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TRANSTORNOS ALIMENTARES 
(TA)
Profª Raquel Goreti Eckert Dreher
Nutricionista Oncológica
CRN8 4458 
Qual a primeira palavra que vem na 
sua cabeça?
Qual o adjetivo que mais combina com 
sorvete: delicioso ou engordativo?
O que é mais saudável?
Ficou com a sensação de culpa por 
alguma das respostas anteriores?
“Corpo bonito”
Nutrição nos dias atuais..
• Informações muito acessíveis (fontes?)
• “Influenciadores” 
• “Redes sociais”
• > DCNT e transtornos alimentares
• Condutas nutricionais “imediatistas e 
restritivas”
• Você será um nutricionista promotor de 
saúde ou somente emagrecedor?
Transtornos alimentares
“Os transtornos alimentares são caracterizados por uma
perturbação persistente na alimentação ou no comportamento
relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na
absorção alterada de alimentos, comprometendo
significativamente a saúde física ou funcionamento
psicossocial.” (DSM-5, 2013)
– Doença psiquiátrica
– Atenção multiprofissional e especializada
Principais tipos de transtornos 
alimentares
• Pica
• Transtorno de ruminação
• Transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE)
– Sem relação com transtorno de imagem corporal
• Anorexia nervosa
– Origem grega “anorexis” = falta de apetite
– Medo MÓRBIDO de engordar
– Controle sobre a fome
• Bulimia nervosa
– Origem grega “boulimos” = fome de boi
– Quer DESESPERADAMENTE emagrecer
• Transtorno de compulsão alimentar (TCA)
• Outros transtornos não especificados “atípicos” (comer a noite)
ANOREXIA NERVOSA (AN)
• Critérios diagnósticos
1. Restrição da ingestão calórica em relação a necessidade nutricional levando a 
um peso corporal significativamente baixo;
2. Medo intenso de ganhar peso ou comportamento persistente que interfere no 
ganho de peso (mesmo estando com peso significativamente abaixo);
3. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados
(“justificativa do insucesso”).
• Tipos de AN
– Restritivo
– Purgativo (vômito autoinduzido, uso indevido de laxantes, enemas, diuréticos, ou
exercícios, por exemplo)
BULIMIA NERVOSA (BN)
• Critérios diagnósticos
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar:
A. Ingestão em um período determinado de uma quantidade de alimento 
definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no 
mesmo período e circunstâncias;
B. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o período.
B. Comportamento compensatório inapropriado a fim de impedir o ganho de peso;
C. A compulsão alimentar e o comportamento compensatório ocorre em media 
(no mínimo) uma vez por semana durante três meses;
D. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são 
vivenciados (“justificativa do insucesso”).
• Gravidade (> frequência comportamentos compensatórios)
A. Leve: 1 a 3/semana
B. Moderada: 4 a 7/semana
C. Grave: 8 a 13/semana
D. Extrema: 14 ou mais/semana
Dieta 
restritiva
Ansiedade 
e raiva
Ingestão 
compulsiva
Culpabilidade
Comportamento 
compensatório
Culpabilidade
Ciclo bulímico
TRANSTORNO DE COMPULSÃO 
ALIMENTAR (TAC)
• Critérios diagnósticos
1. Episódios recorrentes de compulsão alimentar:
a) Ingestão em um período determinado de uma quantidade de alimento 
definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no 
mesmo período e circunstâncias;
b) Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o período.
