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IED II - Estudo dirigido direito e cultura - Cristiana Renault

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ESTUDO DIRIGIDO: TEXTO “DIREITO E CULTURA”, DE CALMON DE PASSOS
PROFA. CHRISTIANA RENAULT
Do que trata o ponto 1 deste capítulo?
O ponto 1 trata da natureza do saber e sua dependência em face do ser humano que o produz e para o qual ele se destina.
O que quer o autor dizer com “todo saber é saber do homem e tem como móvel um saber sobre o homem? Em que isto implica?
A afirmativa significa que o conhecimento somente é produzido pelo esforço humano e esse conhecimento diz respeito a interesses do homem. Isto implica que não há conhecimento que não seja gerado pelo homem ou que não se destine ao próprio homem.
Por que não é possível “dar” saber a outrem?
O saber é intransferível, porque ele só pode ser elaborado pelo próprio sujeito, em sua tentativa individual de tentar compreender o mundo e aquilo que ele próprio pensa. Trata-se de uma leitura única, particular e subjetiva das informações disponíveis, e que receberão interpretações próprias por parte daqueles que tiverem acesso a elas. 
O conhecimento é produzido desinteressadamente? Explique.
O conhecimento é sempre produzido de maneira interessada e direcionado a determinado fim. Sempre existe uma motivação que move a busca de conhecimento, sendo esta motivação o suprimento de uma necessidade humana qualquer que seja ela.
Enuncie e explique a primeira conclusão a que chega o autor, a respeito do tema mencionado na sua resposta à pergunta de número 1.
Primeira conclusão: “Nenhum saber é neutro, nenhum saber é definitivo, nenhum saber é absoluto.	“
Isto significa que o conhecimento não pode ser considerado neutro, porque sempre tem por trás de si uma motivação; não é definitivo, porque as necessidades humanas estão em constante mutação; não é absoluto, porque ele é relativizado pela interpretação a que cada pessoa chega ao obter seu próprio saber. 
Do que trata o ponto 2 do capítulo?
O ponto 2 trata do determinismo que rege o saber. Este determinismo deriva do fato inevitável de que o conhecimento tem como ponto de partida e como finalidade o próprio homem.
A que conclusão principal o autor chega, neste ponto? Explique.
O autor conclui que nossa objetividade está inevitavelmente ligada a nossa subjetividade, isto porque o objeto do saber somente existe porque existe um homem que resolveu compreendê-lo.
Do que trata o ponto 3 deste capítulo?
O ponto 3 trata da necessidade de se refletir primeiramente sobre o homem, na condição de criador do conhecimento, para posteriormente indagarmos acerca do “por que” e do “para que” o homem produziu determinado saber.
Descreva e justifique o tratamento diferenciado que, segundo o autor, deve ser dado à abordagem de um objeto da cultura, ao se perscrutar sobre ele.
Um objeto da cultura diferencia-se de um objeto da natureza, porque o objeto da cultura é uma produção necessariamente humana, enquanto que as criações da natureza existem sem interferência do homem e sempre existem do mesmo modo (ex. fogo queima madeira do mesmo jeito no Brasil ou no Japão, hoje ou séculos atrás).
A abordagem de um objeto da cultura deve se dar primordialmente através das indagações do “por que” e do “para que”, e não do “que é”.
Sobre o ponto 4, responda: o que significa dizer-se que a natureza humana é “ontologicamente construída sobre a temporalidade”? E por que isto leva a existência do ser humano a ser “livre e responsável por sua construção”?
Sob o aspecto temporal, o ser humano é, simultaneamente, condicionado pelo passado que ele não pode mudar, pelo presente que ele vivencia e pelo futuro que ele prevê e antecipa, mas que não pode controlar inteiramente.
“Livre e responsável por sua construção” é o modo de vida do ser humano, à medida em que a existência atual que deriva de situações imutáveis, interfere com as realizações de um futuro incerto. 
No ponto 5, qual a diferença entre o significado do mundo para o animal e para o homem?
