Buscar

Ecologia e Política no Brasil

Prévia do material em texto

Universidade Estadual Paulista
"Julio de Mesquita Filho"
Campus Assis
Resumo: Ecologia e Política no Brasil, José Augusto Pádua; As origens da ecologia política no Brasil
Matéria: História Ambiental
Docente: Célia Reis
Discente: Thiago Oliveira Costa 
Período: Noturno
José Augusto Pádua trás uma forma de compreender o processo da ecologia política brasileira, apresenta as formas e condições sobre as quais essa política estabeleceu-se no país retomando algumas obras de autores que propuseram modelos de pensamento diferentes dos tradicionais que confundiam o pensar ecológico do Brasil com o sentido histórico dado pelo olhar imperialista europeu a esse país.
As primeiras reflexões sobre a natureza da nova terra, são relatos de cronistas que por estarem frente a uma nova e exuberante realidade natural são repletos de misticismo e exageros. Esses cronistas eram divididos entre os que possuíam um olhar renascentista (exploração de um novo mundo, descobrir o desconhecido) e os mercantilistas (que viam ali uma nova e imensa possibilidade de expansão comercial) e estes fizeram inúmeros relatos que por anos instigaram o imaginário europeu àquela terra comparada por alguns cronistas até com o paraíso do éden. Embora descritas sob bases diferentes, ambos os grupos viam na natureza uma fonte inesgotável de recursos para se explorar. Uma infinidade de fauna e flora suprir a falta de civilizações com estrutura econômica suficientemente rentável para servir como fonte de recurso. A exaltação da natureza era usada também pela literatura mesclada a um sentimento nacionalista e por algumas vezes até de oposição ao sistema exploratório da coroa, visto já na época colonial por alguns como um empecilho ao desenvolvimento da colônia.
	Ao expor e analisar algumas obras de José Bonifácio (primeiro chefe do governo independente) este mostra-se aberto a idéias iluministas e possui uma visão da natureza um pouco diferente do sistema colonial. Este, vinha carregado de propostas como reformas sociais e reconhecia nas potencias européias inimigos da autonomia nacional. Mas mesmo essa sua nova visão, não tratava de contemplar a natureza como elementos de nosso mundo mas apenas de “adestra-la”. Bonifácio era contra os métodos exploratórios coloniais que eram devastadores e ineficientes. Então, a natureza devia ser estudada, compreendida para depois ser explorada da melhor maneira possível. De sua posição privilegiada após a independência do Brasil, Bonifácio encontrou um defasado e vicioso processo econômico relacionado a natureza consumido pelo uso parasitário de suas fontes e viu nisso (latifúndios, escravidão, heterogeneidade social) um grande obstáculo para implantar suas idéias. A ruptura com o sistema de destruição dos recursos era tema central para Bonifácio, tornar a exploração mais rentável e menos predatória. 
	Autores posteriores a Bonifácio, como Joaquim Nabuco e André Rebouças inspiram-se em suas idéias e retomam a idéia da preservação da natureza, porém mantendo a linha de Bonifácio, tanto Nabuco quando Rebouças vêem como sinônimo de sociedade moderna, aquela que usa bem seus recursos naturais, ou seja, a luta pela natureza confundia-se com a luta pela civilização. Aponta-nos autores cientificistas e suas duas vertentes, levando-nos até a obra de Euclides da Cunha que faz uma análise marcante no que se refere à natureza. Euclides propunha uma reforma parecida com Bonifácio, Nabuco e Rebouças. Após Euclides, alguns autores ufanistas tentarão retomar o otimismo natural de outrora com caráter nacionalista mas só em 1914 será retomada o pensamento crítico com relação a natureza no Brasil com a publicação de duas principais obras de Alberto Torres. 
	Torres retoma as criticas ao uso exploratório da terra, latifúndios ociosos e outras afrontas a natureza. Faz um questionamento além dos autores antes expostos no artigo, dessa vez, há um questionamento ao modelo de civilização que seria o ideal. Não apenas discute o atraso do Brasil em relação aos paises europeus, mas discutir exatamente esse modelo que nos servia de exemplo de progresso. Propõe que “a civilização humana é produto do sacrifício da terra ao impulso de cobiças incontidas�”. Torres percebe uma contradição na existência humana, especificamente em sua marcha civilizatória: o fato dela acelerar a extinção dos recursos finitos do planeta; a partir dessa critica a civilização moderna, analisa as implicâncias do imperialismo na formação da civilização que teve como exemplo um ideal imperfeito. Organiza e expõe amplamente em suas obras a destruição da natureza e do homem (trabalhador) e propunha que para começar a pensar na civilização ideal deveria-se mudar a conduta com esses elementos. Alberto Torres é o mentor da famosa tese de vocação agrícola, que chamava a população de volta ao campo em contrapartida a industrialização moderna na Europa.
	Ao final, o autor apresenta o surgimento de 4 linhas historiográficas: a) O elogio retórico e laudatório do meio natural, indiferente e, por vezes conivente com a realidade da sua devastação; b) O elogio da ação humana em sentido abstrato, passando ao largo de suas conseqüências destrutivas; c) A critica da destruição da natureza, propondo como remédio a modernização do pais nos moldes da civilização urbano-industrial; d) A critica da destruição da natureza, propondo como remédio a busca de um modelo alternativo e autônomo de desenvolvimento nacional. 
	A globalização do problema ecológico torna a historiografia vasta e a questão aparece em diversos pensadores como Caio Prado Junior, Nelson Werneck, Gilberto Freyre e muitos passam a contestas não só as ações humanas, mas as ações humanas baseadas em políticas estatais falhas e imperfeitas que buscam o acumulo de riquezas sem pensar na exploração da natureza ou do homem.
	
� TORRES, Alberto A organização Nacional .. , op. Cit p 174

Continue navegando