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Brasil Colônia

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Química_______________________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 181 
 
 
BRASIL COLÔNIA (1500-1822) 
 
 
EXPANSÃO MARÍTIMA E 
COMERCIAL DA EUROPA E A 
DESCOBERTA DO NOVO MUNDO 
 
A expansão marítima e comercial da Europa e a 
“descoberta” do Novo Mundo foram resultados das 
transformações ocorridas na Europa durante os 
séculos XIV-XV. Estas mudanças são características 
da Modernidade e definem o período conhecido 
como Idade Moderna (séc. XV-XVIII). 
 
Características da Modernidade: 
 
POLÍTICA: 
Centralização do poder no monarca ⇒ Formação 
das monarquias nacionais ⇒ Estado Nacional 
Moderno (Absoluto) 
 
ECONOMIA: 
Surgimento do capitalismo ⇒ Mercantilismo ou 
Capitalismo Comercial ⇒ Expansão marítima e 
comercial da Europa 
 
SOCIEDADE: 
Expansão do comércio ⇒ crescente importância 
social da burguesia ⇒ conflitos com a nobreza 
(privilégios) e com os camponeses (exploração) 
 
CULTURA: Renascimento 
 
RELIGIÃO: Reforma Protestante e Contra Reforma. 
 
O desenvolvimento do capitalismo está associado à 
expansão marítima e comercial da Europa ocorrida 
nos séculos XV e XVI. Dessa expansão, resultaram o 
descobrimento de novas rotas marítimas para o 
comércio com o Oriente e o “descobrimento” e 
conquista da América. 
Diversos fatores econômicos contribuíram para a 
expansão marítima e comercial européia: 
 
• a busca de um novo caminho para o Oriente; 
• a necessidade de novos mercados; 
• a falta de metais preciosos; 
• a formação dos Estados Modernos. 
 
É necessário entender estas demandas como 
pertencentes à política econômica do Estado 
Moderno, que é conhecida como Mercantilismo ou 
Capitalismo Comercial. 
 
Mercantilismo ou Capitalismo Comercial: 
conjunto de práticas e teorias econômicas 
adotadas pelas monarquias absolutistas durante o 
período da Idade Moderna, onde o comércio é a 
principal fonte de geração de riquezas para os 
Estados europeus. 
 
Principais características do mercantilismo: 
 
• intervenção do Estado na economia; 
 
 
• metalismo: a riqueza de um Estado é medida pela 
quantidade de metais preciosos que possuía; 
• balança comercial favorável: o número de 
exportações deve ser superior ao de importações; 
• protecionismo: incentivo do governo para que a 
balança comercial estivesse favorável (superávit); 
• monopolismo: o Estado mantinha o monopólio de 
determinadas atividades econômicas; 
• colonialismo: as metrópoles buscavam territórios 
ricos em metais preciosos ou matérias-primas que 
pudessem ser comercializados na Europa. 
 
Cada país europeu adaptou a teoria mercantilista as 
suas peculiaridades e ao tipo de colônias que 
passou a possuir: 
 
País Tipo Características 
Espanha Bulhonismo 
Exploração de metais 
preciosos nas colônias 
americanas 
Comercialismo Comércio de especiarias com o Oriente 
Plantation 
Sistema adotado durante 
a produção açucareira no 
Brasil, desenvolvendo a 
agricultura em grandes 
propriedades e com mão-
de-obra escrava 
Portugal 
Metalismo 
Sistema adotado durante 
a produção mineradora 
no Brasil 
 
Portugal foi pioneiro nas chamadas “grandes 
navegações” durante o século XV. Este pioneirismo 
deveu-se à centralização administrativa, à ausência 
de guerras e à posição geográfica. 
A expansão marítima e comercial portuguesa teve 
como marco inaugural a conquista de Ceuta, em 
1415, no norte da África. Após esta primeira 
viagem, foi criada na vila de Sagres, no extremo-sul 
de Portugal, a chamada Escola de Sagres, um 
centro de pesquisas de navegação. 
 
As principais conquistas da expansão marítima e 
comercial portuguesas foram: 
 
1415 – conquista da cidade de Ceuta 
1419 – chegada à Ilha da Madeira 
1431 – reconhecimento do Arquipélago dos Açores 
1434 – Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador 
1488 – Bartolomeu Dias atinge o extremo-sul da 
África, chamado, posteriormente, de Cabo da Boa 
Esperança 
1498 – Vasco da Gama atinge a cidade de Calicute, 
nas Índias, objetivo perseguido durante um século 
1500 – Pedro Álvares Cabral atinge o Brasil. 
 
Na África, Portugal estabelece feitorias (postos 
fortificados de comércio) onde obtém ouro, marfim, 
pimenta e escravos. No Brasil, primeiramente, o 
 
____________________________________________________História do Brasil 
 
182 História do Brasil – Módulo 1 
 
principal produto explorado será o pau-brasil, 
seguido da cana-de-açúcar e da mineração. 
 
 
 
 
Outros países participaram da expansão marítimo-
comercial européia: 
 
1492 – “Descobrimento” da América 
por Cristóvão Colombo 
1500 – Vicente Pizón chega à foz do 
atual Rio Amazonas 
1513 – Vasco Nunes de Balboa atinge 
o Oceano Pacífico 
ESPANHA 
1519 – Fernão de Magalhães inicia a 
primeira viagem de circunavegação, 
terminada em 1521 
1497 – Giovanni Caboto atinge a 
América do Norte, na região do Canadá INGLATERRA 
1577 – Francis Drake realiza a segunda 
viagem de circunavegação 
1524 – Giovanni Verrazano explora o 
litoral leste da América do Norte FRANÇA 
1534 – Jacques Cartier explora a 
região do atual Canadá 
1609 – Henry Hudson explora a região 
do atual EUA 
1624 – Os holandeses invadem a 
capitania da Bahia, no Brasil HOLANDA 
1630 – Os holandeses atacam a 
capitania de Pernambuco e 
permanecem no Brasil por 24 anos 
 
A “DESCOBERTA” DO NOVO MUNDO 
 
A “AMÉRICA” ÀS VÉSPERAS DA CONQUISTA 
 
De maneira geral, o território hoje conhecido como 
América apresentava, às vésperas da conquista, 
uma grande heterogeneidade em termos de 
organização socioeconômica. Existiam desde tribos 
nômades dispersas até mesmo culturas que 
desenvolveram um complexo sistema político-
administrativo, com alto nível tecnológico e relações 
sociais hierarquizadas. 
 
• apaches, comanches e iroqueses, na região do 
atual Estados Unidos; 
• astecas, na região do atual México; 
• maias, na mesoamérica; 
• incas, na Cordilheira dos Andes, no atual Peru; 
• tupis-guarani, jês (ou tapuias), nuaruaques (ou 
naipures) e caraíbas (ou caribas), no atual Brasil. 
 
ESPANHA E O “DESCOBRIMENTO” DA AMÉRICA 
 
Cristóvão Colombo partiu da Espanha em 3 de 
agosto de 1492, objetivando descobrir uma rota 
alternativa para o comércio com as Índias. Enviado 
por Isabel de Castela, após ter seu plano recusado 
pelo rei português D. João II, assina com a monarca 
um documento – as “Capitulações de Santa Fé” – 
comprometendo-se a descobrir ilhas e terras 
unicamente para a coroa espanhola. 
O financiamento para a expedição de Colombo foi 
prioritariamente privado, o que evidencia a falta de 
recursos da monarquia espanhola. 
Em 12 de outubro do mesmo ano, Colombo chegou 
a São Domingos, ilha localizada na região do Caribe. 
Durante dois meses, o navegador explorou a região, 
logo após regressando à Espanha. 
 
AS DISPUTAS PELO ATLÂNTICO 
 
A descoberta da América acirrou as disputas entre 
Portugal e Espanha pelo domínio do Atlântico. 
Os espanhóis, pensando terem alcançado as Índias, 
queriam garantir o monopólio da exploração das 
novas terras descobertas. Os portugueses queriam 
garantir as rotas do Atlântico Sul. Com a 
intermediação da Igreja Católica, as coroas 
assinaram acordos sobre a divisão dos territórios, 
entre eles: 
 
• Bula Intercoetera (1493): O papa Alexandre VI 
promulga este acordo, que dividiu o mundo por 
um meridiano fixado 100 léguas a oeste dos 
Açores e do arquipélago de Cabo Verde. A decisão 
privilegiou a Espanha, e os portugueses 
ameaçaram entrar em guerra. 
 