A diferença consiste no fato de que, para o animal, o mundo não passa de um suporte para sua existência biológica, suporte, este, ao qual o animal se submete de maneira absoluta.
Já para o homem, o mundo é, além de suporte para sua vida, o lugar onde ele realiza sua existência, exercendo sua atividade criadora e transformadora do ambiente no qual se encontra.
No ponto 6 o autor propõe que se distinga o mundo da necessidade do mundo da liberdade. Explique tal distinção, bem como o propósito do autor ao fazê-la.
Todos seres vivos possuem necessidades, mas apenas o homem detém condição de optar, valorar e prever como satisfazê-las. O mundo da necessidade é o mundo da causa e efeito; no mundo da liberdade, embora haja necessidades, entre a causa e o efeito interpõe-se a vontade humana, vontade, esta, que interfere no efeito.
O propósito do autor é o de vincular e valorizar a liberdade como requisito essencial à própria condição humana.
O que distingue a dimensão do ser da dimensão do dever ser?
A liberdade, enquanto vontade humana (e que só existe na dimensão do “dever ser”) é a nota distintiva entre a dimensão do “ser” e a do “dever ser”. 
No ponto 7, o autor disserta sobre a liberdade abordando-a não somente como poder. Comente.
O autor afirma que a liberdade consistiria em uma trágica “ausência de suficiente informação biológica do homem a respeito de quanto lhe cumpre fazer”, afirmando que enquanto o animal sabe o seu agir, o homem precisa escolher como agir.
Ainda sobre a liberdade, distinga liberdade pessoal e liberdade social e, quanto à segunda, relacione-a à escolha, ao agir e à responsabilidade.
A liberdade pessoal diferencia-se da social porque a pessoal é interna, traduzindo-se no livre arbítrio, enquanto a social deriva do interrelacionamento humano seja com a Natureza, seja com outros seres humanos. 
A liberdade social consiste em selecionar como agir entre diversas alternativas, respondendo pelos efeitos dessas escolhas.
Baseando-se nos pontos 8, 9 e 10, responda e explique: é possível afirmar-se que a ação humana pode ser compreendida puramente em termos de uma causalidade determinista? E em que isto se relaciona com a responsabilidade?
Não, pois a causalidade determinista caracteriza-se pela ausência da liberdade de agir, liberdade, esta, que consiste em requisito essencial para diferenciar o comportamento humano do comportamento dos animais. É justamente a liberdade que se interpõe entre a causa e o efeito, de maneira que a uma determinada causa deva advir (e não tenha obrigatoriamente que advir) determinado efeito. Um vínculo puramente de causa e efeito repele a noção de responsabilidade; tem-se responsabilidade quando, entre mais de uma maneira de agir, pode-se optar por exercitar a vontade em um determinado sentido.
Sobre ponto 11, responda: o que fundamenta a responsabilidade?
O que fundamenta a responsabilidade é a sensação atual de uma exigência do ser futuro. A responsabilidade é uma forma de tensão entre o ser humano presente e como ele aparece a si mesmo no futuro.
Leia o ponto 12 e tente resumir a reflexão do autor sobre a responsabilidade.
Responsabilidade seria o desafio do ser humano em tentar construir o futuro procedendo a escolhas entre muitas opções, sabendo que, quando os eventos ocorrerem e se tornarem “passado”, este passado é imutável.
A responsabilidade é fundamento do direito como disciplina social. Após ler o ponto 13, explique por quê.
O homem transita entre suas exigências singulares e as exigências coletivas, que não necessariamente são as mesmas. Assim, o ser humano tem que aceitar a imposição de limites ao exercício de sua liberdade, a fim de que a liberdade dos outros também possa ser exercida. 
Assim sendo, a responsabilidade surge como fundamento do Direito, à medida em que temos a necessidade de escolher entre diversas ações, aquelas que sejam as mais adequadas a deixar em condições ordeiras o convívio social.
Dentre as atividades do homem, que o autor menciona com referência na obra de Hannah Arendt, o que expressa mais especificamente suahumanidade? Como e por quê? E através desta atividade, produz-se algum “produto pronto”?
Hannah Arendt cita como dimensões humanas essenciais o labor, o trabalho e a ação, sendo a ação a mais importante maneira de se expressar a humanidade, através da palavra, do discurso, da comunicação.
Tal relevância dada à ação deriva do fato de que o homem é o único ser que pode comunicar aos outros quem ele é, expressando sua singularidade, e não apenas comunicar alguma coisa (como sede, fome e medo, o que os animais também fazem).
Não há “produto pronto” quando o agir humano em sociedade ocorre em termos de comunicação, visto que o que se tem são expectativas compartilhadas, nunca um produto acabado e imutável.
A partir da resposta à pergunta anterior e da leitura dos pontos 17 e 18, caracterize o direito e retire, desta caracterização, orientações sobre o modo mais adequado de estudá-lo.
O Direito é o resultado do agir humano, situando-se no campo do discurso e da ação, ou seja, da comunicação e do fazer, indissociavelmente ligado ao homem, dependendo do homem para criá-lo e para lhe dar efetividade.
O Direito somente existe enquanto processo de criação ou quando de sua aplicação concreta nas relações humanas, o que equivale a dizer que, enquanto produto da ação humana, o Direito também é um processo contínuo, um construir permanente e que nunca estará definitivamente concluído.
Desta forma, a melhor maneira de se estudar o Direito se dá quando ele está sendo produzido ou aplicado, situações, estas, nas quais se pode afirmar que o Direito “é”, ou seja, que o Direito ganha existência efetiva.
Leia o ponto 19 e tente reescrevê-lo, com suas palavras.
O saber é sempre produzido pelo ser humano e a ele destinado, tendo como objeto as coisas com as quais o homem se envolve, sejam elas recebidas da natureza (“o que é?”) ou não (“por que existe? Para que existe?”). Como produto humano, deve-se indagar com relação ao Direito, portanto, “por que e para que” o Direito, focando-se nas particularidades da condição do seres humanos, que voltam a si mesmos como objeto de suas ações e de seu conhecimento, através do exercício da razão, da consciência, da vontade e da liberdade. A realização de escolhas é inerente à condição humana e gera responsabilidade pelos atos, tendo em vista a interação social. A relação entre o processo de produção do Direito e o produto resultante não é uma relação de “meio a fim”, mas de total interdependência, não se podendo falar em autonomia do Direito em relação a seu produtor (o homem). O Direito nunca pode ser tratado como algo pronto e acabado, mas é gerado em cada ato de sua produção e persiste com sua aplicação, somente tendo existência nestas duas ocasiões.
Estudo dirigido sobre o texto “Direito e Cultura”, de J. J. Calmon de Passos
De que modo Calmon de Passos, ao dizer que “o saber não é passível de ser dado a alguém”, justifica tal afirmativa?
O saber é intransferível, porque ele só pode ser elaborado pelo próprio sujeito, em sua tentativa individual de tentar compreender o mundo e aquilo que ele próprio pensa. O saber é uma elaboração mental de cada sujeito, de maneira única, particular e subjetiva das informações disponíveis, e que receberão interpretações próprias por parte daqueles que tiverem acesso a elas. 
Que efeitos tais considerações têm acerca da crença em saberes neutros, definitivos ou absolutos?
O conhecimento não pode ser considerado neutro, porque sempre tem por trás de si uma motivação; não é definitivo, porque as necessidades humanas estão em constante mutação; não é absoluto, porque ele é relativizado pela interpretação a que cada pessoa chega ao obter seu próprio saber. 
Por que, para o autor, o saber sobre o direito exige uma reflexão sobre o homem?
Isto ocorre porque o Direito somente existe porque, anteriormente, existe um homem que resolveu compreendê-lo, havendo, portanto, necessidade de se refletir primeiramente sobre o homem, na condição de criador do conhecimento, para posteriormente se indagar acerca do “por que” e do “para que” o homem produziu o Direito.
Por que, para Calmon de Passos, as perguntas centrais sobre qualquer objeto da cultura (incluindo o direito) devem ser o porquê e o para quê elas existem? Mas que outra ordem de questões há a serem feitas antes mesmo dessas, ao se pensar sobre o direito?
Tais perguntas devem ser feitas porque, ao contrário do ocorre com a Natureza, os objetos de cultura são inevitavelmente derivados de motivação (por que?) e finalidade (para que?).
A outra ordem de questões a serem feitas ao se pensar sobre o Direito devem ser relativa à reflexão sobre quem seja o próprio homem, o criador do Direito.
O que distingue, essencialmente, o homem dos animais? O que distingue o homem em sua relação com o ambiente do modo como o animal nele se insere?
A diferença consiste no fato de que, para o animal, o mundo não passa de um suporte para sua existência biológica, suporte, este, ao qual o animal se submete de maneira absoluta.
Já para o homem, o mundo é, além de suporte para sua vida, o lugar onde ele realiza sua existência, exercendo sua atividade criadora e transformadora do ambiente no qual se encontra.
O que é, para Calmon de Passos, ser livre? Que implicações tal liberdade impõe para o homem?
Ser livre é ser capaz de fazer escolhas, podendo valorar, prever, decidir, prover e transformar.
Calmon de Passos afirma, ainda, que a liberdade pode ser vista como uma trágica “ausência de suficiente informação biológica do homem a respeito de quanto lhe cumpre fazer”.
As implicações são de que o exercício do livre arbítrio acaba sendo limitado pelo exercício da liberdade alheia, não se podendo falar em liberdade plena quando se trata de convívio social, surgindo aí, também, a noção de responsabilidade.
De que pressuposto surge a responsabilidade? O que a fundamenta?
A responsabilidade tem como pressuposto a liberdade e é fundamentada pelo agir mediante a realização de escolhas.
Quais são as dimensões nas quais se manifesta a atividade humana? De qual delas deriva o direito?
Hannah Arendt cita como dimensões humanas essenciais o labor, o trabalho e a ação, sendo a ação a mais importante maneira de se expressar a humanidade.
Tal relevância dada à ação deriva do fato de que o homem é o único ser que pode comunicar aos outros quem ele é, expressando sua singularidade, e não apenas comunicar alguma coisa (como sede, fome e medo, o que os animais também fazem).
O Direito deriva da ação, quer sob o enfoque do comunicar-se, quer sob o enfoque do fazer.
Que tipo de produto é o direito? 
O Direito é um produto humano inacabado, mutável e dependente de seu criador, criador, este, que confere sentido e significação a determinados atos, para atender necessidades específicas de convívio social.
Explique a analogia entre direito e música utilizada por Calmon de Passos.
O processo de se compor uma música equipara-se ao de se fazer o Direito, à medida em que quando a música somente existe quando está sendo produzida ou está sendo tocada, assim como o Direito somente existe quando está sendo criado ou aplicado concretamente. Tanto na música quanto no Direito não se pode separar o produto do processo de produção, sendo que o produzir tem um caráter integrativo da obra.
Baseando-se no item 19 do capítulo, resuma o capítulo.
O saber é sempre produzido pelo ser humano e a ele destinado, tendo como objeto as coisas com as quais o homem se envolve, sejam elas recebidas da natureza (“o que é?”) ou não (“por que existe? Para que existe?”). Como produto humano, deve-se indagar com relação ao Direito, portanto, “por que e para que” o Direito, focando-se nas particularidades da condição do seres humanos, que voltam a si mesmos como objeto de suas ações e de seu conhecimento, através do exercício da razão, da consciência, da vontade e da liberdade. A realização de escolhas é inerente à condição humana e gera responsabilidade pelos atos, tendo em vista a interaçãosocial. A relação entre o processo de produção do Direito e o produto resultante não é uma relação de “meio a fim”, mas de total interdependência, não se podendo falar em autonomia do Direito em relação a seu produtor (o homem). O Direito nunca pode ser tratado como algo pronto e acabado, mas é gerado em cada ato de sua produção e persiste com sua aplicação, somente tendo existência nestas duas ocasiões.

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