Buscar

SLIDE - TEORIA GERAL DO PROCESSO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

TEORIA GERAL DO PROCESSO
Unidade I
Prof. Paulo Antonio Brizzi Andreotti
SOCIEDADE E O DIREITO 
Não existe sociedade sem direito/não existe direito sem sociedade. 
O direito exerce uma função ordenadora, isto é, coordena as relações sociais. Portanto, é instrumento de organização das relações sociais:
Cooperação 
Competição 
Conflitos 
ESTADO E ELIMINAÇÃO DOS CONFLITOS
No primórdios o Estado não tinha poder para ditar as normas e fazer observá-las. 
THOMAS HOBBES: O Estado impele o uso da violência.
JEAN JACQUES ROUSSEAU: O contrato social garantia a liberdade civil.
O Estado veda a autotutela: “CP, Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite” (EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES)
3. O MONOPÓLIO DA JURISDIÇÃO 
O Estado, o proibir a autotutela, assume o monopólio da jurisdição. 
“Não se pode imaginar um Estado organizado de forma a proibir a autotutela e, ao mesmo tempo, desprover os cidadãos de quaisquer meio de exercício do direito subjetivo. A consequência evidente seria a supressão do próprio direito” (Fábio Gomes – Teoria Geral do Processo)
Com a migração da justiça privada para pública houve a instituição de um poder/dever para o Estado, qual seja, resolver os conflitos por meio da JURISDIÇÃO.
JURISDIÇÃO
Portanto, a jurisdição pode ser entendida como a atuação estatal visando a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando com tal a pacificação social.
Com isso a jurisdição é:
É um poder/dever de interferir na esfera jurídica dos cidadãos e aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
É uma função, ou seja, um encargo atribuído pela Constituição ao Estado. É função típica do poder judiciário.
É uma atividade consistente no complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de jurisdição.
O Estado presta a jurisdição através do Juiz, que é seu órgão e, portanto, sujeito da relação jurídica que se formará. A jurisdição a ser prestada pelo Estado desencadeará uma relação jurídica tendo por sujeitos as partes envolvidas e o Estado. 
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
Embora o Estado tenha o monopólio da jurisdição, o próprio sistema jurídico admitiu outras maneiras pelas quais as partes possam buscar uma solução do conflito. São os chamados equivalentes jurisdicionais ou formas alternativas de solução das conflitos. Há três espécies reconhecidas por nosso direito: autotutela, autocomposição e arbitragem.
1. Autotutela
É a forma mais antiga de solução dos conflitos. Constitui-se, fundamentalmente pelo uso da força, isto é, o poder que uma das partes tem de impor sua vontade sobre o outro. 
Esse poder não se limita ao aspecto físico, podendo se verificar no aspecto econômico, afetivo, religioso etc. Não é uma forma democrática. 
É uma forma excepcional de solução do conflitos, sendo raras as previsões legais que a admitem. Exemplo: legítima defesa (art. 188, I, do CC e 1.210, §1º do CC). Justifica-se uma vez que o Estado não é onipresente.
É a única forma de equivalente jurisdicional que pode ser revista pelo poder judiciário. 
2. Autocomposição 
Nada mais é do que um acordo. Esta fundada no sacrifício integral ou parcial do interesse das partes envolvidas no conflito mediante a vontade unilateral ou bilateral de tais sujeitos. A vontade das partes põe fim ao conflito. 
Está subdividida em três espécies: 
1. Transação: há um sacrifício reciproco de interesses, sendo que cada parte abdica parcialmente de sua pretensão para que se atinja a solução do conflito.
2. Renúncia: na renúncia o titular do pretenso direito simplesmente abdica de tal direito. É uma manifestação de vontade unilateral que faz desaparecer o conflito. 
3. Submissão: Na submissão o sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legitima a sua resistência. 
Embora sejam equivalentes jurisdicionais a renúncia, a transação e a submissão podem ocorrer também durante um processo judicial, sendo que a submissão nesse caso é chamada de reconhecimento jurídico do pedido, enquanto a transação e renuncia mantem a mesma nomenclatura. 
Ocorrendo durante o processo o Magistrado homologará por sentença a autocomposição. 
3. Arbitragem
É a solução de conflitos fundada na vontade das partes de submeterem a decisão a um determinado sujeito que, de algum modo, exerce influencia sobre elas, sendo, por isso, extremamente valorizadas suas decisões. É forma alternativa de solução de conflito. 
Tem como características: 
(i) as partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses e,
(ii) a decisão desse terceiro e impositiva. o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes.
Os tribunais entendem que a arbitragem não afronta o princípio da inafastabilidade da jurisdição, prevista no Art. 5º, inciso XXXV, da CF. 
É forma de solução de conflitos privativa de direitos disponíveis. É delineado no direito brasileiro por meio de um contrato (compromisso entabulado entre as partes):
Cláusula Arbitral (art. 4º, Lei nº 9.307/96): também pode ser chamada de compromissória. É prevista no contrato entabulado entre as partes. 
Compromisso Arbitral (art. 9º, Lei nº 9.307/96): neste caso, já é diante de um conflito já existente, no qual as partes se obrigam a submetê-lo á arbitragem.
ESCOPO DA JURISDIÇÃO 
Os principais objetivos perseguidos com o exercício da função jurisdicional são: 
1. O ESCOPO JURÍDICO: consiste na aplicação concreta da vontade do direito (por meio da criação da norma juridica), resolvendo-se a chamada “lide juridica”.
2. O ESCOPO SOCIAL: da jurisdição consiste em resolver o conflito de interesses proporcionando as partes envolvidas a pacificação social, ou em outras palavras, resolver a “lide sociológica“.