2. AUSÊNCIA de comportamentos compensatórios inapropriados
https://www.youtube.com/watch?v=t
EO0wmsrhe4
Etiologia
• Parentes com TA
• Balanço energético negativo (intencional)
Individuais e 
familiares
• Perfeccionismo e inflexibilidade
• Excelentes alunos e tímidos (anorexia)
• Depressivas e uso abusivo de álcool (bulimia)
• Insatisfação com a imagem corporal
• Histórico pessoal de ansiedade
Emocionais e 
psicológicos
• Estigma do peso
• Bullyng
• Traumas
Socioculturais
Sinais de alerta comportamentais
Preocupação excessiva com peso, dieta e formas corporais;
Restrição dietética progressiva de alimentos considerados
“engordativos” (CHO);
Desconforto ao comer com outras pessoas;
Pular refeições ou ingestão de pequenas porções nas refeições;
Checagem recorrente no espelho;
Ida frequente ao banheiro após as refeições;
Ingestão de grande quantidade de água nas refeições;
Sentimento de culpa ao comer;
Necessidade de compensar o que comeu;
Conhecimento extremo sobre porções e densidade energética.
Sinais de alerta físicos
Peso “efeito sanfona”
Irregularidade menstrual
Sinal de Russel
Problemas odontológicos
Parótidas aumentadas
Hipercarotenemia
EVOLUÇÃO DA ANOREXIA NERVOSA
– Complicações endócrino-metabólicas: amenorreia (% de
gordura inferior a 22%), intolerância ao frio (tecido
subcutânea), hipoglicemia e desidratação;
– Complicações cardiovasculares: bradicardia e hipotensão
(desregulação hormonal), arritmias (métodos purgativos);
– Complicações gastrointestinais: constipação ou diarreia
(método purgativo) e saciedade precoce;
– Complicações hematológicas: leucopenia e linfopenia +
anemia;
– Complicações ósseas: osteoporose e osteopenia.
https://www.youtube.com/watch?v=7
TjP0tebHws&feature=emb_logo
EVOLUÇÃO DA BN
– Complicações endócrino-metabólicas: hipoglicemia,
hipercolesterolemia e distúrbio hidroeletrolítico;
– Complicações cardiovasculares: arritmias (métodos
purgativos);
– Complicações gastrointestinais: diarreia (método purgativo),
risco de broncoaspiração e ulcerações (boca, lingua,
esôfago, estômago  risco hemorragia)
– Complicações hematológicas: anemia.
Avaliação do estado nutricional
• Variações de peso
– Estratégias para > peso 
• IMC e Curvas OMS 
• Dobras (PCT e somatório 4 pregas) e 
circunferências (CB – AMBc)
• Hemograma, proteínas séricas e 
eletrólitos
INVESTIGAÇÃO DIETÉTICA
Acompanhamento: Diário alimentar
É um instrumento de automonitoração;
Esse registro faz com que o paciente adquira maior
consciência sobre diversos aspectos da sua doença e
constantemente exerça disciplina e controle.
Hora Alimento 
e Qtde
Compulsão Purgação Fome Saciedade Local e com 
quem
Sentimento e 
pensamento
Tratamento
• Qual é o tratamento para transtornos 
alimentares? 
Psiquiatra Psicólogo Nutricionista
• Terapeuta nutricional
– Escuta ativa
• Deixe o paciente falar (perguntas abertas)!
– Empatia e compaixão
– Paciente 
– Tolerante a frustração
– Não julgador
– Flexível 
– Saber fazer “cara de paisagem”
“Acreditar que o nutricionista só quer 
me deixar saudável e não acima do 
peso”
OBJETIVOS TERAPIA NUTRICIONAL
• Restabelecer um peso saudável;
• Cessar práticas de controle de peso;
• Cessar episódios de compulsão 
alimentar;
• Normalizar a percepção de fome e 
saciedade;
• Prescrever dieta é contra indicado 
reorganizar a rotina/quantidade
FOME CLASSIFICAÇÃO
0 Absolutamente estufado, não cabe nem uma gota de água.
1 Tão cheio que dói, passando mal.
2 Muito cheio, precisei abrir o botão da calça.
3 Cheio, começando a me sentir desconfortável mas comeria algo gostoso.
4 Satisfeita, mas comeria algo gostoso.
5 Perfeitamente confortável, sem sentir nenhum sinal mas se me convidarem para comer eu 
posso me adequar à situação e comer.
6 Começando a ficar com fome, começa a olhar no relógio e pensar o que quer comer.
7 Com sinais físico para comer (o estômago começa a roncar baixo, sensação de vazio e 
pequeno desconforto).
8 Com muita fome. O estômago está roncando tão algo que os outros conseguem ouvir. De mal 
humor, sentindo tontura e dor de cabeça.
9 Faminto. A fome é tanta que até parece que passou. Sensação de mal estar, humor irritadiço 
e certo enjoo de comida básica.
10 Com fome de leão. Sou capaz de comer qualquer coisa que aparecer na minha frente.
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA AN
Inicial: reposição de eletrólitos e de carboidratos em especial
Harris Benedict (FI 1,3)
O consumo energético recomendado é de 20 kcal/kg de peso
atual (DEP moderada ou leve) e 10 kcal/kg de peso atual (DEP
grave), podendo chegar até 40 kcal/kg por dia coma progressão
do tratamento (DITEN, 2011).
Compreenda como êxito pequenas conquistas!
Este aumento gradual pode ajudar a reduzir a ansiedade quanto
ao ganho de peso, e permite que o trato gastrointestinal se
adapte à realimentação.
Proteínas: 0,8 a 1,2g/kg/dia
Vitaminas e minerais: 1x RDA (monitorar)
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA AN
Em alguns pacientes, é extremamente difícil atingir as
recomendações nutricionais apenas pela via oral.
Nessas ocasiões, a alimentação enteral (SNE) pode ser
recomendada (NE fórmula normocalórica);
Tentar suplementação nutricional (avaliar caso a caso)
Apesar de a maioria dos autores não recomendarem a
nutrição enteral ou parenteral, Robb et al. (2012) relataram
que o uso da sonda enteral noturna pode trazer ganho de
peso mais rápido do que somente com a alimentação oral.
CRITÉRIOS INTERNAÇÃO
• Risco de auto ou hetero agressividade;
• Rápido e persistente declínio da ingestão alimentar e do 
peso, apesar da intervenção em ambulatório;
• Presença de quadro psiquiátrico associado e resistente a 
intervenção ambulatorial;
• Impossibilidade de reduzir ou interromper 
comportamentos purgativos e restritivos;
• Recusa ao tratamento proposto;
• Falta de suporte familiar;
• Alterações clínicas como:
– Bradicardia (inferior 40 bpm)
– Dist. Eletrólitos / IR
– Desidratação grave
– Hipotermia e hipotensão
TERAPIA NUTRICIONAL BN - OBJETIVOS
Associado a equipe multidisciplinar
Diminuir as compulsões
Minimizar as restrições alimentares
Estabelecer um padrão regular de refeições
Incrementar a variedade de alimentos consumidos
Corrigir deficiências nutricionais
• Estabelecer práticas de alimentação saudáveis (ADA, 1994; ADA,
2001; Latner e Wilson, 2001).
• A abordagem pode ser dividida em alguns pontos chave:
a) Educação sobre a BN, suas conseqüências e sobre alimentação e
nutrição;
b) Redução da preocupação com peso e aumento da aceitação de seu
próprio corpo;
c) Monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar e
d) Estabelecimento de um plano alimentar regular (Story, 1986).
ORTOREXIA
Pizza na sexta a noite?
Sobremesa após o almoço de domingo?
“orexis” (apetite) e “orthos” (correto)
Obsessão por alimentos “saudáveis”
Mulheres
VIGOREXIA
Prática exagerada de exercícios fisicos
Homens
DIABULIMIA
Diabéticos “bulímicos”
Ausência intencional da insulina
DRUNKOREXIA (ALCOOREXIA)
Drinks ao invés de comida Austrália
OUTROS TRANSTORNOS
O que é alimentar-se normalmente?