• Tratado de Tordesilhas (1494): Alterou de 100para 370 léguas a oeste de Cabo Verde o limite 
determinado pela Bula Intercoetera. Portugal 
garantiu assim o controle das rotas do Atlântico 
sul. 
 
 
Bula Intercoetera e Tratado de Tordesilhas 
(fonte: www.unificado.com.br) 
 
PORTUGAL E O “DESCOBRIMENTO” DO BRASIL 
 
Por muito tempo, o descobrimento do Brasil, ou 
"achamento", como registrou o escrivão Pero Vaz 
de Caminha, foi considerado o resultado de um 
desvio de rota. No entanto, hoje é aceita a tese da 
intencionalidade, ou seja, de que Cabral veio ao 
Brasil para “tomar posse” do território. Dois 
navegadores espanhóis, Vicente Pizón e Diego de 
Lepe já haviam percorrido o norte do território 
brasileiro, respectivamente, em janeiro e fevereiro 
de 1500, porém, não tomaram posse do território 
por saberem estar na área portuguesa demarcada 
pelo Tratado de Tordesilhas. 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 183 
 
A esquadra portuguesa comandada por Pedro 
Álvares Cabral avistou sinais de terra dia 21 de abril 
pela manhã, segundo a carta de Pero Vaz de 
Caminha. 
No dia 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, 
capelão da esquadra, celebrou a primeira missa na 
nova terra, no local hoje conhecido como Coroa 
Vermelha. Cabral tomou posse formal do novo 
território em nome da casa real portuguesa em 1º 
de maio. No dia seguinte, a esquadra partiu rumo 
às Índias. Uma nau voltou a Portugal com as cartas 
dos pilotos, inclusive a de Caminha, que relatavam 
a descoberta ao rei. Ficam em terra dois desertores 
e dois marinheiros com a missão de aprender a 
língua dos nativos. 
Considerada a princípio uma ilha, a nova terra 
recebeu o nome de Vera Cruz. Desfeito o engano, é 
chamada de Terra de Santa Cruz. Em mapas da 
época e relatos de viagem aparecia como Terra dos 
Papagaios, aves que os europeus consideravam 
exótica, e de Terra dos Brasis, devido à abundância 
da árvore pau-brasil. 
 
SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA 
 
Após a conquista de novos territórios, chamados de 
colônias, as metrópoles européias dedicaram-se à 
criação de um novo mercado e de uma nova área 
de extração e produção de matérias primas. A partir 
dessas idéias, criou-se o sistema colonial 
mercantilista, que marcou a conquista e a 
colonização de toda a América espanhola e 
portuguesa. 
O sistema colonial mercantilista estava assentado 
sob duas premissas: 
 
• complementaridade: a produção colonial foi 
organizada com a função de complementar ou 
satisfazer os interesses da metrópole européia; 
• monopólio comercial: a colônia de determinado 
país tornava-se um mercado exclusivo da 
metrópole do mesmo país. Também era privilégio 
exclusivo da metrópole vender produtos 
manufaturados para suas colônias. Esta prática 
ficou conhecida como “pacto colonial”. 
 
 
 
 
 
 
 
Pacto colonial ou Exclusivo metropolitano: 
sistema pelo qual os países europeus que 
possuiam colônias mantinham o monopólio de 
importação de matérias-primas e exportação de 
produtos manufaturados, sendo proibida qualquer 
forma de comércio paralelo. 
 
 
O BRASIL 
PRÉ-COLONIAL (1500-1530) 
 
AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES 
 
Durante os primeiros trinta anos após a descoberta 
do Brasil, Portugal não demonstrou muito interesse 
pelas novas terras no sentido de colonizá-las, já que 
não foram encontrados imediatamente metais 
preciosos. Além disso, os interesses portugueses 
estavam voltados para o comércio de especiarias 
com as Índias (altamente lucrativo e menos 
dispendioso que a colonização brasileira). 
Mesmo assim, Portugal enviou duas expedições, a 
primeira, em 1501, comandada por Gaspar de 
Lemos, e a segunda, em 1503, comandada por 
Gonçalo Coelho. Ambas tinham dois objetivos: fazer 
o reconhecimento da costa brasileira e informar o 
rei da possibilidade da existência de metais 
preciosos. Essa finalidade confere às primeiras 
expedições o nome de “expedições exploradoras”. 
 
A ECONOMIA DO PAU-BRASIL E O 
SISTEMA DE FEITORIAS 
 
Dentre as descobertas feitas pelas “expedições 
exploradoras” estava o pau-brasil, árvore da qual 
poderia extrair-se tinta vermelha para o tingimento 
de roupas. Além desta questão econômica, Portugal 
passou a preocupar-se com a manutenção da posse 
do território brasileiro. 
Aliando o objetivo de proteger as terras 
portuguesas com a extração do pau-brasil, foram 
criadas as feitorias, entrepostos comerciais 
fortificados nos quais era armazenada a madeira 
para ser enviada a Portugal. O pau-brasil foi 
declarado produto de monopólio da coroa 
portuguesa. Mas, como o lucro gerado pela venda 
da madeira era menor em relação ao comércio de 
especiarias com o Oriente, a coroa concedeu o 
direito de extração do pau-brasil a arrendatários, 
que arcariam com todas as despesas na extração, 
pagando 20% de imposto a Portugal. 
A economia do pau-brasil não gerou a colonização, 
pois não fixava o homem na terra. As populações 
migravam conforme extraíam o pau-brasil de 
determinada região. Quando este se esgotava, 
partiam em busca de outra reserva. A extração da 
madeira era feita através do escambo (troca) do 
trabalho indígena por quinquilharias portuguesas. 
 
AS EXPEDIÇÕES GUARDA-COSTAS 
 
O desinteresse inicial de Portugal em relação ao 
Brasil proporcionou a presença de estrangeiros, 
principalmente franceses, no litoral do território 
brasileiro, que pretendiam explorar o pau-brasil. 
Assim, a coroa portuguesa obrigou-se a realizar um 
maior controle do litoral, enviando duas expedições 
a fim de combater os piratas e corsários franceses. 
A primeira expedição “guarda-costas” foi realizada 
METRÓPOLE 
Escravos e 
produtos 
manufaturados 
COLÔNIA 
matérias-primas 
e metais 
preciosos 
____________________________________________________História do Brasil 
 
184 História do Brasil – Módulo 1 
 
em 1516 e a segunda em 1526, ambas comandadas 
por Cristóvão Jacques. No entanto, estas 
expedições não foram garantia da posse do 
território, exigindo outra solução da coroa. A 
ocupação das terras brasileiras, ou seja, sua 
colonização, foi a alternativa encontrada para o 
controle do território e a exploração econômica do 
Brasil, já que, desde 1520, houve uma diminuição 
dos lucros da coroa portuguesa advindos do 
comércio com as Índias, devido aos altos gastos 
militares e à concorrência com outros países 
europeus no mercado das especiarias. 
 
A EXPEDIÇÃO DE 
MARTIM AFONSO DE SOUZA 
 
A expedição de Martim Afonso de Souza em 1530 
marca o início do processo de colonização do Brasil. 
Souza, após navegar até o Rio da Prata, fundou em 
seu retorno o primeiro núcleo brasileiro, São 
Vicente, em 1532. 
Concomitantemente ao início da colonização, inicia-
se outra atividade econômica no território brasileiro: 
o cultivo da cana-de-açúcar. A cana-de-açúcar 
adaptava-se facilmente às condições climáticas do 
Brasil, tinha aceitação no mercado europeu e era de 
fácil produção e comercialização. Além disso, 
Portugal já possuía experiência de cultivo da cana 
na Ilha da Madeira, na Ilha dos Açores, nas Ilhas 
Cabo Verde e na Ilha São Tomé, suas colônias no 
Oceano Atlântico. 
 