3. O ESCOPO EDUCACIONAL: diz respeito a função da jurisdição de esmar aos jurisdicionados — e não somente as partes envolvidas no processo, — seus direitos e deveres.
4. ESCOPO POLÍTICO: tem por função fortalecer o Estado, proteger as liberdade públicas e os direitos fundamentais e por fim incentivar a participação democrática por meio do processo. 
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DA JURISDIÇÃO
1. SUBSTITUTIVIDADE: a jurisdição substitui a vontade das partes peia vontade da lei no caso concreto, resolvendo o conflito existente entre elas e proporcionando a pacificação social.
2. LIDE: A lide e o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. jurisdição se presta a composição justa da lide, de forma que a provocação ao Poder Judiciario estaria condicionada a necessidade do pretendente ao bem.
3. INÉRCIA: O principio da inercia da jurisdicao e tradicional. Significa dizer que a movimentação inicial da jurisdicao está condicionada a provocacao do interessado. Isto é, o juiz — representante jurisdicional — não poderá iniciar um processo de oficio, sendo tal tarefa exclusiva do interessado, tendo em vista o indispensável imparcialidade do Juiz.
4. DEFINITIVIDADE: a solução do conflito por meio jurisdicional e a única que se torna definitiva e imutável, sendo considerada a derradeira e incontestável solução do caso concreto. Essa definitividade significa que a decisão que solucionou o conflito devera ser respeitada por todos, inclusive o próprio Estado. 
PRINCÍPIOS DA JUSRIDIÇÃO 
1. INVESTIDURA: E natural que o Poder Judiciario, ser inanimado que e, tenha a necessidade de escolher determinados sujeitos, investindo-os do poder jurisdicional para que representem o Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional. Esse agente é o Juiz de direito que pode obter a investidura por concurso público ou indicação. 
2. INDELEGABILIDADE: O principio da indelegabilidade pode ser analisado sob duas diferentes perspectivas: externo e interno. No externo significa que o Poder Judiciário, em regra, não pode delegar sua função a outros poderes. No aspecto interno determina
que fixada a competência o órgão jurisdicional não pode delegar sua função para outros órgãos do poder judiciário. 
3. INEVITABILIDADE: significa uma vinculacao obrigatória dos sujeitos ao processo judicial. A vinculação ao processo não depende de concordância do sujeito para se vincular ao processo e se sujeitar a decisão (Estado de sujeição). 
4. INAFASTABILIDADE: Está consagrado pelo art. 5,°, XXXV, da CF (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciario sessão ou ameaça de lesão a direito”). Significa que o interessado pode provocar o poder judiciário em razão de lesão ou ameaça de lesão a direito e ter acesso a uma ordem jurídica justa, ou seja, acessível, democrática, efetiva e célere. 
5. JUIZ NATURAL: Pelo principio do juiz natural entende-se que ninguém será processado senão pela autoridade competente (art. 5.°, LIII, da CF). 0 principio pode ser entendido de duas formas distintas: 
(I) A primeira delas diz respeito a impossibilidade de escolha do juiz para o julgamento de determinada demanda (a escolha deve ser aleatórias e determinada em regras gerais e abstratas); 
(II) Por outro lado, o principio do juiz natural proibe a cnacao de tribunais de excecao, conforme previsao expressa do art. 5.°, XXXVII, da CF. Significa que nao se podera cnar um juizo apos o acontecimento de determinados fatos jurídicos com a exclusiva tarefa de julga-los.
AÇÃO 
A ação é usualmente definida como sendo o direito público subjetivo abstrato visando a prestação da tutela jurisdicional. O poder de provocar a atuação do Estado-juiz para pedir a aplicação do direito a certo caso concreto
É um direito previsto em sede constitucional: Art. 5º, inciso XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Portanto, ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (poder de exigir esse direito). Mediante o exercício do direito de ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através de um complexo de atos que é o processo. 
6. PROCESSO 
O processo é o sistema concebido para compor o conflito. Constitui, assim, o método, o instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes para compor a lide.
O processo é o instrumento da jurisdição, o meio de que se vale o juiz para aplicar a lei ao caso concreto. O processo existe para exercitar o direito de ação e alcançar a prestação jurisdicional que tutelará determinado direito, solucionando o conflito. 
O processo é: 
Um procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório. Portanto, estarão presente no processo três elementos que compõe a sua natureza jurídica: 
1. PROCEDIMENTO: O procedimento e entendido como uma sucessão de atos interligados de maneira logica e consequencial visando a obtenção de um objetivo final. O procedimento e a exteriorização do processo, seu aspecto visível.
2. RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL: é uma relação juridica de direito processual e formada por demandante, demandado e pelo Estado-Juiz, sendo essa sua composição mínima, onde cada uma assume uma posição jurídica. 
3. CONTRADITÓRIO: Para a prática de cada ato deve-se permitir a participação das partes em contraditorio, sendo justamente essa paridade simetrica de oportunidades de participação a cada etapa do procedimento que o torna um processo. (O processo é dialético, ou seja, se forma por uma tese/antítese/síntese)
INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO
O direito processual é, do ponto de vista de sua função jurídica, um instrumento a serviço do direito material: todos seus institutos básicos são concebidos no quadro das instituições do Estado para garantir a autoridade do ordenamento jurídico. 
Em suma, O processo goza de autonomia em relação ao direito material que nele se discute. Mas não absoluta: ele não existe dissociado de uma situação material concreta, posta em juízo. Só será efetivo se funcionar como instrumento adequado para a solução do conflito.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando