coronel português João Cunha Fidié que reprimia manifestações de apoio a Dom Pedro I. • Pará: Iniciada em abril de 1823, a oposição à “independência” foi logo debelada. Houve inúmeras prisões e fuzilamentos de defensores da manutenção colonial. • Cisplatina: A Província Cisplatina, onde hoje é o Uruguai, era território português desde o período joanino. A capital Montevidéu foi tomada por tropas lusitanas. A Convenção do Pastoreio do Pereira marcou a retirada dessas forças. A emancipação do Brasil foi reconhecida, primeiramente, pelos Estados Unidos em 26 de maio de 1824. Atitude dentro da lógica da Doutrina Monroe (“A América para os americanos”). No ano seguinte, o México também reconheceu a emancipação brasileira. Os países europeus, no entanto, só reconheceram a legitimidade do novo Estado após a assinatura do Tratado de Paz e Amizade (1825), entre Brasil e Portugal, no qual os portugueses aceitaram a perda da colônia mediante o pagamento de dois milhões de libras esterlinas, obtidas pelo Brasil a partir de um empréstimo da Inglaterra. A emancipação política não causou alterações profundas na estrutura econômica e social: a economia brasileira permaneceu voltada para a exportação de produtos primários para o mercado externo e baseada no trabalho escravo.
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