A ADMINISTRAÇÃO E A 
ECONOMIA COLONIAL 
 
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS 
 
A primeira forma de administração política da 
colônia foram as Capitanias Hereditárias, sistema 
criado em 1534, que já fora empregado nas 
colônias portuguesas no Atlântico. Esta escolha 
deveu-se ao fato das dificuldades financeiras da 
coroa portuguesa, que impossibilitavam o 
investimento para a colonização do Brasil. Portugal 
entregava lotes de terra – chamados “donatarias” –que variavam entre 10 e 100 léguas, a interessados 
em explorar as terras coloniais. Isto significa que o 
sistema de capitanias fundamentava-se no capital 
privado, e não no capital da coroa. Desta forma, 
entre 1534 e 1536, D. João III, rei de Portugal, 
dividiu o território brasileiro, demarcado pelo 
Tratado de Tordesilhas, em quinze lotes, doando-os 
a doze capitães-donatários. 
 
As principais características das capitanias 
hereditárias eram: 
 
• ser intransferíveis (inalienáveis); 
• descentralizadas: os capitães-donatários não 
estavam subordinados a nenhuma autoridade 
dentro da colônia; 
• fundamentar-se no capital privado; 
• ser concedidas mediante a “carta de doação” e a 
“carta foral”: 
 
carta de doação: documento onde o rei de Portugal 
doa terras aos interessados, que recebem o título 
de “capitão” ou “governador”. O pré-requisito era o 
interessado ser cristão. 
 
carta foral: documento em que se estabeleciam os 
direitos e deveres (ou seja, colonizar) do donatário. 
Entre os direitos estavam a possibilidade de 
escravizar indígenas, exercer poderes 
administrativos, possuir participação nos impostos 
arrecadados e distribuir sesmarias (lote de terra 
dentro da capitania hereditária doado pelo capitão-
donatário ao sesmeiro, que poderia cultivá-lo 
durante cinco anos, pagando impostos ao capitão-
donatário). 
 
 
Capitanias Hereditárias 
(fonte: www.unificado.com.br/vestibular) 
 
O sistema administrativo das capitanias hereditárias 
não obteve os resultados esperados. Os capitães-
donatários enfrentaram uma série de dificuldades, 
tais como a descentralização administrativa, a falta 
de recursos, pouco auxílio da coroa, as dificuldades 
de comunicação, os problemas na defesa do 
território, etc. A conseqüência foi o abandono das 
capitanias por seus capitães-donatários, 
excetuando-se as duas capitanias que obtiveram 
êxito, devido ao desenvolvimento gerado pela 
cultura da cana-de-açúcar: a capitania de São 
Vicente e a capitania de Pernambuco. 
 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 185 
 
O GOVERNO GERAL 
 
Com o fracasso do sistema de capitanias 
hereditárias, Portugal implanta o Governo Geral, 
uma nova forma de administração colonial, que 
tinha como objetivo principal centralizar a 
administração da colônia. O Governo Geral foi 
criado pela Carta Régia de 7 de janeiro de 1549, 
com sede na capitania da Bahia. 
 
Além de centralizar o poder, o Governo Geral 
deveria: 
 
• intensificar o povoamento, garantindo a 
colonização; 
• pacificar os indígenas; 
• estabelecer contatos entre capitães-donatários e 
sesmeiros; 
• exercer o Poder Judiciário; 
• instituir órgãos administrativos; 
• estimular a produção de cana; 
• enfraquecer o poder dos capitães-donatários; 
• defender militarmente a colônia. 
 
Organização política do Governo Geral: 
 
 
REI 
 
→→→→ METRÓPOLE 
GOVERNADOR 
GERAL 
 
→→→→ 
PODER 
CENTRAL 
CAPITÃO-
DONATÁRIO 
1 
→→→→ 
PODER 
REGIONAL 
CÂMARA 
MUNICIPAL 
→→→→ 
PODER 
LOCAL 
COLÔNIA 
 
O Brasil possuiu três principais governadores: 
 
• Tomé de Souza (1549-1553) 
Durante seu governo, fundou-se a primeira cidade 
brasileira, Salvador, em 1549, que se transformou 
em capital da colônia. 
Este período também é marcado pelas questões 
religiosas, com a chegada dos primeiros jesuítas da 
Companhia de Jesus, chefiados por Manuel de 
Nóbrega, e com a criação do primeiro bispado do 
Brasil, sendo escolhido bispo Pero Fernandes 
Sardinha. Economicamente, a pecuária foi 
introduzida como produto secundário da economia 
colonial. 
 
• Duarte da Costa (1553-1558) 
O governo de Duarte da Costa foi marcado por dois 
grandes conflitos. O primeiro em relação aos 
desentendimentos entre sesmeiros e jesuítas em 
torno da escravidão indígena. Nesta questão, o 
bispo Pero Fernandes Sardinha defendeu os índios, 
causando um conflito com o filho do governador 
geral, Álvaro da Costa. O segundo, em relação à 
invasão francesa, ocorrida em 1555 na Guanabara. 
Os franceses, comandados por Nicolau de 
Villegaignon fundaram a “França Antártica”, uma 
colônia francesa em território brasileiro, que 
somente foi extinta em 1567, no governo Mem de 
Sá. Foi durante o governo de Duarte da Costa que 
se fundou a cidade de São Paulo (1554) pelo padre 
jesuíta José de Anchieta. 
 
• Mem de Sá (1558-1572) 
Foi o governador que consolidou o sistema de 
Governo Geral. Altamente religioso, Mem de Sá 
identificou-se com a causa jesuíta, apoiando a 
catequese dos nativos. O apaziguamento das 
relações entre jesuítas e sesmeiros deu-se através 
da introdução da escravidão negra como mão-de-
obra para o cultivo da cana-de-açúcar. 
Mem de Sá também foi o responsável pela expulsão 
dos franceses da Guanabara e pela extinção da 
“França Antártica”. Para isso, contou com a ajuda 
de seu sobrinho, Estácio de Sá, que, ao chegar de 
Portugal, fundou a cidade do Rio de Janeiro em 
1565. 
Após a morte de Mem de Sá, em 1572, a coroa 
portuguesa dividiu o Brasil em dois domínios, o do 
norte, com sede na Bahia e governado por Luiz de 
Brito; e o do sul, com sede no Rio de Janeiro, 
governado por Antônio Salema. 
O governo duplo não apresentou os resultados 
esperados e, em 1578, Lourenço da Veiga foi 
nomeado único governador geral do Brasil, cargo 
que ocupou até 1581. 
 
A ECONOMIA AÇUCAREIRA 
 
O primeiro engenho de cana-de-açúcar foi instalado 
em 1532 na capitania de São Vicente, no extremo-
sul da colônia. No entanto, a produção de açúcar foi 
maior nas capitanias da Bahia e de Pernambuco. Em 
poucos anos, o açúcar transformou-se no produto 
mais importante exportado pelo Brasil, permitindo 
que a colonização se efetivasse. 
O açúcar foi responsável pela formação de uma 
sociedade agrária. Para se transformar em uma 
atividade lucrativa, a cana deveria ser plantada em 
grandes extensões de terra, o que resultou na 
formação de grandes propriedades, chamadas 
latifúndios, principalmente na região nordeste. Os 
senhores de engenho configuraram-se como a 
classe dominante da economia açucareira. 
 
Principais características da economia açucareira: 
 
Propriedade: latifúndio (grandes extensões de 
terra). 
Produção: monocultura (plantação de um único 
produto). 
Mão-de-obra: escrava – indígena e negra 
(predominante). 
Mercado: externo 
Circulação: produção: Brasil; transporte: Portugal; 
refino e comércio: Holanda. 
Sociedade: estratificada, rural, patriarcal. 
 
____________________________________________________História do Brasil 
 
186 História do Brasil – Módulo 1 
 
O cultivo da cana-de-açúcar foi responsável pelo 
aumento na entrada de escravos africanos na 
colônia brasileira, que foram direcionados ao 
trabalho nos canaviais, mas também a outros 
postos de trabalho. O tráfico negreiro constituiu-se 
numa mercadoria altamente lucrativa dentro da 
lógica do mercantilismo, já que Portugal tinha o 
monopólio de venda de escravos para a colônia. 
 