Alimentar-se normalmente é ser capaz de comer quando você está com fome e 
continuar comendo até você ficar satisfeito. É ser capaz de escolher as comidas que 
você gosta e comê-las até aproveitá-las suficientemente, e não simplesmente parar 
porque você acha que deveria. 
Alimentar-se normalmente é ser capaz de fazer alguma restrição na seleção 
alimentar para consumir as comidas certas, mas sem ser tão restritivo a ponto de 
não comer as comidas prazerosas. 
Alimentar-se normalmente é dar permissão a você mesmo para comer às vezes 
porque você está feliz, triste ou chateado ou apenas porque é gostoso. É também 
deixar alguns biscoitos no prato porque você pode comer mais amanhã ou então 
comer mais agora, porque eles têm um sabor maravilhosos quando frescos. 
Alimentar-se normalmente é comer em excesso às vezes e depois se sentir 
estufado e desconfortável. Também é comer menos de vez em quando, desejando 
ter comido mais. 
Alimentar-se normalmente requer um pouco do seu tempo e atenção, mas também 
ocupa o lugar de apenas uma área importante entre tantas da sua vida. 
Resumindo, o comer normalmente é flexível e varia em resposta as emoções, 
agenda, fome e proximidade com o alimento.
Ellyn Satter, 2007.
Estudo de caso I
1. WCV, 15 anos e 6 meses, feminino, foi hospitalizada por quadro desmaio súbito e
fraqueza generalizada. IMC atual = 14,5 kg/m2. Peso atual 41kg, 1,68m. A mãe
relata que a filha sempre faz dieta e prática corrida na academia. A equipe
multidisciplinar foi chamada para avaliação e dar início ao tratamento. Diagnóstico
clínico: anorexia nervosa.
Exames:
Semiologia = perda acentuada de massa magra e gorda; escleras claras,
palidez ++/+++, letargia acentuada.
Albumina = 1,6mg/dL (3,5 mg/dL)
Hemograma = hemáceas = 2.5mm3 (4,5 a 6,2mm3) , hemoglobina = 7,3
(12,0 a 18,0mg/dL)
FC = 63 BPM (85-99BPM) FR = 20 BPM (35-45)
1.1 Qual a conduta nutricional a ser tomada? (prescreva o GET, %macronutrientes e
a via alimentar) para este caso.
1.2 Suponhamos que no 4ºDIH, a paciente passa a não aceitar o tratamento. Com o
consentimento da família que conduta deve ser tomada com relação a
alimentação?
1.3 Considerando o produto utilizado: 1,5kcal/mL, 55%CHO, 20% PTN e 25%
lipídeo. Calcule o volume de dieta a ser utilizado neste caso e o volume por
horário considerando uma infusão gravitacional, intermitente de 6vezes ao dia.
Apresenta a ingestão calórica total e a distribuição de macronutrientes.
Estudo de caso II
• A.H.S., 23 anos, feminino, negra, casada, prepara bolos e doces para 
vender. Aos 14 anos teve sua menarca e começou a restringir a alimentação, 
primeiro retirando carnes vermelhas, depois carboidratos refinados, lácteos e 
gorduras pois seus pais diziam que ficaria “tão mais liida se fosse magra”. 
Sempre foi uma excelente aluna na escola.
• Teve perda de peso de cerca de 15 kg em 7 meses mas após o suicídio de 
uma tia próxima começou a ter episódios de descontrole alimentar com 
consequente reganho de peso. Relata uso de diuréticos e chá de sene (1 
litro/dia). Em consulta relata que em um episódio de compulsão alimentar 
consumiu 2 unidades de pão francês, 100 g mortadela e ½ litro de leite com 
achocolatado. Logo depois consumiu 5 comprimidos de laxante e ficou 36 
horas em jejum.
• Ao exame físico paciente bem nutrida, sem sinais de depleção de 
musculature esquelética e tecido adiposo. Peso 83,7 Kg e estatura 1,63 m.
• Qual o diagnóstico clínico desta paciente? Discorra sobre a sua condutal 
nutricional.

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