A ESCRAVIDÃO NEGRA E 
AS FORMAS DE RESISTÊNCIA 
 
O trabalho compulsório do indígena foi usado em 
diferentes regiões do Brasil até meados do século 
XVIII. A caça ao índio era um negócio local e os 
ganhos obtidos com sua venda permaneceram nas 
mãos dos colonos, sem lucros para Portugal. Por 
isso, a escravização do nativo brasileiro foi 
gradativamente desestimulada pela metrópole e 
substituída pela escravidão negra. O tráfico negreiro 
era um dos mais vantajosos negócios do comércio 
colonial e seus lucros foram canalizados para o 
reino. 
Os cativosvindos de Angola, Moçambique e Congo 
– os bantos – eram introduzidos no nordeste e no 
Rio de Janeiro, e os de Guiné, Costa do Ouro e 
Daomé – os sudaneses – na Bahia. 
Os negros eram amontoados nos porões dos navios 
negreiros, em péssimas condições de subsistência. 
Muitos contraíam doenças, resultando na morte de 
boa parte dos cativos. Mesmo com o alto índice de 
mortalidade, o lucro que a venda de escravos 
proporcionava era bastante elevado. No mercado 
brasileiro, 200 a 300 escravos eram expostos nas 
calçadas para serem vendidos. Eram tratados como 
“mercadoria” e o preço variava conforme a idade. 
Os primeiros escravos negros começaram a chegar 
por volta de 1540, mas foi no final do governo de 
Mem de Sá, em 1570, que o escravismo colonial se 
expandiu. 
 
 
Procedência dos escravos africanos e 
rotas de comércio com o Brasil 
(fonte: www.achebrasil.com) 
 
AS FORMAS DE RESISTÊNCIA 
 
As rebeliões e conflitos com escravos atravessaram 
todo o período colonial e se estenderam até a 
abolição da escravatura, em 1888. Foram comuns 
os casos de suicídio, de fugas e de assassinatos de 
senhores, feitores e capitães-do-mato. Revoltas e 
fugas coletivas nos engenhos eram freqüentes. Na 
resistência à opressão branca, os escravos negros 
também se organizaram coletivamente e formam 
quilombos. O mais conhecido é o Quilombo de 
Palmares. 
 
O QUILOMBO DOS PALMARES 
 
Formado na região do atual Estado de Alagoas por 
volta de 1630, Palmares foi uma confederação de 
quilombos cujo líder mais proeminente foi Zumbi. 
Chegou a reunir 30 mil habitantes e resistiu às 
investidas militares dos brancos por 65 anos. Foi 
destruído em 1694. Zumbi fugiu e foi morto em 
1695. 
 
OUTRAS FORMAS DE RESISTÊNCIA 
 
Os escravos elaboraram, ainda, outras formas de 
resistência, utilizando-se de aspectos da cultura 
européia. Uma dessas estratégias era o batismo, o 
casamento e a constituição de uma família, que 
dificultava a venda do escravo para outro senhor de 
engenho (já que implicaria a compra de toda uma 
família), assim como este fato beneficiava o dono 
do cativo, que pressupunha que sua “mercadoria” 
não se rebelaria frente à possibilidade de retaliação 
a sua família. 
 
O DOMÍNIO ESPANHOL E A 
INVASÃO HOLANDESA 
 
O período de Domínio Espanhol ou União Ibérica 
compreende os anos entre 1580 e 1640, quando os 
tronos português e espanhol estiveram sob o 
governo do mesmo rei. 
Isso se deu por um problema sucessório em 
Portugal. D. Sebastião, rei português, morreu em 
1578, e não deixou herdeiros dentro da dinastia de 
Avis, a qual pertencia. Seu tio-avô, D. Henrique, 
assume o trono, mas morre dois anos depois. 
Felipe II, rei da Espanha, pertencente à dinastia dos 
Habsburgos, impôs-se como herdeiro legítimo do 
trono luso. Através do Juramento de Tomar (1581), 
Felipe II prometeu respeitar a dignidade 
portuguesa, tratando Portugal como reino unido, e 
não como território conquistado. Assim, a burguesia 
lusa poderia comercializar com as colônias 
espanholas. 
Enquanto a colônia brasileira esteve sob domínio da 
Espanha, houve o rompimento definitivo do Tratado 
de Tordesilhas, já que não havia motivos para 
separar territórios que agora pertenciam à mesma 
metrópole. 
Foi durante este período que se iniciou a prática do 
bandeirantismo. 
Durante o período do Domínio Espanhol, a colônia 
brasileira sofreu diversos ataques e diversas 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 187 
 
invasões estrangeiras. Os ingleses acentuaram a 
prática da pirataria na costa; os franceses invadiram 
a capitania do Maranhão e fundaram a França 
Equinocial, sendo expulsos entre 1612-1615; e os 
holandeses invadiram a capitania de Pernambuco e 
foram os que por mais tempo ficaram estabelecidos 
em território luso-espanhol. 
 
OS HOLANDESES NO NORDESTE, 
O GOVERNO DE NASSAU, 
E A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA 
 
Os holandeses, até 1580, eram sócios da metrópole 
lusa na exploração e comercialização da cana-de-
açúcar, pois eram os responsáveis pelo refino e pelo 
comércio do produto na Europa. Durante o período 
do domínio espanhol, a Espanha obstaculizou a 
continuidade das operações holandesas de refino e 
comércio. 
Entre os anos 1624-1625, os holandeses fizeram a 
primeira tentativa de invadir o território brasileiro, 
através da capitania da Bahia, mas foram 
derrotados e expulsos. A segunda tentativa de 
invasão pela Companhia Holandesa das Índias 
Ocidentais ocorreu entre 1630 e 1637, desta vez na 
capitania de Pernambuco, que os holandeses 
julgavam mal aparelhada para a defesa. 
Durante estes sete anos, os holandeses procuraram 
consolidar-se em território brasileiro, enfrentando a 
resistência nativa dos pernambucanos, que estava 
concentrada no Arraial do Bom Jesus. Contando 
com o auxílio de Domingos Calabar, os holandeses 
arrasaram o Arraial e estenderam seus domínios da 
cidade de Alagoas até a Paraíba. Os inúmeros 
conflitos paralisaram quase que totalmente a 
produção de açúcar, e os holandeses 
compreenderam que era necessário estabelecer um 
meio de coexistência com os proprietários e 
produtores. Para consolidar os interesses da 
Companhia Holandesa, foi enviado ao Brasil João 
Maurício de Nassau-Siegen, que assumiu o governo 
da capitania de Pernambuco. 
Durante seu governo (1637-1644), Nassau financiou 
a recuperação das lavouras e a reconstrução de 
engenhos, estabeleceu a liberdade religiosa, 
realizou melhorias urbanas, construiu escolas e 
hospitais, etc. 
No entanto, o poder holandês na colônia brasileira 
começou a enfraquecer devido à conjuntura 
européia. Portugal, auxiliada pela Inglaterra, em 
1640, recuperou o trono através da Restauração 
Monárquica; e a Holanda sofria as conseqüências da 
Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). O governo de 
Nassau passou a sofrer uma série de medidas 
restritivas da Companhia Holandesa, como a 
exigência do pagamento de impostos, a elevação da 
taxa de juros e do preço dos escravos. Nassau não 
aceitou as novas orientações econômicas, e, por 
isso, foi exonerado do governo, regressando à 
Europa em 1644. 
A situação tornou-se crítica quando os proprietários 
e produtores pernambucanos, que faliram mediante 
a nova política econômica holandesa, passaram a 
apoiar o movimento popular de insurreição contra 
os invasores estrangeiros. Este movimento ficou 
conhecido como Insurreição Pernambucana (1645-
1654) e teve como lideranças João Fernandes 
Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e 
Henrique Dias. 
A Holanda foi perdendo posições durante os 
diversos enfrentamentos com a população nativa, 
desde 1645, no monte Tabocas, até 1648-1649, no 
monte Guararapes. 
A partir de 1649, a população pernambucana 
passou a contar com o apoio do governo português, 
que mandou ajuda e, em 1654, os holandeses 
foram derrotados no enfrentamento da Campina da 
Taborda, e expulsos do Brasil. 
A Companhia Holandesa levou para as Antilhas (ilha 
localizada na América Central) a técnica de 
produção brasileira da cana-de-açúcar. 
Gradativamente, a produção brasileira decaiu com a 
concorrência do açúcar antilhano. Somado a este 
fator, a descoberta, no início do século XVIII das 
minas de ouro no centro do Brasil deslocou da 
região açucareira (nordeste) a mão-de-obra e os 
capitais, que passaram a ser investidos na 
mineração. 
O deslocamento do eixo econômico na colônia, 
aliado à decadência da economia açucareira, 
obrigou a coroa portuguesa a conquistar novos 
territórios próximos às minas de ouro e de pedras 
preciosas, além de capturar índios para a extração 
desse metal e minerais preciosos. Foram criados 
dois tipos de expedições para tais fins: as entradas 
e as bandeiras.Entradas: oficiais (feitas pela coroa). Buscavam 
descobrir metais e conquistar territórios. Partiram 
da cidade de Salvador e da capitania de São Vicente 
em direção ao centro e ao norte da colônia. 
 
Bandeiras: particulares (feitas por interessados). 
Buscavam descobrir metais, aprisionar indígenas e 
capturar gado. Partiram da capitania de São Vicente 
em direção a São Pedro de Piratini. 
 
A PRODUÇÃO MINERADORA 
 
As primeiras descobertas de metais preciosos na 
região onde hoje é o estado de Minas Gerais 
ocorreram no final do século XVII e início do século 
XVIII, quando a produção mineradora foi 
regularmente explorada, atingindo seu apogeu no 
século XIX. 
Viu-se que, dentro da lógica mercantilista, a posse 
de metais preciosos era o principal quesito no 
momento de quantificar a riqueza de uma nação. 
____________________________________________________História do Brasil 
 
188 História do Brasil – Módulo 1 
 
Por isso, a produção mineradora tinha um papel 
fundamental para Portugal. Porém, os portugueses, 
a exemplo da Espanha, não conseguiram reter o 
metal produzido em sua colônia. 
Durante o período do domínio espanhol, Portugal 
contou com a ajuda militar e econômica da 
Inglaterra, gerando uma grande dívida e obrigando 
a coroa portuguesa a assinar uma série de acordos 
comerciais e tratados com os ingleses. Dentre esses 
tratados, o Tratado de Methuen (1703), também 
conhecido como Tratado de Panos e Vinhos, 
estabelecia que a Inglaterra isentaria de impostos a 
entrada de vinho oriundo de Portugal em seu 
território, da mesma forma que os portugueses 
deveriam abrir seu mercado para a entrada de 
produtos manufaturados ingleses. 
O ouro que passara a ser extraído do Brasil era 
usado diretamente para o pagamento de dívidas 
portuguesas com a Inglaterra. A fim de aumentar 
seus rendimentos, Portugal aumentou os impostos 
na região mineradora, chegando ao limite dos 
mineradores com a instituição da Derrama 
(cobrança dos quintos atrasados), que gerou o 
início do processo de independência do Brasil. 
Para o Brasil, o ouro foi responsável pelo 
surgimento de um mercado interno e pelo 
deslocamento do centro econômico do nordeste 
(açúcar) para o centro (mineração). Houve, 
também, a transferência do centro administrativo, 
com a mudança da capital de Salvador para o Rio 
de Janeiro em 1763. 
Foi durante o período da produção mineradora que 
houve um surto cultural no Brasil, tornando as 
Minas Gerais um centro literário e artístico. 
Houve, ainda, o surgimento de uma classe alta 
nativa, que, na fase de decadência da produção 
mineradora, foi responsável pelos movimentos 
sociais emancipacionistas. 
 
Principais características da produção mineradora: 
 
Propriedade: privada (data ou lote, através da 
conquista ou sorteio). 
Produção: extrativista. 
Mão-de-obra: escrava (maioria) e livre. 
Mercado: externo (com surgimento de mercado 
interno). 
Modificações sociais: interiorização e migrações 
internas; urbanização; surgimento de uma classe 
nativa; cultura (barroco mineiro – Aleijadinho e 
Costa Ataíde). 
Impostos: Quinto (1/5); capitação; taxa fixa de 
100 arroubas; derrama. 
 
Produtos secundários da economia colonial: Fumo, 
algodão e gado. 
 
Sociedade da produção mineradora: 
 
CLASSE ALTA 
Aristocracia lusa e brasileira 
Altos funcionários da Coroa 
Grandes mineradores 
 
CLASSE MÉDIA 
Profissionais liberais 
Militares 
Comerciantes 
Trabalhadores livres 
 
ESCRAVOS 
 
A CULTURA COLONIAL 
 
Até o século XVII, a cultura colonial girava em 
torno dos colégios jesuítas.A literatura e o teatro, 
influenciados pelo universo religioso, traziam um 
discurso retórico e moralizante. Os primeiros sinais 
de uma produção cultural de caráter nativista 
apareceram no livro de poemas Música no 
Parnaso, de Manoel Botelho de Oliveira (1636-
1711). Significativa foi também a obra satírica de 
Gregório de Matos e Guerra, que traçou amplo 
painel da vida na Bahia. 
Em meados do século XVIII começaram a 
proliferar no Rio de Janeiro e na Bahia os grêmios 
literários e artísticos. Integrados por médicos, 
funcionários públicos, militares, magistrados e 
clérigos, impulsionaram pesquisas e obras com 
temas nacionais. 
 
ARTE E LITERATURA MINEIRAS 
 
O desenvolvimento urbano e a concentração de 
riquezas na região das minas permitiu o 
florescimento de um movimento arquitetônico e 
plástico: o barroco mineiro. Na literatura, surgiu o 
arcadismo, primeira escola literária da colônia. 
 
Barroco mineiro – O maior expoente do barroco 
mineiro é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. 
Escultor, entalhador e arquiteto, Aleijadinho 
trabalhou principalmente em Vila Rica, atual Ouro 
Preto, e Congonhas do Campo. 
 
Arcadismo – Por volta de 1757, surgiu um 
movimento literário específico da região das 
minas, o arcadismo. Privilegiando o bucólico e a 
simplicidade, utiliza imagens da mitologia e 
modelos literários greco-romanos. Destacam-se a 
obra lírica de Tomás Antônio Gonzaga e os 
poemas épicos de Cláudio Manuel da Costa. Os 
árcades mineiros criticavam a opressão colonial e 
participaram da Inconfidência Mineira. 
 
 
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL 
MERCANTILISTA 
 
A partir de meados do século XVIII, o sistema 
colonial mercantilista começou a enfrentar séria 
crise, provocada pela profunda transformação 
econômica nas metrópoles européias. Nesses 
países, o capitalismo deixava o estágio 
predominantemente comercial e encaminhava-se 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 189 
 
para a etapa industrial – a chamada Revolução 
Industrial. O capitalismo industrial entrou em 
choque com o sistema colonial mercantilista, pois 
rejeitava as barreiras econômicas impostas pelo 
monopólio colonial, bem como o regime de trabalho 
escravista. 
Entre meados do século XVII e começo do século 
XVIII, os abusos da coroa lusa na cobrança de 
impostos e dos comerciantes portugueses na 
fixação de preços começaram a gerar insatisfação 
entre a elite agrária da colônia. Surgem os 
chamados movimentos nativistas: contestação de 
aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de 
interesses entre os senhores do Brasil e os de 
Portugal. Com a mineração, houve o 
enriquecimento e fortalecimento da elite brasileira. 
Como a exploração portuguesa não diminuía, e os 
interesses dessa elite cada vez mais se 
identificavam com os ideais liberais e iluministas 
que chegavam ao Brasil, iniciaram-se movimentos 
de oposição ao regime colonial. 
 
OS MOVIMENTOS NATIVISTAS 
 
Foram movimentos regionais de oposição ao 
domínio luso. Exigiam reformas setoriais e não 
apresentavam projetos de emancipação política de 
Portugal. 
 
 
MOVIMENTOS CAUSAS LÍDERES 
Amador Bueno 
São Paulo 
1641 
Pobreza da 
capitania; 
conflito entre 
colonos e 
jesuítas 
Amador Bueno 
da Ribeira 
Revolta dos 
Beckman 
Maranhão 
1648 
Monopólio 
comercial da Cia. 
de Comércio do 
Maranhão 
Manuel e 
Thomas 
Beckman 
Guerra dos 
Emboabas 
Minas Gerais 
1709 
Paulistas X 
emboabas 
(forasteiros) pelo 
domínio da 
região das 
Gerais 
Manuel Nunes 
Viana e Bento 
Coutinho 
(emboabas) X 
Amador Bueno 
da Veiga 
(bandeirantes) 
Guerra dos 
Mascates 
Pernambuco 
1710 
Luta de Recife 
para elevar-se à 
categoria de vila, 
com oposição de 
Olinda 
Bernardo Vieria 
de Melo 
(olindense que 
queria 
transformar 
Olinda numa 
república 
independente) 
Felipe dos 
Santos 
Vila Rica 
1720 
Movimento em 
oposição às 
casas de 
fundição,que 
acentuavam a 
exploração 
portuguesa 
Felipe dos 
Santos 
 
AS REBELIÕES COLONIAIS 
 
Foram movimentos regionais de oposição política e 
ideológica contra o domínio luso. Refletiam as idéias 
iluministas européias e liberais surgidas com a 
Revolução Industrial. 
 
INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789) 
 
Causas 
• interna: a cobrança da derrama gera crise social e 
sentimento anti-luso. 
• externas: iluminismo e independência dos EUA. 
 
Características 
• anti-lusitanismo; 
• idéias de independência e republicanismo; 
• formação de centros universitários; 
• movimento organizado pela elite mineira. 
 
Líderes 
• Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes); Cláudio 
Manoeal da Costa; Tomás Antonio Gonzaga; 
Alvarenga Peixoto; Silvério dos Reis (traidor). 
 
Conseqüências 
• morte de Tiradentes e de Cláudio Manoel da Costa; 
• exílio dos demais revoltosos; 
• suspensão da cobrança da derrama. 
 
INCONFIDÊNCIA BAIANA OU 
CONJURAÇÃO DOS ALFAIATES (1798) 
 
Causas 
• interna: crise econômica existente desde o declínio do 
açúcar e abandono da região canavieira pelo governo 
luso. 
• externas: iluminismo através da atuação da 
maçonaria; independências da América Espanhola; 
influência da Revolução Francesa (1789). 
 
Características 
• anti-lusitanismo; 
• idéias de independência, republicanismo, 
abolicionismo e igualdade social; 
• ampla participação popular; 
• atuação da loja maçônica Cavaleiros da Luz. 
 
Líderes 
• João de Deus; Lucas Dantas; Luiz Gonzaga das 
Virgens; Manuel Faustinp; Cipriano Barata; Joaquim 
José da Veiga (traidor). 
 
Conseqüências 
• prisão e morte dos líderes revolucionários; 
• enfraquecimento do poder luso e crescimento do 
sentimento emancipacionista. 
 
INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1817) 
 
Causas 
• interna: crise econômica existente desde o declínio do 
açúcar; abandono da região canavieira pelo governo 
luso; cobrança de impostos. 
 
Características 
• anti-lusitanismo; 
• fundação da República Pernambucana; 
• participação das elites e classes populares. 
 
Líderes 
____________________________________________________História do Brasil 
 
190 História do Brasil – Módulo 1 
 
• Domingos José Martinhs; José de Barros Lima. 
 
Conseqüências 
• prisão e morte dos líderes revolucionários; 
• permanência dos ideiais liberais. 
 
O PROCESSO DE 
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 
 
No início do século XIX, a política expansionista de 
Napoleão Bonaparte alterou o equilíbrio político da 
Europa. O imperador francês impôs a supremacia 
francesa sobre os demais países, mas encontrou 
resistência da Inglaterra. Como represália, Napoleão 
proibiu que os demais países europeus 
comerciassem com os ingleses, proibição que foi 
infringida por Portugal, que, por sua vez, teve seu 
território invadido pelo general francês Jean Junot. 
A França assinou com a Espanha o Tratado de 
Fontainebleau (1807), repartindo o território 
português entre os dois países ao dividi-lo em dois 
reinos, Lusitânia e Algarves. Esta divisão não foi 
posta em prática, mas a ameaça da invasão 
francesa fez com que a família real e sua corte se 
transferissem para o Brasil. 
 
A VINDA DA CORTE PORTUGUESA 
PARA O BRASIL 
 
No final de novembro de 1807, a esquadra real 
partiu de Lisboa escoltada por navios de guerra 
ingleses. Nas 36 embarcações, estavam presentes, 
além da família real, cerca de 15 mil pessoas, que 
formavam a corte lusa. Em janeiro de 1808, a frota 
chegou à Bahia, onde permaneceu por um curto 
período de tempo, antes de seguir viagem para o 
Rio de Janeiro, que passara a ser sede da 
monarquia portuguesa. 
O estabelecimento da família real por tempo 
indeterminado na colônia obrigou Portugal a realizar 
uma série de mudanças administrativas, culturais e 
econômicas, a fim de adaptar a realidade brasileira 
à presença da monarquia lusa. 
Na questão administrativa, toda a burocracia 
lusitana foi remontada no Brasil. Para cobrir as 
despesas da corte, pagar os soldados e promover 
transações comerciais, foi criado, em 1808, o 
primeiro Banco do Brasil. Instalaram-se o Erário 
Régio, depois transformado em Ministério da 
Fazenda; o Conselho de Estado; a Junta de 
Comércio; a Intendência Geral da Polícia; o 
Desembargo do Paço; a Mesa de Consciência e 
Ordens (ou tribunal) e a Junta Real de Agricultura e 
Navegação. 
Com a corte no Brasil, D. João, o príncipe-regente, 
tomou várias iniciativas para estimular a educação, 
a ciência e as artes na colônia. Promoveu várias 
missões culturais, com a vinda de cientistas e 
artistas franceses, alemães e ingleses: o pintor e 
escritor francês Jean-Baptiste Debret, o botânico 
francês Auguste Saint-Hilaire, o naturalista alemão 
Karl Friedrich von Martius, o pintor alemão Johann 
Moritz Rugendas e o naturalista e geólogo britânico 
John Mawe. Foi criada a primeira escola superior, a 
Médico-cirúrgica, em Salvador, em 18/2/1808; a 
Academia da Marinha, em 5/5/1808, e a Academia 
Militar do Rio de Janeiro, em 4/12/1808; e a 
primeira Biblioteca Pública (atual Biblioteca 
Nacional), também no Rio de Janeiro, em 
13/5/1811. Cultura e ciências são também foram 
estimuladas com a criação do Jardim Botânico e da 
Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (depois 
Academia de Belas Artes), em 4/12/1810. D. João 
também instalou a primeira tipografia do Brasil e 
inaugurou a Imprensa Régia em maio de 1808. Em 
setembro do mesmo ano começou a circular A 
Gazeta do Rio de Janeiro. Publicada três vezes por 
semana, a Gazeta não chegou a ser um jornal, mas 
um periódico que publicava anúncios e atos oficiais 
da Coroa. A imprensa brasileira nasceu 
efetivamente em Londres, com a criação do Correio 
Brasiliense, pelo jornalista Hipólito José da Costa. 
Apesar de favorável à monarquia, o jornal tinha 
cunho liberal, defendia a abolição gradual da 
escravidão e propunha em seu lugar a adoção do 
trabalho assalariado e o incentivo à imigração. O 
Correio Braziliense circulou entre 1808 e 1822, sem 
interrupções. 
Economicamente, a primeira medida tomada por D. 
João ao chegar à colônia foi a assinatura da “Carta 
Régia de Abertura dos Portos”, que significava a 
suspensão da política protecionista e o rompimento 
do monopólio português e satisfazia os interesses 
brasileiros, ingleses e lusos. A conseqüência da 
abertura dos portos brasileiros às nações amigas 
significava a “independência econômica” do Brasil 
em relação a Portugal. O alvará de 1785, que 
proibia a instauração de manufaturas no Brasil, foi 
suspenso em 1808, beneficiando a construção de 
tecelagens, fábricas de vidro e de pólvora, moinhos 
de trigo e uma fundição de artilharia. Também 
facilita a vinda de artesãos e profissionais liberais 
europeus, inclusive médicos e farmacêuticos. Dez 
anos depois da chegada da corte ao Brasil, a 
população do Rio de Janeiro aumenta de 50 mil 
para 100 mil habitantes. 
No entanto, a economia “brasileira” viria a ser 
prejudicada com a assinatura dos tratados 
comerciais com a Inglaterra em 1810 (Tratado de 
Amizade e Aliança e Tratado de Comércio e 
Navegação), que estabeleciam, entre outras coisas, 
uma tarifa alfandegária menor (15%) em relação a 
Portugal (16%) e outras “nações amigas” (24%) no 
comércio com o Brasil. Através da assinatura desses 
tratados, tornava-se nítida a hegemonia inglesa nas 
relações coloniais e ampliava-se o domínio 
econômico da Inglaterra sobre o Brasil. Além disso, 
o crescimento do número de comerciantes ingleses 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 191 
 
na colônia aumentava sem precedenteso consumo 
de produtos manufaturados ingleses, com os quais 
a pequena produção manufatureira brasileira não 
tinha condições de competir. Até 1814, a abertura 
dos portos beneficiou exclusivamente a Inglaterra, 
que praticamente monopolizou o comércio com o 
Brasil. 
A derrota de Napoleão exigiu um processo de 
reorganização das fronteiras européias. O 
Congresso de Viena (1815) determinou que os 
monarcas devessem voltar a seus reinos para 
reivindicar a posse e negociar os limites de seus 
domínios. Para cumprir esta determinação, D. João, 
em 16 de dezembro de 1815, promove o Brasil à 
Reino Unido de Portugal e Algarves. Em 1816, com 
a morte da rainha dona Maria I, o príncipe-regente 
é sagrado rei, com o título de D. João VI. 
 
A VOLTA DA FAMÍLIA REAL A PORTUGAL 
 
A elevação do Brasil a Reino Unido gerou um 
descontentamento em Portugal. Sob domínio inglês 
desde 1808 e alijados do centro de decisões 
políticas, a nobreza e os comerciantes que 
permaneceram no território português exigiam uma 
restauração de seu poder. O movimento cresce e, 
em 24 de agosto de 1820, foi deflagrada a 
Revolução do Porto. Como conseqüência, o 
parlamento luso, que foi restabelecido, exige a volta 
de D. João VI. Cumprindo esta exigência, o 
monarca voltou a Portugal, deixando seu filho D. 
Pedro, como príncipe-regente do vice-reino do 
Brasil. 
As elites brasileiras passaram a considerar D. Pedro 
como a solução para um processo de independência 
sem complicações, pois impediria o avanço dos 
ideais republicanos e abolicionistas e a participação 
das camadas populares no processo emancipatório. 
Cumprindo determinações internas, D. João VI 
ordenou que D. Pedro voltasse a Portugal. Em 29 de 
dezembro de 1821, o príncipe-regente recebeu um 
abaixo-assinado pedindo sua permanência no Brasil. 
Ele anunciou sua decisão de ficar dia 9 de janeiro 
de 1822, episódio que ficaria conhecido como “Dia 
do Fico”. 
 
A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA 
 
D. Pedro iniciou várias reformas políticas e 
administrativas, começando pela nomeação de José 
Bonifácio para ministro. No início de 1822, é criado 
o Conselho de Procuradores Gerais das Províncias 
do Brasil, uma espécie de parlamento. Em março 
deste ano, D. Pedro recebeu da maçonaria – 
organização influente nos movimentos de 
independência – o título de Protetor e Defensor 
Perpétuo do Brasil. 
Em 3 de junho, D. Pedro convocou uma Assembléia 
Constituinte para substituir o Conselho de 
Procuradores e, em 1° de agosto, baixou decreto 
considerando inimigas as tropas portuguesas que 
desembarcassem no país. Alguns dias depois, 
lançou o Manifesto às Nações Amigas, elaborado 
por José Bonifácio, onde assegurava a 
independência, mas não romperia relações com 
Portugal, que continuava a tomar medidas para 
controlar o processo emancipatório. No dia 7 de 
setembro de 1822, D. Pedro proclamou a 
independência, sendo aclamado imperador em 12 
de outubro e coroado em 1º de dezembro. 
 
TEXTOS COMPLEMENTARES 
 
 
“Independência ou Morte” de Pedro Américo (1888) 
Fonte: Wikipedia 
 
“A representação mais consagrada e difundida da 
Independência surge no quadro Independência ou Morte, 
de Pedro Américo. Apresentado pela primeira vez em 
1888, ele se transformou na versão oficial do gesto que 
funda o país. D. Pedro, de espada em punho, proclama a 
Independência, dando o grito que reverbera em todo o 
império. De acordo com este quadro, o brasileiro passa ao 
largo da ação, pois negligentemente contorna a colina do 
Ipiranga com seu carro de boi, sem perceber a magnitude 
do evento.” 
 
SOUZA, Iara Lis Carvalho. A independência do Brasil. Rio 
de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 7-8. 
 
 
Limites da Independência 
 
“O processo de independência brasileira em nada 
modificou a situação das classes dominantes do país, que 
continuaram desfrutando de seus privilégios sociais e 
influindo sobre o poder. O sistema colonial foi rompido 
apenas na medida em que restringia a liberdade de 
comércio (que interessava ao capitalismo industrial) e a 
autonomia administrativa local. 
No mais, não se alteraram as duras condições de vida da 
maioria dos brasileiros: a injusta ordem econômica foi 
preservada e a escravidão negra, plenamente mantida. O 
Brasil “independente” permaneceu economicamente 
dependente do exterior, pois saía dos laços coloniais 
portugueses para cair na esfera de dominação inglesa.” 
 
COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da 
emancipação política. In: MOTA, Carlos Guilherme (org.). 
Brasil em perspectiva. São Paulo: Difel, 1978. 
 
O RIO GRANDE DO SUL 
____________________________________________________História do Brasil 
 
192 História do Brasil – Módulo 1 
 
DURANTE O PERÍODO COLONIAL 
 
A história da ocupação e do povoamento do Estado 
do Rio Grande do Sul foi marcada por questões de 
delimitações de fronteiras. Região limite entre dois 
Impérios - o Espanhol, com sede em Buenos Aires, 
no Rio da Prata, e o Português, com o Rio de 
Janeiro -, o chamado Continente de São Pedro do 
Rio Grande do Sul, desde o século XVII, foi 
permanentemente disputado pelas duas coroas 
ibéricas. 
Pelo Tratado de Tordesilhas (1493), o território que 
hoje ocupa o Rio Grande do Sul pertencia à coroa 
espanhola, já que a linha que separava os dois 
reinos passava ao largo do litoral do atual Estado de 
Santa Catarina. No entanto, Portugal sempre 
procurou estabelecer como sua real fronteira a 
margem esquerda do Rio da Prata. 
 
Tratados que estabeleceram as fronteiras do Rio 
Grande do Sul: 
 
1681 – Tratado de Lisboa: Tratado provisório que 
deu a posse da Colônia de Sacramento aos 
portugueses. 
 
1715 – Tratado de Ultrecht: Colônia de Sacramento 
foi devolvida aos portugueses. 
 
1750 – Tratado de Madri: A Colônia de Sacramento 
é entregue aos espanhóis em troca da posse dos 
Sete Povos das Missões. Este tratado teve como 
conseqüência as Guerras Guaraníticas. 
 
1777 – Tratado de Santo Idelfonso: A ilha de Santa 
Catarina fica sob domínio português, enquanto os 
Sete Povos das Missões e a Colônia de Sacramento 
passam para domínio espanhol. 
 
1801 – Tratado de Badajós: Os Sete Povos das 
Missões passam para domínio português. 
 
 
 
 
MISSÕES JESUÍTICAS 
 
Acredita-se que os padres da Companhia de Jesus 
tenham atravessado o rio Uruguai por volta de 
1626, sendo que o Padre Roque Gonzales foi 
martirizado pelos indígenas em 1628. Na sua 
ocupação, os inacianos adotaram nas suas 
estâncias, para fixar os nômades guaranis do 
território, a alternância da cultura da erva-mate com 
a pecuária. Em 1637, o bandeirante Raposo 
Tavares, atrás de mão-de-obra cativa, destruiu as 
reduções situadas entre os rios Taquari e Caí, 
obrigando os jesuítas a refluírem para a margem 
direita do Uruguai. A partir de então, o gado, 
abandonado, sem interesse para os bandeirantes, 
esparramou-se, tornando-se gado “chimarrão”, isto 
é, gado selvagem. 
Formaram-se então as Vacarias do Mar, que se 
estendiam até as margens do Rio da Prata, e as 
Vacarias dos Pinhais, manadas de gado selvagem 
que ocuparam boa parte do Planalto Central e dos 
Campos de Cima da Serra, e que iriam atrair os 
gaúchos. O verdadeiro apogeu das Missões, 
revitalizadas no século XVIII, ocorreu entre 1720-
56, quando se formaram os 7 Povos das Missões (S. 
Nicolau, S. Ângelo, S.Luís, S. Lourenço, S. João 
Velho, S.Miguel, S. Borja), situados na parte oeste 
do estado, até que ocorreu a destruição deles 
durante as Guerras Guaraníticas, cujas operações 
bélicas deram-se pela expedição luso-espanhola de 
1753-6, tendo no cacique Sepé Tiarajú, o principal 
defensor das reduções indígenas. A chamada 
“época de ouro” das missões foi possível porque os 
descendentes dos bandeirantes,mudando de 
afazer, tornaram-se garimpeiros nas Minas Gerais 
ou tropeiros e criadores de gado bovino e muar. A 
região dos Sete Povos das Missões no Rio Grande 
do Sul havia passado ao controle português pelos 
Tratados de Madri, de 1750, e confirmado pelo de 
Santo Ildefonso, de 1777, mas efetivamente só 
começou a ser ocupada em 1801. 
 
AUTORIDADES PORTUGUESAS 
 
Com a fundação, ordenada pelo rei de Portugal, da 
estratégica cidade de Colônia do Sacramento - 
tarefa cumprida por Manuel Lobo, governador do 
Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1680 -, bem em 
frente a Buenos Aires, teve início uma longa e 
turbulenta rivalidade que se estendeu por um século 
e meio entre o Império Lusitano e o Espanhol. A 
nova urbe acirrou ainda mais a luta pelo controle do 
Rio da Prata, escoadouro de riquezas e portal de 
entrada para o coração do continente sul-
americano. Conflito intermitente, onde guerras eram 
intercaladas com tréguas e tratados, que se 
prolongará, inclusive após a independência da 
Argentina e do Brasil, até 1828, com o Tratado do 
Rio de Janeiro que acertou o reconhecimento da 
autonomia da Republica do Uruguai. A Capitania 
D’El Rey de São Pedro de Rio Grande do Sul surgiu, 
pois, em função de resguardar a retaguarda dos 
interesses portugueses no Rio da Prata. Por isso, 
para melhor poder apoiar logisticamente a cidade 
de Colônia, os lusos, comandados pelo brigadeiro 
José da Silva Paes, fundaram o Presídio de Jesus-
Maria-José Rio Grande, em 1737, e distribuíram 
estâncias entre os oficiais ao longo da linha que, 
partindo do litoral atlântico, atingia o rio Uruguai. 
 
AÇORITAS 
 
Dando seguimento à ocupação por meio de 
colonização, acerto possível após a assinatura do 
Tratado de Madri, em 1750, os lusos trouxeram das 
ilhas dos Açores os “casais de número” que 
receberam terras na região da Lagoa dos Patos, 
Rios Guaíba e Jacuí, povoando Porto Alegre, Triunfo 
e Cachoeira. Inicialmente os açorianos se dedicaram 
à agricultura (triticultura), mas abandonaram-na em 
História do Brasil___________________________________________________ 
 
História do Brasil – Módulo 1 193 
 
1820 para voltar-se para a pecuária, aproveitando-
se do crescimento da indústria do charque, 
implantada por volta de 1780, pela iniciativa de José 
Pinto Martins, nos arredores de Pelotas e, em 
seguida, em S. Amaro e Triunfo. A data de 1756 
assinala a fundação de Porto Alegre como vila. Com 
a invasão castelhana de 1763, a capital deixa de ser 
Rio Grande, que ficou 13 anos nas mãos da 
administração espanhola, mudando-se para Viamão 
e depois para P. Alegre. Com a expansão das 
charqueadas ocorreu a importação de mão-de-obra 
escrava, fortemente concentrada em Pelotas. 
 
Cronologia: 
 
1626 – O padre jesuíta Roque Gonzalez atravessa o rio 
Uruguai e funda o povo de São Nicolau, assinalando 
oficialmente a chegada o homem branco ao território 
gaúcho. 
1641 – Os jesuítas são expulsos do Rio Grande do Sul 
pelos bandeirantes, depois de fundarem 18 reduções. 
1682 – Os jesuítas espanhóis retornam ao solo gaúcho, 
fundando São Francisco de Borja, hoje a cidade de São 
Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do 
Sul. Entre 1682 a 1701 eles fundaram os Sete Povos das 
Missões. 
1750 – Assinado o Tratado de Madri, que tem por 
conseqüência a deflagração das Guerras guaraníticas. 
1756 – A 7 de fevereiro morre Sepé Tiaraju. Três dias 
mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no 
município de São Gabriel) onde mil e quinhentos índios 
são dizimados. As missões são abandonadas pelos 
jesuítas. 
1763 – Tropas espanholas invadem o Brasil, 
apoderando-se do Forte de Santa Tereza e da cidade de 
Rio Grande e de São José do Norte. 
1776 – Os espanhóis são expulsos do Rio Grande. 
1780 – José Pinto Martins funda em Pelotas a primeira 
charqueada com características empresariais. Logo as 
charqueadas vão ser decisivas na economia gaúcha. O 
negro entra maciçamente no Rio Grande do Sul, como 
escravo das charqueadas. 
1815 – Tropas brasileiras e portuguesas tomam 
Montevidéu anexando o Uruguai ao Brasil com o nome 
de Província Cisplatina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO 2 
 
BRASIL IMPÉRIO (1822-1889) 
 
O PRIMEIRO REINADO 
(1822-1831) 
 
OS CONFRONTOS DA INDEPENDÊNCIA 
 
A emancipação política do Brasil não foi aceita 
passivamente em todos os recantos do país. Em 
algumas localidades, “partido” português e “partido” 
brasileiro, ou seja, partidários de cada um dos 
lados, enfrentaram-se. Houve conflitos relevantes 
na Bahia, Piauí, Pará e Cisplatina. 
• Bahia: coronel Inácio Madeira de Melo foi o 
principal líder da resistência portuguesa na 
cidade de Salvador, que ele manteve sob 
controle até 1823, quando se rendeu aos 
rebeldes. 
• Piauí: Os piauienses, apoiados por cearenses e 
maranhenses confrontaram o coronel português 
João Cunha Fidié que reprimia manifestações de 
apoio a Dom Pedro I. 
• Pará: Iniciada em abril de 1823, a oposição à 
“independência” foi logo debelada. Houve 
inúmeras prisões e fuzilamentos de defensores 
da manutenção colonial. 
• Cisplatina: A Província Cisplatina, onde hoje é 
o Uruguai, era território português desde o 
período joanino. A capital Montevidéu foi 
tomada por tropas lusitanas. A Convenção do 
Pastoreio do Pereira marcou a retirada 
dessas forças. 
 
 
A emancipação do Brasil foi reconhecida, 
primeiramente, pelos Estados Unidos em 26 de 
maio de 1824. Atitude dentro da lógica da 
Doutrina Monroe (“A América para os 
americanos”). No ano seguinte, o México também 
reconheceu a emancipação brasileira. Os países 
europeus, no entanto, só reconheceram a 
legitimidade do novo Estado após a assinatura do 
Tratado de Paz e Amizade (1825), entre Brasil e 
Portugal, no qual os portugueses aceitaram a perda 
da colônia mediante o pagamento de dois milhões 
de libras esterlinas, obtidas pelo Brasil a partir de 
um empréstimo da Inglaterra. 
A emancipação política não causou alterações 
profundas na estrutura econômica e social: a 
economia brasileira permaneceu voltada para a 
exportação de produtos primários para o mercado 
externo e baseada no trabalho escravo.

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